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Impacto Ambiental nas Águas do Riacho Tuntum de ritancunha | trabalhosfeitos.com UNIVERSIDADE GAMA FILHO CENTRAL DE CURSOS DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO CUROS DE GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS IMPACTO AMBIENTAL NAS ÁGUAS DO RIACHO TUNTUM – MA RITA DE CÁSSIA NEIVA CUNHA São Luís 2013 RITA DE CÁSSIA NEIVA CUNHA IMPACTO AMBIENTAL NAS ÁGUAS DO RIACHO TUNTUM – MA Monografia apresentada à Central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu como requisito parcial para a conclusão de especialização em Gestão Ambiental em Empresas. Professor orientador Debora Rodrigues Barbosa Professor co-orientador Odilon Teixeira de Melo São Luís 2013 Rita de Cássia Neiva Cunha Impacto Ambiental nas águas do Riacho Tuntum – MA Monografia apresentada à central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental em Empresa. AVALIAÇÃO 1. CONTEÚDO Grau: ________ 2. FORMA Grau: ________ 3. NOTA FINAL: ______________ AVALIADO POR _________________________________ (Assinatura) ___________________________________ (Assinatura) São Luís, 21 de novembro de 2013. ______________________________________ “Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo.” Galileu Galilei DEDICATÓRIA Aos meus pais, Raimundo Cunha e Linoci Cunha por seu apoio incondicional as minhas escolhas acadêmicas. Meus filhos César Eugênio e Amélia Beatriz e o marido César Augusto. AGRADECIMENTOS Aos meus parentes que quando precisei não se furtaram em meajudar com suas memórias, busca por informação ou material de consulta, apoio moral, Tio Erimilton Freitas, meus irmãos Carlos, Nádja, Karenine e os primos Dida, Carmem Bonfim, Leonardo, Cleones e cunhada Lucineide e todos os outros aqui não citados que ficaram na torcida. Ao Prof. Odilon Teixeira de Melo que aceitou ser meu co-orientador. Também disponibilizou o seu laboratório com os recursos necessários para análises químicas e ainda com a participação nas coletas de campo, apresentação e discussão dos resultados. Ao João Filho geógrafo do NuGeo que foi a Tuntum coletar os dados para fazer os mapas no trabalho. A estudante de Engenharia Ambiental Raphaela Maia com a participação na primeira campanha para a coleta de água dos poços, riacho e balneário . Ernane que foi um guia paciente para localizar todos os pontos onde queríamos ir e a Cosme que foi o guia da segunda campanha. RESUMO O Riacho Tuntum em um processo de interferência antrópica se encontra atualmente bastante devastado. As suas águas antes usadas pela população do município de Tuntum – MA para as suas necessidades de limpeza e higienização das roupas, hoje não podem ser mais usadas. O seu leito, após o período de chuvas, se encontra praticamente seco. A mata ciliar outrora abundante foi reduzida a pequenos trechos devido ao uso das suas margens para o plantio de pastagens. A situação do riacho perante a legislação vigente é de abandono. O presente trabalho tem o objetivo de analisar vários parâmetros de água como o pH, condutividade elétrica, cor, turbidez, alcalinidade, dureza total, íons maiores (cálcio, magnésio ecloreto), amônia, nitrato e coliformes totais e termo tolerantes. Estes parâmetros foram analisados em duas campanhas de coletas de água sendo a primeira realizada nos dias 06 e 07 de julho e a segunda no dia 31 de agosto de 2013. O resultado deste trabalho fornece dados para identificar os conflitos de uso ora destinados ao riacho, sejam eles de depósito para efluentes ou de margens desmatadas para uso da pecuária. Palavras chave: Qualidade de água, Impacto ambiental, Riacho Tuntum. ABSTRACT The Tuntum Stream, which has been undergoing an anthropological interference process, is really devastated nowadays. Its water, which used to be spent on cleaning and clothes’ washing by the population of the city of Tuntum – MA, is not appropriate for this purpose these days. Its bed is really dry even after the rain period. The abundant riparian forest was reduced to small parts of woods due to the use of the river banks for the plantation of pastures. According to the present legislation the stream situation is of total abandonment. The objective of this study is to analyze some water parameters such as: pH, electric conductivity, color, turbidity, alkalinity, total water hardness, major ions (calcium, magnesium and chloride), ammonia, nitrate and total and thermo tolerant coliforms. These parameters were analyzed during two water collection campaigns, the first on July 06 th and 7th and the second on August 31st , 2013.The result of this study provides data in order to identify the stream usage conflicts either as effluent storage or as the stream banks deforestation for cattle raisinguse. Key words: Water quality, Environmental impact, Tuntum Stream. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01: Bacia Hidrográfica do Riacho Tuntum .................................................. 13 FIGURA 02: FOTO 01 - Coleta dos Pontos Georreferenciados .................................. 14 FIGURA 03: FOTO 02 – Coleta de Água do Riacho Tuntum Dia 06/07/2013 ............ 15 FIGURA 04: FOTO 03 – Coleta de água do poço 03 – Canto Bom ............................ 16 FIGURA 05: FOTO 04 – Coleta de água do Balneário Tiúba ..................................... 16 FIGURA 06: FOTO 05 – Coleta de água Riacho Tuntum ........................................... 17 FIGURA 07: FOTO 06 – Água do Riacho Tuntum em análise no LaboHidro – UFMA .................................................................................................................................. 17 FIGURA 08: FOTO 07 – Água dos Poços retirada para análise. Local: LaboHidro – UFMA ....................................................................................................................... 18 FIGURA 09 – Bloco diagrama de uma Bacia Hidrográfica ................................................20 FIGURA 10 - Frequências de coleta de amostras das Unidades da Federação ...................24 FIGURA 11 – Nível de implementação do monitoramento da qualidade das águas nas unidades da Federação .........................................................................................................25 FIGURA 12: Localização da microbacia do Riacho Tuntum ...................................... 29 FIGURA 13: Variação dos valores depH na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2 e 3; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................ 31 FIGURA 14: Variação da Condutividade Elétrica na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................. 32 FIGURA 15: Variação da Cor na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ................................................................................. 33 FIGURA 16: Variação da Turbidez na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 34 FIGURA 17: Variação da Alcalinidade Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2 e 3; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................ 35 FIGURA 18: Variação de Dureza Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 36 FIGURA 19: Variação de Cálcio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................................. 37 Figura 20: Variação do Magnésio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 38 FIGURA 21: Variação do Cloreto na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e9) ........................................................ 39 FIGURA 22: Variação da Amônia na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ........................................................ 40 FIGURA 23: Variação de ferro na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) ............................................................................. 41 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 2 METODOLOGIA ................................................................................................. 13 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 19 3.1 A importância da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento ........... 19 3.2 A Política Nacional dos Recursos Hídricos ............................................................... 21 3.3 Análise de qualidade da água ............................................................................ 22 4. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUNTUM .................................... 28 4.1 A bacia hidrográfica do Riacho Tuntum ........................................................... 28 5. RESULTADOS E DISCURSSÕES DAS ANÁLISES DE ÁGUA COLETADAS NA MICROBACIA DO RIACHO TUNTUM ......................................................... 30 5.1 Ph ........................................................................................................................ 30 5.2 Condutividade Elétrica...................................................................................... 31 5.3 Cor ...................................................................................................................... 32 5.4 Turbidez ............................................................................................................. 34 5.5 Alcalinidade Total .............................................................................................. 34 5.6 Dureza Total ....................................................................................................... 35 5.7 Íons Maiores ....................................................................................................... 36 5.7.1 Cálcio................................................................................................................ 36 5.7.2 Magnésio .......................................................................................................... 37 5.7.3 Cloreto .............................................................................................................. 38 5.8 Série Nitrogenada ............................................................................................... 39 5.8.1 Amônia Total .................................................................................................... 39 5.8.2 Nitrato ............................................................................................................... 40 5.9 Ferro ................................................................................................................... 40 5.10 Coliformes......................................................................................................... 41 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 43 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 45 APÊNDICE .....................................................................................................................49 APÊNDICE A ......................................................................................................... 50 APÊNDICE B ......................................................................................................... 51 APÊNDICE C ......................................................................................................... 52 11 1 INTRODUÇÃO A água é um dos bens mais preciosos do planeta e, sem ela, a vida se torna inviável. No entanto, o recurso é tratado com grande descaso por uma significativa parte da população. Ao longo dos anos, os mares, rios e riachos estão sendo utilizados como destino final para o despejo dos dejetos humanos e, é comum encontrar a canalização destes resíduos diretamente nestes corpos de águas sem antes passar por algum tratamento. Muitos processos indústrias na fabricação de bens de consumo têm seus efluentes despejados diretamente nos corpos d’águas. Os recursos hídricos são utilizados como receptáculo para defensivos agrícolas, em locais próximos das margens e nascentes, ocasionando assim a contaminação da água. O Estado do Maranhão, ao longo de sua história, passou por várias faseseconômicas relacionadas a algum produto como a cana-de-açúcar, algodão, arroz, farinha de mandioca, extração de óleo de babaçu. No momento atual, há uma maior evidência na pecuária e plantação de soja. Estas duas atividades contribuíram para o amplo movimento do êxodo rural que o Estado passou na segunda metade do século XX. Essa mudança no fluxo populacional traz um agravamento em problemas já existentes nos centros urbanos como moradia, saneamento básico, saúde, emprego e segurança. O Maranhão tem uma área de 333.937,450 Km² e uma população estimada em 6.714.314 pessoas segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2012). O estado está dividido em 217 municípios que são distribuídos em 5 mesorregiões e 21 microrregiões. Uma parte do Estado se encontra inserido na chamada Amazônia legal e é o que tem menos características da região nordeste e o com maior potencial hídrico com rios perenes e volumes de águas sazonais, bom índice pluviométrico e um grande litoral. São encontradas 12 bacias hidrográficas das quais 9 são bacias estaduais e 3 federais (NuGeo, 2011). Apesar de toda esta riqueza hidrográfica estes recursos encontram-se em risco devido ao pouco saneamento básico existente em todo o Estado do Maranhão e muitos desses rios sejam o destino do esgotamento sanitário e resíduos sólidos. O município de Tuntum não possui um sistema de tratamento de esgoto e o seu abastecimento de água é feito através de poços. Os recursos hídricos superficiais presentes no município são fruto de duas bacias hidrográficas, dos rios Mearim e Itapecuru. 12 O RiachoTuntum era usado por parte da população como local de recreação e lavagem de roupas, no entanto no estadual atual em que se encontra não permite mais estas atividades. Este trabalho vai analisar a qualidade da água deste corpo d’água. A importância de se fazer uma análise da situação atual do Riacho Tuntum é a possibilidade de que a partir deste diagnóstico e discussão da problemática da microbacia do riacho se tenha subsídios suficientes para a tomada de decisão pelo poder público municipal do melhor caminho para a recuperação deste corpo d’água. A população do município precisa ter um real conhecimento da importância do mesmo para o equilíbrio ecológico da região. Dentro desse contexto, o objetivo desse trabalho é analisar a qualidade da água do riacho Tuntum, dentro do município homônimo. 13 2 METODOLOGIA Para o estudo da microbacia do Riacho Tuntum o desenvolvimento do trabalho foi concebido em várias fases. Depois de definido o tema do trabalho a primeira fase foi o levantamento bibliográfico para a verificação da existência de trabalhos semelhantes na região e a busca de legislação e informações complementares juntos aos órgãos ambientais. Em seguida, a segunda fase foi a visita de campo a micro bacia do Riacho Tuntum onde foi coletada 3 amostras de água do riacho, 4 amostra de poços artesianos a montante e jusante do referido riacho e 1 amostra do Balneário Tiúba. Figura 01 – Bacia Hidrográfica do Riacho Tuntum, com os pontos de coleta de água .Fonte: Conceição Filho (2013) A definição para a aquisição dos pontos georreferenciados com GPS da área de coletas de águado Riacho Tuntum e dos Poços obedeceram aos critérios e meto dologias 14 estabelecidos antes da visita de campo. O GPS utilizado foi de navegação Map 76CSx com precisão de 10m. (Foto 01) Figura 02: Foto 01 - Coleta dos Pontos Georreferenciados Fonte: Tirada pelo próprio autor (06/07/2013) Para Georreferenciamento e adequação cartográfica, foi utilizado o Software Spring 4.2.0; elaborado e disponibilizado pelo (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). Após a criação do Banco de Dados da bacia hidrográfica do riacho Tuntum, os pontos foram importados, para uma melhor espacialização desses, que foram organizados com o uso do programa Corel Draw 12.0. Para a obtenção do mapa de Uso e Cobertura Vegetal, foram utilizadas imagens de satélites do município de Tuntum, Órbita/Ponto 220/064 cuja data de passagem foi 27/ 07/ 2010. As bandas utilizadas foram Bandas 3, 4 e 5. Adquiridas através do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). Foi georreferenciado um total de 25 pontos com o objetivo de caracterizar as diferentes feições de vegetação assim como os usos antrópicos existentes durante toda a extensão da bacia hidrográfica do riacho Tuntum. Após a criação do Banco de Dados, as imagens foram transformadas de TIFF em GRIB e em seguida feito o registro das imagens 15 com um total de 16 pontos de controle para depois então ser feito a vetorização das mesmas. Outro aspecto foi o registro através do georreferenciamento do lixão e do futuro aterro sanitário da cidade, pois, os mesmos se encontram dentro da área da microbacia. Sendo que todas as atividades destavisita de campo foram registradas em fotografias, no dia 06/07/2013. As coletas de águas foram realizadas em dois períodos diferentes: a primeira, foi nos dias 06 e 07 de 07/2013 e a segunda no dia 31 do 08/2013. Os parâmetros analisados são: pH, C.E (condutividade elétrica), ferro, cor, turbidez, dureza total, alcalinidade total, amônia, sódio, potássio, cálcio, magnésio, coliformes totais e coliformes termotolerantes – Escherichia coli. (Fotos 02, 03, 04 e 05) Figura 03: Foto 02 – Coleta de Água do Riacho Tuntum Fonte: Tirada pelo próprio autor (06/07/2013) 16 Figura 04: Foto 03 – Coleta de água do poço 03 – Canto Bom Fonte: Tirada pelo próprio autor (06/07/2013) Figura 05: Foto 04 – Coleta de água do Balneário Tiúba. Fonte: Tirada pelo próprio autor (31/08/2013) 17 Figura 06: Foto 05 – Coleta de água Riacho Tuntum Fonte: Tirada pelo próprio autor (31/08/2013) As amostras de água coletadas foram mantidas dentro de uma caixa térmica com gelo, para a sua conservação, até serem levadas ao laboratório da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís - MA. (Fotos 06 e 07) Figura 07: Foto 06 – Água do Riacho Tuntum em análise no LABOHIDRO – UFMA Fonte: Raphaela Maia (31/08/2013) 18 Figura 08: Foto 07 – Água dos Poços retirada para análise no LABOHIDRO - UFMA. Fonte: Raphaela Maia (31/08/2013) 19 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 A importância da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento Nas últimas décadas a preocupação com o meio ambiente tornou-se uma constante no pensamento mundial. A escassez dos recursos naturais disponíveis e a quedana qualidade de vida da população mundial (fruto de um desenvolvimento econômico predatório e não sustentável) tornaram-se um problema a ser discutido, sobretudo a partir de segunda metade do século passado (BARBOSA, 2013). De acordo com Barbosa et al (2012), a bacia hidrográfica é reconhecida como unidade espacial da Geografia Física desde os meados do século XX. Atualmente, outras ciências, ditas ambientais incorporam, em seus estudos, a análise dessa unidade especial, no sentido de desenvolver programas de proteção ambiental. A Lei n. 9.443/1997 no seu Capitulo I, Art. 1º, IV, informa que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. No Maranhão a Lei n. 8.149/2004 regulamentada pelo Decreto Nº 27.845/2011 reconhece que “a bacia hidrográfica é a unidade físico-territorial para a implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos e a atuação do Sistema Integrado de Recursos Hídricos”. A Política Nacional de Saneamento Básico cuja Lei é a Nº 11.445/2007 também destaca a importância da bacia hidrográfica no seu Capitulo IX, Art. 48, X, - “a adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de suas ações”. Na lei que estabelece as diretrizes para a elaboração do Plano Diretor não foi adotado a bacia hidrográfica como unidade físico-territorial para sua elaboração, mais é de suma importância, que esta seja observada, uma vez que,a origem das cidades, povoados e comunidades sempre privilegiaram áreas próximas aos cursos d’água.Várias políticas a nível federal e estadual estão colocando a bacia hidrográfica como unidade de referências para os seus planejamentos então é necessário que se tenha um entendimento do que seja a mesma. Vários autores descrevem e até fazem uma divisão entre bacias hidrográficas, sub-bacias e microbacias. 20 A bacia hidrográfica pode ser definida como “unidade física, caracterizada como a área de terra drenada por um determinado curso d’água e limitada, perifericamente, pelo chamado divisor de águas” (MACHADO, 2002, p. 18). – Figura 11. Figura 09 – Bloco diagrama de uma Bacia Hidrográfica Fonte: Cecílio (2006). Um conceito de bacia hidrográfica que dá uma noção de toda a sua composição na agregação de um riacho e sua importância é a de Barrella (2001 apud Teodoro et al, 2007), sendo definido como um conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol freático. As águas superficiais escoam para as partes mais baixas do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas por riachos que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e à medida que as águas dos riachos descem, juntam-se a outros riachos, aumentando o volume e formando os primeiros rios, esses pequenos rios continuam seus trajetos recebendo água de outros tributários, formando rios maiores até desembocarem no oceano. 21 As sub-bacias ou microbacias são o resultado dodesmembramento das bacias em unidades menores e são consideradas áreas de drenagem dos tributários dos cursos de água principal. Segundo Silva (1994, p. 182) em seu artigo intitulado “Manejo Integrado em Microbacias hidrográficas” define-as como: Conceito técnico sendo uma área geográfica de captação de água composta por pequenos canais de confluência e delimitada por divisores naturais. Informando ainda que seja admitida como a menor unidade territorial capaz de enfocar as variáveis ambientais de forma sistêmica. A visão ecológica de micro bacia é que ela sendo considerada a menor unidade do ecossistema pode-se melhor monitorar as inter-relações que nela ocorrem e assim ter um melhor controle do impacto ambiental. Atualmente, é observado o descaso com esses pequenos cursos d’água que formam essas microbacias quanto ao desmatamento de suas margens para a implantação de lavouras agrícolas, pastagens para a pecuária. Dependendo da região, a maioria dos tributários destes corpos d’água, não é perene e, com isso, contribuem mais ainda para não terem a sua importância na cadeia de recursos hídricos respeitados. 3.2 A Política Nacional dos Recursos Hídricos De acordo com a Constituição Federal de 1988 no seu Capitulo VI, mais precisamente no Artigo 225 fica claro o direito e a responsabilidade de todos sobre o meio ambiente: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Por sua vez, ADeclaração Universal dos Direitos da Água nos seus artigos de 1º, 4º, 5º, 6º e 7º informa que clara a responsabilidade não só dos governos mais de todos. Art.1- A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos. Art. 4- O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. 22 Art. 5- A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. Art. 6- A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. Art. 7- A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. A Política Nacional dos Recursos Hídricos no seu Capitulo I, Art. 1º, I, diz que “a água é um bem de domínio público”. Este enfoque foi diferente na legislação brasileira, pois, o Decreto das Águas de 1934, em seu Capítulo III, Art. 8º dizia:São particulares as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns. Essa visão que permitia a classificação da água como um bem particular com certeza era um motivo de entrave ao acesso a mesma por grade parte da população no meio rural, onde proprietários de terras podiam cercar as nascentes de rios, riachos. O acesso a estes corpos de água só eram permitidos se existissem vias de acessos e na falta deste os vizinhos que por necessidades tivessem que fazer uso dos mesmos seriam responsável pela reparação de qualquer dano que ocorresse durante a utilização. As políticas públicas que determinam as bacias – ou microbacias – hidrográficas como unidade de planejamento partem da perspectiva do desenvolvimento sustentável e preservação ambiental com o pressuposto do uso racional dos recursos hídricos. Não pode ser determinado o uso dos corpos d’água sem o conhecimento de sua dinâmica ambiental. 3.3 Análise de qualidade da água Para Fiorillo (2013), a água, conforme determina o art. 3º, V, da Lei 6.938/81, bem como o art. 2º, IV, da Lei 9.985/2000, é um recurso ambiental. Como tal é essencial às funções vitais e existe na biosfera na forma líquida (salgada e doce), sólida (doce) e de vapor (doce). 23 Segundo Canepa (1999 apud ZEITUM, 2009), a água é considerada um recurso ou bem econômico, porque é finita, vulnerável e essencial para a conservação da vida e do meio ambiente. A água é também tida como um recurso ambiental, pois a sua alteraçãopode contribuir para a degradação da qualidade do meio ambiente. Já a degradação ambiental afeta de forma direta ou indireta, a saúde, a segurança, bem-estar da população, qualidade dos recursos ambientais. Na descrição de Libânio (2010), constitui-se também no solvente universal da maioria das substâncias, modificando-as e modificando-se em função destas. Diversas características das águas naturais advêm desta capacidade de dissolução, diferenciando-as pelas características do solo da bacia hidrográfica. Outro ponto muito discutido sobre a água é a quantidade e a qualidade da mesma, segundo D’Agostini et al (2013), sem água em quantidade suficiente, é claro que pouco se pode fazer. E com bastante água, mas cujas características não são adequadas para aquilo que precisamos ou queremos, também não se pode fazer muita coisa. Por isso, evidentemente surgem problemas quando não se dispõe de água em quantidade suficiente e com características necessárias. No Brasil não tem problemas com a quantidade da água disponível para consumo humano. O problema que é como a mesma se encontra distribuída e com os períodos de escassez que está diretamente relacionado com o regime de chuvas. Outra problemática é o depósito de efluentes nos corpos d’água fazendo com que a qualidade da água seja comprometida. D’Agostini et al (2013), afirma que Sobre essas condições de escassez e de abundância extremadas, pouco ou quase nada se pode fazer – a não ser a partir de nossa impressionante capacidade de nos adaptar às condições do meio. Ou, mais ainda, a partir de nossa incontrolável vontade de adaptar o meio àsnossas insaciáveis necessidades. No que concerne a poluição da água segundo Fiorillo (2013), o conceito de poluição, previsto no art. 13. § 1º, do Decreto n. 73.030/73, encontra-se em conformidade com o art. 3º, III, da Política Nacional do Meio Ambiente, ao preceituar que a poluição da água é qualquer alteração química, física ou biológica que possa importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações, causar dano à flora e a fauna, ou comprometer o seu uso para finalidades sociais e econômicas. 24 A Agência Nacional de Água lançou o PNQA que é o Programa Nacional de Qualidade de Águas que tem como objetivo ampliar o conhecimento das águas superficiais do Brasil. Este programa tem os seguintes objetivos: - Eliminar as lacunas geográficas e temporais no monitoramento de qualidade de água; - Tornar as informações de qualidade de água comparáveis em âmbito nacional; - Aumentar a confiabilidade das informações de qualidade de água; - Avaliar, divulgar e disponibilizar à sociedade as informações de qualidade de água. Com as informações obtidas foi elaborada a figura a seguir, onde se observa a freqüência com a qual são coletadas amostras de águas pelas unidades da Federação. Observamos que não existe uma padronização quanto à coleta ou mesmo o comprometimento dos Estados com a obtenção destas informações. Figura 10 - Frequências de coleta de amostras das Unidades da Federação. Fonte – ANA (2009) A importância da qualidade da água está descrita na Política Nacional de Recursos Hídricos, que define, entre os seus objetivos o de “assegurar à atual e ás futurasgerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos” (Art. 2o, Cap. II, Tit. I, Lei Nº 9.433). Na legislação também foi determinada como uma das diretrizes de ação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, “a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade e a 25 integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental” (Art 3o, Cap. III, Tit. I, LeiNº 9.433). Nesta figura 13 fica claro que os Estados onde se têm maior abundância de água é onde as informações são de incipiente a regular, com exceção da Paraíba que é um Estado que tem uma disponibilidade hídrica per capita considerada em situação crítica < 1500 m³/hab.ano - (LIBÂNIO, 2010). Figura 11 – Nível de implementação do monitoramento da qualidade das águas nas unidades da Federação. Fonte – ANA (2009). A qualidade da água é definida através de suas características químicas, bacteriológicas e físicas, as quais são determinadas por meio de exames realizados em laboratórios através de análises químicas, bacteriológicas e exames físicos. As características químicas da água são determinadas pela presença de substâncias químicas oriundas dos terrenos por onde ela passou, ou recebeu de contribuição de seus afluentes ou tributários. Essa determinação é feita por meio analítico e os resultados são fornecidos pela concentração da substância em mg/l (miligrama por litro). As substâncias são: ferro, magnésio, potássio, etc. 26 As análises bacteriológicas determinam se a água apresenta condições deser consumida. O fator determinante é a presença, ou não, de coliformes, principalmente os fecais que, nas águas potáveis não deve existir. O exame físico determina as características físicas da água: cor, turbidez, sabor, odor e temperatura. Conforme Resolução do CONAMA Nº 357/2005 que “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”. E que este enquadramento dos corpos d’água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da comunidade, o Riacho Tuntum sendo analisado por essa perspectiva ele seria enquadrado na Seção I – Das Águas Doces -IV – classe 3: águas que podem ser destinadas : d) à recreação de contato secundário; e e) á dessedentação de animais. O Ministério da Saúde em sua Portaria Nº 2914 de 12/12/2011 dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Dentro os diversos parâmetros analisados para a qualidade da água descritos tanto na Resolução Nº 357/2005 e esta Portaria acima citada alguns serão objeto de estudo deste trabalho que será descrito abaixo: pH – o potencial hidrogeniônico é uma grandeza que varia de 0 a 14 e indica a intensidade das condições ácidas ou alcalinas de uma solução aquosa. É um dos parâmetros mais importantes e freqüente utilizado na analise da água. Condutividade Elétrica (C.E) – A condutividade elétrica é a capacidade que a águapossui de conduzir corrente elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença de íons (partículas carregadas eletricamente) dissolvidos na água. O parâmetro condutividade pode contribuir para possíveis reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na bacia de drenagem ocasionados por lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, entre outros, segundo Silva (2009). Alcalinidade Total – traduz a medida da capacidade que a água tem de neutralizar ácidos. A medida da alcalinidade é de fundamental importância durante o processo de 27 tratamento de água, pois é em função do seu teor que se estabelece a dosagem dos produtos químicos utilizados. Turbidez – é a concentração de partículas suspensas e coloidais presentes na massa líquida, tais como: argila, silte, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, plâncton e microrganismos. Cor – A cor da água é proveniente da matéria orgânica como, por exemplo, substâncias húmicas, taninos e também por metais como o ferro e o manganês e resíduos industriais fortemente coloridos. Dureza Total – indica a concentração de cátions multivalentes presentes na constituição da água, sobretudo de cálcio, magnésio e em menor quantidade de ferro e alumínio. Segundo Libânio (2010), esta característica química acaba por refletir a natureza geológica da bacia hidrográfica, sendo mais evidente nas regiões de formação calcárea e com menor evidência nos terrenos argilosos e arenosos. Coliformes totais – inclui amplo rol de bactérias ambientais e de origem fecal que são capazes de sobreviver na água. Coliformes termotolerantes:Escherichia coli – a presença desta bactéria é um indicador de poluição fecal na água, pois a mesma apresenta-se em elevada concentração nas fezes humanas e animais. 28 4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUNTUM O município de Tuntum está localizado na mesorregião central do Maranhão, com uma distância de 365 km da capital São Luís, com uma área de 3.389,996 Km² e população estimada em 40.273 pessoas e com densidade demográfica de 11,56 hab/km². O seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de 0,572 (IDMH, 2010), segundo dados do IBGE (2013). A sua economia passou por diversas fases desde a sua criação em 12/09/1955 e foi grande produtor de algodão e arroz. Atualmente tem a pecuária sua maior expressão econômica com um rebanho de aproximadamente 107.000 mil cabeças de bovinos, distribuídos em 1.293 propriedades rurais (AGED – Tuntum – 2012). As gramíneas mais cultivadas para a pastagens são a mombaça (Panicum maximun), andropogon (Andropogon gayanus), braquiarão (Brachiaria brizantha). A cana-de-açúcar também ocupa uma boa parcela das terras cultivadas para a fabricação de cachaça, açúcar e álcool. A produção de arroz, feijão e mandioca é feita em pequena escala que não chega a suprir a necessidade do município. Outras atividades econômicas são as pequenas fábricas de cadeira de macarrão, olarias artesanais e uma cerâmica de médio porte para produção de tijolos e telhas. 4.1 A bacia hidrográfica do Riacho Tuntum 29 Figura 12: Localização da microbacia do Riacho Tuntum Fonte: IBGE, 2000. O Riacho Tuntum foi citado provavelmente pela primeira vez na literatura peloautor Fran Paxeco em seu livro O Maranhão: subsídios históricos e Corográficos (1913), onde ele fala um pouco sobre a hidrografia do Estado. O Itapecuru principia nas encostas da serra desse nome, desenvolve-se primeiro de oeste para leste, depois do sul ao norte, e, em seguida a inúmeras curvas, mantém a última diretriz, te chegar ao Atlântico, com o trajeto de 1.650 km; engrossam-no, da esquerda, os Alpercatas, Codó, Peritoró, Japão, Curador, Tuntum, Cigana, e à direita o Pirapemas, o Gameleira, o Corrente. O Riacho Tuntum é formado pelo encontro dos Riachos Arara e Refrigelo, sendo que já chegando a este ponto de encontro o Refrigelo passa a ser nomeado de Sumaúma. Os principais tributários que contribuem com a formação da microbacia do riacho pela sua margem direita são: Igarapé Tiúba, Grota do Ciriaco, Riacho das Cutias e Baixão do Arroz. Na sua margem esquerda tem a Grota do Macaco e a Grota da Malícia. 30 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES DAS ANÁLISES DE ÁGUA COLETADAS NA MICROBACIA DO RIACHO TUNTUM 5.1 pH O pH teve uma variação nas duas campanhas realizadas de 5,67 a 7,26 para os 4 poços amostrados. As três amostras do riacho que são os pontos 6, 7 e 8 a variação do pH foi de 6,4 a 7,33. O Balneário Tiúba entre uma campanha e outra teve uma variação de 7,82 a 7,43. O pH dos poços mostrou-se ligeiramente ácido nas duas campanhas exceto no poço 3 quando o pH ficou ligeiramente alcalino (7,2). Os pontos coletados no riacho mostram-se próximo do pH 7, exceto no ponto 6 que ficou em 6,4. (Tabelas 1 e 2, Figura 15: gráfico do pH). Observa-se que as águas da microbacia do RiachoTuntum apresentaram pouca variação de pH tanto nas águas subterrâneas como nas águas superficiais nas duas campanhas realizadas. O pH tem variações nas águas naturais em função dos sistemas carbonatos (CO2 – H2CO3 – HCO3- - CO32-) e pode apresentar uma faixa de 4 a 9. No pH abaixo de 7 temos predominância de CO2 (gás carbônico) e H 2CO3 (ácido carbônico) e os íons carbonatos (CO32-). Os processos de decomposição da matéria orgânica, respiração e produtividade primária podem influenciar o balanço deste sistema. O pH influi no grau de solubilidade de diversas substâncias, e como conseqüência na intensidade da cor, na distribuição das formas livres e ionizada de diversos compostos químicos, definindo também o potencial de toxidade de vários elementos. (Libânio, 2010) As variações do pH de um ecossistema aquático podem provocar sérias consequências sobre os microrganismos. A maioria dos organismos aquáticos conseguem sobreviver entre valores de pH de 5 a 9, sendo a faixa ótima em torno do neutro. (Santana et al, 2011) 31 Figura 13: Variação dos valores de pH na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação de pH pH 1ª Campanha 2ª Campanha 8 7 6 5 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.2 Condutividade Elétrica A condutividade elétrica teve uma variação significativa entre as duas campanhas nos pontos 01,02, 03 e 04 que são referentes aos poços. O ponto 06 que é do Riacho Tuntum também apresentou uma variação entre as duas campanhas. Os outros 3 pontos de coletas que são o 07 e08 do riacho e o ponto 09 que é do Balneário Tiúba a variação da condutividade elétrica é mínima. Os valores discrepantes dos pontos 01 e 03 entre as campanhas podem ter ocorrido um erro na determinação deste parâmetro (Figura 16), isto poderá ser esclarecido em um estudo futuro. Por outro lado pode ser uma condição natural os valores elevados de condutividade nos pontos 01 e 03, pois os mesmos são corroborados pelos valores elevados também dos íons maiores principalmente de cálcio, magnésio e cloreto. Indicando que a hipótese de erro de análises não seja verdadeira. Mostrando assim uma condição natural de lixiviação das águas subterrâneas devido a precipitação pluviométrica na primeira campanha. 32 A condutividade elétrica indica a capacidade da água natural de transmitir a corrente elétrica devido à presença de substâncias dissolvidas que se dissociam em ânions e cátions. Normalmente são os íons de ferro, manganês, cálcio, magnésio, cloro. A condutividade elétrica pode ajudar a detectar fontes poluidoras nos ecossistemas aquáticos (ESTEVES, 1998). Podemos observar é que nestes pontos onde houve uma maior variação da condutividade elétrica é que a concentração de cloro, cálcio, magnésio e ferro sofreram uma variação significativa. Figura 14: Variação da Condutividade Elétrica na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Var. C. Elétrica- µS/cm CE 1ª Campanha 2ª Campanha 690 590 490 390 290 190 90 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.3 Cor A determinação da cor nospoços foi feita sem filtração (cor aparente), enquanto que a cor das amostras do riacho foi feita após filtração (cor verdadeira). As maiores variações da cor da água ocorreram na primeira campanha no ponto de coleta 03 referente a um poço e nos pontos 06 e 08 do Riacho Tuntum. Os pontos 01, 02 e 03 dos poços não tiveram alteração significativa da variação da cor e da mesma forma o ponto 09 referente 33 ao Balneário Tiúba. E na segunda campanha teve uma variação no ponto 06 referente ao riacho. No entanto, no caso das amostras coletadas no Riacho Tuntum, o que podemos observar também é a contribuição das partículas em suspensão na água, pois entre um período e outro entre as coletas o nível de água do mesmo baixou significativamente devido o período sem chuvas na região. O Balneário Tiúba que foi formado pelo represamento do Igarapé do mesmo nome não teve sua cor variada, pois o mesmo devido ao período de pouca chuva não teve contribuição externa de particulados. A cor da água é produzida pela reflexão da luz em partículas minúsculas, denominadas colóides, e, pode também ser resultado da presença de compostos de ferro e manganês ou do lançamento de diversos tipos de resíduos industriais. Quando a cor se manifesta em águas subterrâneas, via de regra é resultado da presença destes compostos de ferro e manganês (LIBÂNIO, 2010). No entanto as amostras das águas dos poços não apresentaram nenhuma coloração aparente. Figura 15: Variação da Cor na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação de Cor -uH Cor 1ª Campanha 2ªCampanha 80 60 40 20 0 1 2 Fonte: Raphaela Maia 3 4 6 7 8 9 P.coleta 34 5.4 Turbidez A turbidez não teve variação entre as duas coletas, sendo que o único ponto onde houve uma variação foi o ponto 06 onde na primeira campanha teve o valor de 184 uT e na segunda campanha de 11 uT. Podendo ter sido causado pela drenagem urbana já que este ponto de coleta fica dentro da cidade e coincidi com o final do período de chuvas. A turbidez é caracterizada pela concentração de partículas suspensas e coloidais presente na massa líquida. Grande parte das águas de rios brasileiros é naturalmente turva em decorrência das características geológicas das bacias de drenagem, dos índices pluviométricos e do uso e praticas agrícolas muitas vezes inadequadas. A turbidez natural das águas superficiais está geralmente compreendida na faixa de 3 a 500 uT, e inferior a 1,0 uT para águas subterrâneas com significativa frequência decorrente da presença de ferro e manganês como também decorrente da cor. Figura 16: Variação da Turbidez na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação da Turbidez - uT Turbidez 1ª Campanha 2ª Campanha 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.5 Alcalinidade Total A alcalinidade não apresentou grande variação nos valores entre as duas campanhas sendo que os valores foram menores nos poços variando de 48 no poço 04 a 124 mg/L no poço 01 na primeira campanha e na segunda campanha de 30 no poço 04 e de 78mg/L no poço 01. Os pontos do Riacho Tuntum os valores foram mais altos variando de 164 no ponto 06 a 190 mg/L no ponto 08 na primeira campanha e de 196 no 35 ponto 07 a 224 mg/L no ponto 06 na segunda campanha. O Balneário Tiúba os valores encontrados foram de 198 na primeira campanha e de 215 mg/L na segunda. A alcalinidade representa a capacidade que um sistema aquoso tem de neutralizar ácidos ou a de minimizar variações significativas de pH, esta capacidade depende de alguns compostos, principalmente bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos. Figura 17: Variação da Alcalinidade Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação da Alcalinidade Total AT 1ª Campanha 2ª Campanha 225 175 125 75 25 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.6 Dureza Total A dureza total nos poços apresentou pequena variação entre as campanhas 01 e 02, exceto no poço 01 que foi de 628 mg/L na primeira campanha. A variação da dureza total nas amostras do Riacho Tuntum foi de 126 mg/L a 234 mg/L para a primeira campanha e de 58 mg/L a 112 mg/L na segunda campanha. Logo houve uma redução deste parâmetro na segunda campanha somente para os pontos coletados no riacho. O Balneário Tiúba a variação entre as duas campanhas foi de 228 mg/L na primeira campanha e de 86 mg/L na segunda. A dureza da água está relacionada principalmente a concentração de sais cálcio e magnésio, e se manifesta pela resistência a saponificação. Estes valores de dureza estão 36 condizentes com as concentrações de cálcio emagnésio detectados tanto na primeira como segunda campanha (Ver Apêndice A e B). No Brasil, salvo algumas exceções como a Região Norte do estado de Minas Gerais, as águas superficiais são brandas ou moderadamente duras (valores comumente inferiores a 100 mg/L CaCO 3), com teores significativos de dureza ocorrendo mais usualmente para as águas subterrâneas (LIBÂNIO, 2010). Figura 18: Variação de Dureza Total na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação da Dureza Total DT - (mg/L) 1ª Campanha 2ª Campanha 660 560 460 360 260 160 60 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.7 Íons Maiores 5.7.1 Cálcio O cálcio teve uma variação menor nos poços, exceto no poço 01 na primeira campanha. Na segunda campanha os valores foram ligeiramente mais elevados. No Riacho Tuntum ao contrário da água dos poços, os valores encontrados na segunda campanha foram menores exceto o ponto 06, o mesmo ocorrendo com o Balneário Tiúba. E provável que as chuvas sejam um fator de intemperismo na liberação dos íons cálcio das águas superficiais. É um dos principais constituintes da água e o principal responsável pela dureza, apresentado-se, em geral, sob a forma de bicarbonato e raramente como carbonato. O 37 cálcio é o elemento mais abundante existente na maioria das águas naturais e rochas. Nas águas subterrâneas, os teores de cálcio variam, em geral, de 10 a 100mg/L. (FEITOSA et al.,2008) Figura 19: Variação de Cálcio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4;superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação de Cálcio Ca-(mg/L) 160 1ª Campanha 2ª Campanha 140 120 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.7.2 Magnésio O magnésio variou de 8 a 80mg/L nos poços na primeira campanha e de 4,4 a 9,2 mg/L na segunda. E para o riacho a variação foi de 19,5 a 29 mg/L na primeira campanha e de 0,5 a 3 mg/L na segunda. O Balneário Tiúba teve uma variação de 27,7 na primeira campanha e baixando para 2,4 mg/L na segunda. O magnésio também é responsável pela dureza da água e produz o gosto salobro da mesma. As águas subterrâneas apresentam teores mais freqüentes no intervalo de 1 a 40 mg/L. Durante a primeira campanha de coletas de água, em conversa com moradores que são abastecidos pelo poço do ponto 01, foi informado pelo mesmos que a água tinha um gosto bastante salobro. No entanto na segunda campanha, já foi dito que o mesmo apresentava uma melhora significativa no sabor o que reflete no resultado do teor de magnésio do mesmo. (Ver Apêndice A e B). 38 Figura 20: Variação do Magnésio na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9) Variação de Magnésio Mg- (mg/L) 1ª Campanha 100 2ª Campanha 80 60 40 20 0 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.7.3 Cloreto O cloreto apresentou pequena variação entre as duas campanhas, exceto no poço 01 que na primeira campanha teve um valor de 233 mg/L e o Balneário Tiúba que na segunda campanha foi de 192 mg/L. (Ver Apêndice A e B). As outras amostras dos poços naprimeira campanha tiveram uma variação de 30 a 35 mg/L e na segunda campanha de 23 a 34 mg/L. Os pontos de amostragem do riacho na primeira campanha variaram de 82 a 122 mg/L e na segunda campanha de 97 a 102 mg/L. Os cloretos estão presentes em todas as águas naturais, com valores situados entre 10 a 250 mg/L nas águas doces. As águas subterrâneas apresentam geralmente, teores de cloreto inferiores a 100 mg/L. (FEITOSA et al.,2008). O cloreto é um bom indicador de poluição para aterros sanitários e lixões. 39 Figura 21: Variação do Cloreto na microbacia do Riacho Tuntum (águas subterrâneas: 1, 2, 3 e 4; superficiais 6, 7, 8 e 9). Variação de Cloreto Cl- (mg/L) 1ª Campanha 2ª Campanha 250 200 150 100 50 0 1 2 3 4 6 7 8 9 P.coleta Fonte: Raphaela Maia 5.8 Serie Nitrogenada 5.8.1 Amônia Total (NH4 + NH3) Os valores de amônia foram próximos de zero tanto na primeira e segunda campanha para os poços (. Acesso em: Dia 29/08/2013 às 10:25. REIS, Roberto Avelino Cecílio. APOSTILA DIDÁTICA: manejo de bacias hidrográficas. Espírito Santo: Universidade Federal do Espírito Santo, 2006. SANTANA, Derli Prudente. Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas. In: Documentos Embrapa, 30. Disponível em: . 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