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NOÇÕES BÁSICAS SOBRE O SER EM TOMÁS DE AQUINO Lucas Cerqueira [1: Licenciando em Filosofia pela Faculdade Católica de Feira de Santana. lucascerqueira1298@gmail.com ] “Em Tomás o ser é análogo, ou seja, expressa-se, manifesta-se, desvela-se por meio da analogia, pela sua existência, pelo actus essendi, pelo ato de existir.” “Deus é primeiro vivenciado antes de ser apreendido.” A evidência do ser “Investigar a verdade divina que se manifesta na verdade ontológica, nos seres.” “[...] A filosofia do ser sustenta, une e harmoniza toda a estrutura do edifício da síntese tomista.” “O ser, na metafísica de Tomás de Aquino, pressuposto de todo pensamento e objeto do conhecimento humano, é o primeiro a ser conhecido, porque abarca a totalidade do real.” Para Tomás de Aquino, o ser é o primeiro a ser conhecido, porque abarca a totalidade do real. O pressuposto de todo pensamento e objeto do conhecimento humano. Sua tese: “O ser é o que de mais íntimo tem uma coisa e o que de mais profundo existe em todas as coisas.” Tomás amplia a visão recebida da herança do código filosófico grego, adaptando-a ao código judaico-cristão. “O ser é o primeiro que toca a inteligência humana” Deus é o ser primeiro “Tomás de Aquino identifica e aplica essa noção de ser ao ser subsistente, Deus. Afinal, Deus é o princípio do ser, o princípio de tudo o que existe, porque Deus é. Todos seres refletem, pela doutrina da participação e da analogia, ato puro do ser, principalmente o homem, pela sua capacidade volitiva e cognoscitiva.” “[...] Deus é Ato Puro de Ser, toda participação na perfeição da natureza divina será, antes de mais nada, uma participação daquele ato supremo” “[...] o ente ou coisa é portador de sentido do ser, porque carrega p ser intrínseco à sua natureza” “[...] o ser se expressa, se desvela, não de forma unívoca nem equívoca, mas de forma análoga” “Somente Deus possui seu próprio ato de ser em plenitude e de forma absoluta.” “Somente Deus possui seu próprio ato de ser em plenitude e de forma absoluta. Somente Ele possui a própria essência (quididade) e a própria existência (sem movimento) eternamente perenes.” “As criaturas [...] estão em busca, em potência para a atualização, para a perfeição do seu ser” Essência e existência “[...] é pela existência que se chega à essência de todas coisas e as diversas modalidades da existência, porque a existência, o ato de existir, é mais perfeito que a essência.” “[...] aquilo que é real não é nem a essência nem a existência, mas o ser.” “[...] é difícil, localizar, especificamente nas obras filosóficas e teológicas de Tomás de Aquino, uma justificativa analítica e sistemática da noção do ser, mesmo considerando o opúsculo O Ente e a Essência.” Considerações finais “Diferente da metafísica moderna, que, em linhas gerais, reduz o ser ao pensar, somente ao enunciado lógico, às potencialidades da inteligência humana, a ontologia tomista se assenta intrinsecamente na presença do ser” “De acordo com esse itinerário, Tomás de Aquino afirma em sua filosofia moral que não é possível, nesta vida, alcançar a beatitude perfeita em plenitude pela contemplação de Deus.” “[...] o ser ou a essência divina na síntese tomista, somente é conhecida pela alma intelectiva como distinção da razão, ou seja, pelas representações e conceitos engendrados de forma análoga, proporcional àquilo que é conhecido das coisas criadas.” A METAFÍSICA REALISTA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO: O ATO DE SER. Para Tomás de Aquino o ato é considerado ser, diferente de Aristóteles que considerava como forma. O ser não é estático, o ser é movimento. No período moderno muitos irão criticar essa noção de ser de Tomás de Aquino. Na contemporaneidade aparecerá com o existencialismo. O ser é algo que é, mas vai sendo. O ser é absoluto, mas não é fechado. Se o ser for estático como dará origem as outras coisas? Antecedentes da Metafísica Tomista Parmênides: o ser como arché, como princípio de todas as coisas. Platão: figura metafísica de participação do ser determinado no ser absoluto Aristóteles: metafísica da causalidade O caminho de São Tomás O ser é uma realidade dinâmica. A essência de Deus pelo caminho da eliminação: todo tipo de composição de Deus. Deus é sua essência, mas dá um passo adiante ao dizer que Deus também é o Puro Ato de Ser. Se Deus não fosse seu “ser”, não seria por sua própria essência, mas por participação ao verdadeiro “esse” (ser). O Ser é Deus, que é o princípio de todas as coisas. Ele é por si mesmo. O ato como ser Segundo Tomás: O ato de todas coisas é o ser, a essência. A potência seria então a apitado a vir-a-ser, uma aptidão que pode lhe elevar o grau de atualidade. Potência – caminho para perfeição. Essência e existência Em Deus, essência e existência são a mesma coisa, mas nas criaturas elas são distintas. A essência é a definição, a determinação do ente. A existência é o seu ato de ser, a energia metafísica que faz o ente finito existir. Deus e os entes finitos Os entes são compostos, enquanto Deus é simples (não tem composição) O ato de ser de um ente finto não é subsistente como em Deus, necessitando haver uma essência para recebê-lo. A relação das criaturas com Deus é uma relação de participação (partem capere). A participação de sua própria essência. A explicação ontológica do ser Participação no ser mesmo. Processo de explicitação do ser Propriedades transcendentais do ser Unidade: o ser é unum (uno). Nega-se com a unidade e a negação e oposição do ser Verdade: o ser é verum (verdadeiro). O ser é a verdade. A verdade é o resultado da conformação do ser a inteligência. Bondade: o ser é bonum (bom). O ser é a bondade. A bondade é o resultado da conformação da vontade ao ser. Beleza: o ser é pulchrum (belo). Isso não é uma propriedade, mas síntese das propriedades anteriores. A explicitação ôntica do ser Analogia – atribuição lógica entre univocismo e equivocismo Substância e acidente – essência da substância permite lhe ter o ser por si, enquanto o acidente não lhe permite subsistir por um ato próprio de ser. Ato e potência - causalidade. Causar é comunicar o próprio ato de ser. Os entes são causa eficiente pela participação na causa criadora de Deus. O movimento passa a ser a atuação da potência pela ação da causa. Graus de perfeição - quanto menos uma essência limita o ato de ser, mais perfeito o ente é. Finalidade Nada é por acaso, tudo que existe tem um proposito. A finalidade é uma explicitação do ser tanto ontológica quanto ôntica. No plano ontológico, a finalidade é atualidade do ser pela intelecção e pela volição: o ato tende a comunicar-se e, por isso, o agir está unido ao ser (ser é tender) No plano ôntico, a finalidade está ligada à causalidade: tudo opera em vista de um fim. O fim da ação dos entes é quando coincide o fim da obra com o fim do agente. Após Tomás de Aquino. O que fez a metafísica realista ser esquecida foi a má interpretação daqueles que se diziam seguidores de Tomás Dois tipos de pseudotomismo foram bem difundidos: o que diz que a existência é um acidente da essência e o que reduz a existência à substância, como fez Caietano O pseudotomismo de Caietono permitiu que se interpretasse a filosofia de Tomás somente como um tipo de “aristotelismo cristão” A opção da Igreja Católica pela Metafísica Realista O Papa Leao XIII, com a encíclica Aeterni Patris, fez da Filosofia de Tomás de Aquino a Filosofia oficial da Igreja. Isso permitiu o surgimento da neoescolástica no século XIX e do neotomismo. É a filosofia da Igreja. Contudo, não é a única. O Tomismo no Século XX Seguindo o estudo de Tomás nas próprias fontes, os filósofos tomistas do século XX descobriram que a filosofia do ato de ser de Tomás não reduzia a existência à substância, como foi ensinado e a retomaram como filosofia do ato de ser. A defesa do neotomismo faz da metafísica realista é de quese trata de filosofia perennis, isto é, que não muda com o tempo. Não é historicismo arcaico, mas busca dar resposta das questões mais suscitadas pelo homem. SOBRE AS NOÇÕES DO SER EM TOMÁS DE AQUINO “Filosofia é desbanalizar o banal” Nos seres experimentamos aquilo que há no Ser Supremo de maneira total O ser ele se faz sendo. O ser que é, é Deus, já os seres se fazem. O Ser de Deusé transcendente e imanente. Uma vida sem Filosofia é inútil. [2: A Filosofia dá sentido a existência. O papel da Filosofia é fazer com que você saiba que está pensando.] Para Platão, Aristóteles o ser seria o bem e o verdadeiro. Já para Tomás o Ser vem antes dessas manifestações. A crítica de Heidegger é que a metafísica se apegou aos entes e esqueceu do Ser. A verdade para Heidegger é aletheia[3: palavra grega, que significa o não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito;] Para Aristóteles o ser é o pensamento do pensamento. HERANÇA KANTIANA O pensamento Kantiano é conhecido como idealismo transcendental [4: Idealização do eu. O eu individual agora é absoluto.] A ideia que constrói o conhecimento, mas transcende a si mesma. O próprio Kant descreveu sua filosofia crítica como uma “revolução copernicana”: Kant afirma que se a metafísica anterior admitia que o nosso conhecimento devia regular-se pelos objetos, agora admitimos que os objetos regulam-se pelo nosso conhecimento Quem dirá agora se o objeto é verdadeiro ou não será o eu. Portanto, são os objetos que se adaptam ao conhecimento e não ao contrário. Só podemos chegar a verdade a partir de um juízo: analítico, assindético (a priori e a posteriori) Tempo e espaço para Kant são duas categorias absolutas Juízo é uma tensão entre predicado e sujeito e vice-versa Tudo que conhecemos e temos acesso é a partir de nossa sensibilidade Kant elimina o dogmatismo metafísico. Kant continua operando uma dicotomia entre o mundo ético e do conhecimento Da crítica feita por Kant à metafísica, na crítica da razão pura, surgiram duas linhas divergentes entre os filósofos do século XIX. A primeira, representada pelos materialistas (Feuerback) e positivistas (Comte). Para Feuerbach a matéria é anterior ao espiritual e o determina. HEGEL: O IDEALISMO DIALÉTICO. O alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) aos dezenove anos celebrou a Revolução Francesa com o plantio simbólico de uma árvore. Foi crítico da filosofia de Kant Hegel inspira-se em Heráclito o ser está em constante mudança. Toda realidade é explicada a partir dos princípios contraditórios (tese, antítese e síntese.) A filosofia faz a síntese de como o espírito se desenvolve na história. O idealismo: O que Hegel entende por espírito? Se expressa em três momentos distintos: O espírito subjetivo é o espírito individual, ainda encerrado na sua subjetividade (como ser de emoção, desejo, imaginação) Questões de Kant sobre a Fundamentação da Metafísica dos Costumes Segundo Kant o que há de mais universal é a boa vontade. Para se ter um ato bom é necessário ter uma boa intenção. A instrumentalização torna o outro um meio. As coisas são neutras e nós que atribuímos finalidade Os agentes tem valor intrínseco, isto é têm dignidade. A mentira leva a uma descrença geral. Críticas: No ponto dois do argumento, pode-se questionar que regras poderiam ser essas. Há situações em que mentir se torna universal. É permissível mentir para salvar a vida de alguém. Defender a vida de outro. Respostas de Kant: Pensamos, por vezes, que as consequências de dizer a verdade seriam más e as consequências das mentiras seriam boas, ou seja, não se torna mais responsável pelas consequências.
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