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Emoção e Motivação

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Emoçã o 
Natureza e dimensões das emoções 
O que é a emoção? (Reeve, 2009) 
A emoção é um fenómeno multidimensional, com quatro componentes inter-atuantes: 
1. Sentimentos 
A emoção é um sentimento (feeling), relacionado com a auto-consciência do fenómeno que estamos a viver. 
É uma experiência subjectiva que envolve processos cognitivos. Cada um de nós tem experiências pessoais e 
são únicas. 
2. Propósito/Direção 
As emoções surgem normalmente como reacção a acontecimentos importantes da vida. Uma vez activadas, 
geram sentimentos, despertam o corpo para a acção, geram estados motivacionais e produzem expressões 
faciais reconhecíveis. O nosso discurso interno, a forma como nos sentimos influencia os objetivos a que nos 
propomos e os nossos comportamentos. As emoções permitem a direção para metas mais adaptativas. 
3. Reação biológica 
À primeira vista, todos nós sabemos que emoções são sentimentos. Sabemos o que é a alegria e o medo, 
porque o aspecto sentimental destas emoções é marcantes na nossa experiência. É quase impossível não 
notar aspectos da emoção em sentimentos quando nos deparamos com uma ameaça (medo) ou quando 
fazemos progresso em direcção a uma meta (alegria). Tal como o nariz faz parte da face, os sentimentos 
fazem parte das emoções. Desta forma, a emoção prende-se com a ativação fisiológica, que através de uma 
preparação orgânica, se traduz em respostas motoras, i.e., corresponde a mudanças ao nível cortical e 
subcortical que visam preparar o sujeito para a acção. Este é um aspeto adaptativo da emoção, que permite 
a mobilização de respostas que preparam o corpo para se adaptar a quaisquer situações. 
4. Expressiva/social 
Há uma visibilidade das reações fisiológicas através da postura, expressão facial e vocalização, que 
demonstram o que estamos a sentir. Os acontecimentos significativos influenciam a emoção. Uma das 
funcionalidades das emoções prende-se com a regulação da interação social. As emoções geralmente 
surgem como uma reação a acontecimentos de vida importantes. Uma vez ativadas, as emoções geram 
Motivação e Emoção 
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação 
Universidade de Coimbra 
 
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sentimentos, levam o corpo a agir, geram estados motivacionais e produzem expressões faciais 
reconhecíveis. 
As emoções têm um carácter multidimensional, pois as emoções existem como um fenómeno subjetivo, 
fazendo-nos sentir de uma maneira particular, biológico, porque energizam e mobilizam respostas que 
preparam o corpo para se adaptar a quaisquer situações que ele enfrente, dirigido para um propósito, por 
exemplo, a raiva cria um desejo motivacional para fazer o que de outro modo não faríamos, e social, ao 
enviarmos sinais faciais, vocais e posturais reconhecíveis que indicam a qualidade e intensidade das nossas 
emoções. Nenhuma destas dimensões por si só não define adequadamente o que é uma emoção. Cada uma 
delas enfatiza um aspeto diferente da emoção. 
Três componentes das emoções (Ford, 1992) 
As emoções são constituídas pelos componentes afetivo (neuropsicológico, a experiência subjetiva da 
emoção); fisiológico (um padrão biológico de processamento); e transacional (gestos expressivos que 
influenciam aspetos relevantes do contexto). 
 
A experiência subjectiva encontra-se directamente dependente com a reacção biológica. Esta última está 
subjacente à experiência emocional e exprime-se através da expressão social, directamente ligada ao 
propósito/ direcção comportamental que leva à emoção (dirige o comportamento para objectivos 
específicos). Para que todo este processo ocorra é necessário gerar um acontecimento que seja considerado 
significativo para o sujeito (directamente relacionado com o limiar de sensibilidade das pessoas, com as 
experiências únicas e subjectividade atribuída aos acontecimentos), para que a emoção active o 
comportamento para determinadas metas. Por exemplo, a raiva é uma emoção muito forte, dirige o sujeito 
para a destruição do obstáculo. Em estado de raiva, o sujeito comete actos que nunca cometeria em 
Sentimentos/Feelings 
•Experiência subjetiva 
•Consciência 
fenomenológica 
•Cognição 
Reação Biológica 
•ativação fisiológica 
•Preparação orgânica/ação 
•Respostas motoras 
Expressiva/Social 
•Comunicação social 
•Expressão facial 
•Expressão vocal 
Propósito/direção 
•Estado motivacional - 
direção/objetivos 
•Funcionalidade 
Emoção 
Motivação e Emoção 
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condições ditas normais. O medo dirige a pessoa para o evitamento, para a fuga ou para o refúgio face ao 
potencial perigo. 
A componente activação corporal inclui a nossa activação neuronal e fisiológica (biológico), incluindo a 
actividade dos sistemas autonómicos e hormonais como no preparar e regular do comportamento 
adaptativo do corpo ao enfrentar a emoção. 
Quando emocional, o nosso corpo está preparado para a acção e isso é verifica-se no nosso cérebro, na 
nossa fisiologia (frequência cardíaca, epinefrina na corrente sanguínea) e na nossa musculatura (postura de 
alerta). 
A componente intencional dá emoção ao carácter do objectivo direccionado para tomar as medidas 
necessárias para lidar com as circunstâncias em mãos. O aspecto intencional explica porque é que as pessoas 
querem fazer o que fazem e, porque é que as pessoas beneficiam das suas emoções. 
A componente expressão social é o aspecto comunicativo da emoção. Através de posturas, gestos, 
vocalizações e expressões faciais, as nossas experiências pessoais tornam-se em expressões públicas. 
Portanto, as emoções, envolvem toda a nossa pessoa, os nossos sentimentos, a activação física, o senso de 
propósito e de comunicação não-verbal. 
Por exemplo, os quatro componentes da tristeza: 
 
 
Separação/Perda de alguém 
importante; Fracasso numa 
tarefa importante; 
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A emoção é portanto de curta duração, é um fenómeno sentimental de excitação, intenção e expressão que 
nos ajuda a adaptar às oportunidades e desafios que enfrentamos durante os eventos importantes da vida; é 
a construção de unidades psicológicas que coordenam estes quatro aspectos da experiência num padrão 
sincronizado; é o que coreografa a sensação de excitação, intenção e componentes expressivos numa 
reacção coerente ao surgimento de um evento. Assim, as emoções são os sistemas sincronizados que 
coordenam o sentimento, a excitação, a intenção/finalidade e a expressão de modo a preparar o indivíduo 
para se adaptar com sucesso a circunstâncias da vida. “Emoção” é a palavra que os psicólogos usam para 
nomear este processo coordenado e sincronizado. 
Relação entre emoção e motivação 
A emoção atua como motivação, pois é um conceito motivacional que explica o comportamento motivado. É 
o tipo de motivo que ativa e dirige o comportamento em função dos objetivos a que nos propomos. A 
emoção pode ser vista como um sistema motivacional primário (Izard, 1991; Tomkins, 1962, 1963, 1984) ou 
como uma variável motivacional, como o “Triunvirato motivacional” (Objectivos, Crenças e Emoções) de 
Ford (1992). 
A emoção funciona ainda como leitor/Readout, pois é um sistema de leitura que dá informação sobre o 
processo de adaptação pessoal, i.e., saber se estamos a alcançar aquilo a que nos propusemos (Buck, 1988). 
É assim, um indicador do estado de satisfação/frustração dos motivos (necessidades ou objetivos) (Frijda, 
1986; Oatley & Jenkins, 1992) e um Readout Sistem, contendo uma função reguladora e avaliadora da 
adaptação do organismo, na qual a satisfação das motivações/objectivos prende-se com emoçõespositivas e 
a sua frustração das motivações/objetivos se relaciona com emoções negativas. 
Em suma, a emoção é uma motivação básica que está na raiz de qualquer processo motivacional, e a 
motivação é um sistema de leitura que faculta informação sobre o processo de adaptação; é um sinalizador 
que ajuda o sujeito a manter ou a redireccionar o comportamento e a acção e um indicador do estado de 
satisfação ou frustração (até que ponto se está no caminho certo para alcançar satisfação ou evitar 
frustração dos objectivos. 
O que provoca uma emoção? 
Os acontecimentos situacionais significativos induzem a experiência emocional através de processos 
cognitivos ou processos biológicos, que permitem explicar as componentes da emoção, os sentimentos, o 
propósito/direção, a reação biológica e a expressão – os desafios ou oportunidades que são importantes 
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para os objetivos pessoais em contextos sociais significativos. A mente e o corpo de uma pessoa reagem de 
um modo adaptativo. 
Em essência, este debate pretende saber se as emoções são essencialmente biológicas ou primariamente 
fenómenos cognitivos: no primado da cognição, existe uma avaliação do significado e da relevância pessoal 
dos acontecimentos e no primado da biologia, temos presente a ativação subcortical. 
Biologia versus Cognição? 
Perspectiva biológica 
A biologia como causa primária da emoção. Os principais representantes desta perspectiva são Izard (1989), 
Eckman (1992) e Panksepp (1994). 
Izard defende que as respostas emocionais são precoces e não cognitivas. São respostas automáticas, 
inconscientes e mediadas por estruturas subcorticais. Por exemplo, as crianças são biologicamente 
sofisticadas mas cognitivamente limitadas demonstram o ponto de vista deste autor. 
Para Eckman as emoções são respostas adaptativas com origem filogenética. As emoções têm um 
aparecimento rápido, uma duração curta e podem ocorrer automática e involuntariamente. As emoções 
acontecem quando reagimos emocionalmente muito antes de estarmos conscientes dessa emoção. 
Para Pankseep, as emoções surgem de circuitos neuronais de origem genética que regulam a atividade 
cerebral, o que se demonstraria pela dificuldades em verbalizar as emoções, pela indução emocional por 
estimulação eléctrica e pela ocorrência das emoções nas crianças e outros animais. 
No entanto, algumas críticas são apontadas à perspectiva biológica, pois as emoções não assentam na 
linguagem, pelo que existem dificuldades em verbalizar as emoções; existe possibilidade de indução de 
emoções por procedimentos não cognitivos, como pela estimulação eléctrica, e as emoções podem ocorrer 
em crianças e animais não humanos, e no entanto não negam os aspetos cognitivos. 
Perspectiva cognitiva 
A atividade cognitiva como pré-requisito da emoção. Os principais representantes desta perspectiva são 
Lazarus (1991), Scherer (1997) e Weiner (1986). 
Lazarus demonstra a relevância pessoal dos acontecimentos. Sem a percepção desta relevância não existe 
razão para reagirmos emocionalmente. A avaliação cognitiva que os indivíduos fazem dos acontecimentos 
marca o aparecimento das emoções. 
Motivação e Emoção 
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Scherer faz a identificação de avaliações cognitivas geradoras de emoções. 
Weiner produziu uma análise atribucional da emoção. A teoria atribucional foca-se no pensamento e na 
reflexão pessoal que empreendemos perante os sucessos e os fracassos da vida. 
A atividade cognitiva é um pré-requisito necessário para a emoção. Relevância da avaliação do significado 
pessoal dos acontecimentos, pois as nossas emoções dependem do significado atribuído aos estímulos 
Perspetiva abrangente 
Existe uma perspectiva mais abrangente, que defende que tanto a cognição como a biologia causam a 
emoção – o modelo dos dois sistemas (ou de sistema duplo) de Buck. 
 
Esta estabelece uma relação entre biologia e cognição na explicação da emoção através de dois 
sistemas/processos sincronizados que ativam e regulam a emoção, a História Evolutiva/Filogenética, pela 
ativação de certas estruturas e processos subcorticais e pela reação espontânea, automática e inconsciente 
às características sensoriais dos estímulos, e a Aprendizagem sociocultural e História Pessoal, pela ativação 
de estruturas e processos corticais e pela interpretação e avaliação consciente do significado e significação 
pessoal do estímulo. 
Buck defende que os seres humanos têm dois sistemas sincronizados que ativam e regulam a emoção. Um 
sistema é inato, espontâneo e fisiológico que reage involuntariamente a um estímulo emocional. Um 
segundo sistema é cognitivo baseado na experiência que reage socialmente e fazendo interpretações. O 
Acontecimento 
significativo 
Aprendizagem 
sociocultural e 
história pessoal 
Estruturas e 
processos 
corticais 
Interpretação - 
avaliação 
consciente do 
significado e 
significação 
pessoal do 
estímulo 
Output Paralelo, 
Interactivo e 
Coordenado que 
Activa e Regula a 
Emoção 
História evolutiva 
filogenética das 
espécies 
Reacção Instantânea, Automática e 
Inconsciente às Características Sensoriais 
do Estímulo estruturas e processos 
subcorticais 
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sistema fisiológico emocional surge primeiro na evolução da espécie humana enquanto que o sistema 
cognitivo emocional surge mais tarde quando os seres humanos se desenvolvem ao nível do cérebro e da 
socialização. 
Pankseep adiciona a informação que algumas emoções surgem primeiro através do sistema biológico 
enquanto outras surgem primeiro através do sistema cognitivo. 
O problema da galinha e do ovo – Debate Biologia vs. Cognição (Plutchik) 
 
A emoção é o resultado de uma cadeia de acontecimentos organizados num complexo sistema de feedback. 
O sistema de feedback começa com um acontecimento de vida significativo e finaliza-se com uma emoção. 
Mediando estes dois pólos há uma complexa cadeia interativa de acontecimentos, que engloba a cognição, o 
arousal/ativação, a preparação para a ação, os sentimentos, as exibições expressivas e o comportamento 
aberto ativo constituem o “caldeirão” de experiências que causam, influenciam e regulam a emoção. 
Este modelo pretende não conceptualizar onde realmente começa a emoção, pois o estímulo (activador) 
significante pode surgir em qualquer ponto da cadeia. O esquema acima representado constitui a solução 
dada ao problema “galinha-ovo” por Plutchik: o importante é não conceptualizar a cognição como causador 
directo da emoção, assim como a biologia. 
Quantas emoções existem? 
Ativação/arousal 
Preparação para a 
ação 
Sentimentos 
Manifestações 
Expressivas 
Comportamento 
Aberto 
Cognição 
Acontecimento/estímulo 
significativo 
Emoção 
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Perspectiva Biológica 
Enfatiza o facto de haver emoções primárias, tendo como limite mínimo duas emoções e máximo dez. Cada 
um dos teóricos biológicos tem uma boa razão para propor um número específico de emoções, apesar de 
cada proposta ser baseada numa ênfase diferente. 
Solomon (1980) – dois sistemas hedónicos. 
Gray (1994) – três sistemas de circuitos neuronais: aproximação, luta/fuga e inibição (ansiedade). 
Pankseep (1982) – quatro circuitos no sistema límbico (medo, raiva/cólera, pânico e expectativa). 
Stein e Trabasso (1992) – quatro reações básicas face às tarefas de vida: realização (felicidade),perda (tristeza), obstrução (raiva/cólera) e incerteza (medo). 
Tomkins (1970) – seis padrões de ativação neuronal: interesse, medo, surpresa, raiva/cólera, 
sofrimento e alegria. 
Ekman (1994) – seis emoções associadas a expressões faciais universais: medo, raiva/cólera, 
repugnância, tristeza, felicidade e desprezo. 
Plutchnick (1980) – oito padrões de emoções, comportamentos comuns aos organismos vivos: 
raiva/cólera, repugnância, tristeza, surpresa, medo, aprovação, alegria e antecipação. 
Izard (1991) – teoria diferencial das emoções: raiva/cólera, sofrimento, medo, alegria, repugnância, 
surpresa, vergonha, culpa, interesse e desprezo. 
Pontos comuns a todos os teóricos: 
Existência de um número reduzido de emoções básicas. 
As emoções básicas são universais (seres humanos e animais). 
Origem filogenética e biológica. 
Atributos das emoções: 
São breves. 
São involuntárias. 
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Podem ser observadas em diferentes espécies. 
Têm uma componente avaliativa que é automática e inconsciente. 
Têm uma investida rápida. 
São coerentes (a partir dos processos biológicos e evolucionários). 
Diferenciam-se em termos de sinais faciais e corporais. 
Diferenciam-se em termos dos seus antecedentes universais. 
Diferenciam-se em termos de padrões de ativação fisiológica. 
Perspectiva cognitiva e cultural 
Reconhece a importância das emoções primárias, mas enfatiza as emoções complexas/secundárias. Esta 
perspectiva defende que os seres humanos experienciam um grande número de emoções. Afirmam que 
existe um número limitado de circuitos neuronais, expressões faciais e reações corporais, mas chamam a 
atenção de que, apesar disso, várias emoções podem surgir de uma mesma reação biológica. Os seres 
humanos experienciam um número variado de emoções porque as situações podem ser interpretadas de 
várias maneiras e porque elas surgem de um conjunto de avaliações cognitivas, da linguagem, do 
conhecimento pessoal, da história de socialização e das expectativas culturais. 
Isto é assim porque todos os teóricos cognitivos compartilham o pressuposto de que "as emoções surgem 
em resposta às estruturas de significado de determinadas situações, diferentes emoções surgem em 
resposta a diferentes estruturas de significados" (Frijda, 1988). A forma como as teorias cognitivas da 
emoção diferem está no como elas retratam as pessoas e na forma com interpretam o significado da 
situação. A situação pode fornecer o contexto para interpretar o estado de activação/excitação (Schachter, 
1964), o indivíduo pode interpretar o seu próprio estado com sendo excitado (Kemper, 1987). Além disso, as 
pessoas fazem avaliações acerca de saber se sua relação com o ambiente afecta o seu bem-estar pessoal 
(Lazarus, 1991), o significado e as lembranças das situações que enfrentam (Frigja, 1993) e as suas 
atribuições de resultados bons e maus do que ocorreu (Weiner, 1986). As experiências emocionais são 
construídas profundamente dentro da linguagem (Shaver et al., 1987), nas formas de agir socialmente 
construídas (Averill, 1982) e nos papéis sociais como "cheerleader" e "bully" (Heise, 1989). 
Perspectiva intermédia 
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Argumentam que cada emoção básica não é uma emoção simples mas, por contrário, uma família de 
emoções relacionadas. Cada membro de uma família partilha muitas das características da emoção básica. 
Há um número limitado de famílias de emoções com origem na biologia e na evolução, mas também há um 
número de variações destas emoções através da socialização, aprendizagem e cultura. 
Critérios das emoções básicas: 
São inatas. 
Surgem face a circunstâncias semelhantes para todos os sujeitos. 
Têm formas de expressão únicas e distintas. 
Evocam um padrão de resposta fisiológica única e previsível. 
 
 
Medo 
É uma reação emocional que surge quando uma pessoa interpreta uma situação ou enfrenta uma ameaça ou 
um perigo para o seu bem-estar. Os perigos percebidos ou as ameaças podem físicas ou psicológicas. A 
Família das emoções básicas 
Medo Raiva Repugnância Tristeza Alegria Interesse 
Temática das 
emoções 
básicas 
Emoções negativas - 
Ameaças e danos 
Emoções positivas - 
envolvimento e 
satisfação 
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situação mais ativadora do medo é aquela que antecipa uma ameaça física ou psicológica, uma 
vulnerabilidade ou uma crença de que não seremos capazes de responder ativamente às circunstâncias que 
virão. 
O perigo motiva a defesa. Esta proteção manifesta-se através da fuga ou afastamento do objeto causador de 
medo. Se a fuga não é possível o medo motiva-nos a ficar quietos. O medo pode ainda motivar a 
aprendizagem de novas respostas adaptativas que permitem à pessoa evitar o perigo em primeiro lugar. 
O medo tem assim uma função positiva de preparar o sujeito para evitar situações de perigo, mas também 
pode tornar-se uma função negativa quando leva a fugas sem que haja perigo real para o sujeito, como no 
caso das fobias. 
Raiva/cólera 
É uma emoção ubíqua. Surge a partir de barreira, uma interpretação de que os nossos planos, objetivos ou 
bem-estar estão a sofrer a interferência de uma força externa. Surge também como reação a uma traição de 
confiança, a uma recusa, ao receber críticas injustificadas e perante uma falta de consideração por parte dos 
outros. 
A essência da raiva é a crença de que a situação não é o que deve ser. A raiva torna a pessoa mais forte e 
mais enérgica. É o tipo de emoção mais perigosa, contudo pode ser extremamente positiva se for 
socializada. A raiva socializada de uma forma construtiva é um processo positivo para evitar desigualdades 
sociais, injustiças, etc. Aumenta o nosso sentido de autocontrolo e torna as pessoas mais sensíveis e atentas 
às injustiças que as outras pessoas cometem. A raiva pode ter uma importante função de alerta que leva 
outros a ter uma maior compreensão da outra pessoa e do problema causador da raiva. O seu objetivo é 
destruir barreiras do meio. 
Repugnância 
Envolve preparar-se ou afastar-se de um objeto contaminado, deteriorado ou estragado. A sua função é a 
rejeição como objectivo de protecção. Através da repugnância o indivíduo rejeita ativamente alguns aspetos 
físicos ou psicológicos do meio. Tem um papel motivacional positivo nas nossas vidas. 
Tristeza 
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É a emoção mais negativa e aversiva. Surge principalmente perante experiências de separação ou falha. A 
tristeza motiva o indivíduo a iniciar qualquer comportamento necessário para aliviar o stress provocado 
pelas circunstâncias. Motiva a pessoa a restaurar o meio para o seu estado antes da situação stressante. 
No entanto, nem todas as separações e fracassos podem ser restaurados. Numa situação desesperante a 
pessoa não se comporta de modo ativo, mas antes de modo inativo e letárgico que leva a desistir da 
situação. Um aspeto positivo da tristeza é que indiretamente facilita a coesividade dos grupos sociais. A sua 
antecipação motiva as pessoas a manterem-se coesas com as pessoas que lhe são mais próximas. Pode 
motivar e manter comportamentos produtivos. 
Alegria 
Os eventos que provocam alegria estão relacionados com os resultados desejáveis. A alegria é a evidência 
emocional de que as coisas estão a correr bem. Sentimo-nos entusiasmados e ficamos otimistas. 
Tem duas funções. Facilita a nossa vontade de entrar em atividadessociais. O sorriso facilita a interação 
social. Tem também uma função de apaziguamento. São as emoções positivas que tornam a vida mais 
agradável e balançam as experiências de vida de frustração, desilusão e afetos negativos em geral. A alegria 
permite-nos preservar o nosso bem-estar psicológico e é também um modo de anulação dos efeitos 
stressantes das emoções negativas. 
Interesse 
É a emoção que mais prevalece no funcionamento do dia-a-dia. Está sempre presente algum nível de 
interesse. Aumentos e diminuições no interesse envolvem uma mudança de interesse de um acontecimento, 
pensamento e ação para outro. Normalmente, não acabamos e começamos o nosso interesse, nós 
redirecionamo-lo de um objeto para outro. Os acontecimentos que captam o nosso interesse estão 
relacionados com as nossas necessidades e o nosso bem-estar. O interesse cria o desejo de explorar, 
investigar, procurar, manipular e extrair informação dos objetos que nos rodeiam. Ou seja, o interesse 
aumenta a aprendizagem. 
Emoção Situação estímulo Comportamento emocional Função da emoção 
Medo Ameaça Corrida, fuga. Proteção 
Raiva Obstáculo Morder, ferir, bater Destruição 
Alegria Parceiro potencial Cortejar Reprodução 
Tristeza Perda de alguém significativo Gritar por ajuda Reunião 
Aceitação Membro do grupo Tratar, partilhar Afiliação 
Repugnância Objeto nojento Vomitar, afastar Rejeição 
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Antecipação Novo território Exame, planeamento Exploração 
Surpresa Objeto novo e súbito Paragem, alerta Orientação 
Perspetiva funcional do comportamento emocional (Plutchik, 1980) 
Quais os aspetos positivos da emoção? 
As emoções têm uma função adaptativa e uma função social. 
As funções adaptativas (“coping functions”) advêm dos processos decorrentes da seleção natural e da 
adaptação. Permitem uma facilitação da adaptação individual às mudanças dos contextos físico e social, 
dinamização e direção adaptativa do comportamento nas tarefas de vida, e prontidão para responder a 
situações específicas. 
Já as funções sociais/relacionais, através da coordenação das interações sociais, informam e direccionam o 
comportamento dos outros. São um modo de comunicar os sentimentos aos outros, que são um dos 
componentes do comportamento não-verbal a par dos emblemas, ilustradores, reguladores, auto-
adaptores. Têm uma influência no comportamento dos outros, facilitam a interação social e criam, mantêm 
e dissolvem os relacionamentos. 
Funções Sociais das Emoções (Reeve, 2009) 
As emoções permitem comunicar os sentimentos pessoais aos outros, influenciar o modo como os outros 
interagem connosco, convidar e facilitar a interação social e criar, manter e dissolver relacionamentos. 
Portanto, os aspectos positivos das emoções centram-se em possuir altas capacidades adaptativas: Charles 
Darwin em “A expressão da emoção em Homens e Animais” referiu o carácter importante das emoções na 
função adaptativa, mais, chegou a afirmar que as emoções eram mais cruciais e relevantes do que as 
características físicas no papel da adaptação. 
Diferenciação entre emoção, humor, disposições e sentimentos 
Diferenciação entre emoção e humor 
As emoções têm como antecedentes situações significativas e avaliações da sua significação para o bem 
estar pessoal, enquanto o humor surge após a ausência de objeto, tem um efeito durável de uma emoção e 
tem uma origem desconhecida. As emoções levam a comportamentos, a cursos de ação específicos. O 
humor leva à cognição/pensamento, o que pode originar distúrbios. As emoções são episódios de duração 
breve. O humor, por outro lado, tem uma duração longa (horas/dias/semanas) e emana de acontecimentos 
internos longos. 
Motivação e Emoção 
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Diferenciação entre emoção e disposições 
Ao contrário das emoções que surgem de situações significativas, as disposições surgem de ocorrências 
repetidas de emoções discretas, integrando-se na personalidade. As emoções levam a comportamentos, a 
cursos de ação específicos, as disposições podem ser observadas numa grande diversidade de situações. As 
emoções são episódios de breve duração, enquanto as disposições têm uma duração muito longa (anos). 
Afectividade diária 
O afeto positivo e negativo são modalidades independentes de sentir, não opostas, que podem ocorrer 
simultaneamente. 
O afeto positivo varia sistematicamente com o ciclo do dia e reflete um envolvimento agradável (entusiasmo 
vs. tédio), dirigido para a recompensa, um sistema motivacional apetitivo. O afeto positivo leva a 
comportamentos de aproximação. A ativação da dopamina leva à expectativa de acontecimentos desejáveis. 
O afeto negativo reflete o envolvimento desagradável (irritabilidade vs. relaxamento), dirigido para a 
punição, um sistema motivacional aversivo. Leva a comportamentos de evitamento. A ativação da 
serotonina/noradrenalina leva à expectativa de acontecimentos indesejáveis. 
Afecto versus emoção positiva 
O afeto positivo reflete uma sensação generalizada de bem-estar (feeling good). Há uma ausência de 
consciência. Influencia o processamento de informação. Tem como benefícios o comportamento pró-social, 
a flexibilidade cognitiva e criatividade, a eficiência na tomada de decisão, sociabilidade e persistência face ao 
fracasso. A emoção positiva reflete uma ativação positiva. Ativa a atenção/consciência. Influencia a 
ação/comportamento. 
Condições facilitadoras do afecto positivo/bem -estar 
Acontecimentos elicitadores: 
Receção de um presente ou de um elogio; 
Experiência de um dia soalheiro 
Pensar sobre acontecimentos positivos, etc. 
Permanência do humor positivo através de decisões e ações. 
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Perda do humor positivo através do envolvimento em atividades neutras/negativas. 
O afecto positivo tem como benefícios a maior probabilidade de comportamentos sociais, tais como, ajudar 
os outros, iniciar interações, agir mais cooperativamente. Há também uma maior probabilidade de arriscar, 
resolver problemas criativamente, persistência face à ausência de feedback, tomar decisões mais eficazes, e 
manifestar maior motivação intrínseca. 
Dimensão biológica da Emoção 
 
Há medida que os eventos significativos surgem, activam reacções biológicas e cognitivas. O resultado dos 
processos biológicos e cognitivos gera emoção que nos leva a reagir de forma adaptativa aos 
acontecimentos. As variáveis são factores associados a mudanças. Acima estão as dimensões do estudo da 
emoção contudo, falta a finalidade para o objectivo que está incluída na variável cognitiva. Mas, ainda 
podemos aglutinar as variáveis da seguinte forma: 
 
Nas variáveis cognitivas sociais, o ponto-chave são as avaliações em termos do significado dos 
acontecimentos (avaliados como significativos). Explica como o sujeito A tem uma emoção neutra perante 
um acontecimento e o sujeito B não. 
Principais dimensões da emoção 
Biológica Cognitiva Sociocultural 
Variáveis biológicas 
•Sistema Nervoso Autonómo 
•Sistema Endócrino 
•Circuitos neuronais cerebrais 
•Velocidade da ativação neuronal 
•Feedback facial 
Variáveis cognitivas e 
socioculturais 
•Avaliações (Appraisals) 
•Conhecimento 
•Atribuições 
•História de socialização 
•Identidades culturais 
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Dimensão biofisiológica da emoção 
Teoria de James-Lange 
Questão: A activação biológica diferencial explica as diferentesemoções? 
Hipótese A: Estímulo ⇒Emoção ⇒Reacção biológica 
Hipótese B (James-Lange): Estímulo ⇒Reacção biológica ⇒Emoção 
O organismo reage unicamente e discriminadamente a acontecimentos eliciadores da emoção e não reage a 
acontecimentos não eliciadores da emoção. Segundo este autor primeiro há uma reação 
espontânea/instantânea e padronizada e só depois uma interpretação/percepção da reação. Isto é que leva 
à experiência de emoção. 
Limitações da teoria de James-Lange 
O papel da ativação biofisiológica não é determinante da experiência emocional. Inexistência de uma 
ativação biofisiológica diferenciada para cada emoção. Não há uma diferenciação das reacções orgânicas. 
Velocidade da resposta emocional superior à da ativação biofisiológica – o papel da activação fisiológica: 
amplificação da experiência emocional. Dados da investigação contemporânea demonstram a existência de 
padrões de respostas biofisiológicas diferenciadas para algumas emoções. E demonstram também a 
inexistência de respostas biofisiológicas diferenciadas para a totalidade das emoções. 
Era defendido que a emoção é rapidamente seguida por mudanças corporais. William James não concordou 
com esta teoria e sugeriu que as nossas mudanças corporais não seguiam a emoção, mas sim que as nossas 
emoções seguem e dependem das nossas respostas corporais aos estímulos (estímulo – reação corporal – 
emoção). Segundo James o corpo reage unicamente a diferentes acontecimentos provocadores de emoções 
e não reage a eventos não emotivos. O corpo reage e as reações emocionais encontram-se em nós antes de 
termos consciência disso. A experiência emocional é o modo de uma pessoa dar sentido às diferentes 
mudanças corporais. 
A perspectiva contemporânea defende que as diferentes emoções produzem de facto diferentes padrões de 
atividade corporal. A perspectiva moderna defende que as emoções recrutam suporte biológico e 
psicológico para permitir respostas adaptativas com fugir, lutar e nutrir. 
Críticas à teoria de James-Lange (Cannon) 
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As reacções corporais referidas por James fazem parte da resposta global do corpo e não variam de emoção 
para emoção. A experiência emocional é mais rápida que a reacção biológica logo o papel de excitação 
fisiológica é aumentar mas não é causar a emoção. O contributo das alterações biológicas é mínimo. Mesmo 
sem estímulos que justifiquem a reacção fisiológica os gatos tinham repostas desadequadas (ou exageradas 
ou mínimas) logo, o córtex é essencial, tem a função reguladora da emoção. A teoria de James Lange é 
deitada por terra, pois mesmo sem a base (o córtex) da reacção fisiológica a emoção acontece. 
Por outras palavras, o papel da activação biofisiológica não é determinante da experiência emocional, pela 
inexistência de uma activação biofisiológica diferenciada para cada emoção, pela velocidade da resposta 
emocional superior à da activação biofisiológica. Dados da investigação contemporânea demonstram a 
existência de padrões de respostas biofisiológicas diferenciadas para algumas emoções. E demonstram 
também a inexistência de respostas biofisiológicas diferenciadas para a totalidade das emoções. 
Perspetivas contemporâneas 
Papel da activação biofisiológica (SNA - Sistema Nervoso Autónomo) 
Tem em conta as especificidades biofisiológicas de algumas emoções. A activação biofisiológica acompanha, 
regula e estabelece o estádio da emoção. A questão que se coloca é: “haverá uma ativação da experiência 
de emoção ou um enquadramento da experiência emocional?” 
A activação fisiológica regula o nível de estimulação, amplifica a experiência emocional. Actualmente, 
algumas/certas emoções têm um padrão biofisiológico específico e único. As respectivas reacções tornam a 
emoção mais forte e mais adaptativa: o ritmo cardíaco e temperatura da pele aumentam para a raiva, o 
ritmo aumenta e a temperatura diminui para o medo, o ritmo aumenta e a temperatura mantém-se para a 
tristeza, o ritmo mantém se e a temperatura aumenta para a alegria, e com a frustração ambos diminuem. 
Três circuitos neuronais distintos (Gray, 1994): 
Sistema de aproximação comportamental – interação com oportunidades ambientais, alegria. 
Prepara o animal para procurar e interagir com oportunidades ambientais atrativas. 
Sistema de fuga ataque – fuga/defesa agressiva, medo vs. raiva/cólera. Prepara o animal para fugir 
de alguns eventos agressivos, mas para se defender agressivamente contra outros acontecimentos. 
Sistema de inibição comportamental – “paragem” face a acontecimentos aversivos, ansiedade. 
Prepara o animal para congelar na presença de acontecimentos aversivos. 
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Áreas específicas no cérebro, como as regiões subcorticais, são activadas na experiência emocional 
(amígdala, hipotálamo) e são perfeitamente capazes de gerar e regular emoções específicas: a amígdala 
controla as emoções negativas (medo, ansiedade, raiva); o córtex pré-frontal esquerdo, o afecto positivo e a 
alegria, e o córtex pré-frontal direito controla o medo e afecto negativo. 
Ativação neuronal (Tomkins, 1970) 
Neural firing: padrão de actividade electrocortical cerebral. As emoções são activadas a diferentes 
ritmos/velocidade. 
 
O nível de resposta dos neurónios às várias situações. O sistema nervoso está sempre activo e há diferentes 
velocidades de resposta. O nível de actividade é informativo da presença de certas emoções. 
De acordo com Tomkins, há três padrões de actividade electrocortical que estão dependentes dos 
acontecimentos e que deixam a pessoa pronta para qualquer evento. A actividade aumenta face à surpresa 
(aumento dramático), medo (aumento moderado) e interesse (aumento pequeno). Se a rede neuronal 
mantém um valor elevado é activada a raiva ou para a dor. Se diminui é activada a alegria 
Teoria diferencial das emoções (Izard,1991) 
O sistema motivacional humano é constituído por 10 emoções básicas. Cada emoção tem a sua qualidade 
fenomenológica, única: uma experiência subjectiva única; cada emoção tem o seu padrão único de 
expressão facial; cada emoção tem o seu padrão de activação neuronal e cada emoção tem funções 
adaptativas e motivacionais distintas – papel motivacional central 
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Estas dez emoções discretas atuam como um sistema motivacional que prepara o indivíduo para agir de 
forma adaptativa. Cada emoção existe para fornecer ao indivíduo uma heurística organizada para lidar 
efetivamente com as tarefas da vida e os problemas que são importantes e recorrentes. 
As restantes emoções são secundárias, surgindo depois e permitindo descrever os estados de humor, as 
atitudes, os traços de personalidade, as desordens, etc. 
Hipótese do feedback facial 
1. Acontecimento interno ou externo 
2. Ativação subcortical 
Neural firing 
Sistema limbico – hipotálamo e gânglios basais. 
Impulsos - gerados no córtex motor e enviados à face, para o nervo facial (Nervo cranial VII) 
3. Expressão facial 
Ações faciais: Mudanças na musculatura, na temperatura e nas glândulas faciais. 
Nervo trigerminal (Nervo cranial V) 
4. Processamento cortical 
Recepção da informação da acção facial no córtex sensorial. 
5. Experiência subjetiva da emoção 
Integração cortical na informação de feedback facial: experiência. 
Emoções positivas 
•Interesse 
•Alegria 
Emoções neutras 
•Surpresa 
Emoções negativas 
•Medo 
•Raiva 
•Repugnância 
•Mal-estar/angústia (distress) 
•Desprezo/desdém (comtempt)•Vergonha 
•Culpa 
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Izard defende que o feedback facial é a ativação da cadeia de processos subjacentes à experiência de 
emoção. Apenas quando esta cadeia de processos é ativada é que recrutados a participação cognitiva e 
corporal para manter a experiência emocional ao longo do tempo. 
 
Segundo a hipótese do feedback fácil, a exposição a um acontecimento interno ou externo aumenta o nível 
de “combustível” o suficiente para ativar um programa de emoção subcortical, como por exemplo o medo. O 
cérebro subcortical tem programas inatos e geneticamente decididos. Quando ativados, estes programas 
mandam impulsos para os gânglios basais e os nervos faciais para gerar expressões faciais discretas. Após a 
expressão facial de medo o cérebro interpreta esta estimulação. Este padrão particular de feedback facial é 
integrado corticalmente para aumentar o sentimento subjetivo de medo. Apenas aí é que o lobo frontal do 
córtex se toma consciência do estado emocional. 
Para validar esta hipótese foi feito um teste da ativação da experiência emocional através da manipulação da 
musculatura facial. Verificou-se o impacto da expressão facial sobre processos fisiológicos. Contudo, houve 
dados contraditórios em torno do impacto da expressão facial sobre a experiência emocional. 
Fez-se ainda um outro teste de regulação da intensidade da experiência emocional através da manipulação 
da musculatura facial. Verificou-se um exagero/exacerbação vs. supressão contenção da expressão facial e 
uma intensificação vs. atenuação das respostas fisiológicas e da experiência emocional. Assim, concluiu-se 
que a emoção ativa as expressões faciais e estas amplificam a experiência emocional. 
O papel do feedback facial não invalida o contributo de outras variáveis, tais como, a expressão vocal e o 
tacto. 
Universalidade das expressões faciais 
Existe um acordo entre os sujeitos de diferentes culturas na codificação e descodificação das emoções 
básicas. No entanto, a universalidade das expressões emocionais demonstra o carácter inato versus 
Teste da hipótese do Feedback facial 
Strong version - A manipulação da 
musculatura facial activa a experiência 
emocional-Dados contraditórios 
Dado consensual – a manipulação origina 
reacções fisiológicas 
Weak version - O feedback facial modifica a 
intensidade da emoção 
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aprendido das expressões faciais através de estudos transculturais, ou seja, existe uma variação cultural na 
expressão facial das emoções. Contudo, são feitas críticas aos estudos sobre a universalidade das expressões 
faciais pelo gradiente crítico de reconhecimento maior (alegria) e menor (repugnância, medo, etc.), pela 
metodologia da escolha forçada e pela validade ecológica. 
A maioria dos estudos sugere que uma pose de uma musculatura facial produz experiência emocional nem 
que seja com efeito pequeno. A postura expressão facial tem o efeito de implementar/reforçar os efeitos da 
emoção sentida. O feedback facial tem uma função: activação emocional – assim que uma emoção está 
activada é ela que programa, recruta o que é necessário para a experiência emocional. 
Controlo voluntário das emoções 
Há a exigência da exposição a um elicitador emocional que pode ser interno ou externo. A componente 
biofisiológica da emoção é dificilmente controlável. 
As emoções têm quatro aspectos: sentimentos, excitação, propósito e expressão. Há emoções que 
claramente, simplesmente acontecem e das quais não podemos ser constituídos responsáveis. Por outro 
lado, todos temos dificuldade em conjugar diversas emoções e conseguir definir ao certo o que se sente. Nós 
precisamos de ser expostos a uma situação que gere emoção específica de um determinado estado 
emocional. As emoções são reacções e precisamos de um evento para reagir antes de formularmos a 
conjectura da emoção que estamos a sentir. Se as emoções são um fenómeno biológico governado pela 
estruturas subcorticais, faz sentido afirmar que muita da nossa emoção nos escapa ao controlo. Se, contudo, 
as emoções são um fenómeno cognitivo governado por pensamentos, crenças, e formas de pensar faz 
sentido dizer que a emoção é largamente controlada voluntariamente. 
A componente biofisiológica da emoção é dificilmente controlável. A significação pessoal tem que ver com a 
história e personalidade que são únicas daí que, os efeitos não são uniformes e iguais na reacção. 
Dimensão cognitiva e SOCIOCULTURAL da emoção 
O constructo central desta dimensão é a avaliação (“appraisal”). Só existe emoção se houver uma 
significação/relevância pessoal dos acontecimentos. Segundo esta dimensão a experiência emocional exige 
uma avaliação prévia. É a avaliação que origina a emoção. Os acontecimentos irrelevantes para o sujeito não 
geram emoção. Em primeiro lugar há uma avaliação automática e inconsciente, uma avaliação hedónica de 
objetos e acontecimentos. Este é um sistema que envolve a amígdala. Em segundo lugar dá-se um processo 
de avaliação que envolve o córtex (expectativas, memórias, crenças, objetivos, julgamentos e atribuições). 
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A abordagem discreta faz avaliações distintas, que dão origem a diferentes emoções, e a dimensional diz 
respeito às várias componentes de avaliação que se relacionam com diferentes emoções. Segundo esta 
teoria, sem uma avaliação cognitiva prévia ao acontecimento a emoção não ocorrer. É a avaliação, não o 
evento em si, que causa a emoção. Mudando a avaliação que fazemos da situação vamos mudar a emoção. 
Teoria da avaliação/Appraisal de Magda Arnold (1970) 
 
1. Arnold's Appraisal Theory of Emotion 
1) Como é que a percepção de um acontecimento produz uma avaliação positiva ou negativa? 
As pessoas avaliam categorialmente os acontecimentos estimulantes e os objetos como positivos ou 
negativos. Em todos os encontros com o meio, o sistema límbico e as estruturas cerebrais avaliam 
automaticamente a informação sensorial. A maior parte dos estímulos são avaliados corticalmente, sendo 
adicionada informação relativa a expectativas, memórias, crenças, objetivos, julgamentos e atribuições. 
2) Como é que a avaliação gera emoção? 
Após um objeto ser avaliado como bom ou mau surge imediata e automaticamente uma experiência de 
gostar ou não gostar. Isto é a emoção sentida. As emoções surgem a seguir às avaliações. Se se mudar a 
avaliação muda-se a emoção. 
3) Como é que a emoção se expressa na ação? 
Gostar gera uma tendência motivacional de aproximação do objeto gerador da emoção. Não gostar gera 
uma tendência motivacional para o evitar. Durante a avaliação, o indivíduo invoca a memória e a imaginação 
para gerar um número de possíveis cursos de ação para lidar com o objeto (bom ou mau). Quando um curso 
particular de ação é escolhido, o circuito cerebral do hipocampo ativa o córtex motor que leva a ação 
•Acontecimento 
Situação 
•Benéfica vs. 
ameaçadora 
Avaliação 
•Gosto vs. 
aversão 
Emoções 
•Aproximação 
vs. evitamento 
Acção 
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comportamental. O sistema límbico tem acesso directo aos músculos que controlam as expressões faciais, 
reacções automáticas e endócrinas e sistemas gerais de excitação. 
O modelo complexo de Appraisal de Lazarus 
Lazarus enfatizou os processos cognitivos que intervém entre os eventos de vida importantes. Defendeu que 
as pessoas positivas avaliam se a situação temrelevância pessoal ou não para o seu bem-estar. Quando o 
bem-estar está em jogo, as pessoas avaliam a potencial ameaça ou benefício que enfrentam. 
 
A situação é definida como os processos cognitivos mediadores dos acontecimentos importantes e da 
reactividade fisiológica e comportamental. 
 
Assim, as pessoas em primeiro lugar avaliam a sua relação com o acontecimento de vida (“primary 
appraisal”), depois avaliam as suas capacidades para enfrentar esse acontecimento (”secondary appraisal”). 
A avaliação primária envolve uma estimativa de se temos algo em jogo no encontro com o meio. 
Situação Avaliação Emoção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Avaliação 
Tipo de benefício Emoção 
• Progresso em direcção a um objectivo Felicidade 
• Ser reconhecido por um feito Orgulho 
• Melhoria de uma situação desagradável Orgulho 
• Crença de que um resultado desejado é possível Esperança 
• Desejo/envolvimento afectivo Amor 
• Sensibilidade perante o sofrimento de outro Compaixão 
• Apreço por um presente altruísta Gratidão 
Tipo de Dano 
• Ser rebaixado por uma ofensa pessoal Raiva 
• Transgredir um imperativo moral Culpa 
• Fracasso em prosseguir um ideal do ego Vergonha 
• Experimentar uma perda irreversível Tristeza 
• Aceitar um objecto/ideia aversiva Repugnância 
Tipo de Ameaça 
•Enfrentar uma ameaça incerta Ansiedade 
• Enfrentar um perigo imediato esmagador Medo 
• Desejar o que outros possuem Inveja 
• Ressentir-se de uma perda a favor de um rival Ciúme 
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Normalmente, está em jogo nesta primeira avaliação a saúde, a autoestima, um objetivo, um estado 
financeiro, respeito ou o bem-estar de uma pessoa amada. Quando um destes seis resultados está em jogo 
um “acontecimento de vida comum” torna-se um “acontecimento de vida significativo” gerador de emoção. 
Na avaliação secundária está envolvida a avaliação pessoal das capacidades para enfrentar a possível 
ameaça ou benefício. As capacidades para enfrentar podem ser esforços cognitivos, emocionais ou 
comportamentais. 
Em suma, esta teoria defende que: após um encontro com o meio o indivíduo faz uma primeira avaliação 
relativa à relevância e significância pessoal do acontecimento. Se este não é visto como um potencial 
benefício ou ameaça não ocorre uma hiperactivação do sistema nervoso autonómico. A falta de descargas 
assinala que não são necessárias capacidades para enfrentar o acontecimento. Assim, este acontecimento 
falhou ao gerar um episódio emocional. Se o acontecimento é percebido como uma potencial ameaça ou 
benefício, então uma emoção específica é ativada e ocorre uma hiperactivação do SNA de modo a prepara a 
pessoa para se adaptar ao evento de vida importante. A ativação do SNA também prepara a avaliação 
secundária, na qual o indivíduo pondera se é capaz de lidar com sucesso com o evento de vida. Se os 
esforços do indivíduo têm sucesso a atividade do SNA começa a diminuir e a emoção perde o seu estatuto 
porque o benefício é atingido ou a ameaça dissipada. Se os esforços não são bem-sucedidos continua a 
ativação do SNA e a pessoa experiencia stress e ansiedade porque os benefícios escapam-lhe ou a ameaça 
ocorre. 
As emoções mudam à medida que as avaliações mudam. O processo da emoção não é uma sequência linear 
mais sim, uma mudança constante dos estatutos dos motivos de cada um. Lazarus, rotula a sua teoria da 
emoção de cognitiva-motivacional-relacional: cognitiva porque mostra a importância da avaliação, 
motivacional porque comunica a importância dos objectivos e bem-estar e relacional porque comunica que 
as emoções nascem da relação com o meio (benefícios, ameaças, perigos). 
Nos processos de appraisals, Arnold usa a avaliação para explicar duas emoções (gostar e não gostar). Já 
para Lazarus, a avaliação primária e secundária explicam quinze emoções. Mas, para outros autores 
cognitivistas, a avaliação explica todas as emoções. Na sua perspectiva, cada emoção tem um padrão único 
de avaliações que envolvem a interpretação de significados múltiplos para a situação. 
Diferenciação das emoções (Roseman, Antonio & Jose, 1996) 
A mudança de avaliação permite explicar o processo de diferenciação das emoções, explicar como as 
pessoas experienciam diferentes emoções para um mesmo evento. 
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É um modelo de seis dimensões de avaliação, que abrange os objectivos/necessidade e a sua avaliação 
hedónica, através das emoções positivas e das emoções negativas, as competências de coping, pelo 
potencial de controlo alto e o potencial de controlo baixo, e a responsabilidade, pelas circunstâncias, os 
outros e o próprio, que quando combinadas se traduzem em dezassete emoções. Contudo, existem cinco 
razões pelas quais a teoria não pode explicar as reações emocionais com 100% de certeza: Outros processos 
para além da avaliação contribuem para a emoção; a avaliação tem muitas vezes a função de intensificar a 
emoção em vez de a causar; enquanto cada emoção tem um padrão único de avaliação associado, os 
padrões de avaliação para muitas emoções coincidem e criam alguma confusão; existem diferenças 
desenvolvimentais entre as pessoas; o conhecimento emocional e as atribuições representam fatores 
cognitivos adicionais para além da avaliação que afetam as emoções. 
Conhecimento emocional 
As crianças compreendem e distinguem apenas poucas emoções básicas. As pessoas vão ganhando 
experiência com diferentes situações e aprendem a discriminar outras emoções. Estas distinções são 
guardadas cognitivamente em hierarquias de emoções básicas e suas derivadas. Assim, o número de 
emoções diferentes que cada pessoa consegue distinguir constitui o seu conhecimento emocional. Através 
da experiência construímos uma representação mental de diferentes emoções e da maneira como cada 
emoção se relaciona com outras emoções e as situações que as produzem. 
Teoria Atribucional da Emoção (Weiner, 1985, 1986) 
Face a um resultado, há uma avaliação primária do seu efeito, e consequentemente, uma avaliação 
secundária desse mesmo resultado, esta última que se traduz em sete emoções. 
 
Resultado 
Felicidade 
Quando o efeito é positivo 
Orgulho - Se o 
efeito positivo 
é atribuído a 
causas 
internas 
Gratidão - Se o 
efeito positivo 
é atribuído a 
uma causa 
externa 
Esperança - Se 
o efeito 
positivo é 
atribuído a 
uma causa 
estável 
Tristeza ou frustração 
Se o efeito é negativo 
Raiva - Se o 
efeito 
negativo é 
atribuído a 
causas 
externas 
controláveis 
Compaixão - 
Se o efeito 
negativo é 
atribuído a 
uma causa 
externa 
incontrolável 
Culpa - Se o 
efeito 
negativo é 
atribuído a 
uma causa 
interna 
controlável 
Vergonha - Se 
o efeito 
negativo é 
atribuído a 
uma causa 
interna 
incontrolável 
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Este modelo demonstra as consequências da atribuição de sete emoções. Assume que as pessoas querem 
explicar porque é que experienciaram um determinado resultado de vida. Uma atribuição é a razão que a 
pessoa usa para explicar um resultado. É a resposta à pergunta: porque é que isto aconteceu? As atribuições 
são importantes porque a explicação gera reações emocionais. Com resultados positivos, as pessoas sentem-
se, geralmente, felizes e com resultados negativos as pessoas sentem-se tristes ou frustradas. 
Weiner refere que a reação emocional dependente dos resultados é uma avaliação primáriado resultado. 
Em adição a isto ocorre também uma reação emocional gerada pelo resultado. As pessoas explicam porque 
é que foram bem-sucedidas ou falharam. Após o resultado ter sido explicado surgem novas emoções para 
diferenciar o estado emocional geral noutras emoções secundárias. A atribuição do porque é que o 
resultado aconteceu constitui uma avaliação secundária do resultado. 
Aspectos culturais das emoções: conhecimento emocional, gestão emocional e 
controlo emocional 
A interação social contribui para uma compreensão social da emoção. O contexto sociocultural em que 
vivemos contribui para uma compreensão cultural da emoção. Se mudarmos a cultura em que vivemos, o 
nosso reportório emocional também vai mudar. 
Os diferentes estatutos entre as pessoas que interagem definem que emoções são apropriadas e esperadas 
e, deste modo, as pessoas podem selecionar os parceiros de interação e construir uma experiência 
emocional específica. 
 
Avaliação/appraisal 
•Contribui para uma 
compreensão cognitiva da 
emoção 
Interação Social 
•Contribui para uma 
compreensão social da emoção 
Contexto sócio-cultural 
•Contribui para uma 
compreensão cultural da 
emoção 
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Variáveis socioculturais da emoção 
São o reportório do conhecimento transmitido e assimilado de forma diferenciada por cada sujeito. 
Gestão da expressão emocional/Interação Social 
O como se deve expressar as emoções. A socialização emocional ocorre quando os adultos ensinam as 
crianças sobre as emoções. Esta socialização também ocorre entre adultos, mas é mais frequente entre 
adultos e crianças. Os adultos falam com as crianças sobre as situações que causam emoções, como se 
devem expressar e como devem catalogar as emoções. Sociedades diferentes socializam as suas crianças de 
modo diferente. 
Os outros e a cultura em geral facultam instruções sobre as causas das emoções (Socialização Emocional) - as 
outras pessoas são a nossas fonte de emoção do dia-a-dia. Experienciamos um grande número de emoções 
quando interagimos. As emoções são intrínsecas às relações interpessoais. Têm também um papel 
importante a criar, manter e dissolver as relações interpessoais. As emoções juntam-nos e separam-nos. 
Quando estamos expostos às expressões emocionais dos outros nós tendemos a imitá-los (expressão facial e 
postura) e a ser afetados por um efeito contagiante. Durante a interação social não apenas nos expomos ao 
contágio emocional mas também nos pomos num contexto controverso que fornece uma oportunidade para 
voltar a experienciar e a viver experiências emocionais passadas. Um processo chamado de partilha social de 
emoções. O “contágio emocional” é a tendência para automaticamente produzir mímica e sincronizar 
expressões, vocalizações, posturas e movimentos com os da outra pessoa”. 
Socialização emocional/ Conhecimento emocional 
A socialização emocional ocorre quando os adultos ensinam as crianças sobre as emoções. Esta socialização 
também ocorre entre adultos, mas é mais frequente entre adultos e crianças. Os adultos falam com as 
crianças sobre as situações que causam emoções, como se devem expressar e como devem catalogar as 
emoções. Também, explicam que certos comportamentos expressivos devem ser controlados e que as 
emoções negativas podem ser manipuladas deliberadamente em emoções neutras ou positivas. Sociedades 
diferentes socializam as suas crianças de modo diferente. 
Os pais americanos valorizam as conquistas dos filhos e encorajam-nos a se expressarem positivamente 
enquanto os pais chineses tendem a apagar/obliterar as conquistas dos filhos perante os outros. As crianças 
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americanas têm orgulho das suas conquistas e as chinesas harmonizam o seu self com os outros através da 
auto-supressão. As americanas preferem histórias excitantes e as chinesas histórias calmas. 
Controlo emocional 
Quando devo controlar as emoções - o modo como as pessoas aprendem a controlar as suas emoções pode 
ser compreendido no mundo profissional daqueles que interagem frequentemente com pessoas e que 
devem controlar as suas emoções (ex. psicólogos), o controlo de emoções está muitas vezes relacionado 
com capacidades para lidar com sentimentos aversivos de maneiras que são socialmente desejáveis e 
pessoalmente adaptativas. 
A pressão da socialização leva à manutenção das próprias emoções dentro de um determinado tema de 
coping e dos sentimentos aversivos para que sejam ambos desejáveis socialmente e adaptativos 
pessoalmente. As pessoas aprendem a lidar com os seus sentimentos privados, espontâneos e a expressá-los 
de forma socialmente desejável. 
Os padrões emocionais e respectivas funções motivacionais (Ford, 1992) 
Ford distingue catorze padrões emocionais com distintas funções motivacionais. Os rótulos considerados em 
cada padrão sublinham o facto de que os padrões emocionais se podem manifestar de diferentes formas, 
dependendo da magnitude da resposta emocional e do contexto no qual ela é ativada. 
Oito padrões de emoções instrumentais que ajudam a regular o comportamento. 
1. Quatro emoções instrumentais que ajudam a regular o início, a continuação, a repetição e a cessação 
de episódios comportamentais: 
Satisfação – prazer – alegria: motivação para a manutenção de episódios comportamentais em que os 
sujeitos estão a efetuar progressos relativamente aos seus objetivos. Motivação para a repetição de 
episódios comportamentais em que os sujeitos tenham sido bem-sucedidos no alcance dos seus 
objetivos. 
Melancolia – desencorajamento – depressão: facilita a cessação de episódios comportamentais mal 
sucedidos, está associado com o fracasso e a incompetência pessoal. 
Curiosidade – interesse – excitação: encoraja a procura, a organização e a retenção de nova 
informação; promove o comportamento exploratório em contextos que envolvem novidade e 
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variedade; a ativação desta emoção é mais provável quando o contexto é claramente relevante para os 
objetivos pessoais. 
Desinteresse – aborrecimento – apatia: promove o adiantamento ou a cessação de episódios 
comportamentais envolvendo informação irrelevante ou bastante familiar; evita que os sujeitos percam 
tempo no processo de recolha, organização e/ou evocação de informação com pouca utilidade e/ou já 
anteriormente aprendida. 
2. Quatro emoções instrumentais que ajudam a regular os esforços para lidar com circunstâncias 
potencialmente disruptivas ou causadoras de danos: 
Alarme – surpresa – espanto: tem como função interromper episódios comportamentais em curso, 
reorientando a atenção para a avaliação (qual o seu potencial significado) de acontecimentos súbitos e 
inesperados. 
Irritação – cólera – raiva: facilita a ultrapassagem ou a remoção de obstáculos ao alcance dos objetivos; 
é elicitada por avaliações que indicam que algo ou alguém está a obstruir ou a impedir o progresso 
relativamente aos objetivos e tende a produzir comportamentos como os de agressão, protesto, 
ativismo social ou um conjunto de atividades com elevado grau de energia e de grande determinação. 
Preocupação – medo – terror: promove comportamentos de evitamento ou de cautela em 
circunstâncias que envolvem ameaças reais ou potenciais ao bem-estar físico e psicológico; é elicitada 
por avaliações que indicam que algo ou alguém pode causar dano, prejuízo ou sofrimento emocional. 
Desaprovação – repugnância – aversão: ajuda o evitamento de meios contaminados que podemproduzir doença, infeção ou morte; é elicitada por condições avaliadas como nocivas e está associada 
com a resposta biológica de náusea. 
Seis padrões de emoções sociais que ajudam a facilitar e manter as relações sociais e os grupos sociais. 
1. Três emoções sociais que ajudam a regular o estabelecimento de relações interpessoais de proximidade: 
Estimulação sexual – prazer – excitação: facilita o início e a repetição de encontros sexuais essenciais 
para a reprodução da espécie; é elicitada por avaliações indicando a presença de um parceiro sexual 
potencialmente disponível. 
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Aceitação – afeto – amor: facilita o funcionamento social cooperativo, o desenvolvimento de relações 
interpessoais satisfatórias e a proteção de sujeitos vulneráveis, ao apoiar o desenvolvimento da 
reciprocidade nos compromissos e a confiança; é a emoção associada com as atividades de prestar 
cuidados, partilhar, estabelecer amizades e providenciar serviços. 
Solidão – tristeza – luto: ajudar a lidar com a perda de relações significativas ao encorajar a união e a 
reunião com outras pessoas; encorajar a restauração e a substituição de laços sociais importantes que 
foram quebrados ou seriamente enfraquecidos. 
2. Três emoções sociais que ajudam a regular a conformidade e a cooperação com expectativas sociais 
e/ou padrões de organização social (facilita o funcionamento coerente dos grupos sociais): 
Vergonha – culpa – humilhação: encorajar os sujeitos a permanecer nas fronteiras definidas pelos 
constrangimentos grupais, tais como normas sociais, valores morais, regras de conduta (formais e 
informais); é a emoção que apoia a conformidade, a obediência e o comportamento socialmente 
responsável. 
Sarcasmo – desdém – desprezo: encorajar a rejeição de outras pessoas de uma relação ou por parte de 
um grupo social; encorajar as outras pessoas a modificarem o seu comportamento depois de terem 
cometido uma transgressão social, ou de se terem comportado de uma forma inaceitável, ofensiva ou 
incompetente. 
Ressentimento – ciúme – hostilidade: facilitar o uso de ações coercivas e corretivas contra pessoas 
disruptivas ou que não se conformam às disposições existentes e/ou desejáveis; esta emoção ajuda as 
pessoas a protegerem-se contra ameaças reais ou imaginadas aos seus interesses, valores sociais e 
relações. 
Emoções e processos cognitivos (Oatley, Keltner & Jenkins, 2006) 
As emoções priorizam os pensamentos, objetivos e ações em organismos complexos como os seres 
humanos (limitações no conhecimento e nos recursos) – dois tipos de sinalização no sistema nervoso: 
Organizacional (avaliação primária) – coloca o cérebro em modos de organização específicos associados com 
certas emoções básicas (“emotional priming”). 
Informativo (avaliação secundária) – construção de modelos mentais acerca dos acontecimentos, as suas 
possíveis causas e implicações. 
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Três perspectivas sobre os efeitos das emoções nos processos cognitivos 
1. Congruência emocional 
As emoções e o humor constituem redes associativas na mente (as experiências passadas, os conceitos 
relacionados, as imagens, etc.). Quando experienciamos uma emoção, todas as associações dessa emoção 
tornam-se mais acessíveis e disponíveis para serem utilizadas em diferentes julgamentos. Aprendemos 
melhor materiais congruentes com a nossas emoção atual, porque estão integrados em estruturas de 
memória ativa. Existem evidências contraditórias com esta teoria: as emoções infundem as tarefas 
cognitivas e influenciam a memória e o julgamento em função da complexidade da tarefa (processamento 
construtivo) e do seu afastamento de protótipos. 
2. Sentimentos como informações 
As emoções são informativas quando fazemos julgamentos (providenciam um sinal rápido disparado por 
algo existente no meio e permitem fazer avaliações em situações que exigem grande complexidade no 
processamento de informação – racionalidade limitada). As emoções são heurísticas (estratégias de curto-
circuito no processo de tomada de decisão). Evidências contraditórias mostram a dependência do contexto e 
da tarefa a ser realizada. 
3. Emoções promovem diferentes estilos de processamento 
Diferentes emoções envolvem os sujeitos diferentes emoções envolvem os sujeitos em formas de raciocínio 
qualitativamente diferentes (na organização das evidências e na extração de conclusões). As emoções 
positivas promovem processos cognitivos flexíveis e criativos (exploração mais aprofundada com menos 
constrangimentos e pressupostos), pois alargam os repertórios de pensamento e permitem a construção de 
esquemas inovadores; ajudam igualmente na construção de recursos interpessoais. Algumas emoções 
negativas (ex. Tristeza) promovem um pensamento mais analítico e uma maior atenção aos detalhes da 
situação congruentes com o estado emocional (ex. ansiedade) – foco da atenção diminuído e dirigido para 
índices dos meio relacionados com o estado emocional. 
Emoções e memória 
Viés para o reconhecimento de acontecimentos com carga emocional – vários estudos têm demonstrado 
que os sujeitos recordam melhor materiais com capacidade de ativação emocional do que materiais 
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relativamente neutros; se um acontecimento é importante e pouco usual estão criadas as condições para a 
ocorrência de uma emoção e de uma recordação distintiva. 
Os estados de humor e as emoções influenciam os processos mnésicos (recordação) – embora esta 
afirmação seja suportada pelo resultado de diversos estudos empíricos, os efeitos dos estados afetivos nos 
processos mnésicos dependem largamente do contexto, sendo que a recordação de acontecimentos reais 
com significado emocional é mais dependente desses estados afetivos do que a recordação de listas de 
palavras. 
Emoções e julgamento 
Efeito das emoções e do humor em julgamentos avaliativo – estados emocionais positivos e negativos 
influenciam os julgamentos avaliativos de acontecimentos e objetos (bom vs., mau), mesmo quando os 
objetos sob julgamento não têm nenhuma relação com a causa desses estados emocionais. 
Efeito das emoções e do humor na visão do futuro – diferentes emoções estão associadas com diferentes 
aspetos relativos ao pessimismo vs. Otimismo da visão do futuro. 
Efeito das emoções e do humor nas atribuições causais de acontecimentos pessoais e sociais. 
Emoção e Personalidade 
Diferenças individuais da experiência emocion al subjectiva (Reeve, 2009) 
Existem algumas dimensões da personalidade que têm impacto sobre a experiência afetiva: extroversão e 
neuroticismo, ativação e reatividade emocional. 
Porque é que as pessoas revelam estados emocionais e motivacionais diferentes perante a mesma situação? 
As características de personalidade extroversão, neuroticismo, busca de sensações, intensidade afectada, 
controlo percebido e desejo de controlo explicam porque é que diferentes pessoas têm diferentes estados 
motivacionais e emocionais mesmo na mesma situação. 
Todas as situações variam: na sua capacidade para produzir emoções positivas ou negativas em nós (por 
exemplo, festas são divertidas, acidentes são aflitivos); em quão estimulantes e activantes são (por exemplo, 
bibliotecas são tranquilas, concertos de rock são estimulantes); em quão controláveis são (por exemplo 
perder peso está um pouco sob o nosso controlo mas também um pouco fora dele). 
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Os indivíduos têm características da personalidade que afectam o modo como respondem as estas situações 
em termos da felicidade e activação sentidas e controlo percebido. 
A maioria das pessoas é feliz e isto é verdade quase independentemente das suas circunstâncias de vida. 
Pessoas em grupos de baixos rendimentos geralmente dizem que são felizes, bem como as pessoas com 
pequena educação formal e pessoas de quase todas as nações. Contudo, intuitivamente, todos nós sabemos 
que os eventos nas nossas vidas afectam as nossas emoções e humor. 
As pessoas reagem fortemente a eventos da vida, como, por exemplo, a sorte na lotaria e o risco de vida em 
acidentes. Mas, depois, também parecem voltar para o mesmo nível de felicidade que tinham antes do 
evento. 
Actualmente, nós parecemos ter dois “set points” emocionais, um é para a emotividade positiva e outro 
para a emotividade negativa. Quão felizes e infelizes somos tornam-se indicadores independentes de bem-
estar. O estado dos nossos “set points” de felicidade ou infelicidade pode ser explicado por diferenças 
individuais nas nossas personalidades. O “set point” felicidade emerge, na maioria, de diferenças individuais 
na extroversão enquanto que o “set point” infelicidade emerge, em grande parte, de diferenças individuais 
no neuroticismo. 
Origem das diferenças inter-individuais na experiência emocional 
Valência afetiva (“happiness”) – extroversão, neuroticismo. 
Controlo 
•Controlo 
percebido 
Desejo de 
controlo 
Felicidade 
•Extroversão 
•Neuroticismo 
Ativação 
•Busca de 
sensações 
•Intensidade 
afetiva 
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Ativação (“arousal”) e Reatividade emocional – busca de sensações /estimulações, intensidade afetiva. 
Controlo – controlo percebido, desejo de controlo. 
Valência afectiva 
 
A afetividade positiva tem relevância na personalidade/acontecimentos. A extroversão tem um “happiness 
set point”. O afeto negativo (neuroticismo) tem um ”unhappiness set point”. 
Extroversão e felicidade 
Para definir extroversão, os psicólogos da personalidade debateram as suas três facetas: 
 1ª – Sociabilidade, ou a preferência para e a satisfação dos outros e, situações sociais; 
 2ª – Assertividade, ou a tendência para a dominância social; 
 3ª – Espírito aventureiro, ou a tendência para procurar e desfrutar de situações emocionantes e 
estimulantes. 
Emocionalmente, os extrovertidos são mais felizes e desfrutam mais frequentemente de humores positivos 
do que os introvertidos. 
Os extrovertidos são altamente sociáveis, mas isto não explica porque é que são mais felizes e são mais 
felizes, quer vivam sozinhos ou com outros, em grandes cidades ou áreas rurais remotas e quer trabalhem 
em ocupações sociais ou não. 
Os extrovertidos são mais felizes do que os introvertidos porque são mais sensíveis às recompensas 
inerentes à maioria das situações sociais. Assim, são mais susceptíveis a sentimentos positivos do que os 
introvertidos. Assim, porque são mais sensíveis a sentimentos positivos, os extrovertidos abordam 
ansiosamente situações potencialmente gratificantes mais do que os introvertidos. 
Extroversão Felicidade 
Neuroticismo Infelicidade 
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Os extrovertidos têm uma maior capacidade de experienciar emoções positivas, e o seu Behavioral 
Activating System (BAS) é mais forte e sensitivo. Buscam situações potencialmente gratificantes, tendo uma 
maior sociabilidade, assertividade e aventurismo do que os introvertidos. 
Tipos de Felicidade (Ryan & Deci, 2001) 
 
O bem-estar hedónico é a totalidade de um dos momentos de prazer; reflecte uma vida agradável e 
representa o que a maioria das pessoas pensa como felicidade. 
O bem-estar eudemónico preocupa-se com a auto-realização; envolve acoplar-se em actividades 
significativas e em fazer o que vale a pena fazer. É a actualização do self e é realizado através de actividades 
e realização de autenticidade pessoal e crescimento 
Neuroticismo e afecto negativo 
O neuroticismo é definido como uma predisposição para a experiencia de afecto negativo e para se sentir 
cronicamente insatisfeito e infeliz. Dia sim, dia não, os neuróticos experienciam um grande stress, 
emocionalidade mais negativa e um fluxo constante de estados de humor como ansiedade, medo e 
irritabilidade. Os neuróticos sofrem emocionalmente em maior extensão do que aqueles que são 
emocionalmente estáveis (contrário dos neuróticos). Isto deve-se à grande capacidade dos neuróticos para 
experienciar emoções negativas e ao facto de terem distúrbios crónicos e pensamentos perturbadores. 
Os neuróticos têm uma maior predisposição para experimentar emoções negativas, pela vulnerabilidade às 
emoções negativas, pensamentos perturbadores e pessimistas. O seu Behavioral Inhibition System (BIS) é 
mais forte e sensitivo. Há um evitamento de situações potencialmente negativas, quando existe detecção e 
regulação de sinais de ameaça/perigo no ambiente, o que corresponde a um maior número de 
comportamentos de evitamento e um maior mal-estar-emocional. 
Activação (arousal) 
Hedónica (Hedonismo) 
Prazer 
Eudemónica 
(Eudemonismo - Ética 
Aristotélica) 
Auto-realização 
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A activação representa uma variedade de processos que governa o estado de alerta, vigília e activação. Este 
processo é um mecanismo cortical, comportamental e autonómico. 
São os processos envolvidos no nível de alerta e de energia motivacional – princípio de Yerkes-Dodson 
(1908). A validação deste estudo demonstrou que os sujeitos introvertidos têm melhor desempenho em 
situações de relaxamento e pior desempenho em situações de stress. Os sujeitos extrovertidos têm melhor 
desempenho em situações de stress e pior desempenho em situações de relaxamento. 
Contribuição do nível de activação /arousal para a motivação 
1. O nível de activação pessoal depende fundamentalmente do nível de estimulação do ambiente. 
2. O comportamento permite aumentar ou diminuir o nível de activação. 
3. Nível de activação baixo (tédio) -Busca de oportunidades para aumentar o nível de activação por ser 
agradável e melhorar a performance - o decréscimo da activação é aversiva e prejudica a 
performance. 
4. Nível de activação elevado (stress) - Busca de oportunidades para diminuir o nível de activação, 
porque o excesso de activação ambiental é aversiva e prejudica a performance – o decréscimo é 
agradável e melhora a performance. 
 
Relação entre ativação e desempenho/bem-estar – efeitos da insuficiência de estimulação. 
 
2: Yerkes & Dodson (1908) 
A curva de U invertido ilustra que um nível baixo de activação produz uma performance relativamente pobre 
(inferior esquerdo). Como o nível de activação aumenta de baixo para moderado, a intensidade e a 
qualidade da performance melhoram. Como os níveis de activação continuam a aumentar do moderado 
para o alto, a qualidade e eficiência (mas não a intensidade) diminuem (inferior direito). Assim, a 
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performance óptima é uma função de ser activa mas não muito. Para fazer sentido a relação activação-
performance, recordar a eficiência da sua performance pessoal enquanto faz alguma coisa importante – 
discurso público, competição entre atletas ou entrevista de emprego, por exemplo. Quando indiferente e 
subactivado ou quando ansioso e sobreactivado, a performance tende a ser óptima.

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