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A TEMÁTICA DOS REFUGIADOS NA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO “não é por vivermos hoje aquilo que muitos denominavam de ‘sociedade em rede’, dos fluxos e da ‘virtualidade’, que desapareceriam os movimentos de relativa fixação e ‘enclausuramento’ territorial”. (Haesbaert, 2007, p.3). ESTADOS EM CRISEESTADOS EM CRISE A permanência destes Estados na sociedade das nações, como territórios soberanos e independentes, está passando por um período de severa instabilidade. O fenômeno das longas guerras civis que dilaceraram alguns países a ponto de provocar o total colapso de suas instituições civis, políticas e administrativas parece ser a grande marca do final do século XX. O mundo que emergiu após o fim da Guerra Fria está permeado por conflitos étnicos e nacionais que têm levado ao questionamento de governos constituídos e à disputa da autoridade central dos Estados. Muitos Estados estão sendo fragmentados em novos países ou estão passando por um período de falência política e institucional (Rodrigues, 2001, p.133). •Há um silêncio instaurado na literatura sobre o papel da coerção e da violência na mobilização e imobilização da população. Desta forma, a teoria dos estudos migratórios não contribui para o entendimento dos processos de poder que desencadeiam tanto os deslocamentos quanto o fechamento de fronteiras, como os “muros”, “cercas” e “campos” que restringem o direito de ir e vir das sociedades. Assim, são produzidos nas Ciências Sociais os clandestinos, repatriados, expulsos, deslocados compulsórios, reassentados involuntários, confinados, refugiados e exilados que passam desapercebidos nas relações internacionais. REFUGIADOSREFUGIADOS Breves Considerações sobre a proteção internacional dos Breves Considerações sobre a proteção internacional dos RefugiadosRefugiados Qualquer pessoa que em conseqüência de acontecimentos ocorridos antes de 1º de Janeiro de 1951, na Europa e receando com razão ser perseguida em virtude de sua raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social, ou das suas opiniões políticas se encontre fora do país de que tem a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não queira pedir a proteção daquele país; ou que, se não tiver nacionalidade e estiver fora do país no qual tinha a sua residência habitual após aqueles acontecimentos, não possa ou, em virtude do dito receio, a ele não queira voltar. 1950 – criação do ACNUR - Estatuto do ACNUR - resolução 428 (V) da Assembléia Geral da ONU, de 14/12/1950. 1951 – Convenção sobre o status de Refugiado: ACNURACNUR - Protocolo de 1967 => retirada das reservas geográfica e temporal - C onvenção Relativa aos Aspectos Específicos dos Refugiados Africanos da Organização da Unidade Africana de 1969 - Declaração de Cartagena da Organização dos Estados Americanos de 1984 => também adotada definição ampliada. 1994- Declaração de San José. 2004- Declaração e Plano de Ação do México. 0 2.000.000 4.000.000 6.000.000 8.000.000 10.000.000 12.000.000 14.000.000 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 Refugiados Solicitantes PDI Apatridas Situação no mundo 1997-2006 32.861.300 pessoas sob competência do ACNUR (2006) A política brasileira de proteção e reassentamento dos A política brasileira de proteção e reassentamento dos refugiados – breves considerações.refugiados – breves considerações. • A Lei 9.474, que define o estatuto de refugiados no Brasil, é a primeira legislação abrangente dedicada a este tema na América Latina. Dois aspectos que ela possui merecem atenção especial. O primeiro diz respeito à definição do conceito de refugiado. Além de reproduzir a definição clássica da Convenção de 1951, no seu Artigo 1° (III), a Lei 9.474 afirma que um indivíduo deve ser reconhecido como refugiado se “devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país”. Esta definição abrangente é importante, sobretudo quando são consideradas as causas dos recentes deslocamentos forçados ao redor do mundo. Além disso, a definição vai ao encontro da prática adotada pelo Governo brasileiro desde o início da década de 1990 (Andrade & Marcolini, 2002, p.170-1). • 1998- Estabelecimento do CONARE • População Atendida - set/2007: • 3450 refugiados; 396 reassentados; 389 solicitantes de refúgio: 69 países. A ausência da temática dos refugiados no ensino da Geografia da A ausência da temática dos refugiados no ensino da Geografia da PopulaçãoPopulação • Jubilut (2007) atenta para o reduzido número de universidades brasileiras que desenvolvem pesquisas com indivíduos em situação de risco, como os refugiados. Assim, ao silenciar sobre a temática ou tratá-la no âmbito dos conflitos regionais, a Geografia contribui para sua ausência na formação dos futuros professores. Portanto, há um descompasso entre a legislação brasileira de caráter mais inovador e sua divulgação nos meios acadêmicos e na sociedade em geral. Isso tende a contribuir para o desconhecimento desses grupos na composição de nossa população. • No Brasil ainda é visível o desconhecimento sobre o fenômeno de solicitação de refúgio, pois a forma de conduzir o apoio jurídico a essa população esbarra na falta de ações políticas mais contundentes e menos assistencialistas. Esse tratamento ficou evidenciado na condição social a que os refugiados estão referenciados, ou seja, a situação de precariedade. • É importante destacar que muitas pessoas, em seus países de origem, possuíam um papel social de destaque, como líderes políticos e professores, e a necessidade do refúgio e a ida forçada para outros países produzem uma nova situação. No Brasil, os migrantes africanos acabam sendo percebidos apenas como pessoas oriundas de um continente conhecido pela miséria e pelas guerras. Além disso, essas pessoas são inseridas na sociedade brasileira através dos serviços de referência à população em situação de rua, o que contribui ainda mais para o aumento do estigma e preconceito em relação à população africana. (Sato, Barros e Santos, 2008, p.48). Primeiramente eu posso dizer, foi difícil porque o povo brasileiro não tem o conhecimento de outras coisas. Quando falo “refugiado”, ele pensa que você matou. Quando falo “refugiado” ele pensa que foi você que matou, aí ele se assusta, ele tem medo de você. Refugiado é uma pessoa que está fugindo de ameaças, por causa da discriminação, de religião, problemas políticos. Quer dizer, o êxodo de um país para outro país, uma mudança, nessa situação se encontra um refugiado. Mas eles, não todos, mas muitos, não entendem isso (Entrevista a Dornelas para a Revista Travessia, 2000, p.11). Os debates sobre esse grupo social precisam sair das esferas institucionais e ganhar maior visibilidade na sociedade brasileira. Para isso, a escola assumiria um papel relevante na superação dos estereótipos e na produção de informações que tirem os refugiados da condição marginal a que estão reduzidos nos materiais didáticos de Geografia e de outras ciências sociais. Assim é fundamental rompermos com o imobilismo dos estudos migratórios para que possamos validar os direitos estabelecidos pela legislação brasileira e, desta forma, estender a todos os grupos sociais o pertencimento comunitário. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11
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