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Matheus Cartaxo Página 1 de 10 1 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO 1º - Sistema cardiovascular (SCV): Uma visão in- tegrada: O SCV é um sistema formado por coração e por vasos. O coração, como uma bomba, por meio da diminuição do volume ventricular, atua produzindo uma variação na pressão, que é res- ponsável pela movimentação sanguínea por todo corpo. Essa movimentação é quem permite a rea- lização das principais funções do SCV: Condução de nutrientes e de oxigênio para os tecidos do corpo; Remoção de produtos do metabolismo (CO2, ureia, lactato, creatinina); Auxílio na manutenção da temperatura corporal (atrito gerado pela movimentação produz calor); Condução de hormônios, peptídeos vasoa- tivos, anticorpos; O SCV é o primeiro sistema a se desenvolver, já na 3ª semana, sendo necessário para a nutrição em- brionária. O coração pode atuar como uma bomba por causa de sua musculatura estriada esquelé- tica, que, através da estimulação do nódulo sino- atrial, contrai-se involuntariamente. Essa contra- ção é periódica e permite a circulação sanguínea em dois circuitos: circulação sistêmica e pulmo- nar. O SCV sofre influência do SNA em algumas si- tuações, como na atividade física, em que o SNA atua para aumentar os batimentos cardíacos, au- mentando o fluxo sanguíneo. 2º - As duas divisões do sistema circulatório: sis- têmica e pulmonar: Após a introdução anatômica (mediastino, pericárdio, câmaras). O coração apre- senta 3 paredes: Epicárdio: Camada mais externa, formada pelo pericárdio seroso visceral. Apresenta tecido conjuntivo e mesotélio; Miocárdio: Camada média, composta por músculo estriado cardíaco, que apresenta contração involuntária e organiza-se como um sincício; Endocárdio: Camada interna, formada por endotélio, o qual compõe um liso revesti- mento das câmaras e das válvulas, estando em continuidade com o endotélio dos grandes vasos; Podemos dividir o coração em: Coração direito: É o que recebe sangue ve- noso das veias cavas superior e inferior, além do seio coronariano, no seu átrio, e, também, é o que envia sangue ao tronco pulmonar, para ser oxigenado nos pul- mões, por meio da contração do seu ven- trículo; Coração esquerdo: Recebe sangue arterial das veias pulmonares superiores e inferi- ores direita e esquerda, no seu átrio, e en- via-o aos tecidos do corpo, por meio da aorta. Apresenta uma parede muscular (miocárdio) mais desenvolvida, já que pre- cisa enviar sangue para todo o corpo. O coração direito participa, portanto, da pequena circulação, enquanto o esquerdo, da grande. Note que eles contraem conjuntamente, sendo as duas circulações simultâneas. 3º - O circuito sanguíneo: Como vimos, há duas circulações: Pequena circulação: O sangue venoso chega pelas veias cavas superior e inferior, bem como pelo seio coronariano, ao AD. A partir disso, passa para o VD através da valva atrioventricular direita (AVD). Do VD, é ejetado para o tronco pulmonar, através da valva pulmonar. Aquele se divide em artérias pulmonares direita e esquerda, que levam o sangue ao pulmão, para que ocorra o processo de hematose. Através das veias pulmonares superiores e inferio- res direita e esquerda, o sangue arterial chega ao AE, finalizando a pequena circu- lação. Grande circulação: Do AE, pela valva atrio- ventricular esquerda (AVE), o sangue chega ao VE, de onde é bombeado para a artéria aorta, passando pela valva aórtica. A partir da aorta, o sangue é distribuído para todos os tecidos do corpo. As artérias tendem a se afinar, formando as arteríolas, que diminuem a pressão sanguínea. As ar- teríolas se afinam mais, formando os capi- lares, que apresentam fenestrações, por onde ocorre a difusão de nutrientes e de metabólitos. Após os capilares, há as vênu- las e, por fim, as veias, que desembocam Matheus Cartaxo Página 2 de 10 2 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO nas cavas, que chegam ao AD, finalizando o processo. Nota-se, portanto, que a pequena circulação é res- ponsável pela oxigenação sanguínea, enquanto a grande circulação recebe nutrientes do intestino, novas células sanguíneas de órgãos hematopoiéti- cos, hormônios. Além disso, ela também elimina metabólitos que recolheu de tecidos, nos rins, e tem hemácias debilitadas removidas, no baço. Por meio dela, ainda, todas as células do organismo re- cebem elementos necessários para realizar suas funções. Interessante notar que o sangue apresenta trajeto unidirecional regulado por valvas, como vimos an- teriormente. Por exemplo, quando a pressão in- terna do AD se torna maior que a do VD, a AVD se abre, permitindo a passagem de sangue. Esse san- gue, porém, não volta ao AD, já que os músculos papilares atuam contraindo-se e, consequente- mente, tensionando as cordas tendíneas a que es- tão ligados. 4º - Eletrofisiologia do coração: O coração, como vimos, é uma bomba, que se contrai ritmica- mente. Essas contrações são ativadas por impul- sos gerados a partir de células marcapasso do nó sinoatrial (NSA), os quais se propagam sequencial- mente por: miocárdio atrial, nó atrioventricular (NAV), feixe de His, fibras de Purkinje e miocárdio ventricular. É importante destacar, porém, que o SCV apresenta dois tipos de potenciais de ação: um potencial lento, que ocorre no NSA e no NAV, responsável pela geração do estímulo, e um po- tencial rápido, que ocorre no resto do sistema, responsável pela propagação do estímulo. A lenti- dão da geração de potencial pelo NSA é impor- tante, pois não é vantajoso ao coração frequências altíssimas, já que isso reduz o tempo de enchi- mento ventricular, comprometendo sua eficiên- cia. 4.1º - Tipos de potenciais de ação: Potencial do tipo rápido: Apresenta cinco fases: da fase 0 à 4. o Fase 0: Despolarização inicial; o Fase 1: Repolarização breve; o Fase 2: Platô; o Fase 3: Repolarização final; o Fase 4: Potencial diastólico; No feixe de His e nas fibras de Purkinje, a fase 4 é instável, sendo denominada po- tencial de marcapasso. O menor valor de potencial de marcapasso é o potencial dis- tólico máximo. Potencial do tipo lento: É o potencial das células marcapasso do NSA e, também, é responsável pela baixa velocidade de pro- pagação do impulso nas células do NAV. A fase 4, nesse caso, não é um valor cons- tante, mas sim, varia gradual e lentamente (ou seja, potencial de marcapasso não é constante). Com essa variação, atinge-se o limiar, despolarizando a célula (fase 0) e disparando o potencial de ação (que é mais lento). Após o pico, não há fase 1 e 2, como no rápido, já indo diretamente para a fase 3, de repolarização. Nessa fase, o potencial chega ao valor do potencial diastólico má- ximo. 4.2º - Base iônica dos potenciais de ação cardía- cos: A variedade de potenciais de ação que exis- tem na sistemática do SCV decorrem da expressão de diferentes tipos de canais, que alteram o poten- cial da célula. Correntes iônicas associadas ao potencial de ação rápido: o Fase 0: Canal Ina, voltagem depen- dente, permite a despolarização, através do influxo de Na+, quando o Matheus Cartaxo Página 3 de 10 3 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO potencial de membrana chega em - 65mV. Esses canais, porém, sofrem inativação após um tempo, po- dendo voltar a se abrir apenas após uma repolarização. o Fase 1: Canal Ito, que permite efluxo de K+, formando uma cor- rente transitóriaresponsável por um breve período de repolarização; o Fase 2: Canal L de Ca2+ permite in- fluxo, sendo contrário à tendência repolarizante de Ito. Com isso, forma-se o platô; o Fase 3: Canais Ikr e Iks, canais retifi- cadores retardados de K+, permi- tem uma grande corrente repolari- zante, ao mesmo tempo em que os canais L se inativam. A ativação desses canais se inicia na fase 2, mas, na fase 3, conseguem ser mais expressivos. o Fase 4: Os canais Ik1 são responsá- veis pela alta permeabilidade da membrana ao K+ e, portanto, deter- mina a manutenção do potencial de repouso; Correntes iônicas associadas ao potencial lento: o Fase 0: Canal de Ca2+ tipo L, que apresenta ativação e inativação mais lentos. Por isso, o potencial de ação se torna lento. Nessa fase, há a despolarização. o Fase 3: Canais retificadores de efluxo retardados (Ikr e Iks), que per- mitem efluxo de K+, repolarizando a célula. Esses canais são ativados no pico da despolarização. o Fase 4: Apresenta alguns canais: ca- nal de Ca tipo T, canal de efluxo de K tipo Ik e IF, uma corrente de in- fluxo de Na que é ativada por hiper- polarização. Quando os canais da fase 3 hiperpolarizam a célula, há a ativação de IF, que, somado ao T, permite que haja uma lenta despo- larização na fase 4. Estudar quadro de RUI, página 381 livro, 406 PDF; 4.3º - Marcapasso cardíaco: O NSA, o NAV, o feixe de His e as fibras de Purkinje apresentam automa- tismo, ou seja, capacidade de iniciar um potencial de ação sem qualquer estímulo. O NSA, por apre- sentar uma fase 4 mais inclinada (rápida), apre- senta uma maior frequência de disparo, sendo o dominante (havendo problema, outro assume). Assim, na fase 4 do NSA, há uma despolarização diastólica lenta (DDL) mais rápida que as demais, conferindo-o a característica de marcapasso. 4.4º - Condução do impulso elétrico: O coração é um sincício funcional, já que suas células estão acopladas eletricamente (interligadas) através dos discos intercalares, que apresentam gap junc- tions, formando canais iônicos. Com isso, a ativi- dade elétrica é facilmente espalhada. Inicial- mente, NSA produz o impulso (potencial de ação lento), propagando-o pelo átrio direito e, tam- bém, por vias de transmissão rápida que permitem que ele chegue ao átrio esquerdo. Assim, os átrios Matheus Cartaxo Página 4 de 10 4 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO contraem-se em sincronismo. Os ventrículos, po- rém, estão isolados eletricamente dos átrios; as- sim, o impulso do NSA precisa passar pelo NAV, que apresenta potencial lento. Com isso, o im- pulso é “freado”, o que assegura que, na contra- ção atrial, os ventrículos estarão relaxados. Após o NAV, o impulso chega ao feixe de His e às fibras de Purkinje. Por meio dessas, ativa-se o ápice ventri- cular, desencadeando uma contração com sentido ápice-base do coração. 4.5º - Excitabilidade e períodos refratários: São conceitos dentro do assunto: Excitabilidade: Quantidade de corrente necessária para levar a membrana ao po- tencial limiar; Período Refratário Absoluto (PRA): Perí- odo de tempo em que um estímulo, por mais forte que seja, não é capaz de ativar um segundo potencial de ação (da fase 0 até metade da 3); Período Refratário Relativo (PRR): Período em que a excitabilidade da membrana, ainda deprimida, permite gerar um PA, contudo exige grande intensidade (alguns canais de Na+ já respondem, outros ainda estão inativados) (da PRA ao fim da 3); Período Refratário Efetivo (PRE): Intervalo de tempo necessário para que um segundo potencial de ação possa ser naturalmente desencadeado; 4.6º - Efeitos do SNA sobre SCV: Como vimos, o NSA não depende do SNA para atuar, contudo, sua atividade é modulada por ele. Efeitos simpáticos: A ativação simpática, que descarrega noradrenalina, além da adrenalina circulante, estimula: o Receptores α-adrenérgicos: Au- mentam as correntes If e ICa,L, o que acelera a velocidade de despolari- zação diastólica do potencial mar- capasso, além de aumentar a velo- cidade de despolarização da fase 0, permitindo aumento da frequência cardíaca. Além disso, aumentam a corrente IKs, o que acelera a repola- rização da fase 3, diminuindo o pe- ríodo refratário do PA do NSA; o Receptores β-adrenérgicos: De- sencadeiam uma cascata pela pro- teína Gs, que aumenta AMPc e, portanto, PKA, abrindo canais iôni- cos. Além disso, ativam os canais L de Ca das células do NAV, permi- tindo uma condução mais rápida. Por fim, também aumenta a con- tratilidade do miocárdio, pela via AMPc; Efeitos parassimpáticos: Por meio do nervo vago, há a descarga de Ach, o que ativa receptores muscarínicos M2, que es- tão acoplados a uma proteína Gi inibitória. Assim, há um efeito contrário ao simpá- tico, com diminuição no AMPc. Desse modo, há uma diminuição na velocidade de despolarização diastólica, causando uma bradicardia. Matheus Cartaxo Página 5 de 10 5 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO Além dos efeitos supracitados, a atuação do SNA também abrange os vasos. O efeito, porém, é diferente de acordo com quais subtipos de receptores o órgão apre- senta. A estimulação simpática de b2, por exemplo, promove vasodilatação; a esti- mulação de a1 e a2, por sua vez, vasocons- tricção. A estimulação parassimpática de M3, envolvendo NO, é vasodilatador. 4.7º - Propriedades do coração: São propriedades que o coração apresenta, mas que podem ser muito influenciadas pelo SNA. Note que as propri- edades positivas se dão pelo simpático: Cronotropismo: É a capacidade de se auto- excitar em ritmo regular. O cronotropismo positivo se dá pela atuação da NOR, au- mentando a frequência cardíaca; o nega- tivo, pela ACh, diminuindo; Dromotropismo: Capacidade de conduzir o estímulo. O dromotropismo positivo se dá pela NOR, aumentando a velocidade de condução do impulso; o negativo, pela ACh, diminuindo; Inotropismo: Capacidade de se contrair quando excitado por um PA. O positivo se dá pela NOR, havendo aumento da contra- tilidade dos miocárdios atrial e ventricular; o negativo, pela ACh, diminuindo; Batmotropismo: Capacidade de responder a um estímulo gerando PA. Observações da aula: -65 é o menor potencial que o potencial de ação lento chega. As comportas de inativação de Na+ só se abrem com menos de -65. Assim, é o Cálcio que atua na despolarização lenta, já que os canais de sódio estão inativador. Por isso ela é lenta; O PA de pukinje pode se tornar lento, por causa do bloqueio dos canais de sódio com TTX: cada vez menos canais de sódio participam da des- polarização, até que chega um momento em que apenas o canal de cálcio atua. Assim, o po- tencial rápido se torna lento. No infarto, células morrem, saindo K+. Assim, o microambiente fica rico em poássio, deslo- cando o potencial de repouso de -90, criando focos ectópcos. Ou seja, há uma mudança no potencial para mais. Assim, com grande potás- sio, o potencial de ação rápido se torna lento, e cada célula acaba se tornando um marca- passo próprio. Assim, o coração fica fibrilado. Por isso, usa-se o desfibrilador, trazendo um marco 0; (só tem isso no Bernie). O potencial rápido se torna lento porque o potencial de re- pouso não chega a menos de -65, deixando os canais de sódio sempre inativados. Excitação natural do coração:o NSA: 70 bpm; marcapasso natural, maior frequência . RITMO SINUSAL, QUANDO NASCE NO NSA; o NAV: ligação entre átrio e ventrículo. Retarda a passagem, para que os átrios se esfaziem antes q o ventrículo se contraia. 50BPM. Marcapasso secun- dário. Ritmo juncional o Purkinje: 35bpm, só em casos mt difí- ceis; Fatores que influenciam na frequência: o Inclinação: aumenta a freq.; o Nível do limiar: mais baixo aumenta; o Nível do pot de Rep: mais baixo dimi- nui; Sequência de excitação cardíaca: Tetanização: frequência de disparo de poten- ciais de ação do músculo cardíaco é alta, assim há uma contração somada que permite ser su- ave; No músculo cardíaco, só da pra estimular no- vamente quando passou 2/3 da repolarização. Assim, não há como se fazer somação. ECG: O ecg traz o somatório em um dado ins- tante, não o potencial em cada célula; Quando tem onda P no ECG significa que o marcapasso foi gerado pelo NSA; 5º - Músculo cardíaco: acoplamento excitação- contração e contratilidade: Para exercer sua prin Matheus Cartaxo Página 6 de 10 6 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO cipal função, o coração depende de um acopla- mento entre sua atividade elétrica e mecânica, o qual permitirá a gênese do gradiente de pressão, propiciando um ciclo de contração e relaxamento. A onda despolarizante provém do potencial de ação lento que se propaga no miocárdio, produ- zido pelo NSA. Nas fibras contráteis, porém, o po- tencial de ação será do tipo rápido. 5.1º - Estrutura e ultra-estrutura do músculo car- díaco, proteínas contráteis e mecanismo de con- tração: O miocárdio apresenta, como seu maior componente, os miócitos, células musculares es- queléticas que são alongadas e se juntam aos mió- citos adjacentes, formando longas fileiras (fibras cardíacas). Por meio dos discos intercalares, há uma grande coesão entre esses miócitos, bem como há um acoplamento elétrico e metabólico (através de junções gap, que permitem a passa- gem de ions e ATP). Assim, a estrutura do miocár- dio é toda interconectada, o que o faz ser denomi- nado “SINCÍCIO FUNCIONAL”. Os miócitos são ci- líndricos e envoltos pelo sarcolema, que apre- senta túbulos T, o que aumenta consideravel- mente a superfície celular. Além disso, possuem sarcoplasma, com muitas cisternas, sendo funda- mental para o armazenamento de cálcio intracelu- lar. (DÚVIDA)Para finalizar, os miócitos organizam- se em sarcômeros, que são delimitados pelas li- nhas Z.). A actina é formada por troponina e tro- pomiosina, que se fixam às linhas Z. A miosina é globular e projeta-se em direção à actina, anco- rando-se nas linhas Z por meio da titina. Segundo teorias, sempre que a concentra- ção de cálcio interna (citoplasma) se eleva, ocorre contração. No caso do coração, da diástole para a sístole, há uma variação de 100x a quantidade de cálcio. Assume-se que se segue a seguinte rota: o Cálcio se liga à troponina C, que muda a conformação da tropomio- sina, descobrindo os sítios ativos; o Em presença de cálcio e ATP (esse ligado à cabeça da miosina, que tem atividade ATPásica), ocorre a clivagem desse ATP; o Formação do complexo actina-mi- osina+ADP+Pi; o Quando o ADP+Pi é liberado, para que a cabeça de miosina receba um novo ATP, as pontes formadas en- tre actina e miosina se movem, aproximando as linhas Z (diminui sarcômero); o Após o movimento, um ATP se liga à cabeça de miosina, desfazendo a interação entre miosina e actina. Matheus Cartaxo Página 7 de 10 7 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO Todo esse ciclo descrito continua se repe- tindo até que a concentração de Cálcio baixe. Como os sarcômeros estão em ordem, ha- vendo contração, há o encurtamento do músculo cardíaco por completo, causando a ejeção sanguínea. Na sístole, portanto, o cálcio está alto, en- quanto na diástole, baixo. 5.2º - Acoplamento excitação-contração no mús- culo cardíaco: papel do cálcio: Como sabemos, o cálcio é a chave para ocorrer o acoplamento exci- tação-contração, bem como para o início do evento contrátil em si. Os canais de cálcio tipo L, voltagem depen- dentes, abrem-se, produzindo influxo de cálcio, quando o potencial de membrana já está perto de 0. Esse influxo permite com que os íons atuem em receptores de rianodina (RyR2) acoplados a outros canais de cálcio, nas cis- ternas do retículo sarcoplasmático (apos- tos aos túbulos T); Com isso, há grande liberação de cálcio in- tracelular, o que favorece o processo de li- beração de cálcio induzido por cálcio; Assim, a alta concentração permite a ma- nutenção da interação entre actina e mio- sina, promovendo contração. O fim dessa contração se dá pelo sequestro de cálcio ativo por bombas do retículo (SERCA, CalcioATPase) e por bombas do sarcolema, bem como trocador sódio/cál- cio. o Obs.: Digitálicos inativam a bomba de sódio/potássio. Com isso, o só- dio não sai ativamente, não ge- rando o gradiente energético ne- cessário para que possa ser trocado pelo cálcio interno. Assim, uma overdose impede que haja o relaxa- mento, pois o cálcio se mantém em altas concentrações internamente. 5.3º - Mecanismos intrínsecos de regulação da força de contração do miocárdio: O coração não apresenta somação temporal ou espacial, já que funciona como sincício. Para ajustar sua força con- trátil (inotropismo), há dois mecanismos: capaci- dade de alterar a disponibilidade de cálcio; capa- cidade de alterar o tamanho inicial do sarcômero. Tamanho inicial do sarcômero e Lei do co- ração de Starling: Quando a distensão dos sarcômeros é máxima, não há formação de pontes cruzadas; assim, não há contração (3,6um). Há situações intermediárias, po- rém, que tendem a crescer a quantidade de pontes cruzadas, até um limite (2,05- 2,2). Assim, quanto menor é o sarcômero, até esse limite, maior é a força de contra- ção. Se o sarcômero fica menor (1,8) que esse limite, inicia-se um processo de sobre- posição, o qual diminui a força de contra- ção. o O coração apresenta uma capaci- dade intrínseca de se adaptar a vo- lumes crescentes de afluxo sanguí- neo, ou seja, quanto maior o vo- lume, maior é a distensão das célu- las musculares e maior é a força de contração. Com isso, dentro de li- mites fisiológicos, o coração bom- beia todo o sangue que recebe do retorno venoso. Assim, quanto maior é o volume diastólico final, maior é o trabalho ventricular. 5.4º - Mecanismos extrínsecos no controle da contratilidade e relaxamento cardíacos: Há 3 fa- tores que alteram a contratilidade e o relaxa- mento do coração: estimulação simpática, hor- mônios e alterações da frequência. Note que, acima, falamos dos fatores que alteravam a gera- ção do estímulo no NSA. Matheus Cartaxo Página 8 de 10 8 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO Controle neural pelo simpático: Assim como no NSA, o simpático descarrega NOR, que ativa B1, ativando Gs, que ativa adenilato-ciclase, converte ATP em AMPc, que ativa PKA, que fosforila canais de cál- cio, permitindo a entrada desse. Com isso, cálcio induz cálcio, por meio de RyR, ge- rando um grande aumento da concentra- ção de cálcio e, portanto, da força de con- tração. O AMPc ainda ativa a fosfolamban,proteína da membrana do retículo sarco- plasmáico, a qual aumenta receptação de cálcio pela SERCA, aumentando a veloci- dade de relaxamento do miocárdio (efeito lusitrópico) (o que diminui o tempo para um novo ciclo, ou seja, aumenta os bati- mentos cardíaco). Assim, aumenta a força de contração e a frequência cardíaca, o que, consequentemente, aumenta o dé- bito cardíaco. A pressão arterial sobretudo sistólica tende a subir, pois ele movimenta um certo volume com muito maior força, fazendo mais trabalho e, portanto, vari- ando mais a pressão. Página 399 do Curi???? Controle Parassimpático: Na verdade, a inervação vagal se dá, primordialmente, no NSA e no NAV, não influenciando na con- tratilidade, mas sim na redução da fre- quência cardíaca e da velocidade de con- dução de NAV. Controle hormonal: As catecolaminas adrenais atuam via receptores b, determi- nando os mesmos efeitos da estimulação simpática, contudo mais lentos e prolonga- dos. 6º - Ciclo cardíaco: Como sabemos, o coração é uma bomba a dois tempos: sístole (esvaziamento durante a contração) e diástole (enchimento du- rante o relaxamento. Durante o mecanismo de bomba, é importante notar que, em sístole atrial, determinadas válvulas estão abertas, enquanto outras estão fechadas, bem como em sístole ven- tricular. A abertura e o fechamento dessas válvu- las se dá unicamente pelas diferenças de pressão entre as cavidades. Esse movimento de válvulas é importante para garantir a unidirecionalidade sanguínea. A sístole e a diástole apresentam fases em que as pressões variam. Observe: Sístole: o Contração isovolumétrica: É o perí- odo de início da contração ventri- cular, em que a pressão ainda não supera a da aorta, o que impede a abertura da válvula aórtica. o Ejeção ventricular rápida: Após a ultrapassagem da pressão da aorta, a válvula se abre, permitindo grande passagem de sangue, que chega a uma pressão de 120; o Ejeção ventricular reduzida: O fluxo de sangue continua, mas não com a mesma velocidade e pressão. A pressão no ventrículo cai, contudo, o fluxo continua ocorrendo (muito pouco) por meio da energia ciné- tica do sangue ejetado. o Após isso, a válvula se fecha, e a pressão do ventrículo vai caindo; Diástole: o Relaxamento isovolumétrico: A pressão do ventrículo continua caindo, com todas as válvulas fe- chadas, até um ponto em que sua pressão se torna mais baixa que a do átrio; o Enchimento diastólico rápido: A valva atrioventricular se abre, por diferença de pressão, permitindo fluxo sanguíneo para o ventrículo. o Enchimento diastólico lento: Quanto maior é a pressão do ven- trículo, menor é o enchimento; o Contração atrial: Em um último es- forço, o átrio esquerdo se contrai, completando o enchimento ventri- cular antes da sístole, que se inicia por contração isovolumétrica. 6.1º - Bulhas cardíacas: Sons produzidos pela ati- vidade cardíaca. A primeira bulha é produzida pelo fechamento das valvas atrioventriculares, sendo, portanto, no início da sístole. A segunda ocorre pelo fechamento das valvas aórtica e pul- monar, sendo, portanto, no início da diástole. Qualquer som que aparece entre esses indica al- guma problema: se o som é entre B1 e B2, há um problema na sístole; se é entre B2 e B1, na diás- tole. Matheus Cartaxo Página 9 de 10 9 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO 6.2º - Pressão diastólica: Quanto mais rapida- mente o coração bater, menos a pressão na artéria vai ter tempo de diminuir (começa em 120 e vai descendo ate 80, para um novo ciclo). Assim, com menos tempo, a pressão diastólica (ou seja, a pres- são que o meu ventrículo precisa vencer para fazer abrir a valva aórtica) acaba se tornando maior. A pressão diastólica é sempre a menor pressão arte- rial, aquela que o ventrículo precisa vencer para abrir a válvula. Quanto maior é essa pressão, mais prejudicial para o coração. POR ISSO QUE QUANDO AUMENTA A FREQUENCIA, AUMENTA O DÉBITO E, TAMBÉM, A PRESSÃO SISTÓLICA E DI- ASTÓLICA? 6.3º - Termos gerais: VDF: Volume diastólico final: é o volume existente no ventrículo ao fim da diástole. Quanto maior é esse volume, maior é a força de contração ventricular VSF: Volume sistólico final: é o volume exis- tente no ventrículo ao fim da sístole (o que sobrou). VS: Volume sistólico: VS=VDF-VSF; FE: Fração de ejeção: número definido pela relação entre VS e VDF Pré-carga: É o grau de tensão sobre o mús- culo cardíaco ao final da diástole, depen- dendo da pressão diastólica final. Quanto maior é o volume diastólico final, maior é a pré-carga. Assim, pela lei de Frank-Star- ling, quanto maior é a pré-carga, maior é a força de contração. “o quanto o coração consegue encher antes da contração” Pós carga: Carga contra a qual o músculo cardíaco exerce sua força contrátil. É um valor que depende da pressão da aorta. Deve ser entendido como a dificuldade en- frentada pelo ventrículo durante a ejeção sanguínea. Quanto maior é a pressão arte- rial (diastólica), maior é a pós-carga neces- sária para vencer a resistência das valvas. Ou seja, pré-carga está basicamente relaci- onada com VDF, e pós-carga, com pressão diastólica 6.4º - Débito cardíaco: Volume de sangue que o coração bombeia por minuto, dado pela multipli- cação entre a frequência cardíaca e o volume sis- tólico. Relação entre débito cardíaco e resistência periférica: A resistência periférica ou pós carga é a pressão que o miocárdio precisa vencer para abrir a válvula semilunar aór- tica. Em condições normais, vimos que o coração tende a manter o débito cardíaco, assim, ao se aumentar a resistência, o co- ração precisa exercer maior força (traba- lho) para movimentar o mesmo volume de sangue que movimentava. o Assim: em uma vasoconstricção, a resistência aumenta, aumentando a pressão. Relação entre retorno venoso e débito car- díaco: Retorno venoso é o fluxo de sangue que entra em uma câmara ventricular. Dentro de limites, o coração transforma em débito cardíaco o que recebe em re- torno venoso. Se o retorno aumenta, maior é o enchimento do ventrículo. Assim, pelo mecanismo de Frank-Starling, maior será a força de contração e, portanto, maior é o volume sistólico. A insuficiência cardíaca impede que o retorno seja igual ao débito. Em uma vasoconstricção, o aumento da re- sistência leva a um aumento no trabalho cardíaco. Em uma venoconstricção, há uma diminuição do retorno venoso, diminuindo o trabalho cardíaco e, portanto, dimi- nuindo VS. Relação entre frequência cardíaca e dé- bito: Ao aumentarmos a frequência, dimi- nuímos o enchimento diastólico e, por isso, o volume sistólico é menor. Assim, man- tém-se o débito cardíaco. Em condições normais. Quando há ativação simpática, isso muda; Matheus Cartaxo Página 10 de 10 10 FISIOLOGIA DO CORAÇÃO
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