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EAD Tributario

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Direito Financeiro - Continuação
4. Relações com outros ramos do Direito e com outras disciplinas jurídicas
4.1 Direito Constitucional
 A Carta Magna regulamenta cuidadosamente a matéria financeira. Desenvolve o sistema tributário nacional, cria as limitações ao poder tributário, afirma os princípios financeiros básicos, partilha os tributos e a arrecadação tributária, organiza o crédito público, traça todo o perímetro jurídico do orçamento e organiza também a fiscalização da execução orçamentária – arts. 70 a 75 e 145 a 169. A única Constituição que aproxima-se da brasileira é a Alemã pela conformidade de sua regulamentação. Os princípios e normas financeiras, as quais são contidas no texto básico são formalmente constitucionais, embora sejam demonstradas claramente e deflagram o controle judicial da constitucionalidade caso sejam contestados pelas normas ordinárias; porém são constitucionais do ponto de vista material, inesperadamente formam um tipo de organização estatal, ou seja, o Estado Social Fiscal, algumas têm eficácia simplesmente declaratória, por derivarem diretamente dos direitos fundamentais e dos valores jurídicos. Pode ser falado em Direito Constitucional Financeiro, com a supremacia das normas financeiras. O Ilustre Doutrinador Aliomar Baleeiro afirma a existência de um Direito Financeiro Constitucional, no qual as normas somente teriam dignidade constitucional, se manter o seu conteúdo financeiro.
                Os estudos das normas e dos princípios financeiros da Constituição fazem parte da doutrina da Teoria da Constituição Financeira ou da Ciência do Direito Constitucional Financeiro. Tal disciplina tem por objeto o estudo do Direito Financeiro sob o aspecto da Constituição, ou seja, cuida dos aspectos constitucionais das finanças públicas, e não meramente os aspectos financeiros da Constituição. Estas linhas de raciocínio é que dão lugar à Ciência do Direito Constitucional Financeiro ou à Ciência do Direito Financeiro Constitucional.
                A relação é estreita com o Direito Constitucional Político, devido questões sobre a democracia, autoritarismo, federalismo e o equilíbrio dos poderes sempre envolvem aspectos financeiros. No Direito Constitucional Econômico, em assuntos como intervencionismo, o mercado social, livre iniciativa e a extrafiscalidade, os quais são básicos, acontece a mesma coisa.
 4.2 Direito Civil
A relação entre o Direito Financeiro e o Direito Civil é de extrema importância, principalmente no ramo tributário, pois são simétricos e paralelos em alguns problemas, como: a interpretação do Direito Tributário, principalmente quando se refere a interpretação econômica; sanções e ilicitude da elisão, no qual é abuso de forma jurídica.
                Existem três correntes diferentes sobre esta relação:
1º) Autonomia do Direito Tributário: Forma os conceitos independentemente do Direito Civil, pois afirma ser um ramo mais jovem, não sendo ligado aos conceitos da Ciência do Direito Civil, buscando com mais liberdade as definições básicas para a incidência tributária. A tese da autonomia corresponde, no plano dos sistemas objetivos, com a ideia de que o Direito Tributário é uma relação de poder, na qual o momento da publicidade ou da estabilidade ocupa um lugar de extrema relevância.
2º) Superioridade do Direito Civil: Esta tese é defendida por juristas de cunho positivista, que são apegados ao maior poder de conceitualização do Direito Civil e que é desenvolvido a alegação que o Direito Tributário não deve ser afastado das definições elaboradas pelos civilistas, pois negligenciam da consideração da capacidade contributiva se mostram-se menos atentam à justiça e à igualdade. Esta teoria diminuiu o poder tributário à relação jurídica de natureza obrigacional, em tudo semelhante ao vínculo de direito privado. Da perspectiva da hermenêutica, a tese da superioridade do Direito Civil exalta na defesa da interpretação literal e na recusa da teleológica.
3º) Equilíbrio: Esta posição, nos parece ser a melhor, pois faz a interação das disciplinas jurídicas, e representa um ponto de equilíbrio entre as duas teses. Os conceitos de direito tributário, sobre os quais descansa o tributo, são os mesmos elaborados pelo direito civil, em homenagem à unidade que deve imperar na formação do direito, a menos que os ditos conceitos de direito civil sejam objeto de deformação, de abuso ou de excesso de formalismo, o que leva a se caracterizar a elisão tributária abusiva. A tese está bem relacionada com a apreciação sistemática, além de manter a unidade com os conceitos dos outros ramos da ciência jurídica, o direito tributário abre-se também para as ciências extrajurídicas, principalmente a Economia e as Finanças.
 4.3 Direito Administrativo
O Direito Financeiro e o Administrativo têm uma relação muito estreita, porém são afirmadas no sentido inverso das relações vistas no Direito Civil.
                Há três teses principais:
1º) Primazia do Direito Administrativo: Defendem a ideia que a relação tributária é uma relação de poder, porém o Direito Tributário se dissolve no Direito Administrativo.
2º) Autonomia do Direito Financeiro: Este tese apresenta a autonomia do Direito Financeiro diante à Ciência do Direito Administrativo.
3º) Equilíbrio: Esta tese parece ser a melhor, pois é a tese da interdisciplinaridade, representa uma posição de equilíbrio. O Direito Financeiro tem uma relação intima com o Direito Administrativo, apesar que o fenômeno da tributação vem do poder tributário contemplado em sua divisão tripartida, onde é incluído o poder administrativo. Ademais, os conceitos de Direito Administrativo, os quais são utilizados pelo legislador corresponde com o Direito Tributário, exceto nos casos de abuso de forma jurídica. Vale ressaltar, que o objetivo e o método do Direito Financeiro e do Administrativo são distintos: a atividade de administração da Fazenda Pública, própria do Direito Financeiro, é instrumental e vinculada à lei, já o Direito Administrativo opera com maior discricionariedade e cuida de atividade finalista.
 4.4 Direito Penal
O Direito Financeiro, principalmente o Direito Tributário, tem uma relação estreita com o Direito Penal. Porém, existe uma divergência fundamental: a pena, inclusive a penalidade pecuniária ou multa fiscal, a qual é encarregada do poder de punir, atribuído ao Estado no pacto constitucional, e não do poder tributário, do qual procedem o tributo e a obrigação de contribuir para as despesas do Estado, com fundamento no dever de solidariedade.
 4.5 Direito Internacional
O relacionamento entre o Direito Financeiro e o Direito Internacional é difícil e controvertido, devido as variadas teorias das relações entre o Direito Interno e a ordem internacional.
                A maioria da doutrina, como também a legislação e a jurisprudência defendem a existência do Direito Internacional Financeiro, nele incluído o Direito Internacional Tributário, que aponta para a prevalência da ordem internacional sobre a interna. O Direito Financeiro interno tem a influência direta dos tratados e convenções internacionais, desde que tenha aprovação do Congresso Nacional. No art. 98 do CTN afirma: “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”.
 4.6 Direito Processual
As finanças públicas, principalmente as questões tributárias, precisam da garantia jurisdicional. Fala-se em Direito Processual Financeiro, o qual compreende o Direito Processual Tributário, com normas e princípios formal e materialmente processuais. O Código de Processo Civil e a legislação processual excêntrica proporcionam vários meios para a garantia do crédito tributário, da atividade financeira e dos direitos fundamentais dos cidadãos: a execução fiscal para a cobrança da dívida ativa; a ação anulatória, para a declaração de nulidade do lançamento tributário; a ação de repetição do indébito fiscal, para a restituição da cobrança indevida dentre outros.
 5. Codificação
O Direito Financeiro é pouco codificado. A maior parte é compreendida em legislação casuística e pulverizada. As leis que regulam a despesa, o crédito e o patrimônio são esparsas e incoerentes, porém nos últimos anos o legislador se preocupou com sua modernização.
                A exceção é o Direito Tributário. Em 25 de outubro de 1966 foi aprovado pela Lei nº 5.172 o Código Tributário Nacional, foi chamado inicialmente de Sistema Tributário Nacional. O Código Tributário Nacional serviu de divisor de águas no estudo do Direito Financeiro no Brasil.
Última atualização: sábado, 4 Mar 2017, 23:04

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