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1 PSICOLOGIA E AUTODESENVOLVIMENTO PSICOLOGIA E AUTODESENVOLVIMENTO Graduação PSICOLOGIA E AUTODESENVOLVIMENTO 15 U N ID A D E 1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA Olá, estamos muito felizes por receber você para cursar a disciplina Psicologia. Nessa unidade, vamos estudar as raízes sócio-históricas da Psicologia, a delimitação do seu objeto de estudo, seus métodos, sistemas e aplicação. Conhecendo um pouco sobre a história da Psicologia fortalecemos a capacidade de entendermos o ser humano e sua complexa rede de processos psíquicos. PORTANTO, NOSSOS OBJETIVOS SÃO: • compreender a evolução sócio-histórica da Psicologia, seu processo de delimitação do seu objeto, refletindo sobre os diferentes contextos históricos que impulsionaram a Psicologia em direção ao seu reconhecimento como ciência. • identificar as principais correntes teóricas no início da Psicologia moderna, suas características e objeto de estudo. PLANO DE UNIDADE: • História da Psicologia • Delimitação de objeto de estudo da Psicologia • Métodos, sistemas e aplicação em Psicologia Bem-vindo à primeira unidade de estudo. Sucesso! UNIDADE 1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA 16 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA. Como nascemos? De onde viemos? Porque somos desse jeito e não de outro? O que, ao longo do nosso processo de desenvolvimento, fez com que sejamos como somos? Porque vivemos conflitos? O que é preciso fazer para ser mais feliz? Como nos relacionamos com a natureza, com a idéia de vida e de morte? E você, já se fez algumas dessas questões? Essas questões povoam o imaginário do ser humano desde tempos remotos. A preocupação com essas questões remonta a própria origem da humanidade. E a Psicologia surge como uma ciência que tenta respondê-las. Pois bem, a Psicologia, como toda produção humana, remete as necessidades de uma determinada cultura, de uma sociedade, portanto para compreendê-la precisamos compreender os diversos períodos da história da humanidade. Os homens do período pré- histórico deixaram marcas de suas preocupações nas paredes das cavernas, por meio das pinturas rupestres. Entretanto, como um corpo de conhecimentos que busca compreender a interioridade humana, a Psicologia nasce e encontra seu apogeu na Grécia Antiga com os filósofos. E muito do saber que temos hoje tem suas raízes nas culturas ocidentais antigas, sobretudo com os gregos, considerando seus avanços na área da arquitetura, agricultura, física e ciências políticas. Pois bem, com tanto avanço no campo das ciências, com a grande expansão territorial, a complexificação da organização social, com o surgimento das primeiras cidades-estados denominadas “polis”, o homem daquela época passa a viver novas necessidades. Como destaca Bock(2002, p.32): “Tais avanços permitiram que o cidadão se ocupasse das coisas do espírito, como a Filosofia e a arte.” Mas o conceito de cidadão daquela época é bem diferente do conceito de nossos dias. Referia-se a um pequeno grupo: homens, brancos, livres, proprietários de terras. Inclusive o termo “Psicologia” deriva de dois termos gregos: psique, que significa “alma” e logos, que significa “estudo”, portanto, etimologicamente, Psicologia significa o “estudo da alma”. Muito embora, o termo só tenha sido usado a partir do século XVI, quando o humanista croata Marko Marulik publicou a obra “A psicologia do pensamento humano”. PSICOLOGIA E AUTODESENVOLVIMENTO 17 Quem nunca ouviu falar em Sócratés, Platão e Aristóteles? Essa tríade de filósofos da Antiguidade Grega influenciou enormemente o nascimento da Psicologia, como campo de conhecimento sistematizado. Sócratés (469-399 a.C.) preocupava-se em definir as diferenças entre o homem e os animais e postulou que é a razão a característica essencialmente humana. Assim, por meio da razão o homem é capaz de dominar seus instintos, fonte de toda irracionalidade. Sócratés conduzia seus discípulos à construção do saber por meio do diálogo, pelo questionamento e proferiu a máxima: “Conhece-te a ti mesmo”, remetendo-se a importância da razão, elemento da essência humana, para fazer brotar os valores que os homens trazem em si e para a compreensão da realidade. Nesse sentido, suas contribuições para a Psicologia são percebidas, sobretudo, no ramo cujo foco é o estudo da consciência. Muito controvertido, foi acusado de desencaminhar os jovens e de desobedecer às leis, às autoridades e aos deuses. Por isso, foi condenado à morte. Outro filósofo importante no trajeto histórico da constituição da Psicologia como ciência foi Platão (427-347 a.C.), que era discípulo de Sócratés e retomou os estudos do mestre, sobretudo sua teoria sobre a “idéia” e afirma que: A idéia é mais do que um conhecimento verdadeiro; ela é o ser mesmo, a realidade verdadeira, absoluta e eterna, existindo fora e além de nós, cujos objetos visíveis são apenas reflexos. (JAPIASSU & MSRCONDES, 1990, P.195) Para explicar tal teoria Platão elabora o “mito da caverna”. Segundo ele, a percepção que temos da vida é, na verdade, apenas imagem. Como se estivéssemos em uma caverna observando as sombras que se formam em suas paredes. Atentos a essas imagens, somos incapazes de nos livrarmos da caverna e de sua falsa realidade. Alcançarmos a realidade, ou conseguir sair da caverna, só seria possível pela razão. Platão traz muitas contribuições para as ciências, desde a física a política, mas foi no campo da fisiologia humana, preocupado em definir o lugar da razão em nosso corpo, que postula que corpo e alma são duas instâncias humanas distintas, sendo que a alma ficaria na cabeça e deveria comandar todas as outras funções humanas. UNIDADE 1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA 18 Discípulo de Platão, Aristóteles (384-322 a.C) foi um filósofo de grande influência no campo do conhecimento científico. Em seus estudos postula que toda a ciência baseia-se na definição e na demonstração. Segundo ele corpo e alma não podem ser dissociados por que a “psyché” é o princípio ativo da vida. Portanto, tudo que tem vida possui uma alma. Aristóteles desenvolve uma teoria interessante quanto ao processo de reprodução humana, especialmente, no que diz respeito à participação da mulher. Como vimos, a participação dos filósofos gregos para a compreensão das grandes questões humanas foi imensa e podemos dizer que “(...)nenhum outro povo da Antiguidade influenciou tão decisivamente nossa civilização ocidental como os gregos.”(CHASSOT, 2004,p.33). Entretanto, a Grécia perde sua independência política em decorrência de lutas e conflitos sucessivos com outros povos, especialmente, os macedônios e, finalmente, com a intervenção romana, que fez da Grécia sua província. Mas, ainda assim, a Grécia continua sendo um grande centro de ciência e cultura. O Império Romano exerceu grande influência na história da civilização ocidental, sendo uma de suas principais características o fortalecimento do cristianismo quando, no século IV, Constantino, imperador romano, reconheceu o cristianismo como religião oficial. Com a hegemonia do ideário Cristão no cenário histórico-social e cultural, os avanços dados em direção ao entendimento do ser humano passaram a estar submetidos aos dogmas religiosos e, então, se estabeleceu um abismo entre a cultura grega, considerada profana, pagã e a doutrina cristã. O período histórico da Idade Média, que compreende os anos de 476, com a queda do Império Romano do Ocidente ao ano de 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos1, também conhecido por “Período das Trevas”, foi marcado pela obscuridade, sobretudo no campo das ciências, tendo em vista que a ciência estava subordinada à fé e, portanto, todo saber estava aprisionadonos grandes templos religiosos. E não era diferente para a Psicologia. Seus estudos refletem a dependência e subordinação religiosa. Nesse período temos as contribuições de Santo Agostinho(354 – 430) que propunha uma reedição das idéias de Platão. Assim, para Santo Agostinho a alma não era somente a sede da razão, como postulava Platão, mas representava o elemento de ligação entre os homens e Deus e, mais, a prova da existência de Deus e, por isso, é imortal. Hegemonia - Preponde- rância de uma cidade, de um país sobre outra cidade ou países ou povos ou de alguém sobre os demais. Renascimento: Nome dado a um movimento cultu- ral italiano e às suas reper- cussões em outros países. Também designa um período histórico, no pressuposto de fatias cronológicas de expe- riência coletiva podem ser proveitosamente descritas em termos de uma conduta intelectual e criativa(...) (HALE, J. R. Dicionário do Renascimento italiano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998,p.208) PSICOLOGIA E AUTODESENVOLVIMENTO 19 As obras de Aristóteles também foram assimiladas, só que no século XIII, por São Tomas de Aquino (1225 – 1274). Esse grande teórico e signatário da ordem cristã viveu um período marcado pelos questionamentos à Igreja e encontrou na teoria aristotélica a justificativa para a relação entre Deus e os homens. Assim, na filosofia tomasiana, o homem, na sua essência, busca a perfeição através da sua existência e somente pela fé em Deus é possível unir essência e existência, em outras palavras, a busca da perfeição, elemento da essência humana, é, para São Tomas de Aquino, a busca de Deus. O período histórico que se inicia em fins da Idade Média, conhecido como período da Revolução Científica (séc. XV – XVI), associado ao Renascimento, é marcado por uma série de mudanças no cenário sócio- histórico da Europa, sobretudo em oposição aos abusos, ao monopólio científico e a ignorância monástica em prol do ressurgimento do humanismo, no entanto sem perder o cunho religioso. Como destaca Mocellin(2004,p.188): Ocorreram mudanças significativas na maneira de encarar o mundo e o ser humano. Enquanto na Idade Média o homem devia se submeter a vontade de Deus, às orientações do clero e ao domínio político da nobreza, os humanistas procuravam valorizar o ser humano em sua individualidade, força e criatividade. A invenção da imprensa, as grandes navegações, a Reforma Protestante golpearam duramente o absolutismo da Igreja, assim como provocaram uma revisão dos conceitos mais arraigados do europeu, como a idéia de que é o centro do mundo, ou seja, da visão eurocêntrica. O contato com outras terras e povos deve ter mudado significativamente a maneira de os homens verem o mundo. Apesar de todo o poder da Igreja Católica, manifestações contrárias a sua dominação começaram a eclodir, refletindo uma nova maneira de entender o homem, suas relações com a natureza e com o próprio homem. O polonês Nicolau Copérnico (1473 – 1543) propôs o heliocentrismo, que foi reafirmado por Galileu Galilei (1564 – 1642), com o auxílio do telescópio criado por ele. Capitalismo - Sistema socioeconômico baseado na predominância do capital so- bre os demais fatores. UNIDADE 1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA 20 Em 1633 Galilei foi preso pela Inquisição, pois sua teoria se opunha a doutrina cristã. Foi torturado e obrigado a negar sua teoria em um discurso de confissão. Insatisfeita com esses movimentos, a Igreja Católica investe no movimento da Contra-reforma e a Inquisição. Importantes personagens da história foram mortos por questionar a legitimidade dos dogmas religiosos. “Penso, logo existo”. Ao pronunciar tal assertiva, o filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado um marco histórico na Psicologia pré-científica, postula o dualismo mente – corpo, sendo mente a instância humana responsável pelo pensamento, que não possui materialidade, ao passo que o corpo era a substância material, sujeito às ações físicas, mecânico e, portanto, o corpo sem a mente é apenas matéria. Com a revolução industrial, impregnada do ideário Iluminista, no começo do século XVII, ocorreram investigações e descobertas que deram origem à ciência moderna e fizeram nascer o mundo contemporâneo. A valorização da razão, da observação, da experimentação e a utilização do raciocínio matémático caracterizaram esse período, como destaca Mocellin, (2004 p.275). O crescimento de uma nova ordem econômica, o capitalismo, novas formas de relações humanas e de se viver o tempo, sobretudo em decorrência da industrialização. Não que isso seja privilégio desse tempo, mas a ciência passa a ocupar-se de produzir conhecimento capaz de responder as demandas sociais da época e nesse caso, do capitalismo. E assim, o trabalho, a produção e a técnica assumem papel central na formação humana. Com as novas exigências do mundo moderno, a Psicologia precisava, para ter o status de ciência, de um objeto de estudo definido e concreto, um corpo teórico que a sustente e procedimentos experimentais definidos, com controle das variáveis. Nesse momento de grande efervescência científica, Augusto Comte sistematiza uma teoria, segundo a qual só tem validade as verdades baseadas na experiência e na observação. Trata-se do Positivismo e que vai servir de base para toda a ciência moderna. Em 1879 Wilhelm Wundt (1832 – 1926) criou, na cidade de Leipzig, na Alemanha, o primeiro laboratório de Psicologia do mundo, onde foram desenvolvidos estudos na área da psicofisiologia. Por isso, Wundt é considerado o fundador da Psicologia Moderna. Segundo Bock (2002, p.26): Esse marco histórico significou o desligamento das idéias psicológicas de idéias abstratas e espirituais, que defendiam a idéia de uma alma nos homens, a qual seria a sede de uma vida psíquica. A Psicologia, portanto, do final do século XIX e início do século XX, se caracteriza por ter incorporado os princípios, legitimados pela sociedade da época, sobre o que significava fazer ciência. Assim, desvincula-se da filosofia e, sobretudo, define seu objeto: o COMPORTAMENTO, que delimita seu campo de abrangência e estabelece critérios metodológicos de estudo. Assim é capaz de formular teorias fundamentadas e construir um corpo teórico capaz de lhe sustentar como área de conhecimento científico. PSICOLOGIA E AUTODESENVOLVIMENTO 21 Portanto, a Psicologia não mais divagava pelo mundo da idéias, como propunha a filosofia, mas, sim, observava o comportamento humano e controlava suas variáveis em laboratórios. Com base nesses critérios começa a se delinear, basicamente, três escolas em Psicologia: 1a Funcionalismo: inaugurada pelo americano William James, que define como objeto de estudo a consciência como elemento fundamental para a adaptação do homem ao meio. Portanto, investiga “o que os homens fazem e por que o fazem”. 2a Estruturalismo: O termo estruturalismo foi cunhado pelo inglês Edward B. Titchner, mas foi Wundt que fundou a segunda escola em Psicologia cujo objeto de estudo também é a consciência, assim como no funcionalismo, mas sob seus aspectos estruturais, ou seja, “os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central”. (Bock,2002.p. 42) 3a Associacionismo: Os teóricos que representam essa abordagem concebiam o processo de aprendizagem como uma relação de associação de idéias. Teve seu início com Thorndike (1874-1949), que formulou a primeira teoria da aprendizagem na Psicologia. Formulou a “Lei do Efeito”, ou seja, todo organismo vivo tende a repetir um determinado comportamento quando recompensado ou inibí-lo se for castigado. Neste caso, a recompensa e o castigo configuram-se como efeitos do comportamento. Essas abordagens se desdobram e se modificame no século XX a Psicologia toma corpo e se sistematiza em três escolas principais: • A gestalt. • O behaviorismo. • A psicanálise. É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Na próxima unidade iremos conhecer mais a fundo as principais características dessas escolas. NOTAS 1 Há ainda estudos que apontam para a descoberta da América em 1492 ou ainda para o surgimento do Renascimento como marcos para o fim da Idade Média.
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