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123 1.12.2 ANTECEDENTES No item 1.9 apresentou-se sistemas multicomponentes, incluindo as expressões de equilíbrio para um sistema de quatro componentes. No item 1.9.2 apresentou-se equilíbrios de misturas terna rias, com alguns sistemas de considerável complexidade, onde se de finiarn campos de destilação, particularmente aplicáveis a anal i. sés de fracionamento de azeótropos. No item 1.10.1 analisou-se o equilíbrio do fracionamento em um estágio (flash) de misturas de três componentes. 1.12.3 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA Segundo van Winkle, é praticamente impossível pensar em solu coes rigorosas quando não se cumpre algumas condições que simplificam os cálculos, tais como volatilidades e calores molares de ebulição constantes. Mesmo o método pseudomulticomponente é só aproximado, devido a necessidade de atribuir propriedades médias ao pseudocomponente. Numerosas são as causas para esta incerteza, como por exemplo: 1 - As especificações dos produtos são muito difíceis de cor; relacionar com as propriedades que normalmente se utilizam nos cál_ culos de destilação. 2 - Em muitos processos tem-se retiradas laterais que alteram consideravelmente as condições de equilíbrio. 3 - Os dados sobre as materias-primas são obtidos por métodos que só são empiricamente correlacionáveis. 4 - É impossível estabelecer uma definição clara de ef.Í ciência, a que, por conseguinte, não pode ser avaliada. 5 - Dados de equilíbrio corretos são muito difíceis, quando não impossíveis de serem obtidos. 6 - Algumas das retiradas laterais são submetidas a algum tra tamento, e, com composição modificada e adição do agente de purifi- cação, são retornadas ã coluna. Segundo o texto de Sawistowski e Smith (op. cit.), o método adequado de cálculo para o projeto de uma coluna para separar uma 124 mistura multicomponente tem três etapas. A primeira etapa corresponde a cálculos de dimensionamento pré liminares, incluindo a seleção do tipo e do arranjo físico do equi. pamento, após o balanço de massa preliminar e adequado. Com esta informação, determina-se uma estimativa preliminar de custo, a partir da qual estima-se uma relação de refluxo operado nal, e então, o tamanho da coluna, numa segunda aproximação. A segunda etapa leva a um cálculo das composições em cada pra to, com o qual se obtém uma composição mais exata dos produtos, e se determina o prato de alimentação. Quando se trabalha com mistu rãs complexas, estes cálculos podem dar respostas muito diferentes às dos cálculos preliminares. Em consequência, pode haver necessi. dade de introduzir novas modificações no número de pratos, relação de refluxo etc.. A terceira etapa consiste na seleção do tipo dos pratos e do desenho mecânico da coluna, o que geralmente pressupõe a interven cão de novos especialistas que não participaram das duas primeiras etapas. Quando se realizam estes cálculos prato por prato, podem sur gir problemas de convergência praticamente insuperáveis (Kuno, loc. cit.). O mesmo autor indica que se os cálculos se baseiam na enta_l pia, consegue-se uma convergência certa e rápida. 1.12.4 CÁLCULOS PRELIMINARES DE DIMENSIONAMENTO Supõc-se que a vazão de alimentação e sua composição são conhe cidas, assim como a quantidade e a especificação dos produtos a se rem obtidos. (Se é desejada a obtenção de mais de dois produtos, normalmente se faz necessário o uso de mais de uma coluna). Rcaliza-se o balanço de massa preliminar. Deve-se prestar mui. ta atenção ã seleção das concentrações, não somente em relação ã qualidade do produto obtido, mas também ã viabilidade de se obter estas concentrações na coluna proposta. (Em uma mistura de produ tos com ponto de ebulição próximo, nem sempre pode-se reconhecer se o balanço de massa selecionado é viável. Nos cálculos prato por prato da etapa seguinte, pode haver necessidade de modificar 125 os balanços para compatibilizã-los com a operação da coluna). Assim, procuram-se os dados de equilíbrio e das propriedades físicas pertinentes dos componentes da mistura na faixa de tempe_ ratura e pressão a ser utilizada. Não ha muita bibliografia sobre sistemas multicomponentes, e muitas vezes as propriedades das misturas devem ser calculadas ou estimadas a partir das propriedades dos componentes individuais ou de seus sistemas binários. Por fim, tira-se uma estimativa económica preliminar a partir do número mínimo de pratos (equação de Fenske), da relação de ré fluxo mínima (equação de Underwood, por exemplo), e da relação de Gilliland, como já se viu para sistemas binários. 1.12.5 CONCEITO DE COMPONENTES CHAVES 1.12.5.1 BALANÇO DE MASSA Suponha-se um sistema de hidrocarbonetos com a composição de alimentação dada na tabela 1 . Tem-se sete componentes, e devê-se escolher sete concentrações nos fluxos de produtos para calcular o balanço de massa. Como já se mencionou, a alimentação não pode ser dividida arbi trariamente em produto de cabeça e de cauda. Por exemplo, se quiséssemos separar um produto de cabeça que contivesse todo o heptano, e um produto de cauda que contivesse to do o tolueno, necessitar-se-ia uma coluna de número infinito de pratos. Numa coluna real, para separar nessa mistura o heptano do tolueno, é possível projetar a seção esgotadora da coluna para t.i rar o heptano até uma concentração especificada. Similarmente a seção retificadora pode ser projetada para retirar tolueno até uma concentração especificada. Se são especificadas concentrações baixas de tolueno no produ to de cabeça, e de heptano no produto de cauda, cabe supor que as concentrações de C8, Cg e do resíduo serão zero no produto de ca beça, assim como as do pentano e hexano no produto de cauda. Temos 126 assim sete concentrações fixadas, esgotando-se as liberdades (vide regra das fases, item 1.8.1 do capítulo). Chamando-se de H os moles de heptano no produto de fundo, e de T os moles de tolueno no produto de topo, o balanço de matéria fica como está apresentado nas duas últimas colunas da tabela. Então o resto do heptano (10,8-H) deve aparecer no produto de topo e para o tolueno, 14,2-T moles devem estar no produto de fundo. A destilação é projetada para que o máximo conteúdo de tolueno no produto de topo seja de 0,6 em volume, e que o volume de he£ tano no produto de fundo seja 0,6. Então, resolvendo o balanço para heptano e tolueno: moles de tolueno no topo _ T moles totais no topo ~ 46,5 + (T - H) " u'uub • u'b = 0,004 moles de heptano no fundo _ H _ n ~n. moles totais no fundo 53,5 + (H - T) ~ U'UU4 A solução das duas equações da: T = 0,191 H = 0,209 T = H - 0,2 moles com o que se completa o balanço. Tabela 1 . 127 Balanço de Massa Componente 1, C5 2, C6 3, C7-H 4, C7-T 5, C6 6, Cg 7, R n9 cie moles na alimentação 21,3 14,4 10,8 14,2 19,5 14,1 5,7 100,0 n9 de moles no produto de topo 21 ,3 14,4 10,8-H T zero zero zero 46,5 + (T-H) n9 de moles no produto de fundo zero zero H 14,2-T 19,5 14,1 5,7 53,5 + (H-T) 1.12,5.2 COMPONENTES CHAVE Quanto às decisões sobre o balanço de massa da coluna, chegou- -se a conclusão de que seu tamanho e características operacio nais ficam determinadas totalmente pela separação especificada en tre o heptano e o tolueno. As concentrações dos outros componentes ficam determinadas por esta separação, e, em relação a estes dois componentes chave, tem-se que calcular o refluxo mínimo (R ) e o número mínimo de nra m tos (N ). Estes componentes chaves da mistura são definidos como: 1 - Componente chave leve: é o componente mais volátil especi ficado no produto de cauda, no nosso caso, o heptano. 2 - Componente chave pesado: é o componente menos volátil espe cifiçado no produto de cabeça, no nosso caso, o tolueno. Não é necessário que os componentes chave sejam consecutivos no seu ponto de ebulição.Por exemplo, se no produto de cabeça tem-se especificada a quantidade de xileno, o-xileno, e não o to lueno, seria o componente chave pesado. Neste caso, o tolueno, com ponto de ebulição intermediário entre os dois componentes chave, se_ ria distribuído entre os produtos de cabeça e de cauda, segundo a separação entre xileno e heptano (poderia ser chamado de componen 128 te chave distribuído). 1.12,6 VARIÁVEIS E LIBERDADES Este é um assunto muito importante no projeto de unidades de separação, na sua otimizaçao e no seu controle. Num trabalho pio neiro, GILLILAND e col. (1942) chamam a atenção sobre as dificul dades que podem aparecer nos cálculos de um projeto, se, por ne cêssidades praticas, "fixam-se" mais variáveis que as independen tes do sistema. Na bibliografia das últimas décadas, e particular_ mente com relação a processos de destilação, chama-se a atenção só bre as perturbações operacionais que podem resultar da tentativa de submeter-se a controle mais variáveis do que as independentes do sistema. Por outro lado, um sistema que não apresenta liberdades (varia vêis independentes) não é suscetível à otimizaçao. Para determinar-se o número de liberdades em um sistema, é ne cessãrio estabelecer quais que entram em jogo (M), e as relações que as conectam (N). As variáveis independentes ou liberdades económicas são iguais a M-N. 1.12.6.1 íllSTURADOR Considerar-se-á um exemplo simples. Na figura 34, no misturador, desconsiderando-se o agitador, as variáveis do sistema são os f lu xos de massa A, B e C, e a relação de qualidade K (definida pela relação entre B e A). Por sua vez, as relações que interligam as variáveis são o ba. lanço de massa A + B = C e a relação d,e qualidade K = B/A 129 FIG.34- MISTURAOOR EM PROCESSO CONTINUO 130 Considerando a operação em regime, temos quatro variáveis, duas relações, e, logo, duas liberdades ( 4 - 2 = 2 lib.). Se este equipamento é de pesquisa, por exemplo, buscando uma mistura adequada de solventes para um processo de extração, pode- -se mudar duas quaisquer das variáveis, consequentemente ficando determinadas as outras duas. Assim, ficam consumidas as duas li berdades. Se o misturador faz parte de um sistema maior, por exemplo, um processo de extração por solvente, sendo B o solvente recuperado no processo e C o solvente necessário para a extração, o sistema fica totalmente determinado, já que as duas liberdades foram con sumidas pelas duas variáveis denominadas variáveis de ambiente. Es tas variáveis são impostas pelo meio, tanto físico (temperatura e pressão ambiente) como técnico (vazões, concentrações). Se no misturador quiséssemos fixar arbitrariamente três das quatro variáveis, isto resultaria num sistema impossível. Por exemplo, se é especificado A = C , C = 1 5 0 , K = 2 , não exis_ te nenhum valor de B que satisfaça o sistema. 1.12.6.2 COLUNA DE EQUILÍBRIO DE ÚNICO ESTÁGIO (FLASH) Considere-se a coluna esquematizada na Figura 35. A alimentação entra em forma contínua a uma temperatura e pré£3 são não especificadas, formada por C componentes. Agrega-se (ou ré tira-se) calor para se ter uma vaporização (ou condensação), e os produtos, tanto vapor como líquido saem continuamente da coluna, cuja pressão e temperatura de operação ainda não foram determina das, mas que são as mesmas que as dos fluxos de saída. Para obter as liberdades do sistema, temos que estabelecer o número de variáveis, assim como as relações que as ligam. As variáveis são as seguintes: N9 de variáveis Alimentação: Vazão de cada componente, tem C + 3peratura, pressão, entalpia. Vapor : Vazão de cada componente, en t , . ~~ C + 1talpia. 131 Líquido Coluna Coluna Vazão de cada componente, en talpia. Temperatura e pressão Velocidade de adição de calor. N9 de variáveis C + 1 2 Total 3C + Por sua vez, as relações entre as variáveis são as seguintes: N9 de relações Dada a temperatura, pressão e composição de cada fluxo, pode-se calcular sua entalpia pelos métodos termodinâmicos correntes. Iss to equivale a uma equação para cada fluxo. 3 Para uma temperatura e pressão na coluna, pode-se calcular as composições vapor e li. quido; tem-se uma relação de equilíbrio en tre a fase vapor e líquida de cada compo nente. C Balanço de massa para cada componente. C Balanço global de energia da coluna Liberdades totais do sistema: L = (3C + 8) - (2C + 4) = C + 4 1 Total 2C + 4 isto é, com um sistema de dois componentes, nossa coluna teria seis liberdades: pode-se instalar até seis controladores independentes, e sobram variáveis para uma otimizaçao económica. Porém, essa coluna pode fazer parte de um sistema maior, por exemplo, separando o solvente extratante do material extraído, como o caso de recuperação do solvente utilizado na extração de um óleo comestível. 132 ALIMENTAÇÃO EM FASE LIQUIDA PRODUTO VAPOR ADIÇÃO OE CALOR PRODUTO LIQUIDO FIG. 35 - COLUNA DE EQUILÍBRIO ÚNICO ESTAGIO 133 Nesta situação, o fluxo de cada componente assim como a tempe ratura e a pressão de alimentação viram variáveis de ambiente, e o número de liberdades é: (C + 4) - (C + 2) = 2 = L Por exemplo, pode-se manipular a pressão na coluna e a veloci dade de adição de calor para otimizar economicamente a separação dos componentes. Van Winkle (op. cit. p. 286), assim como MURRIL, estabelecem que o número de variáveis independentes que existem no projeto de um sistema de fracionamento é igual a C + 6. Assim, para uma mistura qualquer teremos vazão e entalpia de alimentação, composição da alimentação (C - 1), pressão da coluna, relação de refluxo, temperatura de refluxo, composição do produto de cabeça e do produto de cauda, ou seja, 7 variáveis cie projeto, que somadas a C - 1 componentes nos dá o valor de C + 6. Na composição dos produtos de cabeça e de cauda só são consi derados o componente chave leve e o componente chave pesado. No item 1.14.8, voltar-se-á a este assunto. 1.12,7 MÉTODOS DE CÁLCULO APROXIMADOS E RIGOROSOS No início desta seção (1.12), falou-se sobre as misturas com plexas, as quais, obviamente, não podem ser submetidas a uma anã, lise rigorosa. Também foram mencionadas, mais adiante, as etapas que compõem um projeto de coluna de destilação. Por outro lado, no item 1.11.2 do capítulo foram analisados os conceitos de refluxo total e mínimo, que determinam os limites das possibilidades do fracionamento. Para começar o cálculo da coluna, estabelecem-se estas condi_ coes limitantes: refluxo mínimo e número mínimo de pratos. Logo, estabelece-se o número de etapas teóricas com diferentes relações de refluxo. Este número de pratos teóricos pode ser deter minado por métodos rigorosos, rigorosos com suposição simplificado rãs e métodos simplificados (os métodos gráficos são aplicáveis a sistemas ternários). 134 1.12.7.1 MÉTODOS RIGOROSOS Os métodos rigorosos implicam no cálculo de composições e en talpias, prato por prato, Para isto, é necessário dispor-se das relações de equilíbrio e térmicas para cada componente. Já foi visto que em sistemas não ideais o equilíbrio de um componente pode ser função da natureza e da concentração dos outros componentes. Nesta situação, tratan do-se de uma mistura de muitos componentes, esse cálculo é extre mamente complicado, mesmo com computador. De qualquer forma, é ne cessário utilizar métodos numéricos. 1.12.7.1,1 PREDIÇÃO DE EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO E VA POR-LÍQUIDO Estas estimativas são aplicadas: a) a sistemas binários sobre os quais não se tem nenhuma infor mação. b) a sistemas multicomponentes, a partir de dados de binários (medidos ou estimados). Em geral, as correlações podem ser aplicadas em duas catego rias: 1) as baseadas em equações de estado. 2) as baseadas no excesso de energia de Gibbs. As correlações do segundo grupo são recentes,particularmente desenvolvidas para casos onde não se tem informação sobre bina rios (FREDENSLUNL, JONES, PRAUSN1TZ). É conveniente ter um glo^ sário das mesmas, já que podem ser encontradas na bibliografia (FURZER) "os parâmetros MRF LLE UNIFAC" (sic) , onde as três prime_i rãs letras correspondem a autores - Magnussen, Rasmussen, Fredenslund, as três seguintes são diretamente "liquid-liquid equi. libria", e ás últimas nos referiremos logo a seguir. Um desenvolvimento cronológico das mais usuais, com suas respectivas siglas, poderá ser: 135 NRTL (Non-Randpm Two Liquid equation) , 1968 ASOG (Analytical Solution of Groups) , 1969 LEMF (Local Effective Mole Fraction) , 1973 UNIQUAC (referido a Quase Chemical Theory of Liquids) UNIFAC [UNI (quac) F (unctional group) A(ctivity) C (oef f icient) ] (Fredenslund, Jones, Prausnitz, 1965) . Em geral o coeficiente de atividade se divide em duas partes: onde yc é uma porção "combinatória" correspondente as diferenças de forma e de tamanho das moléculas envolvidas, e y é uma porção K "residual" devido a interações energéticas. MAGNUSSEN, RASMUSSEN e FREDENSLUND (1981) apresentam uma exten sã lista de valores numéricos dos parâmetros. Uma lista de amplia coes e retificações foi publicada posteriormente (MACEDO, Eugenia A. et. ai) . Estes mesmos autores (p. 332-3) escrevem: "Em alguns casos as curvas de energia de Gibbs destes modelos mostram um comportamento muito mais complicado que o corresponden te â realidade. . . Isto resulta nas possibilidades de soluções múl tiplas para os sistemas binários e predições falsas para os equill brios ternários" . 1,12.7,2 MÉTODOS RIGOROSOS COM SUPOSIÇÕES SIMPLI FICADORAS A maioria das correlações "rigorosas" que aparecem na biblio grafia fazem duas suposições simplif icadoras, que normalmente são aplicáveis a misturas de hidrocar boné tos processadas na indústria de petróleo: volatilidade relativa e calor latente de ebulição constantes. Nestas condições, é aplicável o método de Fenske para calcular o número mínimo de pratos em função dos componentes chave. 136 1.12.7.2.1 EQUAÇÃO DE UNDERWOOD Pioneiro no estudo de sistemas multicomponentes, Underwood (loc. cit.) apresenta um método rigoroso analítico completo para destilação fracionada de misturas multicomponentes. Neste método tomam-se em considerações os componentes "não es pecifiçados", isto é, os mais leves que os chaves leves, e os mais pesados que os chaves pesados. O autor inclusive chama a atenção sobre possíveis erros que podem provir da omissão dos componentes não especificados. Neste trabalho são completadas e aperfeiçoadas suas equações para a relação de refluxo mínimo. A correlação apresentada se e£> tende para os casos de componentes distribuídos. Uma forma relativamente simples de calcular esta relação de refluxo para um sistema com compostos chaves adjacentes e' apre_ sentada no texto de Van Winkle: 1 - Calcula-se o valor de 0, equivalente a uma volatilidade ré lativa intermediária ã dos componentes chaves por tentativa e erro, segundo a equação: n x I (a - G)/a (a, x )p (a, x ) (a x ) a a r. D b . IT<~ 115) aa - < % - < an - ( onde x = fração molar total de a na alimentação a = volatilidade relativa de um componente é referido ao 3- componente mais pesado ou ao componente chave pesado q = número de moles de líquido saturado formado por intro dução deum mol de alimentação (Vide item 1.11.4 do capítulo). 2 - Substitui-se o valor de 0 achado no primeiro passo, na equação que permite calcular (L/D)m-:n: 137 L í \ 1 ( D }min + ] * — * "^ -» * r^*cl cl L* a n - 0 cl n 1 <ab ab XP (a - 0) x b» D - 0 f ' /a . . . (an xn) 116) Este não é o único método para calcular a relação de refluxo mínima para misturas de multicomponentes. Os textos de Sawistowski, Smith e de Van Winkle apresentam vá rios métodos e comparam os resultados numéricos obtidos. Nesse sen tido, merece ser considerado como uma contribuição muito importan te o trabalho de SHIRAS, HANSON e GIBSON, referido a misturas mul_ ticomponentes. 1.12,7.2.1.1 PONTO DE INFINITO (PINCH POINT) Estes últimos autores sugerem essa denominação quando se atin gê o contacto da linha de operação com a linha de equilíbrio (Vide 1.11.3), o que representa o ponto de número infinito de pratos, in cluído na definição de refluxo mínimo. Isto equivale a que as mu danças de composição sejam infinitesimais de prato para prato. No sistema binário tinha-se um ponto de infinito na intersec cão da linha q com a linha de equilíbrio, e podia ter-se outros, se esta última apresentasse ponto de inflexão. Normalmente os pontos de infinito, um na secão retificadora e um na seçao esgotadora, não coincidem com a alimentação. 1.12.7.3 MÉTODOS APROXIMADOS (EMPÍRICOS) Baseiam-se em relações empíricas, as que, muitas vezes, apre_ sentam a desvantagem de que as condições que delimitam sua aplica bilidade não estão bem definidas. (Vide 1.11.10.2 do capítulo). Dentro dos métodos empíricos, pode-se incluir o método dos pseudo-componentes, utilizado para sistemas complexos. Utiliza-se uma "fração" ou "corte", como os obtidos nos en saios de laboratório de petróleo, e cada corte é caracterizado 138 por um ponto de ebulição (com o qual pode-se traçar uma curva de equilíbrio fictícia), uma densidade média, um peso molecular me dio, propriedades termodinâmicas médias. É evidente que qualquer que seja o método de cálculo utiliza do, o mesmo vai se complicando à medida que o número de componen tes aumenta. Na bibliografia há numerosos trabalhos para sistemas de 3, 4, até 6 ou 7 componentes, onde as soluções algébricas são viáveis. Neste sentido, só serão mencionados os trabalhos de MURDOCH, FLOYD e HIPKIN (onde se analisa exaustivamente o problema da seleçao do prato de alimentação numa destilação multicomponente), NELSON e ROLAND (onde se analisa c problema das retiradas laterais). SHERWIN estuda o problema do fluxo molar variável em um sistema tetracompo nente. Schotte e Selke (loc. cit.) apresentaram um nomograma para cálculos num sistema tricomponente, baseado no método clássico de COPE e LEWIS, que, na bibliografia americana, são os primeiros a aplicar os métodos de Sorel a um sistema de 3 componentes. 1.13 DESTILAÇÃO AZEOTRÓPICA E EXTRATIVA 1.13.1 INTRODUÇÃO No item 1.8 do capítulo foram caracterizadas as misturas azeo trópicas. No item 1.9 do capítulo estes conceitos foram estendidos a s is temas ternários exemplificados pelo sistema etanol-benzeno-água. Nos itens 1.10.6, 1.10.7 e 1.10.8 do capítulo, foram analisa das as destilações azeotrópicas e extrativas, considerando-se o caso especial de o agente extratante ser um sal, com referência específi- ca ao eventual emprego do acetato de potássio na produção de eta nol anidro. As destilações azeotrõpica e extrativa estão relacionadas há muitas décadas na tecnologia e nos estudos referentes ã obtenção de etanol anidro. Este etanol pode ser obtido a partir do mosto fermentado ou pó 139 de ser produzido a partir do álcool hidratado já concentrado, pró ximo de sua composição azeotrópica. 1.13.1.1 ETANOL ANIDRO Antes de se considerar os métodos de destilação azeotrópica e extrativa na produção de etanol, achou-se conveniente fazer-se uma sumaríssima revisão dos métodos propostos para a ruptura da mi stu rã azeotrópica etanol-ãgua. Os processos podem classificar-se em físicos e químicos, cons^ derando-se estes últimos como aqueles em que um terceiro componen te entra em reação com a água da mistura, mesmo que essa reação não seja rigorosamente química. Entre os agentes "químicos" tem- -se os baseados na ação desidratante da cal (já utilizada no século IX pelos alquimistas árabes), da glicerina, do gesso, do carbonato de potássio, do carvão de madeira com cloreto de cálcio. Estes agentes foram experimentados,tanto na fase vapor como na líquida. Em princípio, todo composto que tem grande afinidade por água pó de ser urn agente desidratante do etanol. Entre os métodos físicos propostos está a separação por permea cão de gases ou vapores através de membranas ou de meios porosos. Tendo a água peso molecular menor, sua difusividade é maior, de acor_ do com a lei de Granam. Em 1923, E. URBAIN e R. URBATN se referem à atmólise combinada com a destilação, para obtenção de etanol puro. No trabalho, não indicam o material de construção do difusor. Em 1954, KAMMERMEYER e col., utilizando vidro poroso como mem brana, conseguem o fracionamento de onze azeótropos, incluindo os binários do etanol com água e com benzeno. Mais recentemente SUBRAMANIAM et ai desenvolvem o que chá. mam de "sweep distillation", na qual os vapores do azeÓtropo pas_ sam por uma tela de bronze de 250 malhas em contraçorrente com ar, sendo varridos. No trabalho mencionado, conseguem enriquecer a fase gasosa dos azeótropos binários do etanol e da piridina com água. Também tem sido proposta a ruptura do azeótropo pelo emprego de forças superficiais, especificamente de adsorção. Assim, 140 HEINEMANN et ai, através de bauxita ativada, realizaram o que chama ram de "secagem" do álcool etílico absoluto (também a bauxita ativa da a temperaturas relativamente altas catalisou a desidratação qui mica do etanol). Recentemente, KLEIN e ABRAHAN utilizaram "silicalites" (SiO2), que é uma forma "hidrofõbica" de sílica. Segundo os autores, a fase adsorvida de um vinho de 10% tem 98% de etanol em peso. Os processos de extraçao líquida fracionada tem também sido ré feridos na bibliografia. O processo apresentado por SCHEIBEL se baseia no uso do glicol, podendo também ser utilizado como extratan te o ortoxileno. Segundo o autor, o requerimento térmico total é de 415.000 BTU/100 Ib de álcool anidro, ou 2.190 kcal/kg, o que cor responde a aproximadamente 4 kg de vapor (a 100% de eficiência) por kg de água. Os processos de extração líquido-líquido são hoje objetivo de grande interesse pela possibilidade de obter-se diretamente mistura carburante, utilizando gasolina como agente extrator. Assim, MUNSON e KING fazem uma análise geral que inclui muitos solventes. Furzer (loc. cit.) estuda uma mistura de hidrocarbonetos naft^ nicos, aromáticos e parafínicos, constituindo praticamente uma gaso lina sintética. LEEPKR e WANKAT apresentam resultados com diferentes hidrocarbo netos , incluindo gasolina comercial. Também são realizados estudos sobre a extra cão d ir e ta e cont_í nua do álcool j á no fermentador, por exemplo, nos trabalhos de CYSEWSKI e WILKE, e de MINIER e GOMA, onde o primeiro inclui uma análise económica. 141 1.13.2 PROCESSOS AZEOTRÓPICOS DE OBTENÇÃO DE ÁLCOOL ANIDRO O processo mais estudado e mais utilizado, além de ser o primei ro desenvolvido (1902) é aquele que utiliza benzeno com agente sepa rador. Como já se viu, o benzeno praticamente não tem nenhuma das pró priedades de um agente separador perfeito. (Vide item 1.10.6.2 do capítulo). É óbvio que nestas condições, numerosos outros agentes separado rés azeotrópicos tenham sido propostos, mas, industrialmente, muito poucos chegaram à escala comercial. Já em um de seus antigos processos, a Usines de Melle aconse lhavam misturar o benzeno com hidrocarbonetos de petróleo de ponto de ebulição próximo a 100 C (heptano). O tricloro-etileno tem sido reiteradamente proposto desde 1923 (Mariller, op. cit., p 471, e NORMAN, 1945-a). COATES apresenta o cálculo de uma coluna para separar a mistura azeotrópica água-etanol com tricloro etileno. Também o éter etílico tem sido estudado como agente separador, apresentando a vantagem de não formar azeótropo ternário, e a gran de desvantagem de ser um separador ativo só a pressões elevadas (WENTWORTH et ai). Segundo os autores, o consumo de vapor, partin o -do de uma alimentação de 95 G.L., e da ordem de 20 libras por ga Ião (aproximadamente 3 kg de vapor por kg de álcool anidro). Mariller (op. cit. p 471) indica que quando se necessita de etanol extra refinado e de altíssima concentração, pode-se usar ciclohexano como agente separador. .t", to C2H5OH 18,5% C6H6 74, H, O 7,4 C2H5OH 18,5% C6H6 74,1% H,0 7,4% Vapor <C U 78,2° C C2HSOH96,0% H20 4,0% FIG.36 -SEPARAÇÃO AZEOTROPICA COM BENZENO 143 AQUECEDOR MOSTO DE VINHO T, COLUNA DE CONCENTRAÇÃO I-INCONDEN- SA'VEIS U. ÓLEOS TRANSFERENCIA DE AlcOOL CONCENTRADO AGUA 1 —1 r- _cn i LI\ CABEÇAS / -___JCOLUNA DE OPERAÇÃO VINHAÇA ALCOOL ABSOLUTO | COLUNA DE CABEÇAS COLUNA DE l DESIDRATAÇÃO FIG.37 -PROCEDIMENTO GUINOT-DE MELLE DIRETO DO VINHO FERMENTADO 144 1.13.2.1 PROCESSO COM BENZOL Este processo tem evoluído com o tempo. Começou com a desidra tacão de álcool retificado de alta graduação. Posteriormente se utilizaram flegmas menos concentradas, separando-se, além do eta nol, as impurezas leves e pesadas. Numa terceira etapa, partiu-se diretamente dos vinhos de fermentação, que são concentrados a flecj mas. Utilizando uma quarta técnica, efetuou-se a desidratação e a purificação numa única etapa, o que resultou num processo de cons_i derável economia energética, comparado com os anteriores. Segundo as condições, quantidades, custos de serviços ete, qualquer um destes procedimentos pode ser escolhido para um proces^ só industrial. A figura 36 mostra o processo que parte de álcool altamen te concentrado (Coates, loc. cit.), e a Figura 37 mostra o proce£ só partindo diretamente do vinho {Mariller, op. cit., p 478 , onde também pode-se ver os esquemas dos outros processos). Todos eles são comercialmente conhecidos como processos de Melle-Gunot, se bem que o primeiro já foi desenvolvido por Young. O sistema etanol-benzeno-água foi exaustivamente estudado por NORMAN (1945-b). Neste trabalho se apresentam dados de equilíbrio vapor-líquido para o binário etanol-benzeno, composição das fases conjugadas do sistema ternário, dados de equilíbrio vapor-líquido e de a t iv idade para o sistema ternário e para as misturas líqu_i das heterogéneas, dados de coeficiente de atividade dos componen te s individuais para diferentes concentrações dos outros dois inte_ grantes do ternário. No trabalho é apresentado um cálculo de composições de vapor e líquido prato por prato, que leva em conta a variação dos calo rés latentes, sendo fornecido também um método para cálculo da relação de refluxo mínimo. Esta informação está compactada no texto do autor (Norman, op. cit., p 159), assim como num segundo artigo do mesmo autor (loc. cit., 1945-a), no qual também é comparado o desempenho do benzeno e do tricloro etileno como separadores. 145 1,13.3 PROCESSOS EXTRATIVOS No item 1.10.7.1.1 do capítulo fez-se menção ao processo Mariller de obtenção de álcool anidro. O autor descreve diversas variantes, seja utilizando somente glicerina, ou uma mistura de glicerina com carbonato de potássio. Também descreve o processo a partir de álcool retificado, ou diretamente a partir de vinho. A efeito de esclarecer terminologia, deve-se assinalar que o autor (patente francesa 512.653, 1919) não usa o termo de destila cão extrativa, mas sim o de fracionamento por absorção de vapores, isto é, destilação absortiva. O processo a partir de álcool ré t if içado está ilustrado na f i_ gura 38, tal como descrito por MATTOS. O álcool que entra na coluna A é rétifiçado em B, passa pelos condensadores C e D, reflui ã coluna, e chega ã proveta EI passan do pelo refrigerante R, cora a graduação de 96,5 G. L. . Este álcool para ser desidratado escoa ao pré-aquecedor U, e se vaporiza inteiramente em F, seguindo então os vapores alcoóli cos para a coluna G, que é alimentada com glicerina carbonatada, vinda do tanque V (passando pelo flutuador I e pelomedidor J). Os vapores de álcool desidratados passam da coluna G para o condensador K, e o álcool anidro é retirado pela proveta E2 . Para evitar o aquecimento produzido pela absorção da água na coluna G, retrograda-se pelo regulador L uma certa quantidade de álcool produzido, que além de resfriar o desidratante, impede qua^ quer arraste do mesmo. O líquido desidratante que sai na base da coluna G escoa para a coluna M, formada de bandejas munidas de serpentinas de aquecei mento a vapor, existentes também na base da coluna, vindo o vapor pelo aquecedor tubular N. Os vapores que se desprendem, contendo água e álcool retidos pelo desidratante, voltam diretamente ã colu na B, havendo uma serpentina na parte superior da coluna M, para evitar arrastes. Da base da coluna M a solução desidratante é aspirada para a coluna O, que trabalha sob vácuo parcial, a fim de desidratar sem decomposição da glicerina (150-170 C). O líquido sofre uma concen 146 FIG. 38 - ESQUEMA DE UM PROCESSO EXTRATIVO 147 tração em sucessivas bandejas, sendo que as últimas são alimentadas com vapor sob pressão, ficando o desidratante livre de umidade. Na saída da coluna O, uma bomba T2 recalca através do pré-aquece dor U a solução glicerinosa para o tanque V, de onde segue para o processo. Os gases aspirados pela bomba a vácuo T passam em um con densador Q, e os líquidos acumulados no tanque S voltam depois ao apare lho, para recuperação do álcool. 1.13.4 DESTILAÇÃO DE ALTA PUREZA Há muitos trabalhos que estabelecem que, quando se deseja obter vários produtos de uma única alimentação, são necessárias N-1 colunas para a obtenção de n produtos. Esta regra é geralmente válida na ob tenção de produtos de pureza comercial. Quando se procuram produtos de alta pureza por destilação, geral mente tem-se uma coluna por produto. Por exemplo, quando se deseja obter misturas hidro-alcoólicas de considerável pureza, introduz-se no sistema uma coluna a mais, a chamada pasteurizadora (ou purifica dora ou de aldeídos) sem que seja aumentado o númerode produtos obti dos, ou seja, tem-se n colunas para n produtos (mistura hidro-alcoó liça refinada, vinhoto, óleo de fúsel e "cabeças"). Esta coluna purificadora normalmente tem um número de pratos con siderável, e opera com relações de refluxo muito altas, o que provo ca aumentos consideráveis nos custos operacionais. Mesmo quando se procuram dois produtos de alta pureza, geralmen te utilizam-se duas colunas. Isto, como primeira hipótese, poderia parecer desnecessário, ja"que, com suficiente número de estágios e adequada relação de refluxo, poder-se-ia atingir qualquer grau de pu reza pré-estabelecido. Mas a prática corrente normal é a de tirar só um produto de alta pureza por coluna (é o caso, por exemplo, do vi nhoto, altamente desetanolizado, que é obtido na indústria do áj^ cool potável nos Estados Unidos). Este problema está associado com o comportamento dinâmico das co lunas, que resulta na considerável dificuldade de controlar essas composições por carência de sensores suficientemente rápidos. Voltaremos a este assunto no item 1.14.8.2.3. 148 1.13.5 DESTILAÇÃO REATIVA Dã-se o nome de destilação reativa aqueles processos químicos que utilizam corno reator uma coluna de pratos, são muito frequen temente utilizados nas reações de esterificação: álcool + ácido ,w éster + água Esteres etílicos, metílicos e butílicos dos ácidos acético, pró piônico, butírico, tem sido tradicionalmente preparados por este método. O éster mais volátil vai sendo refinado em pratos subsequentes, e é retirado do sistema, rompendo o equilíbrio da reação, o que desloca a mesma para a direita (formando-se mais éster). É interessante destacar que muitas destas unidades eram insta ladas conjuntamente com o sistema de fermentação produzindo os ãl_ coois (por exemplo etílico, butílico) e os ácidos (por exemplo, acético, propiônico). Uma bibliografia muito ilustrativa deste método é a patente de BAGKHAUS (cedida a U.S. Industrial Alcohol Co.). Por outro lado, outros ésteres ganharam um lugar de destaque na indústria de processamento, como por exemplo, os diésteres do ácido itálico como plastificante das resinas de PVC (poli-cloreto de vinila). O processo de preparação destes diésteres se caracteriza pela grande facilidade de obtenção do monoéster, e pela grande dificu_l dade de obter-se o diéster. Ê" precisamente esta reação a do álcool butílico com o monofta lato de butila, que é estudada e analisada por HUNEK et ai. Neste trabalho são revistos os métodos de cálculo da destila cão reativa, incluindo sua adaptação a métodos de computação. Num artigo recente, NEUMANN e SA2SQN introduzem o termo guimio rétificação, utilizando uma coluna de recheio (anéis de Raschig), a qual mantinha distribuído um catalisador do tipo polímero orgãn_i co ácido (Dowex 50 W X ácido). Esta coluna foi experimentada na ré 149 cuperação de soluções diluídas de ácido acético por esterificação com metanol, O processo foi estudado experimentalmente e por simu lação, obtendo-se resultados compatíveis nas variáveis operacio nais, tais como relação de refluxo, ponto e taxa de alinentação, etc. Deve-se destacar que foram obtidas altas conversões, assim como acetato de metila de alta pureza, mesmo com soluções bem dó. luídas de ácido acético. 150 1,14 DESTILAÇÃO DIFERENCIAL (DESTILAÇÃO EM COLUNA DE RECHEIO) 1.14.1 INTRODUÇÃO No capítulo, os itens 1.10.10.2.1 e 1.10.10.2.2, fez-se referên cia às colunas vazias e semi vazias, sendo estas ultimas considera das como de recheio por muitos autores. O fato de estas colunas se rem de destilação diferencial se atém ao sentido de que, para cada infinitasimo de altura há uma correspondente mudança infinitesimal de composição. As colunas de recheio se desenvolveram amplamente tanto na teo ria como na prática, nas operações de absorção, de desorção (stripping) , sendo posteriormente aplicadas a processos de destila. cão. Sua construção pode chegar a ser muito simples, particularmente para operações envolvendo pouco material. YOSHIDA e KOYANAGI estudaram detalhadamente o coque metalúrg^ co como recheio, incluindo o sistema etanol-água entre os estuda, dos, com as seguintes conclusões: 1 - Ele se compara bern como os anéis de Rasching em AEPT (altu rã equivalente de um prato teórico) e em AP (perda de carga). 2 - Tem vantagens de custo, que sobrepõe facilmente as desvanta gens de valores maiores de retenção (hold-up). A maioria da informação disponível sobre recheios é prove niente de empresas fabricantes de recheios, que vão desde anéis de Rasching de vidro (cilindros ocos de diâmetro igual ã sua altura) até configurações geométricas e materiais de construção altamente sofisticados. É óbvio que estas empresas não fornecerão informações sobre seixos, coque, cacos de vidro, calhaus etc.. No capítulo também se faz referência ao trabalho de Guerreri (loc. cit.), procurando dimensionar colunas de pratos a partir cie dados experimentais obtidos com colunas de recheio. 1 5 1 1.14,2 PARÂMETROS OPERACIONAIS BÁSICOS 1.14,2.1 RELAÇÃO ENTRE FORCAS INERTES E FORCAS VISCOSAS Esta relação, chamada de número de Reynolds, é de extrema im portância em todos os fenómenos físicos e técnicos, quando um fluo. do (líquido, gás, vapor) se movimenta. Esta relação determina as características físicas, assim como o valor numérico das variáveis do prójeto em todas as operações e processos associados com fluidos em escoamento. O valor do número de Reynolds determina três faixas de desen volvimento do fenómeno. Uma de valores baixos, onde o escoamento é laminar (paralelo, viscoso); uma de valores altos, onde o escoa mento c turbulento; uma intermediária, chamada de transição, onde a característica do escoamento não é previsível. O número de Reynolds (Re) c definido em termos de densidade, vê locidade,uma dimensão linear característica, e viscosidade dinâm_i ca: Re = P'^'L (Eq. 117) Em algumas condições utilizam-se diretamente o produto p . v = G (velocidade má s s iça) ou a relação u /p = v (viscosidade cinemát_i ca) . Para a fase líquida na coluna de recheio, o número de Reynolds é definido como: Pl ' V0l Rei = a y i onde v = velocidade de coluna Oi a = área específica (m2/m3) Em geral se admite que o escoamento é turbulento para valores de Rei maiores que 20, e que é laminar para valores menores que 10. 152 VJ ANEL FIG.39 -ARRANJO DE ANÉIS ORDENADOS 153 1.14.2.2 PARÂMETROS DO RECHEIO Os dois parâmetros mais importantes associados ao recheio são: 1 - Sua área específica (a), isto é, a superfície de contacto por unidade de volume, ou seja, de dimensões L~ . 2 - Sua porosidade {"voidage"), ou seja, a fração vazia do vo lurne de recheio (adimensional) . 1.14.2.3 ESCOAMENTO DO LÍQUIDO Os estudos de processos têm demonstrado que o desempenho do ré cheio, baseado na sua área superficial total "seca" (será chamada de "seca" a característica da coluna quando não há escoamento de líquido por ela) decresce quando a vazão líquida é menor que um certo valor, que podemos chamar de crítico. Isto pode ser inter_ pretado como resultado de que a superfície de recheio molhada pelo líquido ficou reduzida, pois aparte não molhada, não contribui ao processo, ou seja/ para o aproveitamento efetivo do recheio a vazão líquida deve exceder de um certo valor mínimo. Esta vazão é chá mada de taxa mínima de molhamento (minimum wetting rate, MWR) . Se a taxa de líquido é aumentada, alcança-se eventualmente,com grelhas e anéis empilhados simetricamente (Figura 39), uma con dição em que o líquido já não escoa como película, e sim cai em grandes gotas, ao não poder ser retido como películas, até atingir urna outra camada de recheio, onde a situação se repete. Este efe^L to é conhecido como efeito de cachoeira (cascading). Por outro lado, podem descer correntes de líquido maiores que uma película, de uma camada de recheio para a outra, efeito que se chama de choro (drip). Estes efeitos, além de reduzir a eficiência, são propensos a provocar arraste de líquido pelo gás. Numa torre de paredes molhadas, a taxa de molhamento se expre£ sã como a vazão líquida por unidade de perímetro molhado. Neste ca só, o perímetro por unidade de área seccional é numericamente igual ã área superficial por unidade de volume. 154 Se esta relação é estendida a recheio, tem-se; RM = L r - A = íí (Eq . 1 1 8 )Perímetro a onde RM = taxa de molhamento (m3/(hm)) L = vazão líquida (m3/(hm2)) A = área seccional (m2) a = área específica (m2/m3) MORRIS e JACKSON (op. cit., p.22) recomendam para recheios "pequenos" uma RM mínima de 0,08 m3/(hm). Para recheios maiores, 0,12 m3 /(hm). Em caso de recheios metálicos, se não são tratados para aumentar seu grau de molhamento, deve-se usar uma RM mínima muito maior. 1.14.2,4 ESCOAMENTO DO GÁS (ou VAPOR) A análise do escoamento gasoso numa coluna de recheio começa pela análise da perda de carga (unidade de pressão por unidade de altura de recheio) da torre seca. Sendo o escoamento turbulento, a perda de carga é proporcional ã velocidade elevada a um expoente entre 1,8 e 2,0, de tal forma que, graficando-se em coordenadas logarítmicas a velocidade do gás versus Ap unitário, obtém-se uma reta. Considerando-se agora os fenómenos na torre "úmida", (líqui do escoando em contra-corrente ao gás), quando a taxa de gás é muito baixa, esta não interfere apreciavelmente no fluxo de líqui. do, obtendo-se no gráfico indicado (vide Figura 40), segundo a taxa de líquido, retas paralelas às da torre seca. Aumentado-se a taxa de gás, obtém-se um ponto de inflexão em que o expoente torna-se muito maior que 2,0. Este ponto, de grande importância na operação das colunas de recheio, chama-se de ponto de carga (loading point), e a correspondente taxa de gás é chama da de taxa de carga (loading rate). Esta taxa, como se vê na figura, depende também da taxa de li. quido, sendo menor quanto maior for a taxa líquida. Aumentando-se a taxa de gás, obtém-se um segundo ponto de in 155 Log velocidade do gás FIG.4O - CARACTERÍSTICAS DE PERDA DE CARGA EM COLUNAS DE RECHEIO 156 flexão, onde, f enomenologicamente , fica interrompido o fluxo normal de ambas as fases. Este ponto chama-se ponto de inundação (flooding) e representa a máxima capacidade de operação da coluna. É óbvio que tem muitos riscos a operação de uma unidade muito perto de seu ponto de inundação. Num projeto, as taxas se estabelecem em função de uma fração de£ se ponto. A Figura 41 mostra a correlação de Lobo, onde: G = Velocidade má s s iça do liquido (lb/hpé2 ) _ 2 G - Velocidade mãssica do vapor (lb/hpé ) p = Viscosidade do líquido, centipoises •L R 2 g = 4,17 x 10 pé - Ib/lb -h c r 3 = Densidade do gás (Ib/pé ) "V = Porosidade , _ a = pé /pé do recheio De vê-se observar que esta correlação se baseia em unidades mas; sã. MORRIS e JACKSON (op. cit. p.23) afirmam que todas as correia coes relacionadas com torres de recheio são mais apropriadas e mais simples quando se utilizam unidades de volume. Apresentam um gráfico onde as curvas mostram a relação entre a taxa de inundação e a rela 3 cão Xa/í . Os fatores de correcão X e Y são ambos iguais ã unidade se os fluidos envolvidos são ar e água a condições ambientes. O . 7 Sobre outras condições, o fator X tem valor 2,5Mi , onde MI é a viscosidade do líquido (poise), e o fator Y tem o valor 28,8/p/Pi/ onde p e PT são as densidades do gás e do líquido, respectivamente. 157 CU > CU - o Dl O _ 2 2 3 4 6 8 - , 2 3 4 6 8 n 2 3 4 6 8 G± G v fL I/2 FIG.4I -VELOCIDADE DE AFOGAMENTO EM COLUNAS DE RECHEIO 158 1.14.2.5 RETENÇÃO (HOLD-UP) O conteúdo líquido total de uma coluna de recheio em operação consiste de uma parte em escoamento que se denomina retenção dinâmi ca, e uma parte retida na coluna, denominada de retenção estática. Segundo BEMER e KALIS, a retenção estática não é independente da ta xá líquida, já que, ao se aumentar a turbulência da película líquida com o aumento da taxa líquida , a retenção estática diminui , e acima de uma certa taxa líquida, a retenção total será igual ã dinâmica. Estes autores dão as seguintes equações para a retenção líquida: Região laminar : í y i / P i ) / » » ! (Eq. 119) Região turbulenta: 1 / 3 2 / 3 2 / 3 h = a (f'/2g) (Ui/Pi) Re! (Eq. 120) onde : h = Retenção líquida, expressa em f ração do volume total do leito a = Área específica g = Aceleração da gravidade Ui = Viscosidade do líquido p! = Densidade do líquido Rei = Reynolds do líquido (Vide equação 117) f = Fator de fricção na equação de Fanning (f (Moody) ) 4 (Todas as unidade estão no sistema internacional, e o fator de fricção que os autores sugerem para coluna de recheio tem valor 0,72) 159 1.14.2.6 MODELOS DE ESCOAMENTO O escoamento de um fluido em um leito de recheio corresponde a um escoamento numa sucessão de canais. Os modelos mais elementares estão representados por canais ré tilíneos, cujo comprimento é igual ã altura do leito, ou por ca na i s oblíquos, cujo comprimento é maior que o do leito. Um tercei. ro modelo consiste em canais com constrições (vide Figura 42). Porém, nenhum destes modelos pode explicar simultaneamente a retenção líquida, a perda de carga no recheio seco, a perda de car_ ga no recheio molhado, e a taxa de inundação. A perda de pressão no recheio seco é descrita pelas equações desenvolvidas para leitos fixos. Quando o recheio é molhado, a perda de pressão é descrita por equações empíricas, ou utilizando simplificações fortes. Na estimativa por predição da retenção, geralmente se utilizam constantes empíricas. O modelo dos canais retos pode estimara retenção de líquido, enquanto que o dos canais oblíquos pode estimar a perda de carga seca . O modelo dos canais com constrições permite predizer a perda de carga molhada e a retenção de líquido pelo menos até o ponto de carga. 1.14.3 MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA No transcorrer de uma destilação a fase vapor se enriquece do componente mais volátil, e se empobrece do menos volátil, ocorrendo o oposto com a fase líquida. Isto implica na transferência de massa entre vapor e líquido através da interfase. (Estas fases se movem em contra-corrente nas colunas de recheio). A informação disponível indica que mesmo na interfase as duas fases se encontram em equilíbrio (a alto vácuo pode haver reflexão na interfase). A teoria bipeculiar supõe uma película de espessura muito pe_ 160 P FIG. 42- MODELO DE ESCOAMENTO rAI rBI Z Distancia, Z B2 rA2 FIG. 43 -PERFIL PRESSÃO - DISTANCIA PAI PA2 Distancia, z FIG. 44 - PERFIL PRESSÃO - DISTANCIA 161 quena a cada lado da interfase. Nessas películas se produz um gra diente de concentração (película líquida) ou de pressão parcial (pé lícula vapor) , entre seu valor na fase global e o seu valor na inter_ fase. Trata-se de um processo difusional. Devê-se notar que esta in terprétaçao do fenómeno difusional implica em que, nas películas de ambas as fases, a difusão é molecular, independentemente do regime existente nas fases globais. A teoria pressupõe, ademais que as resistência difusionais estão contidas na película, enquanto que as fases globais não apresentam nenhuma resistência â difusão. 1.14.3.1 COEFICIENTES PELICULARES A taxa com que transcorre urn processo de transferência pode se expressar por uma equação totalmente geral do tipo: Taxa de = .coeficiente de área de transferência transferência transferência .gradiente de, x P ) potencial Para uma porção diferencial dA de área interfacial em um ponto qualquer da coluna pode-se escrever: dW - K dA (p - p.) para a fase vapor (Eq. 121) dW - K dA (c. - Ci) para a fase líquida (Eq. 122) onde W = Taxa de transferencia k - Coeficiente pelicular gasoso k, - Coeficiente pelicular líquido A - Área interfacial p = Pressão parcial do vapor solúvel na fase global p. - Pressão parcial do vapor solúvel na interfase c. = Concentração do vapor solúvel na interfase 1 = Concentração do vapor solúvel na fase líquida global 162 1.14.3.2 COEFICIENTES GLOBAIS 0 uso destas equações não é prático, já que as condições na in terfase são muito difíceis , quando não impossíveis de determinar. Aplica-se então o conceito de coeficiente globais por meio dos quais se calcula a taxa de transferência através das duas pelí cuias, simultaneamente. Estes coeficientes globais podem ser definidos de duas manei rãs, segundo se expresse o gradiente de potencial (força motriz): 1 - Baseado na fase vapor, o gradiente de potencial global é a diferença entre a pressão parcial do vapor solúvel na fase glo bal, p , e a pressão parcial pi do vapor em equilíbrio com a con centração global do vapor solúvel c\a fase líquida global. 2 - Baseado na fase líquida, o gradiente de potencial global é a diferença entre a concentração de vapor solúvel c em equilíg - brio com o vapor de pressão parcial p , e a concentração global do vapor solúvel ci na fase líquida global. Assim, podemos escrever as equações: dw = K dA (p - pi) fase gasosa (Eq. 123) dW = KÍ dA (c - Ci) para fase líquida (Eq. 124) onde K = coeficiente global baseado na fase gasosa Ki = coeficiente global baseado na fase líquida (Observe-se que os coeficientes peliculares são representados normalmente com k - minúsculo - e os globais com K - maiúsculo). Como nos fenómenos de transferência de calor, os coeficientes globais não podem ser estimados diretamente das propriedades f í si. cãs e das condições de escoamento do sistema, mas sim dos coef^ cientes peliculares individuais. Da mesma forma que no caso de transferência de calor, procede- -se ã soma das resistências. Sendo k e K condutancias, soma-se seus inversos. As equações que as ligam são: 163 _JL _ _L + _L_ {Eq. 125) k - k + H ki {g g J- = *L + J- (Eq. 126) Ki k ki ^g onde o coeficiente de solubilidade H (coeficiente da lei de Henry) é introduzido para absorver as diferenças nas unidades de pressão e concentração. O significado físico deste coeficiente é a relação entre a mu dança na concentração do gás dissolvido frente a uma mudança na pressão parcial de equilíbrio. De acordo com a lei de Henry (Vide 1.7.1.2), Ci = constante . pi (Eq. 127) Enquanto esta lei se cumpre, o coeficiente de solubilidade H corresponde ã constante da lei de Henry. Isto implica isotermicida de nos fenómenos. Por exemplo, uma absorção com efeitos térmicos pode levar a uma mudança no valor numérico de H. 1.14.3.3 DIFUSÃO MOLECULAR Se uma mistura binária das substâncias A e B não é de compos_i cão uniforme, se produzirá uma interdifusão dos componentes, das zonas de maior concentração às de menor concentração, que pode ser descrito em termos das velocidades lineares de deslocamento das mo léculas de A e de B. Supondo-se que a queda na concentração da substancia A, -de , £\e atua como gradiente de potencial para o deslocamento de A, é proporcional ã velocidade linear relativa de A com respeito a B, v - v ; para as concentrações moleculares das substâncias, c e t\ c\D , e a distância dz através da qual a difusão ocorre, D -dcA = &CACB <VA ~ VB> dz <Eq. 128) onde S é um fator de proporcionalidade. 164 Esta equação básica pode agora ser tratada para descrever as diferentes situações que possam se apresentar. 1.14.3.3-1 DIFUSÃO MOLECULAR EM GASES No caso de gases , as concentrações molares podem ser expres sãs como p /M, e o gradiente de concentração como dp. A equação geral torna-se : -dpA = e ínr (VA - Vdz (Eci- 129)A B onde p = densidade M - é o peso molecular De fine- se N como o número de moles do gás difundido por unida de de tempo, por unidade de área, esta na d ir e cão perpendicular à da difusão. N = -^ (Eq. 130) M Pav pR p, pRv dz -dpA = 6ÍNA - B } dZrt rt MB HA Aolicando-se a lei dos gases ideais _P_ = i! (Eq. T33) RT M então: -d?A = i (NA PB - NB PA' dz (E(I- 134) como P = p. + p ÍE(3- 135} /\ PB - P - PA (Eq. 136) 165 = Í N P - N? - N P > d2 (E. 137)A também DAB = W~ (E<3- 138) onde D = Difusidade molecular (L2/t) Portanto RT (NP - N P - N P > dz < E < - 139)^a n P ( AAB " " " " 1,14.3.3.1.1 CONTRA DIFUSÃO EQUIMOLAR Esta situação se encontra normalmente nas operações de destila cão, onde em um sistema binário, ambos os componentes difundera-sena fase líquida e na fase vapor. Considerando esta última, se o si£ tema está em regime estável, N, e N^ são constantes, e N. = -N_,. As ^ A B A B concentrações em um ponto qualquer da mistura de vapores não mudam com o tempo. Se a difusidade D_n é constante, a equação 139 torna- AD se : 2 RT N dp = — f az (Eq. 140) p AB Z2 - Zi = Z NA = fel (PAl - PAj> Esta equação é conhecida com a lei de Fick, que, numa analogia com a equação de Fourier para fluxo de calor em estado estaciona rio, o gradiente de concentração em termos de pressão parcial equi- vale ao potencial de temperatura na equação de Fourier para trans_ ferência de calor. 166 A lei de Fick permite a determinação de D (coeficiente de difu são ou difusidade), e, segundo TREYBAL, é frequentemente utilizada de forma incorreta por não cumprir-se a condição de contradifusão equimolecular. D é uma função de temperatura, pressão, e dos componentes da mistura gasosa, e pode ter uma leve dependência da composição. Deve notar-se que a mesma difusidade se aplica a ambos compo nentes A e B, ou seja, D-n = Dn_. Ari tSA A equação 141 pode ser representada graficamente pela figura43, onde ambas as substâncias difundem de acordo com sua diferen ca de concentração (ou pressão parcial). 1.14.3.3.1.2 DIFUSÃO ATRAVÉS DE UMA CAMADA DE GÁS ESTAGIO NÁRIO Esta situação se encontra normalmente nas operações de absor cão, onde o(s) gás(es) ativo(s) deve(m) difundir através de uma ca mada estacionaria de gás "inerte" (insolúvel na fase líquida). A equação 139 torna-se RT N -d^A = õ—T (p -PAJ dz (ET- 143) f\ÍJ sendo A o gás que difunde, e B o estacionário. Supondo que D permaneça constante Z i „ „ D 2 D,,^ P ^A2 dp, _ -, _ A.B * CA Z ~ RT NA f P - P, z i A p, ^A D P P - p RT-iC ln ^^-^ (E«- 143) p - = ; p - 167 °AB P (PA * PA J PBN = — - ^ - £*- In -Si. (Eq. 144) RTZ <PB2 - PBl> ?Bl P ~ P r (Eq. 145) 146 m Esta equação pode ser mostrada graficamente como na figura 44. A substância A difunde em virtude do gradiente de concentração PA ~ PR ' enquanto que a B não difunde , e seu gradiente de concen AI A2 tração é mantido pela a cão cinética in ter molecular entre A e B. J.14.4 COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA Considerando as equações de coeficientes peliculares e globais , a medida de K ou KI , e sendo conhecida a constante H , não é possí vê l determinar k e ki porque se tem mais incógnitas que equações independentes . Um método que tem dado resultados muito frutíferos é o de deter minar os coeficientes em sistemas que têm resistência desprezível em apenas uma das fases , o que permite desenvolver correlações para as resistências peliculares, as que, então, são combinadas para dar a resistência global . l.l*M.l COEFICIENTE PELICULAR GASOSO No item 1 .10.10.2 foi mencionada a coluna de parede molhada co mo um equipamento de laboratório utilizado na determinação de coe f i cientes peliculares gasosos. Utiliza-se uma coluna de tamanho padrão, isto é, 1 , 5 m de com primento, 0 , 0254 m de diâmetro, e uma secção estabilizadora de reg^L me, de não menos que 20 diâmetros. Nestas condições se aplica a equação: 1 , , ^ y j , n . 5 6kg = 0,0317 C . nrs.v (Eq. 147) 168 onde k = coeficiente da película gasosa (g/seg cm2atm) C = constante da, mistura gasosa =(-££)°--25 Dr 0 < 5 p = densidade da mistura gasosa na condição ambiente pa_ drão (CAP), 20°C e 1 atm, (g/cm3) p = densidade do gás solúvel na CAP (g/cm3) .L o u = viscosidade da mistura gasosa à CAP (poise) D = coeficiente de difusão do gás ã CAP (cm2/s) v = velocidade relativa do gás com respeito à superfície líquida (cm/s) P - pressão total do gás (atm) p = pressão parcial do gás solúvel (atm) (P - p) = média logarítimica da pressão parcial do gás inso lúvel na película gasosa (atm) (P - Pi) - (P - Pg) P - p)m P - D . p = pressão parcial do gás solúvel (atm) p. = pressão parcial do gás solúvel na interface (atm) Tf = temperatura absoluta da película (K) A equação adimensional generalizada é a seguinte: v ps Kg = 0,04(-p).(Re) ' ^ (Sc)"0"5, (fator de mudança de com posição) pdv onde Re = Sc = n PFator = (P - p) onde d = diâmetro da torre (cm) p = densidade do gás solúvel na temperatura e pressão total da o 169 mistura gasosa (g/cm3) p = densidade da mistura gasosa {g/cm3) y - viscosidade da mistura gasosa (g/cm s) 1.14.4.2 COEFICIENTE PELICULAR LÍQUIDO No item 1 .10.10.2.2 foi mencionada a torre de discos como um equipamento de escala laboratorial adequado para a determinação de coeficientes peliculares líquidos. Para medidas de alta confiabilidade recomenda-se que a coluna seja calibrada com um sistema de dióxido de carbono-água. A equação para o cálculo do coeficiente k] é: Pi 0.2 kl = 2'° Í1T) D ° "SL° ' ' (Ec3- 148) onde ki = coeficiente de película líquida (g/seg cm2 (g/cm3)) p i = densidade do líquido (g/cm3) M i = viscosidade do líquido (g/cm seg) DI = coeficiente de difusão para o gás em solução (cm2/seg) L == relação de molhamento (cm3/seg cm) 1.14.4.3 COEFICIENTES EM COLUNAS 1.14.4.3.1 COEFICIENTES PELICULARES Os coeficientes gasosos podem ser escritos em função da equa, cão 147 por introdução de um fator (R ) que leva em conta a maior eficiência de uma coluna de recheio com respeito a uma de parede molhada. .fator do, .coeficiente na torre de película, g^ "~ recheio descendente de 1 pol de diâmetro ^torre c Morris e Jackson (op. cit., p. 38-39) forneceran valores numéricos do fator R , os quais variam entre 1 ,4 para torres de anéis de ce_ râmica empilhados simetricamente até 3,3 para anéis metálicos jo gados ao acaso. Esta correlação se aplica em condições de escoamento turbulen to do vapor, cujo Re deve exceder um valor mínimo de 100 a 500, se 170 gundo o recheio. A dimensão linear característica para achar o número de Re é 4e/a, onde t: = f ração de vazio a = superfície específica Os coeficientes películares líquidos são calculados a partir dos dados das torres de discos, obtidos com a equação t48. Sua adaptação a recheios industriais pode ser feita de duas ma neiras: 1 - Através do uso de um fator de recheio líquido (Ri), que se encontra na tabela já citada (Morris e Jackson, op. cit., p.38-39). cujo valor oscila entre 0,50 e 0,90. Neste caso, o expoente não mu da; ki = Ri C L°'7 onde C é um valor obtido experimentalmente 2 - Uma outra alternativa é utilizar na equação 148 expoentes específicos para cada recheio. 1.14.4.3.2 COEFICIENTES VOLUMÉTRICOS Nos equipamentos de contato contínuos utilizados comercialmen te, geralmente não se tem informação certa sobre a área interfa ciai efetiva, que, provavelmente, seja menor que a área específica característica do recheio seco. Para suprir esta incerteza, as equações da difusão são coloca das em uma base volumétrica multiplicando os respectivos coeficien te s pela área específica, ou seja, k. a ou K. a, sem separar experõ. mentalmente os dois fatores. A equação do balanço de massa, para a transferência de um com ponente j da fase vapor ã fase líquida fica: (K a) (y* - y_j) .A.dz - d(V.Yj) = -d(Lx.) (Eq. 149) 171 * indica condições de equilíbrio z = altura da torre A = área interfacial A equação do balanço de energia: (v. a) . (T, - T ) .A.dz + Y. d(H..V y.) = 1 9 j J 3 = d(HV) = -d(hL) (Eq. 150) U = coeficiente global de transferência de calor H = entalpia molar do vapor H = entalpia do vapor h = entalpia do líquido V = taxa molar de vapor L = taxa molar de líquido 172 1.14.5 TRANSFERÊNCIA DE MASSA ENTRE FASES 1.14.5.1 INTRODUÇÃO Fisicamente os coeficientes de transferência de massa (ou ca lor) representam numericamente a massa (ou calor) transferida(o) por unidade de tempo, unidade de área medida perpendicularmente ã dir<| cão de fluxo, e unidade de gradiente de potencial (concentração, no caso de massa, e temperatura, no caso de calor). Tem-se uma multiplicidade de formas de expressar a concentração, que na fase vapor correntemente se define em termos de pressão par ciai. Também na fase líquida se utilizam diversas formas de expressar a concentração: massa/volume, relação molar, fração molar, moles/vo lume, em diferentes sistemas. Diante desta diversidade de alternativas de expressar o valor numérico dos coeficientes, tem-se que prestar especial atenção às correlações que aparecem na bibliografia. Uma tabela com as unida dês mais usuais se encontra no texto de Foust (tabela 132, p.171, op. cit.), e no de Treybal (tabela 7.2, p 190-1 op. cit.). Neste se gundo, temos na tabela uma série de equações de estimativa de coef_i cientes. Voltando ã expressão geral do coeficiente de transferência, e multiplicando-a pela área específica, teremos: Massa transferida , , Área -> lTempo . Área . Grad. de Potencial-1 * Volume Fica evidente que K.a ou k.a é um coeficiente volumétrico, onde o termo de volume aparece na equação 149 através do produto A . dz. 173 1,14.5.2 BALANÇOS DIFERENCIAIS A Figura 45 esquematizauma torre de recheio operando em ré gime permanente . Esta torre pode representar uma unidade de absorção ou a zona de esgotamento numa coluna de destilação . Os sub índice s 1 e 2 se referem ã parte inferior e superior da coluna , respectivamente . V e L são as taxas de fluxo molar da fase vapor e líquida , rés pectivamente . y e x são as concentrações do componente mais volátil na fase vapor e na fase líquida, em f ração molar. dz é a altura diferencial da torre . H e h são as entalpias da fase vapor e líquida, respectivamente. TI e T representam as temperaturas das respectivas fases. O balanço de massa referido ã altura diferencial é : dV = dL enquanto que o balanço para o componente mais volátil é d(Vy) = d(Lx) Esta última vincula as composições globais das duas fases em contato ao longo da altura da torre. Integrando a parte inferior da torre até um ponto qualquer , tem-se: Vy - Viyi = Lx - LiXi (Eq.. 151) L = y - y; {E 152) V X - Xi 1 A equação 152 é a da linha operacional. Em alguns casos de misturas altamente diluídas, as mudanças de concentrações não tem efeito sensível sobre V e L, o que implica na linha de operação ser praticamente uma reta. 174 ENTRADA DO LÍQUIDO CARCAÇA REDISTRIBUIDOR DO LIQUIDO SAÍDA DO GÁS t ENTRADA DO GA'S SAÍDA DO LÍQUIDO DISTRIBUIDOR DO LÍQUIDO SAÍDA PARA CONTROLAR A INUNDAÇÃO RECHEIO SUPORTE DO RECHEIO Fig. 45 - .TORRE DE RECHEIO EM OPERAÇÃO 175 Se V e L variam com mudanças na concentração e na. posição, tem- -se uma linha operacional curva, que é o caso da absorção a concen trações médias ou altas, onde L vai aumentando, e V decrescendo, ã medida que se caminha da parte superior à inferior da coluna. No caso da destilação (transferência equimolar), não há curvatu rã por efeito da transferência de massa. A taxa de mudança de um componente numa fase tem que ser igual ã taxa de transferência da fase, ou seja, d(Vy) = k (y± - y)dA = Ky (y* - y)dA. (Eq. 153) o que equivale ã equação 149. De acordo com o já visto, a área interfacial é substituída por uma relação volumétrica. dA = a S dz (Eq. 154) O valor de a não necessariamente é igual à área específica do recheio seco, já que seu valor numérico depende do grau de molha mento e do líquido retido. Como já se viu, utiliza-se o coeficiente composto k . a ou K . a como coeficientes volumétricos, ou sejá: Y J d(Vy) = k a (y.. - y) S dz - Ky a (y* - y) S dz .(Eq. 155) l,ia.5.3 ALTURA DA TORRE (COLUNA) 1.14.5,3.1 CÁLCULO DO NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERÊNCIA Se a equação 155 é integrada entre a parte superior e a inferior da torre, obtém-se a altura da torre em função das mudanças de concen tração que se produzem na torre: 176 d(Vv)- " k a S (y - y) - K a s (y* - y) o y i y yy Y Da mesma maneira, se a estimativa da altura se baseia na fase líquida , tem-se a, equação 2 "2 2 z =f k a S (x - x. ) =' K iT~S (x - x*T V T V O W J- AXi X i Para difusão equimolecular, pode-se supor, como no caso de destila. cão em pratos, V e L constantes. Como k , k , K , K , e a são fundamentalmente funções de L e x y x y ^ V, também pode considerá-los constantes. Nestas condições as equações anteriores ficam: r dz ?— r —& ^— r —%L J ' k a S / y - y ~ K a S / y* - o Y I yi (Eq. 156) Z v v2, **• 2 d 7 - L dx _ L dx J z ~ k a S J x - x . ' K a S - ' x - x' O X Pode-se observar que as equações constam de dois termos. O termo fora da integral representa a altura de uma unidade de transferência, AUT, que será visto no item 1.14.5.6 a seguir. O termo da integral, que representa a mudança total de compôs!, cão numa fase dada dividido pelo gradiente potencial disponível, é um índice quantitativo da dificuldade de separação. Resolvendo esta integral, tem-se uma quantidade que CHILTON e COLBURN denominaram de número de unidades de transferência (NTU), Fisicamente, uma unidade de transferência pode ser definida co mo aquela que produz um enriquecimento (positivo ou negativo) em uma das fases igual à força motriz média que produz este enriqueci 177 1,0 o: O CL o z tt O 5 •S o 0,6 0.7 0.6 0,5 0.3 0.1 O 0.1 0.2. 0.3 O.4 O5 0.6 0.7 0.9 I.O FRACAO MOLAR NO LIQUIDO F1G.46- DETERMINAÇÃO GRÁFICA DO NT.U. 178 mento. Para melhor compreensão, sendo a força motriz média da fase ga só sã y2 / dY (y* - y)m . 2 dy y* - y NTU = f dy y* -Y i- quando NTU = 1, y2 (y* - y)m = f dy Yi Assim, a força motriz média da fase gasosa é igual ao enrique cimento produzido por esta força motriz, quando NTU = 1. Nesta definição é baseado o método de Baker, análogo ao do MacCabe Thiele para pratos. Para aplicar este método, grafica-se a linha de equilíbrio e as linhas de operação, construindo-se então uma linha equidistante a ambas, chamada de linha mediana. Esta é a linha da força motriz me dia, entre a operacional e a linha de equilíbrio. (Observe a Figura 46) . Como no diagrama MacCabe Thiele, começa-se a graficação no pon to da intersecção da operacional com a linha x = y (ponto E), e ti ra-se uma horizontal a partir de E até a linha mediana (ponto F),E£ te ponto representa a força motriz média, sendo KJ a total. A se_ guir, toma-se a distância K - J a partir do ponto E, até G, obten do-se EG - KJ. Do ponto G, tira-se uma vertical até a linha ope racional (GH). Assim completa-se uma unidade de transferência. 179 Repete-se este procedimento até o ponto de intersecção da ope racional de esgotamento com a linha x = y, e fica determinado o nu mero de unidades de transferência necessário para fazer-se a separa cão. É óbvio que o NTU depende da inclinação das linhas operacionais que por sua vez é uma função da relação de refluxo. A refluxo total tem-se o mínimo de unidades de transferência. YU e COTTLL, em um trabalho clássico para condições operacionais variáveis. nos dão um gráfico que relaciona NTU/NTU < . versus ' ^ ^ ' mínimo R /R (Figura 47)f (Neste mesmo trabalho se apresenta a corre m — lação de Dodge e Huffman para o cálculo de NTU). 1,14.5.4 DISPERSÃO AXIAL As correlações vistas nesta seção supõem o escoamento empistona do (plug flow) em ambas as fases na coluna. Isto significa que não há gradiente de velocidade, nem no líquido nem no vapor. Há dois fatos que impedem atingir-se esta idealidade. Primeiro, tem-se um efeito mecânico, que em colunas comerciais (diâmetro maior de 30 cm), faz com que o liquido tenda a procurar caminhos preferenciais junto às paredes, e o vapor escoe preferencialmente pe_ Io centro. Este problema será visto no item ( 1.14,6.1 ) do capítu Io. Segundo, tem-se uma dispersão axial dos fluxos que se opõe ao efeito de contracorrente perfeito, suposto pelo escoamento pi£ tão ideal. Este fenómeno faz com que os gradientes de concentração efetivos da coluna sejam menores que os calculados. Em consequên cia, o número de unidades de transferência real será maior que o ideal calculado (como nas colunas de prato) , e ter-se-ia que apl^ . car um fator de eficiência. Esta dispersão axial é uma função do número de Péclet (Pé). 180 2.8 2.6 2.4 FIGURA * Oí= 1,1 o « = |,2 ° "= 1.3 * «"1.1 » «=i.S O «<r| ,6 20 UB IJ3 0.1 0.2 as 0,4 0.5 0,6 a? o.e 0.9 1,0 Rm /R FIG.47- CORRELAÇÃO PARA N.T.U. 181 1,14.5.5 NÚMERO DE PÉCLET O número de Peclet, seja de calor ou de massa, representa a rela cão entre duas transferências (por exemplo, transferência de calor convectiva sobre condutiva, transferência de massa convectiva ou turbulenta sobre difusiva molecular). Estas transferências são ca racterizadas no número adimensional por suas respectivas difusida dês. Por sua vez, o número de Peclet corresponde ao produto do núm£ ro de Reynolds pelo número de Schmidt (Sc). Em consequência, a representação mais compactaé dada por LV/D, onde L é uma dimensão linear característica, V é uma velocidade, e D é uma difusidade. Nas torres de recheio o problema consiste na impossibilidade de medir as variáveis necessárias para obter o número de Peclet. En tão é necessário valer-se de correlações geralmente empíricas, ba seadas nas condições operacionais de torre, carcaterísticas do mate rial de recheio e propriedades físicas das fases envolvidas. Frequentemente são da forma: Pé = A ReB GaC (a d)D onde A = constante de proporcionalidade Re = número de Reynolds Ga = número de Galileu a = área específica d = dimensão linear característica do recheio (geralmente se usa seu tamanho nominal) B, C, D = expoentes característicos do sistema Existe ainda muita confusão no sentido de que muitas vezes os adimensionais são baseados em diferentes variáveis. Por exemplo, al^ guns autores usam no número de Reynolds a velocidade superficial, e outros, a intersticial, a que, por sua vez, deve ser tirada de cor_ relações. Von STOCKAR e CEVEY se preocuparam em aperfeiçoar até um alto grau de sofisticação o equipamento experimental de pesquisa deste 182 fenómeno. Conseguiram determinar que nem a viscosidade nem a densi da de tem influência, na dispersão axial. Descartada a viscosidade e definida a dimensão linear caracte rística do Re e do Ga, só sobra a, velocidade como variável importan te. Diante desta situação, consideraram que o adimensional funda mental na análise deste fenómeno tinha que ser o número de Froude (relação entre forças inertes e gravitacionais), como foi verifica do experimentalmente, quando também se observou uma débil influên cia do número de Re da fase vapor, também não considerado em corre lações anteriores. A correlação dos autores ficou: Pé = 2,593 FrT°*17. 102'8 ' 10 . Re_Jj (j Os números de Fr e Re estão baseados nas velocidades superfi ciais do líquido e do vapor, respectivamente. Com o número de Péclet assim calculado, os autores construíram um gráfico, onde na abcissa vai o NTU aparente, ou seja, o calculei do pelo método da subseção anterior, e em função do número de Pé como parâmetro, tira-se a relação entre NTU aparente e NTU real (na ordenada) - vide Figura 48. Nas suas pesquisas, para obterem uma faixa ampla de proprieda dês físicas (densidade, viscosidade, tensão superficial etc.), além de agua, trabalharam com substâncias orgânicas líquidas, entre elas o etanol. A eficiência de uma coluna de recheio pode ser estimada em fun cão de temperaturas (Vide apêndice 2). 1.14.5.6 ALTURA DE UMA UNIDADE DE TRANSFERÊNCIA Voltando às equações 156, nota-se que o termo fora da integral tem as dimensões de uma longitude (metros ou pés, por exemplo), e seu valor recebe o nome de altura de unidade de transferência. De acordo com estas definições, a altura do recheio da torre é determinada simplesmente pelo produto de AUT por NTU, o que nos 183 5 9 i- 8 1 6 -? 5 3 4 5 I O 2 3 4 5 ( N T U ) a p p IO I520 FIG.48 - RELAÇÃO ENTRE NTUapp e NTUreoJ 184 conduz sempre a 4 caminhos: z = H N = H N^ = HTNT = H^TN^TG G OG OG L L OL OL A interrelação entre NUT e AUT é apresentada na tabela 2.(Foust, op. cit. p. 274). Os textos correntes apresentam correlações, particularmente pá rã encontrar valor de H _ , assim como compilações de dados experimenLI — tais. Por exemplo, o texto de NORMAN, no capítulo 10, traz informa, coes para o sistema água-etanol. 1.14.5.7 ALTURA EQUIVALENTE AO PRATO TEÓRICO (AEPT) (HEIGHT EQUIVALENT OF A THEORETICAL PLATE: HETP) Quando se começou a utilizar as colunas de recheio na destila cão, os métodos de Sorel e derivados já estavam implantados nos pró jetos das colunas de prato (cálculos incrementais). Para se aproveitar de todo este conhecimento, procurou-se a ade quação destes métodos para as colunas de recheios. Origina-se daí o conceito de AEPT. Aparentemente a primeira menção a este termo é devido aPETERS, cujo trabalho experimental comparativo com colunas de prato utili^ zou os sistemas ácido acético-ãgua e etanol-água, incluindo mate riais de recheio pouco convencionais, como pregos de cobre, boli. nhãs de chumbo. O trabalho termina com análises econõmico-comparati vo favoráveis ã coluna de recheio. Dessa forma, conhecida a separação desejada, calculava-se o nu mero de pratos teóricos necessários, e estabelecia-se, através de uma correlação empírica ou da experiência prática o valor de um AEPT, e se obtinha: z = NPT . AEPT 185 1,14.5.8 CALCULO DA AEPT Muitas correlações empíricas foram desenvolvidas para estabele cer o valor da AEPT ou para converter pratos teóricos em unidades de transferência, e aplicar as equações vistas nas seções ante riores. Provavelmente a mais geral e amplamente utilizada das correia coes empíricas foi a de MURCH, que se encontra na maioria dos tex tos e manuais. AEPT = K1GK2dK3h1/3 °Ltí. (Eq. 157) AEPT = (pol) G = velocidade mãssica do vapor (libra/h pé2 da área seccio nal da torre) d = diâmetro da torre (pol) h = altura do recheio (pé) a = volatilidade relativa U = viscosidade do liquido (cpoise) ] Valores médios de ter m_i P = densidade do líquido (g/cm3) nados pela composição do topo e da base da coluna. KI = constante proporcional, obtida diretamente de dados expe rimentais, K2 = constante exponencial aplicada ao termo de velocidade mãssica G. Esta constante é o valor numérico da inclinação da reta obtida quando grafica-se G x AEPT em coordenadas logarítmicas. K3 = constante exponencial aplicada ao diâmetro da torre de destilação. Esta constante tem o valor numérico da inclinação da reta obtida quando grafica-se d x AEPT em coordenadas logarítmicas. No mesmo trabalho, é dada uma tabela das constantes como fun cão do tipo de recheio utilizado. Por outro lado, a relação entre pratos teóricos e unidades de transferência foi exaustivamente analisada por SUROWIEC, que dá as seguintes equações: 186 *T T ,N + 5ln ( — - - - - ) AEPT = AUTQG[ - í - g" " ?! - ] (Eg. 158) 1 n ,xn ~ xn + 1.N + -^ -In { - ) AEPT = AUT [ - - - - £i - ] (Eq. 159) N = número de pratos teóricos x , y = frações molares no extremo suoerior da coluna ' ^ vo Neste trabalho é apresentado um exemplo de cálculo . O uso de AEPT aos 50 anos de ter sido introduzãdo o conceito de NTU parece anacrónico. Porém continuam aparecendo correlações, e num recente trabalho de otimização de torres de destilação de re_ cheio, a altura estimada é baseada em AEPTs (MELLI, 1983-b). 1.14.6 TORRES DE RECHEIO PARA ABSORÇÃO Como já foi mencionado, a absorção é a operação unitária onde a aplicação de torres de recheio é quase universal , e a de pratos é ocasional. É oportuno ressaltar um trabalho de MOLSTAD et ai, referente â absorção de vapores de etanol em torres de grelhas. 1.14.6.1 GRAU DE MOLHAMENTO E MÁ DISTRIBUIÇÃO EM TORRES DE RECHEIO No item 1.14.2.3, fala-se, em termos quantitativos, de relação mínima de molhamento, pontos de carga de inundação dinâmica e está tica. No item 1.14.5.4, mencionou-se a tendência do líquido escoar preferencialmente junto à parede. Fez-se referência ao fato de que a tensão superficial não influi na dispersão axial (Von Stockar e Cevey , loc . cit . ) . Os mesmos autores indicam que o decréscimo da tensão superfi ciai parece modificar as características de molhamento dos ré cheios. 187 Quando se compara as colunas de recheio com as de prato, geral, mente se destaca que as primeiras não são de desempenho confiável acima de certo diâmetro, pela formação de canais preferenciais no escoamento de ambos os fluidos. Mesmo quando o diâmetro não atinge esse valor limite, se a coluna de recheio é alta o recheio se divj. de em secoes. Entre cada duas secoes instala-se um dispositivo de coleta e redistribuição do líquido. No molhamento do recheio participam os fenómenos superficiais sói ido-líquido,
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