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� � NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS Av. Pres. Nereu Ramos nº 1.071 – Jardim do Moinho Fone: (47) 3641-5521/3641-5541 - Mafra – SC CEP 89300-000 Mantenedora: FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO CONTESTADO Unidade Universitária de Mafra �� EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL DE MAFRA DO ESTADO DE SANTA CATARINA Alfredo Fagundes, brasileiro, incapaz, portador do RG 5.123.321 e no CPF 023.456.789-0, representado por sua genitora Deolinda Fagundes, residente e domiciliado na Localidade de Colônia Santana, na cidade de Mafra/SC, por sua procuradora ao final assinado, mui respeitosamente, vem propor a presente: AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA – BPC/LOAS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, com fulcro na Constituição Federal, art. 203, V, e na Lei 8742/93, art. 20, § 2º Em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito público, com sede na Rua Dr. Mathias Piecknik, 37 - Centro I Baixada, Mafra - SC, que deverá ser citado na pessoa de seu procurador legal, pelos fatos e fundamentos que a seguir expõe: DOS FATOS O Requerente, nascido em 15/04/1996, hoje com 21 anos de idade, desde seu nascimento apresentava claros sinais de debilidade mental, inclusive com dificuldades na fala, usa fraldas, além de grande dificuldade de caminhar e movimentar-se. Foi interditado no ano de 2015, uma vez que reconhecida por perito judicial sua incapacidade total de discernimento, por doença mental grave, sem qualquer possibilidade de recuperação. A mãe do requerente, pessoa humilde, de pouco recursos econômicos conseguiu apoio junto a APAE dessa Comarca. Lá, o mesmo permanece para que sua mãe possa desempenhar sua atividade como diarista. Vale ressaltar, que a mãe não possui emprego, nem renda fixa. Deste modo, a renda familiar não passa de ¼ da renda per capta como é exigido para o recebimento do benefício. O Requerente, faz acompanhamento contínuo junto a Secretaria de Saúde do Município, e mensalmente consegue junto ao Posto de Saúde a medicação adequada ao seu tratamento contínuo, já que sem a medicação, tem crises nervosas absurdas, chegando a ponto de se comportar como um irracional. Em sua última crise, o mesmo rasgou todas as roupas que estavam à seu alcance, e colocou fogo na cortina da cozinha da humilde casa da família, onde vivem 06 pessoas. A mãe do Requerente, auxiliada pela assistente social do município, na data de 16/01/2017 ingressou junto ao INSS com requerimento administrativo para concessão de Benefício de Prestação Continuada/ LOAS, em favor do Requerente, porém o pedido foi indeferido, então encaminhou-se recurso administrativo, até que na data de 29 de novembro deste ano, recebeu decisão definitiva, de que o Requerente não possui direito ao benefício pleiteado. DO DIREITO Nos termos do art. 1º, da Constituição Federal constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como uns dos seus fundamentos a cidadania e a dignidade da pessoa humana. O seu art. 3º também firmou como objetivos fundamentais republicanos: a construção de uma sociedade solidária; a garantia do desenvolvimento nacional; erradicação da pobreza e marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais; bem como a promoção do bem de todos, sem qualquer discriminação. O art. 6º da mesma Constituição ainda destaca a assistência aos desamparados como um dos Direitos Sociais. Para a obtenção do direito ao Amparo Assistencial ao Deficiente é necessária a comprovação de 2 requisitos, dispostos no artigo 203, V, da Constituição Federal, quais sejam: -Ser pessoa deficiente; -Não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família. O artigo 203, V, expõe que: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa PORTADORA DE DEFICIÊNCIA e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.. Impende mencionar, Excelência, que a deficiência do Requerente é evidente e poderá ser facilmente constatada através de nova Perícia Médica. Portanto, a pretensão do Requerente está perfeitamente amparada pela lei, ou seja, preenche todos os requisitos legais, quais sejam: deficiência mental, não discernindo e nem exprimindo sua vontade real, e a impossibilidade de prover sua subsistência, ou contar com a renda de seus familiares. Assim, deverá ser-lhe concedido o benefício assistencial. Desde logo, registre-se cuidar-se a pretensão autoral de requerimento com natureza alimentar, a qual, com base na comprovação dos pressupostos dos arts. 294 e 300 do CPC, pretende obter provimento favorável já em primeira instância, por meio de pedido de tutela de urgência. O Código de Processo Civil mantém a possibilidade do pedido de tutela de urgência como espécie de “antecipação dos efeitos da tutela” ligada a pedido que envolve a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, sendo aqui requerida aquela de natureza satisfativa. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. [...] § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. Aplica-se ainda cumulativamente aos artigos acima evidenciados a Súmula nº 29, editada pela TNU dos Juizados Especiais Federais, bem como o Enunciado nº 30, da Advocacia Geral da União – AGU: Súmula 29, da TNU: Para efeitos do art. 20, § 2º, da Lei 8.742, de 1993, a incapacidade para a vida independente não só é aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento. Enunciado 30, da AGU: A incapacidade para prover a própria subsistência por meio do trabalho é suficiente para a caracterização da incapacidade para a vida independente, conforme estabelecido no art. 203, V, da Constituição Federal, e art. 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. O Requerente teve o benefício indeferido também pelo motivo da renda familiar ser superior ao salário mínimo nacional, porém, o único salário fixo da casa, é de sua avó de 82 anos, e o trabalho de diarista de sua mãe, que não passa de três dias na semana. Essa renda é dividida pelas 06 pessoas que residem na casa, logo não ultrapassa o limite estipulado. Contudo, a Turma Regional de Uniformização da 4ª Região já pacificou o entendimento de que fatores de ordem pessoal do requerente, como baixíssimo nível de instrução, que evidentemente impeça uma absorção da pessoa pelo mercado de trabalho podem ensejar, segundo as peculiaridades do caso concreto, a concessão do Benefício Assistencial. Também foi assentado o posicionamento no sentido de que “o critério objetivo estabelecido pela Lei nº 8.742/93 (artigo 20, §3º) não exclui outros elementos de prova para aferição da condição sócio-econômica do requerente e sua família” (TRU4, PU 2007.70.54.000779-9, Rel. Juíza Federal Flavia da Silva Xavier, DJ 21.01.2009). A Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, já pacificou entendimento nesse sentido: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. BENEFÍCIO ASSITENCIAL. LOAS. REQUISITO OBJETIVO DE DA RENDA PER CAPITA IGUAL INFERIOR A 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO. FLEXIBILIZAÇÃO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO PARA A SUA AFERIÇÃO. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA UNIFORMIZADA. 1. De acordo com a jurisprudência uniformizada pela Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, o critério objetivo estabelecido no artigo 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93, não exclui outros elementos de prova para aferição da condição sócio-econômica do requerente de benefício assistencial e de sua família, que devem ser sopesadas pelo julgador quando da análise do preenchimento do aludido requisito. . 2. Pedido de uniformização conhecido e provido. DOS PEDIDOS Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência: a) Seja determinada a citação do INSS, no endereço indicado preambularmente para contestar querendo a presente ação no prazo legal, sob as penas do art. 359 do CPC; b) Provas por todos os meios probatórios em direito permitido o ora alegado; c) Ao final, seja julgada procedente a presente ação, e concedido o Amparo ao deficiente a parte autora; d) O pagamento das remunerações atrasadas desde a data de entrada do requerimento, cujo valor deverá ser acrescido de atualização monetária e juros legais até a data do devido pagamento; Dá-se a presente ação o valor de R$ 15.000 (quinze mil reais), para os efeitos de estilo. Termos em que, pede deferimento. Mafra, 29 de novembro de 2017 Joana Santos OAB/SC 12.1515
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