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Texto – O mundo depois da Primeira Guerra Mundial.

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Texto – O mundo depois da Primeira Guerra Mundial.
1- Introdução.
	Depois da Primeira Guerra, a Europa já não era a mesma. Havia perdido a influência no mundo. Mergulhava rapidamente em uma crise que duraria até as vésperas de outra guerra: A Segunda Guerra Mundial.
	A Alemanha teve quase 2 milhões de mortes; A França e a Inglaterra, juntas mais de 2 milhões. A Rússia, incluindo a fase da guerra civil, perdeu perto de 5 milhões de habitantes. Enfim, a quantidade de mortos fazia qualquer outro conflito anterior parecer uma pequena batalha perto da carnificina provocada pela Primeira Guerra Mundial.
	Os prejuízos materiais eram incalculáveis. O comércio estava praticamente a zero. Somente os países que ficaram distantes do palco da guerra, como os Estados Unidos e o Japão, conseguiram tirar proveito do comércio europeu. Também para a América Latina o conflito trouxe alguns benefícios.
	A Primeira Guerra Mundial foi o prenúncio da crise total que se abateu sobre a Europa, ao mesmo tempo que marcou a mudança do centro das decisões para o outro lado do Atlântico. Também acirrou as contradições do capitalismo, a ponto de provocar o aparecimento de uma nova forma de sociedade: a socialista.
2- A Gripe Espanhola.
	A Primeira Guerra Mundial, considerada um dos mais sangrentos episódios da história da humanidade, é vista por muitos historiadores como um marco no nascimento do mundo moderno. Mas o nascimento desse mundo moderno custou muito em termos de vidas. No total as estimativas variam entre 9 e 10 milhões de mortos. A maioria esmagadora dos soldados era formada por jovens. Muitos desses jovens eram estudantes de Oxford e Cambridge, as mais famosas universidades inglesas.
	Porém não só as balas e as bombas mataram durante os conflitos. A epidemia da chamada gripe espanhola chegou a matar muito mais do que a luta. Veja o exemplo: os Estados Unidos, que se envolveram na guerra só depois de 1917, tiveram cerca de 115 mil soldados mortos, mas a gripe espanhola matou mais de 500 mil americanos.
	No outono de 1918, enquanto os aliados empurravam as linhas alemãs para leste, indicando que a guerra estava perdida para a Alemanha, um desastre maior do que a própria guerra estava acontecendo no mundo: o surgimento do vírus de uma gripe desconhecida até então, que se espalhou em proporções de uma pandemia. A gripe havia surgido na primavera daquele ano. O lugar exato onde se originou é desconhecido até hoje, mas as teorias popularizadas de sua origem acabou dando o nome pelo qual ficou conhecida, GRIPE ESPANHOLA. Uma primeira onda da gripe chegou ao auge nos meses de junho e julho de 1918, mas foi em outubro e novembro que o número de mortes atingiu índices alarmantes. Foi somente na primavera de 1919 que a gripe começou a diminuir a sua devastadora tarefa de matar.
	A mortalidade epidêmica foi simplesmente monstruosa. Na França, calcula-se que tenham morrido cerca de 166 mil pessoas na Alemanha, 225 mil, na Inglaterra 230 mil. Nos Estados Unidos, mais de 550 mil pessoas morreram em conseqüência da epidemia da chamada gripe espanhola. Na Ásia, uma das grandes atingidas foi a Índia, com mais de 1.6 milhões de mortos.
	A gripe teve um particular impacto sobre a população jovem, entre crianças e adolescentes. Cerca de 25% das vítimas tinham 15 anos de idade ou menos, e 45% tinham entre 15 e 35 anos. Ao todo, mais de 20 milhões de pessoas morreram vítimas da epidemia - número muito maior do que o provocado pela guerra.
	Muitas explicações para as origens da gripe surgiram na época, mas o agente causador não tinha ainda sido isolado; portanto, permaneceu desconhecido. A gripe teve um caráter de praga, por isso foi vista por muitos como um castigo divino para punir a maior carnificina já feita na história do ser humano, em especial na frente ocidental. Outras hipóteses surgiram na época para explicar as condições que favoreceram a difusão da gripe. Segundo uma dessas teorias, bastante divulgada, a gripe se deveu ao enfraquecimento dos habitantes das cidades, carentes que estavam de alimentação apropriada, dando condições para o aparecimento de doenças. E, na frente de batalha, condições de insalubridade, infestação de piolhos, ratos etc.
	Todo tratamento que se experimentou contra a gripe se mostrou ineficaz, e a ignorância sobre sua origem impedia a fabricação de uma vacina. A causa viral da gripe espanhola só foi descoberta em fins de 1933, quando o vírus mutante já havia praticamente desaparecido.
3- Os quatorze pontos de Wilson.
Os Quatorze Pontos são 14 proposições criadas pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson em seu discurso ao Congresso dos Estados Unidos da América em 8 de janeiro de 1918 para a reconstrução europeia após a Primeira Guerra Mundial. Seu objetivo era garantir a paz e evitar novos confrontos motivados pelo revanchismo ou interesses políticos e econômicos. Nenhuma nação seria punida ou ignorada, todas passariam a ter igualdade nas relações europeias.
Os Pontos
1-Exigência da eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos;
2-Liberdade nos mares;
3-Abolição das barreiras econômicas entre os países;
4-Redução dos armamentos nacionais;
5-Redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados;
6-Retirada dos exércitos de ocupaçã/o da Rússia;
7-Restauração da independência da Bélgica ;
8-Restituição da Alsácia e Lorena à França;
9-Reformulação das fronteiras italianas;
10-Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria;
11-Restauração da Roménia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar para a Sérvia;
12-Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autónomo do povo da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo;
13-Independência da Polônia;
14-Criação da Liga das Nações.
4- O Tratado de Versalhes.
O tratado de Versalhes (28 de Junho de 1919)
«Art. 45 – Em compensação da destruição das minas de carvão no Norte da França... [a Alemanha] cede à França a propriedade inteira e absoluta das minas de carvão situadas na bacia do Sarre. (...)
Art. 51 – Os territórios cedidos à Alemanha em virtude dos preliminares de paz assinados em Versalhes a 26 de Fevereiro de 1871 e do Tratado de Francforte de 10 de Maio de 1871 [Alsásia e Lorena] são reintegrados na soberania francesa a datar do armistício de 11 de Novembro de 1918. (...)
Art. 119 – A Alemanha renuncia, a favor das principais potências aliadas e associadas [Estados Unidos, Império Britânico, França, Itália e Japão], a todos os seus direitos e títulos sobre as suas possessões de além-mar. (...)
Art. 198 – As forças militares da Alemanha não deverão compreender nenhuma aviação militar nem naval. (...)
Art. 231 – Os Governos aliados e associados declaram e a Alemanha reconhece que a Alemanha e os seus aliados são responsáveis, por tê-los causado, por todas as perdas e danos, sofridos pelos Governos aliados e associados e seus naturais, em consequência da guerra. (...)»
	O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos. O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a um certo número de nações da Tríplice Entente.
	Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller,assinou o tratado em 28 de Junho de 1919. O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.
	No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes.
	O tratado tinha criado Liga das Nações, um dos objetivos maiores do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. A Liga das Nações pretendia arbitrar disputas internacionais para evitar futuras guerras. Só quatro dos chamados Quatorze Pontos de Wilson foram concretizados, já que Wilson era obrigado a negociar com Clemenceau, Lloyd George e Orlando alguns pontos para conseguir a aprovação para criação da Liga das Nações. A visão mais comum era que a França de Clemenceau era a mais vigorosa na luta por uma represália contra a Alemanha, já que grande parte da guerra tinha sido no solo francês.
	O artigo 156 do tratado transferiu as concessões de Shandong, da China para o Japão ao invés de retornar a região à soberania chinesa. O país considerou tal decisão ultrajante o que levou a movimentos como o Movimento de Quatro de Maio, que influenciou a decisão final chinesa de não aderir ao Tratado de Versalhes. A República da China declarou o fim da guerra contra a Alemanha em Setembro de 1919 e assinou um tratado em separado com a mesma em 1921.
	Em seu livro Sabrina Lima escreve: “No início, França e Bélgica argumentavam que o dano direto deveria receber prioridade em qualquer distribuição de reparações. No norte francês, altamente industrializado, os alemães levaram tudo o que queriam para o uso próprio e destruíram muito do que sobrara. Mesmo batendo em retirada em 1918, as forças alemãs encontraram tempo para destruir as minas de carvão mais importantes da França.”
	O artigo 231 do Tratado (a cláusula da 'culpa de guerra') responsabilizou unicamente a Alemanha por todas as 'perdas e danos' sofridas pela Tríplice Entente durante a guerra obrigando-a a pagar uma reparação por tais atos. O montante total foi decidido entre a Tríplice Entente na Comissão de Reparação. Em Janeiro de 1921 esse número foi oficializado em 269 bilhões de marcos, dos quais 226 bilhões como principal, e mais 12% do valor das exportações anuais alemãs - um valor que muitos economistas consideraram ser excessivo. Mais tarde, naquele ano, a dívida foi reduzida para 132 bilhões, o que ainda era considerado uma soma astronômica para os observadores germânicos.
	Os problemas econômicos que tal pagamento trouxe, e a indignação alemã pela sua imposição são normalmente citados como um dos mais significantes fatores que levaram ao fim da República de Weimar e ao início da ditadura de Adolf Hitler, que levou à II Guerra Mundial.
	Os Estados Unidos não ratificaram o tratado. As eleições para o Senado em 1918 deram a vitória ao Partido Republicano (49 contra 47 lugares), que assumiu o controlo do Senado e por duas vezes bloqueou a ratificação (a segunda vez em 19 de março de 1920), favorecendo o isolamento do país opondo-se à Sociedade das Nações. Outros senadores queixaram-se da quantidade excessiva de reparações a que a Alemanha era obrigada. Como resultado, os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em separado uma paz com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento de indenizações e de outras disposições do Tratado de Versalhes, mas excluiu explicitamente todos os assuntos relacionados com a Sociedade das Nações.
5- Europa pós-guerra.
	Terminada a Primeira Guerra, o mapa político da Europa estava, em grande parte, remodelado. O regime democrático foi adotado na maioria dos países, mas o papel do Estado se modificou. A guerra obrigara os governos a intervirem em todas as questões nacionais. A partir de então, coube ao Estado o controle da economia, a solução dos conflitos entre patrões e operários e a fixação de prioridades, entre outras atribuições. As dívidas contraídas durante a guerra e o pagamento de reparações geraram tensões entre os países. A Alemanha, obrigada a pagar altíssimas indenizações aos países vitoriosos, enfrentou graves problemas internos, que levaram o governo a suspender o pagamento das reparações. Em represália, a França enviou tropas para ocuparem o vale do Ruhr, a região mais produtiva da Alemanha (janeiro de 1923), originando uma crise que durou até 1926. Em 1923, a Alemanha viveu uma hiperinflação que arruinou o país, provocando falências, desemprego, tentativas de golpes e atentados. Por volta de 1925, o país reequilibrou suas finanças graças, em parte, aos empréstimos norte-americanos. 
	Outro efeito da guerra foi o surgimento dos Estados Unidos como grande potência mundial. O continente europeu estava coberto de cidades destruídas e áreas de cultivo devastadas; sua economia estava arruinada e tinha enormes dívidas a pagar. A guerra também criou novas fortunas, enriquecendo os fabricantes de armas e os comerciantes. O sucesso material dos novos-ricos, conquistado à custa dos que morriam, escandalizou a população. Esses fatores, somados ao morticínio provocado pela guerra, refletiram-se sobre a arte e o modo de viver da burguesia europeia. Em 1916, um grupo de jovens em Zurique, Suíça, lançou um movimento artístico e literário que expressava sua decepção e revolta com a civilização europeia. Deram o nome de dadá ao movimento, que foi marcado pela crítica agressiva a todos os valores estéticos estabelecidos. 
	Por volta de 1922, o dadaísmo entrou em declínio. Suas inovações foram, contudo, aproveitadas pelo surrealismo, movimento artístico que expressava o sonho e as manifestações absurdas e ilógicas do inconsciente. Enquanto isso, nas grandes capitais, como Paris, Viena e Berlim, a classe média e alta se entregava ao prazeres e ao luxo. Multiplicaram-se as casas noturnas, onde se dançava até o amanhecer o charleston americano ou o tango importado da Argentina.
6-Dadaísmo.
	O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi um movimento artístico da chamada vanguarda artística moderna iniciado em Zurique, em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial, no chamado Cabaret Voltaire. Formado por um grupo de escritores, poetas e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão, liderados por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp.
	Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de madeira, sua utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). Para reforçar esta ideia foi estabelecido o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente, desta forma, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre ela. Isso foi feito para simbolizar o caráter antirracional do movimento, claramente contrário à Primeira Guerra Mundial e aos padrões da arte estabelecida na época. Em poucos anos o movimento alcançou, além de Zurique, as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris. Muitos de seus seguidores deram início posteriormente ao surrealismo e seus parâmetros influenciam a arte até hoje.
"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso." (Tristan Tzara)
	Como você pode notar pelo trecho acima, o impacto causado pelo Dadaísmo justifica-se plenamente pela atmosfera de confusão e desafio à lógica porele desencadeado. Tzara opta por expressar de modo inconfundível suas opiniões acerca da arte oficial, e também das próprias vanguardas ("sou por princípio contra o manifestos, como sou também contra princípios"). Dada vem para abolir de vez a lógica, a organização, a postura racional, trazendo para arte um caráter de espontaneísmo e gratuidade total. A falta de sentido, aliás presente no nome escolhido para a vanguarda. Segundo o próprio Tzara: "Dada não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. O cubo é a mãe em certa região da Itália: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros jesus chamando criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a ideia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano." (Tristan Tzara)
	O principal problema de todas as manifestações artísticas estava, segundo os dadaístas, em almejar algo que era impossível: explicar o ser humano. Na esteira de todas as outras afirmações retumbantes, Tzara decreta: "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".
	No seu esforço para expressar a negação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com frequência, métodos deliberadamente incompreensíveis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito aproveitar pedaços de materiais encontrados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.
	Foi na literatura, porém que a ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca". Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incompreensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para fazer um poema dadaísta:
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
	Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos nossos olhos modernos, precisamos levar em consideração o momento em que surgiram. Não é difícil aceitar que, para uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um interessante espelho crítico de uma realidade incômoda.
7-O Surrealismo.
	O Surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo ganhando dimensão mundial. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas do psicólogo Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que, segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e crítico André Breton (1896-1966) é o principal líder e mentor deste movimento.
	A palavra surrealismo supõe-se ter sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire (1886-1918), jovem artista ligado ao Cubismo, e autor da peça teatral As Mamas de Tirésias (1917), considerada uma precursora do movimento.
Um dos principais manifestos do movimento é o Manifesto Surrealista de (1924). Além de Breton, seus representantes mais conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis Buñuel no cinema e Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas.
	Mais do que um movimento estético, o surrealismo é uma maneira de enxergar o mundo, uma vanguarda artística que transcende a arte. Busca restaurar os poderes da imaginação, castrados pelos limites do utilitarismo da sociedade burguesa, e superar a contradição entre objetividade e subjetividade, tentando consagrar uma poética da alucinação, de ampliação da consciência. Breton declara no Primeiro Manifesto sua crença na possibilidade de reduzir dois estados aparentemente tão contraditórios, sonho e realidade, “a uma espécie de realidade absoluta, de sobre-realidade [surrealité]”.
8- A intolerante democracia americana.
	Terminada a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os Estados Unidos passaram por uma breve crise econômica (1919-¬1921), marcada pela queda da produção industrial e elevação dos preços. Em conseqüência, ocorreram numerosas greves, envolvendo cerca de 3 milhões de operários. O ano de 1919 foi o mais tumultuado, registrando-se explosões de bombas em edifícios públicos de Washington e de Nova York e a greve geral que paralisou Seattle por cinco dias. As ideias socialistas e anarquistas de muitos grevistas deixaram seus patrões temerosos. A vitória da Revolução Russa e a fundação do Partido Comunista em Chicago (1919) reforçaram esse temor. 
A xenofobia norte-americana chegou ao extremo com a ação terrorista da organização secreta Ku Klux Klan. A organização foi fundada em 1865, no sul dos Estados Unidos, com o objetivo de impedir a integração dos negros na sociedade como homens livres. Entrou em declínio por volta de 1880 e renasceu, em 1915, mais organizada e atingindo um número maior de regiões. 
	Negros, judeus, católicos, imigrantes e comunistas constituíam seu alvo. Contra eles os membros da Klan praticavam todo tipo de violência, da ameaça verbal à tortura física e a.o assassinato. A década de 1920 foi o auge da atuação da organização, que declarava ter 4 milhões de membros em 1924. 
	A classe média culpava os imigrantes e os sindicatos pelos distúrbios sociais e pela instabilidade econômica, exigindo ações enérgicas do governo contra os "subversivos". Nesse contexto de hostilidade aos estrangeiros ocorreu o rumoroso caso Sacco e Vanzetti, que repercutiu em todo o país e fora dele. o sapateiro Nicola Sacco e o vendedor ambulante de peixe Bartolomeu Vanzetti, anarquistas, foram presos em maio de 1920 sob acusação de roubo e assassinato de um caixa e de um vigilante de uma fábrica de sapatos. A confissão de outro condenado, assumindo a autoria dos crimes, não foi considerada. Manifestações em defesa dos acusados e pedidos de clemência não sensibilizaram o júri. A classe média americana estava assustada com as idéias anarquistas manifestadas pelos acusados. Em agosto de 1927, Sacco e Vanzetti foram eletrocutados. 
	O medo e a desconfiança em relação aos estrangeiros levou o Congresso a aprovar, em 1921, uma lei restringindo a entrada de imigrantes no país. Os Estados Unidos fechavam as portas aos que sonhavam em "fazer a América". 
	A xenofobia norte-americana chegou ao extremo com a ação terrorista da organização secreta Ku Klux Klan. A organização foi fundada em 1865, no sul dos Estados Unidos, com o objetivo de impedir a integração dos negros na sociedade como homens livres. Entrou em declínio por volta de 1880 e renasceu, em 1915, mais organizada e atingindo um número maior de regiões. 
	Negros, judeus, católicos, imigrantes e comunistas constituíam seu alvo. Contra eles os membros da Klan praticavam todo tipo de violência, da ameaça verbal à tortura física e a.o assassinato. A década de 1920 foi o auge da atuação da organização, que declarava ter 4 milhões de membros em 1924. 
	Em janeiro de 1920 entrou em vigor a Lei Seca, proibindo a fabricação, a venda e o transporte de bebidas alcoólicas em todo o país. A Lei Seca fora aprovada em 28/10/1915 devendo vigorar a partir de 17/01/1920. Nesse meio tempo houve uma verdadeiracorrida aos fornecedores: muitos estocaram bebidas para seu próprio consumo ou para posterior venda Ilegal. 
	A medida atendia aos anseios de boa parte da população americana, conservadora e moralista. Contudo, a Lei Seca estimulou o contrabando de bebidas, tornando-se um negócio altamente lucrativo para o crime organizado. Gângsteres controlavam pontos de jogo, bordéis e cafés, onde se vendiam bebidas alcoólicas com a cumplicidade de policiais, políticos e juízes corruptos. Entre 1927 e 1931 houve 227 assassinatos cometidos por gângsteres, sem que ninguém fosse condenado. A cidade de Chicago, no estado de Illinois, ficou célebre, na época, pelos massacres de bandos rivais a mando de Al Capone, famoso gângster. Mesmo com tantos efeitos negativos, a Lei Seca só foi extinta em dezembro de 1933.
9- A década da prosperidade norte-americana.
	A partir de 1921, a economia norte-americana reajustou-se e o país retomou o crescimento. Os Estados Unidos puderam então usufruir do enorme capital acumulado durante a Primeira Guerra Mundial. Leis protecionistas elevaram as taxas de importação, reduzindo as compras de produtos estrangeiros e favorecendo a produção nacional. O aumento da produção industrial garantiu alto Índice de emprego e fez baixarem os preços dos bens de consumo, tornando-os acessíveis a uma parcela maior da população. Iniciava-se uma fase de grande progresso material, marcada pela produção em série para o consumo em massa. A tendência à elevação dos salários e a expansão das vendas a crédito impulsionaram a classe média a comprar. Multiplicaram-se as vendas de automóveis, rádios, fogões, gramofones e geladeiras. A frota de automóveis nos Estados Unidos aumentou de 8 milhões de veículos (1920) para 23 milhões (1930). Em 1921, um em cada catorze americanos tinha carro. Na Grã-Bretanha, essa relação era de um para 168: 
	A classe média urbana tinha a impressão de estar enriquecendo. Começava uma era de prosperidade, da qual um dos maiores símbolos foi o automóvel. O industrial Henry Ford, decidido a reduzir os custos e o tempo de produção, implantou em suas fábricas de automóveis a linha de montagem e simplificou ao máximo os componentes do carro, criando o Ford Modelo T. Alguns Ford T não tinham portas, janelas laterais nem velocímetro e limpador de pára-brisas. O modelo T só tinha uma opção de cor preto. Custava cerca de 40% menos que seu concorrente mais próximo Inovou também a relação com seus empregados: pagou salários muito acima dos concorrentes e diminuiu a jornada de trabalho (oito horas diárias e semana de cinco dias). Era uma forma de aumentar as vendas: seus operários tinham mais dinheiro e mais tempo livre para gastá-lo. 
	O consumo em massa nos Estados Unidos incluía também o lazer. Os espetáculos, os esportes e o cinema atraíam multidões, transformando-se em negócios muito lucrativos. O cinema, por exemplo, mostrou ser uma fabulosa fonte de rendas. Em 1927, vendiam-se, por semana, 60 milhões de bilhetes. Em 1929, já eram 110 milhões! Produtores, empresários, diretores, artistas, atletas e treinadores deixaram o amadorismo e se tornaram profissionais. Em 1924 era fundado o maior estúdio de Hol1ywood: a Metro-Goldwyn-Mayer. Foi a década do jazz, ritmo afro-americano nascido em New Orleans, e do charleston, dança vibrante com movimentos rápidos de pernas e braços. Mudou também o padrão de beleza feminino e o comportamento social da mulher. A chamada "melindrosa" usava cabelos curtos, pálpebras pintadas em cor escura, vestidos decotados e na altura dos joelhos, meias cor da pele. Ia à praia de maiô inteiriço, fumava em público, dirigia seu próprio carro e falava sobre sexo Uma lei de agosto de 1920 garantiu à mulher norte-americana acima de 21 anos a cidadania plena: podia votar e disputar todos os cargos políticos. 
	O clima de otimismo dissimulou os conflitos envolvendo negros e imigrantes, assim como a intolerância social, o crime organizado e a corrupção política. A euforia dava a sensação de que a prosperidade era eterna. Mas não era, como os americanos e o mundo logo perceberiam, com a grande crise que começaria em 1929.
Um membro racista da Ku Klux Klan sendo socorrido por médicos negros:

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