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Fichamento Gustavo Encontro 02 Fioravanti

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PPGD-UNINTER
DISCIPLINA: SISTEMAS JURISDICIONAIS, JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E SEGURANÇA JURÍDICA
PROFA: ESTEFÂNIA QUEIROZ BARBOZA
ENCONTRO: 02
ACADÊMICO: GUSTAVO MARQUES KRELLING
FICHAMENTO DO LIVRO: FIORAVANTI, Maurizio. Estado y constitución. In: FIORAVANTI, M. (Org.). In: El Estado Moderno en Europa: Instituciones y derecho. Madrid: Editorial Trotta, 2004, p. 13-43.
Premissas: as origens do Estado Moderno Europeu 
O texto trata sobre o Sistema de Civil Law, codificação e segurança jurídica fazendo uma relação com a trajetória político-institucional que caracteriza a história europea, tomando como base a consideração de uma “Estado moderno europeu” (Sec. XIV a estados constitucionais atuais). Após a época absolutista, merece destaque a Revolução Francesa, a qual representa uma ruptura democrática que enaltece novas formas de Estado, Estado de Direito Estado Constitucional. Nesse sentido, é possível dizer que o estado moderno europeu começa a existir a partir do século XIII, quando se observa cada vez mais evidente uma determinada tendência de organização do governo nos diversos territórios europeus. 
Nesse sentido, é possível defender que o estado moderno se desenvolve a partir de premissas: a. a existência de um poder decisório central (decisões sobre justiça, governo, tributos e etc); b. a existência de uma assembleia representativa, capaz de por limites ao poder central tendo como finalidade o bem comum; c. a existência de regras, significando um autêntico contrato social, fixando também a formas de participação política e de gestão de governo entre os sujeitos e as instituições pública e privadas do território.
Dessa forma, o Estado Moderno é caracterizado quando se tem uma realidade territorial governada em conjunto, de maneira institucionalizada, segundo regras escritas que determinam a competência de cada um. E assim é possível pensar o estado como governo de um território, tal qual se caracteriza o estado moderno europeu, disciplinado por regras que tendem a reunião as forças do território para a condução de uma perspectiva comum. Ou seja, há estado porque há governo e território, estabelecido por um conjunto de regras compartilhadas e de uma pluralidade de instituições de vínculos e limites. 
As formas do Estado Moderno Europeu: o estado jurisdicional, o estado de direito e o estado constitucional 
O Estado Moderno Europeu se inicia sob uma perspectiva de concentração dos poderes. A primeira forma que se trata no texto é acerca do Estado Jurisdicional, o qual se considera como o predominante na revolução francesa e no final do século XVIII. O estado jurisdicional tem três características essenciais: 1. Território entendido em seu sentido unitário, com o estabelecimento de regras lógicas em um governo centralizado; 2. Direito relacionado com o conjunto de regras comuns; 3. Governo com atuação sob o território. 
A força do império é auferida por meio da própria jurisdição, que tende a decidir sob a perspectiva da realidade territorial a fim de mantar a paz e o equilíbrio das forças existentes. Por outro lado, institui-se instrumentos de controle do absolutismo político. Absolutismo esse que se caracteriza pela certa tendência da monarquia em operar de forma a eliminar as formas de repartição de poderes que se formaram no tempo. 
Tal estado absoluto pode se representar como uma forma de governo que coincide com a monarquia absoluta, com a tendência em não descentralizar o poder e se opor aos mecanismos de controle recíprocos entre os próprios poderes. Tratam, assim, de problemas característicos à forma de governo e à organização dos poderes (de modo centralizado). O direito é, portanto, expresso em textos normativos que visam a racionalizar o Estado, estabelecendo vínculos e limites aos poderes instituídos. Os instrumentos normativos são meios pelos quais se regula o Estado, no qual se insere a jurisdição. O pluralismo se insere no estado jurisdicional, com características opostas ao estado absoluto. Em outro aspecto, umas das principais virtudes desse estado jurisdicional é a possibilidade de haver distintas disposições e equilíbrios entre as instituições, estabelecendo com elemento central um aspecto de pluralidade ao princípio norteador da soberania. 
Pois bem, a revolução, enquanto mecanismo de ruptura fundamental para uma nova forma de estado. Tal estado se firma na construção de novas visões de soberania, partindo-se de premissas da declaração dos direitos do homem e do cidadão de 1789. Trata-se de um princípio de unidade, de representação unitária, nacional, uma “condição de ser única”. Dessa maneira, a força soberana da nação, assim, também abarca a força do monarca, do governo central. 
 O estado de direito, baseado na lei, é uma nova forma de revolução entre ao estado jurisdicional. O estado de direito é o modelo dominando na europa do século XIX/XX, no período dos estados nacionais, dotados de uma constituição liberal que facilita o equilíbrio dos poderes em particular entre as monarquias e os parlamentos. As codificações são destinadas a regular de maneira crescente a ação dos poderes públicos e a influenciar na possiblidade dos particulares em lutar por seus direitos. 
 A tendência desse estado de direito é vislumbra rum novo tempo histórico para a democracia, instrumentalizando a integridade do estado, das relevâncias políticas e dos interesses particulares. E assim se estruturando se percebe como fundamental o estabelecimento de uma norma superior capaz de instrumentalizar vínculos e limites aos poderes instituídos no estado de direito. Trata-se, assim, da ideia de um estado constitucional, no qual a constitucional é norma superior do Estado. Tem-se, dessa forma, um ideal conceitual de “supremacia constitucional”. 
Desse ponto de vista, o estado constitucional é uma espécie de evolução histórica do estado jurisdicional e do estado de direito, vez que engloba elementos mais plurais e democráticos em suas premissas, estabelecendo, assim, um elo, uma relação entre estado jurisdicional e estado de direito. A isso é possível conceituar como a construção de um estado constitucional democrático. 
3. As constituições do estado moderno europeu: 1. a constituição estamental; 2. a constituição liberal; e 3. a constituição democrática
1. A constituição estamental/constituição estabelecida: o Estado moderno europeu, na sua primeira fase, também na época do Estado jurisdicional teve a chamada constituição estamental/estabelecida: representada por um ordenamento geral capaz de organizar o processo de governo e as relações entre os diferentes sujeitos agentes do território. Sua base era o povo, concebido como um conjunto de sujeitos submetidos a autoridade de uma mesma lei. Trata-se de uma constituição mista, da qual se geram formas de governo moderadas e equilibradas, como a britânica do King in Parliament, com as três parcelas do parlamento: monárquica, aristocrática com os Lords e popular com os Commons. 
Nesse contexto, a Constituição estamental, nesse caminho, torna-se obsoleta quando se sobressai a conservação de privilégios por meio de tal documento, modus operandi contrário não só ao princípio da soberania, mas também ao princípio da igualdade. 
2. A constituição liberal: a revolução decreta o fim da referida constituição e o nascimento do Estado de direito com a sua constituição liberal. A noção de soberania e direitos individuais contidos na Declaração de Direitos se unem dentro do novo modelo instaurado pela Revolução, segundos os novos critérios e princípios da nova constituição liberal, quais sejam: i) princípio da presunção de liberdade - tudo o que não está proibido pela lei não pode ser impedido, e ninguém pode ser obrigado a fazer o que ela não ordena; ii) critério da reserva da lei - somente a lei pode disciplinar e limitar o exercício dos direitos dos indivíduos, já que só a lei possui em sua totalidade a qualidade de generalização e abstração, garantindo, assim, aos indivíduos que o limite é introduzido ao interesse de todos; iii) princípio
da constituição como ato que garante os direitos e separa os poderes - uma constituição deve cumprir, ao menos, a garantia de direitos e a separação dos poderes.
O Estado de direito pós-revolucionário é a forma de Estado que está dotada de uma constituição liberal. Tem-se a liberdade a favor dos indivíduos, conferindo à lei a individualização dos eventuais limites que, pelo interesse de todos, devam estabelecer o exercício dos direitos dos mesmos indivíduos, que fornece, sempre para garantir os direitos. 
3. A constituição democrática: no século XX, a sociedade apresenta a constituição democrática, que se diferencia da liberal porque não se limita a desenhar a forma de governo e reforçar a garantia dos direitos; mas contém, em primeiro lugar, os princípios fundamentais, que caracterizam esse regime político e a identidade no plano histórico-constitucional. A Constituição Democrática, por esse viés, contém princípios fundamentais que caracterizam e identificam o seu regime. Nela, os princípios constitucionais são invioláveis, inclusive por seus legisladores, pois caso feridos, atacam a identidade dessa comunidade política. Aponta os mais recentes desenvolvimentos dos Estados constitucionais no plano supranacional, em particular quanto à Europa e à União Europeia.

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