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Impacto Ambiental nas Águas do Riacho Tuntum 05 09 2014 (1) (1)

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Impacto Ambiental nas Águas do Riacho Tuntum
 de ritancunha | trabalhosfeitos.com
 UNIVERSIDADE GAMA FILHO
CENTRAL DE CURSOS DE EXTENSÃO E
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO
CUROS DE GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS
IMPACTO AMBIENTAL NAS ÁGUAS DO RIACHO TUNTUM – MA
RITA DE CÁSSIA NEIVA CUNHA
São Luís
2013
RITA DE CÁSSIA NEIVA CUNHA
IMPACTO AMBIENTAL NAS ÁGUAS DO RIACHO TUNTUM – MA
Monografia apresentada à Central de Cursos
de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu
como requisito parcial para a conclusão de
especialização em Gestão Ambiental em
Empresas.
Professor orientador
Debora Rodrigues Barbosa
Professor co-orientador
Odilon Teixeira de Melo
São Luís
2013
Rita de Cássia Neiva Cunha
Impacto Ambiental nas águas do Riacho Tuntum – MA
Monografia apresentada à central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Lato
Sensu da Universidade Gama Filho como requisito parcial para a conclusão do Curso de
Pós-Graduação em Gestão Ambiental em Empresa.
AVALIAÇÃO
1. CONTEÚDO
Grau: ________
2. FORMA
Grau: ________
3. NOTA FINAL: ______________
AVALIADO POR
_________________________________
(Assinatura)
___________________________________
(Assinatura)
São Luís, 21 de novembro de 2013.
______________________________________
“Você não pode ensinar nada a um homem;
você pode apenas ajudá-lo a encontrar a
resposta dentro dele mesmo.”
Galileu Galilei
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Raimundo Cunha e Linoci
Cunha por seu apoio incondicional as minhas
escolhas
acadêmicas.
Meus
filhos
César
Eugênio e Amélia Beatriz e o marido César
Augusto.
AGRADECIMENTOS
Aos meus parentes que quando precisei não se furtaram em meajudar com suas
memórias, busca por informação ou material de consulta, apoio moral, Tio Erimilton
Freitas, meus irmãos Carlos, Nádja, Karenine e os primos Dida, Carmem Bonfim,
Leonardo, Cleones e cunhada Lucineide e todos os outros aqui não citados que ficaram na
torcida.
Ao Prof. Odilon Teixeira de Melo que aceitou ser meu co-orientador. Também
disponibilizou o seu laboratório com os recursos necessários para análises químicas e
ainda com a participação nas coletas de campo, apresentação e discussão dos resultados.
Ao João Filho geógrafo do NuGeo que foi a Tuntum coletar os dados para fazer
os mapas no trabalho. A estudante de Engenharia Ambiental Raphaela Maia com a
participação na primeira campanha para a coleta de água dos poços, riacho e balneário .
Ernane que foi um guia paciente para localizar todos os pontos onde queríamos ir e a
Cosme que foi o guia da segunda campanha.
RESUMO
O Riacho Tuntum em um processo de interferência antrópica se encontra atualmente
bastante devastado. As suas águas antes usadas pela população do município de Tuntum –
MA para as suas necessidades de limpeza e higienização das roupas, hoje não podem ser mais
usadas. O seu leito, após o período de chuvas, se encontra praticamente seco. A mata ciliar
outrora abundante foi reduzida a pequenos trechos devido ao uso das suas margens para o
plantio de pastagens. A situação do riacho perante a legislação vigente é de abandono. O
presente trabalho tem o objetivo de analisar vários parâmetros de água como o pH,
condutividade elétrica, cor, turbidez, alcalinidade, dureza total, íons maiores (cálcio,
magnésio ecloreto), amônia, nitrato e coliformes totais e termo tolerantes. Estes parâmetros
foram analisados em duas campanhas de coletas de água sendo a primeira realizada nos dias
06 e 07 de julho e a segunda no dia 31 de agosto de 2013. O resultado deste trabalho fornece
dados para identificar os conflitos de uso ora destinados ao riacho, sejam eles de depósito para
efluentes ou de margens desmatadas para uso da pecuária.
Palavras chave: Qualidade de água, Impacto ambiental, Riacho Tuntum.
ABSTRACT
The Tuntum Stream, which has been undergoing an anthropological interference
process, is really devastated nowadays. Its water, which used to be spent on cleaning and
clothes’ washing by the population of the city of Tuntum – MA, is not appropriate for this
purpose these days. Its bed is really dry even after the rain period. The abundant riparian
forest was reduced to small parts of woods due to the use of the river banks for the plantation
of pastures. According to the present legislation the stream situation is of total abandonment.
The objective of this study is to analyze some water parameters such as: pH, electric
conductivity, color, turbidity, alkalinity, total water hardness, major ions (calcium,
magnesium and chloride), ammonia, nitrate and total and thermo tolerant coliforms. These
parameters were analyzed during two water collection campaigns, the first on July 06 th and 7th
and the second on August 31st , 2013.The result of this study provides data in order to identify
the stream usage conflicts either as effluent storage or as the stream banks deforestation for
cattle raisinguse.
Key words: Water quality, Environmental impact, Tuntum Stream.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01: Bacia Hidrográfica do Riacho Tuntum .................................................. 13
FIGURA 02: FOTO 01 - Coleta dos Pontos Georreferenciados .................................. 14
FIGURA 03: FOTO 02 – Coleta de Água do Riacho Tuntum Dia 06/07/2013 ............ 15
FIGURA 04: FOTO 03 – Coleta de água do poço 03 – Canto Bom ............................ 16
FIGURA 05: FOTO 04 – Coleta de água do Balneário Tiúba ..................................... 16
FIGURA 06: FOTO 05 – Coleta de água Riacho Tuntum ........................................... 17
FIGURA 07: FOTO 06 – Água do Riacho Tuntum em análise no LaboHidro – UFMA
.................................................................................................................................. 17
FIGURA 08: FOTO 07 – Água dos Poços retirada para análise. Local: LaboHidro –
UFMA ....................................................................................................................... 18
FIGURA 09 – Bloco diagrama de uma Bacia Hidrográfica ................................................20
FIGURA 10 - Frequências de coleta de amostras das Unidades da Federação ...................24
FIGURA 11 – Nível de implementação do monitoramento da qualidade das águas nas
unidades da Federação .........................................................................................................25
FIGURA 12: Localização da microbacia do Riacho Tuntum ...................................... 29
FIGURA 13: Variação dos valores depH na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2 e 3; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................ 31
FIGURA 14: Variação da Condutividade Elétrica na microbacia do Riacho Tuntum
(águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................. 32
FIGURA 15: Variação da Cor na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1,
2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ................................................................................. 33
FIGURA 16: Variação da Turbidez na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 34
FIGURA 17: Variação da Alcalinidade Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2 e 3; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................ 35
FIGURA 18: Variação de Dureza Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................
36
FIGURA 19: Variação de Cálcio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas:
1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................................. 37
Figura 20: Variação do Magnésio na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 38
FIGURA 21: Variação do Cloreto na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e9) ........................................................ 39
FIGURA 22: Variação da Amônia na microbacia do Riacho Tuntum (águas
subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 40
FIGURA 23: Variação de ferro na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas:
1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................................. 41
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
2 METODOLOGIA ................................................................................................. 13
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 19
3.1 A importância da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento ........... 19
3.2 A Política Nacional dos Recursos Hídricos ............................................................... 21
3.3 Análise de qualidade da água ............................................................................ 22
4. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUNTUM .................................... 28
4.1 A bacia hidrográfica do Riacho Tuntum ........................................................... 28
5. RESULTADOS E DISCURSSÕES DAS ANÁLISES DE ÁGUA COLETADAS
NA MICROBACIA DO RIACHO TUNTUM ......................................................... 30
5.1 Ph ........................................................................................................................ 30
5.2 Condutividade Elétrica...................................................................................... 31
5.3 Cor ...................................................................................................................... 32
5.4 Turbidez ............................................................................................................. 34
5.5 Alcalinidade Total .............................................................................................. 34
5.6 Dureza Total ....................................................................................................... 35
5.7 Íons Maiores ....................................................................................................... 36
5.7.1 Cálcio................................................................................................................ 36
5.7.2 Magnésio .......................................................................................................... 37
5.7.3 Cloreto .............................................................................................................. 38
5.8 Série Nitrogenada ............................................................................................... 39
5.8.1 Amônia Total .................................................................................................... 39
5.8.2 Nitrato ............................................................................................................... 40
5.9 Ferro ................................................................................................................... 40
5.10 Coliformes......................................................................................................... 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 43
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 45
APÊNDICE .....................................................................................................................49
APÊNDICE A ......................................................................................................... 50
APÊNDICE B ......................................................................................................... 51
APÊNDICE C ......................................................................................................... 52
11
1 INTRODUÇÃO
A água é um dos bens mais preciosos do planeta e, sem ela, a vida se torna
inviável. No entanto, o recurso é tratado com grande descaso por uma significativa parte
da população. Ao longo dos anos, os mares, rios e riachos estão sendo utilizados como
destino final para o despejo dos dejetos humanos e, é comum encontrar a canalização
destes resíduos diretamente nestes corpos de águas sem antes passar por algum
tratamento.
Muitos processos indústrias na fabricação de bens de consumo têm seus efluentes
despejados diretamente nos corpos d’águas. Os recursos hídricos são utilizados como
receptáculo para defensivos agrícolas, em locais próximos das margens e nascentes,
ocasionando assim a contaminação da água.
O Estado do Maranhão, ao longo de sua história, passou por várias faseseconômicas relacionadas a algum produto como a cana-de-açúcar, algodão, arroz, farinha
de mandioca, extração de óleo de babaçu. No momento atual, há uma maior evidência na
pecuária e plantação de soja. Estas duas atividades contribuíram para o amplo movimento
do êxodo rural que o Estado passou na segunda metade do século XX. Essa mudança no
fluxo populacional traz um agravamento em problemas já existentes nos centros urbanos
como moradia, saneamento básico, saúde, emprego e segurança.
O Maranhão tem uma área de 333.937,450 Km² e uma população estimada em
6.714.314 pessoas segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE (2012). O estado está dividido em 217 municípios que são distribuídos em 5
mesorregiões e 21 microrregiões. Uma parte do Estado se encontra inserido na chamada
Amazônia legal e é o que tem menos características da região nordeste e o com maior
potencial hídrico com rios perenes e volumes de águas sazonais, bom índice pluviométrico
e um grande litoral. São encontradas 12 bacias hidrográficas das quais 9 são bacias
estaduais e 3 federais (NuGeo, 2011).
Apesar de toda esta riqueza hidrográfica estes recursos encontram-se em risco
devido ao pouco saneamento básico existente em todo o Estado do Maranhão e muitos
desses rios sejam o destino do esgotamento sanitário e resíduos sólidos.
O município de Tuntum não possui um sistema de tratamento de esgoto e o seu
abastecimento de água é feito através de poços. Os recursos hídricos superficiais presentes
no município são fruto de duas bacias hidrográficas, dos rios Mearim e Itapecuru.
12
O RiachoTuntum era usado por parte da população como local de recreação e
lavagem de roupas, no entanto no estadual atual em que se encontra não permite mais
estas atividades. Este trabalho vai analisar a qualidade da água deste corpo d’água.
A importância de se fazer uma análise da situação atual do Riacho Tuntum é a
possibilidade de que a partir deste diagnóstico e discussão da problemática da microbacia
do riacho se tenha subsídios suficientes para a tomada de decisão pelo poder público
municipal do melhor caminho para a recuperação deste corpo d’água. A população do
município precisa ter um real conhecimento da importância do mesmo para o equilíbrio
ecológico da região. Dentro desse contexto, o objetivo desse trabalho é analisar a
qualidade da água do riacho Tuntum, dentro do município homônimo.
13
2 METODOLOGIA
Para o estudo da microbacia do Riacho Tuntum o desenvolvimento do trabalho
foi concebido em várias fases. Depois de definido o tema do trabalho a primeira fase foi o
levantamento bibliográfico para a verificação da existência de trabalhos semelhantes na
região e a busca de legislação e informações complementares juntos aos órgãos
ambientais.
Em seguida, a segunda fase foi a visita de campo a micro bacia do Riacho
Tuntum onde foi coletada 3 amostras de água do riacho, 4 amostra de poços artesianos a
montante e jusante do referido riacho e 1 amostra do Balneário Tiúba.
Figura 01 – Bacia Hidrográfica do Riacho Tuntum, com os pontos de coleta de água
.Fonte: Conceição Filho (2013)
A definição para a aquisição dos pontos georreferenciados com GPS da área de
coletas de águado Riacho Tuntum e dos Poços obedeceram aos critérios e meto dologias
14
estabelecidos antes da visita de campo. O GPS utilizado foi de navegação Map 76CSx
com precisão de 10m. (Foto 01)
Figura 02: Foto 01 - Coleta dos Pontos Georreferenciados
Fonte: Tirada pelo próprio autor (06/07/2013)
Para Georreferenciamento e adequação cartográfica, foi utilizado o Software
Spring 4.2.0; elaborado e disponibilizado pelo (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial
(INPE). Após a criação do Banco de Dados da bacia hidrográfica do riacho Tuntum, os
pontos foram importados, para uma melhor espacialização desses, que foram organizados
com o uso do programa Corel Draw 12.0.
Para a obtenção do mapa de Uso e Cobertura Vegetal, foram utilizadas
imagens de satélites do município de Tuntum, Órbita/Ponto 220/064 cuja data de
passagem foi 27/ 07/ 2010. As bandas utilizadas foram Bandas 3, 4 e 5. Adquiridas
através do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE).
Foi georreferenciado um total de 25 pontos com o objetivo de caracterizar as
diferentes feições de vegetação assim como os usos antrópicos existentes durante toda a
extensão da bacia hidrográfica do riacho Tuntum. Após a criação do Banco de Dados, as
imagens foram transformadas de TIFF em GRIB e em seguida feito o registro das imagens
15
com um total de 16 pontos de controle para depois então ser feito a vetorização das
mesmas.
Outro aspecto foi o registro através do georreferenciamento do lixão e do
futuro aterro sanitário da cidade, pois, os mesmos se encontram dentro da área da
microbacia. Sendo que todas as atividades destavisita de campo foram registradas em
fotografias, no dia 06/07/2013.
As coletas de águas foram realizadas em dois períodos diferentes: a primeira,
foi nos dias 06 e 07 de 07/2013 e a segunda no dia 31 do 08/2013. Os parâmetros
analisados são: pH, C.E (condutividade elétrica), ferro, cor, turbidez, dureza total,
alcalinidade total, amônia, sódio, potássio, cálcio, magnésio, coliformes totais e
coliformes termotolerantes – Escherichia coli. (Fotos 02, 03, 04 e 05)
Figura 03: Foto 02 – Coleta de Água do Riacho Tuntum
Fonte: Tirada pelo próprio autor (06/07/2013)
16
Figura 04: Foto 03 – Coleta de água do poço 03 – Canto Bom
Fonte: Tirada pelo próprio autor (06/07/2013)
Figura 05: Foto 04 – Coleta de água do Balneário Tiúba.
Fonte: Tirada pelo próprio autor (31/08/2013)
17
Figura 06: Foto 05 – Coleta de água Riacho Tuntum
Fonte: Tirada pelo próprio autor (31/08/2013)
As amostras de água coletadas foram mantidas dentro de uma caixa térmica com
gelo, para a sua conservação, até serem levadas ao laboratório da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), em São Luís - MA. (Fotos 06 e 07)
Figura 07: Foto 06 – Água do Riacho Tuntum em análise no LABOHIDRO – UFMA
Fonte: Raphaela Maia (31/08/2013)
18
Figura 08: Foto 07 – Água dos Poços retirada para análise no LABOHIDRO - UFMA.
Fonte: Raphaela Maia (31/08/2013)
19
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 A importância da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento
Nas últimas décadas a preocupação com o meio ambiente tornou-se uma constante
no pensamento mundial. A escassez dos recursos naturais disponíveis e a quedana qualidade
de vida da população mundial (fruto de um desenvolvimento econômico predatório e não
sustentável) tornaram-se um problema a ser discutido, sobretudo a partir de segunda metade
do século passado (BARBOSA, 2013).
De acordo com Barbosa et al (2012), a bacia hidrográfica é reconhecida como
unidade espacial da Geografia Física desde os meados do século XX. Atualmente, outras
ciências, ditas ambientais incorporam, em seus estudos, a análise dessa unidade especial, no
sentido de desenvolver programas de proteção ambiental.
A Lei n. 9.443/1997 no seu Capitulo I, Art. 1º, IV, informa que a bacia hidrográfica é
a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. No Maranhão a Lei n.
8.149/2004 regulamentada pelo Decreto Nº 27.845/2011 reconhece que “a bacia hidrográfica
é a unidade físico-territorial para a implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos
e a atuação do Sistema Integrado de Recursos Hídricos”.
A Política Nacional de Saneamento Básico cuja Lei é a Nº 11.445/2007 também
destaca a importância da bacia hidrográfica no seu Capitulo IX, Art. 48, X, - “a adoção da
bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de suas ações”.
Na lei que estabelece as diretrizes para a elaboração do Plano Diretor não foi adotado
a bacia hidrográfica como unidade físico-territorial para sua elaboração, mais é de suma
importância, que esta seja observada, uma vez que,a origem das cidades, povoados e
comunidades sempre privilegiaram áreas próximas aos cursos d’água.Várias políticas a nível federal e estadual estão colocando a bacia hidrográfica como
unidade de referências para os seus planejamentos então é necessário que se tenha um
entendimento do que seja a mesma. Vários autores descrevem e até fazem uma divisão entre
bacias hidrográficas, sub-bacias e microbacias.
20
A bacia hidrográfica pode ser definida como “unidade física, caracterizada como a
área de terra drenada por um determinado curso d’água e limitada, perifericamente, pelo
chamado divisor de águas” (MACHADO, 2002, p. 18). – Figura 11.
Figura 09 – Bloco diagrama de uma Bacia Hidrográfica
Fonte: Cecílio (2006).
Um conceito de bacia hidrográfica que dá uma noção de toda a sua composição na
agregação de um riacho e sua importância é a de Barrella (2001 apud Teodoro et al, 2007),
sendo definido como um conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas
regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam
superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes
e do lençol freático.
As águas superficiais escoam para as partes mais baixas do terreno, formando riachos
e rios, sendo que as cabeceiras são formadas por riachos que brotam em terrenos íngremes das
serras e montanhas e à medida que as águas dos riachos descem, juntam-se a outros riachos,
aumentando o volume e formando os primeiros rios, esses pequenos rios continuam seus
trajetos recebendo água de outros tributários, formando rios maiores até desembocarem no
oceano.
21
As sub-bacias ou microbacias são o resultado dodesmembramento das bacias em
unidades menores e são consideradas áreas de drenagem dos tributários dos cursos de água
principal.
Segundo Silva (1994, p. 182) em seu artigo intitulado “Manejo Integrado em
Microbacias hidrográficas” define-as como:
Conceito técnico sendo uma área geográfica de captação de água composta por
pequenos canais de confluência e delimitada por divisores naturais. Informando
ainda que seja admitida como a menor unidade territorial
capaz de enfocar as
variáveis ambientais de forma sistêmica.
A visão ecológica de micro bacia é que ela sendo considerada a menor unidade do
ecossistema pode-se melhor monitorar as inter-relações que nela ocorrem e assim ter um
melhor controle do impacto ambiental.
Atualmente, é observado o descaso com esses pequenos cursos d’água que formam
essas microbacias quanto ao desmatamento de suas margens para a implantação de lavouras
agrícolas, pastagens para a pecuária. Dependendo da região, a maioria dos tributários destes
corpos d’água, não é perene e, com isso, contribuem mais ainda para não terem a sua
importância na cadeia de recursos hídricos respeitados.
3.2 A Política Nacional dos Recursos Hídricos
De acordo com a Constituição Federal de 1988 no seu Capitulo VI, mais
precisamente no Artigo 225 fica claro o direito e a responsabilidade de todos sobre o meio
ambiente: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Por sua vez, ADeclaração Universal dos Direitos da Água nos seus artigos de 1º, 4º,
5º, 6º e 7º informa que clara a responsabilidade não só dos governos mais de todos.
Art.1- A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada
nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos
de todos.
Art. 4- O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e
de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para
garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular,
da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
22
Art. 5- A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um
empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital,
assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
Art. 6- A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico:
precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem
escassear em qualquer região do mundo.
Art. 7- A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De
maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para
que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade
das reservas atualmente disponíveis.
A Política Nacional dos Recursos Hídricos no seu Capitulo I, Art. 1º, I, diz que “a
água é um bem de domínio público”. Este enfoque foi diferente na legislação brasileira, pois,
o Decreto das Águas de 1934, em seu Capítulo III, Art. 8º dizia:São particulares as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o
sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de
todos, as águas públicas ou as águas comuns.
Essa visão que permitia a classificação da água como um bem particular com certeza
era um motivo de entrave ao acesso a mesma por grade parte da população no meio rural,
onde proprietários de terras podiam cercar as nascentes de rios, riachos. O acesso a estes
corpos de água só eram permitidos se existissem vias de acessos e na falta deste os vizinhos
que por necessidades tivessem que fazer uso dos mesmos seriam responsável pela reparação
de qualquer dano que ocorresse durante a utilização.
As políticas públicas que determinam as bacias – ou microbacias – hidrográficas
como unidade de planejamento partem da perspectiva do desenvolvimento sustentável e
preservação ambiental com o pressuposto do uso racional dos recursos hídricos. Não pode ser
determinado o uso dos corpos d’água sem o conhecimento de sua dinâmica ambiental.
3.3 Análise de qualidade da água
Para Fiorillo (2013), a água, conforme determina o art. 3º, V, da Lei 6.938/81, bem
como o art. 2º, IV, da Lei 9.985/2000, é um recurso ambiental. Como tal é essencial às
funções vitais e existe na biosfera na forma líquida (salgada e doce), sólida (doce) e de vapor
(doce).
23
Segundo Canepa (1999 apud ZEITUM, 2009), a água é considerada um recurso ou
bem econômico, porque é finita, vulnerável e essencial para a conservação da vida e do meio
ambiente.
A água é também tida como um recurso ambiental, pois a sua alteraçãopode
contribuir para a degradação da qualidade do meio ambiente. Já a degradação ambiental afeta
de forma direta ou indireta, a saúde, a segurança, bem-estar da população, qualidade dos
recursos ambientais.
Na descrição de Libânio (2010), constitui-se também no solvente universal da
maioria das substâncias, modificando-as e modificando-se em função destas. Diversas
características das águas naturais advêm desta capacidade de dissolução, diferenciando-as
pelas características do solo da bacia hidrográfica.
Outro ponto muito discutido sobre a água é a quantidade e a qualidade da mesma,
segundo D’Agostini et al (2013), sem água em quantidade suficiente, é claro que pouco se
pode fazer. E com bastante água, mas cujas características não são adequadas para aquilo que
precisamos ou queremos, também não se pode fazer muita coisa. Por isso, evidentemente
surgem problemas quando não se dispõe de água em quantidade suficiente e com
características necessárias.
No Brasil não tem problemas com a quantidade da água disponível para consumo
humano. O problema que é como a mesma se encontra distribuída e com os períodos de
escassez que está diretamente relacionado com o regime de chuvas. Outra problemática é o
depósito de efluentes nos corpos d’água fazendo com que a qualidade da água seja
comprometida. D’Agostini et al (2013), afirma que
Sobre essas condições de escassez e de abundância extremadas, pouco ou quase
nada se pode fazer – a não ser a partir de nossa impressionante capacidade de nos
adaptar às condições do meio. Ou, mais ainda, a partir de nossa incontrolável
vontade de adaptar o meio àsnossas insaciáveis necessidades.
No que concerne a poluição da água segundo Fiorillo (2013), o conceito de poluição,
previsto no art. 13. § 1º, do Decreto n. 73.030/73, encontra-se em conformidade com o art. 3º,
III, da Política Nacional do Meio Ambiente, ao preceituar que a poluição da água é
qualquer alteração química, física ou biológica que possa importar em prejuízo à
saúde, à segurança e ao bem-estar das populações, causar dano à flora e a fauna, ou
comprometer o seu uso para finalidades sociais e econômicas.
24
A Agência Nacional de Água lançou o PNQA que é o Programa Nacional de
Qualidade de Águas que tem como objetivo ampliar o conhecimento das águas superficiais do
Brasil. Este programa tem os seguintes objetivos:
- Eliminar as lacunas geográficas e temporais no monitoramento de qualidade de
água;
- Tornar as informações de qualidade de água comparáveis em âmbito nacional;
- Aumentar a confiabilidade das informações de qualidade de água;
- Avaliar, divulgar e disponibilizar à sociedade as informações de qualidade de água.
Com as informações obtidas foi elaborada a figura a seguir, onde se observa a
freqüência com a qual são coletadas amostras de águas pelas unidades da Federação.
Observamos que não existe uma padronização quanto à coleta ou mesmo o comprometimento
dos Estados com a obtenção destas informações.
Figura 10 - Frequências de coleta de amostras das Unidades da Federação.
Fonte – ANA (2009)
A importância da qualidade da água está descrita na Política Nacional de Recursos
Hídricos, que define, entre os seus objetivos o de “assegurar à atual e ás futurasgerações a
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”
(Art. 2o,
Cap. II, Tit. I, Lei Nº 9.433). Na legislação também foi determinada como uma das
diretrizes de ação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, “a gestão
sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade e a
25
integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental” (Art 3o, Cap. III, Tit. I,
LeiNº 9.433).
Nesta figura 13 fica claro que os Estados onde se têm maior abundância de água é
onde as informações são de incipiente a regular, com exceção da Paraíba que é um Estado que
tem uma disponibilidade hídrica per capita considerada em situação crítica < 1500
m³/hab.ano - (LIBÂNIO, 2010).
Figura 11 – Nível de implementação do monitoramento da qualidade das águas nas unidades da
Federação.
Fonte – ANA (2009).
A qualidade da água é definida através de suas características químicas,
bacteriológicas e físicas, as quais são determinadas por meio de exames realizados em
laboratórios através de análises químicas, bacteriológicas e exames físicos.
As características químicas da água são determinadas pela presença de substâncias
químicas oriundas dos terrenos por onde ela passou, ou recebeu de contribuição de seus
afluentes ou tributários. Essa determinação é feita por meio analítico e os resultados são
fornecidos pela concentração da substância em mg/l (miligrama por litro). As substâncias são:
ferro, magnésio, potássio, etc.
26
As análises bacteriológicas determinam se a água apresenta condições deser
consumida. O fator determinante é a presença, ou não, de coliformes, principalmente os fecais
que, nas águas potáveis não deve existir.
O exame físico determina as características físicas da água: cor, turbidez, sabor, odor
e temperatura.
Conforme Resolução do CONAMA Nº 357/2005 que “dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”. E que este
enquadramento dos corpos d’água deve estar baseado não necessariamente no seu estado
atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da
comunidade, o Riacho Tuntum sendo analisado por essa perspectiva ele seria enquadrado na
Seção I – Das Águas Doces -IV – classe 3: águas que podem ser destinadas :
d) à recreação de contato secundário; e
e) á dessedentação de animais.
O Ministério da Saúde em sua Portaria Nº 2914 de 12/12/2011 dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade. Dentro os diversos parâmetros analisados para a qualidade da água
descritos tanto na Resolução Nº 357/2005 e esta Portaria acima citada alguns serão objeto de
estudo deste trabalho que será descrito abaixo:
pH – o potencial hidrogeniônico é uma grandeza que varia de 0 a 14 e indica a
intensidade das condições ácidas ou alcalinas de uma solução aquosa. É um dos parâmetros
mais importantes e freqüente utilizado na analise da água.
Condutividade Elétrica (C.E) – A condutividade elétrica é a capacidade que a águapossui de conduzir corrente elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença de íons
(partículas carregadas eletricamente) dissolvidos na água. O parâmetro condutividade pode
contribuir para possíveis reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na bacia de
drenagem ocasionados por lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, entre
outros, segundo Silva (2009).
Alcalinidade Total – traduz a medida da capacidade que a água tem de neutralizar
ácidos. A medida da alcalinidade é de fundamental importância durante o processo de
27
tratamento de água, pois é em função do seu teor que se estabelece a dosagem dos produtos
químicos utilizados.
Turbidez – é a concentração de partículas suspensas e coloidais presentes na massa
líquida, tais como: argila, silte, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, plâncton e
microrganismos.
Cor – A cor da água é proveniente da matéria orgânica como, por exemplo,
substâncias húmicas, taninos e também por metais como o ferro e o manganês e resíduos
industriais fortemente coloridos.
Dureza Total – indica a concentração de cátions multivalentes presentes na
constituição da água, sobretudo de cálcio, magnésio e em menor quantidade de ferro e
alumínio. Segundo Libânio (2010), esta característica química acaba por refletir a natureza
geológica da bacia hidrográfica, sendo mais evidente nas regiões de formação calcárea e com
menor evidência nos terrenos argilosos e arenosos.
Coliformes totais – inclui amplo rol de bactérias ambientais e de origem fecal que
são capazes de sobreviver na água.
Coliformes termotolerantes:Escherichia coli – a presença desta bactéria é um
indicador de poluição fecal na água, pois a mesma apresenta-se em elevada concentração nas
fezes humanas e animais.
28
4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUNTUM
O município de Tuntum está localizado na mesorregião central do Maranhão, com
uma distância de 365 km da capital São Luís, com uma área de 3.389,996 Km² e
população estimada em 40.273 pessoas e com densidade demográfica de 11,56 hab/km². O
seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de 0,572 (IDMH, 2010), segundo
dados do IBGE (2013).
A sua economia passou por diversas fases desde a sua criação em 12/09/1955 e
foi grande produtor de algodão e arroz. Atualmente tem a pecuária sua maior expressão
econômica com um rebanho de aproximadamente 107.000 mil cabeças de bovinos,
distribuídos em 1.293 propriedades rurais (AGED – Tuntum – 2012).
As gramíneas mais cultivadas para a pastagens são a mombaça (Panicum
maximun), andropogon (Andropogon gayanus), braquiarão (Brachiaria brizantha). A
cana-de-açúcar também ocupa uma boa parcela das terras cultivadas para a fabricação de
cachaça, açúcar e álcool. A produção de arroz, feijão e mandioca é feita em pequena
escala que não chega a suprir a necessidade do município. Outras atividades econômicas
são as pequenas fábricas de cadeira de macarrão, olarias artesanais e uma cerâmica de
médio porte para produção de tijolos e telhas.
4.1 A bacia hidrográfica do Riacho Tuntum
29
Figura 12: Localização da microbacia do Riacho Tuntum
Fonte: IBGE, 2000.
O Riacho Tuntum foi citado provavelmente pela primeira vez na literatura peloautor Fran Paxeco em seu livro O Maranhão: subsídios históricos e Corográficos (1913),
onde ele fala um pouco sobre a hidrografia do Estado.
O Itapecuru principia nas encostas da serra desse nome, desenvolve-se primeiro
de oeste para leste, depois do sul ao norte, e, em seguida a inúmeras curvas,
mantém a última diretriz, te chegar ao Atlântico, com o trajeto de 1.650 km;
engrossam-no, da esquerda, os Alpercatas, Codó, Peritoró, Japão, Curador,
Tuntum, Cigana, e à direita o Pirapemas, o Gameleira, o Corrente.
O Riacho Tuntum é formado pelo encontro dos Riachos Arara e Refrigelo, sendo
que já chegando a este ponto de encontro o Refrigelo passa a ser nomeado de Sumaúma.
Os principais tributários que contribuem com a formação da microbacia do riacho pela sua
margem direita são: Igarapé Tiúba, Grota do Ciriaco, Riacho das Cutias e Baixão do
Arroz. Na sua margem esquerda tem a Grota do Macaco e a Grota da Malícia.
30
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES DAS ANÁLISES DE ÁGUA COLETADAS NA
MICROBACIA DO RIACHO TUNTUM
5.1 pH
O pH teve uma variação nas duas campanhas realizadas de 5,67 a 7,26 para os 4
poços amostrados. As três amostras do riacho que são os pontos 6, 7 e 8 a variação do pH
foi de 6,4 a 7,33. O Balneário Tiúba entre uma campanha e outra teve uma variação de
7,82 a 7,43.
O pH dos poços mostrou-se ligeiramente ácido nas duas campanhas exceto no
poço 3 quando o pH ficou ligeiramente alcalino (7,2). Os pontos coletados no riacho
mostram-se próximo do pH 7, exceto no ponto 6 que ficou em 6,4. (Tabelas 1 e 2, Figura
15: gráfico do pH).
Observa-se que as águas da microbacia do RiachoTuntum apresentaram pouca
variação de pH tanto nas águas subterrâneas como nas águas superficiais nas duas
campanhas realizadas.
O pH tem variações nas águas naturais em função dos sistemas carbonatos (CO2 –
H2CO3 – HCO3- - CO32-) e pode apresentar uma faixa de 4 a 9. No pH abaixo de 7 temos
predominância de CO2 (gás carbônico) e H 2CO3 (ácido carbônico) e os íons carbonatos
(CO32-). Os processos de decomposição da matéria orgânica, respiração e produtividade
primária podem influenciar o balanço deste sistema.
O pH influi no grau de solubilidade de diversas substâncias, e como conseqüência
na intensidade da cor, na distribuição das formas livres e ionizada de diversos compostos
químicos, definindo também o potencial de toxidade de vários elementos. (Libânio, 2010)
As variações do pH de um ecossistema aquático podem provocar sérias
consequências sobre os microrganismos. A maioria dos organismos aquáticos conseguem
sobreviver entre valores de pH de 5 a 9, sendo a faixa ótima em torno do neutro. (Santana
et al, 2011)
31
Figura 13: Variação dos valores de pH na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;
superficiais 6, 7, 8 e 9).
Variação de pH
pH
1ª Campanha
2ª Campanha
8
7
6
5
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.2 Condutividade Elétrica
A condutividade elétrica teve uma variação significativa entre as duas campanhas
nos pontos 01,02, 03 e 04 que são referentes aos poços. O ponto 06 que é do Riacho
Tuntum também apresentou uma variação entre as duas campanhas. Os outros 3 pontos de
coletas que são o 07 e08 do riacho e o ponto 09 que é do Balneário Tiúba a variação da
condutividade elétrica é mínima.
Os valores discrepantes dos pontos 01 e 03 entre as campanhas podem ter
ocorrido um erro na determinação deste parâmetro (Figura 16), isto poderá ser esclarecido
em um estudo futuro. Por outro lado pode ser uma condição natural os valores elevados de
condutividade nos pontos 01 e 03, pois os mesmos são corroborados pelos valores
elevados também dos íons maiores principalmente de cálcio, magnésio e cloreto.
Indicando que a hipótese de erro de análises não seja verdadeira. Mostrando assim uma
condição natural de lixiviação das águas subterrâneas devido a precipitação pluviométrica
na primeira campanha.
32
A condutividade elétrica indica a capacidade da água natural de transmitir a
corrente elétrica devido à presença de substâncias dissolvidas que se dissociam em ânions
e cátions. Normalmente são os íons de ferro, manganês, cálcio, magnésio, cloro. A
condutividade elétrica pode ajudar a detectar fontes poluidoras nos ecossistemas aquáticos
(ESTEVES, 1998).
Podemos observar é que nestes pontos onde houve uma maior variação da
condutividade elétrica é que a concentração de cloro, cálcio, magnésio e ferro sofreram
uma variação significativa.
Figura 14: Variação da Condutividade Elétrica na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2,
3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9).
Var. C. Elétrica- µS/cm
CE
1ª Campanha
2ª Campanha
690
590
490
390
290
190
90
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.3 Cor
A determinação da cor nospoços foi feita sem filtração (cor aparente), enquanto
que a cor das amostras do riacho foi feita após filtração (cor verdadeira). As maiores
variações da cor da água ocorreram na primeira campanha no ponto de coleta 03 referente
a um poço e nos pontos 06 e 08 do Riacho Tuntum. Os pontos 01, 02 e 03 dos poços não
tiveram alteração significativa da variação da cor e da mesma forma o ponto 09 referente
33
ao Balneário Tiúba. E na segunda campanha teve uma variação no ponto 06 referente ao
riacho.
No entanto, no caso das amostras coletadas no Riacho Tuntum, o que podemos
observar também é a contribuição das partículas em suspensão na água, pois entre um
período e outro entre as coletas o nível de água do mesmo baixou significativamente
devido o período sem chuvas na região. O Balneário Tiúba que foi formado pelo
represamento do Igarapé do mesmo nome não teve sua cor variada, pois o mesmo devido
ao período de pouca chuva não teve contribuição externa de particulados.
A cor da água é produzida pela reflexão da luz em partículas minúsculas,
denominadas colóides, e, pode também ser resultado da presença de compostos de ferro e
manganês ou do lançamento de diversos tipos de resíduos industriais.
Quando a cor se manifesta em águas subterrâneas, via de regra é resultado da
presença destes compostos de ferro e manganês (LIBÂNIO, 2010). No entanto as amostras
das águas dos poços não apresentaram nenhuma coloração aparente.
Figura 15: Variação da Cor na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais
6, 7, 8 e 9).
Variação de Cor -uH
Cor
1ª Campanha
2ªCampanha
80
60
40
20
0
1
2
Fonte: Raphaela Maia
3
4
6
7
8
9
P.coleta
34
5.4 Turbidez
A turbidez não teve variação entre as duas coletas, sendo que o único ponto onde
houve uma variação foi o ponto 06 onde na primeira campanha teve o valor de 184 uT e
na segunda campanha de 11 uT. Podendo ter sido causado pela drenagem urbana já que
este ponto de coleta fica dentro da cidade e coincidi com o final do período de chuvas.
A turbidez é caracterizada pela concentração de partículas suspensas e coloidais
presente na massa líquida. Grande parte das águas de rios brasileiros é naturalmente turva
em decorrência das características geológicas das bacias de drenagem, dos índices
pluviométricos e do uso e praticas agrícolas muitas vezes inadequadas.
A turbidez natural das águas superficiais está geralmente compreendida na faixa
de 3 a 500 uT, e inferior a 1,0 uT para águas subterrâneas com significativa frequência
decorrente da presença de ferro e manganês como também decorrente da cor.
Figura 16: Variação da Turbidez na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;
superficiais 6, 7, 8 e 9).
Variação da Turbidez - uT
Turbidez
1ª Campanha
2ª Campanha
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.5 Alcalinidade Total
A alcalinidade não apresentou grande variação nos valores entre as duas
campanhas sendo que os valores foram menores nos poços variando de 48 no poço 04 a
124 mg/L no poço 01 na primeira campanha e na segunda campanha de 30 no poço 04 e
de 78mg/L no poço 01. Os pontos do Riacho Tuntum os valores foram mais altos
variando de 164 no ponto 06 a 190 mg/L no ponto 08 na primeira campanha e de 196 no
35
ponto 07 a 224 mg/L no ponto 06 na segunda campanha. O Balneário Tiúba os valores
encontrados foram de 198 na primeira campanha e de 215 mg/L na segunda.
A alcalinidade representa a capacidade que um sistema aquoso tem de neutralizar
ácidos ou a de minimizar variações significativas de pH, esta capacidade depende de
alguns compostos, principalmente bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos.
Figura 17: Variação da Alcalinidade Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e
4; superficiais 6, 7, 8 e 9).
Variação da Alcalinidade Total
AT
1ª Campanha
2ª Campanha
225
175
125
75
25
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.6 Dureza Total
A dureza total nos poços apresentou pequena variação entre as campanhas 01 e
02, exceto no poço 01 que foi de 628 mg/L na primeira campanha.
A variação da dureza total nas amostras do Riacho Tuntum foi de 126 mg/L a
234 mg/L para a primeira campanha e de 58 mg/L a 112 mg/L na segunda campanha.
Logo houve uma redução deste parâmetro na segunda campanha somente para os pontos
coletados no riacho. O Balneário Tiúba a variação entre as duas campanhas foi de 228
mg/L na primeira campanha e de 86 mg/L na segunda.
A dureza da água está relacionada principalmente a concentração de sais cálcio e
magnésio, e se manifesta pela resistência a saponificação. Estes valores de dureza estão
36
condizentes com as concentrações de cálcio emagnésio detectados tanto na primeira como
segunda campanha (Ver Apêndice A e B).
No Brasil, salvo algumas exceções como a Região Norte do estado de Minas
Gerais, as águas superficiais são brandas ou moderadamente duras (valores comumente
inferiores a 100 mg/L CaCO 3), com teores significativos de dureza ocorrendo mais
usualmente para as águas subterrâneas (LIBÂNIO, 2010).
Figura 18: Variação de Dureza Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;
superficiais 6, 7, 8 e 9).
Variação da Dureza Total
DT - (mg/L)
1ª Campanha
2ª Campanha
660
560
460
360
260
160
60
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.7 Íons Maiores
5.7.1 Cálcio
O cálcio teve uma variação menor nos poços, exceto no poço 01 na primeira
campanha. Na segunda campanha os valores foram ligeiramente mais elevados. No
Riacho Tuntum ao contrário da água dos poços, os valores encontrados na segunda
campanha foram menores exceto o ponto 06, o mesmo ocorrendo com o Balneário Tiúba.
E provável que as chuvas sejam um fator de intemperismo na liberação dos íons
cálcio das águas superficiais.
É um dos principais constituintes da água e o principal responsável pela dureza,
apresentado-se, em geral, sob a forma de bicarbonato e raramente como carbonato. O
37
cálcio é o elemento mais abundante existente na maioria das águas naturais e rochas. Nas
águas subterrâneas, os teores de cálcio variam, em geral, de 10 a 100mg/L. (FEITOSA et
al.,2008)
Figura 19: Variação de Cálcio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;superficiais 6, 7, 8 e 9).
Variação de Cálcio
Ca-(mg/L)
160
1ª Campanha
2ª Campanha
140
120
100
80
60
40
20
0
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.7.2 Magnésio
O magnésio variou de 8 a 80mg/L nos poços na primeira campanha e de 4,4 a 9,2
mg/L na segunda. E para o riacho a variação foi de 19,5 a 29 mg/L na primeira campanha
e de 0,5 a 3 mg/L na segunda. O Balneário Tiúba teve uma variação de 27,7 na primeira
campanha e baixando para 2,4 mg/L na segunda.
O magnésio também é responsável pela dureza da água e produz o gosto salobro
da mesma. As águas subterrâneas apresentam teores mais freqüentes no intervalo de 1 a
40 mg/L. Durante a primeira campanha de coletas de água, em conversa com moradores
que são abastecidos pelo poço do ponto 01, foi informado pelo mesmos que a água tinha
um gosto bastante salobro. No entanto na segunda campanha, já foi dito que o mesmo
apresentava uma melhora significativa no sabor o que reflete no resultado do teor de
magnésio do mesmo. (Ver Apêndice A e B).
38
Figura 20: Variação do Magnésio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;
superficiais 6, 7, 8 e 9)
Variação de Magnésio
Mg- (mg/L)
1ª Campanha
100
2ª Campanha
80
60
40
20
0
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.7.3 Cloreto
O cloreto apresentou pequena variação entre as duas campanhas, exceto no poço
01 que na primeira campanha teve um valor de 233 mg/L e o Balneário Tiúba que na
segunda campanha foi de 192 mg/L. (Ver Apêndice A e B).
As outras amostras dos poços naprimeira campanha tiveram uma variação de 30
a 35 mg/L e na segunda campanha de 23 a 34 mg/L. Os pontos de amostragem do riacho
na primeira campanha variaram de 82 a 122 mg/L e na segunda campanha de 97 a 102
mg/L.
Os cloretos estão presentes em todas as águas naturais, com valores situados entre
10 a 250 mg/L nas águas doces. As águas subterrâneas apresentam geralmente, teores de
cloreto inferiores a 100 mg/L. (FEITOSA et al.,2008). O cloreto é um bom indicador de
poluição para aterros sanitários e lixões.
39
Figura 21: Variação do Cloreto na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;
superficiais 6, 7, 8 e 9).
Variação de Cloreto
Cl- (mg/L)
1ª Campanha
2ª Campanha
250
200
150
100
50
0
1
2
3
4
6
7
8
9
P.coleta
Fonte: Raphaela Maia
5.8 Serie Nitrogenada
5.8.1 Amônia Total (NH4 + NH3)
Os valores de amônia foram próximos de zero tanto na primeira e segunda
campanha para os poços (. Acesso em: Dia
29/08/2013 às 10:25.
REIS, Roberto Avelino Cecílio. APOSTILA DIDÁTICA: manejo de bacias hidrográficas.
Espírito Santo: Universidade Federal do Espírito Santo, 2006.
SANTANA, Derli Prudente. Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas. In: Documentos
Embrapa, 30. Disponível em:
. Acesso em:
28/08/2013 às 11:55.
SANTANA, Sidney Henrique Campelo de. et al Estudo de parâmetros de qualidade de água e
análise de imagens do Landsat 5 referente ao oeste da região do Submédio São Francisco. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO - SBSR, 15, 2011,Curitiba.
Anais... Curitiba: INPE, 2011.p.1487-1494.
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Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, n. 3, p. 182-188, nov. 1994.
SILVA, D.F. da. Análise de aspectos climatológicos, ambientais, agroeconômicos e de
seus efeitos sobre a Bacia hidrográfica do rio Mundaú (AL e PE). Tese (Doutorado em
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SOUZA, S. R. de et al. Caracterização do conflito de uso e ocupação do solo nas áreas de
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. Acesso em:
29/08/2013 às 10:36.
TEODORO, V. L. L. et. al. O conceito de bacia hidrográfica e a importância da caracterização
morfométrica para o entendimento da dinâmica local. Revista UNIARA. Araraquara, SP, n.
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48
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO. Núcleo Geoambiental. Programa de
Planejamento e Gestão Territorial BACIAS HIDROGRÁFICAS. Subsídios para o
Planejamento e a Gestão Territorial. São Luís, 2011.
ZEITUM, Afiz Carmo. Legislação e gerenciamento sobre os Recursos Hídricos no Brasil.
Dissertação (Mestrado Multidisciplinar em Ecologia e Produção Sustentável)- Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu. Universidade Católica de Goiás, 2009.
49
APÊNDICE
50
APÊNDICE A – DADOS FÍSICO-QUÍMICOS DO MUNICÍPIO DE TUNTUM – MA (1ª
CAMPANHA)
51
APÊNDICE B – Dados físico-químicos do Município de Tuntum – MA (2ª Campanha)
52
APÊNDICE C – PONTOS GEORREFERENCIADOS NA MICROBACIA DO RIACHO
TUNTUM

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