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“QUEM TEM MEDO DA GEOPOLÍTICA”? O PENSAMENTO GEOPOLÍTICO A APROXIMAÇÃO ENTRE A GEOGRAFIA E O ESTADO Juan Rodolf Kjéllen(1864-1922) foi o primeiro que utilizou o termo geopolítica – “Geopolítica é a ciência que concebe o Estado como um organismo geográfico ou como um fenômeno no espaço”. Levou ao extremo máximo o determinismo, o eugenismo, o racismo e a germanofilia. Via o lebensraum alemão em um triângulo com vértices no Báltico, Suíça e Bósforo, uma Mitteleuropa. Friedrich Ratzel(1844-1904) – Articulava a argumentação da identidade e da coesão de um recém constituído Estado alemão e a necessidade de expansão de tal Estado. o Estado como emanação natural da sociedade destinada à defesa e expansão do território. Renunciar à luta, renunciar ao espaço vital (lebensraum), significará a decadência de um povo. “Leis dos espaços crescentes”. - “Espaço é poder”. “semelhante à luta pela vida, cuja finalidade básica é obter espaço, as lutas dos povos são, quase sempre, lutas pelo mesmo objetivo. Na história moderna a recompensa da vitória sempre foi -ou tem pretendido ser – um proveito territorial”. Tanto Kjéllen quanto Ratzel viam o Estado como um organismo - Os Estados podem expandir-se, contrair-se, viver, prosperar, decair e morrer como seres vivos. Contexto do florescimento geopolítico •Ascensão da Alemanha no final do século XIX – Noções expansionistas “substituem a ideia do equilíbrio de poder”. •Fortalecimento do nacionalismo alemão – criação da Liga Pangermânica(1893) – expansionismo na Europa Central em regiões habitadas por minorias alemãs. •Foi com Karl Haushofer(1869-1946) como um dos principais conselheiros de Adolf Hitler, que a Geopolítica se transformou como Doutrina do Estado – “A Geopolítica deve ser e será a consciência geográfica do Estado”. •A Alemanha se tornou a pátria da Geopolítica no entreguerras – reflexos da derrota da Primeira Guerra Mundial. A Geopolítica na Alemanha: com a queda de Bismarck (1890), ocorreu a substituição da ideia de equilíbrio de poder pelo expansionismo, defendido por Friedrich Ratzel (1844/1904) – intelectual de Estado alemão), com o Lebensraum (“espaço vital”): “Espaço é poder e progresso é sinônimo de expansão territorial”. TEORIA DO PODER MARÍTIMO ALFRED T. MAHAN(1840-1914) •O Poder marítimo tem grande importância no destino das nações e é indispensável ao seu desenvolvimento, prosperidade e segurança; •“Enquanto uma marinha poderosa é necessária para garantir a segurança da navegação de um país, uma marinha mercante próspera é, ao mesmo tempo, a espinha dorsal de seu poder naval”. •Segundo Mahan, o desenvolvimento do Poder Marítimo fundamenta-se, nos seguintes fatores: 1-posição geográfica;2- configuração física; 3- extensão territorial; 4- caráter nacional; 5- instituições governamentais. •Destaques para a Inglaterra nos séculos XVIII e XIX e os Estados Unidos no século XX. •Mahan advogava por uma redefinição da política exterior de seu país que acabaria com a “Doutrina Monroe” (1823), pela qual os Estados Unidos limitavam seus interesses internacionais ao continente americano. “A influência do poder marítimo na história” Apoiar o papel protagonista dos Estados Unidos no cenário internacional O PODER CONTINENTAL Halford J. Mackinder(1861-1947) •Interpretação da história universal com dimensão geográfica. •Teoria do pivô geográfico da História – dos 3/12 das terras emersas, 2/3 formam a Europa, Ásia e África. – “Ilha Mundial”. •Ideia do Heartland(região-core) – “O heartland seria um núcleo continental, o mais dinâmico da geopolítica mundial, um espaço crucial cujo controle abriria as portas para a edificação de um poderio incontrastável”. Tal espaço era completado pelo Arco ou crescente interior ou marginal e as Terras ou ilhas do arco ou crescente exterior. Temor ao crescente expansionismo alemão, por isso mesmo tendo situado o heartland nas planícies da Polônia e da Rússia; •“Quem dominar a Europa Oriental controlará o coração continental; quem dominar o coração continental controlará a ilha mundial; quem dominar a ilha mundial controlará o mundo”. •Pos-1ª Guerra Mundial – criação de “Estados-tampões” para separar a Rússia da Alemanha. •2ª Guerra Mundial – risco da Alemanha impor seu domínio sobre a Europa Oriental – Alianças entre EUA, França e Rússia; •Guerra Fria – reorganização em torno do Heartland – criação de um “cordão sanitário” com a finalidade de isolar a União Soviética. HAUSHOFER E A ESCOLA ALEMÃ •Ratzel, Kjéllen, Mackinder tiveram forte influência no pensamento de Haushofer – •O Estado-Maior de Hitler simpatizava com as suas teses; •Principais pontos: 1- autarquia (auto-suficiência nacional no sentido econômico); 2- Espaço Vital (ampliar o espaço para a sua população); 3-Pan-regiões (áreas supercontinentais que permitiriam a realização do ideal da autarquia – divisão em: Pan-América, Pan- Ásia e Euráfrica);4- Poder Terrestre X Poder Marítimo (Alemanha como potência terrestre e acesso ao mar); 5- Fronteira( reavivar o instinto de fronteira no povo alemão – fronteiras alemãs de antes da guerra estavam traçadas de acordo com princípios “justos”, “naturais”, “nacionais” e “históricos”. •As fronteiras são apenas um alto temporário de uma nação em sua marcha para novas conquistas. FUNDAMENTOS DA GEOESTRATÉGIA DE CONTENÇÃO -SPYKMAN(1893-1943) –ADOTOU A VISÃO DE MACKINDER - AO HEARTLAND(“CORAÇÃO DA TERRA”) OPÔS O RIMLAND (“REGIÃO DAS FÍMBRIAS”), SIGNIFICANDO A ORLA MARÍTIMA DO “VELHO MUNDO” QUE PARECE CERCAR A ILHA QUE É O “NOVO MUNDO”; -O RIMLAND (OU “CRESCENTE INFERIOR”) É, FUNCIONALMENTE, UMA VASTA ZONA-TAMPÃO DE CONFLITO ENTRE O PODER MARÍTIMO E O PODER TERRESTRE. VALOR ESTRATÉGICO DOS OCEANOS – OS OCEANOS NÃO SEPARAM E PROTEGEM, MAS APROXIMAM E CONECTAM – CONTROLE DO ANEL MARÍTIMO. -ESTRATÉGIA DE WASHINGTON – CONTER A UNIÃO SOVIÉTICA - ALIANÇAS MILITARES COM A EUROPA OCIDENTAL E COM DIVERSOS ESTADOS ASIÁTICOS, DO EXTREMO-ORIENTE, AO ORIENTE MÉDIO, PASSANDO PELA ÁSIA MERIDIONAL – BASES NO ATLÂNTICO, PACÍFICO, ÍNDICO E MEDITERRÂNEO; A grandiosa extensão territorial da URSS após 1945 e seus problemas físicos: Ártico– a maior parte dos portos congelados durante o ano; Báltico – congelamento no inverno e fácil obstrução pela Suécia e Dinamarca, que controlam as saídas junto ao mar do Norte; Ao Sul – estreitos, que conectam os mares Negro e Mediterrâneo, controlados pela Turquia (aliada dos EUA); A melhor saída sendo os portos do Pacífico, distantes do núcleo geoeconômico do país. -VALORIZAÇÃO DE ESTREITOS E CANAIS NO CONTROLE DAS ROTAS MARÍTIMAS – PANAMÁ, SUEZ, ÁDEN, ORMUZ, GIBRALTAR, MÁLACA, ETC. QUEM CONTROLAR OS ESPAÇOS PERIFÉRICOS (RIMLAND), DOMINARÁ A EURÁSIA; QUEM DOMINAR A EURÁSIA, CONTROLARÁ OS DESTINOS DO MUNDO”. A Disputa pelo Mundo A projeção cartográfica azimutal equidistante (projeção polar-norte), revela algo curioso: “Ao longo de meio século, os Estados Unidos e a União Soviética ergueram um impressionante aparato de bases militares e suporte logísticos ao redor do Oceano Glacial Ártico. As superpotências nucleares tinham plena consciência de que estavam separadas por poucos milhares de quilômetros de rotas árticas e procuravam controlar o oceano gelado e seu espaço aéreo.”
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