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Jurisprudência 3

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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
Justiça do Trabalho
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
18ª TURMA 
Processo TRT/SP nº 0001661.64.2011.5.02.0481. 
RECURSO ORDINÁRIO DA 01ª VARA DO TRABALHO DE SÃO VICENTE.
RECORRENTES: CARREFOUR PROMOTORA DE VENDAS E 
PARTICIPAÇÕES LTDA e ELIENE OLIVEIRA MAIA.
RECORRIDO: BANCO CSF S.A. 
Inconformada com a r. sentença de fls. 408/412, 
complementado à fl. 479, que julgou a pretensão procedente em parte, e 
cujo relatório adoto, recorre a primeira reclamada (fls. 434/436), 
sustentando ser indevida a condenação em danos morais e questionando 
o valor fixado.
Custas e depósito recursal às fls. 437/438.
Recorre também a reclamante (fls. 484/492), 
alegando cerceamento de defesa, e no mérito, pugnando pelo 
enquadramento sindical da segunda reclamada e condenação da ré em 
horas extras, sobreaviso e quantificação do dano moral.
Contrarrazões das partes às fls. 482/483 e 495/499. 
É o relatório.
V O T O
CONHEÇO dos apelos, eis que presentes os 
pressupostos de admissibilidade.
CERCEAMENTO DE DEFESA
Alega a demandante cerceamento de defesa (fl. 
490-v) por ter duas testemunhas presentes na audiência de fl. 400, sendo 
que o convencimento do juízo, quanto ao dano moral, foi satisfatório com 
a oitiva da primeira.
Verifica-se na audiência citada que a reclamante 
tinha duas testemunhas presentes, todavia, após a oitiva da Sra. Edna 
Maria da Conceição dos Santos, dispensou sua outra testemunha (fl. 
400-v), restando claro estar a parte satisfeita com as provas 
apresentadas, não devendo se imputar a responsabilidade da dispensa 
ao juízo. 
Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.
Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 1886030
Data da assinatura: 28/05/2014, 02:26 PM.Assinado por: DONIZETE VIEIRA DA SILVA
Aduz ainda que o indeferimento das perguntas feitas 
ao preposto da segunda ré, quais sejam, “se outras bandeiras de cartões 
de crédito eram comercializadas pela 2ª reclamada junto a 1ª reclamada” 
e “se a 2ª reclamada controla, afere, fiscaliza, a produção dos 
funcionários da 1ª reclamada”, a prejudicaram quanto a análise da 
condição de financiaria.
O primeiro questionamento foi esclarecido por uma 
das testemunhas ouvidas, bem como o segundo não se faria suficiente 
para a caracterização da condição pleiteada. Analisar-se-á o pedido no 
mérito.
Desta feita, rejeito as preliminares arguidas.
 
1) DANO MORAL 
Matéria comum a ambos os recursos.
O Magistrado singular condenou a reclamada ao 
pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 30.888,30, 
por entender que a ré excedeu seus limites no trato com seus 
colaboradores.
Apela a ré sustentando que o dano moral suportado 
por alguém não se confunde com meros transtornos ou aborrecimentos 
que o cidadão sofre no dia a dia. Salienta que não se vislumbrou nos 
autos qualquer cobrança vexatória ou de forma excessiva, bem como não 
restou provado a exposição das fragilidades pessoais confessadas na 
reunião de “terapia em grupo”. Subsidiariamente, pugna pela redução da 
condenação.
A autora requer a majoração do valor fixado e 
distinção entre a indenização pelo dano moral e assédio moral.
A caracterização do dano moral, para ensejar 
reparação, necessita da convergência de alguns pressupostos, quais 
sejam, conduta ilícita, resultado danoso e nexo causal entre a conduta e a 
lesão.
Pois bem. 
No caso em tela, a reclamante não logrou êxito em 
comprovar a ocorrência efetiva de lesão imaterial pela suposta divulgação 
de informações confidenciadas na reunião de “terapia em grupo”, ônus 
que lhe incumbia segundo as regras dos artigos 818 da CLT e 333, inc. I, 
do CPC. 
Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.
Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 1886030
Data da assinatura: 28/05/2014, 02:26 PM.Assinado por: DONIZETE VIEIRA DA SILVA
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Justiça do Trabalho
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
A primeira testemunha ouvida afirma que não 
participou da reunião denominada dinâmica de grupos, “que foi colocado 
como um anexo no NOTES os assuntos íntimos tratados naquela 
dinâmica de grupo com os supervisores, a depoente não abriu tal arquivo, 
tendo recebido a comunicação de uma chefe do Guarujá para apagar tal 
arquivo por se tratar de assuntos íntimos dos supervisores” (fl. 399). Já a 
segunda testemunha, que também não participou da reunião, esclarece 
que “dela teve conhecimento, que tomou conhecimento pelos 
funcionários, ou seja, um funcionário falou para o outro, que em relação a 
reclamante ouviu alguns comentários, falaram do pai dela, não se recorda 
de outros comentários (...) que nunca presenciou no ambiente de trabalho 
a reclamante ser ofendida” (fl. 400). 
Assim, as testemunhas da reclamante não 
confirmaram, de forma inequívoca, os fatos ensejadores do dano moral 
alegado, não comprovando, por conseguinte, a prática de ato ilícito ou 
com abuso de direito, imprescindíveis à imputação da responsabilidade.
Requer ainda a autora, na exordial, indenização pelo 
assédio moral, por ter sido submetida a cobrança de metas, pressão e 
regras excessivas, conforme e mails anexados aos autos. 
Em audiência, confirma o preposto que os 
documentos de fls. 65/135 “são procedentes da empresa” (fl. 287-v). 
Cumpre transcrever alguns deles:
“- Para que não fique nenhuma dúvida, não abro mão da 
meta entregue hoje. Se alguém tem algum 
compromisso à noite, entregue o resultado durante o 
dia. Ficou Claro?” (fl. 65).
“- Está bem difícil explicar porque tantas lojas ruins. Falta 
acompanhamento, falta severidade na apuração, falta 
ação preventiva e após tomado o conhecimento, falta a 
medida punitiva. (...)
Se for necessário, cancele a senha de acesso deste 
pessoal que insiste em nos prejudicar” (fl. 82).
“- (...) As folgas de Domingo dos Supervisores estão 
canceladas. O motivo do cancelamento todos vocês 
devem ter ciência, nossos resultados nesses últimos dias 
não estão acontecendo (...). Se a Regional entregar hoje 
no mínimo 300 propostas e sábado 400 (mantenho a 
escala de folga), caso contrário as folgas serão 
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canceladas. 
Os supervisores que ainda não entregaram as metas, 
estão de plantão independente do resultado 
alcançado” (fls. 84/85).
“- Que resultado são esses na parcial das 10:00?
(...)
Não vou aceitar nenhuma loja zerada na parcial do 
12:00, quem não gosta de ser cobrado de duas em duas 
horas, faça gestão de seus números” (fl. 88).
“- Na terça-feira quero a meta do posto entregue. Não 
quero desculpas, entreguem. Várias lojas com poucas 
propostas feitas durante o dia, uma vergonha.
É uma gestão que vocês estão fazendo? ” (fl. 112).
“- (...) VCS QUEREM QUE EU CANCELE A NOSSA 
CAMPANHA? Acelerem suas equipes pois se os 
resultados não melhorarem vou cancelar a campanha 
dos supervisores, fui clara?” (fl. 118).
“- Quantas vezes vou ter que falar da produção do posto 
de gasolina? A maioria de vcs tem funcionários exclusivo 
para o posto e mesmo assim não estou vendo produção, é 
isso mesmo? Essa é a última vez que vou chamar a 
atenção de vcs, a meta diária para o posto é para ser 
entregue, façam gestãoe entreguem. 
Fui clara ou alguém tem alguma dúvida?”(g.n.) (fl. 127).
O assédio moral consiste em uma das espécies do 
dano moral e tem pressupostos muito específicos, tais como: conduta 
rigorosa reiterada e pessoal, diretamente em relação ao empregado; 
palavras, gestos e escritos que ameaçam, por sua repetição, a 
integridade física ou psíquica; o empregado sofre violência psicológica 
extrema, de forma habitual por um período prolongado com a finalidade 
de desestabilizá-lo emocional e profissionalmente. É fundamental que 
haja a intenção de desestabilizar o empregado vitimado, minando sua 
confiança produtiva, com a intenção de excluí-lo do ambiente de trabalho, 
marginalizando-o e debilitando gravemente seu potencial de trabalho.
Os e mails citados demonstram que todos os 
empregados deveriam atingir metas e cotas de venda, todavia, as 
ameaças eram direcionadas aos supervisores. Tais atitudes afetavam 
diretamente a autora, expondo-a a pressão excessiva, com cominações, 
inclusive, de se retirar as folgas de domingo e cancelamento de 
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campanha.
No caso, restou demonstrado que as metas eram 
cobradas com rigor excessivo e de forma desnecessariamente reiteradas, 
fazendo-se agressivas.
Sendo assim, caracterizado o assedio moral 
pleiteado na exordial e deferido pela Origem.
Quanto ao valor fixado, a indenização por danos 
morais deve atender ao seu caráter dúplice, ou seja, compensatório (para 
a vítima) e pedagógico (para o agressor). Para tanto, sua valoração não 
se limitada à capacidade econômica das partes, mas considera também a 
conduta e a intensidade da culpa do ofensor e a extensão dos danos. 
Todavia, não deve importar em enriquecimento para a vítima, nem em 
valor irrisório.
Dessa feita, analisando-se os fatores mencionados, 
conclui-se que a indenização fixada em Primeiro Grau, qual seja, dez 
vezes o valor do último salário da autora, no importe de R$30.888,30, foi 
exagerada, devendo ser reduzida. Fixo, assim, o seu montante em R$ 
10.000,00 (dez mil reais), como dano moral decorrente do assédio moral 
praticado, valor este mais condizente com as agressões praticadas, 
cabendo frisar que a condenação em indenização por danos morais 
também não pode visar o enriquecimento de quem a recebe.
Mantenho a decisão de Origem.
RECURSO DA AUTORA
1) CONDIÇÃO DE FINANCIÁRIO 
O MM. Juízo de origem julgou improcedente o 
pedido de enquadramento sindical da reclamante como empregada de 
financeira. 
Apela a reclamante sustentando que tanto suas 
atividades profissionais, quanto as próprias rés, Carreffour Administradora 
de Cartões de Crédito Comércio e Participações Ltda e Banco CSF S.A., 
exerciam atividades financeiras.
Com razão.
Em sede de audiência relatou o preposto que “na 
célula de trabalho da reclamante eram comercializadas outras bandeiras 
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de cartão de crédito, além do Carrefour” (fl. 287). As testemunhas ouvidas 
ainda esclareceram (fls. 399/400):
Primeira testemunha da autora: “que a depoente trabalhou 
na recda, como operadora comercial na denominada 
CAC, que era a administradora de cartão de crédito, 
(...) que além da bandeira Carrefour, a empresa 
também operava com a bandeira Visa, e logo depois 
da saída da depoente também passou a operar com a 
Mastercard; que a análise de crédito é feita numa central 
na cidade de São Paulo, central essa da própria CAC, que 
existe o formulário eletrônico denominado NOTES, 
que serve para comunicação da empresa, por 
exemplo, para alteração com relação a análise de 
crédito, sendo que os chefes utilizam esse formulário 
para se comunicarem entre si” (g.n.).
Segunda testemunha da autora: “(...) que trabalhou na 
mesma loja que a reclamante, acredita que por mais de 01 
ano (...) que a depoente trabalhou na loja de São 
Vicente/SP por quase 07 anos, que a depoente 
trabalhava no próprio setor do cartão de crédito” (g.n.).
 
A própria ré, em contestação, informa que “a 
reclamante desenvolvia atividades de intermediação de produtos como 
cartões de crédito” (fl. 291), acrescentando ainda que “oferecia cartões da 
loja aos clientes, procedia a análise de crédito e cadastros de clientes, 
bem como realizava a coordenação das equipes que passaram a 
desenvolver tais atividades, já que a reclamante foi promovida a 
Controladora, Supervisora e, por último, Coordenadora” (fl. 293).
Ainda consta na documentação carreada aos autos, 
à fl. 42, no mapeamento de competências, a NEGOCIAÇÃO, cuja 
descrição é apresentar “habilidade de obter os melhores resultados, na 
concessão de cartões novos e exploração comercial dos cadastros. 
Viabilizando a alavancagem de vendas do Grupo e geração de resultados 
da CACC”.
Além disso, os e mails de fls. 65/135, reconhecidos 
pelo preposto como sendo de origem da ré (fl. 287-v), combinados com os 
depoimentos citados e a defesa deixam claro que a principal atividade da 
reclamante consistia em gerir a captação de clientes para a segunda 
reclamada.
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Desta feita, entendo que mencionada tarefa 
constituem atividade fim do banco réu.
Confira-se como já se pronunciou o C. TST sobre 
questão análoga à debatida nos autos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. BANCO. TERCEIRIZAÇÃO. 
VENDA DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO. ILICITUDE. 
(omissis) O que caracteriza o serviço bancário é a 
movimentação de ativos financeiros pertencentes a terceiros, 
inclusive a concessão de empréstimo, qualquer que seja a sua 
modalidade. Insere-se nessa atividade a captação de 
clientes a quem o banco concede cartões de crédito e 
débito, para que assim se convertam tais clientes à 
condição de mutuários ou lancem mão de quantia 
disponível em suas contas-correntes.
E se esse serviço é praticado sob a fiscalização da instituição 
bancária, como afirmado pela Corte Regional, dá-se a ilicitude 
da intermediação do trabalho não apenas em razão de ela 
ocorrer na atividade-fim, mas em consequência, igualmente, da 
subordinação direta e mesmo estrutural ao banco, destinatário 
primeiro e final das tarefas cometidas à reclamante. 
Os itens I e III da Súmula 331 do TST, desprezados na prática 
empresarial sob exame, não devem ter obviada a sua eficácia 
nos casos em que a terceirização da atividade-fim promove a 
precariedade dos serviços a ela inerentes, quer pela atribuição 
de responsabilidade a empresas de porte econômico menor, 
quer porque descola o trabalhador das conquistas históricas da 
categoria profissional correspondente (a dos bancários in 
casu). Formado, portanto o vínculo de emprego diretamente 
com a instituição bancária. Recurso de revistaconhecido e 
provido. ( RR - 941-19.2011.5.03.0110 , Rel. Min.: Augusto 
César Leite de Carvalho, Julgamento: 29/08/12, Data de 
Publicação: 31/08/2012).
“RECURSOS DE REVISTA DO BANCO BMG S.A. E 
PRESTASERV - PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA. 
TEMAS COMUNS. ANÁLISE CONJUNTA. ATIVIDADE-FIM 
DO BANCO CONTRATANTE. TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. 
Conforme registrado no acórdão do Regional, - A cláusula 
primeira do contrato de prestação de serviços firmados 
entre as reclamadas estabelece como seu objeto 'o 
desempenho das funções de correspondente, no 
encaminhamento de pedidos de empréstimos pessoais e 
de crédito direto ao consumidor, de pretendentes 
tomadores de créditos, inclusive com utilização de sua 
Central de Atendimento (fls. 344)' e, assim, -não há como 
entender que as atividades laborativas da autora não se 
ligavam à atividade-fim do tomador da mão-de-obra, pois a 
captação de clientes é essencial à manutenção das 
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atividades de uma instituição financeira.”(omissis) ( RR - 
58500-87.2009.5.03.0114, Rel. Min.: Kátia Magalhães Arruda, 
Julgamento: 27/06/2012, Data de Publicação: 10/08/2012)
Como bem destacado na ementa da lavra do I. 
Ministro Augusto César Leite de Carvalho, a capitação de clientes se 
insere na atividade fim dos bancos, pois a eles a entidade bancária 
concede cartões de crédito e débito para que se convertam à condição de 
mutuários ou lancem mão de quantia disponível em suas contas 
correntes.
Os empregados da primeira reclamada ofereciam e 
negociavam produtos oferecidos pelo Banco Carrefour (CSF), tarefas que 
não podem ser consideradas apenas atividade meio do tomador. 
Entendimento em sentido contrário tornaria frágil a relação de emprego no 
âmbito das instituições financeiras, ainda mais em se considerando que 
estas oferecem ao mercado uma gama diversificada de produtos.
Imperioso destacar que a transferência de atividades 
inerentes aos bancários a outras empresas por meio da terceirização não 
pode sustentar que as empresas prestadoras e tomadoras se eximam da 
responsabilidade dos encargos trabalhistas. Apesar de a terceirização 
implicar em redução de custos e servir como medida legítima para 
desafogar o empresário, já tão sobrecarregado pela alta carga tributária, 
tal ocorrência não pode prevalecer quando há o desvirtuamento da lei e o 
desrespeito às garantias mínimas do trabalhador.
Mister consignar que a autorização do Banco Central 
contida na Resolução 3.110/2003 para a contratação de correspondentes 
bancários se restringe à relação empresarial, não afastando a proteção da 
CLT e das normas coletivas direcionadas aos bancários na hipótese de os 
trabalhadores das empresas contratadas exercerem atividades típicas da 
instituição bancária.
Assim, reformo a r. sentença para reconhecer o 
enquadramento sindical da autora como empregada de financeira, e por 
consequência, deferir as diferenças salariais em razão da aplicação dos 
reajustes salariais, bem como seus reflexos nas verbas contratuais (férias 
acrescidas de 1/3, décimo terceiro salário e FGTS – fl. 09), observando-se 
a vigência da norma coletiva (fls. 263/278), nos termos da fundamentação 
do voto.
Não é devido diferenças nas verbas rescisórias visto 
que inexiste nos autos Convenção Coletiva de Trabalho ao referido 
período. Quanto à jornada de trabalho, o pedido será analisado no tópico 
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seguinte.
2) HORAS EXTRAS 
Pugna a recorrente pela condenação das rés ao 
pagamento de horas extras, ao argumento de que não exercia cargo de 
confiança, pois sua atribuição era de mera coordenadora de vendas.
Não prospera o inconformismo.
Precipuamente, deve ser ponderado que as normas 
que estabelecem exceções aos limites gerais fixados pela Constituição da 
República quanto à jornada de trabalho devem sempre ser interpretadas 
restritivamente. 
Nesse contexto, a limitação de jornada se apresenta 
como regra, enquanto que o labor por jornadas indefinidas figura como 
exceção. 
O artigo 62, II, da CLT, no qual a reclamada 
fundamenta sua defesa, contém a seguinte redação: 
“Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste 
capítulo: 
...Omissis...
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de 
cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do 
disposto neste artigo, os diretores e chefes de 
departamento ou filial. 
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será 
aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste 
artigo, quando o salário do cargo de confiança, 
compreendendo a gratificação de função, se houver, for 
inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 
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40% (quarenta por cento).
Como pode ser claramente verificado na redação do 
mencionado dispositivo, o permissivo ali contido está direcionado ao 
empregado ocupante de cargo que, por sua própria natureza, envolve 
maior fidúcia dentro da estrutura organizada da empresa, dada a 
presença, no corpo da norma, da expressão "ou que desempenhem 
outros cargos de confiança". 
In casu, assim relatou a primeira testemunha da 
reclamante (fls. 399):
 “(...) que a recte era supervisora; que a recte podia 
contratar e despedir empregados; que a recte não podia 
mexer na disposição da loja; que a recte não podia aprovar 
créditos, o que era feito na central; que a recte chefiava 
cerca de 12 empregados; que a recte possuía superiores 
hierárquicos como o Sr. Carlos, diretor e a coordenadora 
Jaldejane, mas esses dois não se ativavam no mesmo local 
que a recte; que a recte recebia ordens de superiores do 
Banco Carrefour, acreditando que a recte também desse 
ordens para empregados do Banco Carrefour.”.
Ora, o fato de a reclamante ser responsável pela 
coordenação de vendas de uma das lojas da ré, de gerenciar uma equipe 
de 12 pessoas, podendo contratar e demitir empregados, com autonomia 
setorial, já que seus superiores hierárquicos não se ativavam no mesmo 
local de trabalho, confirma que seu cargo exigia fidúcia especial, 
demonstrando o exercício de cargo de confiança, nos moldes do art. 62 
da CLT.
Destaca-se ainda que a segunda testemunha da 
autora, ao tentar esclarecer os horários de trabalho da recorrente se faz 
genérica e confusa afirmando que “não via o horário que a reclamante 
entrava de manhã, mas sabia que ela entrava cedo; que viu os horários 
de saída da reclamante, que variava, 17h/19h/20h/21h; que o horário 
mais comum de saída era 19h/20h, não demonstrando a depoente, 
entretanto, muita convicção a respeito” (fl. 400).
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Por fim, na exordial, ao se fazer o pedido de dano 
moral, esclarece a demandante que “no ano de 2010, foi feita uma 
reunião apenas para Supervisores, Coordenadores e Gerente Comercial, 
dentre essas pessoas convocadas estava a reclamante” (fl. 10), não 
cabendo a parte se “vestir” em tal função apenas quando lhe é 
conveniente à tese apresentada.
Nessa senda, irreparável se mostrou a r. sentença de 
origem, não havendo nada a ser reformado.
3) SOBREAVISO 
Pugnou a reclamante a reforma da r. sentença 
quanto ao tema em epígrafe, sob a alegação de que confirma o preposto 
que a autora poderia ser chamada ao serviço, via telefone celular, fora do 
horário de expediente (fl. 490).
Pois bem.
O sobreaviso é o tempo que o empregado 
permanece em sua casa aguardando o chamado para o serviço e, por 
conta disso, deve ser remunerado na razão de 1/3 da hora normal, bem 
como que sua escala não pode ultrapassar de 24 horas, conforme 
determina o artigo 244, § 2º da CLT.
Neste ponto, de bom alvitre colacionarmos a Súmula 
428 do c. TST sobre o tema em questão:
Súmula 428. Sobreaviso. Aplicação analógica do art. 
244, § 2º da CLT. 
I - O uso de instrumentos telemáticos ou 
informatizados fornecidos pela empresa ao 
empregado, por si só, não caracteriza o regime de 
sobreaviso.
II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à 
distância e submetido a controle patronal por 
instrumentos telemáticos ou informatizados, 
permanecer em regime de plantão ou equivalente, 
aguardando a qualquer momento o chamado para o 
serviço durante o período de descanso.
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Feitas tais considerações, impende mencionar que 
por alegar fato constitutivo de seu direito, cabia à reclamante comprovar 
que laborou, faticamente, nos moldes do § 2º, do artigo 244 da CLT. 
Todavia, desse encargo não se desincumbiu, vez 
que, suas testemunhas nada mencionam quanto ao alegado sobreaviso 
(fls. 399/400).
Destaca-se, nos termos do depoimento pessoal do 
preposto, que “a empresa forneceu a reclamante um telefone celular, com 
a finalidade de, eventualmente, se a responsável no momento da 
ausência da reclamante não conseguisse resolver a situação deveria 
fazer contato através desse telefone; porém a reclamante não era 
chamada a comparecer ao trabalho fora dos dias referentes a sua escala; 
raramente sim” (fl. 287-v). 
O depoimento citado, por si só, não é suficiente para 
se caracterizar o sobreaviso, tendo em vista ter restado claro que não 
havia a convocação da demandante nos períodos em que não estava 
trabalhando, podendo, apenas excepcionalmente, ser requisitada. 
Pelo exposto, conclui-se que a recorrente não 
comprovou suas alegações e, nesse passo, nego provimento ao apelo.
DISPOSITIVO
Posto isso,
ACORDAM os Magistrados da 18ª turma do Tribunal 
Regional do Trabalho em: CONHECER dos apelos interpostos e, no 
mérito, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao da primeira reclamada 
(Carrefour Promotora de Vendas e Participações Ltda), a fim de 
reduzir o montante da indenização por danos morais decorrentes do 
assédio a R$ 10.000,00, e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao da autora 
a fim de reconhecer o seu enquadramento sindical como empregada de 
financeira, e por consequência, diferenças salariais em razão da 
aplicação dos reajustes salariais, bem como seus reflexos nas verbas 
contratuais (férias acrescidas de 1/3, décimo terceiro salário e FGTS – fl. 
09), observando-se a vigência da norma coletiva (fls. 263/278), nos 
termos da fundamentação do voto.
Mantém-se a sentença em seus demais termos, 
inclusive quanto aos valores da condenação e custas processuais.
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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
Justiça do Trabalho
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
As partes atentarão ao art. 538, parágrafo único, do 
CPC, bem como aos artigos 17 e 18 do mesmo diploma legal, não 
cabendo embargos de declaração para rever fatos, provas e a própria 
decisão. Nada mais. 
DONIZETE VIEIRA DA SILVA
Desembargador Relator
DVS/06
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	Desembargador Relator

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