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Sociologia 3 ¦TP

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MARINHA DO BRASIL
COLÉGIO NAVAL
COMANDO DO CORPO DE ALUNOS
RESUMO DE SOCIOLOGIA 3°TP
OFICIAL-ALUNO 3004 COSTA
Capitulo 18 – Violência, Crime e justiça no Brasil.
Humanização dos Processos Penais.
Durante muito tempo, nos lembra Foucault, a lei da violência, mais do que a 
violência da lei, foi vista como a única forma legitima de fazer justiça. Torturas longas e 
cruéis eram aplicadas no intuito de restabelecer a ordem interrompida pelo crime ou 
pela transgressão. Mas, a partir do século XVIII, as torturas corporais e as morais foram 
pouco a pouco substituídas pela idéia da “punição humanizada”.O objetivo já não era 
simplesmente condenar quem cometeu a falta, mas reabilitar o criminoso como cidadão.
Michel Foucault chamou esse processo de “humanização dos processos 
penais”. O criminoso passou de objeto passivo da vontade do soberano a sujeito 
detentor de direitos – direito à defesa, a um julgamento justo, à reintegração à sociedade 
uma vez cumprida a pena. O sistema judiciário como um todo tornou-se mais racional.
Para Foucault, as sociedades democráticas criaram uma nova forma de exercício 
de poder. Entretanto, segundo ele: A invenção dessa nova anatomia política não deve 
ser entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma multiplicidade de processos 
muitas vezes mínimos, de origens diferentes, de localizações esparsas, que se recordam, 
se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros, distinguem-se segundo seu 
campo de aplicação, entram em convergência e esboçam aos poucos a fachada de um 
método geral.
Pobreza gera Violência.
Alba Zaluar nos apresenta o cotidiano dos moradores da Cidade de Deus e 
desvincula duas noções que, no discurso do senso comum, aparecem quase sempre 
associadas: pobreza e violência. Essa associação, tão difundida entre nos, desenha um 
circulo de encadeamentos lógicos: o individuo é violento porque é pobre, é pobre 
porque não tem acesso a educação, na tendo educação não sabe votar nem exigir seus 
direitos. Nesse circulo vicioso, a criminalidade aparece como uma conseqüência 
automática e praticamente inevitável. A pobreza, insiste a antropóloga, não é um 
ingrediente obvio da criminalidade. Se assim o fosse, todos os pobres seriam 
necessariamente criminosos, e todos os criminosos seriam pobres – o que esta longe de 
ser verdade, como comprovam os chamados crimes do colarinho branco por cidadãos 
das classes medis e alta da sociedade.
Chama-se a atenção para o fato de que os períodos de crise econômica, quando 
aumentam as taxas de desemprego, não são os de maior aumento da taxa de crimes 
violentos. Para o autor a associação a ser estudada era entre crime e impunidade 
penal. Ainda hoje, convivemos com altíssimas taxas de impunidade para homicídios 
praticados pela policia, por grupos de segurança privada, pelos chamados grupos de 
extermínio e por criminosos que influenciam, de alguma maneira, o resultado do 
processo de punição. As taxas de impunidade para os crimes do colarinho branco 
contribuem igualmente para a descrença dos cidadãos nas instituições promotoras de 
justiça.
A desigualdade, e não a pobreza, tende a resultar em violência no contexto da 
sociedade de consumo. E mais, os pobres seguem tendo seus direitos civis muitas vezes 
desrespeitados. Daí muita gente dizer que, no Brasil, alguns são mais cidadãos do que 
outros.
Sociabilidade Violenta.
Max Weber definia o Estado como “uma comunidade humana que pretende, 
com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado 
território”. Ou seja, o Estado precisa ser reconhecido como o único detentor do emprego 
da violência. Essa violência é considerada legitima porque se apóia em um conjunto de 
normas e leis.
Você já deve ter ouvido dizer, que em algumas cidades brasileiras o Estado não 
detém mais o monopólio da força. Há quem argumente que o Estado não tem mais a 
capacidade nem de conter o crime, nem de fazer valer a ordem. Conclui-se, assim, que 
os bandos criminosos, bem armados e sempre violentos, constituíram um “Estado 
paralelo”.
Machado da Silva argumenta que não se trata de um problema de Estado 
ausente, mas da convivência entre a ordem institucional-legal e uma ordem cujo 
principio norteador é a violência. Estamos vivendo de acordo com uma nova 
sociabilidade – uma sociabilidade violenta – que rege todo corpo social, afetando de 
forma ainda mais direta e profunda as áreas desfavorecidas economicamente. Trata-se 
de um sociabilidade fragmentada regida pela lógica do cada um por si.
Um Problema de Todos Nós.
Legalidade, no Estado democrático de direito, significa a afirmação normativa e 
a pratica de direitos, garantias a afirmação, individuais e coletivas. Negar a legalidade é 
negar a democracia, porque é próprio da democracia assentar-se em leis discutidas e 
aceitas pela sociedade. Quando a legalidade é substituída pela ilegalidade, os cidadãos 
ficam prisioneiros do despotismo imposto pelos criminosos.
O artigo 144 da Constituição brasileira, quando fala da segurança pública, diz 
que ela “é dever do Estado e responsabilidade de todos”. Nas atuais condições 
brasileiras, haverá segurança para todos ou não haverá para ninguém. Experiências 
bem-sucedidas de combate aos problemas da violência e da criminalidade mundo afora 
provam que há solução possível. Mas que esta solução está pautada sobre um tripé: 
Participação cidadã, eficiência policial e direitos humanos.

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