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Madeiras Prof.ª Ana Carolina Marques Aula baseada no capítulo 17 do livro Materiais de Construção – Falcão Bauer vol. 2 e no capítulo 34 do livro Materiais de Construção Civil – Editor Geraldo Isaia, vol.2 Introdução Material excepcional de múltiplo aproveitamento que acompanha a civilização desde os primórdios Incorpora características importantes nos aspectos: – Técnicos; – Econômicos e; – Estéticos. *Características dificilmente encontradas em outro material existente Apresenta múltiplas finalidades: Introdução Coberturas Cimbramentos Transposição de obstáculos (pontes, viadutos, passarelas) Apresenta múltiplas finalidades: Introdução Armazenamento (silos) Linhas de transmissão (energia elétrica, telefonia) Painéis divisórios, portas, pisos Apresenta múltiplas finalidades: Introdução Meios de transporte Instrumentos musicais Outros Introdução • DESVANTAGENS: – preconceitos devido à falta de divulgação da informação tecnológica sobre o seu comportamento – falta de projetos específicos desenvolvidos por profissionais habilitados – numerosas marcenarias com equipamentos ultrapassados – mão de obra pouco qualificada redução da qualidade – associação do seu uso à devastação de florestas – falta da aplicação inteligente do manejo silvicultural Introdução • VANTAGENS: – custo reduzido de produção; – crescimento, extração e desdobro de árvores envolvem baixo consumo de energia; – Tem resistência mecânica elevada e baixo peso próprio; – Pode ser processada viabilizando formas e dimensões limitadas pela geometria da tora e equipamento usado na operação – Baixo impacto ambiental desde que seja feita a reposição – aspecto visual decorativo Introdução • Outras propriedades: • Apresenta resistência mecânica tanto aos esforços de compressão como de flexão; – Utilização em vigas e pilares • Boa resistência a choques e esforços dinâmicos; • Apresenta boas características de isolamento térmico e absorção acústica. Definição A madeira é um material: • ORGÂNICO - formado basicamente por carbono (C); • HETEROGÊNEO - devido sua grande variação existente tanto em tipos como em componentes básico e na distribuição destes componentes; • POROSO – disposição dos componentes formam poros; • HIGROSCÓPICO – absorção de água pelos poros; • ANISOTRÓPICO – se comporta de modo diferente de acordo com a orientação das fibras. Origem e produção • Classificação das árvores • A madeira natural é produto direto do lenho dos vegetais superiores: árvores e arbustos lenhosos; Árvores superiores Ramo: Fanerógamas ou espermatófitos Raízes, caule, copa, folhas, flores e sementes Classificação conforme germinação e crescimento Endógenas Exógenas de germinação interna desenvolvimento transversal do caule se processa de dentro para fora; a parte externa do lenho é mais antiga e mais endurecida (ex.: palmeiras e bambus)de germinação externa têm no crescimento um desenvolvimento transversal do caule com adição, de fora para dentro, de novas camadas concêntricas de células: os anéis anuais de crescimento. Origem e produção • Classificação das árvores • A madeira natural é produto direto do lenho dos vegetais superiores: árvores e arbustos lenhosos; Árvores superiores Ramo: Fanerógamas ou espermatófitos Raízes, caule, copa, folhas, flores e sementes Classificação conforme germinação e crescimento Endógenas Exógenas gimnospermas angiospermas Ex.: coníferas ou resinosas. • não produzem frutos; •Têm suas sementes descobertas; •Têm, geralmente, lenho de madeira branda Conhecidas como “madeira de lei” Origem e produção • Fisiologia e crescimento das árvores • Composta por raiz, caule e copa. • Tronco ou caule sustentação – parte imediatamente útil para a produção de peças de madeira natural. Origem e produção • Produção das madeiras • Corte: geralmente durante o inverno (meses sem a letra “r”). A época não influi na resistência importante na durabilidade. • Madeiras abatidas no inverno secam lentamente sem rachar ou fendilhar e, por não ter seiva elaborada nos tecidos, tornam-se menos atrativas a fungos e insetos. A Nomenclatura e as dimensões da madeira serrada estão fixadas na ABNT. Propriedades físicas • Fatores de alteração das propriedades físicas e mecânicas – Fatores naturais – Espécie botânica • Estrutura atômica e a constituição do tecido lenhoso responsáveis pelo comportamento físico-mecânico do material. – Massa específica do material • Massa específica aparente; – Massa por unidade de volume do material » índice da distribuição ou concentração de material existente do tecido lenhoso Propriedades físicas • Fatores de alteração das propriedades físicas e mecânicas – Fatores naturais – Localização da peça no lenho • Resultados diferentes para corpos de prova extraídos do cerne, alburno, próximos às raízes ou à copa. – Presença de defeitos (nós, fendas, fibras torcidas, etc.) • Provoca anomalias no comportamento mecânico da peça ou corpo de prova, dependendo da sua distribuição, dimensões e localização – Umidade • Determina profundas alterações nas propriedades do material – Defeitos por ataques biológicos • Ataques de fungos (manchas e podridões) ou insetos (perfurações) Propriedades físicas • Fatores de alteração das propriedades físicas e mecânicas – Fatores tecnológicos – Decorrem do procedimento desenvolvido na execução dos ensaios de qualificação: • forma e dimensões dos corpos de prova, • orientação das solicitações em relação aos anéis de crescimento e; • velocidade de aplicação das cargas. – Relacionados com a forma e dimensões e respostas anisotrópicas (pela orientação das fibras). Propriedades físicas • Ensaios de caracterização normalizados de acordo com a 7190/97. • Umidade • Água permanece em três estados: água de constituição, água de impregnação e água livre. • Água de constituição: está em combinação química com os principais constituintes do material lenhoso. Não pode ser eliminada sem a destruição do material. Não é eliminada na secagem. • Secagem é o processo de evaporação da água livre e água de impregnação. Propriedades físicas • Umidade – Água de impregnação: infiltrada ou impregnada nas paredes celulósicas das células lenhosas. – Provoca inchamento. – Quando as paredes das células estão completamente saturadas, sem que a água extravase para os vazios celulares, diz-se que a madeira atingiu o ponto de saturação ao ar (PS). – Quando começa a encher os vazios capilares: está na condição de água livre. – Nem a presença ou a saída desta água interfere na estabilidade dimensional, resistência e na elasticidade. – Sua evaporação ocorre mais rapidamente até atingir o PS (20% a 30% de umidade, depende da espécie). – Depois do PS, a evaporação prossegue mais lentamente até a umidade de equilíbrio (UE) (12% para a NBR 7190) Propriedades físicas • Classes de umidade (NBR7190/97): – Valores utilizados para projeto e escolha dos métodos de tratamento Classes de umidade Umidade relativa do ambiente Uamb Umidade de equilíbrio da madeira Ueq 1 65% 12% 2 65%<Uamb 75% 15% 3 75%<Uamb 85% 18% 4 Uamb > 85% durante longos períodos ≥25% mi massa inicial (g) ms massa seca (g) Teor de umidade • Densidade de massa da madeira – Usada para estimar o peso próprio em estruturas • Densidade básica: razão da massa seca pelo volume saturado • Volume saturado: dimensões finais do CP submerso em água até que atinja massa constante (variaçãomenor do que 0,5%). Propriedades físicas ms massa seca (kg) Vsat volume (m³) • Densidade aparente: definida pela razão entre massa e volume de CPs com teor de umidade de 12%. • Amostra: igual à da umidade m12 massa a 12% de umidade em kg V12 volume a 12% de umidade em m³ Propriedades físicas • Estabilidade dimensional: retração e inchamento – Relacionada com a presença de água na madeira • Praticamente desprezíveis na direção longitudinal, mais acentuada na radial e máxima na tangencial • Raios medulares se orientam horizontalmente, da casca para a medula (retração baixíssima nessa direção) • Na direção tangencial não há elemento anatômico movimentação livre • Diferença entre T e R fator responsável por trincas, rachaduras, empenamento, etc. • Relação T/R e baixos valores absolutos de T e R são maior estabilidade dimensional Propriedades mecânicas • Características de resistência da madeira a todos os tipos de solicitações mecânicas. • Características mecânicas principais: – Exercidas no eixo axial ou no sentido das fibras da madeira, relacionadas à sua coesão axial: compressão, tração, flexão estática e flexão dinâmica (paralela às fibras índice 0). • Características mecânicas secundárias: – Que se exercem transversalmente às fibras: compressão e tração normal às fibras, torção, cisalhamento e fendilhamento (perpendicular às fibras índice 90). Todas são relacionadas à anisotropia do material, capacidade de absorver água e de seus principais constituintes celulares. Propriedades mecânicas • Compressão paralela às fibras (fwc,0 ou fc,0) (NBR 7190/97): – Máxima tensão de compressão. – Amostra: Fc0 máxima força de compressão (N) A área inicial da seção transversal (mm²) fc0 resistência à compressão paralela às fibras (MPa) Propriedades mecânicas • Compressão normal às fibras (fwc,90 ou fc,90) (NBR 7190/97): – Amostra: Propriedades mecânicas • RigidezMódulo de elasticidade – determinado pela reta secante à curva tensão x deformação, definida pelos pontos (s10%; e10%) e (s50%; e50%).no ensaio. Propriedades mecânicas • Módulo de elasticidade •Extensômetros com precisão de 50mm/m •Dois ciclos de carga e descarga •Até 70% retirar equipamento e romper Propriedades mecânicas • Tração paralela às fibras (fwt,0 ou ft,0) (NBR 7190/97): – Máxima tensão de tração – Amostra: Ft0,máx máxima força de tração (N) A área inicial (mm²) ft0resistência à tração (MPa) Propriedades mecânicas • Tração normal às fibras (fwt,90 ou ft,90) (NBR 9170/97): – Máxima tensão de tração. – Amostra: Carregamento de preferência na direção tangencial Ft90,máx máxima força de tração (N) At90 área inicial (mm²) ft,90resistência à tração (MPa) Propriedades mecânicas • Flexão (NBR 7190/97) – CP biapoiado em dois apoios móveis – Amostra: CP fabricado com o plano de flexão perpendicular à direção radial, não se admitindo inclinações das fibras maiores que 6° em relação ao seu comprimento. • CP biapoiado em dois apoios móveis. Mmáx máximo momento aplicado (N.m) We módulo de resistência elástico da seção transversal do CP, dado por bh2/6 (m³) Defeitos e classificações • Principais defeitos das madeiras • Definição: – Todas as anomalias em sua integridade e constituição que alteram seu desempenho e suas propriedades físico- mecânicas • Classificação dos defeitos – Defeitos de crescimento – Defeitos de secagem – Defeitos de produção – Defeitos de alteração • Defeitos de crescimento: Devidos a alterações no crescimento e estrutura fibrosa do material – Nós Nós podres Nós sãos Peças não usadas para função estrutural •Prejudica a compressão no máximo em 20% •Na tração tem influência considerável (baixa resistência que o lenho apresenta quando tracionado) (na flexão devem ficar situados na parte comprimida da peça) •Cisalhamento praticamente não é afetado Defeitos e classificações • Defeitos de secagem: – Rachaduras: Abertura radial de grande extensão no topo de toras – Fendas: Pequenas aberturas radiais do topo das peças – Fendilhado: Pequenas aberturas ao longo das peças Defeito frequente. Praticamente não interfere na tração, rupturas prematuras à compressão, redução da seção resistente no cisalhamento (é o mais afetado). Defeitos e classificações • Defeitos de secagem: – Abaulamento (ou encanoamento): Empenamento no sentido da largura da peça – Curvatura (ou arqueamento): Encurvamento longitudinal – Curvatura lateral (encurvamento): Encurvamento lateral Defeitos e classificações • Defeitos de produção: – Fraturas – Rachaduras – Fendas – Machucaduras Obtidos durante o processo de abate e derrubada das arvores, desdobro, transporte e armazenamento. Defeitos e classificações Desdobro Arestas quebradas e variação da seção • Defeitos de alteração: – Ataque de predadores – Fungos – Insetos Causa redução considerável na seção resistente de peças estruturais. Efeito de reforço e agravamento de defeitos preexistentes Defeitos e classificações Beneficiamento das madeiras • Secagem das madeiras – Teor de umidade deve ser compatível com o ambiente onde será utilizada. – Vantagens: • Diminui o peso do material transporte e o projeto de estruturas • Madeira seca torna-se estável • Aumento da resistência do material pela saída da água do tecido lenhoso • Madeira seca é mais resistente aos agentes de deterioração • Permite impregnação dos produtos e penetração satisfatória no processo de preservação • É necessária para receber a pintura ou envernizamento de proteção Beneficiamento das madeiras • Preservação das madeiras Durabilidade é a resistência aos agentes de alteração e destruição do tecido lenhoso Depende da própria natureza do material e do ambiente de emprego. – Deterioração • Insetos: se alimentam do tecido lenhoso • Crustáceos e moluscos: destroem estruturas de madeira imersas em águas salobras • Fogo e agentes meteorológicos (faísca, ventos, etc.) • Boa resistência à substâncias químicas inorgânicas, ácidos e bases • Fungos e bactérias Beneficiamento das madeiras • Principais processos de preservação – Tratamento prévio do material secagem, remoção das cascas e cortiças, desseivagem (estufamento vapor de água de 80 a 90°C e grau higrométrico 100%). • Processos de impregnação superficial: pinturas superficiais ou imersão em preservativos adequados (penetração 2 a 3mm) – Recomendável para peças destinadas a ambientes cobertos protegidos e sujeitos a fracas variações higrométricas (telhados residenciais, madeiramentos de entrepisos e forros, etc.) • Processos de impregnação sob pressão reduzida: penetração mais ou menos profunda (ex. impregnação de todo o alburno) • Processos de impregnação sob pressão elevada – Classe (CR 4, 5 e 6) – Mais eficientes. Indicados para peças que deverão ficar imersas. Usado para tratamento de dormentes e postes para redes de transmissão e distribuição elétrica. Beneficiamento das madeiras • Madeira transformada – Transformação das madeiras: processo que busca uma reestruturação do material com rearranjo de suas fibras resistentes. – Vantagens: • Homogeneidade de composição e razoável isotropia no comportamento físico e mecânico • Possibilidade de secagem e tratamentos quando o material está reduzido à lâminas finas • Fabricação de chapas e blocos com dimensões adequadas (pré- fabricados) • Aproveitamento integral de todo o material lenhoso Beneficiamento das madeiras • Madeira transformada – Madeira laminada • Tábuas sobrepostas e coladas – Madeiralaminada compensada ou contraplacados de madeira • Diversas lâminas finas coladas umas sobre as outras, de maneira que as fibras de uma se disponham normalmente às das lâminas vizinhas • Madeira transformada – Madeira aglomerada • Fragmentos de madeiras menores aglomerados com resinas – Madeira reconstituída • Aglomeração das fibras celulósicas extraídas do lenho das madeiras. Beneficiamento das madeiras MDP MDF 1. Foram retiradas amostras de dimensão 2x3x5cm de uma madeira. A massa inicial foi de 22,2g. Sabendo-se que depois de deixado em estufa, a massa seca foi de 19,8g, calcule o teor de umidade da madeira. 2. Você realizou ensaios de caracterização em corpos de prova de madeira de dimensões (5x5x15) cm e obteve os seguintes resultados: 143,2kN, 144,7kN e 145,2 kN. Calcule a resistência média. Exercícios
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