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TEMA: CULTURA AFRICANA
CULTURA 
AFRICANA
CULTURA 
AFRICANA
Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI
Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011.
Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98.
Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito
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Home-page: www.uniasselvi.com.br
Cultura Africana
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Organização
Tânia Cordova
Conteudista
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Eloisa Amanda Rodrigues
Revisão:
Anuciata Moretto
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
1Cultura Africana
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) estudante, se estima que aproximadamente 45% da população 
brasileira é formada por negros e pardos. O Brasil é o segundo país com a maior 
população de origem africana no mundo, fi cando atrás apenas da Nigéria.
Os africanos trouxeram em sua bagagem cultural suas crenças, sua 
culinária e suas formas de sociabilidade. Todavia, com toda a riqueza da 
infl uência das matrizes africanas em nossa cultura, sabemos muito pouco sobre 
este continente.
A força e a infl uência da cultura que os africanos reconstruíram em 
terras brasileiras são inegáveis. No entanto, até pouco tempo atrás essas 
contribuições culturais não eram reconhecidas ou valorizadas. Quando eram 
valorizadas, remetiam a uma situação de diferenças entre negros e brancos, 
isso porque ela era pensada em termos raciais.
Os livros didáticos, os noticiários dos jornais e outros meios de 
informação, na sua grande maioria, apresentam um conhecimento simplifi cado 
da África. Conhecimento este, que, muitas vezes, não oportuniza estabelecer 
relações com a real importância deste continente na construção de nosso país.
Nesse aspecto, organizamos algumas informações que buscam abordar 
conteúdos que trazem para a sala de aula a História da África e do Brasil 
Africano com o objetivo de propiciar a você, prezado(a) estudante, a refl exão 
sobre questões que estão presentes na sociedade contemporânea, como: a 
discriminação social, a valorização da diversidade étnica, o combate a práticas 
raciais, entre outras.
A primeira etapa deste curso organiza informações como a África e 
seus habitantes; as formas de organização e o comércio de escravos. Enfi m, 
o objetivo da etapa é apresentar o continente africano para que possa ser 
construída uma imagem de um continente plural em sua diversidade.
A segunda etapa abordará os africanos no Brasil; a irradiação de 
elementos culturais africanos na cultura brasileira; a Lei nº 10.639 que torna 
obrigatório a inserção da História da África e Cultura Afro-brasileira.
Esperamos que as informações apresentadas auxiliem-no no trabalho 
em sala de aula e na sua formação enquanto estudante.
Bons Estudos!
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2 Cultura Africana
FIGURA 1 – MAPA FÍSICO DA ÁFRICA
FONTE: Souza (2007)
2 ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS DA ÁFRICA
Prezado(a) estudante, iniciamos nossos estudos sobre a cultura africana 
e a irradiação desta na construção da cultura brasileira. Para compreendermos 
as dimensões da infl uência das matrizes culturais africanas em nosso país, é 
necessário entendermos um pouco sobre este continente milenar. Assim, 
buscaremos neste primeiro item apresentar informações sobre os aspectos 
físicos, geográfi cos e sobre os habitantes que compõem o mosaico africano.
A África é o terceiro maior continente em extensão territorial e o 
segundo mais populoso da Terra, sendo constituído desde 1960 por 54 países 
independentes, sendo 48 continentais e 6 insulares. Este enorme continente 
apresenta uma grande diversidade geográfi ca. Nele há de tudo: montanhas, 
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3Cultura Africana
grandes desertos, fl orestas extensas, savanas. Ao nordeste a África é banhada 
pelo mar Vermelho, ao norte pelo mar Mediterrâneo, a oeste pelo Oceano 
Atlântico e a leste pelo Oceano Índico. Perceba, caro(a) estudante, que essa 
confi guração possivelmente permitiu o contato com povos fora da África, o 
que contribui com o rompimento da visão de uma África como uma cultura 
estática e isolada.
Na África estão os desertos do Saara, localizado ao norte, e o deserto 
do Calahari localizado a sudeste. Os desertos africanos foram importantes para 
as rotas de comércio. Pelo deserto do Saara, por exemplo, transportavam-se 
mercadorias como o sal que era comercializado, principalmente, nas feiras do 
Sael. Sobre o comércio na África trataremos adiante neste curso.
Ao centro do continente africano localizam-se as fl orestas tropicais, as 
savanas ou campos de vegetação esparsa e rasteira, que separam áreas desérticas 
de áreas de fl orestas, e algumas terras altas, onde nascem os rios. É importante 
destacar, que cerca de metade do continente é formada por savanas.
Entre os rios africanos destacam-se o Nilo, que nasce na região do lago 
Vitória e deságua no mar Mediterrâneo. É relevante lembrar que o rio Nilo 
foi essencial na constituição da civilização egípcia. Nas montanhas do Futa 
Jalom nascem os rios Senegal, o Gâmbia, o Volta e o Níger. Estes rios deságuam 
no oceano Atlântico. São ainda importantes os rios em África: o Congo, o 
Cuanzo, o Limpopo e o Zambeze. Os rios africanos são importantes meios de 
comunicação, pois favoreceram as atividades comerciais que se serviam deles 
como vias de locomoção.
Com uma vasta extensão de terras que somam cerca de 8.000 km de 
norte a sul, 7.600 km de leste a oeste, totalizando 30.000.000 m2 de superfície, 
o continente africano pode ser dividido em cinco grandes regiões.
• A África do Norte: que se estende do Atlântico ao Mar Vermelho, 
compreendendo o Saara, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito.
• A África Ocidental: é composta pela região situada abaixo do Saara e do 
deserto da Líbia. A oeste pelo planalto da Etiópia e acima pela fl oresta 
tropical. Os pântanos do Alto Nilo compreendem ainda, a Mauritânia, 
Senegal, Gâmbia, Cabo Verde, Mali, Níger, parte do Chade, Guiné-Bissau, 
Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfi m, Gana, Burkina Faso, 
Togo, Benin, Nigéria e parte da República dos Camarões. (LOPES, 2006).
• A África Central: localiza-se abaixo de uma linha imaginária que vai de 
Duala, no Camarões, até a região dos Grandes Lagos (Vitória, Tanganica etc.), 
compreendendo Camarões (parte), República Centro-Africana, parte do 
Sudão, parte do Chade, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Zaire e as ilhas de 
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4 Cultura Africana
São Tomé e Príncipe, no Atlântico.
• A África Oriental: localiza-se a leste e abaixo do planalto da Etiópia, 
incluindo a região dos Grandes Lagos e compreendendo parte do Sudão, 
Etiópia, Djibuti, Quênia, Tanazânia, Ruanda, Burundi, Somália, Uganda e as ilhas 
Madagascar, Comores, Maurício, Reunião e Seychelles, no Oceano Índico.
• A África Austral: compreende os países de Angola, Zâmbia, Malaui, 
Moçambique, Zimbábue, Botsuana, Namíbia, Lesoto, Suazilândia e África do Sul.
FONTE: Adaptado de: <www.alfandegas.gv.ao/fi les/.../20081114023711.manualSADC.
pdf>.Acesso em: 25 jun. 2012.
Caro(a) estudante, podemos compreender as dimensões e a divisão do 
continente africano no mapa a seguir.
FIGURA 2 - DIVISÃO POLÍTICA DA ÁFRICA (ATUAL)
FONTE: Souza (2007)
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5Cultura Africana
3 A ÁFRICA E SEUS HABITANTES
Em relação ao clima,o continente africano também se apresenta sob 
uma diversidade. Em algumas regiões faz frio na maior parte do ano, em outras, 
predomina o calor úmido. Nos desertos, o calor seco ou a absoluta falta de 
umidade são predominantes. “Nas regiões costeiras do norte do continente 
e na parte meridional da África do Sul, o clima é temperado, com as quatro 
estações bem defi nidas, como na Europa”. (SILVA, 2008).
Nesta imensidão que é a África viveram e vivem diferentes grupos 
sociais organizados de maneiras distintas. Caro(a) estudante, no próximo 
item teceremos algumas informações sobre os habitantes e as formas de 
organização social africana.
3.1 A ÁFRICA NA GÊNESE DA HUMANIDADE
Se remontarmos aos estudos da Pré-História, vamos lembrar que vários 
fósseis com características humanas foram encontrados na África como, por 
exemplo: o fóssil encontrado em 1924, na África do Sul pelo pesquisador 
australiano Raymond Dart. Ou o fóssil de um Australopithecus afarensis de 
aproximadamente 3,2 milhões de anos, descoberto em 1974, pelo professor 
Donald Johanson no deserto de Afar, na Etiópia. Este fóssil apresentava 
metade dos ossos intactos e, de acordo, com as análises pertencia a uma 
fêmea sendo batizado de Lucy.
Em 2001, foram encontrados fósseis de um crânio, batizado de Toumai, 
que data de cerca de 7 milhões de anos, no deserto do Chade, na África 
Ocidental. A revista Science publicou, em outubro de 2009, o relato do 
pesquisador Tim White sobre a descoberta e a análise de um espécime de 
hominídeo o Ardiphitecus Ramidus que teria vivido a aproximadamente 4 
milhões de anos na região da Etiópia.
FIGURA 3 - FÓSSIL DE LUCY
FONTE: Disponível em: <http://triskellion.blogspot.com.br/2010/12/qual-e-ofossil-
humano-mais-antigo.html>. Acesso em: 2 jun. 2012.
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6 Cultura Africana
FIGURA 4 - CRÂNIO TOUMAI
FONTE: Disponível em: <http://anthropology.net/2008/02/28/the-march-
4th-issue-of-pnas-will-confi rm-aradiochronological-date-for-toumai/the-toumaicranium/>.
Acesso em: 2 jun. 2012.
FIGURA 5 - CAPA DA REVISTA SCIENCE/OUT 2009
FONTE: Disponível em: <http://ilevolucionista.blogspot.com.br/2010/08/
ardiphitecus-ramidus-entrevista-tim.html>. Acesso em: 2 jun. 2012.
Há cerca de dois milhões de anos, o Homo erectus desenvolveu 
ferramentas de pedra rudimentares, mas adequadas ao seu modo de vida.
Posteriormente, o Homo sapiens habitou o território africano, e de lá, 
de acordo com algumas teorias como a do Estreito de Bering, teria migrado 
para outras regiões dando início ao povoamento do planeta.
Em seus estudos, o historiador Joseph Ki-Zerbo, aponta que as técnicas 
desenvolvidas pela espécie homo e que são características das diferentes 
fases da pré-história parecem ter-se sobreposto e coexistido durante longos 
períodos na África. Essa posição de Ki-Zerbo vem reforçar a importância da 
História da África para a história da humanidade colocando-a como na gênese 
das civilizações. (CORDOVA, 2010).
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7Cultura Africana
3.2 GRUPOS LINGUÍSTICOS DA ÁFRICA
A África é riquíssima de línguas e culturas. Estimasse que no continente 
existam mais de mil idiomas. Algumas destas línguas como o suaíli e o hauçá, são 
faladas por milhões de pessoas em uma extensa área geográfi ca.
Uma das perspectivas de estudo deste continente é a partir dos grupos 
linguísticos. Na África delimitam-se a existência de quatro grandes grupos: 
Afro-Asiático, Níger-Congo, Nilo-Saariano e Cóisan espalhados por toda a 
região africana, conforme mostra o mapa a seguir.
FIGURA 6 – MAPA DOS GRUPOS LINGUÍSTICOS DA ÁFRICA
FONTE: Souza (2007)
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8 Cultura Africana
IMPORTANTE:
Chifre da África é o nome dado à saliência do 
continente, em forma de chifre, que contorna a 
península Arábica, formando o golfo de Aden, 
onde hoje se localiza a Somália.
3.2.1 Os povos afro-asiáticos
O ramo africano do tronco linguístico afro-asiático (composto também 
de línguas semíticas como o árabe, o hebraico e o aramaico, entre outras) 
compreende povos que vivem em toda a região entre o Chifre da África 
parte do deserto do Saara e Sael se estendendo até a região do Magrebe 
(Marrocos e Argélia).
Os povos falantes da língua afro-asiáticas são formados pela 
mistura entre os povos autóctones e os migrantes de outros continentes, 
especialmente do Oriente Médio. Estes povos se espalharam pela costa e 
pelo interior do continente, pelo vale do rio Nilo, pela Etiópia, chegando ao 
atual Marrocos. Dentre os principais povos dessa origem estão os berberes, 
azenagues e tuaregues do deserto do Saara.
3.2.2 Os povos nilo-saarianos
Os povos nilo-saarianos espalhavam-se das nascentes do rio Nilo 
(próximo ao Lago Vitória) até o coração do deserto do Saara e eram, portanto, 
em sua maioria, nômades ou criadores de gado. Havia, no entanto, alguns povos 
desse grupo que praticavam a agricultura e o artesanato, ou que passaram 
a benefi ciar-se do comércio transaariano, e em função desta atividade, 
geralmente, se convertiam ao islamismo, ou a formas africanas de islamismo.
Os povos falantes da língua nilo-saariana disputaram com os bantos a 
ocupação da região dos lagos Vitória e Tanganica.
3.2.3 Os povos níger-congoleses
Nos últimos anos, estabeleceu-se um consenso de que a enorme 
variedade de línguas existentes nas regiões do litoral atlântico (no Senegal) 
até o Oceano Índico (em Moçambique e no Quênia) e da República Centro-
Africana até África do Sul tem uma origem comum.
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9Cultura Africana
Os povos do grupo níger-congo ocupam a maior parte do continente 
africano, e mantêm características linguísticas semelhantes – em especial, a 
alternância entre vogais e consoantes na mesma sílaba, a nasalisação e o sistema 
tonal, que dá a línguas como o iorubá e o banto, ouvidos nas cerimônias das 
religiões afro-brasileiras, suas características tão peculiares.
O tronco linguístico níger-congolês se subdivide em cinco grupos. O 
mais numeroso é o dos bantos, que teriam surgido provavelmente na região 
da atual Nigéria e, ao longo de mais de 2.500 anos, empreenderam uma grande 
migração por toda a região central da África, até o Oceano Índico.
Conforme a região onde se estabeleciam, receberam nomes diferentes 
como: ovimbundos, cassanjes, bacongos e lundas na região de Angola e do Congo 
receberam o nome de: zulus, sesotos e suazis no sul, iaôs na costa do Índico.
Nessa região, o idioma suaíli, de origem banta e com infl uência do árabe 
e de outras línguas da região, tornou-se uma língua franca. Os demais grupos se 
estabeleceram na África Ocidental como os kwa, grupo ao qual pertencem 
línguas como: o axante, o iorubá, o ibo, o igala e o nupe, falado nas regiões de 
fl orestas e savanas que se estendem da costa atlântica até o Sael.
Das fl orestas do baixo Níger, os mandê (como os songai e os soninquê), 
que vivem no alto Níger e construíram alguns dos impérios mais notáveis da 
África, ao sul do Saara; os fulas, mandingas e jalofos do litoral atlântico, no 
atual Senegal; e os mossis, que vivem na região do alto Rio Volta (no atual 
Burkina Fasso).
Os povos desse grande grupo linguístico estão diretamente relacionados 
à história do Brasil, pois os escravos trazidos para cá eram originários de 
diversos pontos da enorme região geográfi ca que ocupavam. Conforme a 
origem, eram denominados: bantos, quando eram do grupo étnico de mesmo 
nome, ou sudaneses, quando originados dos outros grupos níger-congoleses.
3.2.3 Os povos níger-congoleses
No extremo sul da África, nas regiões da atual Namíbia e norte da 
África do Sul, a expansão dos bantos não conseguiu assimilar ou exterminaralguns povos autóctones, caçadores e coletores, mas que aprenderam a 
pastorear o gado. Os povos dessa região – os hotentotes (chamados de cois) e 
os bosquímanos (conhecidos como sãs) – são conjuntamente conhecidos como 
cóisans.
A principal característica de seus idiomas são os sons de estalidos 
(golpes com a língua), que servem como consoantes comuns. São características 
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10 Cultura Africana
que não ocorrem em nenhuma outra língua do mundo. Exceto alguns idiomas 
bantos de povos que vivem próximos a seus territórios (como o xhosa e o zulu, 
povos da África do Sul), que os receberam por infl uência. Estudos recentes 
com DNA mitocondrial, que tentam apontar as relações de parentesco entre 
os diversos povos, indicam que os povos cóisan são, provavelmente, os grupos 
geneticamente mais próximos da matriz original de todos os seres humanos.
O historiador Alberto da Costa e Silva (2008) chama a atenção para o 
fato de que em uma área, onde predomina determinado idioma pode haver 
pequenos bolsões de outro. Ou de outros. Muitas vezes, dois grupos vizinhos 
se expressam em línguas inteiramente diferentes. E podem ter valores e 
maneiras de viver, também distintos. Ou, ao mesmo tempo, semelhantes e 
diferentes. Ou até confl itantes.
FONTE: Disponível em: <http://geopoliticaclaudiomar.blogspot.com.br/
search?q=podem+ter+valores>. Acesso em: 35 jun. 2012.
Esta situação, exposta por Silva (2008), pode ser observada, caro(a) 
estudante, no mapa dos grupos linguísticos, localizado no início deste item, 
onde grupos falantes do nilo-saariano estavam inseridos ou próximos a grupos 
afro-asiáticos.
Um exemplo pode ser verifi cado, a partir das diferenças culturais 
entre os iorubás e os ibos, ambos pertencentes ao mesmo grupo linguístico. 
Os nígercongoleses e distantes pouco mais de uma centena de quilômetros.
Entre os iorubás, o nascimento de gêmeos é celebrado como um 
acontecimento positivo e a mãe é vista como favorecida pelas divindades.
Já entre os ibos, os gêmeos eram, no passado, considerados uma 
abominação e abandonados na fl oresta, enquanto a mãe tinha de se submeter 
a cerimônias de purifi cação (SILVA, 2008).
Não só as culturas diferem de povo para povo, na organização social 
e política essa situação não foi dessemelhante. No próximo item, vamos 
compreender como estava organizada a África na dimensão social.
4 AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL
O continente africano é cenário da origem de diversas culturas e 
organizações sociais, que realizavam todas as atividades que costumamos 
defi nir como civilização: agricultura, criação de animais, metalurgia, entre outros. 
As sociedades africanas, das mais simples às mais complexas, organizavam-se a 
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11Cultura Africana
partir da fi delidade ao chefe e das relações de parentesco. O chefe, cercado 
de seus dependentes e agregados constituía o núcleo básico de organização 
social na África.
Prezado(a) estudante, o conceito de civilização diz respeito ao conjunto 
de características desenvolvidas pelos grupos sociais a partir de suas realizações, 
em especial aquelas marcadas por certo grau de desenvolvimento tecnológico, 
econômico e intelectual, tendo como referência o modelo das sociedades 
ocidentais modernas, caracterizadas por diferenciação social, divisão do 
trabalho, urbanização e concentração de poder político e econômico.
Na África, a forma mais comum de os grupos se organizarem foi a aldeia. 
Nela, a prática de caça e coleta, daquilo que a natureza oferecia, ou o plantio, 
foram as formas mais recorrentes de sobrevivência.
As aldeias eram formadas por famílias, cada uma com seu chefe, sendo 
todos subordinados ao chefe da aldeia que era o responsável por liderar os 
guerreiros quando era necessário, por distribuir a terra, atribuir castigos às pessoas 
que não seguiam as leis. Nesse sentido, o chefe era o responsável pelo bem-estar 
de todos que viviam sob sua proteção e para isso recebia parte do que as pessoas 
produziam na agricultura, na criação de animais, na caça ou na coleta.
Outra forma de organização social foi a confederação, onde várias aldeias 
podiam estar articuladas uma com as outras. As aldeias confederadas prestavam 
obediência a um conselho de chefes. O casamento entre pessoas de diferentes 
famílias ou aldeias e trocas de produtos eram os principais motivos que faziam 
com que as aldeias se articulassem e formassem uma confederação.
De acordo com Souza (2007), as confederações eram formas de 
organização social e política mais ampla do que as aldeias e envolviam 
mais pessoas. Não havia um único chefe, as decisões eram tomadas por 
representantes do conjunto de aldeias.
FONTE: Adaptado de: <http://historiabh.blogspot.com.br/2009/02/historiaafricana-e-
cultura-afro.html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Os povos nômades, que também circulavam no continente, podiam 
tanto ser pastores do deserto como coletores e caçadores das fl orestas. 
Devem ser considerados entre as formas de organização social.
As cidades na África, que não chegaram a formar reinos são outra forma 
de organização social. No geral, estas cidades eram cercadas por muros feitos 
de terra, pedra ou paliçadas.
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12 Cultura Africana
De acordo com Souza (2007), as cidades eram também centros 
de comércio, onde diferentes rotas se encontravam. Por trás dos muros, 
funcionavam os mercados. Moravam comerciantes e os vários chefes que 
tinham diferentes atribuições e viviam em torno do rei. Os artesãos se 
agrupavam, conforme as atividades que desenvolviam e, nos arredores da 
cidade viviam os agricultores e pastores.
Na África, algumas sociedades formaram grandes reinos como o Mali, 
Oió, Axante, Songai, Daomé e Egito. As informações mais antigas acerca de 
povos africanos referem-se a este último, onde há aproximadamente 5 mil 
anos, no vale do rio Nilo fl oresceu uma civilização que durou mais de 2 mil anos. 
E deixou algumas marcas de sua existência como a construção de templos.
Ainda nesta mesma região, outra civilização surgida em 750 a.C. foi a Núbia.
Nessa mesma região, localizada no atual Sudão, houve sucessivos reinos 
que se impuseram sobre reinos menores com destaque aos reinos de Meroe, 
surgido por volta de 500 a. C e o reino da Etiópia (SOUZA, 2007).
O reino de Benim, existente até os dias de hoje, está integrado à Nigéria 
assim como os emirados de Kano, Zária e Katsina. Na África existiram outros 
reinos que embora tenham sido poderosos, tiveram pouca duração como 
o reino de Angúni de Gaza, em Moçambique e o sultanato fula de Macina 
localizado no atual Mali.
Os reinos africanos tiveram tamanhos variados e surgiram em momentos 
distintos da história africana. A grande maioria constituiu-se a partir dos 
confl itos, guerras entre povos que coabitavam este continente.
As formas de administrar a justiça, o excedente de produção, as forças 
militares, o comércio, a expansão territorial eram ditados por um chefe maior 
que morava na capital. Desta capital, o chefe exercia a autoridade sobre 
todos os outros chefes e procurava manter a unidade do reino.
Nas capitais dos reinos havia concentração de riquezas e poder, de 
gente, de oferta, de alimentos e serviços, de possibilidades de troca e de 
convivência de diferentes grupos. (SOUZA, 2007).
FONTE: Adaptado de: <http://historiabh.blogspot.com.br/2009/02/historiaafricana-e-
cultura-afro.html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Caro(a) estudante, antes de os europeus tomarem conhecimento 
da África subsaariana, existiram nela algumas sociedades que merecem ser 
lembradas como o reino do Mali, que foi o primeiro reino da África negra que 
se tem notícias.
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitosreservados.
13Cultura Africana
As cidades de Tombuctu, Jené e Gao foram importantes cidades, 
centros de troca e concentração de pessoas, graças à rede de rios que 
fertilizava as terras e possibilitava o transporte (SOUZA, 2007).
Antes do Mali, o reino de Gana, foi um importante reino localizado ao 
norte do rio Senegal, sendo a primeira organização política que se benefi ciou 
do comércio transaariano. Vamos estudar alguns reinos africanos.
FONTE: Disponível em: <http://gephiseseba.blogspot.com/feeds/posts/default>.
Acesso em: 27 jun. 2012.
4.1 O REINO DE GANA
O reino de Gana, localizado em uma posição estratégica no Sael, a meio 
caminho do deserto e das minas de ouro e sal da bacia do rio Senegal. Foi 
um poderoso reino no qual se davam os negócios entre os comerciantes que 
traziam ouro do sul e os caravaneiros que iam para os portos do norte da 
África (SOUZA, 2007).
A composição étnica deste reino era formada, principalmente, de 
soninquês (também chamados saracolês), povos da família mande do grupo 
linguístico níger-congoleses.
O reino de Gana não constituiu um estado nacional, nem tinha uma 
estrutura semelhante a um império europeu e, ao que tudo indica o território 
nem tinha um nome ofi cial. A origem de seu nome teria surgido, de acordo 
com os relatos de Al Bakri, um árabe, natural de Córdova, na Andaluzia, que 
circulou na região no século XI, do título dado ao soberano (SOUZA, 2007).
Este reino, também não confi gurou um território organizado, delimitado 
e administrado por uma estrutura rígida de governo. Para Gana, importava 
menos a extensão de seus territórios do que a relação que estabelecia com os 
seus dominados. A principal motivação das guerras era a conquista de aldeias 
e grupos humanos que pudessem fornecer tributos, escravos requisitados 
pelos comerciantes do Magrebe e soldados, para defenderem a região dos 
reinos vizinhos de Takrur, Gaô e outros, bem como dos berberes do Saara.
O objetivo da conquista era, portanto, a captura de pessoas, que 
traziam consigo os territórios que ocupavam. Do exército de Gana, diziase 
que o soberano conseguia reunir cerca de 200 mil homens em um breve 
espaço de tempo.
O poder de Gana atingiu seu apogeu nos anos fi nais do século X e início 
do século XI, quando as disputas com os vizinhos cessaram. A enorme riqueza 
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14 Cultura Africana
proporcionada pelo comércio de ouro, sal e outros produtos – como a nozde- 
cola, estimulante muito procurado pelos muçulmanos e escravos, permitiu aos 
chefes de Gana criar uma corte cheia de pompa, que impressionou até os 
viajantes muçulmanos habituados ao luxo.
O sal era uma mercadoria tão necessária que o seu status chegou a 
igualar e, por vezes, ultrapassar o valor do ouro. A capital, Kumbi ou Kumbi 
Saleh, de acordo com as descrições de Al Bakri, era composta de duas cidades 
gêmeas, uma habitada pelos animistas e a outra por comerciantes e dignatários 
muçulmanos. Situadas a seis milhas de distância uma da outra e unidas por uma 
larga avenida. A cidade real (animista) era rodeada de bosques sagrados, e, por 
isso, os árabes a denominaram El-Ghaba (a fl oresta).
A partir do século XI, esse reino entrou em declínio. Aos poucos as 
províncias do sul deixaram de ser leais a Gana, e a maciça presença de 
muçulmanos, provavelmente, contribuiu para desestabilizar o governo 
e colocá-lo à mercê dos exércitos vindos do norte. A nova dinastia dos 
Almorávidas, que comandava o Magrebe (atuais Marrocos e Argélia) e a 
Península Ibérica, investiu contra o reino de Gana e conseguiu conquistá-lo em 
1076. O vácuo de poder na região duraria algumas décadas, até o surgimento 
do reino do Mali, no século XII.
4.2 OS REINOS IORUBÁS E O BENIN
As regiões de fl oresta do baixo Níger, na atual Nigéria, passaram 
a ser ocupadas, possivelmente entre os séculos VI e XI, pelo grupo étnico 
ibo, também denominado iorubá. Sua estrutura de organização era bastante 
democrática para os padrões da região: organizava-se em aldeias, que 
chegavam a reunir milhares de habitantes. As aldeias eram independentes umas 
das outras. Embora, às vezes, ligadas pelas devoções a uma mesma divindade e 
por ancestrais em comum. Assim, não se pode falar propriamente na formação 
de reinos iorubás, mas em confederações de cidades.
As origens dos ibos estão mergulhadas em relatos mitológicos, de 
modo que é muito difícil determinar com precisão sua validade. A cosmologia 
dos iorubás é repleta de divindades (chamadas orixás), que possivelmente se 
referem aos ancestrais reais, divinizados após a morte. O grande antepassado 
de todos os ibos é Odudua, que teria dado origem aos reinos iorubás como 
Oió e Ilê Ifé.
A cidade de Ilé Ifé era reconhecida por todos os iorubás, como a fonte 
de poder e de legitimidade dos soberanos, e era para lá que eram levados 
seus restos mortais. O soberano de Ifé, chamado Oni, era considerado o grande 
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15Cultura Africana
sacerdote dos orixás. Mesmo após a Diáspora (nome dado, atualmente, pelos 
estudiosos para a migração forçada dos africanos para trabalharem como 
escravos na América). Ifé manteve a reputação de local sagrado.
No século XVI, enquanto outros reinos iorubás ascenderam, Ifé entrou 
em declínio. A presença de comerciantes na costa atlântica fortaleceu as 
cidades mais próximas dos lugares em que ancoravam, trazendo em seus navios 
novas mercadorias, que passaram a ser desejadas pelos chefes africanos. Mas, 
mesmo com a ascensão de outros reinos e o seu empobrecimento econômico, 
Ifé, manteve a importância religiosa. Todos os chefes das várias cidades-
estados que teriam sido fundadas por descendentes de Odudua iam até Ifé 
para terem seus poderes confi rmados pelo Oni (SOUZA, 2007).
FONTE: Disponível em: <http://oridesmjr.blogspot.com.br/2012/02/os-reinosiorubas-e-
daomeanos.html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
O reino de Oió, legendariamente fundado por Oranyan e comandado 
por seu fi lho Xangô, localizava-se ao norte, na confl uência dos rios Níger e 
Benue, e chegou a ter uma grande proeminência na região. Seus governantes, 
os alafngs, recebiam seu poder dos orixás, que lhes emprestavam um poder 
de atuação sobre a natureza – axé. Mas seu poder não era absoluto, e estava 
sujeito a inúmeras formas de controle por parte de um Conselho de Estado.
Também dos descendentes de Oranyan, teria surgido o reino do Benin. 
Ali, no entanto, o poder estava bem mais centralizado na fi gura do soberano 
(Obá) do que em Oió. Detinha um poder absoluto, mas era vigiado de perto 
pelo Conselho de Estado. Como soberano, tinha o monopólio das transações 
comerciais, o que lhe proporcionava (e ao reino) riqueza sufi ciente para erguer 
uma capital que deslumbrou os viajantes que a conheceram.
O reino do Benin entrou em contato com os portugueses nos últimos 
anos do século XV, quando uma expedição portuguesa chegou à capital do 
reino. E estabeleceu os primeiros contatos com o Obá que foi favorável aos 
portugueses, autorizando práticas comerciais. O comércio com os portugueses 
envolvia além de escravos, armas, pimentas, vestimentas, marfi m, entre outros.
De acordo com Souza (2007), muitas das informações que se sabe sobre 
os reinos de Ifé e Benin são proveniente da riqueza de objetos encontrados 
como placas e cabeças esculpidas e moldadas em metal, que datam dos séculos 
XV e XVI, época em que os portugueses chegaram a essa região africana.
Para os povos africanos, as esculturas eram objetos de rituais, de 
comunicação com os deuses e também uma maneira de mostrar e diferenciarse 
das demais sociedades.
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16 Cultura Africana
Prezado(a) estudante, na segunda etapa deste curso, estudaremos 
sobre a escultura africana.FIGURA 7 – ESCULTURAS AFRICANAS
FONTE: Disponível em: <http://www.portaldarte.com.br/arteafricana02.html>. Acesso 
em: 3 jun. 2012.
O líder do reino Benin, ainda permitiu que missionários cristãos 
construíssem igrejas no reino, que seus súditos batizassem. No entanto, ele não 
se converteu ao cristianismo, como fez o rei do Congo, nosso próximo reino 
há ser estudado.
4.3 O REINO DO CONGO
Ao Sul, na margem meridional do baixo rio Congo, existiu um reino que 
se tornou conhecido não só pela infl uência que teve sobre os povos da região, 
mas pelos estreitos laços com os europeus. Estes por sua vez, mantiveram 
uma signifi cativa produção de observações sobre estes povos, que foram 
utilizadas como fontes para a compreensão da estrutura social, econômica e 
política desses povos.
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17Cultura Africana
Os membros desse grupo, que seguiam a liderança de Nimi a Lukeni, 
passaram a ser chamados de muchicongos e ocuparam terras já habitadas por 
outros povos bantos, como eles. Por meio de casamentos e alianças, os recém-
chegados se misturaram aos antigos moradores dessas áreas, mas guardavam 
para si as posições de maior autoridade e poder. Sob a liderança dos 
muchicongos, radicados na capital (Banza Congo), se formou uma federação 
de províncias às quais pertenciam conjuntos de aldeias.
Nestas continuaram em vigor os poderes tradicionais das famílias, as candas, 
que as haviam fundado. Nas aldeias, um chefe e seu conselho tratavam de todos os 
assuntos referentes à vida da comunidade. Já um conjunto delas estava submetido 
à autoridade de um chefe regional, que fazia a ligação delas com a capital, de onde 
o ntotila, ou mani Congo, governava todo o reino (SOUZA, 2007).
FONTE: Disponível em: <http://oridesmjr.blogspot.com.br/2012/03/o-reino-docongo. 
html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
O reino do Congo se formou a partir da mistura, por meio de casamentos 
e alianças, de uma elite tradicional com uma elite nova, descendente de 
estrangeiros que vieram do outro lado do rio.
Por volta de 1438, iniciam-se os primeiros contatos entre portugueses 
e africanos do reino do Congo. Os portugueses encontraram uma sociedade 
hierarquizada, com aglomerados populacionais que funcionavam como capitais 
regionais e uma capital central. Na qual o mani Congo, como o obá do Benin e 
muitos outros chefes de diversos grupos, viviam em construções grandiosas, 
cercado por mulheres e fi lhos, conselheiros, escravos e ritos (SOUZA, 2007).
No reino do Congo viviam agricultores que muitas vezes, quando 
convocados pelo soberano, participavam dos confl itos internos e externos 
do reino como, por exemplo, rebeliões de aldeias que queriam desligar-se do 
reino. As aldeias (lubatas) e cidades (banzas) pagavam tributos ao mani Congo, 
geralmente com o que produziam: alimentos, tecidos, sal e metais.
Nos mercados regionais eram trocados produtos de diferentes regiões 
do reino. A capital do reino, Banza Congo, encontrava-se na confl uência de 
várias rotas comerciais. O mani Congo controlava o comércio, o trânsito de 
pessoas, recebia os impostos, exercia a justiça, buscava garantir a harmonia das 
pessoas do reino (SOUZA, 2007).
Os limites do território eram traçados pelo conjunto de aldeias que 
pagavam tributos ao poder central, devendo fi delidade e recebendo 
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18 Cultura Africana
proteção, tanto dos assuntos desse mundo, como dos assuntos do além, pois 
o mani Congo era responsável, também, pelas boas relações com os espíritos 
e ancestrais (SOUZA, 2007).
Quando os portugueses entraram em contato com esse reino, 
perceberam que seria um bom parceiro comercial, e trataram de manter 
relações amistosas com ele. Em contrapartida, o mani Congo e os chefes, 
também perceberam a importância de uma boa relação com os portugueses.
Por mais de três séculos portugueses e congoleses mantiveram relações 
comerciais, políticas pautadas pela independência dos dois reinos, mas os 
portugueses acabaram por controlar a região, que hoje corresponde ao norte 
de Angola.
FONTE: Adaptado de: <http://oridesmjr.blogspot.com.br/2012/03/o-reino-docongo. 
html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
4.4 O REINO DO MONOMOTAPA
Uma das mais impressionantes demonstrações da sofi sticação cultural 
dos bantos pode ser encontrada no sul da África. Trata-se de conjuntos de 
ruínas monumentais feitas de pedra chamadas Zimbabués. Estas enormes 
muralhas de pedra chegam a 5 metros de altura por mais 2 metros de largura 
sem nada para uni-los a não ser a sobreposição de uma pedra na outra. Existem 
vários zimbabués no país que recebeu esse nome e no norte da África do Sul. 
Essas construções estavam articuladas a um reino que os portugueses, quando 
chegaram até lá, denominaram Monomotapa (Mwene Mutapwa), título dado 
ao soberano.
O reino Monomotapa era bastante próspero, rico em marfi m, ouro e 
outros metais e estabeleceu contatos comerciais com outras regiões como a 
China e a Índia. De acordo com Souza (2007), foram encontradas em escavações 
próximos aos zimbabués porcelanas chinesas e contas indianas, provando que 
mercadorias passavam de mão em mão continente adentro.
Os povos xonas ou carangas, como eram chamados pelos portugueses, 
habitaram também essa região e comercializavam sal, cobre e gado com seus 
vizinhos do interior. Vivendo em terras férteis e envolvidos em intercâmbios 
comerciais, desenvolveram uma sociedade muito pouco conhecida, mas 
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19Cultura Africana
provavelmente com uma chefi a centralizada, que combinava poderes 
administrativos com poderes religiosos (SOUZA, 2007).
A presença de comerciantes árabes e portugueses no interior do 
continente, querendo controlar o comércio de ouro e marfi m aumentou os 
confl itos e as tensões existentes entre os diferentes povos. Mesmo sem 
encontrar as riquezas esperadas, os portugueses se instalaram naquelas terras, 
procurando manter relações amistosas com os chefes locais.
Muitas vezes, se casavam com as fi lhas destes, fortalecendo os laços 
que os uniam a eles. Desta forma, se formou naquela região um grupo que 
ocupava lugar privilegiado no comércio por trocarem ouro e o marfi m vindos 
do interior por tecidos, contas, objetos de metal trabalhados, barras de cobre 
e sal oriundo da costa (SOUZA, 2007).
FONTE: Disponível em: <http://oridesmjr.blogspot.com.br/2012/04/o-reino-
demonomotapa.html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Entre os séculos XVII e XVIII, este reino comercializou escravos com 
outras regiões. No entanto, foi um comércio que não atingiu as proporções 
como o da costa ocidental da África. Estes escravos destinavam-se à Índia, 
enquanto que os escravos da costa ocidental eram enviados para o Brasil e o 
resto do continente americano.
Caro(a) estudante, para reforçarmos o estudo sobre as organizações 
sociais na África, sugerimos que observe o mapa que apresenta a localização 
aproximada dos reinos e cidades do passado, que se constituíram em 
diferentes momentos da história africana. Estes lugares na África tornaram-se 
importantes centros de poder e comércio.
Sobre o comércio na África, estudaremos no próximo item.
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20 Cultura Africana
FIGURA 8 – ÁFRICA COM CIDADES E REINOS ANTIGOS
FONTE: Souza (2007)
5 AS RELAÇÕES COMERCIAIS EM ÁFRICA
A região do deserto do Saara era e ainda é habitada por uma diversidade 
de povos nômades conhecidas como berberes que criavam camelos e 
conheciam os oásis e poços de água. Este conhecimento fazia deles os guias 
que tornavam possível o trânsito de pessoas e produtos por esta região.
Caro(a) estudante, de acordo com Souza (2007), a introdução do camelo 
na África, trazido da península Arábica,possibilitou a melhoria das condições 
de circulação pelo deserto, facilitando a comunicação e sustentando um 
comércio que uniu o Sael ao norte da África e ao Mediterrâneo.
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21Cultura Africana
ATENÇÃO
Sael é o nome que se dá a faixa de savana que 
ocorre ao sul do deserto do Saara. O termo 
vem do árabe Sahil, que quer dizer costa, pois a 
região era referida como sendo uma praia para o 
verdadeiro mar interior que é o Saara. Esta faixa 
se estende pelos atuais países do Mali, Níger e 
Chade, o Darfur na República do Sudão.
O comércio era uma importante forma das sociedades se relacionarem. 
No entanto, além de mercadorias, os grupos trocavam também ideias e 
comportamentos. Os produtos eram negociados por pessoas vindas de longe, 
com costumes e crenças diferentes, que algumas vezes eram incorporados, 
misturando às tradições locais (SOUZA, 2007).
FONTE: Disponível em: <sigplanet.sytes.net/nova_plataforma/monografi as../8014.
pdf>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Os diferentes grupos sociais africanos trocavam seus produtos por 
meio do comércio de curta ou longa distância. O comércio de longa distância 
era o mais lucrativo, pois nele se trocavam mercadorias raras e de maiores 
valores, que apenas os mais poderosos podiam pagar.
Esse tipo de atividade exigia um investimento maior, pois era preciso 
comprar mercadorias a ser negociadas; providenciar o transporte e a segurança 
das cargas; esperar o melhor momento para negociar. A margem de lucro 
era, sufi cientemente, grande para sustentar um grupo de comerciantes ricos, 
próximos dos poderes centrais das sociedades nas quais viviam (SOUZA, 2007).
O comércio de curta distância se organizava, a partir da vida da aldeia, 
das cidades próximas, das províncias, envolvendo as regiões vizinhas. O 
excedente de um grupo era trocado pelo de outro. Nas cidades da costa 
oriental e na costa atlântica, a partir do século XV, por exemplo, quase todos 
os povos mantinham algum tipo de troca com seus vizinhos. Rotas fl uviais e 
terrestres possibilitaram a circulação de mercadorias.
As trocas regulares de produtos deram origem ao desenvolvimento de 
redes comerciais internas na África. Desde o século VII, as regiões africanas 
estabeleciam contatos entre si. Os produtos que circulavam por estas rotas 
eram: sal, ouro, cobre, marfi m, noz-de-cola, entre outros.
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22 Cultura Africana
O sal extraído das minas de Teghazza, por exemplo, supria os mercados 
do Sudão ocidental. Já em Arwill, o sal extraído das margens do rio Senegal 
abastecia o interior do Níger. O sal, em algumas regiões, era utilizado como 
moeda comercial entre as sociedades africanas.
No século X, registra-se a ocorrência do comércio de ouro desde a 
África Ocidental até o sul do Saara. Quatro séculos mais tarde, o reino Mali 
infl uirá decisivamente na expansão do mercado de ouro, evidenciando a 
importância da rota de Tombuctu a Kayrawam, passando por Wargla.
O mapa a seguir demonstra as rotas de comércio que atravessavam o 
deserto do Saara.
FIGURA 9 – ROTAS COMERCIAIS TRANSAARIANAS
FONTE: Hernandez (2008)
No centro do Sudão e na região do Chade, onde se situavam o reino 
de Bornu-Kanem e as cidades Hauça, formaram-se importantes pontos de 
desenvolvimento do comércio intracontinental. Exportavam sal, cobre, 
presas de elefante, produtos manufaturados e escravos.
O comércio de sal e de outros produtos foi também praticado na rota 
que atravessava o interior da Etiópia até o Zambeze. Mostrando que a fl oresta 
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23Cultura Africana
equatorial não foi uma barreira entre as savanas setentrionais e meridionais. 
Existem registros de trocas de técnicas, objetos e estatuetas entre a Nigéria e 
Angola. A tradição oral é rica em referências às trocas de ideias e à migração 
de povos de uma região a outra.
A inserção dos árabes, neste continente, intensifi cou e ampliou a 
circulação comercial entre os séculos XII e XVI, estendendo-se em especial 
da zona sahelo-sudanesa ao Magrebe. Seguindo os itinerários dos principais 
produtos africanos, pode-se constatar a complexidade e o dinamismo 
das relações comerciais e culturais entre cidades de diferentes regiões do 
continente (HERNANDEZ, 2008).
É relevante destacar que a entrada dos povos do Oriente Médio no 
Continente Africano fez com que diversos grupos adotassem o Islamismo 
como religião. Foi o que aconteceu com os povos da região do Marrocos no 
século XI, ou com os povos da região do Sael, que adotaram em maior ou 
menos grau elementos da cultura árabe.
O conhecimento do intercâmbio comercial entre as regiões em África, 
conduzido pelos próprios africanos ou por agentes externos (como os árabes), 
auxilia na concretização de uma unidade histórica como a de dinamismo cultural 
do continente africano, apresentando intercâmbios entre diversas organizações 
políticas de complexidade e extensão notáveis (HERNANDEZ, 2008).
Afastando a noção de um continente cortado em duas partes 
incomunicáveis e ao mesmo tempo rompe com a ideia de uma África homogênea.
Enfi m, o desenvolvimento de redes comerciais dentro do continente 
africano, das mais diferentes formas, possibilita pensarmos na dinâmica vivida 
pelos povos africanos. Povos que antes da chegada do europeu, estabeleceu 
contato com diferentes regiões como a Arábia, a Índia, a China, a Ásia 
Ocidental e a própria Europa.
Caro(a) estudante, nas rotas comerciais africanas houve uma mercadoria, 
que a grosso modo irá aquecer as relações comerciais entre a África e a 
Europa. Esta mercadoria era o escravo. No próximo irem estudaremos sobre a 
escravidão e comércio de escravos.
6 A ÁFRICA E O COMÉRCIO DE ESCRAVOS
Durante quase quatro séculos, para suprir de mão de obra na Europa e 
no continente americano, a África foi despojada de um enorme contingente 
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24 Cultura Africana
de africanos de diferentes grupos sociais. Aproximadamente 12,5 milhões de 
pessoas desembarcaram, na condição de escravos, nas Américas. Destes cerca 
de 4 a 5 milhões no Brasil.
Anterior, ao comércio de escravos com a Europa, o africano já 
comercializava escravos com outras regiões. Entre os anos de 650 e 1600 
foram enviados, à força, cerca de oito milhões de pessoas para o mundo 
islâmico, para a África do Norte, o Oriente Médio e países do Índico.
No entanto, mesmo com a existência de um comércio de escravos na 
África, anterior aos europeus, é errôneo pensar que a escravidão atlântica foi 
uma extensão da escravidão africana.
Caro(a) estudante, antes de adentrarmos ao comércio transatlântico de 
escravos e a consequência deste às Américas e a África, estudaremos como o 
africano se tornava escravos.
A autora Leila Leite Hernandez na obra a África na sala de aula, 
publicada em 2008, se propõe a responder sobre os mecanismos que levavam 
à escravidão nas sociedades africanas antes dos europeus. Para esta autora, 
quatro aspectos devem ser levados em consideração para pensar a escravidão 
na África.
O primeiro foram as guerras internas. Tais guerras cresceram com a 
expansão dos mulçumanos pelo Mediterrâneo e o aumento das demandas por 
escravos. As guerras ocorriam por razões variadas, como:
- o rapto de mulheres de comunidades clânicas ou linhageiras;
- os confl itos entre estados em formação ou já formados;
- a expansão com vistas a incorporar povos tributários, segundo sistemas de 
servidão com tributos e prazos fi xados pela tradição.
Um segundo aspecto seria a fome ou a impossibilidade de viver por 
falta de recursos. Esta condição impelia o africano a vender a si mesmo e a 
sua família como escravos. A punição judicial foi outra formade passar da 
condição de homem livre para a de escravo. Muitas vezes, toda a família do 
condenado, também era escravizada. Os crimes que sentenciavam a esta 
punição eram assassinato, agressão armada, adultério, furto e feitiçaria.
Com o passar do tempo, o número desses condenados foi aumentando, 
porque reis e chefes, desejosos de atender à demanda dos mercadores, 
passaram a aplicar a pena de escravidão a delitos insignifi cantes.
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25Cultura Africana
A garantia do pagamento de uma dívida também foi uma forma de 
cercear a liberdade do africano. Enquanto durasse a dívida, durava o cativeiro. 
Nesses casos, os escravos tinham acesso aos meios de produção, sendo que o 
principal era a terra.
No modo de escravidão africano, os escravos podiam, em alguns casos, 
casar-se com pessoas livres e eram considerados membros da família do 
senhor. Os fi lhos de escravos não eram vendidos, nem maltratados. Muitos 
acabavam por reconhecer o soberano como seu próprio rei. Em algumas 
regiões africanas, os escravos desenvolveram funções administrativas e 
militares. Em outras foram submetidos a serviços desagradáveis e extenuantes 
como carregar cargas.
Caro(a) estudante, as relações escravistas que se estabeleceram no 
continente africano, de sociedade para sociedade, foram diferentes das que 
se estabeleceram em solo americano, onde o trabalho escravo foi a mola 
propulsora da economia das colônias europeias nas Américas.
O expansionismo europeu sobre as Américas, na perspectiva da 
exploração colonial, demandou a organização de sistemas coloniais que 
contaram com a formação de regimes escravistas. Quanto mais os europeus 
avançavam sobre as Américas, principalmente nos séculos XVI e XVII, mais 
crescia a necessidade por mão de obra.
Diante disso, europeus e americanos, aliados às elites africanas, 
organizaram dos dois lados do Oceano Atlântico um enorme empreendimento 
denominado de Tráfi co Atlântico. A instituição desta prática alterou, 
profundamente, a história do Continente Africano e trouxe signifi cativas 
contribuições para o continente americano.
Prezado(a) estudante, o termo Tráfi co Atlântico é o nome que se utiliza 
para defi nir o comércio de homens e mulheres pelo Atlântico entre os séculos 
XVI e XIX.
Entre os anos de 1520 até 1870, várias regiões da África forneceram 
escravos para as Américas. As primeiras levas de escravos foram destinadas a 
trabalhar nas minas de Prata descobertas pelos espanhóis no Peru. Em seguida, 
inicia-se o desembarque de africanos para atender a produção de açúcar, 
primeiro no Brasil e depois no Caribe.
Não tardou para que fossem também, responsáveis pelo cultivo do 
tabaco na Bahia, pelo tabaco e algodão nas colônias inglesas da América do 
Norte. Depois ouro e diamante no Brasil e mais a frente o café, que por muito 
tempo foi a principal fonte da economia brasileira.
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26 Cultura Africana
Os portugueses foram os primeiros parceiros do comércio atlântico de 
povos da região da Senegâmbia, da Guiné, do Golfo do Benin, da foz do rio 
Congo, da baía da ilha de Luanda e em Benguela (SOUZA, 2007).
No fi nal do século XVI, ingleses e franceses disputavam entre si e com 
os portugueses os melhores portos da costa e faziam alianças com os chefes 
africanos.
Caro(a) estudante, o mapa a seguir identifi ca os reinos envolvidos com o 
comércio de escravos e principais portos de embarque na África.
FIGURA 10 – PRINCIPAIS PORTOS DE EMBARQUE
FONTE: Souza (2007)
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27Cultura Africana
De acordo com Souza (2007), a costa da Mina, ou o golfo de Benin, 
foi uma das principais regiões fornecedoras de escravos para os mercadores 
atlânticos entre os séculos XVII ao XIX. Nesta região, algumas cidades, 
controladas pelos reinos do Daomé e de Oió, eram as bases nas quais se davam 
as trocas entre comerciantes africanos e europeus.
No entanto, destaca-se que estas trocas, na maioria das vezes, seguiam 
regras estabelecidas pelas sociedades africanas, o que forçava os europeus 
agirem, conforme o que era determinado nos locais de comércio.
Outras regiões como a foz dos rios Níger e Senegal, as regiões de Ajudá 
e Lagos, entre outras, sofreram intenso contato com os europeus. Em todos 
os lugares, que estes passaram a frequentar, se tornou comum o comércio 
de pessoas. Prisioneiros de guerra, condenados por infrações, pessoas 
sequestradas de suas aldeias, apanhadas em tocais ou razias, eram vendidas ou 
trocadas por armas, pólvora, tecidos, tabaco, aguardente.
Enfi m, uma diversidade de mercadorias que variavam de região para 
região. Essas pessoas vinham de lugares diferentes, negociadas de mercado 
em mercado. Do interior em direção ao litoral onde eram embarcadas para 
diferentes regiões do continente americano e ilhas do Caribe, onde se 
tornariam necessárias ao desenvolvimento das economias coloniais. Fundadas 
na exploração da mão de obra escrava e na produção de mercadorias, como: 
açúcar, algodão, tabaco, ouro, prata e diamantes, comercializados pelas 
metrópoles: Lisboa, Madri, Paris, Londres e Amsterdã (SOUZA, 2007).
Caro(a) estudante, os dados na tabela a seguir mostram aproximadamente 
o número de africanos comercializados e desembarcados em algumas regiões 
para além da África.
TABELA 1 – APRESENTA O NÚMERO DE ESCRAVOS DESTINADOS A DIFERENTES
REGIÕES
Regiões de Desembarque %
Brasil 4.864.374 45,41
Caribe Britânico 2.318.252 21,64
América Espanhola 1.292.912 12,07
Caribe Francês 1.120.215 10,46
América Holandesa 444.728 4,15
América do Norte 388.746 3,63
Caribe Dinamarquês 108.998 1,02
Europa 17.722 0,16
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África 155.569 1,45
Total 10.711.516 100,00
FONTE: Disponível em: <www.slavevoyages.org>. Acesso em: 7 jun. 2012.
Do século XVI ao XIX, milhões de africanos foram desembarcados no 
Brasil e submetidos como escravos nas diferentes regiões do país.
O mapa a seguir apresenta as principais rotas do comércio atlântico 
de escravos para o Brasil, nos dando uma ideia de onde estes africanos 
desembarcaram.
FIGURA 11 – PRINCIPAIS ROTAS DE COMÉRCIO PARA O BRASIL
FONTE: Souza (2007)
Nos portos africanos, as pessoas eram embarcadas em navios que 
atravessavam o Oceano Atlântico, na maioria, em condições precárias uma 
vez que as embarcações não possuíam condições adequadas para a travessia.
Os navios negreiros, como eram chamados as embarcações que 
transportavam os negros vindos da África representam a ligação entre a 
África e o comércio de seres humanos destinados a suprirem a demanda de 
trabalho escravo na Europa e nas colônias da América.
Nos porões das embarcações negreiras, milhares de seres humanos 
foram trancados e obrigados a viverem longos períodos de privações. 
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29Cultura Africana
Muitos morreram na travessia. Mas, os que sobreviveram foram enviados para 
trabalharem em diversas funções que demandavam trabalho escravos. A seguir 
apresentamos a imagem de um navio negreiro, para que sejam observadas as 
condições de transporte desses escravos.
FIGURA 12 – ESQUEMA DE UM NAVIO NEGREIRO PUBLICADO POR ABOLICIONISTAS NO 
SÉCULO XIX
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_5aOFOu8RCys/SV1KpMl8XI/
AAAAAAAAABs/WTJ9O9crKAA/S742/bn2f523(navio).jpg>. Acesso em: 7 jun.
2012.
Desembarcados nos portos, os africanos escravizados eram enviados 
para as regiões brasileiras que demandavam por trabalho escravo. A inserção 
e a circulação do africano na sociedade brasileira alteraram signifi cativamente 
as dimensões culturais, sociais e econômicas do país.
Nessaperspectiva, prezado(a) estudante, a próxima etapa deste curso 
irá tratar da presença africana no Brasil. Vamos em frente!
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30 Cultura Africana
AUTOATIVIDADE
1 O extenso continente africano abrigou inúmeros povos que coexistiram 
em uma mesma região. Apesar da proximidade estes povos apresentavam 
aspectos culturais, políticos, sociais e linguísticos distintos. Sobre os grupos 
linguísticos africanos identifi que-os e descreva suas características.
2 O Continente africano é formado por uma diversidade geográfi ca. Os 
desertos representam uma signifi cativa parcela do território africano. Cite 
os dois principais desertos da África e a sua relação com o desenvolvimento 
do comércio.
3 Os grupos africanos diferenciaram-se nos aspectos culturais e linguísticos. 
No âmbito das organizações políticas e sociais, o cenário também não foi 
diferente, ou seja, nos aspectos políticos e sociais as estruturas africanas 
apresentaram-se diferentes. Identifi que e caracterize as formas de 
organização sociopolíticas africanas.
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31Cultura Africana
GABARITO
1 O extenso continente africano abrigou inúmeros povos que coexistiram 
em uma mesma região. Apesar da proximidade estes povos apresentavam 
aspectos culturais, políticos, sociais e linguísticos distintos. Sobre os grupos 
linguísticos africanos, identifi que-os e descreva suas características.
Resposta esperada:
O(A) estudante deve responder que a África esta dividida em 4 os 
grupos linguísticos:
• Afro-asiáticos: grupo formado pela mistura entre os povos autóctones e 
os migrantes de outros continentes. Este grupo é composto também, pelas 
línguas semíticas como o árabe, o hebraico e o aramaico. Os povos falantes 
desta língua espalharam-se pela costa e pelo interior do continente, pelo 
Vale do Nilo, pela Etiópia e pelo Marrocos. Fazem parte deste grupo os 
berberes, azenagues e tuaregues localizados no deserto do Saara.
• Nilo-saarianos: os falantes desta língua espalharam-se das nascentes do rio 
Nilo até o interior do deserto do Saara. Eram nômades ou criadores de gado. 
No entanto, algumas sociedades nilo-saarianas praticavam a agricultura e o 
artesanato.
• Níger-congoles: os falantes desta língua ocuparam a maior parte do 
continente, mantiveram características linguísticas comuns como a alternância 
entre vogais e consoantes na mesma sílaba. Este tronco linguístico subdivide-
se em cinco grupos, sendo o mais numeroso o grupo banto.
• Cóisan: os povos falantes deste tronco linguístico são os hotentotes e 
os bosquímanos, a principal característica da fala cóisan são os sons dos 
estalidos, uma espécie de som produzido com a língua, que servem como 
consoantes comuns.
2 O Continente africano é formado por uma diversidade geográfi ca. Os 
desertos representam uma signifi cativa parcela do território africano. Cite 
os dois principais desertos da África e a sua relação com o desenvolvimento 
do comércio.
Resposta esperada:
O(A) estudante deve citar os desertos do Saara, localizado ao norte 
e do Calahari, localizado a sudeste. Estes desertos se constituíram em 
importantes rotas de comércio. Nestas rotas eram comercializadas diversas 
mercadorias, como: sal, noz-de-cola, marfi m entre outros produtos que vinham 
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de diferentes regiões. Este tipo de comércio, para além da troca de produtos, 
também, oportunizou aos diferentes povos africanos, trocas culturais.
3 Os grupos africanos diferenciaram-se nos aspectos culturais e linguísticos. 
No âmbito das organizações políticas e sociais, o cenário também não foi 
diferente, ou seja, nos aspectos políticos e sociais as estruturas africanas 
apresentaram-se diferentes. Identifi que e caracterize as formas de 
organização sociopolíticas africanas.
Resposta esperada:
O(A) estudante deve caracterizar as organizações sociopolíticas 
presentes no continente africano, anterior à colonização europeia no século 
XIX. Entre as organizações sócias africanas estão:
• As aldeias: formação sociopolítica mais comum no continente, onde o modo 
de subsistência estava centrado na caça, coleta e o plantio. Estas unidades 
políticas eram formadas por famílias, cada uma liderada por um chefe, que 
deviam obediência a um chefe geral. Este último era o responsável por 
toda a vida na aldeia, sua intervenção ia desde a distribuição de terras, 
atribuição de castigos aos que não respeitassem as leis até a liderança dos 
guerreiros quando necessário.
• As confederações: outra forma de organização sociopolítica constituíam-
se na associação de várias aldeias articuladas e que obedeciam a um conselho 
de chefes.
• Povos nômades: geralmente eram caçadores e coletores que viviam 
nas fl orestas ou pastores do deserto. O nomadismo é considerado, neste 
continente, como uma opção social e política.
• As cidades: na África, as cidades não constituíram reinos. O surgimento 
das cidades é resultante das transações comerciais que se estabeleciam 
entre os povos africanos. As cidades eram, geralmente, entrepostas de 
comércio onde viviam os comerciantes, nos seus arredores viviam, também, 
agricultores e pastores. Estes locais eram cercados por muros feitos de 
pedra, terra ou paliçada, o que dava a cidade certa segurança.
• Os reinos: os reinos são caracterizados pela existência de um chefe 
maior que administrava, da capital do reino, a justiça, as forças militares, 
o comércio, a expansão territorial. Nas capitais, havia a concentração de 
riquezas e de poder. Os reinos africanos existiram em momentos diferentes 
e também tiveram tamanhos diferenciados.
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REFERÊNCIAS
CORDOVA, Tania. História da África. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.
HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula: visita à história
contemporânea, São Paulo: Selo Negro, 2008.
LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica,
2006.
KI –ZERBO, Joseph. A Hominização. In: História da África Negra. Publicações
Europa-América, s/d. p. 54-55.
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de
Janeio: Agir, 2008.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. 2. ed. São Paulo: Ática, 2007.

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