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GEOPOLÍTICA CRÍTICA CÓDIGOS GEOPOLÍTICOS Os objetivos externos de um Estado, ou sua orientação de política exterior, podem também ser compreendidos ao agruparmos o conjunto de intenções e ações empreendidas por suas instituições e pelos seus governantes (mais do que os discursos proferidos) no que é chamado de “código geopolítico” (TAYLOR e FLINT, 2002). Os Estados elaboram o seu código geopolítico buscando, por exemplo: a) influenciar seus parceiros acerca da justeza de suas intenções geopolíticas; b) dominar Estados mais fracos de modo a produzir ou consolidar uma determinada assimetria de poder e dela beneficiar-se; c) adequar-se estrategicamente à presença de um vizinho mais poderoso e belicoso; e/ou d) projetar sua nova condição política, econômica ou militar num sistema interestatal já consolidado segundo os interesses de potências dominantes. Taylor e Flint (2002), defendem que, no caso dos Estados Unidos, verificou- se uma transição de códigos geopolíticos: do código da contenção (do comunismo) vigente durante o período da Guerra Fria, ao código da prevenção, após a dissolução da União Soviética. Importante ressaltar, ainda de acordo com os autores supracitados, que em muitas ocasiões podemos observar uma sobreposição de códigos geopolíticos, o que nos leva a supor que isso expressaria um momento em que ainda haveria uma indefinição das políticas de Estado diante da apresentação de desafios inteiramente novos. (...) Governo e elites norte-americanos têm se empenhado em apresentar o terrorismo, o fundamentalismo, o narcotráfico, e os Estados “bandidos” ou “párias” como candidatos a representar o papel de inimigo da maior potência militar da história. Agora, cada vez de forma mais aberta e sem maiores justificativas, utilizam a simples idéia de manter sua hegemonia e defender-se da “barbárie” da periferia e da ameaça amarela no horizonte (GUIMARÃES, 2003: 491). Gastos Militares – 2008 (em bilhões de dólares - % do total mundial) No plano externo, a política estadunidense de combate ao narcotráfico se insere nos processos mais gerais de recolonização militar da América Latina e o Estado colombiano representa uma espécie de “cabeça-de-ponte” desse projeto. Através do Plano Colômbia, por exemplo, os Estados Unidos têm injetado uma quantidade considerável de recursos para a modernização do aparato bélico colombiano (cujas armas e equipamentos militares são adquiridos junto às fábricas de armamentos estadunidenses); combatem as duas guerrilhas esquerdistas atuantes no país (as FARC-EP e o ELN), que controlam uma significativa extensão do território; e ainda, conseguiram a autorização do governo colombiano para a instalação de novas bases militares no país, o que tem gerado a insatisfação dos países vizinhos que acusam a Colômbia e os Estados Unidos de iniciarem uma escalada militar na região. Também não poderia ficar de fora dessa lista, como mais um elo de sua ação preventiva, a constatação de que o desenho de uma territorialização militar em rede sobre a América Latina, através da dispersão e interconexão de bases militares localizadas em diferentes pontos, permite aos Estados Unidos dispor de um posicionamento estratégico no entorno de uma das maiores reservas de biodiversidade e água doce do planeta e, quiçá, de riquezas minerais ainda não exploradas pelos Estados amazônicos. ÁREAS DE RIQUEZA NATURAL ESTRATÉGICA MILITARIZAÇÃO DOS OCEANOS AOS RECURSOS NATURAIS •Os subcomandos militares regionais fazem parte de uma estratégia imperial estadunidense, caracterizada por um novo modelo de imperialismo militar, onde um dos seus fundamentos é a instalação de bases militares e ações que extrapolam o espaço terrestre. •Projeto Joint vision 2010/2020 – poder militar cybertech – provisão de serviços de banda larga de alta velocidade por satélite – municiar de inteligência e informações suas forças de segurança –militarizar o espaço sideral – estações orbitais municiadas de armamentos a lasers com o objetivo de atingir alvos na Terra. •Estratégia do BMD (Ballistic Míssil Defense) – defesa contra mísseis balísticos de outros países. •A rede de posições militares compõe a estratégia fundamentalmente global dos Estados Unidos. Essa se constitui em 3 cruciais zonas de interesse especial: Américas, Ásia Central e África (Ceceña, 2006). •Os subcomandos militares regionais têm a sua área de atuação definida pelo Pentágono, mas podem ser alterada segundo os códigos geopolíticos. Vide o exemplo da criação em 2007 do Comando para a África. Compõem uma rede trançada por nós com amplo apoio logístico. OS SUBCOMANDOS MILITARES REGIONAIS Comandos militares instituídos pelos EUA com responsabilidades geográficas (jurisdição sobre continentes e determinadas áreas): - Pacific Command (USPCOM) – 1947 * - European Command (USEUCOM) - 1952 - Southern Command (USSOUTHCOM) – 1963 ** - Central Command (USCENTCOM) – 1983 - Nothern Command (USNORTHCOM) – 2002 - Africa Command (USAFRICOM) – 2007 * Incorporou áreas do Comando do Alaska e do Comando do extremo oriente em 1957. ** U.S. Caribbean Defense Command (1941-1947). 1947: U.S. Caribbean Command; mudança de foco nos anos 1950. •Ideia do pré-posicionamento – disposição territorial antecipada e preparação – Acordos regionais – Presenças de tropas terrestres, de meios aéreos e de meios navais em alto-mar, em regiões críticas - rápido emprego de forças . •A territorialidade do Comando Sul – Caribe, América Central e América do Sul – nó central está no Panamá e sua sede na Flórida – Dispositivo essencial ao Departamento de Defesa dos EUA para a condução de estratégias militares destinadas à América Latina – instalação e concessão de bases militares, exercícios militares conjuntos, controle de inteligência /comunicações, apoio aéreo e operacional, treinamento e educação de militares e civis latino- americanos, etc. •O Comando Sul através das instalações militares (FOLs), define um território- rede complexo, de múltiplas estratégias, que tem sua configuração alterada a partir do Plano Colômbia. Desmontagem e proliferação de novas bases militares – Política da Prevenção institui acordos de cooperação com países do continente – utilização das instalações dos países, visando seu treinamento. •Militarização da América Latina - Apropriação dos mercados econômicos e dos recursos naturais; implantação de bases militares e exercícios militares conjuntos. O Comando Sul Forward Operating Locations, FOL (Centros Operativos Avançados) Os EUA têm, de forma preventiva, se territorializado militarmente na região andina, caribenha e amazônica – papel das FOLs – Comapala(El Salvador); Reina Beatriz(Aruba); Hato(Curaçao); Manta(Equador – 2009). Os FOLs funcionam como sustentáculos territoriais, de onde os EUA se fazem presentes na região – aeroportos/bases aéreas - combate as drogas e “operações humanitárias”; na verdade, a presença refere-se aos movimentos de treinamento, vigilância por radares e operações militares. Acordos entre o governo dos EUA e dos governos anfitriões, permitindo aos EUA o uso das instalações já existentes, mas de propriedade dos Estados que albergam as bases e aeroportos utilizados. Novo modelo operacional de posicionamento militar estadunidense na América Latina. A aplicação exitosa do poder militar depende do acesso aéreo e marítimo, além de apoio em infraestrutura dos EUA no exterior para projetar o seu poder. Forward Operating Locations, FOL (Centros Operativos Avançados) Cobertura comparativa entre la Base Aérea de Howard y los FOLs PLANOS ESTRATÉGICOSDE CONTROLE TERRITORIAL A PRESENÇA MILITAR NORTE-AMERICANA NO MUNDO Países com proposta de Instalação de bases Países com bases norte-americanas Bases norte-americanas Área de rastreamento das bases norte-americanas e sistemas de mísseis Fonte: US Department of Defense, Base Structure Report, 2008. BASES NORTE-AMERICANAS NO MUNDO
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