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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-006.045/2008-5
ACÓRDÃO Nº 1718/2008 - TCU - PLENÁRIO
1. Processo TC-006.045/2008-5 (com 3 anexos; Anexo 1 c/ 4 volumes)
2. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2008)
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Entidade: Departamento de Estradas de Rodagem, Infra-Estrutura Hidroviária e Aeroportuária –
DERACRE.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secex-AC
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de levantamento de auditoria realizado pela
Secex-AC nas obras de duplicação da rodovia estadual AC-040, do Km 6+500m ao Km 19+060m, com o
aporte de recursos federais repassados mediante convênio celebrado com a Superintendência da Zona
Franca de Manaus.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar, cautelarmente, ao Departamento de Estradas de Rodagem, Infra-Estrutura
Hidroviária e Aeroportuária – DERACRE, com fundamento no art. 45 da Lei nº 8.443/92 e no art. 276 do
Regimento Interno deste Tribunal, que, no âmbito do Contrato nº 4.08.081A, do valor a ser pago à
empresa contratada, seja retida, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão, a importância de R$
109.221,73 (cento e nove mil, duzentos e vinte e um reais, setenta e três centavos);
9.2. determinar, com base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno, a oitiva do Diretor-Geral do
DERACRE e da empresa JM Terraplanagem e Construções Ltda, a fim de que se pronunciem, no prazo
de 15 (quinze) dias, acerca da medida cautelar de que cuida o item anterior, tendo em vista a utilização do
fator de empolamento de 1,30 no cálculo dos volumes relativos aos itens 2.7 e 3.13, do orçamento do
DERACRE, que serviu de base para a licitação que culminou com a subscrição do Contrato nº 4.08.081A,
em desconformidade com o disposto no volume 4 do manual de custos rodoviários do DNIT, de acordo
com o qual as medições de volumes deveriam ser realizadas pelos volumes de corte;
9.3 determinar ao DERACRE que, com fundamento no art. 43 da Lei nº 8.443/93 e no art. 250 do
Regimento Interno:
9.3.1. em futuras licitações que contem com aporte de recursos federais, demonstre a ampliação das
vantagens econômicas para a administração por meio da redução das despesas administrativas e da
possibilidade de participação de maior número de interessados quando optar pela aplicação do
parcelamento previsto no art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/93;
9.3.2. efetue o depósito dos valores de contrapartida relacionados ao Convênio/Suframa nº
177/2007, demonstrando o cumprimento desta determinação a este Tribunal, no prazo de 15 (quinze)
dias;
9.4. determinar, com fundamento no art. 43 da Lei nº 8.443/93 e no art. 250 do Regimento Interno à
Superintendência da Zona Franca de Manaus – MDIC, que:
9.4.1. efetue o cadastramento no SIASG, no prazo de 15 (quinze) dias, de todos os contratos
firmados pelo DERACRE com supedâneo no Convênio nº 177/2007;
9.4.2. nos próximos convênios celebrados com o Governo do Estado do Acre, exija o cumprimento
de todas as cláusulas estabelecidas na avença, em particular no que se refere ao depósito tempestivo dos
recursos de contrapartida;
9.5. informar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram identificadas irregularidades graves que ensejem a paralisação da execução
física, financeira ou orçamentária das obras de duplicação da rodovia estadual AC-040, do Km 6+500m
ao Km 19+060m, PT 22.846.1020.0506.0012;
9.6. encaminhar cópia integral deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao
DERACRE, à SUFRAMA e à empresa JM Terraplanagem e Construções Ltda.
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10. Ata nº 33/2008 – Plenário
11. Data da Sessão: 20/8/2008 – Ordinária
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1718-33/08-P
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Aroldo
Cedraz e Raimundo Carreiro.
13.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e André Luís de
Carvalho.
WALTON ALENCAR RODRIGUES VALMIR CAMPELO
Presidente Relator
Fui presente:
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral, em exercício
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GRUPO I – CLASSE V – Plenário
TC-006.045/2008-5 (com 3 anexos; Anexo 1 c/ 4 volumes)
Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras
2008)
Entidade: Departamento de Estradas de Rodagem, Infra-
Estrutura Hidroviária e Aeroportuária – DERACRE.
Interessado: Congresso Nacional
Advogado constituído nos autos: não há
Sumário: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA. FISCOBRAS
2008. OBRAS DE DUPLICAÇÃO DE TRECHO DA RODOVIA
AC-040. INDÍCIOS DE SOBREPREÇO. RETENÇÃO
CAUTELAR DE VALORES. OITIVA DOS RESPONSÁVEIS.
CONTINUIDADE DA OBRA. DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA
À COMISSÃO MISTA DE PLANOS, ORÇAMENTOS
PÚBLICOS E FISCALIZAÇÃO DO CONGRESSO
NACIONAL.
RELATÓRIO
Trata-se de relatório de levantamento de auditoria realizado pela Secex-AC nas obras de
duplicação da rodovia estadual AC-040, do Km 6+500m ao Km 19+060m, com o aporte de recursos
federais repassados mediante convênio celebrado com a Superintendência da Zona Franca de Manaus, PT
22.846.1020.0506.0012.
2. Reproduzo a seguir, os trechos necessários à compreensão dos achados de auditoria, colhidos
do relatório de levantamento lançado pela equipe de fiscalização às fls. 53 a 71:
“3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Demais falhas na execução do convênio
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Outras irregularidades
Tipo - Outras irregularidades na execução do convênio
3.1.2 - Situação encontrada:
Verificou-se o inadimplemento dos recursos de contrapartida do convênio por parte do Estado do
Acre, pois, de acordo com o Plano de Trabalho, a contrapartida deveria ser depositada após decorridos 30
(R$500.000,00), 120 (500.000,00) e 180 (500.000,00) dias da assinatura do ajuste. No entanto, até a
presente data, ou seja, seis meses após a subscrição do convênio, o convenente ainda não depositou
nenhuma parcela, enquanto a concedente já depositou o valor integral a seu cargo, R$15.000.000,00.
3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio 599336, 21/12/2007, Execução do projeto restauração e duplicação da Rodovia AC-40 no
Estado do Acre Governo do Estado do Acre.
3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:
Inobservância do cronograma de desembolso previsto no convênio.
3.1.5 - Critérios:
Convênio 177/2007, Suframa, cláusula Primeira
Lei 8666/1993, art. 116, § 3º
3.1.6 - Evidências:
Extratos da conta corrente do convênio. (folhas 48/49 do Anexo 2 - Principal)
3.1.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
O Sr. Diretor-Geral do Deracre aduz que, apesar de os recursos da Suframa terem sido repassados,
os mesmos encontram-se bloqueados, só podendo ser movimentados, conforme inciso I, da Sub-cláusula
Primeira, da Cláusula Segunda do Convênio, após a apresentação à concedente de uma série de
documentos alusivos ao procedimento licitatório, entre os quais os seguintes: edital de licitação, atas de
julgamento do certame, termos de homologação e adjudicação, propostas de preços dos licitantes e termo de
contrato com as empresas vencedoras.
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Sendo assim, o gestor esclarece que o Deracre só efetuará os depósitos de contrapartida
antecipadamente a cada etapa de desbloqueio por parte da Suframa. (folhas 36/52 do Volume Principal)3.1.8 - Conclusão da equipe:
O cronograma de desembolso constante do plano de trabalho aprovado pela Suframa e que, de
acordo com a Cláusula Primeira do Convênio, faz parte integrante desse ajuste, estabelece que os depósitos
de contrapartida serão feitos em 30 dias (R$500.000,00), 120 dias (R$500.000,00) e em 180 dias
(R$500.000,00) após a subscrição do convênio, enquanto os recursos da convenente seriam depositados 30
dias após a assinatura da avença.
No entanto, decorridos 180 dias da assinatura do Convênio, apenas a Suframa adimpliu com sua
obrigação, enquanto o Estado do Acre encontra-se em mora no cumprimento de suas obrigações financeiras
para com o Convênio nº TT-117/2007, razão pela qual deve-se determinar ao ente federado que, no prazo de
15 (quinze) dias, efetue o depósito dos valores de contrapartida do referido ajuste. Sugere-se, ainda, a
emissão de determinação à Suframa, no sentido de que, nos próximos convênios celebrados com o Governo
do Estado do Acre, exija o cumprimento de todas as cláusulas estabelecidas, em particular no que se refere
ao depósito tempestivo dos recursos de contrapartida.
[...]
3.2 - Sobrepreço - Sobrepreço decorrente de aumento inadequado de quantitativos.
3.2.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Irregularidade grave com retenção cautelar
Tipo - Projeto básico/executivo deficiente ou inexistente
Justificativa - A irregularidade pode ser sanada com determinação.
3.2.2 - Situação encontrada:
Utilização de fator de empolamento de 1,30 para o cálculo das quatidades previstas nos itens 2.7, 3.3,
3.13, 3.14, do orçamento do DERACRE, sendo que as medições de volumes deveriam ser realizadas pelos
volumes de corte (in situ), em conformidade com o disposto no volume 4 do manual de custos rodoviários do
DNIT.
3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Contrato 4.08.081A, Serviços de engenharia para execução das obras de restauração e duplicação da
rodovia AC-040, Trecho km 6+500m ao km 19+060m. JM Terraplanagem e Construcoes Ltda.
Edital 036/2008, 12/02/2008, CONCORRÊNCIA, Execução de serviços de restauração e duplicação
da Rodovia AC-040, trecho: Km 6+500m ao Km 19+060m.
Projeto Básico 23/11/2007, Execução de serviços de restauração e duplicação da Rodovia AC-040-,
trecho: Km-6+500m / Km-19+060m.
[...]
3.2.8 - Esclarecimentos dos responsáveis:
O gestor alega que, para os itens 3.3 e 3.14, foi utilizado o fator de empolamento propriamente dito,
tendo em vista que o solo carregado, transportado e descarregado, foi retirado do seu estado de
compactação natural através da escavação, sendo que esse processo faz com que o índice de vazios no solo
aumente consideravelmente. Para o projeto sob exame, adotou-se 1,30 para relação solo solto "in natura",
sendo este número consagrado entre os projetistas e coerente com a padronização do DNIT para obras
rodoviárias.
Já em relação aos itens 2.7 e 3.13, foi apresentada uma retificação da denominação de “fator de
empolamento” para “fator multiplicador”, assim como os cálculos relativos ao transporte do material
obtido das operações de destocamento e limpeza, a partir das quais, segundo o responsável, remove-se em
média 50cm de camada vegetal.
Dessa forma, considerou-se que o Sicro leva em conta 15cm de camada vegetal e calculou-se o
percentual para uma seção de aterro e outra de corte, somando-as ao final (11,25% + 13%,
respectivamente). Acresceu-se 12% da relação entre densidade dos materiais escavados/aterro, além de 5%
de perda de material ao longo das operações de escavação, carga, transporte, espalhamento
homogeneização e tombamento para execução do aterro. Ao final, alcançou-se, no total, um fator de 1,42, o
que justificaria a utilização de 1,30. O gestor ainda apresenta uma tabela de ensaios de Fator de
Compactação, obtidos na BR-364/AC, na qual a relação densidade in situ/compactado, alcança média de
1,23. (folhas 36/52 do Volume Principal).
3.2.9 - Conclusão da equipe:
No que tange ao item 3.14 (Transporte de material de jazida), correspondente à atividade auxiliar do
SICRO II, 1 A 00 002 91 (Transporte comercial caminhão basculante rodov. pavimentada), da análise do
Manual de Custos Rodoviários do DNIT (Volume 3 – Composição de Custos Unitários, 3ª edição (fls.53 a
54)), constata-se que no cálculo da produção horária para este item é utilizado como fator de carga 1,00, e
fator como de conversão 1,00, uma vez que não é determinada a categoria do material a ser transportado.
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Consultando o Manual de Custos Rodoviários do DNIT (Volume 4 – Composição de Custos Unitários,
3ª edição (fl.7)), verifica-se que para material de 1ª categoria o fator de conversão é de 0,77, e o fator de
carga de 0,90. Tais fatores influenciam diretamente a produção horária (0,77x0,90=0,693). A produção
horária é inversamente proporcional ao Preço Unitário Total (1/0,693=1,443). O Deracre utilizou a
correção das quantidades em 1,30, mas poderia ter utilizado até 1,443, em conformidade com os manuais do
DNIT. O fato de ter corrigido as quantidades ao invés do preço não acarreta modificações no resultado.
Assim, neste item, cabe razão ao gestor.
Quanto ao item 3.3 (Carga, transporte e descarga de material DMT=1Km), correspondente ao item
26290-1N do SINAPI, diante do mesmo contemplar apenas serviços de carga/transporte, bem como a
ausência de discriminação nas composições analíticas do SINAPI, quanto à categoria do material a ser
transportado, optamos pela aceitação do fator de correção adotado pelo Deracre.
Em relação ao item 3.13 (Escav. e carga de material de jazida – Reaterro), correspondente à
atividade auxiliar do SICRO II, 1 A 01 120 91 (Escav. e carga de mater. de jazida (const e restr)), da análise
do Manual de Custos Rodoviários do DNIT (Volume 3 – Composição de Custos Unitários, 3ª edição (fls.97 a
98)), constata-se que no cálculo da produção horária para este item já é utilizado como fator de conversão
0,77. Ou seja, na composição do referido item já é computado o fator de conversão de 1,30 (1/0,77). Assim,
a utilização de novo fator de 1,30 para quantidades enseja em correção inadequada pelo Deracre, pois o
mesmo já foi computado. Destarte, o valor relativo à quantidade deste item deve ser retificado.
Quanto ao item 2.7 (Esc. carga e transp. Mat 1ª C. DMT 3000 a 5000m c/carreg), correspondente à
atividade do SICRO II, 2 S 01 100 20 (Esc. carga tr. mat 1ª c. DMT 3000 a 5000m c/carreg) da análise do
Manual de Custos Rodoviários do DNIT (Volume 4 – Composição de Custos Unitários, 3ª edição (fl.72)),
verifica-se que na composição do mesmo já é utilizado um fator de conversão de 0,77 (1/0,77=1,30). Assim,
não cabe razão ao Deracre em corrigir, novamente, o referido item.
O gestor cita também a necessidade de retirada de camada vegetal. De fato, examinado o Manual do
DNIT supramencionado, em sua fl.11 está descrito: “A remoção e o transporte de material proveniente do
desmatamento, destocamento e limpeza não serão considerados para fins de medição”. No que tange ao
transporte da camada vegetal pretendido, a estimativa de 50cm necessita de comprovação, além de os
cálculos apresentados pelo Deracre apresentarem incorreções de ordem conceitual, haja vista o cômputo de
percentual de área de camada vegetal de corte/aterro na mesma seção (soma dos dois), ou seja, em
duplicidade, bem como aplicação de 12% da relação entre densidade de materiais, já previsto pelo SICRO
II, além de perdas da ordem 5%.
O referido manual do DNIT utiliza relação média de 1,15 entre a densidade do material
compactado/in situ. Assim, o fator utilizado pelo Deracre poderia até ensejar uma correção devido à
diferença de relação entre as densidades compactado/in situ, medidas na obra, que, no caso do ensaio da
BR-364/AC apresentado, alcançou razão da ordem de 1,23, enquanto a relação utilizada pelo SICRO II é de
1,15. Entretanto, para fazer jus à mesma, faz-se necessário um estudo para osmateriais das jazidas a serem
utilizadas na AC-040, uma vez que a mesma encontra-se a uma distância considerável da BR-364/AC, além
da estimativa da repercussão da diferença verificada na relação Densidade in situ/solo solto (caminhão),
esta considerada no fator de conversão da composição do SICRO II.
Denota-se, assim, a inadequação do fator de 1,30 utilizado para o item 2.7, tendo em vista sua
magnitude. Em relação às divergências encontradas nos ensaios da BR-364/AC, relativas à densidade do
material compactado/in situ e os utilizados pelo SICRO II, serão necessários estudos na região onde será
realizada a AC-040, devido à distância entre as mesmas. No que tange a camada vegetal a ser transportada,
faz-se necessário um estudo acerca de sua espessura, bem como a aplicação de uma metodologia de cálculo,
escoimada de incorreções, para estimativa de seu percentual.
Face ao exposto, concluímos pela rejeição dos acréscimos decorrentes da aplicação do “fator
multiplicador” utilizado pelo DERACRE nos itens 2.7 e 3.13, cuja repercussão financeira é da ordem de R$
109.221,73, planilha à fl. 58 (Anexo 2), propondo que seja adotada medida cautelar, com fulcro no art. 276,
do RI/TCU, visando à retenção dos valores relativos ao acréscimo até que essa Corte decida sobre o mérito
da questão, haja vista o risco de ineficácia da decisão de mérito, pois o prazo previsto para execução dos
serviços é de apenas 4 (quatro) meses. Em conseqüência, deve-se determinar a oitiva do Departamento de
Estradas de Rodagem do Estado do Acre – DERACRE, assim como da Superintendência da Zona Franca de
Manaus – SUFRAMA, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, manifestem-se acerca da questão suscitada.
[...]
3.3 - Demais falhas no processo licitatório - parcelamento inadequado do objeto.
3.3.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Outras irregularidades
Tipo - Impropriedades no processo licitatório
3.3.2 - Situação encontrada:
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-006.045/2008-5
Divisão do objeto a ser licitado, estimado inicialmente pelo orçamento do DERACRE em R$
16.500.000,00, em duas concorrências distintas de R$ 15.500.280,03 (que corresponde a cerca de 94% do
valor das obras) e R$ 999.719,97(relativo a 6% do valor do ajuste, sendo esta dividida em dois Lotes: um
para sinalização - R$ 746.663,89 -, e outro para proteção vegetal - R$253.056,08 ), sem a apresentação de
justificativas, prática esta que pode acarretar a perda de economia em escala.
3.3.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Edital 036/2008, 12/02/2008, CONCORRÊNCIA, Execução de serviços de restauração e duplicação
da Rodovia AC-040, trecho: Km 6+500m ao Km 19+060m.
Edital 095/2008, 19/06/2008, CONCORRÊNCIA, Execução de serviços de sinalização vertical e
horizontal e proteção ambiental, na obra de restauração e duplicação da rodovia AC-040, trecho km
6+500m a 19+060m.
Projeto Básico 23/11/2007, Execução de serviços de restauração e duplicação da Rodovia AC-040-,
trecho: Km-6+500m / Km-19+060m.
[...]
3.3.8 - Esclarecimentos dos responsáveis:
O responsável consigna que os §§ 1º, 2º e 7º da lei nº 8.666/93, com as alterações das leis nº 8.883/94
e 9.648/98, dispõem exatamente o contrário do que alega a equipe de analistas, justificando que o Deracre,
ao parcelar os serviços, agiu de acordo com o que dispõe a legislação, não tendo havido qualquer restrição
ao caráter competitivo, tampouco perda de economia de escala.
Registra ainda que, ao efetuar o parcelamento, o Deracre buscou aumentar a competitividade e, por
extensão, aumentar a economia de escala. (folhas 36/52 do Volume Principal).
3.3.9 - Conclusão da equipe:
A base da argumentação apresentada pelo gestor para sustentar a divisão da licitação em dois lotes é
o aumento da competitividade, o que ocasionaria, por via de conseqüência, uma economia de escala. No
entanto, é de difícil assimilação a justificativa do responsável, haja vista que, numa economia de escala, o
aumento dos quantitativos produz a redução dos preços, não se podendo compreender como o parcelamento
das licitações em lotes que representam 94% (Lote 1) e apenas 6% (Lote 2) poderia trazer economia para a
Administração. O mais adequado seria a inclusão dos serviços do Lote 2 também na licitação do Lote 1,
pois, nesse caso, as empresas poderiam oferecer valores menores para aqueles os serviços (Lote 2) no
intuito de vencerem a disputa. Por outro lado, deve-se ter em mente que o fracionamento do objeto a ser
licitado exige que a Administração demonstre a "ampliação das vantagens econômicas para a
Administração por meio da redução das despesas administrativas e da possibilidade de participação de
maior número de interessados", conforme já se decidiu no Acórdão/TCU nº 3.008/2006-P, o que não
ocorreu no caso em análise. Pelo contrário, para a realização de um empreendimento relativamente
simples, mobilizou-se a máquina administrativa, numa duplicidade de esforços, para a realização de dois
procedimentos licitatórios distintos, um representando 94% do objeto final almejado, outro correspondente
a apenas 6% desse objeto.
Não obstante, em se verificando que os preços do orçamento do Lote 2 estão compatíveis com os
sistemas de referência adotados por esta Corte de Contas, não se vislumbra prejuízo financeiro ao erário em
face da irregularidade, mostrando-se conveniente, porém, que seja determinado ao Deracre que, em futuras
licitações que contem com aporte de recursos federais, demonstre a ampliação das vantagens econômicas
para a Administração por meio da redução das despesas administrativas e da possibilidade de participação
de maior número de interessados quando optar pela aplicação do parcelamento previsto no art. 23, §1º, da
Lei nº 8.666/93.
3.4 - Ausência de cadastramento de contrato ou convênio no SIASG - Contrato não cadastrado no
SIASG.
3.4.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Irregularidade grave com recomendação de continuidade
Tipo - Ausência de cadastramento de contrato ou convênio no SIASG
Justificativa - A irregularidade pode ser sanada com determinação.
3.4.2 - Situação encontrada:
De acordo com informações oriundas da SUFRAMA: "No caso de convênio não se procede registro
no SIASG e sim no SIAFI que está cadastrado sob o nº 599336;".
[...]
3.4.8 - Esclarecimentos dos responsáveis:
“(...) esclarecemos que não cabe ao Deracre proceder à inclusão dos referidos Contratos no SIASG”.
(folhas 36/52 do Volume Principal)
3.4.9 - Conclusão da equipe:
Com razão do Diretor-Geral do Deracre, pois compete ao órgão federal concedente a inclusão dos
contratos no SIASG, nos termos do art. 21, caput, da Lei nº 11.514/2007, razão pela qual deve-se determinar
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-006.045/2008-5
à Superintendência da Zona Franca de Manaus que efetue o cadastramento no SIASG de todos os contratos
firmados pelo Deracre com supedâneo no Convênio nº 177/2007.”
4. Como conclusão dos achados acima reproduzidos, foram formuladas as seguintes propostas
de encaminhamento:
“Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-
Relator Valmir Campelo, com a(s) seguinte(s) proposta(s):
Proposta da equipe
Determinação a Órgão/Entidade: Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre:
determinar, cautelarmente, ao Departamento de Estradas e Rodagem do Acre – DERACRE, com
fundamento no art. 45 da Lei nº 8.443/92 e no art. 276 do Regimento Interno deste Tribunal, que, no âmbito
do Contrato nº 4.08.081A, do valor a ser pago à empresa contratada, seja retida, até que o Tribunal decida
sobre o mérito da questão, a importância de R$ 109.221,73 (cento e nove mil, duzentos e vinte e um reais,
setenta e três centavos); PRAZO PARA CUMPRIMENTO: *********
Determinação a Órgão/Entidade: Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre:
determinar a oitiva do Diretor-Geral do Departamento de Estradas e Rodagem do Acre - Deracre, do
Superintendente da Superintendênciada Zona Franca de Manaus - Suframa e da empresa JM
Terraplanagem e Construções Ltda, na pessoa de seu representante legal, a fim de que se pronunciem
acerca da utilização do fator de empolamento de 1,30 no cálculo dos volumes relativos aos itens 2.7 e 3.13,
do orçamento do DERACRE, que serviu de base para a licitação que culminou com a subscrição do
Contrato nº 4.08.081A, em desconformidade com o disposto no volume 4 do manual de custos rodoviários
do DNIT, de acordo com o qual as medições de volumes deveriam ser realizadas pelos volumes de corte (in
situ). PRAZO PARA CUMPRIMENTO: 15 DIAS.
Determinação a Órgão/Entidade: Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre: em
futuras licitações que contem com aporte de recursos federais, demonstre a ampliação das vantagens
econômicas para a Administração por meio da redução das despesas administrativas e da possibilidade de
participação de maior número de interessados quando optar pela aplicação do parcelamento previsto no
art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/93. PRAZO PARA CUMPRIMENTO: *********
Determinação a Órgão/Entidade: SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS -
MDIC:
a) proceda ao cadastramento no SIASG de todos os contratos firmados pelo Deracre com supedâneo
no Convênio nº 177/2007;
b) nos próximos convênios celebrados com o Governo do Estado do Acre, exija o cumprimento de
todas as cláusulas estabelecidas na avença, em particular no que se refere ao depósito tempestivo dos
recursos de contrapartida. PRAZO PARA CUMPRIMENTO: *********
Determinação a Órgão/Entidade: Governo do Estado do Acre: que, no prazo 15 (quinze) dias, efetue
o depósito dos valores de contrapartida relacionados ao Convênio/Suframa nº 177/2007; PRAZO PARA
CUMPRIMENTO: 15 DIAS.”
4. A instância dirigente da unidade técnica manifestou sua concordância com as propostas da
equipe, por meio de despacho exarado à fl. 72.
É o relatório.
VOTO
Em apreciação relatório de levantamento de auditoria realizado pela Secex-AC nas obras de
duplicação da rodovia estadual AC-040, do Km 6+500m ao Km 19+060m, com o aporte de recursos
federais repassados mediante convênio celebrado com a Superintendência da Zona Franca de Manaus.
2. Impende esclarecer que a auditoria foi incluída no Fiscobras 2008 dentre aquelas de cunho
eletivo indicadas pelas secretarias nos estados, em conformidade com o subitem 9.1.2 do Acórdão nº
461/2008-Plenário.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-006.045/2008-5
3. Conforme visto no relatório precedente, quatro constatações foram feitas pela fiscalização,
todas, porém, sem indicação de paralisação da execução física, financeira ou orçamentária do
empreendimento: São elas, em resumo:
1) indício de sobrepreço nos itens 2.7 e 3.13 do orçamento do DERACRE que serviu de base
para a licitação que culminou no Contrato 4.08.081A, firmado com a empresa JM
Terraplanagem e Construções Ltda;
2) suposto parcelamento inadequado dos serviços relacionados à obra em exame;
3) ausência de cadastramento do contrato no SIASG; e
4) ausência do depósito da contrapartida.
4. Desde logo manifesto-me de acordo com as propostas de encaminhamento sugeridas pela
equipe de auditoria, com base nas análises e fundamentos lançados na peça de instrução cujos trechos
pertinentes fiz incorporar ao relatório que antecede este voto.
5. Destaco que, com relação à retenção cautelar de parcela dos valores destinados ao pagamento
dos serviços, entendo estarem presentes os requisitos regimentais do periculum in mora e do fumus boni
juris, tendo em conta a previsão de início iminente das obras e do curto período do prazo de sua execução
(quatro meses), bem como a plausibilidade, em juízo de cognição sumária, do possível sobrepreço
presente nos itens referidos do contrato, conforme analisado pela equipe de auditoria, após a manifestação
do gestor, nos termos que se seguem:
“Em relação ao item 3.13 (Escav. e carga de material de jazida – Reaterro), correspondente à
atividade auxiliar do SICRO II, 1 A 01 120 91 (Escav. e carga de mater. de jazida (const e restr)), da análise
do Manual de Custos Rodoviários do DNIT (Volume 3 – Composição de Custos Unitários, 3ª edição (fls.97 a
98)), constata-se que no cálculo da produção horária para este item já é utilizado como fator de conversão
0,77. Ou seja, na composição do referido item já é computado o fator de conversão de 1,30 (1/0,77). Assim,
a utilização de novo fator de 1,30 para quantidades enseja em correção inadequada pelo Deracre, pois o
mesmo já foi computado. Destarte, o valor relativo à quantidade deste item deve ser retificado.
Quanto ao item 2.7 (Esc. carga e transp. Mat 1ª C. DMT 3000 a 5000m c/carreg), correspondente à
atividade do SICRO II, 2 S 01 100 20 (Esc. carga tr. mat 1ª c. DMT 3000 a 5000m c/carreg) da análise do
Manual de Custos Rodoviários do DNIT (Volume 4 – Composição de Custos Unitários, 3ª edição (fl.72)),
verifica-se que na composição do mesmo já é utilizado um fator de conversão de 0,77 (1/0,77=1,30). Assim,
não cabe razão ao Deracre em corrigir, novamente, o referido item.”
6. Quanto ao perigo de dano inverso, revela-se mínimo, porquanto o valor a ser retido
cautelarmente, no importe de cerca de 110 mil reais, é relativamente pequeno comparado com o valor
total do contrato, de R$ 12.852.190,77.
7. Faço pequeno reparo à proposta da equipe de ouvir também a SUFRAMA, repassadora dos
recursos, com relação à cautelar que vier a ser adotada, caso assim acolha o Plenário. Considero
desnecessário, na fase atual do processo, chamar aos autos a entidade federal, bastando, a meu ver colher
a manifestação do DERACRE e da empresa contratada.
Ante o exposto, Voto por que seja adotado o acórdão que ora submeto à consideração deste
Plenário.
T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 20 de agosto de 2008.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relato