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APOSTILA DIREITO ADMINISTRATIVO 2017.2.docx

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Professora Alessandra Mara Página 1 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
Prof. Alessandra Mara de Freitas Silva 
Email: alessandra.freitas@prof.una.br 
Edição: JULHOde 2017 
 
Sumário 
 
CAPÍTULO 1: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
(Introdução; Conceitos; Regime Jurídico Administrativo. .............................................................................. 2 
 
 
CAPÍTULO 2: PRÍNCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................. 12 
 
 
CAPÍTULO 3: PODERES ADMINISTRATIVOS ........................................................................................... 20 
 
 
CAPÍTULO 4: ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................................. 33 
 
 
CAPÍTULO 5: ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ............................................................................... 56 
 
 
CAPÍTULO 6: AGENTES PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ......................................................... 78 
 
 
CAPÍTULO 7: RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO ESTADO............................ 114 
 
 
CAPÍTULO 8: PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL........................................................................122 
 
 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ ......131 
 
 
 
Professora Alessandra Mara Página 2 
 
CAPÍTULO 1: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
É o conjunto de normas que regulam a atividade da Administração Pública na sua tarefa de assumir os serviços necessários 
à promoção do bem comum, sendo que: 
• pertence ao direito público (regula as relações em que surge o interesse público). 
• tem relações com outros ramos do Direito e com as Ciências Sociais. 
 
Hely Lopes Meirelles (2005:40) nos ensina que “Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos 
que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados 
pelo Estado.” 
Analisando os elementos desse conceito, vemos: 
“Conjunto harmônico de princípios jurídicos... significa a sistematização de normas doutrinárias de Direito (e não de 
Política ou de ação social), o que indica o caráter científico da disciplina em exame, sabido que não há ciência sem princípios 
teóricos próprios, ordenados, e verificáveis na prática; 
... que regem os órgãos, os agentes... indica que ordena a estrutura e o pessoal do serviço público; 
... e as atividades públicas... isto é, o conjunto de atos da Administração Pública, praticados nessa qualidade, e não quando 
atua, excepcionalmente, em condições de igualdade com o particular, sujeito às normas do Direito Privado; 
... tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado: neste termo estão a caracterização 
e a delimitação do objeto do Direito Administrativo. Os três primeiros termos afastam a ingerência desse ramo do Direito na 
atividade estatal abstrata que é a legislativa, na atividade indireta que é a judicial, e na atividade mediata que é a ação social 
do Estado. As últimas expressões da definição estão a indicar que ao Direito Administrativo não compete dizer quais são os 
fins do Estado; outras ciências se incumbirão disto; cada Estado, ao se organizar, declara os fins por ele visados e institui os 
Poderes e órgãos necessários à sua consecução. O Direito Administrativo apenas passa a disciplinar as atividades e os órgãos 
estatais ou a eles assemelhados, para o eficiente funcionamento da Administração Pública. Percebe-se, pois, que o Direito 
Administrativo interessa-se pelo Estado, mas no seu aspecto dinâmico, funcional, relegando para o Direito Constitucional a 
parte estrutural, estática.” 
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello (2004:27) “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que 
disciplina o exercício da função administrativa e os órgãos que a desempenham”. 
Já Maria Sylvia Di Pietro (2004:52) nos ensina que “Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por 
objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não 
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. 
 
2. SISTEMAS ADMINISTRATIVOS 
 
De acordo com Hely Lopes Meirelles (2003:50) “por sistemas administrativos, ou sistema do controle jurisdicional da 
Administração, como se diz modernamente, entende-se o regime adotado pelo Estado para correção dos atos administrativos 
ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público em qualquer dos seus departamentos de governo”. 
Atualmente coexistem dois sistemas: do contencioso administrativo, também chamado sistema francês, e o sistema 
judiciário ou de jurisdição única, conhecido por sistema inglês. O sistema francês ou do contencioso administrativo é aquele 
no qual os atos da Administração Pública são sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada 
por tribunais administrativos. Há assim uma dualidade de jurisdição: a jurisdição administrativa (formada pelos tribunais de 
natureza administrativa) e jurisdição comum (formada pelos órgãos do judiciário). Para controlar os atos administrativos, os 
administrados devem recorrer à instância administrativa e não à judicial. 
O sistema inglês ou de jurisdição única é aquele no qual para a correção dos atos administrativos ou para remover as 
resistências dos particulares às atividades públicas, a Administração e os administrados dispõem dos mesmos meios processuais 
admitidos pelo Direito Comum e recorrerão ao Poder Judiciário sem necessidade de recorrer ou esgotar a instância 
administrativa. 
O Brasil adotou o sistema de jurisdição única, desde a instauração de sua primeira República (1891), no qual há uma 
separação entre o Poder Executivo e o Judiciário, ou seja, entre o administrador e o juiz. O sistema não nega à administração 
o poder de decidir ou de controlar os próprios atos, sendo que o que lhe é proibido são as funções judiciais. Assim é que o 
administrado tem a opção de resolver seus conflitos com a administração instaurando processos perante ela. Mas mesmo depois 
Professora Alessandra Mara Página 3 
 
de instaurá-lo, ou ainda, sem sequer interpor um recurso administrativo, terá a opção de recorrer ao judiciário para ver resolvido 
seu litígio (art. 5o , XXXV da CF/88). 
 
 
3. FONTES 
 
O Direito Administrativo baseia-se, para sua formação, em quatro fontes principais, a saber. 
 
- A Lei , que em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Administrativo, abrangendo esta expressão desde a 
Constituição até os regulamentos executivos. E compreende-se que assim seja, porque tais atos, impondo o seu poder normativo 
aos indivíduos e ao próprio Estado, estabelecem relações de administração de interesse direto e imediato do Direito 
Administrativo. 
Atualmente, diante da evolução do Direito Administrativo, em razão dos princípios da legalidade constitucional (CF, art. 
5º, II) e da legalidade administrativa (CF, art. 37, caput), na realidade as únicas fontes primárias do Direito Administrativo são 
a Constituição e a lei em sentido estrito. Os demais atos normativos expedidos pelo Poder Público constituem fonte secundária. 
- A Doutrina, formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito Positivo, é elemento construtivo da Ciência 
jurídica à qual pertence a disciplina em causa, ou seja, o conjunto de livros, revistas e artigos publicados sobre a matéria. Influi 
ela não só na elaboração da lei como nas decisões contenciosas enão contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito 
Administrativo. 
- A Jurisprudência, é a reiteração dos julgamentos num mesmo sentido, ou seja, o conjunto de sentenças, acórdãos, com 
a mesma decisão sobre o mesmo pleito, que acabam se tornando súmulas ou enunciados. Influenciam poderosamente a 
construção do Direito, e especialmente a do Direito Administrativo, que se ressente de sistematização doutrinária e de 
codificação legal. A jurisprudência tem um caráter mais prático, mais objetivo, mas nem por isso se aparta de princípios teóricos 
que, por sua persistência nos julgados, acabam por penetrar e integrar a própria Ciência Jurídica. 
- O Costume, no Direito Administrativo brasileiro, exerce ainda influência, em razão da deficiência da legislação. A 
prática administrativa vem suprindo o texto escrito, e, sedimentada na consciência dos administradores e administrados, a praxe 
burocrática passa a suprir a lei, ou atua como elemento informativo da doutrina. 
Alguns autores acrescentam: os princípios gerais do direito, a eqüidade, os tratados internacionais, os estatutos autônomos 
etc. 
4. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS ADMINISTRATIVAS 
 
A interpretação do Direito Administrativo, além da utilização analógica das regras do Direito Privado que lhe forem 
aplicáveis, há de considerar, necessariamente, três pressupostos, de acordo com Hely Lopes Meirelles (2005:40): 
 
a) A desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados: 
 
Com efeito, enquanto o Direito Privado repousa sobre a igualdade das partes na relação jurídica, o Direito Público assenta 
em princípio inverso, qual seja, o da supremacia do Poder Público sobre os cidadãos, dada a prevalência dos interesses coletivos 
sobre os individuais. Sempre que entrarem em conflito o direito do indivíduo e o interesse da comunidade, há de prevalecer 
este, uma vez que o objetivo primordial da Administração é o bem comum. 
As leis administrativas visam, geralmente, a assegurar essa supremacia do Poder Público sobre os indivíduos, enquanto 
necessária à consecução dos fins da Administração. Ao aplicador da lei compete interpretá-la de modo a estabelecer o equilíbrio 
entre os privilégios estatais e os direitos individuais, sem perder de vista aquela supremacia. Assim, o interesse público 
prevalece sobre o interesse individual, respeitadas as garantias constitucionais. 
 
b) A presunção de legitimidade dos atos administrativos: 
 
Essa presunção, embora relativa, acompanha toda a atividade pública, dispensando a Administração da prova de 
legitimidade de seus atos. Presumida esta, caberá ao particular provar o contrário, até demonstrar cabalmente que a 
Administração Pública obrou fora ou além do permitido em lei, isto é, com ilegalidade flagrante ou dissimulada sob a forma 
de abuso ou desvio de poder. Portanto, os atos administrativos têm presunção de legitimidade, salvo prova em contrário. 
 
 
 
Professora Alessandra Mara Página 4 
 
c) A necessidade de poderes discricionários para a Administração atender ao interesse público: 
 
A Administração Pública se fundamenta no princípio da legalidade, ou seja, só pode fazer o que a lei expressamente 
permite. Porém, às vezes, a lei concede ao Administrador uma liberdade dentro de seus limites configurando os poderes 
discricionários, que são necessários na prática rotineira de suas atividades. 
“Esses poderes não podem ser recusados ao administrador público, embora devam ser interpretados restritivamente 
quando colidem com os direitos individuais dos administrados. Reconhecida a existência legal da discricionariedade 
administrativa, cumpre ao intérprete e ao aplicador da lei delimitar o seu campo de atuação, o que é do interesse público. A 
finalidade pública, o bem comum, o interesse da comunidade é que demarcam o poder discricionário da Administração. 
Extravasando desses lindes, o ato administrativo descamba para o arbítrio, e o próprio Direito Administrativo lhe nega validade, 
por excesso ou desvio de poder. Desta forma, a administração pode agir com certa liberdade, desde que observada a legalidade.” 
 
5. CONCEITO DE ESTADO; ELEMENTOS E PODERES 
 
Conceito: 
 
O conceito de Estado varia segundo a ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação 
territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um 
território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção. Sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial 
soberana. Como ente personalizado, o Estado pode tanto atuar no campo do Direito Público, como no Direito Privado, 
mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público. 
Cumpre salientar que Estado de direito é aquele que submete seus atos em relação aos cidadãos, às decisões judiciárias; 
que reconhece os direitos individuais e bem assim que observa o direito por ele mesmo instituído. 
 
Elementos do Estado: 
 
O Estado é constituído por três elementos originários e indissociáveis: Povo (é o componente humano do Estado); 
Território (a sua base física); Governo Soberano ( elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poderes absolutos de 
autodeterminação e auto-organização emanado do povo). 
 
Poderes do Estado: 
 
A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos Poderes do Estado, que na clássica tripartição de Montesquieu 
se subdvide em: 
a) Legislativo 
b) Executivo 
c) Judiciário 
Tais poderes são independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). 
Esses poderes são imanentes e estruturais do Estado: a cada um deles correspondendo uma função que lhe é atribuída com 
precipuidade. Assim, a função primordial do Legislativo é a elaboração da lei (função normativa); a função precípua do 
Executivo é a conversão da lei em ato individual e concreto (função administrativa); a função precípua do Judiciário é a 
aplicação coativa da lei aos litigantes (função judicial). 
O que há, portanto, não é a separação de Poderes com divisão absoluta de funções, mas, sim, distribuição de três funções 
estatais precípuas entre órgãos independentes, mas harmônicos e coordenados no seu funcionamento, mesmo porque o poder 
estatal é uno e indivisível. 
Aliás, já se observou que Montesquieu nunca empregou em sua obra política as expressões “ separação de poderes” ou 
“divisão de poderes”, referindo-se unicamente à necessidade do “ equilíbrio entre os Poderes” do que resultou entre os ingleses 
e norte-americanos o sistema de freios e contrapesos, em que um Poder limita o outro, também adotado pelo Brasil. 
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6. GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO 
 
Segundo Hely Lopes Meirelles (2005:64) “estes são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos, embora 
expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam”: 
 
a) Governo: 
 
em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções 
estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. A constante do Governo é a sua expressão 
política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. 
 
b) Administração Pública: 
 
em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é 
o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e 
sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. A 
Administração não pratica atos de Governo; pratica, tão-somente, atos de execução, commaior ou menor autonomia funcional, 
segundo a competência do órgão e de seus agentes. 
“Comparativamente, pode-se dizer que governo é atividade política e discricionária; administração é atividade neutra, 
normalmente vinculada à lei ou à norma técnica. Governo é conduta independente; administração é conduta hierarquizada. O 
Governo comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional pela execução. A 
Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo. Isto não quer dizer 
que a Administração não tenha poder de decisão. Tem. Mas o tem somente na área de suas atribuições e nos limites legais de 
sua competência executiva, só podendo opinar e decidir sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros ou de conveniência e 
oportunidade administrativas, sem qualquer faculdade de opção política sobre a matéria. 
O Governo e a Administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por intermédio de suas entidades 
( pessoas jurídicas), de seus órgãos ( centros de decisão) e de seus agentes ( pessoas físicas investidas em cargos e funções).” 
 
Esquema: 
 
Em Sentido 
 
Governo 
 
Administração 
 
Formal 
 
Conjunto de Poderes 
 
Conjunto de Órgãos 
 
Material 
 
Funções Estatais Básicas 
 
Funções necessárias para executar os serviços públicos 
 
Operacional 
 
Condução política dos assuntos políticos 
 
Atos de Execução 
 
 
 
Professora Alessandra Mara Página 6 
 
Na lição de Maria Sylvia (2004: 55) para bem “entender-se a distinção entre Administração Pública (em sentido estrito) 
e Governo, é mister partir da diferença entre as três funções do Estado. Embora o poder estatal seja uno, indivisível e 
indelegável, ele desdobra-se em três funções: a legislativa, a executiva e a jurisdicional. A primeira estabelece regras gerais e 
abstratas, denominadas leis; as duas outras aplicam as leis ao caso concreto: a função jurisdicional, mediante solução de 
conflitos de interesses e aplicação coativa da lei, quando as partes não o façam espontaneamente; a função executiva, mediante 
atos concretos voltados para a realização dos fins estatais, de satisfação das necessidades coletivas”. 
Muitos critérios têm sido apontados para distinguir as três funções do Estado. Segundo a lição de Renato Alessi “nas três 
funções ocorre a emanação de atos de produção jurídica, ou seja, atos que introduzem modificação em relação a uma situação 
jurídica anterior, porém com as seguintes diferenças: 
a) A legislação é ato de produção jurídica primário, porque fundado única e diretamente no poder soberano, do qual 
constitui exercício direto e primário; mediante a lei, o Estado regula relações, permanecendo acima e à margem das mesmas; 
b) A jurisdição é a emanação de atos de produção jurídica subsidiários dos atos primários; nela também o órgão estatal 
permanece acima e à margem das relações a que os próprios atos se referem; 
c) A administração é a emanação de atos de produção jurídica complementares, em aplicação concreta do ato de 
produção jurídica primário e abstrato contido na lei; nessa função, o órgão estatal atua como parte das relações a que os atos 
se referem, tal como ocorre nas relações de direito privado. A diferença está em que, quando se trata de Administração Pública, 
o órgão estatal tem o poder de influir, mediante decisões unilaterais, na esfera de interesses de terceiros, o que não ocorre com 
o particular. Daí a posição de superioridade da Administração na relação de que é parte. 
A essa distinção pode-se acrescentar, com relação às duas últimas funções, a seguinte: a jurisdição atua mediante 
provocação da parte interessada, razão pela qual é função subsidiária, que se exerce apenas quando os interessados não 
cumpram a lei espontaneamente; a administração atua independentemente de provocação para que a vontade contida no 
comando legal seja cumprida e alcançados os fins estatais”. 
No entanto, o mesmo autor demonstra que a função de emanar atos de produção jurídica complementares não fica 
absorvida apenas pela função administrativa de realização concreta dos interesses coletivos, mas compreende também a função 
política ou de governo, que implica uma atividade de ordem superior referida à direção suprema e geral do Estado em seu 
conjunto e em sua unidade, dirigida a determinar os fins da ação do Estado, a assinalar as diretrizes para as outras funções, 
buscando a unidade da soberania estatal. 
“Basicamente, a função política compreende as atividades co-legislativas e de direção; e a função administrativa 
compreende o serviço público, a intervenção, o fomento e a polícia. 
Não há uma separação precisa entre os dois tipos de função. Sob o ponto de vista do conteúdo (aspecto material), não se 
distinguem, pois em ambas as hipóteses, há aplicação concreta da lei. Alguns traços, no entanto, parecem estar presentes na 
função política: ela abrange atribuições que decorrem diretamente da Constituição e por esta se regulam; e dizem respeito mais 
à polis, à sociedade, à nação, do que interesses individuais. 
Costuma-se dizer que os atos emanados no exercício da função política não são passíveis de apreciação pelo Poder 
Judiciário; as Constituições de 1934 (art. 68) e 1937 (art. 94) estabeleciam que as questões exclusivamente políticas não podiam 
ser apreciadas pelo Poder Judiciário. As Constituições posteriores silenciaram, mas a vedação persiste, desde que se considerem 
como questões exclusivamente políticas aquelas que, dizendo respeito à polis, não afetam direitos subjetivos. No entanto, se 
houver lesão a direitos individuais e, atualmente, aos chamados interesses difusos protegidos por ação popular e ação civil 
pública, o ato de Governo será passível de apreciação pelo Poder Judiciário. 
São exemplos de atos políticos: a convocação extraordinária do Congresso Nacional, a nomeação de Comissões 
Parlamentares de Inquérito, as nomeações de Ministros de Estado, as relações com Estados estrangeiros, a declaração 
de guerra e de paz, a permissão para que forças estrangeiras transitem pelo território do Estado, a declaração de estado 
de sítio e de emergência, a intervenção federal nos Estados. Além disso, podem ser assim considerados os atos decisórios 
que implicam a fixação de metas, de diretrizes ou de planos governamentais. Estes se inserem na função política do 
Governo e serão executados pela Administração Pública (em sentido estrito), no exercício da função administrativa 
propriamente dita.” 
Ainda, segundo Maria Sylvia Di Pietro (2004:56), “em um aspecto subjetivo e vistas as três funções do Estado-legislação, 
jurisdição e administração – e, paralelamente a estas, a função política ou de governo, é preciso verificar como se distribuem 
entre os três Poderes do Estado. 
É sabido que não há uma separação absoluta de poderes; a Constituição, no artigo 2o, diz que ‘são Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário’. Mas, quando define as respectivas atribuições, 
confere predominantemente a cada um dos Poderes uma das três funções básicas, prevendo algumas interferências, de modo 
a assegurar um sistema de freios e contrapesos. 
Professora Alessandra Mara Página 7 
 
Assim é que os Poderes Legislativo e Judiciário, além de suas funções precípuas de legislar e julgar; exercem também 
algumas funções administrativas, como, por exemplo, as decorrentes dos poderes hierárquico e disciplinar sobre os respectivos 
servidores. 
Do mesmo modo, o Executivo participa da função legislativa, quando dá início a projetos de lei, quando veta projetos de 
lei, quando veta projetos aprovados pela Assembléia, quando adota medidasprovisórias, com força de lei, previstas no artigo 
62 da Constituição, ou elabora leis delegadas, com base no artigo 68 da Constituição Federal. O Legislativo também exerce 
algumas funções juridicantes, como no caso em que o Senado processa e julga o Presidente da República por crime de 
responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, ou quando processa e julga os 
Ministros do STF, o Procurador Geral da República e o Advogado Geral da União nos crimes de responsabilidade (art. 52, 
incisos I e II, da Constituição). 
Pode-se dizer que no direito brasileiro as funções políticas repartem-se entre Executivo e Legislativo, com acentuada 
predominância do primeiro.” 
 
 
7. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Segundo Hely Lopes Meirelles (2005:83) em sentido lato, administrar é gerir interesses, segundo a lei, a moral e a 
finalidade dos bens entregues à guarda e conservação alheias. A Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e 
interesses qualificados da comunidade no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo preceitos de Direito e da Moral, 
visando o bem comum. No trato jurídico, a palavra administração traz em si um sentido oposto ao de propriedade, isto é, indica 
a atividade daquele que gera interesses alheios, muito embora o proprietário seja, na maioria dos casos, o próprio gestor de 
seus bens e interesses. 
Pode-se auferir que os poderes normais do administrador são simplesmente de conservação e utilização dos bens 
confiados à sua gestão, necessitando sempre de consentimento especial do titular de tais bens e interesses para os atos de 
alienação, oneração, destruição e renúncia (na Administração Pública, deve vir expresso em lei). 
 
8. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO SUBJETIVO E OBJETIVO: 
 
De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (2004:54-62), “são dois os sentidos em que se utiliza mais comumente a expressão 
Administração Pública: 
a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende 
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a 
função administrativa; 
b) em sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade da atividade exercida pelos referidos 
entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder 
Executivo.” 
 
Deixando de lado a idéia da Administração Pública em sentido amplo, que abrange, em sentido subjetivo, os órgãos 
governamentais (Governo), e os órgãos administrativos (Administração Pública em sentido estrito e próprio), e, em sentido 
objetivo, a função política e a administrativa, levar-se-á em consideração, doravante, apenas a Administração Pública em 
sentido estrito, “que compreende: 
a) em sentido subjetivo: as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa; 
b) em sentido objetivo: a atividade administrativa exercida por aqueles entes. 
Nesses sentidos, a Administração Pública é objeto de estudo do direito administrativo; o Governo e a função política são 
mais objeto do Direito Constitucional. Maria Sylvia Di Pietro (2004:54-62) ainda nos ensina: 
 
Administração Pública em Sentido Objetivo 
 
“Em sentido objetivo, a Administração Pública abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes 
incumbidos de atender concretamente às necessidades coletivas; corresponde à função administrativa, atribuída 
preferencialmente aos órgãos do Poder Executivo. 
Nesse sentido, a Administração Pública abrange o fomento, a polícia administrativa e o serviço público. Alguns autores 
falam em intervenção como quarta modalidade, enquanto outros a consideram como espécie de fomento.” 
 
Professora Alessandra Mara Página 8 
 
• Fomento “abrange a atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade pública. Fernando Andrade 
de Oliveira (RDA 120/14) indica as seguintes atividades como sendo de fomento: 
- auxílios financeiros ou subvenções, por conta dos orçamentos públicos; 
- financiamento, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras ligadas ao desenvolvimento do 
turismo, para a organização e o funcionamento de indústrias relacionadas com a construção civil, e que tenham por fim a 
produção em larga escala de materiais aplicáveis na edificação de residências populares, concorrendo para seu barateamento. 
- favores fiscais que estimulem atividades consideradas particularmente benéficas ao progresso material do país; 
- desapropriações que favorecem entidades privadas sem fins lucrativos, que realizem atividades úteis à coletividade, 
como os clubes desportivos e as instituições beneficentes.” 
 
• Polícia Administrativa compreende toda atividade de execução das chamada limitações administrativas, que são 
restrições impostas por lei ao exercício de direitos individuais em benefício do interesse coletivo. Compreende medidas de 
polícia, como ordens, notificações, licenças, autorizações, fiscalização e sanções. 
 
• Serviço público é “toda atividade que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, para satisfazer à 
necessidade coletiva, sob regime jurídico predominantemente público. Abrange atividades que, por sua essencialidade ou 
relevância para a coletividade, foram assumidas pelo Estado, com ou sem exclusividade. A própria Constituição Federal é farta 
em exemplos de serviços públicos, em especial os previstos no artigo 21 com a redação dada pela Emenda Constitucional n° 
8/95: serviço postal e correio aéreo nacional (inciso X), serviços de telecomunicações (inciso XI), serviços e instalações de 
energia elétrica e aproveitamento energético, radiodifusão, navegação aérea, aeroespacial, transporte ferroviário e aquaviário 
entre portos brasileiros em fronteiras nacionais ou que transponham os limites de Estado ou Território, transporte rodoviário 
interestadual e internacional de passageiros, serviços de portos marítimos, fluviais e lacustres (inciso XII); serviços oficiais de 
estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional (inciso XV); serviços nucleares (inciso XXIII).” 
 
• A intervenção “compreende a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada, bem como 
a atuação direta do Estado no domínio econômico, o que se dá normalmente por meio das empresas estatais. Nesse caso, o 
Estado opera segundo as normas do direito privado, consoante artigo 173, § 1o, da Constituição Federal, porém com inúmeras 
derrogações impostas por outras normas constitucionais, como referentes à fiscalização financeira e orçamentária (art. 70 e 
seguintes) e as constantes do capítulo concernente à Administração Pública, em especial o artigo 37 da CF”. 
Para quem, como Maria Sylvia, considera como atividade ou função administrativa apenas aquela sujeita total ou 
predominantemente ao direito público, a intervenção, na segunda modalidade apontada, não constitui função administrativa; 
nesse caso, trata-se de atividade tipicamente privada, que o Estado exerce em regime de monopólio nos casos indicados na 
Constituição (art. 177) ou em regime de competição com o particular, conforme o determine o interesse público ou razões de 
segurança (art. 173). 
“As demais atividades ou são, originariamente, próprias do Estado ou foram sendo por ele assumidas como suas, para 
atender às necessidades coletivas; ele as exerce diretamente ou transfere a terceiros o seu exercício, outorgando-lhes 
determinadas prerrogativas públicas necessárias a este fim. 
A atividade que o Estado exerce a título de intervenção na ordem econômica não é assumida pelo Estado como atividade 
pública; ele a exerceconservando a sua condição de atividade de natureza privada, submetendo-se, por isso mesmo, às normas 
de direito privado que não forem expressamente derrogadas pela Constituição. Aqui, a Administração Pública sai de sua órbita 
natural de ação para atuar no âmbito de atuação reservado preferencialmente à iniciativa privada.” 
“São as seguintes as características da Administração Pública, em sentido objetivo: 
1. é uma atividade concreta, no sentido de que põe em execução a vontade do Estado contida na lei; 
2. a sua finalidade é a satisfação direta e imediata dos fins do Estado; 
3. o seu regime jurídico é de direito público.” 
Assim, em sentido material ou objetivo, a Administração Pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata 
que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. 
 
A Administração Pública em Sentido Subjetivo 
 
“Considerando agora os sujeitos que exercem a atividade administrativa, a Administração Pública abrange todos os entes 
aos quais a lei atribui o exercício dessa função. 
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Predominantemente, a função administrativa é exercida pelos órgãos do Poder Executivo; mas, como o regime 
constitucional não adota o princípio da separação absoluta de atribuições e sim o da especialização de funções, os demais 
Poderes do Estado também exercem, além de suas atribuições predominantes – legislativa e jurisdicional – algumas funções 
tipicamente administrativas. Tais funções são exercidas, em parte, por órgãos administrativos existentes no âmbito dos dois 
Poderes (as respectivas Secretarias) e, em parte, pelos próprios parlamentares e magistrados; os primeiros, por meio das 
chamadas leis de efeito concreto, que são leis apenas, em sentido formal, porque emanavam do Legislativo e obedecem ao 
processo de elaboração das leis, mas são verdadeiros atos administrativos, quanto ao seu conteúdo; os segundos, por meio de 
atos de natureza disciplinar, atos de provimento de seus cargos, atos relativos à situação funcional dos integrantes do Poder 
Judiciário. 
Assim, compõem a Administração Pública, em sentido subjetivo, todos os órgãos integrantes das pessoas jurídicas 
políticas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), aos quais a lei confere o exercício de funções administrativas. São 
os órgãos da Administração Direta do Estado. 
Porém, não é só. Às vezes, a lei opta pela execução indireta da atividade administrativa, transferindo-a a pessoas jurídicas 
com personalidade de direito público ou privado, que compõem a chamada Administração Indireta do Estado. 
Desse modo, pode-se definir Administração Pública, em sentido subjetivo, como o conjunto de órgãos e de pessoas 
jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado.” 
No direito positivo brasileiro, há uma enumeração legal dos entes que compõem a Administração Pública, subjetivamente 
considerada. Trata-se do artigo 4o do Decreto-lei n° 200, de 25-2-67, o qual, com a redação dada pela Lei no 7.596, de 10-4-87, 
determina: 
 
“A administração federal compreende: 
I – a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da 
República e dos Ministérios; 
II – a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades dotadas de personalidade jurídica 
própria: 
a) autarquia; 
b) empresas pública; 
c) sociedades de economia mista; 
d) fundações públicas.” 
 
“Embora esse decreto-lei seja aplicável, obrigatoriamente, apenas à União, não há dúvida de que contém conceitos, 
princípios que, com algumas ressalvas feitas pela doutrina, se incorporam aos Estados e Municípios, que admitem aquelas 
mesmas entidades como integrantes da Administração Indireta”. 
 
 
9. ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS: NATUREZA E FINS 
 
De acordo com Hely Lopes Meirelles (2005:85) a Natureza da Administração Pública é a de um múnus público para 
quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, 
impondo ao administrador público a obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da Moral administrativa que 
regem sua atuação. Isto porque tais preceitos é que expressam a vontade do titular dos interesses administrativos - o povo - e 
condicionam os atos a serem praticados no desempenho do múnus público que lhe é confiado. 
Os Fins da Administração Pública resumem-se num único objetivo: o bem comum da coletividade administrativa. Toda 
atividade deve ser orientada para esse objetivo; sendo que todo ato administrativo que não for praticado no interesse da 
coletividade será ilícito e imoral. 
No desempenho dos encargos administrativos o agente do Poder Público não tem a liberdade de procurar outro objetivo, 
ou de dar fim diverso do prescrito em lei para a atividade. Descumpri-los ou renunciá-los equivalerá a desconsiderar a 
incumbência que aceitou ao empossar-se no cargo ou função pública.Em última análise, os fins da Administração 
consubstanciam-se em defesa do interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas 
por toda a comunidade administrativa, ou por parte expressiva de seus membros, sendo que o ato ou contrato administrativo 
realizado sem interesse público configura desvio de finalidade ou desvio de poder. 
 
 
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10. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 
 
• Regimes Público e Privado na Administração Pública 
 
A Administração Publica pode submeter-se ao regime jurídico de direito privado ou a regime jurídico de direito público. 
Maria Sylvia Di Pietro (2004: 63) nos ensina que “a opção por um regime ou outro é feita, em regra, pela Constituição ou 
pela lei. Exemplificando: o artigo 173, § 1o, da Constituição determina que a empresa pública, a sociedade de economia mista 
e suas subsidiárias que explorem atividade econômica se sujeitem a regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive 
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias. Não deixou qualquer opção à Administração 
Pública e nem mesmo ao legislador; quando este instituir, por lei, uma entidade para desempenhar atividade econômica, terá 
que submetê-la ao direito privado. 
Já o artigo 175 da CF outorga ao Poder Público a incumbência de prestar serviços públicos, podendo fazê-lo diretamente 
ou sob regime de concessão ou permissão; e o parágrafo único deixa à lei ordinária a tarefa de fixar o regime das empresas 
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato, de sua prorrogação, bem como as 
condições de execução, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão. Vale dizer que a Constituição deixou à lei a opção 
de adotar um regime ou outro. 
Isto não quer dizer que a Administração Pública não participe da decisão; ela o faz à medida que, detendo o Poder 
Executivo grande parcela das decisões políticas, dá início ao processo legislativo que resultará na promulgação da lei contendo 
a decisão governamental. Normalmente, é na esfera dos órgãos administrativos que são feitos os estudos técnicos e financeiros 
que precedem o encaminhamento de projeto de lei e respectiva justificativa ao Poder Legislativo. 
O que não pode é a Administração Pública, por ato próprio, de natureza administrativa, optar por um regime jurídico não 
autorizado em lei; isto em decorrência da sua vinculação ao princípio da legalidade. 
Não há possibilidade de estabelecer-se, apriorísticamente, todas as hipóteses em que a Administração pode atuar sob 
regime de direito privado; em geral, a opção é feita pelo próprio legislador, como ocorre com as pessoas jurídicas, contratos ebens de domínio privado do Estado. 
O que é importante salientar é que, quando a Administração emprega modelos privatísticos, nunca é integral a sua 
submissão ao direito privado; às vezes, ela se nivela ao particular; no sentido de que não exerce sobre ele qualquer prerrogativa 
de Poder Público; mas nunca se priva de determinados privilégios, como o juízo privativo, o processo especial de execução, a 
impenhorabilidade de seus bens; e sempre se submete a restrições concernentes à competência, finalidade, motivo, forma, 
procedimento, publicidade. Outras vezes, mesmo utilizando o direito privado, a Administração conserva algumas de suas 
prerrogativas, que derrogam parcialmente o direito comum, na medida necessária para adequar o meio utilizado ao fim público 
a cuja consecução se vincula por lei. 
Por outras palavras, a norma de direito público sempre impõe desvios ao direito comum, para permitir à Administração 
Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que o ordenamento jurídico lhe atribui e, ao mesmo tempo, preservar os direitos 
dos administrados, criando limitações à atuação do Poder Público”. 
• Regime jurídico-administrativo 
 
A expressão regime jurídico da Administração Pública é usada para designar, em sentido amplo, os regimes de direito 
público e privado a que pode submeter-se a Administração Pública. Já a expressão regime jurídico administrativo, que tem 
como principal criador o prof. Celso Antônio Bandeira de Mello (2005:46) é “reservada tão somente ao conjunto de traços, 
conotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, 
na relação jurídico-administrativa”. 
Na verdade, a Administração Pública consiste em “uma bipolaridade: de um lado, tem como objetivo a proteção aos 
direitos individuais frente ao Estado, que serve de fundamento ao princípio da legalidade; de outro há a necessidade de 
satisfação dos interesses coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública, que para 
limitar o exercício dos direitos individuais ( poder de polícia) quer para prestação dos serviços públicos”. Assim é que com 
base nessa bipolaridade, o autor supracitado fundamenta o regime jurídico administrativo com dois princípios: supremacia do 
interesse público (no qual reside o alicerce para suas prerrogativas) e a indisponibilidade do interesse público (que consiste em 
suas restrições)”. 
Assim, ao mesmo tempo que a Administração Pública possui privilégios para tutelar o interesse público pela prevalência 
do interesse coletivo sobre o individual (supremacia) ela tem a obrigação de prestá-lo (indisponibilidade). 
Quanto ao interesse público tutelado, Celso Antônio Bandeira de Mello (2005:57) enuncia que devemos distinguir o 
interesse público primário do secundário. O primário ou interesse público propriamente dito refere-se ao “plexo dos interesses 
dos indivíduos enquanto partícipes da sociedade”, ou seja, é o “interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos 
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pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade e pelo simples fato de o serem.” Já o 
interesse público secundário refere-se ao interesse do Estado enquanto pessoa jurídica, pois tanto quanto as demais pessoas, 
o Estado pode ter interesses que lhes são particulares. O regime jurídico administrativo sempre tutela o interesse público 
primário; quanto ao secundário, só será tutelado se coincidente com o interesse público primário. 
 
 
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CAPÍTULO 2 : PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
2.1. CONCEITO DE PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Constituem os fundamentos da ação administrativa, ou, por outras palavras, os sunstentáculos da atividade pública. Sendo 
o Direito Administrativo não codificado, os princípios representam papel relevante neste ramo do direito. 
 
A Constituição Federal, no caput do art. 37 , com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98, elencou 
os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência: 
 
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, 
ao seguinte:” ( grifo nosso) 
 
A Lei n. 9784/99, no art. 2º, faz referência aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. A seguir, serão 
comentados os demais princípios constitucionais e legais supracitados, além de alguns não contemplados no direito positivo, 
mas que informam o Direito Administrativo. 
 
A Lei 9.784 enuncia: 
 
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e 
eficiência. 
 
Vale notar que, na forma do art. 11 da Lei 8.429/92, que trata do enriquecimento ilícito, constitui “ato de improbidade 
administrativa, que atenta contra os princípios da Administração Pública, qualquer ação ou omissão que viole os deveres de 
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições”. Essa norma prevê, a título exemplificativo, condutas, 
comissivas ou omissivas, caracterizadoras da improbidade, que está listada na lei através de três condutas básicas: ações ou 
omissões que causem enriquecimento ilícito; que causem prejuízo ao erário ou que violem qualquer princípio da Administração 
Pública. A pena será de suspensão de direitos políticos, perda da função pública, ressarcimento ao erário, indisponibilidade dos 
bens, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
2.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O Estado só faz aquilo que a lei determinar. O cidadão faz tudo o que a lei não proibir. O agir da Administração Pública 
necessita estar previsto em lei, vai agir quando, como e da forma que a lei determinar (Art. 5º, II - CF/88). É uma garantia 
contra abusos de poder. Isto significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos 
mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e 
expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. A eficácia de toda a atividade administrativa está 
condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o 
que a lei autorizar, significando “deve fazer assim”. As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus 
preceitos não podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários. 
 
 Legalidade Comum = Lei 
 Legalidade Administrativa = Lei + Interesse Público + Moralidade 
 
Além de atender à legalidade, o ato administrativo público deve conformar-se com a moralidade e finalidade 
administrativas para dar plena legitimidade à sua atuação. Administração legítima só é aquela que se reveste de legalidade e 
probidade administrativas, no sentido de que tanto atende às exigências da lei como se conforma com os preceitos da instituição 
pública. 
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Cumprir simplesmente a lei na frieza de seu texto não é o mesmo que atendê-la na sua letra e no seu espírito. A 
administração, por isso, deve ser orientada pelos princípios do direito e da moral, para que ao legal se ajunteao honesto e o 
conveniente aos interesses sociais. Desses princípios é que o Direito Público extraiu e sistematizou a teoria da moralidade 
administrativa, que passaremos a analisar. 
 
 PRINCÍPIO DA MORALIDADE 
 
O que se exige é um comportamento ético, jurídico, adequado. Não basta a simples previsão legal que autorize o agir da 
administração pública, é necessário que além de legal seja aceitável do ponto de vista ético-moral (Artigo 37, § 4º da CF/88). 
Nestes casos, trabalham-se com conceitos jurídicos indeterminados que, em muitas situações, tornam difíceis a interpretação e 
aplicação de sanções. 
“O Administrador, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente 
entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o 
honesto e o desonesto.”Não se trata – diz Hauriou (1926:127), o sistematizador de tal conceito – da moral comum, mas sim de 
uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração.” 
O certo é que a moralidade do ato administrativo juntamente com a legalidade e finalidade, além de sua adequação aos 
demais princípios, constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima. Já disse notável 
jurista luso – Antônio José Brandão – que “ a atividade dos administradores , além de traduzir a vontade de obter o máximo de 
eficiência administrativa, terá ainda de corresponder à vontade constante de viver honestamente, de não prejudicar outrem e de 
dar a cada um o que lhe pertence. Assim, tanto infringe a moralidade administrativa o administrador que, para atuar, foi 
determinado por fins imorais ou desonestos como aquele que desprezou a ordem institucional”. 
O inegável é que a moralidade administrativa integra o Direito como elemento indissociável na sua aplicação e na sua 
finalidade, erigindo-se em fator de legalidade. A jurisprudência já decidiu que: O controle jurisdicional se restringe ao exame 
da legalidade do ato administrativo; mas por legalidade ou legitimidade se entende não só a conformação do ato com a lei, 
como também com a moral administrativa e com o interesse coletivo. (TJSP, RDA 89/134). 
Com esse julgado pioneiro, a moralidade administrativa ficou consagrada pela Justiça como necessária à validade da 
conduta do administrador público. “Assim, a moralidade administrativa constitui, pressuposto de validade de todo ato da 
Administração Pública, sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da 
própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto. A moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta 
interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum. 
 
Ainda, quanto a moralidade cumpre elucidar a Súmula Vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal: 
 
“A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, 
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou 
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração 
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido 
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” 
 
A contratação de parentes de até terceiro grau em cargos de confiança está proibida nos três poderes, nas esferas federal, 
estadual e municipal. É o que determina a 13ª Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, aprovada por unanimidade 
nesta quinta-feira. 
 
Além do nepotismo direto, a súmula também veda o nepotismo cruzado, que ocorre quando dois agentes públicos 
empregam os familiares um do outro, como troca de favor. Ficam de fora do alcance da súmula os cargos de caráter político, 
como os de ministro de Estado e de secretário estadual ou municipal. 
Com a publicação da súmula, será possível contestar, no próprio Supremo, por meio de Reclamação, a contratação de 
parentes para cargos da administração pública direta e indireta. 
"O nepotismo contraria o direito subjetivo dos cidadãos ao trato honesto dos bens que a todos pertencem. O argumento 
falacioso de que a Carta Magna [Constituição Federal] não vetou expressamente a ocupação de cargos de confiança por 
parentes não merece prosperar", destacou Lewandowski. 
Ao julgar o recurso, os ministros reafirmaram que o artigo 37 da Constituição Federal, que determina a observância 
dos princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública, são auto-aplicáveis.. "Não é necessária lei formal 
para aplicação do princípio da moralidade", disse o ministro Menezes Direito. 
A ministra Cármen Lúcia reforçou que "a definição deste tribunal no sentido de que o artigo 37 tem aplicação imediata 
e não depende de legislação infraconstitucional. Vale para todo mundo". 
Porém, segundo o STF, "haveria a exceção de cargos políticos, nas funções de secretários municipais, de Estado ou 
ministros do Executivo. Em princípio, o tribunal disse que essa é uma função política que não estaria submetida ao critério", 
sustentou o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Por isso, eles ficaram de fora do alcance da súmula. 
Ao fazer a ressalva sobre cargos políticos, Gilmar lembrou a parceria entre John F. Kennedy, presidente dos Estados 
Unidos na década de 60, e seu irmão, Bob Kennedy. "Irmãos podem estabelecer um plano eventual de cooperação, sem que 
haja qualquer conotação de nepotismo", exemplificou. 
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"É possível que em alguns casos concretos, mesmo em cargos políticos, fique evidenciada uma troca de favores ou um 
nepotismo cruzado, e nesses casos eu entendo que seria possível a atuação do Ministério Público para corrigir essa situação", 
ressalvou o ministro Lewandowski, relator do caso potiguar. 
Assim, de acordo com o próprio Supremo Tribunal Federal, a Sumula Vinculante 13 não se aplica à escolha de Ministros 
de Estado pelo Presidente, nem à escolha de Secretários Estaduais, Distritais e Municipais pelos Governadores e Prefeitos. 
 
 
 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 
 
Encontramos três acepções para conceituar o princípio da impessoalidade. 
A corrente majoritária, incluindo Hely Lopes Meirelles definem o princípio da impessoalidade como sinônimo do 
princípio da finalidade, em que impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal é 
unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Ainda, 
como o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública, o administrador fica impedido 
de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros. 
Um exemplo de descumprimento do princípio da impessoalidade ou finalidade pública é o artigo 37 p. 1º da CF/88 que 
enuncia: 
Art. 37 da CF/88: 
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, 
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção 
pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
Encontramos uma segunda acepção no qual a impessoalidade é o fundamento para a responsabilidade objetiva do 
Estado, ou seja, o agir da Administração Pública não se confunde com a pessoa física de seu agente, até porque este age com 
base na lei, sendo esta genérica e abstrata. Significa ainda que o agir da administração pública não pode prejudicar ou beneficiar 
o cidadãoindividualmente considerado. Se um agente público lesar o administrado, independentemente de sua culpa ou dolo, 
o Estado deve ressarci-lo. Somente se perder a ação e indenizar à vítima é que poderá cobrar o valor do Agente Público em 
ação regressiva, neste caso, se o mesmo tiver agido com dolo ou culpa. Nesse sentido, José Afonso da Silva enuncia que “os 
atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa 
da Administração Pública, de sorte que ele é o autor institucional do ato”. 
Na terceira acepção, elencada por Celso Antônio Bandeira de Mello, a impessoalidade se confunde com a isonomia, no 
qual fica vedada a prática de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a Administração, visando 
unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes governamentais, sob forma de desvio 
de finalidade, configurando senão o próprio princípio da isonomia. 
 
 
 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
É a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento 
formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, 
nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei ou regulamento exige. 
O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar 
seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios constitucionais - mandado de 
segurança (art. 5º, LXIX), direito de petição (art. 5º, XXXIV, “a”), ação popular (art. 5º, LXXIII), habeas data (art. 5º, LXXII), 
suspensão dos direitos políticos por improbidade administrativa (art. 37, § 4º) - e para tanto a mesma Constituição impõe o 
fornecimento de certidões de atos da Administração, requeridas por qualquer pessoa, para defesa de direitos ou esclarecimentos 
de situações (art. 5º, XXXIV, b), os quais devem ser indicados no requerimento. 
Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, porque pública é a Administração que o realiza, só se admitindo 
sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior da Administração a ser preservado em 
processo previamente declarado sigiloso (art. 5º, LX da CF/88). 
Os atos e contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à publicidade necessária não só deixam de produzir 
seus regulares efeitos como se expõe a invalidação por falta desse requisito de eficácia e moralidade. De acordo com Hely 
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Lopes (2005:95) “a publicidade, como princípio da administração pública abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto 
de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Essa 
publicidade atinge assim, os atos concluídos e em formação, os processos em andamento, os pareceres dos órgãos técnicos e 
jurídicos, os despachos intermediários e finais, as atas de julgamentos das licitações e os contratos com quaisquer interessados, 
bem como os comprovantes de despesas e as prestações de contas submetidas aos órgãos competentes. Tudo isto é papel ou 
documento público que pode ser examinado na repartição por qualquer interessado, e dele pode obter certidão ou fotocópia 
autenticada para os fins constitucionais.” 
Segundo José Santos Carvalho Filho ( 2014:26) “ o princípio da publicidade pode ser concretizado por alguns 
instrumentos jurídicos específicos, citando-se entre eles: 
a) Direito de petição, pelo qual os indivíduos, podem dirigir-se aos órgãos administrativos para formular qualquer tipo 
de postulação ( art. 5º, XXXIV, “a” CR/88); 
b) As certidões, que, expedidas por tais órgãos, registram a verdade de fatos administrativos cuja publicidade permite 
aos administrados a defesa de seus direitos ou o esclarecimento de certas situações ( art. 5º, XXXIV, “b”, CR/88); 
c) Direito de acesso à informação (art. 37, p.3º, II da CR/88) por meio do qual se deve viabilizar o acesso dos usuários a 
registros administrativos e a informações sobre atos de governo, desde que respeitados o direito à intimidade e à vida privada 
( art. 5º, X, CF/88) e as situações legais de sigilo ( art. 5º, XXXIII, CR/88).” 
 
Tais Direitos Constitucionais foram regulamentados pela Lei 12.527 de 18.11.2011 que dispõe sobre o direito à 
informação sobre assuntos públicos, quer pelo cidadão, quer por alguém pessoalmente interessado. 
 
O objeto é o direito de acesso à informação e direito de acesso a registros e informações nos órgãos públicos. 
 
Aplicação: 
Administração Direta 
Administração Indireta 
Entidades sobre controle direito ou indireto dos entes federativos 
Entidades Privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos do orçamento, diretamente ou mediante contratos 
de gestão, termos de parceria, convênios, subvenções sociais e outros benefícios similares. 
 
Ainda, segundo Carvalho Filho ( 2014:27), a Lei 12.527 de 18.11.2011 regulamenta duas formas de publicidade: 
a) Transparência ativa: a Administração deve divulgar suas informações ex officio, inclusive por referência nos 
respectivos sites; 
b) Transparência passiva: o interessado formula sua postulação ao órgão que detém sua informação. 
Existem restrições de acesso à informação, cabíveis quando a divulgação puser em risco a segurança da sociedade ou do 
Estado. As informações podem ser ultrassecretas, secretas e reservadas, vigorando as restrições por vinte e cinco; quinze e 
cinco anos, a partir da produção do dado a ser informado. 
 
O Código de Ética do Servidor estabelece, neste sentido que: 
 
VII – Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração 
Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato 
administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem 
comum, imputável a quem negar. 
 
Quanto aos encargos, a Constituição garantiu o acesso à informação independentemente do pagamento de taxas, 
admitindo-se a cobrança ressarcitória, ou seja, a cobrança ao efetivo gasto com o material empregado. 
Legitimidade ou não da divulgação dos vencimentos brutos mensais dos servidores 
Desacordo nas instâncias inferiores, no STF ficou decidido que a publicidade de tais valores é constitucional, podendo 
figurar apenas nome e matrícula funcional do servidor, ressalvando-se divulgação de outros dados pessoais, como CPF, RG e 
endereço residencial. 
José Santos Carvalho Filho (2014:29) salienta que será inconstitucional a publicidade de parcelas de cunho estritamente 
pessoal, como pensão alimentícia, plano médico, prestação imobiliária, etc. 
Acerca do assunto, vide decisão do Supremo Tribunal Federal: 
 
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LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO 
Ministro arquiva ação contra divulgação nominal de salários de servidores 
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento (arquivou) à Ação Originária (AO) 1823, 
que trata da publicidade de informações sobre a remuneração de servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG). 
Na origem, trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato do presidente do TJ mineiro que, com base na Resolução 
151/2012, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), determinou a divulgação do nome completo dos servidores e da 
correspondente remuneração no link “Transparência/Pessoal” do portal do TJ-MG. 
Naquela corte, os servidores que impetraram o MS alegavam que a portaria, de agosto de 2012,“vem lhes causando, mês 
a mês, o deletério acesso e a divulgação dos salários ao público com a citação nominal dos nomes dos impetrantes, malferindo 
o direito líquido e certo de terem respeitados o direito à intimidade e à privacidade”. Afirmavam estar acordo com a cultura da 
transparência, implementada pela Lei de Acesso à Informação [Lei 12.527/2011], e com a divulgação da estrutura e composição 
dos salários dos servidores públicos, "desde que seja levada a efeito sem a citação nominal e individualização pessoal ”. 
Sustentaram, ainda, que a Resolução do CNJ não poderia "inovar a ordem jurídica" nem "ampliar e definir o dever jurídico de 
publicação dos salários de forma nominal e individualizada”. 
Em setembro de 2012, o relator do caso no TJ-MG concedeu liminar para suspender a divulgação dos nomes dos 
servidores, substituindo-os pelos quatro últimos algarismos e dígito verificador de suas respectivas matrículas. Contudo, ao 
apreciar agravo contra a decisão monocrática, a corte mineira afastou a liminar. 
A União requereu ingresso na causa e os autos foram remetidos ao STF, tendo em vista que o caso envolve a aplicação 
de resolução do CNJ, conforme previsto no artigo 102, inciso I, alínea ‘r’, da Constituição Federal. 
Transparência 
Segundo o ministro Luiz Fux, a matéria não é nova no Supremo, que já decidiu "em sentido diametralmente oposto" no 
agravo regimental na Suspensão de Segurança (SS) 3902. Na ocasião, o STF entendeu que o cidadão que decide ingressar no 
serviço público adere ao regime jurídico próprio da Administração Púbica, que prevê a publicidade de todas as informações de 
interesse da coletividade, dentre elas a remuneração dos seus servidores. “Desse modo, não há falar em violação ao direito 
líquido e certo do servidor de ter asseguradas a intimidade e a privacidade”, salientou. 
De acordo com o ministro Fux, o relator da Suspensão de Segurança, ministro Ayres Britto (aposentado), assentou que o 
cargo e função titularizados pelo servidor público e sua remuneração são informações de interesse geral, tendo em vista se 
tratar de agente público. Destacou, também, que essas informações não estão abrangidas pela ressalva prevista na parte final 
do inciso XXXIII do artigo 5º da Constituição Federal, uma vez que seu sigilo não é imprescindível à segurança da sociedade 
e do Estado. 
Dessa forma, o ministro Fux entendeu que a resolução não extrapolou o poder regulamentar conferido ao CNJ, mas 
apenas disciplinou a forma de divulgação de informação que interessa à coletividade. “A resolução foi editada exatamente com 
a finalidade de dar concretude aos princípios da transparência e da publicidade que norteiam a atuação do Poder Púbico e 
considerando a necessidade de regulamentar a aplicação da Lei 12.527/2011 relativamente ao Poder Judiciário”, considerou. 
 
A publicação que produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração, e não a divulgação pela imprensa 
particular, pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial. Por órgão oficial entendem-se não só o Diário Oficial das 
entidades públicas como, também, os jornais contratados para essas publicações oficiais. Vale ainda como publicação oficial a 
afixação dos atos e leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara, onde não houver órgão oficial, em conformidade com 
o disposto na Lei Orgânica do Município. 
 
Acerca de nomeação em concurso público, o STJ de forma contrária a jurisprudência já pacificada sobre o assunto de 
que a publicação em diário oficial seria suficiente para ciência do candidato, proferiu a seguinte decisão: 
 
Sexta Turma CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO TARDIA. 
A Administração, diante do longo lapso temporal (três anos) decorrido entre a homologação do concurso e a nomeação 
do candidato ora recorrente, em respeito aos princípios constitucionais da publicidade e da razoabilidade, deveria ter 
comunicado pessoalmente a ele sua nomeação, para que pudesse exercer seu direito à posse, se assim fosse de seu interesse, 
apesar de não haver qualquer previsão no edital do certame quanto a isso. O princípio constitucional da publicidade (art. 37 
da CF/1988) impõe o dever de a Administração conferir a seus atos a mais ampla divulgação possível,principalmente quando 
eles atingirem individualmente o administrado. Assim, não se afigura razoável exigir do candidato aprovado a leitura do 
Diário Oficial durante o prazo de validade do certame (quatro anos) no intuito deverificar a efetivação de sua nomeação. 
Esse entendimento da Min. Relatora foi integralmente acolhido pela Turma, mas o Min. Og Fernandes adicionou a ele o de 
que só a publicação do resultado do certameno DO não cumpre o princípio da finalidade do ato administrativo ao qual está, 
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também, sujeita a Administração. Por isso tudo, anulou-se o ato administrativo que tornou sem efeito a nomeação dorecorrente 
e se determinou a efetivação de nova nomeação, com a devida intimação pessoal desse candidato. Precedentes citados: RMS 
24.716-BA, DJe 22/9/2008, e RMS 22.508-BA, DJe 2/6/2008. RMS 21.554-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
julgado em 4/5/2010. 
 
 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 
 
Tal princípio foi acrescentado à Constituição Federal de 1988 através da Emenda Constitucional (EC) n.º 19 e estabelece 
que toda a ação administrativa deve estar orientada para a concretização material e efetiva da finalidade posta pela lei, segundo 
os cânones do regime jurídico-administrativo. Consoante Adílson de Abreu Dallari “o Poder Público somente cuida daquilo 
que é essencial e fundamental para a coletividade, e portanto, deve ser bom, produtivo, eficaz, eficiente”. Como lembra 
Alexandre de Morais, o administrado “poderá exigir da Administração Pública o cumprimento de suas obrigações da forma 
mais eficiente possível”. Há respeito à eficiência quando a ação administrativa atinge materialmente os seus fins lícitos e, por 
vias lícitas. Também, quando o administrado se sente amparado e satisfeito na resolução dos problemas que ininterruptamente 
leva à Administração. 
Assim, a eficiência constitui um princípio jurídico da administração pública, que, junto aos demais princípios 
constitucionais do regime jurídico-administrativo, impõe o dever da boa administração. Não se pode conceber uma 
Administração Pública que não tenha a obrigação de ser diligente e criteriosa na busca e efetivação do interesse público 
consagrado em lei. 
 A redação original da Constituição Federal enunciava somente os princípios da legalidade, moralidade, publicidade e 
impessoalidade, baseando-se no modelo da Administração Pública Burocrática. Ao inserir o princípio da eficiência, através da 
EC 19/98, implantou-se no Brasil a Administração Pública Gerencial, no qual há a preocupação com a melhor celeridade e 
qualidade dos serviços públicos prestados à coletividade. 
Com a EC 45/2004, a eficiência passou a ser um direito com sede constitucional, referente à função típica do Poder 
Juciário, pois no art. 5º, LXXVIII assegura a “todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” Ainda, a mesma EC 45, ao tratar da promoção, merecimento, do Juiz e 
do Ministério Público, determina ao órgão competente que afira a presteza no exercício da função e que não promova aquele 
que “retiver os autos em seu poder além do prazo legal.”( art. 93, II, c, e; art. 129, § 4º da CF). A eficiência passa a ser assim 
elemento objetivo de aferição de merecimento e impeditivo da promoção. 
 
2.3 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS OU RECONHECIDOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO 
 
O interesse público prevalece sobre o interesse individual respeitadas as garantias constitucionaise pagas as indenizações 
devidas, quando for o caso. De acordo com Maria Sylvia Di Pietro, este princípio, também chamado de princípio da finalidade 
pública, está presente tanto no momento da elaboração da lei como no momento da sua execução pelo caso concreto pela 
Administração Pública, sendo que inspira o legislador e vincula a autoridade administrativa em toda a sua atuação. 
 
 PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE 
 
Este princípio enuncia a presunção da verdade, que diz respeito à certeza dos fatos; e a presunção da legalidade, pois, se 
a Administração Pública se submete à lei, presume-se, até prova em contrário, que todos os seus atos sejam verdadeiros e 
praticados com observância das normas legais pertinentes. Trata-se de presunção relativa, no qual se admite prova em 
contrário. Em razão disso, transfere-se para o cidadão o ônus da prova da desconstituição desta presunção . Assim, o Ato 
Administrativo ingressa no mundo jurídico em condições de imediatamente produzir efeitos, não havendo necessidade de 
interferência dos demais poderes. 
 
 AUTOTUTELA 
 
A administração pode corrigir seus atos, a fim de verificar sua conformidade com a lei. Constatando-se ilegalidade, o ato 
é declarado nulo e determina-se seu refazimento; quando ele for inoportuno ou inconveniente ele é revogado, respeitados os 
direitos adquiridos e indenizados os prejudicados, se for o caso. 
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Tal princípio está consubstanciado no enunciado do STF: Súmula 473: “A administração Pública pode anular os seus 
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo 
de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 
 
 CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO 
 
Os serviços públicos não podem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, dentro das formas e períodos 
próprios da prestação. Assim, não deveria haver greve sem limites no serviço público devendo ser mantido o funcionamento 
mínimo das necessidades da população. Mas o assunto ainda aguarda regulamentação por lei, como manda o art. 37, VII da 
CF. Para o militar, há proibição expressa de greve. 
Em decorrência da aplicação deste princípio, o particular contratado para executar serviço público não pode alegar a 
exceção do contrato não cumprido. Contudo, o art. 78 XV da Lei de Licitações e Contratos, permite a suspensão dos serviços 
no caso de atraso de pagamento por mais de 90 dias, salvo se houver calamidade pública, perturbação na ordem ou guerra. 
 
 ISONOMIA OU DA IGUALDADE 
 
Não se trata pura e simplesmente de tratamento jurídico isonômico. “O princípio da igualdade consiste em tratar 
desigualmente os desiguais e igualmente os iguais” (Aristóteles). O que não se tolera é o favorecimento, o protecionismo. A 
distinção no tratamento deve possuir fundamento ético-jurídico. Assim, dentro das mesmas condições, todos devem ser tratados 
de modo igual ( art. 5º da CF). 
 
 RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE 
 
Limita a discricionariedade administrativa, na medida em que a atividade administrativa deve guardar uma proporção 
adequada entre os meios que se emprega e o fim que a lei quer alcançar: não devem ser impostas aos administrados obrigações, 
sanções ou restrições em medida superior àquela estritamente necessária ao atendimento do interesse público, devendo-se 
adequar razoavelmente os meios aos fins. Assim, exige-se do agente da Administração Pública um agir com adequação e 
proporcionalidade, sem abusos, sem excessos. 
 
 INDISPONIBILIDADE OU PODER-DEVER 
 
A administração não pode transigir, ou deixar de aplicar a lei, senão nos casos expressamente permitidos. Nem dispor de 
bens, verbas ou interesses fora dos estritos limites legais. Assim, os poderes atribuídos ao administrador público têm a natureza 
de poder-dever, ele não pode deixar de exercê-los, sob pena de configurar a omissão. 
 
 MOTIVAÇÃO 
 
Os atos administrativos devem ser justificados expressamente, com a indicação de seus fundamentos de fato e de direito. 
Pela motivação, o administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos de fato) que 
ensejam o ato e os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que autorizam sua prática. Em certos atos administrativos 
oriundos do poder discricionário, a justificação será dispensável, bastando apenas evidenciar a competência para o exercício 
desse poder e a conformação do ato com o interesse público,que é pressuposto de toda atividade administrativa. Em outros atos 
administrativos, porém, que afetam o interesse individual do administrado, a motivação é obrigatória, para o exame de sua 
legalidade, finalidade e moralidade administrativa. A motivação é ainda obrigatória para assegurar a garantia da ampla defesa 
e do contraditório prevista no art. 5o, LV da CF de 1988. Assim, sempre que for indispensável para o exercício da ampla defesa 
e do contraditório, a motivação será constitucionalmente obrigatória. 
A motivação deve, portanto, apontar a causa e os elementos determinantes da prática do ato administrativo, bem como o 
dispositivo legal em que se funda. 
Em conclusão, com a Constituição Federal de 1988 consagrando o princípio da moralidade e ampliando o do acesso ao 
Judiciário, a regra geral é a obrigatoriedade da motivação, tanto para atos vinculados, quanto para atos discricionários, para 
que a atuação ética do administrador fique demonstrada pela exposição de motivos do ato e para garantir o próprio acesso ao 
Judiciário, salvo quanto a lei expressamente dispensar a motivação. 
 
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 ESPECIALIDADE 
 
Aplica-se mais às autarquias. Não podem elas ter outras funções além daquelas para as quais foram criadas, salvo 
alteração legal posterior. Porém, conforme nos ensina Maria Sylvia Di Pietro, embora esse princípio se refira mais às autarquias, 
não há razão para negar a sua aplicação quanto às demais pessoas jurídicas, instituídas por lei, para integrarem a Administração 
Indireta, pois sendo instituídas por lei, não podem desviar-se dos objetivos legalmente definidos. 
 
 PRINCÍPIO DO CONTROLE OU TUTELA 
 
Para assegurar que as entidades da Administração Indireta observem o princípio da especialidade, elaborou-se outro 
princípio: o do controle ou tutela, no qual a Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos seus entes e órgãos, com 
o objetivo de garantir suas finalidades institucionais. 
 
 HIERARQUIA 
 
Em consonância com o princípio da hierarquia, os órgãos da Administração Pública são estruturados de tal forma que se 
cria uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com atribuições previstas em lei. Desse princípio 
decorre uma série de prerrogativas para a Administração: a de rever os atos dos subordinados, a de delegar e avocar atribuições, 
a de punir; para o subordinado surge o dever de obediência. 
 
 SEGURANÇA JURÍDICA 
 
Tal princípio foi acrescentado pelo artigo 2º, caput, da Lei nº 9784/99. O objetivo foi o de vedar a aplicação retroativa de 
nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública. Essa idéia ficou expressa no parágrafo único, inciso XIII, do 
artigo 2º, quando impõe, entre os critérios a serem observados, “interpretação da norma administrativa da forma que melhor 
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.” O princípio se 
justifica pelo fato de ser comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas normas legais, com 
a conseqüente mudança de orientação, em caráter normativo, afetando

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