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Aula 01 Rodrigo Bezerra

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AULAS PARA OAB 2ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM 
Português Jurídico – Aula 01 
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vendem-se as estatais a preços vis, muitíssimo abaixo de seu valor real,sem 
que o dinheiro dessas vendas traga qualquer reequilíbrio à economia dessas 
nações. 
 
privatiza-se tudo, até as empresas lucrativas ou promissoras, como se nada 
devesse pertencer ao Estado. 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DOS ELEMENTOS DE COESÃO TEXTUAL PARA A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO 
 
1) ELEMENTOS DE ENUMERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E CONTINUAÇÃO DAS IDÉIAS 
 
Tais conectores são usados para distribuir o assunto, ordenando as partes do texto, indicando quais são prio-
ritárias, conclusivas. Observe o desenvolvimento do tema abaixo com a utilização dos elementos de transposição 
semântica. 
 
TEMA: Privatização 
 
INTRODUÇÃO: A privatização, nos moldes em que é feita em certos países do Terceiro Mundo, é altamente pre-
judicial às suas economias. 
 
DESENVOLVIMENTO: (Utilização das partículas) 
 
Antes de mais nada, 
Em primeiro lugar, 
Primeiramente, 
Em primeiro plano, 
Primordialmente, 
Acima de tudo, 
Antes de tudo, 
A princípio, 
Em primeiro momento, 
Desde logo, 
 
 
Em seguida, 
Em segundo lugar, 
Depois, 
 
 
 
 
A par disso, 
 
 
 
 
 
De resto, 
Em última análise, 
 
 
 
Dessa forma, 
Assim, 
logo, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
permite-se a participação abusiva do capital estrangeiro no controle das em-
presas privatizadas, mesmo daquelas consideradas estratégicas ou de segu-
rança nacional. 
não se aproveita a experiência de outros países que fizeram privatizações se-
melhantes, como a Argentina, os quais colheram graves prejuízos econômicos. 
os governos de tais países deveriam interromper imediatamente esse processo 
demolidor de suas nações e repensar novos caminhos para a resolução de 
suas crises econômicas. 
 
 
 
 
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LEITURA OBRIGATÓRIA (perceber os elementos de coesão usados no texto): 
 
FALTA DE AUTORIDADE 
 
De repente o Judiciário começou a ser apontado como um dos maiores vilões da crise brasileira, em visão 
distorcida e errada de seu papel na vida nacional. Tenho criticado vários atos e segmentos do Judiciário, cujo con-
trole externo defendo. Recentemente escrevi que se os juízes tiverem vontade de trabalhar - expressão com a 
qual sintetizei aspectos das deficiências judiciais - resolverão muitos dos problemas sociais que enfrentamos na 
atualidade. Assim sendo, sinto-me à vontade para negar que cabe ao Judiciário a maior culpa pela crise. 
 
Em primeiro lugar, tenha-se presente que grande número dos processos civis, fiscais e trabalhistas tem 
origem em ilegalidades praticadas por administradores públicos, cuja visão caolha faz com que queiram receber 
créditos governamentais, mas não queiram saldar os respectivos débitos. Eles se esquecem da sabedoria de Vi-
cente Matheus quando trata das facas de dois legumes, pois o Judiciário eficiente tanto permitirá as cobranças 
reclamadas, quanto forçará o poder público a parar com seus calotes e impedirá as ilegalidades cometidas. 
 
Em segundo lugar, acentuo as omissões no cumprimento do dever legal dos outros poderes. Exemplo 
mais gritante é do próprio Legislativo, que não aprovou as leis suplementares da Carta de 1988. 
 
O Executivo, por seu lado, baixa instruções, decretos, portarias e toda sorte de medidas administrativas, 
muitas das quais são flagrantemente ilegais. Forçam os contribuintes a se defenderem em juízo. Agravam o con-
gestionamento judicial. Nenhuma lesão ou ameaça de lesão ao direito individual pode ser excluída de apreciação 
pelo Poder Judiciário na verdadeira democracia. Se o Executivo quiser que as pessoas diminuam a corrida aos 
tribunais deve parar com as ilegalidades. 
 
Assinalo, ainda, a distância numérica entre o aparato judiciário brasileiro e o universo ao qual ele deve 
atender. Há menos de 20.000 juízes para quase 350.000 advogados, O número de processos em andamento se 
conta aos milhões (só na justiça paulista existem 4 milhões). A deficiência não é culpa exclusiva do Judiciário, 
embora este tenha boa parte da responsabilidade. 
 
A máquina judiciária — fora das áreas da magistratura — é muito mal remunerada nas justiças estaduais. 
A rotatividade é forte. A baixa remuneração, contraposta à mobilidade da força de trabalho, lidando com leis e 
instruções freqüentemente conflitantes, mais confunde o processo judicial quando tratado por mão-de-obra des-
qualificada. 
 
Necessário é lembrar da história recente do Brasil, na qual o Judiciário foi fonte principal de defesa dos in-
teresses individuais, ante o mau comportamento dos outros poderes. 
 
Lembro o homicídio, ocorrido em 1975, cujo réu — que teve este mês presença meteórica no Ministério da 
Agricultura — não foi julgado até o presente, como outro exemplo de responsabilidade múltipla. A demora escan-
dalosa não seria possível com o Ministério Público, titular da acusação, atento e diligente. Nunca seria possível 
sob a legislação aprimorada, sem prejuízo das garantias de ampla defesa, como tem acontecido no freqüentemen-
te citado exemplo italiano. Também não seria possível, é evidente, se os muitos juízes que passaram pelo caso 
tivessem tido vontade de trabalhar. 
 
O Brasil precisa recompor as deficiências de sua economia em crise. A magistratura deve participar desse 
esforço. Todavia, o brasileiro não pode supor que a lentidão do Judiciário impede a recuperação. O exame atento 
mostrará a injustiça de lançar todas as culpas sobre as costas dos magistrados. Inocentes, de todo, eles não são. 
Mas a culpa — se é o caso de nos preocuparmos com culpas em pleno centro da tempestade — melhor será divi-
di-la com os dois outros poderes, detonadores da confusão em que temos vivido e, portanto, sem autoridade mo-
ral para criticarem os homens (e mulheres) da toga. 
Walter Cenevida, Folha de S. Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2) PRINCIPAIS ELEMENTOS DE COESÃO NO DISCURSO JURÍDICO 
 
realce, inclusão, adição negação, oposição 
afeto, afirmação, igual-
dade 
exclusão 
além disso, ainda, demais, 
ademais, também, vale 
lembrar, pois, outrossim, 
agora, de modo geral, por 
iguais razões, inclusive, 
até, é porque, é inegável, 
em outras palavras, além 
desse fator. 
embora, não obstante, de 
outra face, entretanto, ao 
contrário disso, por outro 
lado, de outra parte, con-
tudo, todavia, conquanto, 
ainda que, malgrado. 
felizmente, infelizmente, 
ainda bem, obviamente, 
realmente, de igual forma, 
da mesma sorte, no mes-
mo sentido, semelhante-
mente, bom é, interessan-
te se faz. 
só, somente, sequer, ex-
ceto, senão, apenas, ex-
cluindo, tão-somente, 
afora. 
 
 
Frases de transição discursiva para a área jurídica: 
 
1. Cumpre observar preliminarmente que... 
2. Como se depreende... 
3. Convém notar, outrossim, que... 
4. Verdade seja, esta é... 
5. Em virtude dessas considerações... 
6. Depois das noções preliminares em breve 
trecho, podemos... 
7. Consoante noção cediça... 
8. Não quer isso dizer, entretanto, que... 
9. Impende observar que... 
10. É sobremodo importante assinalar que... 
11. À guisa de exemplo podemos citar... 
12. No dizer sempre expressivo de... 
13. A nosso pensar... 
14. Cumpre obtemperar, todavia,... 
15. Convém ponderar que... 
16. É bem verdade que... 
17. Não se pode olvidar... 
18. Mister se faz ressaltar... 
19. Oportuno se torna dizer... 
20. É de opinião unívoca... 
21. Tenha-se presente que... 
22. Posta assim a questão, é de se dizer que...23. Inadequado seria esquecer também que... 
 
 
3. OUTROS ELEMENTOS DE COESÃO: 
 
Enumeração, distribuição, conti-
nuação 
Retificação, explicação Fecho, conclusão 
Em primeiro lugar, a princípio, em 
seguida, depois, em linhas gerais, 
no geral, aqui, de resto, no caso em 
tela, outrossim, nessa esteira, en-
trementes, por seu turno, no caso 
presente, antes de tudo. 
Isto é, por exemplo, de fato, a sa-
ber, em verdade, aliás, ou melhor, 
com se nota, com efeito, como se 
observa, por isso, de feito, portanto, 
é óbvio, pois. 
Destarte, em remate, por conse-
guinte, concluindo, finalmente, pelo 
exposto, em razão disso, em sínte-
se, enfim, consequentemente, por 
tais razões. 
 
4. ORIENTAÇÕES FINAIS: 
 
Algumas regras para a argumentação: 
 
1. Procure distinguir as premissas das conclusões. É preciso saber, antes de começar, aonde você quer chegar. 
2. Apresente suas ideias em uma ordem natural. Se o caso for simples, deixe suas conclusões para o final. 
3. Seja concreto e conciso. 
4. Evite linguagem agressiva. Não tente melhorar a sua argumentação distorcendo, menosprezando ou ridiculari-
zando o argumento da parte contrária. 
5. Use termos consistentes. 
 
 
 
 
 
 
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Bibliografia: 
 
Damião, Regina Toledo e Henrique, Antonio. Curso de Português Jurídico, 10ª ed., São Paulo, Editora Atlas, 
2007.

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