Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CHINA, A HISTÓRIA DE UMA NOVA SUPERPOTÊNCIA DO SÉCULO XXI REPÚBLICA POPULAR DA CHINA(RPC) • Algumas características físicas: 1. Dimensões continentais (3ª maior extensão do planeta) ; 2. A porção ocidental/oriental e a sua posição geográfica privilegiada; 3. Subsolo rico em recursos minerais (grande cobiça das potências industriais do século XIX); 4. Clima variável, resultante da sua grande variância latitudinal e disposição hipsométrica. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA • Breve contexto histórico: • A China viveu ciclos de abertura e fechamento em relação ao mundo exterior: os períodos de abertura correspondem à hegemonia dos comerciantes e dos portos; os de isolamento, à das elites político-militares. O conflito entre essas tendências refratou a disputa entre a burocracia de Pequim, de um lado, e os empreendedores dos portos do leste e sudeste, de outro; • O Império do Centro (denominação confunciana) alcançou seu auge na dinastia Tsing, entre 1683 e 1830. No entanto, após esse período, a corrupção e a burocracia imperial e o fortalecimento das potências industriais, notadamente a Inglaterra, provocaram a subordinação da China aos interesses comerciais estrangeiros( mercado fornecedor de matérias-primas e consumo); • País marcado por invasões e explorações: Guerra do Ópio ou Anglo-Chinesa – 1839/42 (tráfico de ópio, produzido na Índia e parte do Império Otomano para a China: grandes lucros para os ingleses – “esfacelamento socioeconômico chinês”); • Em agosto de 1842 é criado o Tratado de Nanquim (1º Tratado Desigual ou Iníquo – consagração da “Doutrina Open Door”, imposta pela Inglaterra): Cessão de Hong Kong à Inglaterra e a abertura de cinco portos ao comércio internacional; • Em 1860, britânicos e franceses impunham a abertura de mais onze portos e os russos, que já ocupavam a parte da Mandchúria, avançavam até o mar do Japão; • As guerras Sino-Japonesa (1894-95) e, no final do século XIX, os EUA lançou-se à defesa da “liberdade de comércio” e da integridade territorial da China. A PARTILHA DA CHINA TRATADO DE NANQUIM – 1º Tratado Desigual (destaque para três dos dezoito artigos) • Artigo 2º - Determinava a abertura de cinco cidades chinesas - Cantão, Fuzhou, Xiamen, Ningbo e Xangi - para a moradia de súditos britânicos, além da abertura de consulados nessas mesmas cidades. • Artigo 3º - A possessão de Hong Kong por tempo indeterminado pela rainhaVitória e seus sucessores. • Artigo 6º - Indenização pelos custos da guerra em um valor de 21 milhões de dólares. GUERRA DOS BOXERS( 1899-1900) • Foi um movimento popular anticolonial e anticristão, desencadeado por lutadores de boxe chinês, os quais formavam a Sociedade secreta dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros. Difundiam a crença que seus membros, com muito treino e perseverança, podiam vencer os ocidentais, que usavam armas de fogo; • Movimento que teve início nas províncias rurais, onde a pobreza e o desemprego eram atribuídos às importações ocidentais. Ataques contra missões evangélicas e estabelecimentos estrangeiros, além de corte em linhas telefônicas e férreas se tornaram comuns (a imperatriz Cixi Tseu-Hi e alguns governadores de províncias apoiaram os rebeldes); • No auge da rebelião, em agosto de 1900, 232 estrangeiros e milhares de chineses cristãos haviam sido mortos, além de grandes prejuízos aos comerciantes, notadamente estrangeiros; • Para sufocar a rebelião, organizou-se uma força tarefa internacional colonialista, composta por 20 mil soldados russos, americanos, britânicos, franceses, japoneses e alemães – vitória estrangeira em 14/08/1900( ocupação e saque da capital chinesa) – a China tornou-se a colônia de todas as metrópoles( com o passar do tempo, a revolta contra os estrangeiros se torna algo compartilhado por grande parte da população chinesa, exceção feita às elites). O FIM DA DINASTIA TSING • Essa dinastia, outrora orgulhosa e nacionalista, mergulhou em crise terminal depois da derrota na Guerra Sino-Japonesa (1894-95), que custou a perda de Taiwan. A revolta antieuropeia dos boxers, em 1899, que teve a conivência do governo imperial, representou o último suspiro dessa dinastia. Com a derrota dos boxers e o colapso do poder imperial, abriu-se o caminho para a revolução de 1911, liderada por Sun Yatsen, que seria o primeiro presidente da república proclamada em 1912. • Na década de 1920, por divergências políticas internas (“entreguistas e nacionalistas”), criou-se na China dois partidos políticos antagônicos: o Kuomitang (KMT), partido liderado por Chiang Kaishek(pau-mandado dos EUA e Inglaterra), e o o Partido Comunista Chinês (PCC), liderado por Mao Tsé-tung; • Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Kuomitang e o Partido Comunista Chinês se uniram (“frente comum”) para enfrentar o invasor japonês, odiado pelos chineses; • No pós-guerra houve o fim da “frente comum” e o confronto entre os nacionalistas e comunistas foi inevitável: Chiang Kaishek perde e foge para Taiwan e, com apoio dos EUA, funda um governo sob os moldes capitalista ( a guerra fria se acirra); • A República Popular da China, fundada por Mao-Tsé-tung (26/12/1893 – 09/09/1976), pode ser compreendida como uma reação violenta ao período de abertura da decadência Tsing e à subordinação do Império do Centro às grandes potências. O CICLO MAOÍSTA (MAO TSÉ-TUNG) • Representou um novo período de fechamento da China ao ocidente, buscando uma identidade nacional e à edificação de um forte aparelho de Estado, o que acabou resultando numa geopolítica centralizadora, a qual conduziria esta nação ao posto de potência continental; • Num primeiro momento, entre 1949 e 1960, a China se alinhou à URSS, até pelo fato de que, com a Doutrina Truman à Ásia (“cordão sanitário”), esses países se “aproximaram”; • Entre 1960 e 1972, Pequim rompe com a URSS (“cisma sino-soviético”), buscando novo isolamento e um caminho próprio de desenvolvimento, se afastando das orientações dadas por Moscou, entre elas os planos de industrialização intensiva; • Pequim traçou novos objetivos: um ambicioso programa de capacitação nuclear, além de um novo redirecionamento econômico, em grande parte calcado numa agricultura coletiva: repúdio de Moscou; • Entre 1966 e 1976 ocorreu a chamada Revolução Cultural: ”Ler demasiados livros é perigoso” (Mao Tsé-tung); • Acusados de “direitismo” e “revisionismo”, os dirigentes moderados do PCC tornaram-se alvo de campanhas de desmoralização e expurgos. Mao Tsé-tung e Lin Piao( Oficial do Exército e sucessor de Mao Tsé-tung) criaram as Guardas Vermelhas. • “Nós devemos banir das nossas fileiras toda a ideologia feita de fraqueza e impotência. São errados todos os pontos de vista que valorizam a força do inimigo e subestimam a força do povo.” (Mao Tsé-tung); • O período de caça as bruxas, de centralização estatal e de burocracia do Estado ocorrerá num momento em que o ocidente se restabelecerá economicamente e industrialmente, antagonicamente com o que ocorreria com a República Popular da China (RPC). Em 01/10/1949, Mao Tsé-tung anunciava a fundação da RPC MAO TSÉ-TUNG E A GUARDA VERMELHA A CRISE MAOÍSTA • A manipulação desenfreada das massas populares pelos líderes, acabou gerando intrigas e choques de vaidade, o que desencadeou conflitos entre os dois expoentes dentro do PCC (Partido Comunista Chinês); • LIN PIAO (05/12/1907 – 13/09/1971), militar de grande prestígio, pressentindo sua queda dentro do Partido, em 1970, com ajuda soviética, tentou dar um golpe de estado, o que acabou sendo frustrado. Em 13/09/1971 fugiu para a URSS, no entanto, em quanto sobrevoava a Mongólia, seu avião caiu, acarretando sua morte.A APROXIMAÇÃO SINO-AMERICANA • Nos anos de Revolução Cultural, o isolamento chinês no contexto global foi “amenizado” pela aproximação com o Movimento dos Países Não-Alinhados (MPNA), onde as teses terceiro mundistas simpatizavam com o maoísmo; no entanto, a aproximação da Índia e do Egito à URSS enfraqueceram a aproximação chinesa com o movimento, uma vez que aqueles países ocupavam papel de vanguarda dentro dos MPNA; • O ciclo maoísta se encerrou com a aproximação sino-americana de 1971-72; • Internamente, a ruptura entre a ala central maoísta e os radicais de Lin Piao ocorreu quando Mao Tsé-tung se aproximou dos EUA, uma vez que este e Chou Enlai( Zhou Enlai – 1898/1976), célebre, influente e proeminente líder do PCC, consideravam seriamente a hipótese de um ataque nuclear soviético e enxergavam a aproximação geopolítica com os EUA como uma necessidade vital para a segurança da China; • Richard Nixon, presidente dos EUA entre 20/01/1969 e 09/08/1974, visitou Pequim em 1972, materializando assim a aproximação com o ocidente; • Em outubro de 1972, Pequim assumiu a cadeira no Conselho de Segurança da ONU (com direito a veto); • Logo em seguida, Mao Tsé-tung e Richard Nixon, através do Acordo de Paris, encerravam a participação de forças americanas na Guerra do Vietnã; • Com a morte de Mao Tsé-tung e de Chou Enlai, em 1976, encerou-se a Revolução Cultural. A ASCENSÃO DE DENG XIAOPING (22/08/1904 – 19/02/1997) E A BUSCA DE UM NOVO CAMINHO SOCIOECONÔMICO PARA UMA NAÇÃO SINGULAR • Líder político entre 1978 e 1992, durante a Revolução Cultural foi perseguido e marginalizado, exatamente por seus ideais reformistas, no entanto, com a morte de Mao Tsé-tung e Chou Enlai, além da aproximação com os EUA, esse político ascendeu ao poder; • Num primeiro momento se uniu aos maoístas remanescentes, exatamente para derrotar os resquícios das facções radicais ainda existentes, no entanto, com o controle do país, perseguiu os maoístas, até se tornar supremo; • As profundas reformas de 1978: “Quatro Modernizações” (agricultura, indústria, defesa e ciência/tecnologia) – promoção e integração controlada da economia chinesa ao mercado global; • “NÃO IMPORTA A COR DO GATO, DESDE QUE CACE OS RATOS”; • A partir de 1984 surge os enclaves destinados a receber empreendimentos privados estrangeiros (ZEEs – Zonas Econômicas Especiais) – Hong Kong, então colônia britânica, passou a funcionar como corredor de entrada de fluxos de capitais, especialmente dos ditos chineses étnicos, especialmente de Hong Kong, Taiwan, Cingapura e Malásia; • A questão das inúmeras vantagens internas encontradas na China (mão de obra farta e barata; ausência de sindicatos, férias, 13º salário, leis ambientais inexistentes ou pouco expressivas etc.); • Liberdade econômica, porém não necessariamente política. ZONAS ECONÔMICAS ESPECIAIS (ZEEs) OU ZONAS DE PROCESSAMENTOS ESPECIAIS (ZPEs) FOTOS DE DENG XIAOPING O MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIALN (PRIMAVERA DE PEQUIM) • O Protesto na Praça da Paz Celestial (Tian'anmen) em 1989, mais conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial, ou ainda Massacre de 4 de Junho consistiu em uma série de manifestações lideradas por estudantes na República Popular da China, que ocorreram entre os dias 15 de abril e 4 de junho de 1989. O protesto recebeu o nome do lugar em que o Exército Popular de Libertação suprimiu a mobilização: a praça Tiananmen, em Pequim, capital do país. • A abertura econômica não deveria ser acompanhada da abertura política. Com a glasnost (transparência política, ocorrida na antiga URSS, promovida por Mikhail Gorbachev) e, especialmente, com a possibilidade de uma visita oficial do líder russo à China, os estudantes de Pequim deflagraram manifestações de rua em nome da liberdade e da democracia; • Gorbatchev visitou a China em abril e as manifestações por liberdade aumentaram, concentrando uma multidão na Praça da Paz Celestial; • Com o fim da visita oficial de Gorbatchev, foi decretada lei marcial no país e o governo de Pequim colocou o exército na rua para reprimir os manifestantes; • Os manifestantes (em torno de cem mil) eram oriundos de diferentes grupos, desde intelectuais que acreditavam que o governo do Partido Comunista era demasiado repressivo e corrupto, a trabalhadores da cidade, que acreditavam que as reformas econômicas na China haviam sido lentas e que a inflação e o desemprego estavam dificultando suas vidas. O acontecimento que iniciou os protestos foi o falecimento de Hu Yaobang. Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim. O MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL O MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL A CHINA DO SÉCULO XXI • A entrada da China na OMC, em 2001 – abertura a novos mercados, facilidades de se julgar queixas sobre o país, já que, constantemente, sofre acusações de trabalho escravo e não respeitar propriedades intelectuais; • As desigualdades socioeconômicas entre as porções ocidental e oriental; • Há a necessidade de se gerar algo em torno de 10 milhões de novos empregos todo o ano, para tal, é fundamental aumentar constantemente as exportações e investimentos diretos e indiretos no mercado externo (hoje é a maior parceira comercial do Brasil e a maior detentora de títulos da dívida externa dos EUA); • Atualmente, especialmente a partir de 2008, vem investindo maciçamente em indústrias de bens de consumo duráveis, procurando agregar valor com tecnologias mais sofisticadas, exatamente para concorrer com similares europeus, japoneses, coreanos e norte americanos; • Críticas na área ambiental: ainda não protocolou Kioto (reflexo do seu enorme crescimento industrial); • As questões do Tibet (invadido e anexado pela China em 1950, é “governado” por monges, os quais apóiam o separatismo); • A província de Sin-Kiang, também conhecida como Xinjiang (noroeste do país, habitada por muçulmanos e por populações de língua turca). CHINA, A NOVA POTÊNCIA DO SÉCULO XXI? EVOLUÇÃO DO PIB CHINÊS O DÉFICIT COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA CHINA, MAIOR PARCEIRA COMERCIAL BRASILEIRA ATUALMENTE, A CHINA POSSUI A MAIOR PARTE DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA DOS EUA CHINA, A NOVA POTÊNCIA DO SÉCULO XXI? • ALGUNS DILEMAS PARA DISCUSSÃO: • Até que ponto o governo chinês irá fazer uma real abertura política? • A existência de um multipartidarismo político poderia colocar em xeque a estrutura socioeconômica que sustenta o crescimento do país? • A liberdade de imprensa e a flexibilidade junto a sensura poderiam conspirar contra o governo? • O crescimento econômico, na casa dos dois dígitos, está tirando muitos chineses da miséria, tornando-os consumidores, demandando muitas matérias primas e alimentos, commodities que a China tem de importar, o que vem “prejudicando sua balança comercial”; • A subvalorização do yuan (US$ 1,00 = 6,80 yuans), o que vem gerando críticas do G-7; • Críticas ao regime de trabalho imposto e “amparado pelo Estado”; • A problemática ambiental. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28
Compartilhar