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RESUMO DE LITERATURA 2ª PROVA PERIÓDICA OFICIAL-ALUNO 3025 FABRÍCIO PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO Realizada a Semana de Arte Moderna, tem início uma primeira fase modernista, estendendo-se de 1922 a 1930, caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. Essa primeira fase é a mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade de definições e do rompimento com todas as estruturas do passado, formando aí esse caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido destruidor. Ao mesmo tempo que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de fontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo), as paródias – numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras – e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro (diferente dos modelos idealizados do Romantismo). REVISTAS E MANIFESTOS KLAXON (1922-23) : primeiro periódico (revista) modernista, fruto das agitações do ano de 1921 e da Semana de Arte Moderna, iniciou sua circulação em maio de 1922 e encerrou com a nona edição em janeiro do ano seguinte. A Klaxon foi inovadora em todos os sentidos: o projeto gráfico, na oposição entre o velho e o novo, na proposta de uma concepção estética diferente, era uma revista que anunciava a modernidade, o século XX buzinando (Klaxon era o termo empregado para designar a buzina externa dos automóveis), pedindo passagem. MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL (1924): manifesto escrito por Oswald de Andrade, onde se propõe uma literatura extremamente vinculada à realidade brasileira, a partir da redescoberta do Brasil. Inspirando-se no primeiro produto de exportação brasileiro, defendia uma poesia de exportação. Demonstrando irreverência e revolta contra a cultura acadêmica e a dominação cultural europeia em nosso país, o movimento propunha uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização dos contrastes da realidade e da cultura brasileiras. O manifesto propunha a criação de uma língua brasileira, a síntese, o equilíbrio, a surpresa. A REVISTA (1926): publicação responsável pela divulgação do movimento modernista em Minas Gerais, só contou com três edições. VERDE-AMARELISMO (1926): surgido como uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil e ao caráter anárquico do seu líder, o grupo do Verde-Amarelismo, liderado por Plínio Salgado, criticava o “nacionalismo afrancesado” de Oswald de Andrade e apresentava como proposta um nacionalismo primitivista, ufanista e identificado com o fascismo, que evoluiria mais tarde para o Integralismo de Plínio Salgado. Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta como símbolo nacional. MANIFESTO REGIONALISTA DE 1926: manifesto que procura “desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste” dentro dos valores modernistas. REVISTA DE ANTROPOFAGIA (1928): o movimento antropofágico surgiu como uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e como resposta ao grupo verde-amarelista, que criara a Escola da Anta. Em janeiro de 1928 Tarsila do Amaral pinta uma tela para presentear seu então marido Oswald de Andrade pela passagem de seu aniversário. A tela, impressionando profundamente, foi batizada de Abaporu (aba, “homem”; poru, “que come”), daí nascendo a ideia e o nome do movimento. Revidavam com sarcasmo o primitivismo xenófobo da Anta, partidários de um primitivismo crítico, os antropófagos propunham a devoração da cultura estrangeira. Contrários à xenofobia da Escola da Anta, os antropófagos não negavam a cultura estrangeira, mas também não a copiavam nem imitavam. Esses artistas propunham a “devoração simbólica” da cultura estrangeira, aproveitando suas inovações artísticas, porém sem a perda de nossa própria identidade cultural. A primeira fase da revista, usada como porta-voz das ideias do grupo antropófafo, iniciada com o polêmico Manifesto Antropófago, assinado por Oswald de Andrade, foi realmente um espelho da miscelânea ideológica em que o movimento modernista se transformara, misturando tanto artistas ditos do movimento do Pau-Brasil e Antropófagos junto de artista típicos da Escola da Anta. Já a segunda fase apresenta-se mais definida ideologicamente, havendo até uma ruptura entre Oswald de Andrade e Mario de Andrade. Afinal, vivia-se uma época de definições, sendo atacados artistas como Plínio Salgado e seus seguidores e até Mario de Andrade. AUTORES OSWALD DE ANDRADE (1890- 1954 ) : Nascido em São Paulo. Após retornar de sua primeira viagem à Europa, em 1912, trazendo as ideias do Futurismo, Oswald transformou- se em figura fundamental dos principais acontecimentos da vida cultura brasileira da primeira metade do século XX. Homem polêmico, irônico, gozador, teve vida atribulada não só que diz respeito às artes como também à política e aos sentimentos: foi o idealizador dos principais manifestos modernistas, militante político, teve profundas amizades e inimizades, rumorosos casos de amor e vários casamentos. Mais do que a outros escritores, sua vida é irmã gêmea de sua obra. Quanto a sua obra, Oswald de Andrade apresenta, de maneira geral, as características já comentadas desta primeira fase do Modernismo, ou seja, um nacionalismo que busca as origens sem perder a visão crítica da realidade brasileira; a paródia como uma forma de repensar a literatura; a valorização do falar cotidiano, numa busca do que seria a língua brasileira (“como falamos, como somos”); uma análise crítica da sociedade burguesa capitalista, notadamente nas obras produzidas após 1930. No aspecto formal, Oswald inovou a poesia com seus pequenos poemas, em que sempre havia um forte apelo visual, criando o chamado “poema-pílula”. Memórias sentimentais de João Miramar (1924) Assim como outros romances do autor, esta obra quebra toda a estrutura dos romances tradicionais, apresentando capítulos curtíssimos e semi-independentes, num misto de prosa e poesia, que, ao final da leitura, formam um grande painel. MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945): Nascido em São Paulo, ainda jovem iniciou suas críticas de arte escrevendo para jornais e revistas. Em 1917, ano em que travou amizade com Oswald de Andrade, publicou seu primeiro livro e “descobriu” Anita Malfatti, transformando-se numa das figuras mais importantes de nossa vida cultural. Morreu em sua casa, em São Paulo, em fevereiro de 1945. O autor teve papel decisivo na implantação do Modernismo no Brasil. Homem de vasta cultura, pesquisador paciente, soube dar a substância teórica de que o movimento necessitava. Em toda a sua obra, Mário de Andrade lutou por uma língua brasileira, que estivesse mais próxima do falar do povo. O brasileirismo e o folclore tiveram máxima importância para o poeta. Ao lado disso, suas poesias, romances e contos revestem-se de uma nítida crítica social, tendo como alvo a alta burguesia e a aristocracia. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928) Tem-se a criação máxima de Mário de Andrade, resultado das pesquisas do autor feita pelo Brasil afora. A partir desse anti-herói, o autor enfoca o choque do índio amazônico (que nasceu preto e virou branco – síntese do povo brasileiro) com a tradição e a cultura europeia na cidade de São Paulo, valendo-se para tanto de profundos estudos de folclore. Macunaíma é o próprio “herói de nossa gente”, com faz questão de afirmar o autor logo na primeira linha do romance, para reiterar a ideia na última linha, procedimento contrário ao dos autores românticos, que jamais declaram a condição de herói de seus personagens,apesar de os criarem com essa finalidade. Perseguindo a tradição oral da literatura (canções, epopeias, novelas picarescas, contos populares), Macunaíma foi chamada por Mário de rapsódia, nome que, na música, designa um tipo de composição que utiliza uma variedade de motivos populares. Resumo da Obra: Esta rapsódia conta as aventuras de Macunaíma, herói de uma tribo amazônica, que o autor misturou a outros, também indígenas, e que reinventou como personagem picaresca, sem cortar as suas ligações com o mundo lendário. Depois da morte da mulher, Macunaíma, perde um amuleto, que ela lhe dera, a “muiraquitã”. Sabendo que está nas mãos de um mascate peruano, Venceslau Pietro Pietra, morador em São Paulo, vem para esta cidade com os dois irmãos, Maanape e Jinguê. A maior parte do livro se passa durante as tentativas de reaver a pedra do comerciante, que era afinal de contas o gigante Piaimã, comedor de gente. Conseguido o propósito, Macunaíma volta para o Amazonas, onde, após uma série de aventuras finais, se transforma na constelação Ursa Maior. DIRECIONADO (complemento do que não há no livro e foi dado em sala) 1) Um aspecto fundamental da matéria e que será cobrado é a diferença entre os dois principais autores da Primeira Fase do Modernismo: Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Lembre-se que Oswald possui como característica ser radical e segregador, preocupado com a vida paulista, onde segundo suas ideias o movimento modernista “pertencia” e deveria se manter em São Paulo. E contrário a isso, tem-se Mário que possui uma característica mais agregadora em relação ao Modernismo, onde o movimento deveria se espalhar por todo o país, evidenciado na revista Terras Roxas e outras terras (onde as terras roxas, seriam São Paulo, e outras terras, o restante do Brasil). É importante para a prova os pontos de contraste, divergências. 2) Uma questão abordará Memórias Sentimentais de João Miramar de Oswald de Andrade. O importante a se saber sobre a obra é mais uma questão estética do que conteúdo e enredo em si. A obra é construída como um retalho cheio de poesias. “Teoricamente” a obra é uma prosa, contudo, não respeita métrica nem sintaxe. Diferentemente de Macunaíma, “Memórias Sentimentais” não é uma rapsódia. 3) Uma questão importante sobre Macunaíma é a sua importância para a literatura da próxima geração modernista (Geração de 30). Diferente dos autores Pré-modernistas, que embora já tratassem de temas e problemas sociais em outras regiões do país, a linguagem empregada por esses autores era uma linguagem do homem culto e urbano do Rio ou São Paulo. Já os romancistas da segunda geração, como feito em Macunaíma, usam a falar local de onde se passam os romances, com o linguajar do próprio povo, misturando as tradições linguísticas das culturas que formam nosso país. 4) A obra Abaporu de Tarsila do Amaral, tem papel importante na literatura, lembre-se que o quadro foi usado como símbolo para o grupo Antropófago. Baseado nos ideais indígenas que acreditavam que devorando assimilariam suas qualidades, são associados a essa pintura ideias de antropofagia cultural, deglutição. Uma possível forma de cobrar esses conhecimentos será pedindo para encaixá-la no contexto em que ela surge ou associar essa obra ao grupo para qual serviu de inspiração (Antropófagos) e qual manifesto é reflexo desse movimento (Manifesto Antropófago, Oswald de Andrande, vide página 69 do nosso livro). 5) As revistas também serão cobradas, sendo importante ressaltar o embate entre Oswalde de Andrade X Plínio Salgado (Pau-Brasil e Antropofagia X Verde-amarelismo e Escola da Anta). A forma como Oswald analisa a importância da cultura europeia para a nossas artes, ser influenciado, pegar o melhor delas, mas sem copiar e a forma radical e xenofóbica de Plínio, que se deveria ignorar essas artes europeias. Outros pontos importantes, mas complicados de serem suscitados aqui no resumo (como as músicas por precisarem de uma análise mais extensa e complexa) explicarei numa aula na véspera da prova. Não se preocupem, pois o essencial para ir bem na prova eu coloquei nesse resumo. Bons estudos.
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