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RESUMO DE SOCIOLOGIA 4°PP OFICIAL-ALUNO 3004 COSTA CAPITULO 18 Humanização dos Processos Penais. Durante muito tempo, nos lembra Foucault, a lei da violência, mais do que a violência da lei, foi vista como a única forma legitima de fazer justiça. Torturas longas e cruéis eram aplicadas no intuito de restabelecer a ordem interrompida pelo crime ou pela transgressão. Mas, a partir do século XVIII, as torturas corporais e as morais foram pouco a pouco substituídas pela idéia da “punição humanizada”.O objetivo já não era simplesmente condenar quem cometeu a falta, mas reabilitar o criminoso como cidadão. Michel Foucault chamou esse processo de “humanização dos processos penais”. O criminoso passou de objeto passivo da vontade do soberano a sujeito detentor de direitos – direito à defesa, a um julgamento justo, à reintegração à sociedade uma vez cumprida a pena. O sistema judiciário como um todo tornou-se mais racional. Para Foucault, as sociedades democráticas criaram uma nova forma de exercício de poder. Entretanto, segundo ele: A invenção dessa nova anatomia política não deve ser entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma multiplicidade de processos muitas vezes mínimos, de origens diferentes, de localizações esparsas, que se recordam, se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros, distinguem-se segundo seu campo de aplicação, entram em convergência e esboçam aos poucos a fachada de um método geral. Pobreza gera Violência. Alba Zaluar nos apresenta o cotidiano dos moradores da Cidade de Deus e desvincula duas noções que, no discurso do senso comum, aparecem quase sempre associadas: pobreza e violência. Essa associação, tão difundida entre nos, desenha um circulo de encadeamentos lógicos: o individuo é violento porque é pobre, é pobre porque não tem acesso a educação, na tendo educação não sabe votar nem exigir seus direitos. Nesse circulo vicioso, a criminalidade aparece como uma consequência automática e praticamente inevitável. A pobreza, insiste a antropóloga, não é um ingrediente obvio da criminalidade. Se assim o fosse, todos os pobres seriam necessariamente criminosos, e todos os criminosos seriam pobres – o que esta longe de ser verdade, como comprovam os chamados crimes do colarinho branco por cidadãos das classes medis e alta da sociedade. Chama-se a atenção para o fato de que os períodos de crise econômica, quando aumentam as taxas de desemprego, não são os de maior aumento da taxa de crimes violentos. Para o autor associação a ser estudada era entre crime e impunidade penal. Ainda hoje, convivemos com altíssimas taxas de impunidade para homicídios praticados pela policia, por grupos de segurança privada, pelos chamados grupos de extermínio e por criminosos que influenciam, de alguma maneira, o resultado do processo de punição. As taxas de impunidade para os crimes do colarinho branco contribuem igualmente para a descrença dos cidadãos nas instituições promotoras de justiça. A desigualdade, e não a pobreza, tende a resultar em violência no contexto da sociedade de consumo. E mais, os pobres seguem tendo seus direitos civis muitas vezes desrespeitados. Daí muita gente dizer que, no Brasil, alguns são mais cidadãos do que outros. Sociabilidade Violenta. Max Weber definia o Estado como “uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território”. Ou seja, o Estado precisa ser reconhecido como o único detentor do emprego da violência. Essa violência é considerada legitima porque se apóia em um conjunto de normas e leis. Você já deve ter ouvido dizer, que em algumas cidades brasileiras o Estado não detém mais o monopólio da força. Há quem argumente que o Estado não tem mais a capacidade nem de conter o crime, nem de fazer valer a ordem. Conclui-se, assim, que os bandos criminosos, bem armados e sempre violentos, constituíram um “Estado paralelo”. Machado da Silva argumenta que não se trata de um problema de Estado ausente, mas da convivência entre a ordem institucional-legal e uma ordem cujo principio norteador é a violência. Estamos vivendo de acordo com uma nova sociabilidade – uma sociabilidade violenta – que rege todo corpo social, afetando de forma ainda mais direta e profunda as áreas desfavorecidas economicamente. Trata-se de um sociabilidade fragmentada regida pela lógica do cada um por si. Um Problema de Todos Nós. Legalidade, no Estado democrático de direito, significa a afirmação normativa e a pratica de direitos, garantias a afirmação, individuais e coletivas. Negar a legalidade é negar a democracia, porque é próprio da democracia assentar-se em leis discutidas e aceitas pela sociedade. Quando a legalidade é substituída pela ilegalidade, os cidadãos ficam prisioneiros do despotismo imposto pelos criminosos. O artigo 144 da Constituição brasileira, quando fala da segurança pública, diz que ela “é dever do Estado e responsabilidade de todos”. Nas atuais condições brasileiras, haverá segurança para todos ou não haverá para ninguém. Experiências bem-sucedidas de combate aos problemas da violência e da criminalidade mundo afora provam que há solução possível. Mas que esta solução está pautada sobre um tripé: Participação cidadã, eficiência policial e direitos humanos. CAPITULO 19 Padrões de consumo Em um pais grande e diverso, não é tarefa simples identificar os padrões de consumo da população.No Brasil, como na maioria dos países regidos por uma economia de mercado, o consumo relaciona-se diretamente a posições sociais: consumir certos produtos revela algo importante sobre o status de quem consome, sobre o lugar que ocupa ou gostaria de ocupar na hierarquia social. Ao associarmos certas marcas e certos produtos a determinados grupos sociais, fazendo aquilo que o sociólogo Pierre Bourdieu chama de distinção pelo consumo: classificamos as pessoas pelos bens que eles portam. Não por acaso, os que se veem excluídos da possibilidade de consumir bens associados ao prestigio e ao status muitas vezes acionam estratégias violentas para sua obtenção. Economia de mercado Nome dado a um sistema econômico baseado na divisão de trabalho, em que os preços de bens e serviços são livremente determinados de acordo com a oferta e a demanda.O acesso a determinados bens implica, porém, muito mais do que simplesmente ter ou não ter dinheiro. Apesar de teoricamente o mercado estar aberto a todos, alguns podem consumir o que é oferecido e outros não. Bens duráveis: são bens que podem ser usados durante um grande período de tempo,ou seja, aqueles que não se esgotam no ato de sua utilização.Ex.: eletrodomésticos, automóveis, imóveis. Bens não duráveis: são bens com curta duração, que se esgotam no ato de sua utilização. Ex.:alimentos, bebidas. Bens essenciais: são aqueles necessários à sobrevivência e à garantia de dignidade humana. Podem ser duráveis ou não duráveis. Ex..:alimentos, remédios, vestimentas, energia elétrica, bens que se destinam à habitação, ao lazer, à aprendizagem. Bens supérfluos: são os bens que, ao contrario daqueles considerados essenciais, não são imprescindíveis à sobrevivência ou à garantia da dignidade. Eles se prestam ao aumento do conforto e do bem-estar de quem os consome. Podem ser duráveis ou não duráveis. Ex.: videogame, automóvel, refrigerante. Bens tangíveis: são os bens concretos, que têm existência (podem ser tocados).Ex.: terrenos, casas, máquinas, lata de refrigerante. Bens intangíveis: são aqueles que não têm existência física e, portanto, representam alguma coisa, mas não podem ser tocados. Ex.: os direitos de cópia de um software, o valor de uma marca, uma viagem. Recursos renováveis: são recursos naturais que podem se regenerar num curto espaço de tempo, ou seja, que podem ser usados sem risco de se esgotarem. Sua reposiçãoou regeneração é feita pela natureza continuamente. Ex.: energia solar, água do mar, vento, álcool(combustível). Recursos não renováveis: são recursos naturais que não podem se repostos pela natureza ou mesmo pela ação humana numa escala de tempo viável. Ex.:combustíveis fósseis (como petróleo e gás natural) e nucleares. O consumo de bens culturais Frederico Barbosa da Silva e Herton Ellery Araújo, apresentaram no XXX congresso da Associação Nacional de pós-graduação em ciência sociais (Anpocs) um estudo muito interessante sobre o consumo cultural das famílias brasileiras. O estudo trabalha com a ideia de que bens culturais estão relacionados a necessidade materiais e culturais; são quaisquer bens úteis para proporcionar informações e entretenimento. Os bens culturais podem referir-se a: leitura; fonografia; espetáculo vivo e artes; audiovisual; microinformática; e outras saídas(boates, danceterias). A pesquisa mostra, por um lado, que essa ”cesta de bens culturais” é valorizada por todos os segmentos sociais, independentemente da renda, do gênero e da cor. Esse consumo é valorizado por todas as faixas de renda em todas as regiões. A possibilidade de consumir esses bens culturais tem relação direta com a escolaridade e com a renda. Ou seja: quanto maior a escolarização do provedor da casa, maior a renda, maior o consumo cultural da família. Mas a leitura concentra-se nas classes de renda alta. A populações mais pobres, por sua vez, concentram seus gastos com bens culturais em produtos audiovisuais e fonográficos e, em menor grau, em festas, danceterias e boates. As novas tecnologias transformam os mercados de livros e de musica, criam museus e bibliotecas virtuais. A maioria das famílias brasileiras, de norte a sul do pais, concentra seus gastos com televisão, vídeo, música e leitura. Nossa interpretação deve levar em conta que as regiões metropolitanas brasileiras cresceram rápida e de desorganizadamente, limitando as possibilidades de expansão dos equipamentos culturais de uso coletivo ou público. Muitos que teriam condições de usufruir de certos equipamentos não o fazem porque se sentem inseguros, têm medo de ser vítimas de roubos ou assaltos no deslocamento entre a residência e o local de lazer. A pesquisa conclui que a escola é um dos instrumentos de política cultural mais poderoso pela sua universalidade e cobertura. Em muitos municípios ,a escola é uma das únicas fontes públicas e coletivas de informação. O que vai à mesa? Antropóloga Livia Barbosa, examina os hábitos alimentares dos brasileiros. Com pessoas na faixa entre 17 e 65 anos, pertencem a todos os cinco segmentos de renda da sociedade brasileira. Porque foram reveladas regularidades bastante significativas nos padrões alimentares que permitem pensar sobre várias outras dimensões da vida social brasileira. Em primeiro lugar, nos diz que “comida “ e “alimento” não são a mesma coisa: “Os alimentos são sempre ingeridos sob alguma forma de culturalização”. A comida é o alimento – conjunto de nutrientes necessários à nossa manutenção física – transformado naquilo que se come sob uma forma específica, com um molho de que gostamos, de preferência com um aspecto visual e um cheiro convidativos. Em diferentes culturas existem aquelo que chamamos de culinária – “um conjunto que engloba manipulação, técnicas de cocção, representações e práticas sobre as comidas e as refeições.” Cada sociedade tem normas e momentos específicos em que determinados tipos de comida são engeridos, em uma determinada sequência, dentro de uma lógica de ingestão e de combinação dos alimentos entre si. É o que chamamos de “refeição”. Algumas famílias cujos membros comem em momentos separados ao longo da semana fazem questão de que todos sentem juntos à mesa aos domingos. A “mesa posta” é reservada para situações mais formais e rituais, enquanto no cotidiano as pessoas “fazem o prato” e vão comer em frente à TV, na sala ou no quarto. Púbicos consumidores e campanhas publicitárias A partir da análise de dez comerciais que trazem idosos como personagens, a autora identifica três grupos presentes no tratamento dado a esse segmento nos anúncios publicitários: em quatro dos anúncios, a velhice representa perda das habilidades, dependência, passividade ou arrogância; em três, poder, beleza, riqueza e prestígio; e em outros três a subversão de padrões tradicionais encontrava expressão na personagem idosa. Hoje apesar de os idosos se verem como indivíduos mais produtivos e menos ociosos, a velhice continua sendo avaliada como algo negativo que deve ser adiado a todo custo. CAPITULO 20 1) Refletindo sobre nós mesmos. Neste capitulo, veremos como, a partir da observação dos nossos hábitos e costumes, certos intelectuais delinearam interpretações fascinantes sobre a identidade brasileira. Freyre e Oliveira Vianna, partiram de uma reflexão sobre nossa constituição racial. Outros, como Monteiro Lobato e Roberto DaMatta, foram descobrindo a identidade brasileira a partir da comparação com outras nações. Outros, ainda tomaram como ponto de partida elementos geográfico. Euclides da Cunha, por exemplo, que visava o sertão. OLIVEIRA VIANNA, preocupado especialmente com a questão da formação do povo brasileiro, empregou forte tom positivista em seus estudos, afirmando a relação entre “raça”, meio natural e comportamento humano. Defendia a tese da superioridade ariana, e a vinda de imigrantes que, a seu ver, poderiam misturar-se à população de modo a “embranquecê-la”. MONTEIRO LOBATO, um dos maiores escritores brasileiros. Sempre carregou forte influencia do meio rural, o que se reflete em suas obras criticas e ficcional. Permanentemente atento a questão do nacionalismo, dedicou parte de seus escritos ao tema da cultura brasileira, e atenção especial ao homem do campo, que, a seu ver, não recebia a atenção dos políticos e intelectuais. EUCLIDES DA CUNHA, foi jornalista e escritor, viajou a Bahia como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo para cobrir a guerra de Canudos. Sobre o qual escreveu o livro “Os Sertões”. SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA, dedicou-se a estudar a sociedade brasileira a partir de sua historia, deixando textos que são clássicos no nosso pensamento social. 2) Civilizados ou cordiais? Homem cordial, este seria o brasileiro típico, fruto da colonização portuguesa e representante conceitual de nossa sociedade. Acontece que, como cordial na linguagem comum tem o sentido de afetuoso, afável a idéia de “homem cordial” ficou associada à concepção do brasileiro como gentil, hospitaleiro, pacifico. Sergio Buarque usa essa expressão, para indicar um tipo de sujeito que age de acordo com um “fundo emotivo transbordante”, ou seja, com o coração, movido pela emoção. Para ele, cordialmente, sugere a aversão a impessoalidade. Nós, brasileiros, estaríamos sempre buscando estabelecer intimidade, pondo laços e relações como interesse diário de nossas relações. Não por acaso, estranhamos o que vemos como formalidade excessiva por partes outros povos, como os europeus. A conseqüência nesse transbordamento é outro tema que aparece cotidianamente na imprensa e nos textos acadêmicos. Os políticos tratam os assuntos públicos como se fossem assuntos privados, fazendo com que o Estado se torne mais “pessoal” e menos “burocrático”. Assim, Sergio, sugere a classificação do Estado brasileiro como “patrimonial”. Numa alusão a uma diferenciação feita por Max Webber sobre burocracia e patrimonialismo. Numa sociedade onde impera a lógica legal-burocratica. O estado é regido pela impessoalidade, e pelo informalismo, pela imprevisibilidade e pela universalidade dos critérios. Já na sociedade patrimonialista, ao contrario, os homens públicos atuam na esfera estatal de acordo com regras e valores daesfera domestica. O “jeitinho brasileiro” é uma reação comum do brasileiro, quando confrontado com um impedimento legal. Também conhecido como “quebra-galho, ou malandragem”, seria uma forma especial de resolver uma situação difícil. Uma das principais características, é o fato desse “jeitinho” ser aceito e utilizado, por todas as camadas sociais, dependendo apenas da criatividade de cada um de dar uma solução, a impossibilidade imposta. Dependendo de características pessoais, como carisma, “jogo de cintura”. 3) O Brasil e seus dilemas. Por um lado, cremos ser importante respeitar a lei; por outro, achamos igualmente licito recorrer ao famoso “jeitinho”. Gostamos de nos pensar como um pais democrático e igualitário, mas isso não quer dizer que não sejamos também altamente hierárquicos. Para Roberto DaMatta, operamos como uma hierarquia que diz:” Eu sou igual a todo mundo até certo ponto; devido à minha rede de contatos, à minha família, eu mereço um tratamento especial.” É como um direito as avessas concedido não pela lei, mas pela posição que o sujeito ocupa na hierarquia social. DaMatta, também argumenta, que na cultura brasileira, “casa” e “rua” não se referem simplesmente a espaço geográfico ou a coisas físicas. Referem-se, antes de tudo, a “entidades morais”, “esfera de ação social”, “domínios culturais institucionalizados”. A casa define tanto um espaço intimo e privativo de uma pessoa, quanto um espaço maximo e absolutamente publico, como ocorre quando nos referimos ao Brasil como “nossa casa”. As expressões, “vá para o olho da rua”,” na rua da amargura”, que exemplificam o quanto a sociedade brasileira rejeita a rua, vista como o lugar do impessoal, do isolado. A rua é um espaço da malandragem e do perigo, do que é de “ninguém”. Roberto DaMatta lembra ainda a tradição brasileira de dar nomes subjetivos aos logradouros, em contraposição as coordenadas geométricas norte-americanas. Entre nós, a orientação não segue códigos racionais e universais, mas refere-se a acidentes topográficos ou, ainda, a características políticas e sociais. 4) Missão (quase) impossível O Brasil é um pais plural do ponto de vista de seus rituais e costumes. De uma pluralidade que vai muito além das reconhecidas diversidades regionais e que se recusa a se acomodar em modelos explicativos rígidos.
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