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Temas de Psicologia: entrevista em grupos (José Bleger)

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Teoria e técnica na entrevista
e nos grupos
Ensino Superior Bureau Juridico
Nesta obra! Bleger aborda! do ponto
de vista teórico e técnico! dois temas
fundamentais da psicologia.
Sobre o primeiro! a entrevista
psicológica! é feita uma apresentação
de indicações práticas para sua
realização! um ensaio de
categorização e um estudo dos
aspectos psicológicos da entrevista.
Sobre os grupos! o segundotema! o
autor estuda os grupos operativos no
ensino! O problema do grupo nas
instituições e como instituição e!
finalmente! a administração das
técnicas nos planos de prevenção ou!
em outros termos! a estratégia com
grupos.
José Bleger
TEMAS DE
PSICOLOGIA
Tradução RITA MARIA M. DE MORAES
Revisão LUÍS LORENZO RIVERA
CAPA
Projeto gráfico Alexandre Marlins Fontes
Kalia Harumi Terasaka
Ilustração Rex Design
Martins Fontes
São Paulo 2003
EnsinoSuperior8ureauJ~kl;cô°
Título
original:
TEM
AS
D
E
PSIC
O
LO
G
ÍA
(EN
TREVISTAS
Y
G
RU
PO
S)
C
opyright
by
©
Ediciones
N
ueva
Visión
SAlC
,
Buenos
Aires,
1979
C
opyright
©
1980,
Livraria
M
arfins
Fontes
Editora
Ltda.,
São
Paulo,
para
a
presente
edição.
1"
edição
abril
de
1980
7ª
tiragem
abril
de
1995
2ª
edição
m
aio
de
1998
3ªtiragem
outubro
de
2003
R
evisão
da
tradução
Luis
Loremo
Rivera
R
evisão
gráfica
Rosângela
Ram
os
da
Silva
Produção
gráfica
G
eraldo
Alves
PaginaçãolFotolitos
Studio
3
Desenvolvimento
Editorial
C
apa
Alexandre
M
artins
Fontes
Katia
Harumi
Terasaka
A
entrevista
psicológica
Seu
em
prego
no
diagnóstico
e
na
investigação
Ensaio
de
categorização
da
entrevista
49
G
rupos
operativos
no
ensino
59
O
grupo
com
o
instituição
e
ogrupo
nas
instituições
101
Adm
inistração
dastécnicas
edos
conhecim
entos
degrupo
123
D
ados
Internacionais
de
C
atalogação
na
Pnblieação
(C
IP)
(C
âm
ara
B
rasileira
do
Livro,
8P,
B
rasil)
B
leger,
José
Tem
as
de
psicologia:
entrevista
e
grupos
IJosé
B
leger
;tradução
R
ita
M
aria
M
.
de
M
araes
;revisão
Luis
Lorenzo
R
ivera.
-
2i!ed.
-
São
Paulo:
M
artins
Fontes,
1998.
-
(Psícologia
e
pedagogia)
Índices
para
catálogo
sistem
ático:
1.Psicologia
150
Todos
os
direitos
desta
edição
reservados
à
Livraria
M
arfins
Fontes
Editora
Ltda.
Rua
C
onselheiro
Ram
alho.
330/340
01325-000
São
Paulo
SP
Brasil
Tel.
(lI)
3241.3677
Fax
(lI)
3105.6867
e-m
ail:
info@
m
artinsfontes.com
.br
hltp://w
w
w
.m
artinsfontes.com
.br
A
entrevista
psicológica
Seu
em
prego
no
diagnóstico
ena
investigação
Publicado
pelo
D
epartam
ento
de
Psicologia
da
Faculdade
de
Filosofia
e
Letras.
U
niversidade
de
B
uenos
A
ires,
1964.
A
entrevista
é
um
instrum
ento
fundam
ental
do
m
é-
todo
clínico
e
é,portanto,
um
a
técnica
de
investigação
científica
em
psicologia.
C
om
o
técnica
tem
seus
pró-
prios
procedim
entos
ou
regras
em
píricas
com
os
quais
não
só
se
am
plia
e
severifica
com
o
tam
bém
,ao
m
esm
o
tem
po,
se
aplica
o
conhecim
ento
científico.
C
om
o
ve-
rem
os,essa
dupla
face
da
técnica
tem
especial
gravita-
ção
no
caso
da
entrevista
porque,
entre
outras
razões,
identifica
ou
faz
coexistir
no
psicólogo
as
funções
de
investigador
e
de
profissional,
já
que
a
técnica
é
o
pon-
to
de
interação
entre
a
ciência
e
as
necessidades
práti-
cas;é
assim
que
a
entrevista
alcança
a
aplicação
de
co-
nhecim
entos
científicos
e,ao
m
esm
o
tem
po,obtém
ou
possibilita
levaravida
diária
do
serhum
ano
ao
níveldo
conhecim
ento
e
da
elaboração
científica.
E
tudo
isso
em
um
processo
ininterrupto
de
interação.
A
entrevista
é
um
instrum
ento
m
uito
difundido
e
devem
os
delim
itar
o
seu
alcance,tanto
com
o
o
enqua-
2
Tem
asdepsicologia
A
entrevistapsicológica
3
dram
ento
da
presente
exposição.
A
entrevista
pode
ter
em
seus
m
últiplos
usos
um
a
grande
variedade
de
obje-
tivos,com
o
no
caso
do
jornalista,
chefe
de
em
presa,di-
retor
de
escola,professor,juiz
etc.A
quinos
interessa
a
entrevista
psicológica,
entendida
com
o
aquela
na
qual
sebuscam
objetivospsicológicos
(investigação,diagnós-
tico,terapia,
etc.).D
essa
m
aneira,
nosso
objetivo
fica
lim
itado
ao
estudo
da
entrevista
psicológica,
não
so-
m
ente
para
assinalar
algum
as
das
regras
práticas
que
possibilitam
seu
em
prego
eficaz
e
correto,
com
o
tam
-
bém
para
desenvolver
em
certa
m
edida
o
estudo
psico-
lógico
da
entrevistapsicológica.N
esse
sentido,boa
par-
te
do
que
se
desenvolverá
aqui
pode
ser
utilizado
ou
aplicado
em
todo
tipo
de
entrevista,
porque
em
todas
elas
intervêm
inevitavelm
ente
fatores
ou
dinam
ism
os
psicológicos.
A
entrevista
psicológica,
dessa
m
aneira,
deriva
sua
denom
inação
exclusivam
ente
de
seusobjeti-
vosou
finalidades,
talcom
o
já
assinalei.
N
a
consideração
da
entrevistapsicológica
com
o
téc-
nica,incluím
os
dois
aspectos:um
é
o
das
regras
ou
in-
dicações
práticas
de
sua
execução,e
o
outro
é
a
psico-
logia
da
entrevista
psicológica,
que
fundam
enta
aspri-
m
eiras.Em
outros
term
os,
incluím
os
a
técnica
e
a
teo-
ria
da
técnica
da
entrevista
psicológica.
C
ircunscrita
dessa
m
aneira,
a
entrevista
psicológi-
ca
é
o
instrum
ento
fundam
ental
de
trabalho
não
som
en-
te
para
o
psicólogo,
com
o
tam
bém
para
outros
profis-
sionais
(psiquiatra,assistente
social,sociólogo,etc.).
A
entrevista
pode
ser
de
dois
tipos
fundam
entais:
aberta
e
fechada.N
a
segunda
asperguntas
já
estão
pre-
vistas,assim
com
o
a
ordem
e
am
aneira
de
form
ulá-Ias,
e
o
entrevistador
não
pode
alterar
nenhum
a
destas
dis-
posições.
N
a
entrevista
aberta,pelo
contrário,
o
entre-
vistador
tem
am
pla
liberdade
para
asperguntas
ou
para
suas
intervenções,
perm
itindo-se
toda
a
flexibilidade
necessária
em
cada
caso
particular.A
entrevista
fecha-
da
é,na
realidade,um
questionário
que
passa
a
terum
a
relação
estreita
com
a
entrevista,na
m
edida
em
que
um
a
m
anipulação
de
certos
princípios
e
regras
facilita
epos-
sibilita
a
aplicação
do
questionário.
C
ontudo,
a
entrevista
aberta
não
se
caracteriza
es-
sencialm
ente
pela
liberdade
de
colocar
perguntas,
por-
que,com
o
verem
os
m
ais
adiante,o
fundam
ento
da
en-
trevista
psicológica
não
consiste
em
perguntar,nem
no
propósito
de
recolher
dados
da
história
do
entrevistado.
Em
bora
os
fundam
entos
sejam
apresentados
um
pouco
m
ais
adiante,devem
os
desdejá
sublinhar
que
a
liberda-
de
do
entrevistador,no
caso
da
entrevista
aberta,reside
num
a
flexibilidade
suficiente
para
perm
itir,
nam
edida
do
possível,
que
o
entrevistado
configure
o
cam
po
da
entrevista
segundo
sua
estrutura
psicológica
particular,
ou
-
dito
de
outra
m
aneira
-
que
o
cam
po
da
entrevista
se
configure,
o
m
áxim
o
possível,
pelas
variáveis
que
dependem
da
personalidade
do
entrevistado.
C
onsiderada
dessa
m
aneira,
a
entrevista
aberta
possibilita
um
a
investigação
m
ais
am
pla
e
profunda
da
personalidade
do
entrevistado,
em
bora
a
entrevista
fe-
4----------------
Temas
depsicologia
chada
perm
ita
um
a
m
elhor
com
paração
sistem
ática
de
dados,
além
de
outras
vantagens
próprias
de
todo
m
éto-
do
padronizado.
D
e
outro
ponto
de
vista,
considerando
o
núm
ero
de
participantes,
distingue-se
a
entrevista
em
individual
e
grupal,
segundo
sejam
um
ou
m
ais
os
entrevistadores
e/ou
os
entrevistados.
A
realidade
é
que,
em
todos
os
casos,
a
entrevista
é
sem
pre
um
fenôm
eno
grupal,já
que
m
esm
o
com
a
participação
de
um
só
entrevistado
sua
relação
com
o
entrevistador
deve
ser
considerada
em
função
da
psicologia
e
da
dinâm
ica
de
grupo.
Pode-se
diferenciar
tam
bém
as
entrevistas
segundo
o
beneficiário
do
resultado;
assim
,podem
os
distinguir:
a)
a
entrevista
que
se
realiza
em
beneficio
do
entrevistado
-
que
é
o
caso
da
consulta
psicológica
ou
psiquiátrica;
b)
a
entrevista
cujo
objetivo
é
a
pesquisa,
na
qual
im
portam
os
resultados
científicos;
c)
a
entrevista
que
se
realiza
para
um
terceiro
(um
a
instituição).
C
ada
um
a
delas
im
-
plica
variáveis
distintas
a
serem
levadas
em
conta,já
que
m
odificam
ou
atuam
sobre
a
atitude
do
entrevistador
as-
.
'
SIm
com
o
do
entrevistado,
e
sobre
o
cam
po
total
da
en-
trevista.
U
m
a
diferença
fundam
ental
é
que,
excetuando
o
prim
eiro
tipo
de
entrevista,
os
dois
outros
requerem
que
o
entrevistador
desperte
interesse
e
participação,
que
"m
otive"
o
entrevistado.
Tanto
o
m
étodo
clínico
com
o
a
técnica
da
entrevis-
ta
procedem
do
cam
po
da
m
edicina,
porém
a
prática
m
é-
dica
inclui
procedim
entos
sem
elhantes
que
sem
dúvida
não
devem
ser
confundidos
com
a
entrevista
psicológi-
ca,nem
superpostos
a
ela.
A
consulta
consiste
na
solicitação
da
assistência
téc-
nica
ou
profissional,
que
pode
ser
prestada
ou
satisfeita
de
form
as
diversas,
um
a
das
quais
pode
ser
a
entrevis-
ta.
C
onsulta
não
é
sinônim
o
de
entrevista;
esta
últim
a
é
apenas
um
dos
procedim
entos
de
que
o
técnico
ou
pro-
fissional,
psicólogo
ou
m
édico,
dispõe
para
atender
a
um
a
consulta.
Em
segundo
lugar,
a
entrevista
não
é
um
a
anam
ne-
se.Esta
im
plica
um
a
com
pilação
de
dados
preestabele-
cidos,
de
tal
am
plitude
e
detalhe,
que
perm
ita
obter
um
a
síntese
tanto
da
situação
presente
com
o
da
história
de
um
indivíduo,
de
sua
doença
e
de
sua
saúde.
Em
bora
um
a
boa
anam
nese
se
faça
com
base
na
utilização
cor-
reta
dos
princípios
que
regem
a
entrevista,
esta
últim
a
é,sem
dúvida,
algo
m
uito
diferente.
N
a
anam
nese
a
preo-
cupação
e
a
finalidade
residem
na
com
pilação
de
da-
dos,
e
o
paciente
fica
reduzido
a
um
m
ediador
entre
sua
enferm
idade,
sua
vida
e
seus
dados
por
um
lado,
e
o
m
édico
por
outro.
Se
o
paciente
não
fornece
inform
a-
ções,
elas
devem
ser
"extraídas"
dele.
M
as
além
dos
da-
dos
que
o
m
édico
previu
com
o
necessários,
toda
contri-
buição
do
paciente
é
considerada
com
o
um
a
perturba-
_6
Temas
depsicologia
ção
da
anam
nese,
freqüentem
ente
tolerada
por
corte-
sia,porém
considerada
com
o
supérflua
ou
desnecessá-
ria.
N
ão
são
poucas
as
ocasiões
em
que
a
anam
nese
é
feita
por
razões
estatísticas
ou
para
cum
prir
obrigações
regulam
entares
de
um
a
instituição;
nesses
casos
fica
em
m
ãos
de
pessoal
auxiliar.
D
iferentem
ente
da
consulta
e
da
anam
nese,
a
entre-
vista
psicológica
objetiva
o
estudo
e
a
utilização
do
com
-
portam
ento
total
do
indivíduo
em
todo
o
curso
da
rela-
ção
estabelecida
com
o
técnico,
durante
o
tem
po
em
que
essa
relação
durar.
N
a
prática
m
édica
é
extrem
am
ente
útillevar
em
con-
ta
e
utilizar
os
conhecim
entos
da
técnica
da
entrevista
e
tudo
o
que
se
refere
à
relação
interpessoal.
U
m
a
parte
do
tem
po
de
um
a
consulta
deve
ser
em
pregada
com
o
entre-
vista
e
a
outra
para
com
pletar
a
indagação
ou
os
dados
necessários
para
a
anarnnese,
porém
não
existem
razões
para
que
ela
se
transform
e
em
um
"interrogatório".
A
entrevista
psicológica
é
um
a
relação,
com
carac-
terísticas
particulares,
que
se
estabelece
entre
duas
ou
m
ais
pessoas.
O
específico
ou
particular
dessa
relação
reside
em
que
um
dos
integrantes
é
um
técnico
da
psi-
cologia,
que
deve
atuar
nesse
papel,
e
o
outro
-
ou
os
outros
-
necessita
de
sua
intervenção
técnica.
Porém
-
e
isso
é
um
ponto
fundam
ental-,
o
técnico
não
só
utili-
za
a
entrevista
para
aplicar
seus
conhecim
entos
psico-
lógicos
no
entrevistado,
com
o
tam
bém
essa
aplicação
se
produz
precisam
ente
através
de
seu
próprio
com
por-
tam
ento
no
decorrer
da
entrevista.
A
entrevista
psicoló-
gica
é
então
um
a
relação
entre
duas
ou
m
ais
pessoas
em
que
estas
intervêm
com
o
tais.
Para
sublinhar
o
aspecto
fundam
ental
da
entrevista
poder-se-ia
dizer,
de
outra
m
aneira,
que
ela
consiste
em
um
a
relação
hum
ana
na
qual
um
dos
integrantes
deve
procurar
saber
o
que
está
acontecendo
e
deve
atuar
segundo
esse
conhecim
ento.
A
realização
dos
objetivos
possíveis
da
entrevista
(inves-
tigação,
diagnóstico,
orientação,
etc.)
depende
desse
sa-
ber
e
da
atuação
de
acordo
com
esse
saber.
D
essa
teoria
da
entrevista
originam
-se
algum
as
orien-
tações
para
sua
realização.
A
regra
básica
já
não
consiste
em
obter
dados
com
pletos
da
vida
total
de
um
a
pessoa,
m
as
em
obter
dados
com
pletos
de
seu
com
portam
ento
total
no
decorrer
da
entrevista.
Esse
com
portam
ento
to-
tal
inclui
o
que
recolherem
os
aplicando
nossa
função
de
escutar,porém
tam
bém
nossa
função
de
vivenciar
e
obser-
var,
de
tal
m
aneira
que
ficam
incluídas
as
três
áreas
do
com
portam
ento
do
entrevistado.
A
teoria
da
entrevista
foi
enorm
em
ente
influencia-
da
por
conhecim
entos
provenientes
da
psicanálise,
da
G
estalt,datopologia
e
do
behaviorism
o.
A
inda
que
não
possam
os
selecionar
especificam
ente
a
contribuição
de
cada
um
deles,
convém
assinalar
sum
ariam
ente
que
a
psicanálise
influenciou
com
o
conhecim
ento
da
dim
en-
são
inconsciente
do
com
portam
ento,
da
transferência
e
contratransferência,
da
resistência
e
repressão,
da
pro-
jeção
e
introjeção,
etc.
A
G
estaltreforçou
a
com
preen-
são
da
entrevista
com
o
um
todo
no
qual
o
entrevistador
é
um
de
seus
integrantes,
considerando
o
com
portam
en-
Usuario
Selecionar
to
deste
com
o
um
dos
elem
entos
da
totalidade.
A
topo-
logia
levou
a
delinear
e
reconhecer
o
cam
po
psicológico
e
suas
leis,
assim
com
o
o
enfoque
situaciona1.
O
beha-
viorism
o
influenciou
com
a
im
portância
da
observação
do
com
portam
ento.
Tudo
isso
conduziu
à
possibilidade
de
realizar
a
entrevista
em
condições
m
etodológicas
m
ais
restritas,
convertendo-a
em
instrum
ento
científico
no
qual
a
"arte
da
entrevista"
foireduzida
em
função
de
um
a
sis-
tem
atização
das
variáveis,
e
é
esta
sistem
atização
que
possibilita
um
m
aior
rigor
em
sua
aplicação
e
em
seus
resultados.
Pode-se
ensinar
e
aprender
a
realizar
entre-
vistas
sem
que
se
tenha
de
depender
de
um
dom
ou
virtu-
de
im
ponderáve1.
O
estudo
científico
da
entrevista
(a
pes-
quisa
do
instrum
ento)
tem
reduzido
sua
proporção
de
arte
e
increm
entado
sua
operacionalidade
e
utilização
com
o
técnica
científica.
A
investigação
científica
do
instrum
ento
tem
feito
com
que
a
entrevista
incorpore
algum
as
das
exigências
do
m
étodo
experim
ental;
m
as
tam
bém
faz
com
que
a
entrevista
psicológica,
em
geral,
constitua
um
procedi-
m
ento
de
observação
em
condições
controladas
ou,pe-
lo
m
enos,
em
condições
conhecidas.
D
essa
m
aneira
a,
entrevista
pode
ser
considerada,
em
certa
m
edida,
da
m
esm
a
form
a
que
o
tubo
de
ensaio
para
o
quím
ico,
se-
gundo
um
a
com
paração
feliz
de
Y
oung.
D
essa
teoria
da
técnica
da
entrevista
(que
continua-
rem
os
desenvolvendo)
dependem
as
regras
práticas
ou
em
píricas;
esta
é
a
única
form
a
racional
de
com
preen-
dê-Ias,
aprendê-Ias,
aplicá-Ias
e
enriquecê-Ias.
O
em
penho
em
diferenciar
a
entrevista
da
anam
ne-
se
provém
do
interesse
em
constituir
um
cam
po
com
ca-
racterísticas
definidas,
ideais
para
a
investigação
da
per-
sonalidade.
C
om
o
na
anam
nese,
tem
os,
na
entrevista,
um
cam
po
configurado,
e
com
isso
querem
os
dizer
que
entre
os
participantes
se
estrutura
um
a
relação
da
qual
depende
tudo
que
nela
acontece.
A
diferença
básica,
neste
sentido,
entre
entrevista
e
qualquer
outro
tipo
de
relação
interpes-
soal(com
o
a
anam
nese)
é
que
a
regra
fundam
ental
da
en-
trevista
sob
este
aspecto
é
procurar
fazer
com
que
o
cam
-
po
seja
configurado
especialm
ente
(e
em
seu
m
aior
grau)
pelas
variáveis
que
dependem
do
entrevistado.
A
pesar
de
todo
em
ergente
ser
sem
pre
situacional
ou,
dito
em
outras
palavras,
provir
de
um
cam
po,
dize-
m
os
que
na
entrevista
tal
cam
po
está
determ
inado,
pre-
dom
inantem
ente,
pelas
m
odalidades
da
personalidade
do
entrevistado.
D
e
outra
form
a,
poder-se-ia
dizer
que
o
entrevistador
controla
a
entrevista,
porém
quem
a
dirige
é
o
entrevistado.
A
relação
entre
am
bos
delim
ita
e
determ
ina
o
cam
po
da
entrevista
e
tudo
o
que
nela
acontece,
porém
,
o
entrevistador
deve
perm
itir
que
o
cam
po
da
relação
interpessoal
seja
predom
inantem
ente
estabelecido
e
configurado
pelo
entrevistado.
Todo
ser
hum
ano
tem
sua
personalidade
sistem
ati-
zada
em
um
a
série
de
pautas
ou
em
um
conjunto
ou
re-
pertório
de
possibilidades,
e
são
estas
que
esperam
os
que
atuem
ou
se
exteriorizem
durante
a
entrevista.
A
s-
sim
,
pois,
a
entrevista
funciona
com
o
um
a
situação
em
que
se
observa
parte
da
vida
do
paciente,
que
se
desen-
volve
em
relação
a
nós
e
diante
de
nós.
N
enhum
a
situação
pode
conseguir
a
em
ergência
da
totalidade
do
repertório
de
condutas
de
um
a
pessoa
e,
portanto,
nenhum
a
entrevista
pode
esgotar
a
personali-
dade
do
paciente,
m
as
som
ente
um
segm
ento
dela.A
en-
trevista
não
pode
substituir
nem
excluir
outros
procedi-
m
entos
de
investigação
da
personalidade,
porém
eles
tam
bém
não
podem
prescindir
da
entrevista.
D
e
m
odo
es-
pecífico,
a
entrevista
não
pode
suprir
o
conhecim
ento
e
a
investigação
de
caráter
m
uito
m
ais
extenso
e
profundo
que
se
obtém
,
por
exem
plo,
em
um
tratam
ento
psicanalíti-
co,o
qual,no
decorrer
de
um
tem
po
prolongado,
perm
ite
a
em
ergência
e
a
m
anifestação
dos
núcleos
e
segm
entos
m
ais
diferentes
da
personalidade.
Para
obter
o
cam
po
particular
de
entrevista
que
des-
crevi,devem
os
contar
com
um
enquadram
ento
rígido,que
consiste
em
transform
ar
um
conjunto
de
variáveis
em
constantes.
D
entro
deste
enquadram
ento,
incluem
-se
não
apenas
a
atitude
técnica
e
o
papel
do
entrevistador
tal
com
o
assinalei,
com
o
tam
bém
os
objetivos,
o
lugar
e
o
tem
po
da
entrevista.
O
enquadram
ento
funciona
com
o
um
a
espécie
de
padronização
da
situação
estím
ulo
que
oferecem
os
ao
entrevistador;
com
isso
não
pretendem
os
que
esta
situação
deixe
de
atuar
com
o
estím
ulo
para
ele,
m
as
que
deixe
de
oscilar
com
o
variável
para
o
entrevista-
dor.Se
o
enquadram
ento
se
m
odifica
(por
exem
plo,
por-
que
a
entrevista
se
realiza
em
um
localdiferente),
esta
m
o-
dificação
deve
ser
considerada
com
o
um
a
variável
su-
jeita
a
observação,
tanto
com
o
o
é
o
entrevistado.
C
ada
entrevista
tem
um
contexto
definido
(conjunto
de
cons-
tantes
e
variáveis)
em
função
do
qual
ocorrem
os
em
er-
gentes,
que
só
têm
sentido
em
função
de
tal
contexto!.
O
cam
po
da
entrevista
tam
bém
não
é
fixo
e
sim
dinâ-
m
ico,
o
que
significa
que
ele
está
sujeito
a
um
a
perm
a-
nente
m
udança
e
que
a
observação
se
deve
estender
do
cam
po
específico
existente
em
cada
m
om
ento
à
continui-
dade
e
sentido
destas
m
udanças.
N
a
realidade
poder-se-ia
dizer
que
a
observação
da
continuidade
e
da
contigüidade
das
m
udanças
é
o
que
perm
ite
com
pletar
a
observação
e
inferir
a
estrutura
e
o
sentido
de
cada
cam
po;
responden-
doa
esta
m
odalidade
do
processo
real,
deve-se
dizer
que
o
cam
po
da
entrevista
cobre
a
sua
totalidade,
em
bora
"ca-
da"
cam
po
não
seja
senão
um
m
om
ento
desse
cam
po
to-
tale
da
sua
dinâm
ica
(Gestaltung)2.
U
m
a
sistem
atização
que
perm
ite
o
estudo
detalhado
da
entrevista
com
o
cam
po
consiste
em
centrar
o
estudo
sobre:
a)
o
entrevistador,
incluindo
sua
atitude,
sua
dis-
sociação
instrum
ental,
contratransferência,
identificação
etc.;
b)
o
entrevistado,
incluindo-se
aqui
transferência,
estruturas
de
com
portam
ento,
traços
de
caráter,
ansie-
dades,
defesas
etc.;
c)
a
relação
interpessoal,
na
qual
se
1.C
ontexto
ou
enquadram
ento
foram
estudados
em
J.Eleger,
"Psi-
coaná1isis
dei
enquadre
psicoanalítico",
em
Sim
biosis
e
am
bigüedad,
Pai-
dós,
B
uenos
A
ires,
1967.
2.G
estaltung:
processo
de
form
ação
de
G
estalten.
inclui
a
interação
entre
os
participantes,
o
processo
de
com
unicação
(projeção,
introjeção,
identificação
etc.),
o
problem
a
da
ansiedade,
etc.
Em
bora
não
pretenda
aprofundar
aqui
cada
um
dos
fenôm
enos
assinalados,
porque
isso
abarcaria,
em
grande
parte,
quase
toda
a
psicologia
e
psicopatologia,
estes
aspectos
estão
incluí-
dos
nas
considerações
que
se
seguem
.
vida
atual
que
m
anterão,
entre
si,relação
de
com
plem
en-
tação
ou
de
contradição.
A
s
lacunas,
dissociações
e
contradições
que
indi-
quei
levam
alguns
pesquisadores
a
considerar
a
entre-
vista
com
o
instrum
ento
não
m
uito
confiável.
Sem
dúvi-
da,nesses
casos,
o
instrum
ento
não
faz
m
ais
que
refletir
o
que
corresponde
a
características
do
objeto
de
estudo.
A
s
dissociações
e
contradições
que
observam
os
corres-
pondem
a
dissociações
e
contradições
da
própria
perso-
nalidade
e,
ao
refleti-Ias,
a
entrevista
perm
ite-nos
tra-
balhar
com
elas;
se
elas
serão
trabalhadas
ou
não,
irá
de-
pender
da
intensidade
da
angústia
que
se
pode
provocar
e
da
tolerância
do
entrevistado
a
essa
angústia.
Igual-
m
ente,
os
conflitos
trazidos
pelo
entrevistado
podem
não
ser
os
conflitos
fundam
entais,
assim
com
o
as
m
otiva-
ções
que
alega
são,
geralm
ente,
racionalizações.
A
sim
ulação
perde
o
valor
que
tem
na
anam
nese
co-
m
o
fator
de
perturbação,
já
que
na
entrevista
a
sim
ula-
ção
deve
ser
considerada
com
o
um
a
parte
dissociada
da
personalidade
que
o
entrevistado
não
reconhece
total-
m
ente
com
o
sua.
Pode
acontecer
que
o
m
esm
o
entre-
vistador
ou
diferentes
entrevistadores
recolham
,
em
m
o-
m
entos
diferentes,
partes
distintas
e
ainda
contraditórias
da
m
esm
a
personalidade.
O
s
dados
não
devem
ser
ava-
liados
em
função
de
certo
ou
errado,
m
as
com
o
graus
ou
fenôm
enos
de
dissociação
da
personalidade.
U
m
a
si-
tuação
típica,
e
em
certa
m
edida
inversa
à
que
com
ento,
é
a
do
entrevistado
que
tem
rigidam
ente
organizada
sua
história
e
seu
esquem
a
de
vida
presente,
com
o
m
eio
de
U
m
a
diferença
fundam
ental
entre
entrevista
e
anam
-
nese,
no
que
diz
respeito
à
teoria
da
personalidade
e
à
teoria
da
técnica,
reside
em
que,
na
anam
nese,
trabalha-
se
com
a
suposição
de
que
o
paciente
conhece
sua
vida
e
está
capacitado,
portanto,
para
fornecer
dados
sobre
ela,
enquanto
a
hipótese
da
entrevista
é
que
cada
ser
hu-
m
ano
tem
organizada
um
a
história
de
sua
vida
e
um
es-
quem
a
de
seu
presente,
e
desta
história
e
deste
esquem
a
tem
os
de
deduzir
o
que
ele
não
sabe.
Em
segundo
lu-
gar,
aquilo
que
não
nos
pode
dar
com
o
conhecim
ento
explícito,
nos
é
oferecido
ou
em
erge
através
do
seu
com
-
portam
ento
não-verbal;
e
este
últim
o
pode
inform
ar
so-
bre
sua
história
ou
seu
presente
em
graus
m
uito
variá-
veis
de
coincidência
ou
contradição
com
o
que
expressa
de
m
odo
verbal
e
consciente.
Por
outro
lado
além
disso
,
,
em
diferentes
entrevistas,
o
entrevistado
pode
oferecer-
nos
diferentes
histórias
ou
diferentes
esquem
as
de
sua
defesa
contra
a
penetração
do
entrevistador
e
ao
seu
pró-
prio
contato
com
áreas
de
conflito
de
sua
situação
real
e
de
sua
personalidade;
esse
tipo
de
entrevistado
repete
a
m
esm
a
história
estereotipada
em
diferentes
entrevistas,
seja
com
o
m
esm
o
ou
com
diferentes
entrevistadores.
Q
uando
vários
integrantes
de
um
grupo
ou
instituição
(em
fam
ília,
escola,
fábrica,
etc.)
são
entrevistados,
essas
divergências
e
contradições
são
m
uito
m
ais
freqüentes
e
notórias
e
constituem
dados
m
uito
im
portantes
sobre
co-
m
o
cada
um
de
seus
m
em
bros
organiza,num
a
m
esm
a
rea-
lidade,
um
cam
po
psicológico
que
lhe
é
específico.
A
to-
talidade
nos
dá
um
índice
fiel
do
caráter
do
grupo
ou
da
instituição,
de
suas
tensões
ou
conflitos,
tanto
com
o
de
sua
organização
particular
e
dinâm
ica
psicológica.
D
e
tudo
o
que
foiexposto,
deduz-se
facilm
ente
que
a
técnica
e
sua
teoria
estão
estreitam
ente
entrelaçadas
com
a
teoria
da
personalidade
com
a
qual
se
trabalha;
o
grau
de
interação
que
um
entrevistador
é
capaz
de
conseguir
entre
elas
dá
o
m
odelo
de
sua
operacionalidade
com
o
investiga-
dor.A
entrevista
não
consiste
em
"aplicar"
instruções,
m
as
em
investigar
a
personalidade
do
entrevistado,
ao
m
esm
o
tem
po
que
nossas
teorias
einstrum
entos
de
trabalho.
N
as
ciências
da
natureza,
segundo
o
ponto
de
vista
tradicional,
a
observação
científica
é
objetiva,
no
senti-
do
de
que
o
observador
registra
o
que
ocorre,
os
fenô-
m
enos
que
são
externos
e
independentes
dele,
com
abs-
tração
ou
exclusão
total
de
suas
im
pressões,
sensações,
sentim
entos
e
de
todo
estado
subjetivo;
um
registro
de
tal
tipo
é
o
que
perm
ite
a
verificação
do
observado
por
terceiros
que
podem
reconstruir
as
condições
da
obser-
vação.
N
ão
interessa,
agora,
discutir
a
validade
deste
esquem
a
que
já
se
m
ostrou
estreito
e
ingênuo
tam
bém
para
as
m
esm
as
ciências
naturais.
Interessa-m
e,
em
com
-
pensação,
observar
que
na
entrevista
o
entrevistador
é
parte
do
cam
po,
quer
dizer,
em
certa
m
edida
condiciona
os
fenôm
enos
que
ele
m
esm
o
vai
registrar.
C
oloca-se,
então,
a
questão
da
validade
dos
dados
assim
obtidos.
Talsum
m
um
de
objetividade
na
investigação
não
se
cum
pre
em
nenhum
outro
cam
po
científico,em
enos
ain-
da
em
psicologia,
na
qual
o
objeto
de
estudo
é
o
hom
em
.
Em
com
pensação,
a
m
áxim
a
objetividade
só
pode
ser
alcançada
quando
se
incorpora
o
sujeito
observador
co-
m
o
um
a
das
variáveis
do
cam
po.
Se
o
observador
está
condicionando
o
fenôm
eno
que
observa,
pode-se
objetar
que,
neste
caso,
não
estam
os
estudando
o
fenôm
eno
tal
com
o
ele
é,m
as
sim
em
rela-
ção
com
a
nossa
presença,
e,
assim
,
já
não
se
faz
um
a
observação
em
condições
naturais.
A
isso
se
pode
responder,
de
m
odo
global,
dizendo
que
esse
tipo
de
objeção
não
é
válido,
porque
se
baseia
em
um
a
quantidade
de
pressuposições
incorretas.
V
eja-
m
os
algum
as
dessas
pressuposições.
o
que
se
quer
dizer
com
a
expressão
"observação
em
condições
naturais"?
C
ertam
ente,
refere-se
aum
a
observa-
ção
realizada
nas
m
esm
as
condições
em
que
se
dá
real-
m
ente
o
fenôm
eno.
A
s
considerações
ontológicas
super-
põem
-se
àsde
tipo
gnosiológico;
nas
prim
eiras
adm
ite-se
a
existência
de
um
m
undo
objetivo,
que
existe
por
si,inde-
pendentem
ente
de
que
o
conheçam
os
ou
não.
Já
nas
se-
gundas
som
os
nós
que
conhecem
os,
e
por
isso
tem
os
de
nos
incluir
necessariam
ente
no
processo
do
conhecim
ento,
talcom
o
ocorre
na
realidade.
Esta
segunda
afirm
ação
não
invalida
de
nenhum
a
m
aneira
a
prim
eira,porque
am
bas
se
referem
a
coisas
diferentes:
um
a,
à
existência
dos
fenôm
e-
nos,e
outra,ao
conhecim
ento
que
delesse
obtém
.
M
as,
além
disso,
as
condições
naturais
da
conduta
hum
ana
são
as
condições
hum
anas
...Toda
conduta
se
dá
sem
pre
num
contexto
de
vínculos
e
relações
hum
a-
nas,
e
a
entrevista
não
é
um
a
distorção
das
pretendidas
condições
naturais
e
sim
o
contrário:
a
entrevista
é
a
situação
"natural"
em
que
se
dá
o
fenôm
eno
que,
preci-
sam
ente,
nos
interessa
estudar:
o
fenôm
eno
psicológi-
co.D
esta
m
aneira
o
enfoque
ontológico
e
gnosiológico
coincidem
e
são
a
m
esm
a
coisa.
Poder-se-á
insistir,
ainda,
em
que
a
entrevista
não
tem
validade
de
instrum
ento
científico
porque
as
m
ani-
festações
do
objeto
que
estudam
os
dependem
,
nesse
caso,
da
relação
que
se
estabeleça
com
o
entrevistador,
e
portanto
todos
os
fenôm
enos
que
aparecem
estão
con-
dicionados
por
essa
relação.
Esse
tipo
de
objeção
deriva
de
um
a
concepção
m
etafisica
do
m
undo:
o
supor
que
ca-
da
objeto
tem
qualidades
que
dependem
de
sua
natureza
interna
própria
e
que
determ
inadas
relações
m
odificam
ou
subvertem
essa
pureza
ontológica
ou
essas
qualida-
des
naturais.
O
certo
é
que
as
qualidades
de
todo
objeto
são
sem
pre
relacionais;
derivam
das
condições
e
rela-
ções
nas
quais
se
acha
cada
objeto
em
cada
m
om
ento.
C
ada
situação
hum
ana
é
sem
pre
original
e
única,
portanto
a
entrevista
tam
bém
o
é,porém
isso
não
rege
som
ente
os
fenôm
enos
hum
anos
com
o
tam
bém
os
fe-
nôm
enos
da
natureza:
coisa
que
H
eráclito
já
sabia.
Essa
originalidade
de
cada
acontecim
ento
não
im
pede
o
es-
tabelecim
ento
de
constantes
gerais,
quer
dizer,
das
con-
dições
que
se
repetem
com
m
ais
freqüência.
O
indivi-
dual
não
exclui
o
geral,
nem
a
possibilidade
de
introdu-
zir
a
abstração
e
categorias
de
análise.
.
I~s?
se
opõ~
a
um
.narcisism
o
subjacente
ao
cam
po
c~ent1fIco
da
pSIcologIa:
cada
ser
hum
ano
considera
a
SIm
esm
o
com
o
um
ser
distinto
e
único,
resultado
de
um
a
diferença
particular
(de
D
eus,
do
destino
ou
da
na-
tureza).
O
ser
hum
ano
descobre
paulatinam
ente,
e
com
assom
bro,
que
tem
as
m
esm
as
vísceras
que
seus
sem
e-
lhantes,
assim
com
o
descobre
(ou
resiste
a
descobrir)
que
sua
vida
pessoal
se
tece
sobre
um
fundo
com
um
a
todos
os
seres
hum
anos.
N
o
caso
da
entrevista
isso
não
.
'
V
Igora
apenas
para
o
narcisism
o
do
entrevistado
com
o
tam
bém
para
o
do
entrevistador,
que
tam
bém
deve
as-
sum
ir
a
sua
condição
hum
ana
e
não
se
sentir
acim
a
do
entrevistado
ou
em
situação
privilegiada
diante
dele.
E
isso,
que
é
fácil
dizer,
não
é
nada
fácil
realizar.
U
m
a
certa
concepção
aristocrática
ou
m
onopolista
da
ciência
tem
feito
supor
que
a
investigação
é
tarefa
de
eleitos
que
estão
acim
a
ou
além
dos
fatos
cotidianos
e
com
uns.
A
ssim
,
a
entrevista
é,
nesta
concepção,
um
instrum
ento
ou
um
a
técnica
da
"prática"
com
a
qual
se
pretende
diagnosticar,
isto
é,aplicar
conhecim
entos
cien-
tíficos
que,
em
si
m
esm
os,
são
provenientes
de
outras
fontes:
a
investigação
científica.
O
certo
é
que
não
há
possibilidade
de
um
a
entrevis-
ta
correta
e
frutífera
se
não
se
incluir
a
investigação.
Em
outros
term
os,
a
entrevista
é
um
cam
po
de
trabalho
no
qual
se
investiga
a
conduta
e
a
personalidade
de
seres
hum
anos.
Q
ue
isto
se
realize
ou
não,
é
coisa
que
já
não
depende
do
instrum
ento,
do
m
esm
o
m
odo
com
o
não
in-
validam
os
ou
duvidam
os
do
m
étodo
experim
ental
pelo
fato
de
que
um
investigador
possa
utilizar
o
laboratório
sem
se
ater
às
exigências
do
m
étodo
experim
ental.
U
m
a
utilização
correta
da
entrevista
integra
na
m
esm
a
pes-
soa
e
no
m
esm
o
ato
o
profissional
e
o
pesquisador.
A
chave
fundam
ental
da
entrevista
está
na
investiga-
ção
que
se
realiza
durante
o
seu
transcurso.
A
s
obser-
vações
são
sem
pre
registradas
em
função
de
hipóteses
que
o
observador
vai
em
itindo.
Esclareçam
os
m
elhor
o
que
se
quer
dizer
com
isso.
A
firm
a-se,
geralm
ente
de
m
aneira
m
uito
form
al,
que
a
investigação
consta
de
eta-
pas
nítidas
e
sucessivas
que
se
escalonam
,
um
a
após
a
outra,
na
seguinte
ordem
:
prim
eiro
intervém
a
observa-
ção,
depois
a
hipótese
e
posteriorm
ente
a
verificação.
O
certo,
contudo,
é
que
a
observação
se
realiza
sem
pre
em
função
de
certos
pressupostos
e
que,
quando
estes
são
conscientes
e
utilizados
com
o
tais,
a
observação
se
enriquece.
A
ssim
,
a
form
a
de
observar
bem
é
ir
form
u-
lando
hipóteses
enquanto
se
observa,
e
durante
a
entre-
vista
verificar
eretificar
ashipóteses
no
m
om
ento
m
esm
o
em
que
ocorrem
em
função
das
observações
subseqüen-
tes,
que
por
sua
vez
se
enriquecem
comas
hipóteses
prévias.
O
bservar,
pensar
e
im
aginar
coincidem
total-
m
ente
e
form
am
parte
de
um
só
e
único
processo
dialé-
tico.
Q
uem
não
utiliza
a
sua
fantasia
poderá
serum
bom
verificador
de
dados,
porém
nunca
um
investigador.
Em
todas
as
ações
hum
anas,
deve-se
pensar
sobre
o
que
se
está
fazendo
e,quando
isso
acontece
sistem
atica-
m
ente
em
um
cam
po
de
trabalho
definido,
subm
etendo-
se
à
verificação
o
que
se
pensou,
está
sendo
realizada
um
a
investigação.
O
trabalho
profissional
do
psicólogo,
do
psiquiatra
e
do
m
édico
som
ente
adquire
sua
real
en-
vergadura
e
transcendência
quando
nele
coincide
a
inves-
tigação
e
a
tarefa
profissional,
porque
estas
são
as
uni-
dades
de
um
a
práxis
que
resguarda
da
desum
anização
a
tarefa
m
ais
hum
ana:
com
preender
e
ajudar
outros
seres
hum
anos.
Indagação
e
atuação,
teoria
e
prática,
devem
ser
m
anejadas
com
o
m
om
entos
inseparáveis,
form
an-
do
parte
de
um
só
processo.
C
om
freqüência,
alega-se
falta
de
tem
po
para
realizar
entrevistas
exaustivas
(ou
corretas).
A
conselho
reali-
zar
bem
pelo
m
enos
um
a
entrevista,
periódica
e
regular-
_2_0
Temas
depsicologia
vista,
o
entrevistador
observa
com
o
e
através
do
que
o
entrevistado
condiciona,
sem
o
saber,
efeitos
dos
quais
ele
m
esm
o
se
queixa
ou
é
vítim
a.
Interessam
particular-
m
ente
os
m
om
entos
de
m
udança
na
com
unicação
e
as
situações
e
tem
as
ante
os
quais
ocorrem
,
assim
com
o
as
inibições,
interceptações
e
bloqueios.
R
uesch
estabeleceu
um
a
classificação
da
persona-
lidade
baseada
nos
sistem
as
predom
inantes
que
cada
indivíduo
põe
em
jogo
na
com
unicação.
Porém
,
o
tipo
de
com
unicação
não
é
im
portante
ape-
nas
por
oferecer
dados
de
observação
direta
que,
inclu-
sive,
podem
ser
registrados,
m
as
porque
é
o
fenôm
eno-
chave
de
toda
a
relação
interpessoal,
que,
por
sua
vez,
pode
ser
m
anipulado
pelo
entrevistador
e,
assim
,
gra-
duar
ou
orientar
a
entrevista.
m
ente:
descobrir-se-á,
rapidam
ente,
com
o
é
útil
não
ter
tem
po
e
com
o
é
fácilracionalizar
enegar
as
dificuldades.
Entrevistador
e
entrevistado
form
am
um
grupo,
ou
seja,um
conjunto
ou
um
a
totalidade,
na
qual
os
integran-
tes
estão
inter-relacionados
e
em
que
a
conduta
de
am
bos
é
interdependente.
D
iferencia-se
de
outros
grupos
pelo
fato
de
que
um
de
seus
integrantes
assum
e
um
papel
es-
pecífico
e
tende
a
cum
prir
determ
inados
objetivos.
A
interdependência
e
a
inter-relação,
o
condicio-
nam
ento
recíproco
de
suas
respectivas
condutas,
reali-
zam
-se
através
do
processo
da
com
unicação,
entenden-
do-se
por
isso
o
fato
de
que
a
conduta
de
um
(conscien-
te
ou
não)
atua
(de
form
a
intencional
ou
não)
com
o
estím
ulo
para
a
conduta
do
outro,
que
por
sua
vez
rea-
tua
com
o
estím
ulo
para
as
m
anifestações
do
prim
eiro.
N
esse
processo,
a
palavra
tem
um
papel
de
enorm
e
gra-
vitação,
no
entanto
tam
bém
a
com
unicação
pré-verbal
intervém
ativam
ente:
atitudes,
tim
bre
e
tonalidade
afe-
tiva
da
voz
etc.
O
tipo
de
com
unicação
que
se
estabelece
é
alta-
m
ente
significativo
da
personalidade
do
entrevistado,
especialm
ente
do
caráter
de
suas
relações
interpessoais,
ou
seja,
da
m
odalidade
do
seu
relacionam
ento
com
seus
sem
elhantes.
N
esse
processo
que
se
produz
na
entre-
N
a
relação
que
se
estabelece
na
entrevista,
deve-se
contar
com
dois
fenôm
enos
altam
ente
significativos:
a
transferência
e
a
contratransferência.
A
prim
eira
refere-se
à
atualização,
na
entrevista,
de
sentim
entos,
atitudes
e
con-
dutas
inconscientes,
por
parte
do
entrevistado,
que
corres-
pondem
a
m
odelos
que
este
estabeleceu
no
curso
do
de-
senvolvim
ento,
especialm
ente
na
relação
interpessoal
com
seu
m
eio
fam
iliar.D
istingue-se
a
transferência
negativa
da
positiva,
porém
am
bas
coexistem
sem
pre,
em
bora
com
um
predom
ínio
relativo,
estável
ou
alternante,
de
um
a
so-
bre
a
outra.Integram
aparte
irracional
ou
inconsciente
da
conduta
e
constituem
aspectos
não
controlados
pelo
pa-
ciente.
U
m
a
outra
noção
sim
ilar
acentua,
na
transferên-
cia,
as
atitudes
afetivas
que
o
entrevistado
vivencia
ou
atualiza
em
relação
ao
entrevistador.
A
observação
des-
ses
fenôm
enos
coloca-nos
em
contato
com
aspectos
da
conduta
e
da
personalidade
do
entrevistado
que
não
se
incluem
entre
os
elem
entos
que
ele
pode
referir
ou
trazer
voluntária
ou
conscientem
ente,
m
as
que
acrescentam
um
a
dim
ensão
im
portante
ao
conhecim
ento
da
estrutura
de
sua
personalidade
e
ao
caráter
de
seus
conflitos.
N
a
transferência
o
entrevistado
atribui
papéis
ao
en-
trevistador
e
com
porta-se
em
função
deles.
Em
outros
term
os,
transfere
situações
e
m
odelos
para
um
a
realida-
de
presente
e
desconhecida,
e
tende
a
configurá-Ia
co-
m
o
situação
já
conhecida,
repetitiva.
C
om
a
transferência
o
entrevistado
fornece
aspec-
tos
irracionais
ou
im
aturos
de
sua
personalidade,
seu
grau
de
dependência,
sua
onipotência
e
seu
pensam
en-
to
m
ágico.
É
neles
que
o
entrevistador
poderá
descobrir
aquilo
que
o
entrevistado
espera
dele,
sua
fantasia
da
entrevista,
sua
fantasia
de
ajuda,
ou
seja,
o
que
acredita
que
é
ser
ajudado
e
estar
são,
incluídas
as
fantasias
pa-
tológicas
de
cura,
que
são,
com
m
uita
freqüência,
aspi-
rações
neuróticas.
Poder-se-á
igualm
ente
despistar
outro
fator
im
portante,
que
é
o
da
resistência
à
entrevista
ou
o
de
ser
ajudado
ou
curado,
e
a
intenção
de
satisfazer
desejos
frustrados
de
dependência
ou
de
proteção.
N
a
contratransferência
incluem
-se
todos
os
fenô-
m
enos
que
aparecem
no
entrevistador
com
o
em
ergen-
tes
do
cam
po
psicológico
que
se
configura
na
entrevis-
ta:
são
as
respostas
do
entrevistador
às
m
anifestações
do
entrevistado,
o
efeito
que
têm
sobre
eles.
D
ependem
em
alto
grau
da
história
pessoal
do
entrevistador,
porém
,
se
elas
aparecem
ou
se
atualizam
em
um
dado
m
om
ento
da
entrevista
é
porque
nesse
m
om
ento
existem
fatores
que
agem
para
que
isso
aconteça.
D
urante
m
uito
tem
po
foram
considerados
com
o
elem
entos
perturbadores
da
entrevista,
porém
progressivam
ente
reconheceu-se
que
são
indefectíveis
e
iniludíveis
em
seu
aparecimento,
e
o
entrevistador
deve
tam
bém
registrá-Ios
com
o
em
ergen-
tes
da
situação
presente
e
das
reações
que
o
entrevista-
do
provoca.
Portanto,
à
observação
na
entrevista
acres-
centa-se
tam
bém
a
auto-observação.
A
contratransferência
não
constitui
um
a
percepção,
em
sentido
rigoroso
ou
lim
itado
do
term
o,
m
as
sim
um
indício
de
grande
significação
e
valor
para
orientar
o
entrevistador
no
estudo
que
realiza.
N
o
entanto,
não
é
de
fácil
m
anejo
e
requer
um
a
boa
preparação,
experiên-
cia
e
um
alto
grau
de
equilíbrio
m
ental,
para
que
possa
ser
utilizada
com
algum
a
validade
e
eficiência.
Transferência
e
contratransferência
são
fenôm
enos
que
aparecem
em
toda
relação
interpessoal
e,por
isso
m
esm
o,
tam
bém
ocorrem
na
entrevista.
A
diferença
é
que
na
entrevista
devem
ser
utilizados
com
o
instrum
en-
tos
técnicos
de
observação
e
com
preensão.
A
interação
transferência-contratransferência
pode
tam
bém
serestu-
25
A
entrevista
psicológica
~
dada
com
o
um
a
atribuição
de
papéis
por
parte
do
entre-
vistado
e
um
a
percepção
deles
por
parte
do
entrevista-
dor.
Se,
por
exem
plo,
a
atitude
do
entrevistado
irrita
e
provoca
rejeição
no
entrevistador,
ele
deve
procurar
es-
tudar
e
observar
sua
reação
com
o
efeito
do
com
porta-
m
ento
do
entrevistado,
para
ajudá-Io
a
corrigir
aquela
conduta
de
cujos
resultados
ele
m
esm
o
pode
queixar-
,
.
se
(por
exem
plo,
de
que
não
tem
am
igos
e
de
que
m
n-
guém
gosta
dele).
Se
o
entrevistador
não
for
capaz
de
objetivar
e
estudar
sua
reação,
ou
reagir
com
irritação
e
rejeição
(assum
indo
o
papel
projetado),
indicará
que
a
m
anipulação
que
faz
da
contratransferência
está
pertur-
bada
e
que,portanto,
está
se
saindo
m
alna
entrevista.
A
ansiedade
constitui
um
indicador
do
desenvolvi-
m
ento
de
um
a
entrevista
e
deve
ser
atentam
ente
acom
pa-
nhada
pelo
entrevistador,
tanto
a
que
se
produz
nele
co-
m
o
a
que
aparece
no
entrevistado.
D
eve-se
estar
atento
não
som
ente
ao
seu
aparecim
ento
com
o
tam
bém
ao
seu
grau
ou
intensidade,
porque,
em
bora
dentro
de
determ
i-
nados
lim
ites
a
ansiedade
seja
um
agente
m
otor
da
re-
lação
interpessoal,
pode
perturbá-Ia
totalm
ente
e
fugir
com
pletam
ente
ao
controle
se
ultrapassar
certo
nível.
Por
isso
o
lim
ite
de
tolerância
à
ansiedade
deve
ser
perm
a-
,
nentem
ente
detectado.
Se
entrevistado
e
entrevistador
defrontarem
com
um
a
situação
desconhecida
ante
a
qual
ainda
não
estabilizaram
linhas
reacionais
adequadas,
e
essa
situação
não
organizada
im
plicar
certa
desorgani-
zação
da
personalidade
de
cada
um
dos
participantes,
tal
desorganização
é
a
ansiedade.
O
entrevistado
solicita
ajuda
técnica
ou
profissio-
nal
quando
sente
ansiedade
ou
se
vê
perturbado
por
m
e-
canism
os
defensivos
diante
dela.
D
urante
a
entrevista
tanto
sua
ansiedade
com
o
seus
m
ecanism
os
de
defesa
podem
aum
entar,
porque
o
desconhecido
que
enfrenta
não
é
som
ente
a
situação
externa
nova,
m
as
tam
bém
o
perigo
daquilo
que
desconhece
em
sua
própria
perso-
nalidade.
Se
esses
fatores
não
se
apresentam
,
faz
parte
da
função
do
entrevistador
m
otivar
o
entrevistado,
con-
seguir
que
apareçam
em
um
a
certa
m
edida
na
entrevis-
ta.
Em
alguns
casos,
a
ansiedade
acha-se
delegada
ou
projetada
em
outra
pessoa,
que
é
quem
solicita
a
entre-
vista
e
m
anifesta
interesse
em
que
ela
se
realize.
A
ansiedade
do
entrevistador
é
um
dos
fatores
m
ais
dificeis
de
m
anipular,
porque
é
o
m
otor
do
interesse
na
investigação
e
do
interesse
em
penetrar
no
desconheci-
do.
Toda
investigação
im
plica
a
presença
de
ansiedade
diante
do
desconhecido,
e
o
investigador
deve
ter
capa-
cidade
para
tolerá-Ia
e
poder
instrum
entalizá-Ia,
sem
o
que
se
fecha
a
possibilidade
de
um
a
investigação
eficaz;
isso
ocorre
tam
bém
quando
o
investigador
se
vê
opri-
m
ido
pela
ansiedade
ou
recorre
a
m
ecanism
os
de
defe-
sa
ante
ela
(racionalização,
form
alism
o,
etc.).
que
o
objeto
que
deve
estudar
é
outro
ser
hum
ano
de
tal
,
m
aneira
que,
ao
exam
inar
a
vida
dos
dem
ais,
se
acha
di-
retam
ente
im
plicada
a
revisão
e
o
exam
e
de
sua
própria
vida,
de
sua
personalidade,
conflitos
e
frustrações.
A
vida
e
a
vocação
de
psicólogo,
de
m
édico
e
de
psi-
quiatra
m
erecem
um
estudo
detalhado
que
não
em
preen-
derei
agora;
quero,
porém
,
lem
brar
que
são
os
técnicos
encarregados
profissionalm
ente
de
estar
todos
os
dias
em
contato
estreito
e
direto
com
o
subm
undo
da
doença,
dos
conflitos,
da
destruição
e
da
m
orte.
Foi
necessário
recorrer
à
sim
ulação
e
à
dissociação
para
o
desenvolvi-
m
ento
e
exercício
da
psicologia
e
da
m
edicina:
ocupar-
se
de
seres
hum
anos
com
o
se
não
o
fossem
.
O
treina-
m
ento
do
m
édico,
inconsciente
e
defensivam
ente
tende
,
a
isto,
ao
iniciar
toda
aprendizagem
pelo
contato
com
o
cadáver.
Q
uando
querem
os
nos
ocupar
da
doença
em
seres
hum
anos
considerados
com
o
tal,
nossas
ansieda-
des
aum
entam
,
m
as,
ao
m
esm
o
tem
po,
precisam
os
pôr
de
lado
o
bloqueio
e
as
defesas.
Por
tudo
isto
a
psicolo-
gia
dem
orou
tanto
para
se
desenvolver
e
infiltrar-se
na
m
edicina
e
na
psiquiatria.
Isso
seria
paradoxal
se
não
considerássem
os
os
processos
defensivos;
porém
,
o
m
édico,
cuja
profissão
é
tratar
doentes,
é
quem
,
propor-
cionalm
ente,
m
ais
escotom
iza
ou
nega
suas
próprias
doenças
ou
as
de
seus
fam
iliares.
Em
psiquiatria,
em
m
edicina
psicossom
ática
e
em
psicologia,
tudo
isto
já
não
é
possível;
o
contato
direto
com
seres
hum
anos
co-
,
m
o
tais,
coloca
o
técnico
diante
da
sua
própria
vida,
sua
própria
saúde
ou
doença,
seus
próprios
conflitos
e
frus-
D
iante
da
ansiedade
do
entrevistado,
não
se
deve
re-
correr
a
nenhum
procedim
ento
que
a
dissim
ule
ou
repri-
m
a,
com
o
o
apoio
direto
ou
o
conselho.
A
ansiedade
so-
m
ente
deve
ser
trabalhada
quando
se
com
preende
os
fa-
tores
pelos
quais
ela
aparece
e
quando
se
atua
segundo
essa
com
preensão.
Se
o
que
predom
ina
são
os
m
ecanis-
m
os
de
defesa
diante
dela,
a
tarefa
do
entrevistador
é
"desarm
ar"
em
certa
m
edida
estas
defesas
para
que
apa-reça
certo
grau
de
ansiedade,
o
que
será
um
indicador
da
possibilidade
de
atualização
dos
conflitos.
Toda
essa
m
a-
nipulação
técnica
da
ansiedade
deve
ser
feita
tendo-se
sem
pre
em
conta
a
personalidade
do
entrevistado
e,so-
bretudo,
o
beneficio
que
para
ele
pode
significar
a
m
obi-
lização
da
ansiedade,
de
talform
a
que,m
esm
o
diante
de
situações
m
uito
claras,
não
se
deve
ser
ativo
se
isso
sig-
nificar
oprim
ir
o
entrevistado
com
conflitos
que
não
po-
derá
tolerar.
Isso
corresponde
a
um
aspecto
m
uito
dificil:
o
do
denom
inado
tim
ing
da
entrevista,
que
é
o
tem
po
próprio
ou
pessoal
do
entrevistado
-
que
depende
do
grau
e
tipo
de
organização
de
sua
personalidade
-
para
enfrentar
seus
conflitos
e
para
resolvê-Ios.
O
instrum
ento
de
trabalho
do
entrevistador
é
ele
m
esm
o,
sua
própria
personalidade,
que
participa
inevi-
tavelm
ente
da
relação
interpessoal,
com
a
agravante
de
trações.
C
aso
ele
não
consiga
graduar
este
im
pacto,
sua
tarefa
torna-se
im
possível:
ou
tem
m
uita
ansiedade
e,
então,
não
pode
atuar,
ou
bloqueia
a
ansiedade
e
sua
tarefa
é
estéril.
N
a
sua
atuação,
o
entrevistador
deve
estar
dissocia-
do:em
parte,
atuar
com
um
a
identificação
projetiva
com
o
entrevistado
e,em
parte,
perm
anecer
fora
desta
iden-
tificação,
observando
e
controlando
o
que
ocorre,
de
m
a-
neira
a
graduar
o
im
pacto
em
ocional
e
a
desorganização
ansiosa.
N
esse
sentido,
seria
necessário
desenvolver
es-
tudos
tanto
sobre
a
psicologia
e
a
psicopatologia
do
psi-
quiatra
e
do
psicólogo,
com
o
sobre
o
problem
a
de
sua
form
ação
profissional
e
de
seu
equilíbrio
m
ental.
Essa
dissociação
com
que
o
entrevistador
trabalha
é,
por
sua
vez,funcional
ou
dinâm
ica,
no
sentido
de
que
pro-
jeção
e
introjeção
devem
atuar
perm
anentem
ente,
e
deve
ser
suficientem
ente
plástica
ou
"porosa"
para
que
possa
perm
anecer
nos
lim
ites
de
um
a
atitude
profissionaL
Em
sua
tarefa,
o
psicólogo
pode
oscilar
facilm
ente
entre
a
an-
siedade
e
o
bloqueio,
sem
que
isto
a
perturbe,
desde
que
possa
resolver
am
bos
na
m
edida
em
que
surjam
.
N
a
entrevista,
a
passagem
do
norm
al
ao
patológico
acontece
de
m
odo
im
perceptível.
U
m
a
m
á
dissociação,
com
ansiedade
intensa
e
perm
anente,
leva
o
psicólogo
a
desenvolver
condutas
fóbicas
ou
obsessivas
ante
os
en-
trevistados,
evitando
as
entrevistas
ou
interpondo
instru-
m
entos
e
testes
para
evitar
o
contato
pessoal
e
a
ansieda-
de
conseqüente.
A
clássica
aflição
do
m
édico,
que
tanto
se
em
prega
na
sátira,
é
um
a
perm
anente
fuga
fóbica
aos
doentes.
Por
outro
lado,
a
defesa
obsessiva
m
anifesta-se
em
entrevistas
estereotipadas
nas
quais
tudo
é
regrado
e
previsto,
na
elaboração
rotineira
de
histórias
clínicas,
ou
seja,o
instrum
ento
de
trabalho,
a
entrevista,
transfor-
m
a-se
num
ritual.
Por
trás
disso
está
o
bloqueio,
que
faz
com
que
sem
pre
aplique
e
diga
a
m
esm
a
coisa,sem
pre
ve-
ja
a
m
esm
a
coisa,
aplique
o
que
sabe
e
sinta-se
seguro.
A
pressa
em
fazer
diagnósticos
e
a
com
pulsão
a
em
pre-
gar
drogas
são
outros
dos
elem
entos
desta
fuga
e
deste
ritual
do
m
édico
diante
do
doente.
N
isso
se
desenvolve
a
alienação
do
psicólogo
e
do
psiquiatra
e
a
alienação
do
paciente,
e
toda
a
estrutura
hospitalar
e
de
sanatório
passa
a
ter
o
efeito
de
um
fator
alienante
a
m
ais.
O
utro
perigo
é
o
da
projeção
dos
próprios
conflitos
do
tera-
peuta
sobre
o
entrevistado
e
um
a
certa
com
pulsão
a
cen-
trar
seu
interesse,
sua
investigação
ou
a
encontrar
per-
turbações
justam
ente
na
esfera
na
qual
nega
que
tenha
perturbações.
A
rigidez
e
a
projeção
levam
a
encontrar
som
ente
o
que
se
busca
e
se
necessita,
e
a
condicionar
o
que
se
encontra
tanto
com
o
o
que
não
se
encontra.
U
m
exem
plo
m
uito
ilustrativo
de
tudo
isto,
m
as
bastante
co-
m
um
,
é
o
caso
de
um
jovem
m
édico
que
iniciava
seu
treinam
ento
em
psiquiatria
e
que,presenciando
um
a
en-
trevista
e
o
diagnóstico
de
um
caso
de
fobia,
disse
que
não
era
isso,que
o
paciente
não
tinha
nem
fobia
nem
doença,
porque
ele
tam
bém
a
tinha.
Se
num
dado
m
om
ento
a
projeção
com
que
o
técni-
co
atua
é
m
uito
intensa,
pode
aparecer
um
a
reação
fó-
bica
no
próprio
cam
po
de
trabalho.
Pelo
contrário,
se
for
excessivam
ente,
bloqueada,
haverá
um
a
alienação
e
não
se
entenderá
o
que
ocorre.
D
iferentes
tipos
de
pessoas
podem
provocar
reações
contratransferenciais
típicas
no
entrevistador,
e
este
de-
ve,
continuam
ente,
poder
observá-Ias
e
resolvê-Ias
para
poder
utilizá-Ias
com
o
inform
ação
e
instrum
ento
duran-
te
a
entrevista.
Pode-se,
de
outra
m
aneira,
descrever
esta
dissociação
dizendo
que
o
entrevistador
tem
de
desem
penhar
os
pa-
péis
que
lhe
são
fom
entados
pelo
entrevistado,
m
as
sem
assum
i-Ios
totalm
ente.
Se,por
exem
plo,
sentirrejeição,
as-
sum
ir
o
papel
seria
m
ostrar
e
atuar
a
rejeição,
rejeitando
efetivam
ente
o
entrevistado,
seja
verbalm
ente
ou
com
a
atitude
ou
de
qualquer
outra
m
aneira;
desem
penhar
o
pa-
pel
significa
perceber
a
rejeição,
com
preendê-Ia,
encon-
trar
os
elem
entos
que
a
m
otivam
,
as
m
otivações
do
en-
trevistado
para
que
isso
aconteça
e
utilizar
toda
esta
infor-
m
ação,
que
agora
possui,
para
esclarecer
o
problem
a
ou
provocar
sua
m
odificação
no
entrevistado.
Q
uanto
m
ais
psicopata
for
o
entrevistado,
m
aior
a
possibilidade
de
que
o
entrevistador
assum
a
e
represente
ospapéis.
A
ssum
ir
o
papel
im
plicará
a
ruptura
do
enquadram
ento
da
entrevis-
ta.Fastio,
cansaço,
sono,
irritação,
bloqueio,
com
paixão,
carinho,
rejeição,
sedução
etc.
são
indícios
contratrans-
ferenciais
que
o
entrevistador
deve
perceber
com
o
tais
à
m
edida
que
se
produzem
,
e
terá
de
resolvê-Ios
anali-
sando-os
consigo
m
esm
o
em
função
da
personalidade
do
entrevistado,
da
sua
própria,
do
contexto
e
do
m
om
en-
to
em
que
aparecem
na
com
unicação.
o
psiquiatra
inseguro
ou
pouco
experiente
não
sa-
berá
o
que
fazer
com
todos
estes
dados,
e
para
não
ficar
vexado
recorrerá,
com
freqüência,
à
receita,
interpondo
entre
ele
e
seu
paciente
os
m
edicam
entos;
nestas
condi-
ções
afarm
acologia
torna-se
um
fator
alienante
porque
fom
enta
a
m
agia
no
paciente
e
no
m
édico
e
os
dissocia
novam
ente
de
seus
respectivos
conflitos.
A
lgo
m
uito
se-
m
elhante
é
o
que
o
psicólogo
faz
freqüentem
ente
com
os
testes.
Para
com
bater
isto
é
im
portante
-
e
m
esm
o
im
-
prescindível-
que
o
psiquiatra
epsicólogo
não
trabalhem
isolados,
que
form
em
,
pelo
m
enos,
grupos
de
estudo
e
de
discussão
nos
quais
o
trabalho
que
se
realiza
seja
re-
visto;
para
cair
na
estereotipia
não
há
clim
a
m
elhor
do
que
o
do
isolam
ento
profissional,
porque
o
isolam
ento
acaba
encobrindo
as
dificuldades
com
a
onipotência.
Exam
inar
as
contingências
de
um
a
entrevista
signi-
ficaria
sim
plesm
ente
passar
em
revista
toda
a
psicolo-
gia,psiquiatria
e
psicopatologia,
por
isso
só
m
e
referirei
aqui
a
algum
as
situações
típicas
no
cam
po
da
psicologia
clínica
e,
em
especial,
àquelas
que
habitualm
ente
não
são
consideradas
e,no
entanto,
são
m
uito
im
portantes.
D
e
m
odo
geral,
para
que
um
a
pessoa
procure
um
a
entrevista,
é
necessário
que
tenha
chegado
a
um
a
certa
preocupação
ou
insight
de
que
algo
não
está
bem
,
de
que
algo
m
udou
ou
se
m
odificou,
ou
então
perceba
suas
pró-
prias
ansiedades
ou
tem
ores.
Esses
últim
os
podem
ser
tão
intensos
ou
intoleráveis
que
poderá
recorrer,
na
en-
trevista,
a
um
a
negação
e
resistência
sistem
ática,
de
m
o-
do
que
se
assegurre
logicam
ente
de
que
não
está
acon-
tecendo
nada,
conseguindo
fazer
com
que
o
técnico
não
perceba
nada
anorm
al
nela.
Em
algum
lugar
já
se
defi-
niu
o
doente
com
o
toda
pessoa
que
solicita
um
a
consul-
ta;
fazendo-se
abstração
de
que
tal
definição
carece
de
valor
real,
é
sem
dúvida
certo
que
o
entrevistador
deve
aceitar
esse
critério,
ainda
que
som
ente
com
o
incentivo
para
questionar
detalhadam
ente
o
que
está
por
trás
das
re-
pressões
enegações
ou
escotom
izações
do
entrevistado.
Schilder
classificou
em
cinco
grupos
os
indivíduos
que
procuram
o
m
édico,
ou
porque
estão
sofrendo
ou
fa-
zendo
os
outros
sofrer;
são
eles:
a)
os
que
acorrem
por
problem
as
corporais;
b)por
problem
as
m
entais;
c)por
fal-
ta
de
êxito;
d)por
dificuldades
na
vida
diária;
e)por
quei-
xas
de
outras
pessoas.
Seguindo,
por
outro
lado,
a
divisão
de
E.
Pichon-
R
iviere
das
áreas
da
conduta,
podem
os
considerar
três
grupos,
conform
e
o
predom
ínio
de
inibições,
sintom
as,
queixas
ou
protestos
recaia
m
ais
sobre
a
área
da
m
ente,
do
corpo
ou
do
m
undo
exterior.
O
paciente
pode
apre-
sentar
queixas,
lam
entações
ou
acusações;
no
prim
eiro
caso
predom
ina
a
ansiedade
depressiva,
enquanto
no
se-
gundo,
a
ansiedade
paranóide.
Esses
agrupam
entos
não
tendem
a
diferenciar
os
doentes
orgânicos
dos
doentes
m
entais,
nem
as
doenças
orgânicas
das
funcionais
ou
psicogenéticas.
A
plicam
-se
a
todos
os
tipos
de
entrevistados
que
procuram
um
es-
pecialista
e
tendem
m
ais
a
um
a
orientação
sobre
a
per-
sonalidade
do
sujeito,
pela
form
a
com
que
procura
re-
duzir
suas
tensões,
aliviar
ou
resolver
seus
conflitos.
Podem
os
reconhecer
e
distinguir
entre
o
entrevista-
do
que
vem
consultar
e
o
que
é
trazido
ou
aquele
a
quem
"m
andaram
".
N
essas
atitudes
já
tem
os
um
índice
de
im
-
portância,
em
bora
esteja
longe
de
ser
sistem
ático
ou
pa-
tognom
ônico.
A
quele
que
vem
tem
um
certo
insight
ou
percepção
da
sua
doença
e
corresponde
ao
paciente
neu-
rótico,
enquanto
o
psicótico
é
trazido.
A
quele
que
não
tem
m
otivos
para
vir,m
as
vem
porque
o
m
andaram
,
cor-
responde
à
psicopatia:
é
o
que
faz
o
outro
atuar
e
delega
aos
outros
suas
preocupações
e
m
al-estares.
Tem
os,
entre
outros,
o
caso
daquele
que
vem
con-
sultar
por
um
fam
iliar.
N
esse
caso,
realizam
os
a
entre-
vista
com
o
que
vem
,
indagando
sobre
sua
personalida-
de
e
conduta.
C
om
isso,já
passam
os
do
entrevistado
ao
grupo
fam
iliar.
C
aso
o
entrevistado
seja
precedido
por
um
inform
ante,
deve-se
com
unicar
a
este
que
o
que
ele
disser
sobre
o
paciente
ser-Ihe-á
com
unicado,
dizendo
isso
antes
que
ele
dê
qualquer
inform
ação.
Isto
tenderá
a
"lim
par
o
cam
po"
e
a
rom
per
com
divisões
m
uito
difí-
ceis
de
trabalhar
posteriorm
ente.
A
quele
que
vem
à
consulta
é
sem
pre
um
em
ergente
dos
conflitos
grupais
da
fam
ília;
diferenciam
os,
além
disso,
entre
o
que
vem
só
e
o
que
vem
acom
panhado,
que
representam
grupos
fam
iliares
diferentes.
35
A
entrevista
psicológica
~~~~~~~~~~~~~-
o
que
vem
sozinho
é
o
representante
de
um
grupo
fam
iliar
esquizóide,
em
que
a
com
unicação
entre
seus
m
em
bros
é
m
uito
precária:
vivem
dispersos
ou
separa-
dos,
com
um
grau
acentuado
de
bloqueio
afetivo.
C
om
freqüência,
diante
destes,
o
técnico
tende
a
perguntar-
se
com
quem
pode
falar,ou
a
quem
inform
ar.
O
utro
gru-
po
fam
iliar,
de
caráter
oposto
a
este,
é
aquele
no
qual
com
parecem
vários
m
em
bros
à
consulta,
e
o
técnico
tem
necessidade
de
perguntar
quem
é
o
entrevistado
ou
por
quem
eles
vêm
;
é
o
grupo
epileptóide,
viscoso
ou
agluti-
nado,
no
qual
há
um
a
falta
ou
déficit
na
personificação
de
seus
m
em
bros,
com
um
alto
grau
de
sim
biose
ou
in-
terdependência.
A
ssim
com
o
no
caso
anterior
o
doente
está
isolado
e
abandonado,
neste
caso
ele
está
excessiva-
m
ente
rodeado
por
um
cuidado
exagerado
ou
asfixiante.
Esses
dois
tipos
polares
podem
ser
encontrados
em
suas
form
as
extrem
as,
ou
em
form
as
m
enos
caracteri-
zadas,
ou
m
istas.
O
utro
tipo
é
o
que
vem
acom
panhado
por
um
a
pessoa,
fam
iliar
ou
am
igo;
é
o
caso
do
fóbico
que
necessita
do
acom
panhante.
O
caso
dos
casais
cujos
integrantes
se
culpam
m
utuam
ente
de
neurose,
infide-
lidade,
etc.
é
outra
situação
na
qual,
com
o
em
todas
as
anteriores,
a
entrevista
se
realiza
com
todos
os
que
vie-
ram
,
procedendo-se
com
o
com
um
grupo
diagnóstico
que
-
com
o
verem
os
-
é
sem
pre,
em
parte,
terapêutico;
nesse,
o
técnico
atua
com
o
observador
participante,
in-
tervindo
em
m
om
entos
de
tensão,
ou
quando
a
com
uni-
cação
é
interrom
pida,
ou
para
assinalar
entrecruzam
en-
tos
projetivos.N
os
grupos
que
vêm
à
consulta,
o
psicólogo
não
tem
por
que
aceitar
o
critério
da
fam
ília
sobre
quem
é
o
doente,
m
as
deve
atuar
considerando
todos
os
seus
m
em
-
bros
com
o
im
plicados
e
o
grupo
com
o
doente.
N
esse
caso,
o
estudo
do
interjogo
de
papéis
e
da
dinâm
ica
do
grupo
são
os
elem
entos
que
servirão
de
orientação
para
fazer
com
que
todo
o
grupo
obtenha
um
insight
da
si-
tuação.
O
equilíbrio
da
doença
em
um
grupo
fam
iliar
é
de
grande
im
portância.
Por
exem
plo,
em
um
casal
em
que
um
é
fóbico
e
o
outro
seu
acom
panhante,
quando
o
prim
eiro
apresenta
m
elhora
ou
se
cura,
aparece
a
fobia
no
segundo.
O
acom
panhante
do
fóbico
é
então,tam
bém
,
um
fóbico,
contudo
distribuem
os
papéis
entre
o
casal.
Em
outras
ocasiões,
a
fam
ília
só
aparece
quando
o
tratam
ento
de
um
paciente
já
está
adiantado
e
ele
m
e-
lhorou
ou
está
em
vias
de
fazê-Io;
a
norm
alização
do
paciente
faz
com
que
a
tensão
do
grupo
fam
iliar
já
não
se
"descarregue"
m
ais
através
dele,
e
aparece
então
o
desequilíbrio
ou
a
doença
no
grupo
fam
iliar.
Tudo
isso
explica
em
grande
parte
um
fenôm
eno
com
o
qual
se
deve
contar
na
fam
ília
de
um
doente:
a
culpa,
elem
ento
que
deve
serdevidam
ente
levado
em
conta
para
valorizá-Io
e
trabalhá-Io
adequadam
ente.
É
m
uito
m
ais
clara
no
caso
da
doença
m
ental
em
crianças
ou
em
defi-
cientes
intelectuais.
Isso
se
relaciona
tam
bém
com
o
fenô-
m
eno
que
foicham
ado
"a
criança
errada",
em
que
os
pais
trazem
à
consulta
o
filho
m
ais
sadio
e,depois
de
se
asse-
gurarem
de
que
o
técnico
não
os
culpa
nem
acusa,podem
falar
ou
consultar
sobre
o
filho
m
ais
doente.
_3_6
Temas
depsicologia
37
A
entrevista
psicológica
_
A
qui,
e
em
relação
a
todos
estes
fenôm
enos,
a
psico-
logia
grupal
-
seu
conhecim
ento
e
sua
utilização
-
tem
um
a
im
portância
fundam
ental,
não
som
ente
para
as
entre-
vistas
diagnósticas
e
terapêuticas,
m
as
tam
bém
para
ava-
liarascuras
ou
decidir
sobre
a
alta
de
um
a
intem
ação,
etc.
ções
com
erciais
ou
de
am
izade,
nem
pretender
outro
be-
neficio
da
entrevista
que
não
sejam
os
seus
honorários
e
o
seu
interesse
científico
ou
profissional.
Tam
pouco
a
entrevista
deve
serutilizada
com
o
um
a
gratificação
nar-
cisista
na
qual
se
representa
o
m
ágico
com
um
a
de-
m
onstração
de
onipotência.
A
curiosidade
deve
lim
itar-
se
ao
necessário
para
o
beneficio
do
entrevistado.
Tudo
o
que
sinta
ou
viva
com
o
reação
contratransferencial
de-
ve
ser
considerado
com
o
um
dado
da
entrevista,
não
se
devendo
responder
nem
atuar
diante
da
rejeição,
da
ri-
validade
ou
da
inveja
do
entrevistado.
A
petulância
ou
a
atitude
arrogante
ou
agressiva
do
entrevistado
não
de-
vem
ser
"dom
adas"
nem
subjugadas;
não
se
trata
nem
de
triunfar
nem
de
im
por-se
ao
entrevistado.
O
que
nos
com
pete
é
averiguar
a
que
se
devem
,
com
o
funcionam
e
quais
os
efeitos
que
acarretam
para
o
entrevistado.
Esse
últim
o
tem
direito,
em
bora
tom
em
os
nota
disso,
a
fazer
uso,
por
exem
plo,
de
sua
repressão
ou
sua
descon-
fiança.
C
om
m
uitíssim
a
freqüência,
o
grau
de
repres-
são
do
entrevistado
depende
m
uito
do
grau
de
repressão
do
entrevistador
em
relação
a
determ
inados
tem
as
(se-
xualidade,
inveja
etc.).
Q
uando
fazem
os
um
a
interven-
ção
com
perguntas,
elas
devem
ser
diretas
e
sem
subter-
fúgios,
sem
segundas
intenções,
adequadas
à
situação
e
ao
grau
de
tolerância
do
ego
do
entrevistado.
A
abertura
da
entrevista
tam
bém
não
deve
ser
am
-
bígua,
recorrendo-se
a
frases
gerais
ou
de
duplo
sentido.
A
entrevista
deve
com
eçar
por
onde
com
eçar
o
entrevis-
tado.
D
eve-se
ter
em
conta
o
quanto
pode
ter
sido
custo-
Insisti
em
que
o
cam
po
da
entrevista
deve
ser
con-
figurado
fundam
entalm
ente
pelas
variáveis
da
perso-
nalidade
do
entrevistado.
Isso
im
plica
que
aquilo
que
o
entrevistador
oferece
deve
ser
suficientem
ente
am
bí-
guo
para
perm
itir
o
m
aior
engajam
ento
da
personalidade
do
entrevistado.
Em
bora
tudo
isso
seja
certo,
existe
entretanto
um
a
área
delim
itada
em
que
a
am
bigüidade
não
deve
existir,
ou,
ao
contrário,
cujos
lim
ites
devem
ser
m
antidos
e,às
vezes,
defendidos
pelo
entrevistador;
ela
abrange
todos
os
fatores
que
intervêm
no
enquadram
ento
da
entrevis-
ta:tem
po,
lugar
e
papel
técnico
do
profissional.
O
tem
-
po
refere-se
a
um
horário
e
um
lim
ite
na
extensão
da
en-
trevista;
o
espaço
abarca
o
quadro
ou
o
terreno
am
biental
no
qual
se
realiza
a
entrevista.
O
papel
técnico
im
plica
que,
em
nenhum
caso,
o
entrevistador
deve
perm
itir
que
seja
apresentado
com
o
um
am
igo
num
encontro
fortuito.
O
entrevistador
tam
bém
não
deve
entrar
com
suas
rea-
ções
nem
com
o
relato
de
sua
vida,
nem
entrar
em
reia-
38
Tem
asdepsicologia
A
entrevistapsicológica
39
so
para
ele
decidir-se
a
vir
à
entrevista
e
o
que
pode
sig-
nificar
com
o
hum
ilhação
e
m
enosprezo.
O
entrevistado
deve
serrecebido
cordialm
ente,
porém
não
efusivam
en-
te;
quando
tem
os
inform
ações
sobre
o
entrevistado
for-
necidas
por
outra
pessoa,
devem
os
inform
á-Io,
assim
co-
m
o,
conform
e
já
dissem
os,
antecipar
ao
inform
ante,
no
com
eço
da
entrevista,
que
esses
dados
que
se
referem
a
terceiros
não
serão
m
antidos
em
reserva.
Isso
tenderá
a
m
anter
o
enquadram
ento
e
a
evitar
as
divisões
esquizói-
des
e
a
atuação
psicopática,
assim
com
o
a
elim
inar
tudo
o
que
possa
travar
a
espontaneidade
do
técnico,
que
não
deve
ter
com
prom
issos
contraídos
que
pesem
negativa-
m
ente
sobre
a
entrevista.
A
discrição
do
entrevistador
para
com
as
inform
ações
que
o
entrevistado
fornece
está
im
plícita
na
entrevista,
e
se
for
fornecido
um
relato
so-
bre
ela
a
um
a
instituição,
o
entrevistado
tam
bém
deve
ter
conhecim
ento
disso.
A
reserva
e
o
segredo
profis-
sional
vigoram
tam
bém
entre
os
pacientes
psicóticos
e
no
m
aterial
de
entrevistas
com
adolescentes
ou
crian-
ças;
nesse
últim
o
caso,
não
nos
devem
os
sentir
autori-
zados
a
relatar
aos
pais,
por
exem
plo,
detalhes
da
entre-
vista
com
seus
filhos.
O
silêncio
do
entrevistado

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