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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO

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Autores: Profa. Cássia Regina Palermo Moreira
 Prof. Mário Luiz Miranda 
Crescimento e 
Desenvolvimento Humano
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Professores conteudistas: Cássia Regina Palermo Moreira / Mário Luiz Miranda
Cássia Regina Palermo Moreira
Natural de São Paulo, doutora em Ciências pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP‑USP), com 
mestrado e bacharelado em Educação Física pela Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFEUSP). 
Professora na Universidade Paulista (UNIP) de 2004 a 2011 e de 2014 até o momento no curso de Educação 
Física e em outros cursos de graduação. Professora pela Uniesp, em 2013. Leciona as disciplinas Aprendizagem e 
Desenvolvimento Motor, Crescimento e Desenvolvimento Humano, Métodos de Pesquisa, Psicologia Aplicada ao 
Esporte, entre outras. Membro do Grupo de Estudos da Ação e Intervenção Motora (EEFE‑USP). Bacharela em Direito, 
desde 2013, pelas Faculdades Integradas de Guarulhos – SP (FIG‑UNIMESP). 
Mário Luiz Miranda
Natural de São Paulo, foi atleta de judô e atualmente é árbitro internacional continental dessa modalidade pela 
Federação Internacional de Judô e Confederação Brasileira de Judô. É mestre em Ciências pela Escola de Educação 
Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE‑USP), pós‑graduado em Aprendizagem Motora também pela 
EEFE‑USP e graduado em Educação Física na UNIP, onde atua como coordenador pedagógico e professor, desde 2006, 
nas disciplinas de Aprendizagem e Desenvolvimento Motor e Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamento, na qual 
é líder acadêmico. É professor nos cursos de pós‑graduação à distância de Aprendizagem e Desenvolvimento Motor 
na disciplina de Teorias de Aprendizagem Motora da Universidade Estácio de Sá e Unicsul. Seus principais trabalhos 
publicados são: A iniciação no Judô: Relação com o Desenvolvimento Infantil; Efeitos do Uso da Instrução Verbal e 
Demonstração por Vídeo na Aprendizagem de uma Habilidade Motora do Judô; estudos de prática formalizada de kata 
(rotinas de aprendizagem de golpes da modalidade de judô) com o título Práctica y Caracterización de las Katas por 
Profesores y Árbitros de Judô Experimentados e o livro Respostas Psicofisiológicas da Arbitragem de Judô: Efeitos da 
Experiência dos Árbitros e do Nível das Competições.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto ‑ São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑006/11, ISSN 1517‑9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
681.3
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Giovanna Oliveira
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Sumário
Crescimento e Desenvolvimento Humano
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 VIDA HUMANA: DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE, CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO E POSSIBILIDADES DE RELAÇÕES COM 
A EDUCAÇÃO FÍSICA .......................................................................................................................................... 11
2 DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE .............................................................................................................. 13
2.1 A origem do homem: considerações sobre evolução ............................................................ 14
2.2 A origem do homem na história do homem ............................................................................ 16
2.3 Características morfofuncionais do homem moderno (Homo sapiens sapiens) ............... 20
2.4 Importância do estudo da evolução humana para a Educação Física ........................... 23
3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO ..................................................................... 25
3.1 Ideias equivocadas sobre crescimento e desenvolvimento humano .............................. 25
3.2 Os fenômenos e os conceitos de crescimento e desenvolvimento humano ............... 26
3.3 Há limites para o crescimento e para o desenvolvimento ao longo da vida? ............. 28
3.4 Fatores de influência e variações no processo de crescimento e 
desenvolvimento de uma pessoa .......................................................................................................... 30
3.5 Domínios que compõem o desenvolvimento humano ......................................................... 33
3.5.1 Domínio motor ........................................................................................................................................ 35
3.5.2 Domínio cognitivo .................................................................................................................................. 38
3.5.3 Domínio emocional ................................................................................................................................ 40
3.5.4 Domínio moral ......................................................................................................................................... 42
3.5.5 Domínio social e cultural ..................................................................................................................... 45
3.6 A integração polêmica de dois domínios do desenvolvimento: razão e emoção ...... 47
4 O CICLO DE VIDA E AS FAIXAS ETÁRIAS ................................................................................................. 50
4.1 Para mais reflexões sobre o ciclo de vida e a atuação profissional ................................. 51
Unidade II
5 INICIANDO A VIDA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO PERÍODO PRÉ‑NATAL ........ 55
5.1 Concepção ............................................................................................................................................... 55
5.1.1 Sistemas reprodutivos ........................................................................................................................... 55
5.1.2 Característica reprodutiva feminina e masculina ...............................................................................58
5.2 Gravidez: o difícil caminho daconcepção ................................................................................. 60
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5.3 A saúde da mulher e fatores que podem afetar a gravidez saudável ............................ 61
5.4 O período pré‑natal ............................................................................................................................. 62
5.4.1 O primeiro mês......................................................................................................................................... 62
5.4.2 O segundo mês ........................................................................................................................................ 64
5.4.3 O terceiro mês .......................................................................................................................................... 66
5.4.4 O quarto mês ............................................................................................................................................ 67
5.4.5 O quinto mês ............................................................................................................................................ 69
5.4.6 O sexto mês ............................................................................................................................................... 70
5.4.7 O sétimo mês ............................................................................................................................................ 72
5.4.8 O oitavo mês ............................................................................................................................................. 73
5.4.9 O nono mês ............................................................................................................................................... 74
5.5 O processo de nascimento ou parturição................................................................................... 76
5.5.1 Parto vaginal ............................................................................................................................................. 76
5.5.2 Parto cesariano ........................................................................................................................................ 77
6 INFÂNCIA ............................................................................................................................................................ 78
6.1 Primeira infância .................................................................................................................................. 78
6.1.1 Desenvolvimento físico ........................................................................................................................ 78
6.1.2 Desenvolvimento sensorial e cognitivo ......................................................................................... 80
6.1.3 Desenvolvimento motor ...................................................................................................................... 81
6.1.4 Desenvolvimento emocional e sociocultural ............................................................................... 87
6.1.5 A grande importância do ato de amamentar – para a mãe e para o bebê..................... 90
6.2 Segunda infância .................................................................................................................................. 92
6.2.1 Domínio cognitivo e moral ................................................................................................................. 92
6.2.2 Domínio motor ........................................................................................................................................ 93
6.2.3 Domínio emocional e sociocultural ..........................................................................................................95
6.3 Terceira infância .................................................................................................................................... 95
6.3.1 Desenvolvimento cognitivo e moral ............................................................................................... 95
6.3.2 Desenvolvimento físico e motor ....................................................................................................... 96
6.3.3 Desenvolvimento emocional e sociocultural ............................................................................... 99
6.3.4 Interação dos domínios do desenvolvimento: um exemplo de fatos .............................101
6.3.5 Para mais reflexões sobre Educação Física na terceira 
infância e atuação profissional ..................................................................................................................103
6.4 Adolescência .........................................................................................................................................103
6.4.1 Domínio físico ........................................................................................................................................104
6.4.2 Desenvolvimento cognitivo e moral .............................................................................................105
6.4.3 Desenvolvimento motor ....................................................................................................................107
6.4.4 Desenvolvimento emocional e sociocultural .............................................................................109
6.4.5 Para mais reflexões sobre Educação Física na adolescência e atuação profissional ..111
Unidade III
7 MATURIDADE ETÁRIA ..................................................................................................................................116
7.1 IDADE ADULTA .....................................................................................................................................117
7.1.1 Adulto jovem (ou início da idade adulta) – de 20 a 40 anos de idade ........................... 117
7.1.2 Adulto de meia idade (ou vida adulta intermediária) – de 40 a 65 anos de idade .. 123
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8 TERCEIRA IDADE ............................................................................................................................................127
8.1 Compreendendo a velhice ..............................................................................................................127
8.2 Domínio sensorial e cognitivo ......................................................................................................129
8.3 Domínio físico e motor ....................................................................................................................131
8.4 Domínio emocional e sociocultural ............................................................................................134
8.5 A terceira idade é mesmo a “melhor idade”? ..........................................................................139
8.6 Para mais reflexões sobre o processo de envelhecimento e atuação profissional ..140
8.7 Aproximação do término da vida ................................................................................................143
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APRESENTAÇÃO
O objetivo desta disciplina é apresentar e discutir como o processo de crescimento e desenvolvimento 
humano vem sendo investigado e compreendido, bem como promover discussões a respeito das relações 
entre esse processo e a orientação por parte dos professores e profissionais de Educação Física, visando 
contribuir com uma intervenção profissional comprometida com o bem‑estar do ser humanoem todo 
o ciclo de vida. 
Ao final do curso, o estudante deverá estar apto a: a) compreender conceitos e reconhecer as etapas 
do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano e as principais características inerentes 
a cada etapa, estabelecendo relações entre elas; b) identificar e relacionar fatores que possam afetar 
o curso do crescimento e desenvolvimento humano; c) refletir acerca dos cuidados e adequações da 
prática de atividade física e da futura atuação profissional para as diferentes faixas etárias. 
Inicialmente, apresentam‑se conceitos e compreensões teóricas sobre a origem e evolução 
da espécie humana; o processo de crescimento e desenvolvimento do indivíduo; os domínios do 
desenvolvimento humano e a divisão do ciclo vital em faixas etárias (da concepção até a velhice), bem 
como a importância desses conhecimentos para a atuação do professor e do profissional de Educação 
Física. Depois, trataremos da concepção e do período de gestação, das principais características da 
infância e da adolescência. Por último, abordaremos o longo período que compreende a idade adulta 
e posteriormente a velhice (terceira idade), discutindo em especial o processo de envelhecimento. 
Embora não seja o foco central desta disciplina, são apresentadas algumas considerações acerca de 
adequações e cuidados com a saúde e bem‑estar da gestante e do bebê na prática de atividade física; 
também são elaboradas certas questões para reflexão relacionadas à prática de atividade física para 
diferentes faixas etárias. 
INTRODUÇÃO
O ser humano é estudado por muitas áreas de conhecimento, desde a Filosofia, as Ciências Naturais 
(como Física, Química e Biologia etc.), as Humanidades (como História, Ciências Políticas, Economia 
etc.) e as diversas religiões. O conhecimento cotidiano também deve ser levado em consideração, pois 
muitos costumes e tradições são edificados sobre conhecimentos populares, em muitos casos, passados 
de geração para geração e bastante sujeitos a regionalismos. 
A rigor, ao se lançar um olhar mais atento ao ser humano, identifica‑se que vários aspectos em 
cada um de nós parecem ser realmente “mais naturais e inevitáveis”, como, por exemplo, pensar, sorrir, 
possuir determinada configuração corporal (cabeça, tronco e membros) e a possibilidade de uma série de 
ações intelectuais e motoras associadas a essa configuração, ao passo que outra parte parece depender 
grandemente de influências do ambiente, seja relacionado ao local onde se nasce ou se vive, seja ao que 
nos é ensinado e assim por diante.
Contudo, convém esclarecer que a presente disciplina está fundamentada em conhecimentos 
produzidos e interpretados principalmente pela ciência (Ciências Naturais e Humanidades), o que não 
significa desconsiderar outros “tipos” de conhecimentos, como o filosófico, o religioso e o popular, já 
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mencionados. Esses também estarão presentes ao longo desse material, ainda que nem sempre com a 
mesma ênfase.
É importante observar também que no curso superior (graduação e pós‑graduação) não basta 
somente descrever os acontecimentos (fenômenos) ou de que modo (método) foram investigados. Em 
outras palavras, não é suficiente saber o que se vai estudar e como se vai estudar. Além disso, é preciso 
que uma pergunta esteja no meio acadêmico‑científico: por quê?
A pergunta “Por quê?” deve estar constantemente entre nossas preocupações como estudantes 
e como futuros profissionais. É uma pergunta muito presente ao longo da infância, especialmente a 
partir dos cinco anos de idade, aproximadamente, e jamais perde sua importância se o objetivo for 
compreender, com algum grau de profundidade, o grande desafio que é, mais tarde, estudar e agir como 
profissionais competentes e éticos.
É nesse sentido que se espera contribuir para que o atual estudante, futuro profissional ou professor 
de Educação Física – e sempre pesquisador – compreenda adequadamente a vida humana em seus 
processos de crescimento e desenvolvimento ao longo de todo o seu ciclo (ciclo vital), tendo em vista 
que todos os seres humanos e cada um dos seres humanos são importantes, desde a vida dentro do 
útero (ou mesmo “fabricada” em um laboratório) até o momento de sua morte.
Para se proceder de modo coerente em uma disciplina como esta, que lida com características 
generalizáveis, ora tratando de fenômenos mundiais, ora tratando de eventos nacionais, locais e até 
mesmo particulares, foi necessário selecionar ou enfatizar certos aspectos ou domínios comportamentais 
em detrimento de outros, porém não sem critérios de escolha justificáveis.
Basicamente, os critérios foram: características e circunscrições de temas mais importantes e 
pertinentes para determinadas faixas etárias do que para outras; atualidade do tema escolhido, 
especialmente quando diz respeito a tendências comportamentais em um futuro próximo; relevância 
para o exercício profissional na área de Educação Física, seja no âmbito da escola ou em outros espaços 
e contextos de possibilidade de intervenção.
Na medida do possível, procuramos adequar ao cotidiano brasileiro os dados de pesquisas e as 
reflexões decorrentes desses dados e de outras fontes de conhecimento, ainda que ciente da imensa 
diversidade sociocultural que constitui o nosso país. Nesse sentido, constatamos a importância de 
abordar algum tema de destaque para o processo de desenvolvimento em determinada faixa etária, 
tema cuja característica e relevância tivessem uma abrangência que se estendesse além das diferenças 
socioculturais, ou seja, que, apesar das diferenças, atingem parte significativa da população daquele 
período etário.
A expectativa dos autores é abranger o fenômeno do crescimento e desenvolvimento com 
perspectivas e questionamentos atualizados, oferecendo segurança ao leitor no que se refere à base 
de conhecimento própria da disciplina e também da Educação Física e, se possível, de áreas afins, seja 
nas Ciências Naturais, seja nas Humanidades, contanto que visando à futura qualidade na prestação de 
serviços e a uma atuação didático‑profissional ética.
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Unidade I
1 VIDA HUMANA: DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE, CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO E POSSIBILIDADES DE RELAÇÕES COM A 
EDUCAÇÃO FÍSICA
Estudar crescimento e desenvolvimento humano tem como finalidade uma compreensão das pessoas 
e de si mesmo (da própria pessoa que os estuda, pois ela, obviamente, também é um ser humano). 
Nesse sentido, para tentar responder questões e elaborar outras tantas sobre esse vasto, inerente e 
profundo fenômeno que é a vida humana, entende‑se que toda e qualquer informação deve ao menos 
ser levada em consideração. Por isso, recomenda‑se as seguintes fontes de informação: 
• Livros acadêmico‑científicos: trazem conhecimentos consolidados sobre crescimento e 
desenvolvimento humano. Alguns deles versam somente sobre uma determinada faixa de idade, 
o que é igualmente válido, sobretudo para quem tem o objetivo aprofundar‑se no respectivo 
período de vida estudado. 
• Periódicos (revistas) científicos(as): têm como propósito apresentar dados de pesquisa mais 
recentes, que levam à constante atualização de conhecimento, nas mais diversas áreas das Ciências 
e das Humanidades (Ciências Humanas). É comum que periódicos dessa natureza contenham 
também indicações e comentários de novos livros a serem lançados.
• Filmes na modalidade documentário: constituem‑se em uma forma bastante dinâmica de 
obter informações corretas e precisas; e, dependendo da época de produção do filme, atuais. 
A vantagem desses filmes está especialmente na riqueza de imagens, tanto no que se refereà 
resolução (qualidade) como no tocante à beleza e proximidade com o evento estudado tal como 
realmente aconteceu. 
• Filmes na modalidade ficção: apesar de os enredos nem sempre se aproximarem de uma história 
que realmente ocorreu, é comum que tratem de inúmeros fenômenos presentes na vida das 
mais diferentes pessoas. Ademais, não há qualquer restrição em se imaginar pessoas e situações 
diversificadas, uma vez que não se pode prever, ao longo da vida, com quais problemas ou 
demandas cada um de nós pode vir a deparar, seja na área profissional ou na vida em sociedade de 
forma mais ampla. Temas cotidianos, recorrentes e repetidos, não raro são tratados por diferentes 
filmes sob perspectivas absolutamente diversas, cujo resultado pode ser sensibilizar diferentes 
espectadores para um mesmo tema ou, em contrapartida, possibilitar a um mesmo espectador 
ampliar suas perspectivas, adquirir novas e repensar antigas. Outra vantagem de filmes de ficção é 
que, em razão de hábitos culturais, há um número expressivo de pessoas que lhes assistem. Além 
disso, em nosso país em particular, existem muito mais pessoas que apresentam hábito de assistir 
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Unidade I
a filmes do que de ler livros, e como consequência, esse é um meio de as pessoas compartilharem 
experiências comuns.
• Peças teatrais, espetáculos de dança, feiras livres (de gastronomia, de livros, de artesanato): com 
propósitos semelhantes ao que se pode encontrar nos filmes, essas e tantas outras formas de 
expressão literária, artística ou cotidiana não são menos importantes para a compreensão de 
outros seres humanos.
• Visitas a museu: museus contêm uma riqueza imensa de materiais surpreendentes, que retomam 
e reinterpretam a história humana, em sentido amplo ou estrito, dependendo da temática e 
propósito do museu, bem como das exposições que nele se encontram, pois vários museus, de 
tempos em tempos, trocam de coleções (no todo ou em parte). Muitos museus também permitem 
que se fotografe, tanto em seu interior como em áreas externas que também pertencem ao 
museu; os locais em que se permite fotografar são rigorosamente determinados pelo próprio 
museu, mais comumente considerando a delicadeza do material no que se refere a flashs de 
luz ou outro critério. Em nosso país, a visita a museus é um hábito de parte muito reduzida da 
população, mesmo em certas capitais, em que a oferta desse tipo de entretenimento é maior do 
que em localidades menores. Modificar esse hábito é de bastante relevância para uma melhor 
compreensão da vida humana, pois qualquer produção material do ser humano há de ter sua 
relevância para percebê‑lo e compreendê‑lo em suas necessidades vitais.
Figura 1 – Museu de Arqueologia de Atenas, Grécia (vista frontal)
Todos esses contatos são imprescindíveis para o estudo do crescimento e desenvolvimento humano, 
entretanto, para profissionais das áreas de Saúde e Educação, a observação atenta a todas as pessoas 
em nossa vida diária é igualmente imprescindível. Afinal, não lidamos com as pessoas que estão nesses 
materiais, mas com as pessoas com as quais deparamos em nosso cotidiano – no exercício da profissão 
ou não, presencial ou virtualmente. 
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Por isso que as instituições de Ensino Superior tendem, cada vez mais, a exigir um número variável 
(embora pré‑estabelecido) de horas dedicadas a atividades extracurriculares (atividades complementares). 
Uma formação no curso superior pressupõe comprometimento com um conhecimento amplo (uma 
vez que universidade tem sentido de universalidade) e, ao mesmo tempo, específico, no que se refere 
ao aprofundamento. A Educação Física requer ambos, por isso está legitimada e consolidada no Ensino 
Superior. Afinal, atividade física e motora está presente na evolução do ser humano, como espécie e 
como indivíduo.
2 DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE
Para tratar do desenvolvimento da espécie humana, há que se remeter à origem do ser humano, 
que se constitui matéria controversa, pois que existem muitas explicações pautadas nas diferentes 
culturas, as quais apresentam diversos sistemas de crenças e religiões, fundamentadas em suas próprias 
cosmogonias. 
 Observação
Cosmogonia é o conjunto de princípios e doutrinas – religiosos, míticos 
ou científicos – que se ocupam de explicar a origem do universo.
Busca‑se explicar também a origem e o funcionamento de tudo o que se conhece (ou que nós, seres 
humanos, acreditamos conhecer), em especial, o que chamamos de natureza, e o que chamamos de 
“nós”, seres humanos.
É curioso que, muitas vezes e em diversas situações, tratamos do universo como se dele não fizéssemos 
parte, e tratamento semelhante atribuímos à natureza, ou seja, como se não fôssemos formados pelos 
mesmos elementos químicos que a água (hidrogênio e oxigênio), os gases (hidrogênio, oxigênio, cloro, 
enxofre, nitrogênio etc.), a terra (cálcio, carbono, sódio, magnésio etc.), as plantas e os outros animais, 
pois que, no âmbito da Biologia, também somos animais. 
 Observação
A classificação do homem, de acordo com critérios da Biologia, é: 
reino: animal; filo: cordado; classe: mamífero; ordem: primata; família: 
hominídeo; gênero: Homo; espécie: sapiens.
Esse ocasional distanciamento do que se denomina genericamente de natureza deve‑se à nossa 
capacidade, como seres humanos, de identificar, interpretar e comunicar a respeito de tudo o que está 
ao nosso redor, bem como de cada um de nós de reconhecer a si mesmo como diferente do outro, ainda 
que haja muitas semelhanças. 
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Unidade I
Para se compreender a origem e o desenvolvimento do ser humano, é totalmente relevante que se 
levem em conta dois elementos: evolução e história.
2.1 A origem do homem: considerações sobre evolução
Falar em evolução requer compreensão de conceitos e certos cuidados, a fim de que se compreenda 
que não é uma questão de mera opinião ou preferência de ideias. Discutir a respeito de evolução requer 
estudo e muito bom senso. É preciso investigar, refletir a até mesmo “desconstruir” certas noções que 
foram transmitidas popularmente como corretas, porque não foram estudadas tanto quanto necessário. 
Para estudar evolução, é preciso conhecer um pouco de Biologia. 
O pesquisador Charles Darwin (1809‑1882) foi o propositor da teoria da evolução, com a ideia 
de que há uma continuidade entre todos os seres vivos. Essa continuidade, no entanto, não se refere 
a uma mera relação linear que se inicia pelo mais simples (um ser de uma única célula) e chega ao 
mais complexo (estando o homem no topo, no ponto mais elevado), mas sim a uma relação na qual 
ocorrem ramificações. Essa estrutura ramificada seria como uma “árvore da vida”, ou seja, por analogia, 
haveria uma única raiz, mas com muitos ramos evolutivos, resultando em muitas espécies diferentes 
(YAMAMOTO, 2009; MATURANA; VARELA, 2001). Por exemplo, o homem e outros primatas como gorila, 
chimpanzé etc. possivelmente se originaram de um mesmo ancestral, o que não significa que um 
chimpanzé tenha “evoluído” até se tornar homem.
Duas obras de Darwin que refletem sua elaboração teórica sobre evolução são: A Origem das Espécies 
(1859) e A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais (1837).
 Saiba mais
O filme a seguir retrata dilemas da vida de Darwin quando estava 
escrevendo sua obra A Origem das Espécies. 
CRIAÇÃO. Dir. Jon Amiel. Reino Unido: Recorded Picture Company (RPC), 
2009. 108 minutos. 
Yamamoto (2009) explica dois conceitos fundamentais, evolução e raça: 
A evolução biológicaconsiste na mudança de características hereditárias de 
grupo de organismos ao longo das gerações, através de processos aleatórios, 
o mais importante deles sendo a seleção natural (p. 2).
 Observação
Processos aleatórios são eventos que ocorrem ao acaso, sem algo 
predeterminado. 
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Os organismos que essa autora menciona referem‑se a qualquer ser vivo, seja uma bactéria, um 
cachorro, uma estrela do mar, uma planta, o ser humano, enfim: qualquer ser vivo.
Não existe um “tipo” ou espécie de ser vivo que seja considerado superior a outro em termos absolutos; 
o que existem são diferentes espécies que vivem em certos ambientes de forma melhor do que outras 
espécies naquele mesmo ambiente. Essa “forma melhor” está associada a menos dificuldade de obter 
alimento, mais chances de acasalamento, melhores condições de proteger a cria, comparativamente a 
outras espécies, nesse mesmo ambiente. Assim, há os mais bem‑adaptados e os menos bem‑adaptados 
a um determinado ambiente.
Por outro lado, pode ocorrer alguma modificação nesse ambiente que venha a favorecer uma espécie 
que era menos adaptada e passar a prejudicar a que, anteriormente, vivia melhor. 
Assim, o mais bem‑adaptado é o que vive melhor em um ambiente determinado.
Uma definição de adaptação é a seguinte: 
[...] trata‑se de um processo dinâmico de mudança, desenvolvido voluntaria 
ou involuntariamente, a fim de recolocar um organismo numa posição mais 
vantajosa em relação ao seu meio interno ou ao ambiente e que supõe a 
capacidade de aprender” (DORON; PAROT, 1998, p. 30).
Note‑se, portanto, que evolução, em Biologia, não deve ser entendida como um sinônimo de 
progresso, ou seja, não existe a espécie “mais evoluída” ou “melhor” (YAMAMOTO, 2009), existem apenas 
espécies “diferentes”.
 Observação
“Seleção natural é um processo através no qual os indivíduos mostram 
sobrevivência e/ou reprodução diferencial” (YAMAMOTO, 2009, p. 1). 
Raça é um conceito bastante utilizado popularmente. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 
(RAÇA, 2001) elucida 14 significados associados entre si. A primeira definição é: “divisão tradicional e 
arbitrária dos grupos humanos, determinada pelo conjunto de caracteres físicos hereditários (cor da 
pele, formato da cabeça, tipo de cabelo etc.)”.
Contudo, o conceito não é mais aceito pela Biologia (YAMAMOTO, 2009) e nem pela Etnologia, 
que, para Houaiss, é o campo de estudo das diferentes culturas (etnias) mediante fatos e documentos 
(ETNOLOGIA, 2001). 
A justificativa biológica para desconsiderar essa noção – noção que não encontra fundamento 
científico – é que cor da pele ou qualquer outra variação na aparência não são determinadas por 
diferenças genéticas significativas; aliás, pesquisas têm mostrado que existem mais variações de genes 
em uma mesma população do que quando se comparam diferentes populações. 
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Unidade I
Em outras palavras: todos nós, humanos, somos da mesma espécie e, portanto, temos a mesma 
origem. Isso afasta a ideia de eugenia (sinônimo de “bem‑nascido”), ou seja, a ideia de que certas 
pessoas são melhores do que outras, isto é, de “qualidade superior” àquelas não fossem de mesma 
origem genética, como se possuíssem em seus genes um favorecimento genético a priori.
A rejeição do conceito de raça pela Etnologia dá‑se porque, embora certos grupos de pessoas 
possam vir a apresentar bastantes semelhanças entre si quanto a características físicas e biológicas, 
esses mesmos grupos podem não apresentar ou pouco apresentar características culturais em comum. 
Portanto, observa‑se que nem no campo das Ciências Naturais nem no campo das Humanidades o 
conceito de raça se legitima. 
O importante é saber que determinado povo ou determinada etnia não podem ser considerados nem 
superiores e nem inferiores a outro povo. Isso é muito importante, pois, do contrário, podem passar a 
ideia errônea de que pessoas de pele branca são de melhor qualidade do que as de pele negra, ou de que 
pessoas de uma mesma cultura são “mais evoluídas” do que de outra. 
No âmbito da vida social humana, o uso desse conceito gera preconceito, e preconceito gera 
sofrimento. 
O estudo sobre crescimento e desenvolvimento humano tem como objetivo preparar o estudante e 
futuro profissional para exercer a profissão de forma refletida e ética. Com essa fundamentação, nós, 
autores deste material, corroboramos a não aceitação do conceito de raça.
 Lembrete
Não existe superioridade absoluta de uma espécie sobre outra espécie. 
O que existe é uma espécie mais bem‑adaptada que outra, mas somente 
em relação às especificidades das condições de determinado ambiente. 
2.2 A origem do homem na história do homem
Um primeiro ponto a ser lembrado é a divisão teórica da História humana em dois grandes períodos: 
a Pré‑História e a História. 
É importante considerar que a própria divisão da História e boa parte dos materiais encontrados 
tiveram como base inicial interpretativa a cultura europeia. É o chamado eurocentrismo, como se a 
Europa fosse o lugar onde tudo se iniciou: todas as culturas, os meios de produção, os povos e assim por 
diante. Porém, hoje, mesmo sabendo que não foi assim, a divisão dos períodos históricos permanece do 
modo apresentado a seguir. 
• A Pré-história é o período que abrande desde os primeiros hominídeos até a invenção da escrita, 
em aproximadamente 4.000 a.C.
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• A História é propriamente reconhecida a partir da invenção da escrita e apresenta a seguinte 
subdivisão:
— Idade Antiga ou Antiguidade – da invenção da escrita (aproximadamente em 4.000 a.C.) até 
a queda do Império Romano do Ocidente, 476 d.C. 
— Idade Média ou Idade Medieval – de 476 d. C. até a tomada de Constantinopla (sede do 
Império Romano do Oriente) pelos turco‑otomanos, 1453.
— Idade Moderna ou Modernidade – de 1453 até a Revolução Francesa, 1789.
— Idade Contemporânea ou Contemporaneidade – de 1789 até os dias atuais.
Para as finalidades desta disciplina, essa divisão constitui apenas um referencial para a compreensão 
de certos valores, organizações e manifestações socioculturais, bem como para delimitar épocas referentes 
ao desenvolvimento de certas pesquisas e seus autores, assim como para auxiliar na interpretação de 
determinadas questões, inclusive relacionando‑se com a prática ou escassez de prática de atividade 
física na Contemporaneidade, principalmente nos dias atuais.
O estudo da História está pautado em alguns materiais fundamentais. De forma simplificada, pode‑se 
dizer que são: documentos (em especial, documentos escritos); fósseis e outros objetos encontrados nas 
escavações. As escavações começaram a ser realizadas com mais frequência a partir do século XIX. 
Figura 2 – Escavação conservada abaixo da estrutura do Museu da Akropolis (Atenas, Grécia)
De acordo com Rodrigues (2009), com base em análise de DNA (molécula que se encontra no 
núcleo celular), há estimativas de que a linhagem de primatas não humanos divergiu da linhagem 
humana há cerca de 6 ou 7 milhões de anos, embora a prova fóssil mais antiga dessa separação seja 
datada de 4 milhões e 400 mil anos. 
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A partir da década de 1960, a África passou a ser considerada o local onde o ser humano atual 
se originou, apesar de também haver fósseis de outros hominídeos em outros lugares, como Ásiae Europa. 
É muito importante compreender que a palavra hominídeo refere‑se aos primatas dos quatro gêneros 
seguintes: Ardipithecus; Australopitecos; Paranthropus; Homo. 
Os três primeiros foram extintos e não necessariamente deram origem ao gênero Homo, que é o 
gênero do ser humano atual. 
Convém observar que ser classificado como Homo (H) não é próprio somente ao homem atual, pois 
houve outros Homo, porém de espécies que não a sapiens. Foram estes: H. habilis; H. erectus; H. sapiens 
neanderthalensis. 
Note que o H. sapiens neanderthalensis, embora tenha a palavra sapiens, na parte que classifica 
espécie, tem também a palavra neanderthalensis. Por sua vez, o homem moderno (isto é, nós, seres 
humanos atualmente vivos e os povos dos quais descendemos) é classificado como Homo sapiens 
sapiens, ou seja, a palavra sapiens se repete. 
 Observação
“Homem moderno” difere de “homem arcaico”. Não se trata do homem 
que viveu na Idade Moderna e nem do homem que apresenta estilo de vida 
contemporâneo. 
 Saiba mais
O filme a seguir é uma ficção que aborda a inter‑relação de dois grupos 
de hominídeos primitivos. 
A GUERRA do fogo. Dir. Jean‑Jacques Annaud. Canadá: International 
Cinema Corporation (ICC). 1976. 100 minutos.
Houve também o Homo sapiens arcaico ou Homo heidelbergensis, que deve ter surgido entre 
500 mil e 100 mil anos, cujos fósseis foram encontrados em Zâmbia, Etiópia, França, Grécia e China 
(RODRIGUES, 2009). 
[...] os humanos modernos evoluíram na África há 120 mil anos e a partir de 
formas arcaicas. Propagaram‑se, rapidamente, para o Oriente Médio e daí 
para o leste da Ásia. Grupos desses humanos do leste asiático partiram em 
duas direções: sul (Austrália) e norte (América) (RODRIGUES, 2009, p. 37). 
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Segundo essa autora (2009), a agricultura, que surgiu há aproximadamente 10 mil anos, tornou‑se 
um modo de vida simultâneo para diferentes grupos de pessoas na América Central, no sul da África e 
no sudeste do Mediterrâneo.
Sabe‑se que esse modo de produção modificou o modo de vida humano: a necessidade de caçar 
animais e coletar frutos (comportamento caçador‑coletor), cuja consequência era mudar de lugar com 
certa frequência (modo de vida nômade) foi substituída pelo modo de vida denominado sedentário. 
 Observação
O modo de vida sedentário significa manter‑se em determinado local 
para viver; não deve ser confundido com estilo de vida sedentário, que se 
opõe a estilo de vida ativo.
Na atualidade, atribui‑se o conceito de estilo de vida sedentário quando se faz referência à ausência 
ou baixa frequência de atividades diárias que envolvam grandes grupos musculares e um razoável 
gasto energético em razão dessas atividades. Essa é uma marca da sociedade contemporânea, bastante 
relacionada à utilização de veículos automotores e equipamentos eletrônicos. Em contrapartida, o estilo 
de vida ativo envolve a prática de atividade física constante e organizada, como, por exemplo, realizar 
caminhadas de ao menos 30 minutos, três vezes durante a semana e até mesmo optar por subir e descer 
andares através de escadas em vez de tomar o elevador, realizar caminhos diários a pé ou de bicicleta em 
vez de usar meios de transporte coletivo, carro ou motocicleta, entre outros hábitos.
Retomando as adaptações relativas ao modo de vida sedentário, é correto afirmar que se estabelecer 
em determinado local modifica as relações dentro do grupo, como determinar outros parâmetros para 
divisão territorial (por exemplo, construindo moradias e muros), noção de propriedade, desenvolvimento 
diferenciado da linguagem e várias outras elaborações culturais. 
Bussab e Ribeiro (1998) indicam possibilidades bastante coerentes de como características biológicas 
e culturais foram se engendrando mutuamente, ao longo de milhares de anos, entre os primeiros 
hominídeos, até que se constituísse o ser humano como é hoje (o qual será chamado, genericamente, 
neste texto, de “homem” – incluindo homens e mulheres). 
Um conceito absolutamente imprescindível para se compreender ainda melhor a evolução do ser 
humano é a aprendizagem.
De acordo com Papalia e Feldman (2013, p. 62), aprendizagem refere‑se a “uma mudança duradoura 
no comportamento baseada na experiência ou adaptação ao ambiente”. 
Individualmente, envolve também outros aspectos: repetição de uma informação para que seja 
armazenada (memória), reprodução (produzir de novo, de modo semelhante) do que aprendeu; e 
comunicação a respeito do que foi aprendido, modificando alguns aspectos, contanto que sem perder 
características importantes do que foi ensinado. 
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O processo de aprendizado exige também foco de atenção, ou seja, sem prestar atenção é difícil 
aprender. Pode‑se até memorizar, porém, hoje em dia, aprender não se resume a memorizar e sim a 
atribuir significado próprio à informação que está sendo ensinada. Aliás, existe a possibilidade de a 
pessoa aprender sem que outra a ensine: ela observa, experimenta, tenta, testa, repete as tentativas e, 
muitas vezes, consegue realmente aprender sem ajuda de outrem.
Observa‑se na figura a seguir um macaco realizando uma atividade típica da cultura humana: 
andar de bicicleta. Esse é apenas um indicador de que o processo de aprendizagem não é exclusivo 
do ser humano.
Figura 3 – Macaco andando de bicicleta (com rodinhas laterais apoiando)
O fenômeno da aprendizagem no ser humano é muito valorizado, não apenas para a sobrevivência 
como também para o bom convívio social, uma vez que pessoas com dificuldade de aprendizado tendem 
a ser menosprezadas – o que, obviamente, deve ser combatido. 
Por isso, nota‑se que a aprendizagem tem um valor adaptativo, haja vista, contemporaneamente, o 
tempo que crianças e adolescentes permanecem na escola e o quanto são cobrados para realizarem, em 
casa, atividades relativas à escola.
Exemplo de aplicação
Reflita a respeito da seguinte situação: uma pessoa adulta jovem, de 20 anos, que entrou na Educação 
Infantil com quatro anos de idade, e acabou o Ensino Médio com 17, sem repetir nenhum ano letivo. 
Quanto do tempo dela foi dedicado à escola e sobre o que será que ela aprendeu? Quanto de todos os 
conteúdos que ela aprendeu ela conseguiria explicar ou reproduzir?
2.3 Características morfofuncionais do homem moderno (Homo sapiens sapiens)
As características típicas de uma determinada espécie de ser vivo, advindas de suas origens evolutivas, 
são adjetivadas por “filogenéticas”. Portanto, filogenia (filogênese) é a história evolutiva de uma espécie. 
E ontogenia (ontogênese) refere‑se a características próprias de um indivíduo.
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Isso não significa, necessariamente, que características típicas de uma espécie sejam exclusivas dessa 
determinada espécie. Por exemplo, muitos animais são capazes de se manterem em postura bípede 
e ereta: pinguins, cangurus, suricatos, entre outros; todavia, seus modos de locomoção apresentam 
padrões de movimento muito diferentes uns dos outros, assim como os do homem. 
 Observação
Padrões de movimentos são configurações de movimentos específicos 
inter‑relacionando cabeça, tronco, membros superiores e inferiores, em um 
espaço e um tempo determinados. Exemplo: o andar da criança apresenta 
diferentes padrões.
Outro exemplo: esquilos se mantêm em postura ereta e movimentam alimentos em suas patas 
dianteiras, assim como guaxinins; todavia não dispõem de mãos semelhantes às dos seres humanos, asquais permitem uma quantidade inimaginável de atividades manuais.
O homem pertence à ordem dos primatas, mas há uma divisão entre apes e monkeys, sendo os 
primeiros chamados de primatas superiores e os segundos de primatas inferiores. Os superiores abarcam 
o homem, os chimpanzés, os gorilas, os bonobos e os orangotangos. Ausência de cauda, locomoção 
bípede e estrutura articulada do cotovelo são características morfológicas que os aproximam, além da 
similaridade do DNA, em especial, com os chimpanzés. A estrutura social de cada um desses primatas 
também apresenta organização própria com alguma ordem hierárquica, mas diferentes formas de 
convívio intragrupo. 
Na ilustração a seguir, nota‑se a necessidade de o gorila apoiar‑se em uma das mãos para se locomover 
(além das patas dianteiras). Sua situação, portanto, diferente da que ocorre com o ser humano, em que 
ambas as mãos ficam livres para carregar ou manipular objetos enquanto se locomovem.
Figura 4 – Gorila locomovendo‑se e alimentando‑se simultaneamente
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 Saiba mais
O filme a seguir é uma ficção científica que apresenta processo evolutivo 
atípico de chimpanzés, assemelhando‑os a humanos, após uma série de 
experimentos realizados por cientistas, criando ameaças à sociedade 
humana local. 
PLANETA dos macacos: a origem. Dir. Rupert Wyatt. EUA: Twentieth 
Century Fox Film Corporation, 2011. 106 minutos. 
Exemplo de aplicação
Com base no filme Planeta dos Macacos e fundamentando‑se no que foi estudado até este ponto, 
é de se esperar que seja possível essa proporção de semelhança entre uma espécie e outra? Sugestões: 
a) pensar na configuração cerebral, no DNA e na história natural (evolutiva) de ambas as espécies; b) 
escrever seu posicionamento sobre essa situação. 
A seguir, apresentam‑se algumas características da morfologia (forma) e da fisiologia (função) 
típicas do homem e suas respectivas possibilidades e/ou consequências: 
Postura ereta e bípede
As consequências da postura ereta e bípede são: mãos livres para tocar em objetos e manipulá‑los, assim 
como a si mesmos e a outros seres, praticar, por exemplo, atividades relacionadas à higiene, prazer sexual, 
preparo de alimentos, carinho físico etc.; campo visual acima da altura de alguns predadores naturais, como 
felinos selvagens de grande porte; facilitação do contato entre olhares (“olhos nos olhos”) por mais tempo, 
possibilitando aprimoramento das relações sociais; facilitação do desenvolvimento da fala. Outro aspecto que 
contribui com a fala é o aparelho buco‑nasal, que propicia a “interrupção” entre a respiração e a ingestão de 
alimento, levando a uma boa coordenação entre essas duas ações.
 Observação
Postura ereta refere‑se ao posicionamento em que a coluna vertebral 
fica estendida verticalmente; bípede é o apoio somente sobre os membros 
inferiores (patas ou pés). 
Morfologia da mão
Há a possibilidade de “movimento de pinça” (oposição entre os dedos polegar e indicador). A 
consequência é a maior precisão na manipulação de objetos, possibilitando realizar tarefas que exijam 
muita destreza aliada a certa delicadeza, ou seja, imprimindo pouca força ao objeto. 
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A mão é uma região que recebe muitas terminações nervosas e, consequentemente, há muitos 
impulsos elétricos vindos do cérebro e retornando a ele. Isso implica que as mãos apresentam‑se 
bastante sensíveis a estímulos ambientais e, por meio do tato, consegue‑se executar movimentos muito 
precisos, traduzidos em habilidades manuais bem específicas, como costurar, bordar, escrever, realizar 
cirurgias etc.
Morfologia e funções cerebrais
O tamanho do cérebro é maior, comparativamente a outros hominídeos antes do homem moderno; 
além disso, há relações mais específicas entre certas regiões do cérebro e outras partes do corpo.
Há ainda o aparecimento e crescimento de determinadas áreas cerebrais, por exemplo, o córtex 
pré‑frontal, que permitem atividades mais especializadas (específicas), incluindo os lados direito e 
esquerdo do cérebro, pois cada lado passa a ser responsável, predominantemente, por diferentes funções 
(MATURANA; VARELA, 2001). 
Exemplo de aplicação
Realize a seguinte experiência: em vez da postura ereta em pé, isto é, sobre dois apoios, procure ficar 
sobre quatro ou seis apoios; peça para alguém íntimo fazer o mesmo. Fiquem de frente um para o outro 
e procurem olhar reciprocamente um nos olhos do outro e conversar entre si. Há grandes possibilidades 
de sentir um incômodo muito grande em pouco tempo, pois não há adequação anatômica para 
realizar essas ações nessa posição de modo confortável para um ser humano, em especial pela pressão 
intervertebral na região cervical, além da dificuldade de se sustentar por mais do que alguns minutos 
em quatro ou seis apoios.
2.4 Importância do estudo da evolução humana para a Educação Física
Conhecer essas características da origem da filogênese humana pode ser importante para 
compreendermos por que o homem atingiu certo nível de desenvolvimento – cognitivo (intelectual), 
afetivo (emocional), social etc. – comparativamente a outros seres vivos. 
Isso ocorreu tanto por meio de um sistema nervoso central bastante diferenciado (especializado) e 
uma série de outras estruturas e funções como através de arranjos sociais específicos, isto é, atividades 
organizadas em grupo. 
Afirmar que uma característica é causa (motivo) e outra é efeito (consequência) pode ser arriscado. 
É importante considerar que outros animais são muito mais fortes e ágeis que o homem e, para muitos 
deles, o homem é uma presa fácil. 
Ao que parece, vários eventos do desenvolvimento ocorreram em conjunto, em razão de diferentes 
demandas ambientais (ambientes e contextos em que ele vivia) que constituíram barreiras para sua 
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sobrevivência (isto é, para a continuidade da espécie) e assim o ser humano precisou buscar soluções 
para ultrapassar essas barreiras.
Não há dúvidas de que as habilidades manuais atribuem uma característica única de destreza e 
precisão, que deve ter impulsionado muito a cultura de forma ampla, e talvez mais especialmente ainda 
os trabalhos artesanais domésticos, sobretudo a atividade de tecer. 
Nesse sentido, entendendo‑se que atividades lúdicas e “esportivas”, isto é, que envolvessem 
séria competição e vigor nas capacidades físicas, estavam presentes em grandes civilizações 
da Antiguidade, fica o seguinte questionamento: seriam essas atividades formas de regulação 
social, isto é, de criação e aplicação de regras, de estabelecimento de relações hierárquicas entre 
pessoas e tarefas, ou mesmo uma forma de apaziguar conflitos, além de treinamento para fins 
bélicos e de lazer?
Exemplo de aplicação
Importante para refletir sobre a evolução do ser humano: “Ao que tudo indica, assim que 
nossos ancestrais desenvolveram uma dependência da cultura para sobreviver, a seleção natural 
começou a favorecer genes para o comportamento cultural. [...] tomados alguns cuidados para não 
simplificar indevidamente o processo, pode‑se dizer que biologia e cultura caminharam juntas” 
(BUSSAB; RIBEIRO, 1998).
Questão: a biologia e a cultura se influenciaram mutuamente ou a cultura só é possível por 
causa de características biológicas? Justifique seu posicionamento lendo todo o texto indicado 
anteriormente indicado. 
 Saiba mais
BUSSAB, V. S. R; RIBEIRO, F. L. Biologicamente cultural. In: SOUZA, L.; 
FREITAS, F. Q.; RODRIGUES, M. M. P. Psicologia: reflexões (im)pertinentes.São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. p. 175‑93. Disponível em:<http://
www.ip.usp.br/portal/images/stories/Articles/2004_Bussab_Ribeiro_
Otta_biologicamente_cultural.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2017.
 Lembrete
Filogênese – desenvolvimento da espécie; ontogênese – desenvolvimento 
do indivíduo.
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO
3.1 Ideias equivocadas sobre crescimento e desenvolvimento humano
É muito comum pensar que muitas das características de uma pessoa são absoluta e totalmente dependentes 
de sua idade (desde a primeira infância até a terceira idade), ou que estejam restritas absolutamente a fatores 
genéticos, isto é, herdadas de seus pais e outros ascendentes (como avós, bisavós etc.), ou ainda, que ocorram 
por causa exclusivamente do modo como foram criadas, da educação que receberam.
Outro problema é quando se associa estritamente certas atividades físico‑motoras e até intelectuais 
como exclusivas do sexo masculino e outras como exclusivas do sexo feminino, sem que se tenha a real 
noção de que as diferenças entre pessoas de sexos diferentes não são absolutas, mas sim uma mescla, 
uma interação entre características individuais próprias e possibilidades de escolhas. 
A seguir são indicados alguns exemplos dessas ideias equivocadas: 
• nós (humanos) descendemos dos macacos;
• a personalidade de uma pessoa nunca muda;
• quanto mais gorda for uma criança, mais forte ela será;
• invariavelmente, todas as garotas crescem até os dezoito anos de idade, e todos rapazes, até os 21;
• se uma pessoa realizar exercícios de alongamento, ela crescerá mais do que as que não os realizam;
• certas atividades físico‑motoras e mesmo intelectuais são adequadas somente para homens, e 
outras, somente para mulheres; 
• cada pessoa nasce com determinados dons, mas desprovida de outros, e sem esse dom, não há 
como ela aprender; 
• uma pessoa que está em processo de envelhecimento mais avançado ou em idade mais avançada 
não é capaz de aprender. 
Esses pensamentos podem acarretar uma série de problemas para os mais variados aspectos da 
vida das pessoas, comprometendo não apenas o entendimento acerca dos processos de crescimento e 
desenvolvimento humano por pais, cuidadores, profissionais de áreas de saúde e educação, mas também 
a felicidade das pessoas, por ameaçar as possibilidades de que realizem seus desejos e inspirações 
pessoais. 
Basta imaginar situações pelas quais passa um profissional ou professor de Educação Física ao 
exercer sua profissão. Se ele não conseguir interpretar corretamente o que se passa no desenvolvimento 
de uma criança, adolescente, adulto ou idoso, não apenas poderá aplicar exercícios físicos e motores 
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inadequados, como também dificultar o convívio de seu aluno ou cliente com outras pessoas, seja no 
convívio familiar, em atividades laborais (do trabalho), em grupos sociais maiores e mesmo quando a 
pessoa desejar se exercitar sozinha. 
Não obstante, talvez o pensamento mais equivocado quando se observa, estuda e investiga 
crescimento e desenvolvimento humano seja estar convicto de que muito já se sabe. Fica a sugestão de 
que se pense o quanto ainda há por saber.
 Saiba mais
O CURIOSO caso de Benjamin Button. Dir. David Fincher. EUA: Warner 
Bros, 2009. 166 minutos. 
Exemplo de aplicação
Algo absolutamente esperado no processo de crescimento e desenvolvimento humano é nascer 
um bebê e morrer na velhice. O filme indicado no saiba mais anterior mostra esse processo no sentido 
contrário. Seria possível? Ao final da leitura deste material, espera‑se que o estudante esteja pronto para 
respondê‑la, fundamentando cientificamente sua justificativa. 
3.2 Os fenômenos e os conceitos de crescimento e desenvolvimento humano
O primeiro aspecto a considerar é que a palavra fenômeno, em ciência, não se remete a algo “fora 
do normal”, extraordinário ou incomum, como usamos popularmente (embora esse uso também esteja 
correto). Em ciência, fenômeno refere‑se a qualquer evento que pode ser estudado, seja um objeto 
(uma máquina, um utensílio etc.), um comportamento (exemplos: ansiedade, agressividade; o andar, 
o escrever; uma decisão tomada, a memória, entre muitos outros), uma manifestação cultural (uma 
partida de basquetebol, um concerto musical, as guerras etc.), e assim por diante. 
Em segundo lugar, conceituar e definir não são o mesmo. Conceito refere‑se a ideias, noções. Por 
exemplo, quando se ouve a palavra “esporte”, pode‑se pensar em várias pessoas praticando atividade 
física em equipes, competindo ou, simplesmente, correndo para melhorar as capacidades físicas ou 
como forma de lazer; assim, é comum que se diga “a pessoa cuida do jardim por esporte”, no sentido de 
que realiza algo que lhe dá prazer e não necessariamente em troca de remuneração. 
Contudo, diferentemente de um conceito, uma definição para esporte será formal, técnica, precisa e 
certamente envolverá outros elementos e conceitos, como competição e regras. Barbanti (2002, p. 228) 
indica uma definição de esporte, de acordo com a área de Sociologia do Esporte: 
É uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico 
vigoroso ou o uso de habilidades motoras complexas, por indivíduos cuja 
participação é motivada pela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. 
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Note‑se, portanto, que: a) uma definição requer delimitações e maior precisão do que um conceito; 
b) para um mesmo fenômeno, pode haver mais de um conceito e mais de uma definição. 
Uma vez esclarecidos esses aspectos da linguagem acadêmico‑científica, serão enfocados os 
fenômenos de crescimento e desenvolvimento como investigados no âmbito da ciência. 
Novamente, tomando‑se a dinâmica da linguagem popular, a palavra crescimento é frequentemente 
empregada em dois sentidos: aumento em quantidade e aumento em qualidade (isto é, melhora de 
alguma característica). Por exemplo, quando se diz: “Você é muito imaturo; veja se cresce!”, o que a 
pessoa quer é que o outro modifique suas atitudes para melhor (isto é, torne‑se mais coerente ou mais 
afetuoso e assim por diante). De acordo com a linguagem da ciência, contudo, o mais adequado seria 
dizer “[...], veja se você se desenvolve emocionalmente” (ou moralmente). Mas essa frase certamente 
causaria estranhamento às pessoas no uso corrente. 
Visto isso, é fundamental compreender os seguintes conceitos: crescimento, desenvolvimento e 
maturação, cujas definições são expostas a seguir. 
Maturação refere‑se ao “processo de tornar‑se maduro ou o progresso em direção ao estado 
maduro. Maturação é um processo; maturidade é um estado. Maturação ocorre em todos os tecidos, 
órgãos e sistemas de órgãos, afetando enzimas, composição química e funções. Maturidade varia, assim, 
de acordo com o sistema biológico estudado” (MALINA; BOUCHARD; BAR‑OR, 2009, p. 20), por exemplo, 
maturidade sexual, maturidade esquelética etc. Maturação se refere ao timing (tempo relacionado a um 
evento) e ao tempo de progressão em direção ao estado biológico maduro. 
 Observação
Enzimas são substâncias do nosso corpo responsáveis por acelerar 
reações químicas. Exemplo: lipólise, que é a “quebra” da molécula de lipídeo 
(“gordura”) tem como enzima a lipase.
Crescimento 
[...] é um aumento no tamanho do corpo como um todo ou o tamanho 
atingido por partes específicas do corpo. Conforme as crianças crescem, elas 
de tornam mais altas e pesadas, tendo um aumento emtecidos magros 
(ossos, músculos etc.) e gordos e em seus órgãos (MALINA; BOUCHARD; 
BAR‑OR, 2009, p. 21).
Desenvolvimento refere‑se a “processos de transformação e estabilidade ao longo do ciclo de vida” 
(PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 36). 
Em outras palavras, fundamentando‑se no conhecimento científico, o crescimento é 
definido somente como o aumento em quantidade ou em tamanho, e por isso virá associado 
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a números e unidades de medidas (metros, centímetros, gramas, litros, centímetros cúbicos 
etc.). Assim, diz‑se que as estruturas corporais crescem quando aumentam em comprimento 
e/ou em massa e/ou em volume, sendo todos mensuráveis por determinados equipamentos. 
Por exemplo: o aumento de estatura (que vai da sola dos pés ao cimo da cabeça), que é o 
aumento do comprimento total do corpo, é medido em centímetros, ao passo que o aumento 
de volume de um órgão como o fígado é medido em centímetros cúbicos (cm3). Outro exemplo 
é o crescimento populacional, quando se trata de aumento da quantidade de seres (em geral, 
seres humanos) de um determinado local.
O desenvolvimento, em sentido estrito, refere‑se a mudanças e manutenções na qualidade. Um 
exemplo de modificação e manutenção é o seguinte: uma garota que menstrua pela primeira vez 
passou por uma mudança em uma característica sexual; por outro lado, por cerca de aproximadamente 
trinta anos consecutivos, mês a mês, a menstruação deverá ser mantida. Essa pessoa está em um curso 
natural do processo de desenvolvimento sexual, com mudanças e manutenções, sendo a menstruação 
um indício de maturação sexual.
Muito importante no conceito de desenvolvimento é que as mudanças e manutenções podem 
aumentar ou diminuir em qualidade, o que se costuma chamar, respectivamente, de “melhora” e “piora”. 
Um exemplo é o que acontece com o funcionamento dos mais diversos órgãos: com o avançar da idade 
adulta, em direção ao envelhecimento, quase todas as funções orgânicas tendem a piorar, diferentemente 
do que ocorre com pessoas jovens, em que as mesmas funções tendem a melhorar. Ambas as condições, 
todavia, caracterizam o processo de desenvolvimento, uma vez que não importa, na construção desse 
conceito, se houve piora ou melhora, mas sim que houve mudanças e manutenções de determinada 
condição ou característica ao longo do tempo. 
De acordo com esse raciocínio, entende‑se que o desenvolvimento humano abrange todo o 
período de vida, ou seja, desde a concepção de um novo ser no útero materno (ou in vitro) até a 
morte desse ser.
Algumas pessoas podem permanecer com a seguinte questão: “E após a morte?...”. Bem, após a morte 
(ou a possibilidade de vida após a morte) é um fenômeno ou tema do qual a ciência não se aventura a 
tratar, deixando‑o para o âmbito das religiões, da Filosofia e do próprio conhecimento popular. Por outro 
lado, a Psicologia e a Antropologia, por exemplo, são áreas pautadas em conhecimento científico que 
estudam (entre outros muitos temas), como as pessoas lidam com a morte de outros entes (seres), em 
especial de pessoas ou animais que lhes são afetivamente próximos.
3.3 Há limites para o crescimento e para o desenvolvimento ao longo da vida?
Ao se pensar no crescimento longitudinal, isto é, o aumento do comprimento de ossos e músculos 
que os acompanham, pode‑se afirmar que o crescimento cessa ao final da adolescência para algumas 
pessoas e, para outras, no meio da adolescência. Em outras palavras, a pessoa não ficará mais alta na 
idade adulta e nem na terceira idade. Como será mencionado adiante, o crescimento longitudinal inicia‑
se na vida intrauterina e para na adolescência.
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Espera‑se que ele aconteça com os demais órgãos do corpo, como fígado, baço, cérebro, coração, 
pulmão etc. Contudo, por motivos aleatórios no processo de desenvolvimento humano, pode haver um 
crescimento inesperado de algum órgão mesmo na idade adulta ou terceira idade, em razão de edema 
(acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo), proliferação de células anômalas (isto é, que 
não são típicas da estrutura daquele órgão), entre outros motivos.
Quanto ao desenvolvimento, ele é entendido como um processo que se inicia com a concepção 
(conforme será visto adiante) e se encerra com a morte. Em outros termos, pode‑se afirmar o seguinte: 
enquanto existir vida, existirá desenvolvimento. 
Portanto, ambos – crescimento e desenvolvimento – são processos finitos e, por conseguinte, 
limitados no tempo. 
Figura 5 – Senhor idoso segurando bebê no colo: encontro de gerações
 Lembrete
Crescimento está relacionado a aumento de quantidade. 
Desenvolvimento está relacionado a modificações e manutenções na 
qualidade, seja para melhor, seja para pior.
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3.4 Fatores de influência e variações no processo de crescimento e 
desenvolvimento de uma pessoa
É notório que as pessoas não se desenvolvem todas do mesmo modo ao longo do tempo. No 
que se refere à produção de movimentos (ações motoras), por exemplo, é comum que os bebês, 
por volta de um ano de idade, passem do engatinhar para o andar; no entanto, há bebês que não 
chegam a engatinhar, passando diretamente do rastejar para o andar; assim como alguns andam com 
cerca de oito meses e outros, com um ano e dois meses de idade e assim por diante. Crianças com 
Síndrome de Down apresentam o andar ainda posteriormente, às vezes com cerca de dois anos de 
idade. Outro exemplo: uma mesma criança pode andar quando tem nove meses e depois optar por 
somente engatinhar por mais um mês, até que volte a andar e não mais queira engatinhar. O que é 
possível inferir dessas situações?
• Primeiro: a velocidade com que ocorre um evento (no caso do exemplo, o andar) está relacionada 
à idade, mas a idade em si não é determinante para sua ocorrência. 
• Segundo: semelhantemente, a permanência de um evento, isto é, o quanto ele perdura no tempo 
não é a mesma para todas as pessoas. Das situações mencionadas, é o caso da criança que anda, 
volta a engatinhar somente e, por fim, torna a andar.
• Terceiro: pode haver condições e características típicas, específicas de determinados 
indivíduos que não ocorrerão com outros, seja por causa de influências de sua própria 
constituição, sobretudo associada a fatores genéticos (como o exemplo da Síndrome de 
Down), seja por causa de influências ambientais, como incentivo dos pais, imitação de 
irmãos mais velhos etc.
Refletindo sobre essas constatações, é importante compreender certos aspectos fundamentais para 
estudar os fenômenos de crescimento e desenvolvimento humano. 
• Idade: a idade é um parâmetro, um dos mais importantes critérios de aproximação de 
algumas (ou muitas) características em comum nas mais variadas pessoas, mas os mesmos 
eventos não ocorrem exatamente em determinada idade para todas as pessoas, como será 
apresentado adiante.
• Variações interindividuais: cada pessoa tem o crescimento e desenvolvimento diferente das 
outras, e variações intraindividuais são relativas a certos eventos – há variações que ocorrem em 
uma mesma pessoa. 
• Fatores internos ou intrínsecos: há fatores internos à pessoa, próprios de sua estrutura e de suas 
funções orgânicas. 
• Fatores externos ou extrínsecos: existem fatores externos à pessoa, próprios dos ambientes onde 
ela se desenvolveu ao longo da vida.
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No que se referea fatores internos e externos que influenciam o processo de crescimento e 
desenvolvimento humano, há que se destacar:
• Fatores internos: herança genética, processos maturacionais, inconsciente.
• Fatores externos: alimentação, tempo e local para dormir, uso de medicamentos, uso de drogas 
ilícitas, (isto é, que a lei não permite, como maconha, cocaína etc.), pais e outros cuidadores, demais 
membros da família, animais de estimação, certos objetos, meio ambiente (clima, vegetação, 
relevo, poluição e outros), infraestrutura social (saneamento básico, transporte, moradia etc.), 
educação formal (escola), entre muitos outros. 
 Observação
O inconsciente foi estudado originalmente pelo psiquiatra Sigmund 
Freud (1856‑1939), mediante a denominada perspectiva psicanalítica, cujo 
método evocava no paciente lembranças antigas, para resolver conflitos 
emocionais do presente. 
Embora possa existir uma lista imensa de fatores externos, é curioso notar que não há uma 
ordem de importância que seja definida a priori, uma vez que cada pessoa pode se afetar mais por 
um fator do que por outro. Além disso, se tomarmos o exemplo do número de horas de sono: pode 
ser que ele esteja atrelado a outros fatores, como excesso de barulhos intensos e frequentes na 
vizinhança, ou a hábitos familiares, como o de dormir muito tarde, mesmo tendo de acordar muito 
cedo no dia seguinte. Portanto, vários fatores externos inter‑relacionados podem influenciar o 
crescimento e desenvolvimento humano. 
Note‑se, semelhantemente, que em muitas situações é bastante difícil separar fatores internos e 
externos. Por exemplo, uma criança que apresenta intolerância à lactose, que pode ser uma característica 
genética, tem de passar por adaptações em seus hábitos alimentares desde cedo, o que denota uma 
interação muito forte entre um fator interno e um externo.
Desde a gestação e ao longo de cada uma das faixas etárias, serão realizados comentários e 
exemplos sobre diferenças interindividuais e intraindividuais, bem como sobre a interação de fatores 
internos e externos, pois todos esses elementos em conjunto e mutuamente inter‑relacionados 
é que permitem que se obtenha uma ideia mais aproximada dos fenômenos de crescimento e 
desenvolvimento humano, ao menos do ponto de vista teórico.
Papalia e Feldman (2013, p. 51‑52) indicam trabalhos de outros pesquisadores que estabeleceram 
sete princípios básicos do desenvolvimento do ciclo de vida e que abrangem e complementam o que foi 
apresentado a esse respeito no presente texto. Os princípios são estes:
• O desenvolvimento é vitalício: todos os períodos da vida são importantes e cada um deles é 
afetado pelo período que o antecedeu.
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• O desenvolvimento é multidimensional: abarca várias dimensões, chamadas também de 
domínios, ou aspectos, ou esferas, quais sejam: emocional, cognitiva, motora, social, entre 
outros (como será discutido adiante), cada uma delas podendo se desenvolver em diferentes 
ritmos e velocidades ao longo de todo o ciclo de vida.
• O desenvolvimento é multidirecional: em outras palavras, ocorre em várias direções. Por exemplo, 
o aprendizado de línguas é mais facilitado na infância, porém mais dificultado na adolescência, 
constituindo, portanto, uma característica que em determinado momento apresenta tendência 
crescente em qualidade, mas, em outro, uma tendência decrescente. 
• Influências relativas de mudanças biológicas e culturais sobre o ciclo de vida: as características 
biológicas esperadas no processo de crescimento e desenvolvimento recebem influência da 
dinâmica cultural. Como exemplo, crianças que aprendem habilidades motoras complexas 
quando ainda estão na fase de aprender habilidades motoras básicas, por exemplo, 
“passistas mirins” de escola de samba, que começam a dançar aproximadamente aos 
quatro anos de idade: a habilidade culturalmente determinada e chamada popularmente 
de “sambar no pé”, que a pessoa executa sozinha, requer uma coordenação refinada de 
apoio dos dedos e da planta dos pés alternadamente sobre o solo, de modo a acompanhar 
o ritmo e a melodia de uma música de expressiva velocidade. Essa aprendizagem é típica de 
“subculturas” (pequenas culturas dentro de uma cultura maior), fortemente associadas ao 
samba carnavalesco, próprio de certas localidades que têm essa tradição como realização 
identitária (por exemplo, as comunidades do Rio de Janeiro, Brasil).
• O desenvolvimento envolve mudança na alocação de recursos: alguns desses recursos são tempo, 
energia, dinheiro e apoio social. No início da vida adulta, por exemplo, é comum que se invista 
mais tempo e energia em trabalho ou em trabalho e estudo; a criança, naturalmente, investe sua 
energia e seu tempo no brincar e assim por diante. 
• O desenvolvimento revela plasticidade: algumas capacidades como memória e força física podem 
ser aumentadas e aperfeiçoadas, mesmo com o processo de degeneração natural da idade. Contudo, 
há limites nessa plasticidade, ou seja, é um erro pensar que quanto mais se treina alguma dessas 
capacidades, mais se consegue obter resultados satisfatórios, como se essa plasticidade fosse 
infinita. 
• O desenvolvimento é influenciado pelo contexto histórico e cultural: cada pessoa é 
influenciada pelo contexto cultural, social e histórico no qual é criada, os quais podem 
variar bastante ao longo de sua vida, sobretudo se ela se mudar para outro país ou até 
mesmo para outra região no mesmo país, bem como se tiver ascendência (pais, avós etc.) de 
países bastante diferentes, por exemplo, uma avó de procedência asiática e outra do sul da 
Europa e conviver bastante com ambas. 
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3.5 Domínios que compõem o desenvolvimento humano
Os domínios (também chamados de dimensões, aspectos ou esferas) do desenvolvimento do ser 
humano têm sido investigados por diversas áreas acadêmico‑científicas como Anatomia, Fisiologia, 
Biologia, Psicologia, Sociologia, Antropologia etc. Em outras palavras, foram construídos vários 
sistemas de conhecimento teóricos e/ou práticos, a respeito do ser humano, conhecimentos que 
foram se estabelecendo de modo a priorizar um desses domínios, bem como inter‑relacioná‑los. 
 Observação
Nesse caso, entendem‑se por conhecimentos práticos, de modo 
simplificado, aqueles referentes à intervenção profissional. 
São domínios do desenvolvimento humano as características relacionadas a: movimento; 
cognição; emoção; moralidade; estrutura e função; cultura; socialização, entre outros. Esses e 
outros domínios (como biológico, educacional etc.) servem como base de estudo para compreender 
e explicar (teórica ou empiricamente) os processos de crescimento e desenvolvimento humano, 
bem como sua promoção.
Cognição 
(razão)
Movimento
Socialização e 
culturalização
Estruturas e 
funções físicas
Afeto 
(emoções)
Figura 6 – Integração entre alguns domínios do desenvolvimento humano
Os domínios são: 
• Motor: produção de movimentos, de ações motoras.
• Cognitivo (“racional”): pensamentos – raciocínio lógico, imaginação, linguagem, memória, 
interpretação etc.
• Emocional (afetivo): sentimentos: alegrias, tristezas, angústias, medo, ansiedade, motivação etc.
• Físico: estruturas (como órgãos, por exemplo) e funcionamento.
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• Cultural: elementos e ensinamentos criados pelo ser humano, passados de geração em 
geração.
• Social: relação de cada pessoa com um grupo bastante grande no qual ela está inserida e que, em 
geral, é regulado por

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