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1 MANUAL DO CURSO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICOS EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS T.T.I. OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS 2 ÍNDICE O Corretor de Imóveis Responsabilidade Remuneração Sistema Cofeci/Creci Inscrição A Clientela Intermediação imobiliária O contrato de corretagem Bens imóveis Aquisição de imóveis Cessão de direitos Contrato de gaveta Incorporação Afetação Imóveis na planta Registro de imóveis Condomínio Locação Sistema Financeiro da Habitação Legislação 3 5 6 6 7 10 18 23 24 25 26 26 27 30 30 31 32 33 34 36 4 Ao repórter, Ana Paula Pereira, entrevistada que passou quase um ano procurando apartamento antes de finalmente encontrar o que queria em Santa Teresa, desabafou: “Uma vez, uma corretora chegou para me mostrar o apartamento com os cabelos presos para cima, de bermuda velha, daquelas que a gente só usa quando está fazendo faxina em casa, e chinelos. Não precisa estar superelegante, mas o mínimo de compostura não cairia mal, afinal ela estava vendendo um apartamento. Vi muita gente que não sabia o que estava fazendo: corretores que não tinham respostas para as perguntas que eu fazia sobre o imóvel, o financiamento ou sobre qualquer coisa. Acho que essas pessoas deviam se preparar melhor”. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro (CRECI- RJ), autarquia responsável pela fiscalização do exercício profissional, informou ao jornal que o “boom” do setor fez muita gente “virar corretor da noite para o dia, incluindo porteiros e síndicos: são pessoas que não fazem parte das cerca de 500 que recebem o registro do órgão a cada três meses”. Já o Secovi-RJ (Sindicato da Habitação) explicou que aquela organização orienta as empresas a contratarem profissionais capacitados, os quais, além de experiência, “precisam conhecer a legislação, ter noções de arquitetura e, ocasionalmente, agir como psicólogo”, adiantando que o problema atinge também a locação: “Nesta época [o verão], onde o aluguel por temporada é muito procurado, o número de corretores aumenta ainda mais, e os golpes também. O mais comum são imóveis alugados sem o conhecimento do dono; o inquilino precisa redobrar os cuidados”. Muitos acham que, para ser corretor, basta dispor de muita vontade e gosto por vendas, e se aventuram pelo mercado, sem saber que podem bater na cadeia, porque o exercício ilegal da profissão é enquadrado na Lei das Contravenções Penais. Compra, venda, locação e avaliação de imóveis são atividades privativas de profissionais registrados no Sistema Cofeci/Creci como Corretores de Imóveis, os quais, para obter essa exclusividade, lutaram no Congresso Nacional por longos anos mobilizando o deputado Ulysses Guimarães a apresentar o projeto que em 27 de agosto de 1962 se tornaria a Lei nº 4.116, a primeira acerca do assunto. Esta norma jurídica, exigia a todos comportamento ético¹, todavia, não incluía a grade curricular indispensável à formação técnica específica, sendo por isso considerada inconstitucional. Só em 12 de maio o de 1978, com a Lei n° 6.530 e o Decreto nº 81.871, de 29 de junho de 1978², com a ajuda de Arnaldo Prieto, então ministro do Trabalho, foi regulamentada a profissão de Técnico em Transações Imobiliárias e também ratificada a atuação dos Conselhos Federal e Regionais de Corretores de Imóveis - autarquias dotadas de personalidade jurídica de direito público, vinculadas ao Ministério do Trabalho, com autonomia administrativa, operacional e financeira para disciplinar e fiscalizar as atividades desses profissionais. Antonio Rocha, atualmente presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio, participou ativamente da elaboração dessa legislação. Entre 2005 e 2010, o número de corretores registrados no Estado do Rio de Janeiro cresceu em 50%, gerando expectativa de que, em meados de 2011, eles somem 50 mil. ¹ Em 1982, o COFECI aprovou um Código de Processo Disciplinar para o Corretor habilitado, acessível na Internet em http://www.cofeci.gov.br/arquivos/legislacao/resolucao146_82.pdf. ² As duas normas jurídicas, citadas, de suma importância para o mercado imobiliário como um todo, encontram- se, na integra, no final deste volume. 3 O CORRETOR DE IMÓVEIS Em 31 de janeiro de 2011, a Revista Época contava o drama de uma economista de 39 anos e seu marido, de 46, para mudar de casa: “Com dois filhos, o apartamento em que moravam, de 120 metros quadrados e três dormitórios, no bairro da Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, estava pequeno. A ideia era comprar outro apartamento, de 170 metros quadrados num condomínio da região. No fim de 2007, quando surgiu um comprador oferecendo R$ 360 mil pelo imóvel deles, não hesitaram em vendê-lo, embora ainda faltassem R$ 70 mil para comprar o novo apartamento. Como os preços dos imóveis usados pareciam estáveis, decidiram adiar a compra e aplicar o dinheiro para tentar ganhar a diferença. E foram viver num apartamento alugado, ainda menor. O resultado não foi o esperado. Os preços dos imóveis dispararam. Assustados, Andrea e Marcio sacaram o dinheiro do banco para tentar comprar o que fosse possível. Em agosto de 2008, fecharam negócio num apartamento em construção, de 140metros quadrados, numa rua menos valorizada do bairro. Pagaram R$ 460mil – R$ 100 mil a mais do que ganharam na venda do primeiro. Pagaram à vista, com desconto. Ainda assim, tiveram de vender um carro – um EcoSport do ano – e sacar o que tinham acumulado no Fundo de Garantia. O apartamento demorou dois anos e meio para ficar pronto, período em que precisaram pagar aluguel. Hoje, de acordo com Marcio, o apartamento que ele e Andrea venderam por R$ 360 mil vale R$ 550 mil, o preço do novo. E o apartamento que planejavam comprar, de R$ 450 mil, agora custa R$ 750 mil – uma alta de 66% em três anos. “Não era o que a gente queria”, diz Marcio. “Mas, depois de tanta confusão, não foi tão ruim.” Problemas como este não teriam acontecido se o casal tivesse recorrido a um bom Corretor Imobiliário, o único profissional legalmente habilitado para intermediar na compra, venda e locação de imóveis e opinar formalmente acerca do valor, sob pena de responder por perdas e danos se não executar a mediação com diligência e prudência e deixar de prestar ao cliente todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência que recebeu. Para “Época”, o drama vivido por Andrea e Marcelo reflete a violenta explosão ocorrida na construção civil e nos preços dos imóveis nos últimos anos. A valorização, maior aqui, menor ali, espalhou-se por todo o Brasil, das grandes metrópoles aos pequenos vilarejos de beira de estrada e à zona rural. “Na atual onda de valorização, nem todo mundo foi pego de surpresa. Houve quem lucrou – e muito” – asseverou José Fucs, autor da reportagem, acrescentando: “Muitos investidores aproveitaram para comprar imóveis na planta e revendê-los, com lucro. Mesmo quem não tinha capital para fazer isso sozinho conseguiu reunir amigos para investir – numa antiga prática que caíra em desuso e agora ressuscitou. Até investidores estrangeiros, como Sam Zell, um magnata do mercado imobiliário americano, colheram lucros no Brasil, comprando fatias em grandes empresas do setor e se beneficiando da alta na Bolsa. Segundo uma pesquisa da Associação dos Investidores Estrangeiros em Imóveis, o Brasil ultrapassou a China e apareceu como o destino preferido em todo o mundo para negócios imobiliários, em 2011”. Quase que simultaneamente, o jornal “O Globo”, em seu caderno “MorarBem”, questionava: “Mercado aquecido, preços nas alturas, é compreensível que a profissão [de corretor] passe a atrair mais mão de obra, por conta de boas comissões de venda. E que as imobiliárias passem a contratar recém-chegados. Mas como fica o cliente, ao se deparar com um vendedor sem registro ou despreparado”? 5 A remuneração do corretor, ao contrário de muitas profissões, não é um salário fixo. Ele recebe a “corretagem” (comissão por negócio concretizado), que varia de 6% a 8% no caso de imóveis urbanos e industriais, 6% a 10% sobre imóveis rurais, e 5% em transações judiciais. Seu trabalho compreende desde a vistoria e apresentação de imóveis ao público interessado na compra, venda, permuta, locação e incorporação de imóveis, envolvendo ainda acompanhamento do desenvolvimento de projetos arquitetônicos e das áreas onde se localizam, e organização de papéis e documentos necessários durante o processo de negociação do imóvel. Assim, eles são encontrados operando no próprio escritório, como também nas empresas imobiliárias, empresas de classificados de “e-imóveis” (Internet), organizações de consórcios imobiliários, de leilões, cartórios de registros de imóveis, construtoras e outras. Uns se especializam na negociação de imóveis usados; outros, de rurais; ainda outros, de lançamentos, loteamentos, administração de aluguéis, de condomínios, e avaliações. Como todo trabalhador, o corretor vincula-se a uma federação nacional, no caso a FENACI, subordinada à Confederação Nacional dos Profissionais Liberais (CNPL), com sede em Brasília e, na qualidade de profissional liberal, pode se estabelecer com um escritório imobiliário e através dele prestar seus serviços ao público em geral, bastando para isso promover sua inscrição junto à Prefeitura local. Feito isto, poderá admitir empregados para as tarefas administrativas, com a estrita observância das leis trabalhistas, sendo de se ressaltar que, em eventual fiscalização pelo Conselho, será exigida pelo Agente a prova do registro em CTPS desses funcionários. Faz-se necessário esclarecer que, como pessoa física, o profissional não poderá se utilizar publicamente de nome fantasia para a divulgação do trabalho: só o seu nome, seguido obrigatoriamente da expressão "corretor de imóveis" (a qual poderá ser acrescida de outras qualificações, como "gestor” ou “consultor” imobiliário e do número de inscrição no Creci. Admite-se a utilização de nome fantasia quando o profissional se inscrever como empresário nos órgãos competentes. Existem no mercado, entretanto, numerosas firmas que se valem de corretores para a comercialização de unidades de empreendimentos de grande porte, sem vínculo empregatício. O Cofeci tem anunciado que observa as condições de trabalho e remuneração oferecidas aos autônomos que atuam em lançamentos, prometendo baixar normas acerca desses profissionais. Responsabilidade A legislação tem sido especialmente cuidadosa no tocante às operações dos corretores em geral. No Código Civil de 2002³, o artigo 723 já lhe determinava: a) Ser prudente e diligente ao executar o objeto do contrato, ou seja, a mediação do negócio, devendo agir sem que propicie a realização de contratos nulos e anuláveis; b) Prestar todas as informações sobre o andamento dos negócios, sempre de forma espontânea, visto que faz parte das suas atribuições de intermediador de negócios; c) Prestar todos os esclarecimentos sobre a segurança ou risco do negócio, as alterações de valores, e demais fatores que possam influir no resultado na realização do negócio, sob a pena, se não o fizer, de responder por penas e danos causados em razão da omissão de algum fator que estava ao seu alcance. Os especialistas entenderam que esta redação dava margem à interpretação de que o corretor só prestaria as informações do negócio se fosse solicitado, podendo omitir as que não fossem questionadas, sem responder por danos. Em consequência, em 19 de 6 maio de 2010 procedeu-se a alteração, passando o artigo 723 a rezar: "O corretor é obrigado a executar a mediação com diligência e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do negócio". E mais: "Sob pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência". Com a reformulação, procurou-se reprimir a ação daqueles que recomendam negócios sem as devidas cautelas, e colocando consumidores em situação de risco, e dos que atuam com parcialidade, defendendo o interesse de apenas uma das partes e os demais mal-intencionados. Os tribunais de Justiça, em numerosas sentenças, têm declarado a existência de responsabilidade solidária entre imobiliária, corretores e promitentes vendedores em ações indenizatórias movidas por compradores 4prejudicados. E o Código de Defesa do Consumidor estabelece, em seu artigo 14: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos". As reclamações se avolumam, e o Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro e o Colégio Arnaldo Prieto, por ele mantido, recomendam reiteradamente a seus alunos e associados que eles mesmos tomem a iniciativa de orientar a clientela a adotar cuidados especiais, como os seguintes: • Exigir sempre que o Corretor de imóveis apresente a carteira do CRECI e conferir junto ao Conselho a autenticidade do documento; • Exigir do Corretor um contrato de prestação de serviços por escrito, estabelecendo as responsabilidades dele no negócio; • Ter sempre em mente que o Corretor Imobiliário só poderá receber sinal de compra caso esteja expressamente autorizado, através de procuração do comprador ou contrato específico dizendo isto. • Jamais fazer o negócio por procuração ou contrato de gaveta. Se for necessário passar uma procuração, colocar cláusula de prazo máximo para efetivação do negócio, além do dever de prestação de contas. Isto amarra o profissional ao objeto do seu contrato e evita desvios de conduta. • Lembrar sempre que o corretor tem a obrigação de pesquisar e apresentar todas as certidões referentes à transação, inclusive sobre dívidas de condomínio, dívidas com concessionárias de serviços públicos, parcelas de financiamento em aberto perante a construtora ou banco, taxas de mobiliário de áreas comuns e de entrega do imóvel, além de dívidas de IPTU e processos contra o vendedor; • Ter igualmente presente que o pagamento da corretagem cabe somente à parte que encarregou o corretor de procurar o negócio determinado, sabendo- se, porém, que o pagamento pode ser dividido entre o comprador e o vendedor, desde que isto conste expressamente no contrato; • Havendo cláusula de exclusividade no contrato de corretagem, o contratante deve estipular um prazo determinado; • O artigo 726 do Código Civil dispõe que o corretor que tiver exclusividade não terá direito à comissão se for comprovada a sua inércia ou ociosidade; ³ Na Internet, em http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-1/codigos-1#content e também na página do Sindimóveis Est. RJ: http://www.sindimoveisrj.org.br/site2010/index.php 4 Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, ver http://www.sindimoveisrj.org.br/site2010/index.php 8 Embora tenha atribuições corporativas, atua como defensor da população e do consumidor, ao impor e fazer cumprir medidas que defendem todos os cidadãos, por meio do exercício de atividadesfundamentais. Com a sede do Cofeci em Brasília (DF), o sistema dispõe de Crecis distribuídos pelo território nacional, instalados em 25 unidades da federação. Os Crecis, por sua vez, têm delegacias nas principais cidades de seus respectivos estados. Todas as unidades são habilitadas a prestar informações e serviços ao profissional, às empresas do setor e ao consumidor em geral. Além da assistência à categoria, que integra e mantém o sistema por meio de contribuições anuais. O órgão tem atuado intensamente para a valorização do mercado imobiliário como um todo e para a erradicação do déficit habitacional brasileiro, estimado em 7 milhões de unidades. Os esforços de valorização consistem em, a um só tempo, exercer atividades paralelas e complementares. O Sistema Cofeci-Creci tem intensificado o contato com a sociedade para: informar a opinião pública sobre seus direitos de acesso à moradia e sobre como o corretor de imóveis pode ajudar a todos com relação a este anseio; auxiliar os poderes constituídos a viabilizar o acesso à habitação, em atuação institucional; aprimorar a qualificação do corretor de imóveis, com o objetivo de torná-lo ainda mais capacitado a atender a sociedade em intermediação e consultoria imobiliárias. Inscrição Disposições legais garantem exclusividade aos corretores de imóveis inscritos nos conselhos regionais a intermediação das transações imobiliárias, sejam de compra, venda e aluguel de casas, apartamentos, lojas, escritórios, terrenos, sítios, fazendas e outros imóveis, no campo e na cidade, permitindo-lhe, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária. Antes da Lei Federal 6.530, qualquer pessoa podia exercer livremente a profissão de corretor de imóveis, bastando que algum cliente lhe confiasse a compra, venda ou locação de um imóvel. Com a promulgação da lei, os profissionais da compra, venda e locação de imóveis foram reunidos nos Conselhos Regionais, entidades normalmente instaladas nas capitais dos Estados e responsáveis pela fiscalização do exercício da profissão. Um dos maiores problemas verificados na profissão de Corretor de Imóveis está na existência de pessoas não credenciadas Sistema Cofeci/Creci, não estando, portanto, devidamente habilitadas. O exercício ilegal da profissão não é apenas um delito de caráter administrativo, mas, e principalmente, infração penal (Art.47 da Lei de Contravenções Penais, Decreto Lei nº 3.688 de 03/04/41). A capacitação do corretor de imóveis, proporcionada há mais de três décadas pelo Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro, que mantém o Colégio Arnaldo Prieto, sempre foi uma busca constante do COFECI e dos Conselhos Regionais, órgãos incumbidos da inscrição dos corretores em todo o território nacional. A formação profissional principia pelo Curso Técnico de Transações Imobiliárias (TTI), cuja conclusão é exigida para inscrição do candidato, a menos que ele apresente diploma de cursos superiores sequenciais e tecnológicos de Ciências Imobiliárias ou de 7 • O contratante deve fazer constar em cláusula no contrato que o pagamento da corretagem só se efetuará com a escritura pública devidamente registrada; • O Superior Tribunal de Justiça decidiu que quem contrata corretores só deve pagar comissão de corretagem se o negócio for efetivado. • O cliente deve declarar no contrato de compra e venda o valor da corretagem, quem pagará o corretor ou os corretores e deve exigir Nota Fiscal se for uma imobiliária ou um RPA - Recibo de Pagamento a Autônomo em caso de corretor pessoa física. Remuneração O Novo Código Civil dispõe que, se a remuneração do corretor "não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os 5usos locais” . Nos contratos de mediação em negócios imobiliários, o costume fixa a comissão em 6% (seis por cento) do valor contratado. Vale frisar, de outra parte, que, mesmo se as condições do negócio tenham sido alteradas posteriormente, o corretor terá direito à sua remuneração, visto que exerceu a sua principal obrigação e atingiu o resultado previsto no contrato de mediação, ou seja, a aproximação dos interessados para a realização do negócio. A remuneração também será devida quando, aproximadas as partes, o negócio não se 6 7implementar em razão do arrependimento dos interessados . Estabelece ainda que , "se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio dispensar o corretor e o negócio se realizar posteriormente, como fruto da sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual solução se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazo contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor". Desta forma, nos casos de contrato de mediação sem prazo determinado, se o comitente dispensar o corretor, mas o negócio se realizar a posteriori em virtude da mediação do corretor, a comissão lhe será devida. A mesma solução é adotada pelo artigo em estudo nos casos de contratos de corretagem com tempo determinado, em que o negócio se realizou após o término do prazo, e em virtude dos trabalhos exercidos pelo corretor. Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um corretor, 8será paga a todos em partes iguais, salvo ajuste em contrário ”. Um dos ensinamentos de Orlando Gomes é de que o Corretor perderá o direito à remuneração se o contrato for nulo, mas a anulabilidade somente seria oponível ao corretor se a causa fosse de seu conhecimento. Sistema Cofeci/Creci Instituído em 27 de agosto de 1962, o Sistema Cofeci-Creci (Conselho Federal e Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis) defende a sociedade por meio de ordenamento, regulamentação e fiscalização da profissão de corretor de imóveis. Autarquia federal com poder regulador, a entidade organiza um dos principais segmentos do mercado imobiliário. Com poderes outorgados pelo Estado brasileiro, zela pela ética e coíbe o exercício ilegal da profissão. 5 Artigo 724 6 Artigo 725 7 Artigo 727 8 CC, art 728 10 não solicitar informações ou documentos adicionais, antes de elaborar o seu parecer. Em condições normais, toda essa tramitação, desde o protocolo do requerimento até a solenidade de entrega da carteira profissional oscila entre 30 a 90 dias. As Pessoas Jurídicas inscritas no Conselho Regional de Corretores de Imóveis sujeitam-se aos mesmos deveres e têm os mesmos direitos das Pessoas Físicas nele inscritas. Deverão, porém, ter como sócio-gerente ou diretor um Corretor de Imóveis inscrito individualmente. A CLIENTELA Recente pesquisa do mercado imobiliário feita pelo IBOPE Mídia revelou que adquirir a moradia, ou reformá-la, constitui-se um dos principais sonhos de consumo do brasileiro a partir dos 20 anos de idade. Os entrevistados entre 20 e 34 anos de idade, acrescentam a este sonho o de comprar o primeiro automóvel. A vontade de ter um lar ou reformar o imóvel já adquirido intensifica-se a partir dos 35 anos. Na faixa dos 55 aos 64 anos, a prioridade é entrar na aposentadoria e logo depois de reformar a casa. Esta mesma sondagem, feita nas principais regiões metropolitanas do Brasil com cerca de 20 mil indivíduos entre 12 e 64 anos, constatou ainda que tem aumentado significativamente o número de pessoas da classe C próximas de comprar moradia. Quase metade dos componentes desse universo (47%) revelou planos para adquirir um imóvel nos próximos 12 meses, sendo 28% constituintes das classes (A-B) mais altas (AB) e 25% das mais baixas (D-E). As mulheres são maioria entre as pessoas que pretendem adquirir um imóvel nos próximos 12 meses: 58%, contra 42% dos homens. Lamentavelmente, a pesquisa não se estendeu aos imóveis comerciais nem às áreas rurais,nas quais os corretores imobiliários também desenvolvem suas atividades. Faltou, ainda, verificar os que pretendem trocá-los. A Caixa Econômica Federal informou que 57% dos pedidos de financiamento imobiliário advêm de candidatos com menos de 35 anos, ansiosos na maioria pelo primeiro imóvel: 40% são casais jovens, sem filhos, e 23%, solteiros. Todos consideram as prestações em longo prazo a melhor maneira de fugir do aluguel. O novo panorama do mercado imobiliário vem demonstrar que o desenvolvimento tecnológico e industrial no mundo e no Brasil provocou um crescimento sem precedentes não só nos anseios da população como também nos tipos e níveis da qualidade dos produtos em geral, com destaque para a moradia e igualmente os serviços oferecidos entre os quais a corretagem imobiliária. Com isso apareceram, nas empresas e escritórios de consultoria, novas situações gerenciais, envolvendo muito aperfeiçoamento de pessoal e avanços na qualidade final do produto e do serviço, pois o cliente torna-se cada vez mais exigente não só com relação a preço, mas também a aspectos voltados à segurança, à saúde e à proteção ao 10meio ambiente . 10 O Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro mantém cursos de atualização e excelência em vendas abertos aos associados e alunos do CAPRI nos seus diversos polos e delegacias. 9 Gestão de Negócios Imobiliários. Na frequência do curso, o aluno deve requerer junto ao CRECI-RJ o registro de estágio, obrigatório para a obtenção do diploma e registro profissional definitivo. Em resumo, para o exercício da profissão de corretor de imóveis, exige-se: • Formação escolar de nível médio (antigo 2º grau) • Formação no curso de Técnico em Transações Imobiliárias • Opção pelo curso de Ciências Imobiliárias ou Gestão Imobiliária (item opcional) • Inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis Para estágio, é necessário que o estudante apresente os seguintes documentos, além de requerimento assinado pelo Corretor Responsável (original): • RG e CPF (cópia) • 2 fotos 3 x 4 colorida • Comprovante de residência Observação: O corretor terá que ter endereço comercial, escritório ou imobiliária. Para inscrição de pessoa física, é preciso apresentar os seguintes documentos: • RG (original e cópia) (só aceitamos a cópia do próprio RG expedido pela Secretaria de Segurança Pública) • CPF (original e cópia) • Título de eleitor (original e cópia) • Última quitação eleitoral 1º e 2º turno (original e cópia) • Comprovante de residência atualizado no nome do requerente ou pais (ou cônjuge, apresentando certidão de casamento) (original e cópia) • Certificado de reservista até 44 anos (original e cópia); 3 fotos coloridas 3x4 idênticas, fundo branco (homem com terno e gravata) • Diploma de técnico em transações imobiliárias (original e cópia) • Carteira de estágio (original) • Certidões: certidão negativa de antecedentes criminais da policia civil; certidão negativa dos cartórios de protestos; certidão negativa da Justiça Federal; certidão negativa do distribuidor forense (cíveis e criminais) e certidão negativa de execuções penais. 9Na Internet, através do próprio site do CRECI , o interessado poderá obter todas as informações sobre a documentação necessária e as taxas a ser pagas, além de poder imprimir diretamente os formulários de requerimento. Concluído o curso e obtido o respectivo diploma, o recém-formado poderá requerer o registro de sua inscrição definitiva, mediante apresentação de determinada documentação e pagamento de taxas. Todas estas informações, inclusive os formulários que se fazem necessários, também se encontram disponíveis no site do CRECI. A inscrição do Corretor de Imóveis, tanto de pessoa física como de pessoa jurídica depende de Resolução do Conselho Federal de Corretores de Imóveis, que para tal confere poderes aos conselhos regionais. Antes de ser referendado pelo Plenário do Creci, o processo de inscrição é submetido à análise de uma Comissão, que poderá ou 9 www.creci-rj.gov.br/ 11 Hoje, o único diferencial de uma empresa ou um profissional autônomo é o atendimento: ter-se um bom produto, um produto perfeito, já não dá vantagem competitiva alguma. A ênfase direcionada ao produto está superada. O consumidor é, na verdade, quem determina o nível de excelência de um serviço, e ele sempre quer mais. Se o cliente quer mais, é porque subiu seu nível de necessidade e expectativa. Portanto, os clientes ficam satisfeitos ou não, conforme suas expectativas. Qualidade A insatisfação de clientes com a qualidade de produtos e serviços, porém, é muito antiga. Por volta de 2150 a.C., o Código de Hamurabi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender à sua finalidade e desabasse, ele, construtor, seria imolado. Hoje, no Brasil, é modismo falar-se em "Qualidade Total". Porém sua aplicabilidade requer conhecimento, esforço, dedicação e uma obsessão implacável. Está mais que provado que toda empresa deve provocar uma revolução de melhora na qualidade e assegurar que esta seja sempre definida em termos das percepções dos clientes. Os especialistas em marketing explicam que "esta revolução significa comer, dormir e respirar qualidade". Essa mudança radical, porém, ainda exige um enorme e infindável esforço de todos. Por incrível que possa parecer, ainda hoje causa surpresa quando alguém atende de maneira atenciosa, gentil e sorridente. Isto porque estamos distantes do padrão em que o cliente é realmente o centro das atenções. Basta lembrar a atenção que se vem dando à autossustentabilidade e à reciclagem para reconhecer a urgência de promover mudanças profundas na cultura, a partir de uma tomada de consciência de que o cliente provavelmente sabe muito mais a respeito do produto que pretende adquirir ou alugar do que aquele que se propõe a vender ou locar um imóvel. Em 1992, dois marqueteiros americanos, Albrecht e Brandford, publicaram um trabalho mostrando que a maioria das pessoas não diz que não ficou satisfeita com algum aspecto de um serviço ou empresa. As estimativas são de que cerca de 96% dos clientes insatisfeitos nem mesmo fazem reclamações diretas. Vão fazer negócios em outro lugar, inclusive pela Internet. Aqueles autores alertam: ”É preciso que os empresários olhem com carinho para os serviços que oferecem, colocando-se no papel de seus clientes.” O corretor imobiliário que pretenda se dar bem na carreira está sempre alerta para o fato de que a compra, venda e locação tem sido campo fértil para uma série de problemas que podem ser evitados, porém a emoção que as transações imobiliárias despertam nos clientes compra. Muitos deles podem ser evitados, mas a emoção que a aquisição imobiliária desperta no cliente cria verdadeiras armadilhas. Além disto, há pessoas que se veem com problemas possessórios com o bem adquirido, pelo simples fato de não ter adotado um procedimento básico: a visita ao imóvel que está adquirindo. Nos casos daqueles em construção, o corretor pode evitar muitos problemas futuros e até conquistar novos clientes, se acompanhar com o comprador a evolução da obra e a análise da incorporação, a partir de uma certidão que pode ser obtida no Registro de Imóveis. Deve fazer-se um parceiro indispensável do cliente porque a satisfação não advém da assinatura de um contrato seguro, em si, mas até nas assembleias de instalação do condomínio ou na inauguração de uma loja ou escritório. 12 É preciso resguardar a clientela investigandobem o vendedor, verificando, em especial, se contra ele existem ações fiscais e trabalhistas. Não são raros os casos de adquirentes que tardiamente descobrem que seus imóveis acham-se até penhorados. O contrato de compra e venda também deve ser checado pelo corretor, especialmente nas vendas a prazo, sendo-lhe obrigatório certificar-se de que o vendedor inseriu disposição segundo a qual a posse do imóvel só se dará a partir de um determinado percentual do pagamento. São relativamente comuns os casos em que o vendedor entrega a posse da coisa, o comprador não paga o preço, e o bem fica em discussão judicial permanecendo o comprador com a posse, sem que o vendedor receba integralmente o preço. Para vencer na carreira, o corretor precisa ser proativo a ponto de surpreender a clientela até mesmo antecipando-se no esclarecimento das dúvidas, ainda nem manifestadas. Clientes que têm dúvidas e reclamações prontamente solucionadas falar de sua experiência positiva para três ou quatro outras pessoas. Já um insatisfeito é capaz de contar para 20 acerca do mau serviço recebido. Um excelente ponto de partida é fazer uma relação das perguntas mais comuns da clientela e ter as respostas na ponta da língua. Uma das maiores incorporadoras paulistas elaborou até uma cartilha, que utiliza até para propaganda. Os autores deste livreto, além de selecionarem o que nela encontraram de utilidade para o estudante, incluíram, no site do Sindimóveis do Estado do Rio de Janeiro na Internet, um glossário com dezenas de dicas que poderão completar conhecimentos aqui ministrados. Eis as principais e respostas produzidas pela construtora paulista: O Cliente: Como é a assinatura do contrato? Resposta: A assinatura do contrato é a primeira etapa a ser realizada após você ter optado por um dos nossos imóveis. Todos os documentos de compra assinados por você, bem como seus documentos pessoais serão analisados e conferidos em nosso escritório. Como tudo estará bem, logo serão assinados pelos e pelo banco financiador, se houver financiamento externo. O Cliente: O que é hipoteca? Resposta: É uma garantia de direito real muito usada como forma de assegurar um empréstimo por meio da disponibilidade de bens imóveis e móveis (como aviões e navios, por exemplo) até o pagamento da dívida. O Cliente: Existe alguma hipoteca sobre o meu imóvel? Resposta: A existência ou não de hipoteca está determinada no seu contrato. Muitas vezes, para obter-se financiamento de produção da obra na instituição financeira, é preciso conceder alguma garantia. Esse procedimento de conceder a hipoteca das unidades futuras até a emissão do habite-se é praticado normalmente no setor da construção civil, e também não deixa de ser uma garantia de que seu imóvel será construído e entregue. O Cliente: Como posso baixar a hipoteca para registrar a escritura? Resposta: Você deverá entrar em contato com o incorporador para solicitar a baixa logo após a averbação do habite-se, e estamos sempre à sua disposição para acompanhá- lo. Após a averbação do habite-se, a incorporadora solicitará à instituição financeira o termo de cancelamento de hipoteca das unidades quitadas com recursos próprios, respeitando os prazos estabelecidos no Contrato de Compra e Venda. 13 O Cliente: Como faço para efetuar pagamentos? Resposta: A incorporadora lhe enviará os boletos de pagamento pelo correio próximo às datas de vencimento. Se por qualquer razão você não os receber, procure a gente. Nós providenciaremos para que lhe enviem uma segunda via e iremos orientá-lo para fazer o pagamento com toda segurança e garantia. O Cliente: Posso antecipar parcelas ou valores do meu contrato? Resposta: Sim, quando tiver interesse em antecipar pagamentos, entre em contato com a gente que diremos, com prazer, como proceder. O Cliente: Posso utilizar Financiamento/FGTS para quitar as minhas parcelas? Resposta: É possível a utilização do Financiamento e/ou FGTS somente para a quitação do contrato e após a conclusão da obra. Para a utilização do FGTS, o contrato deverá estar de acordo com as regras da CEF para o saque. O Cliente: Qual o prazo para validar ou confirmar uma parcela que paguei? Resposta: A parcela paga por meio de boleto bancário pode levar até três dias úteis para ser efetivada. Caso não ocorra nesse prazo, solicitamos que entre em contato com o vendedor. O Cliente: Como é reajustado o meu contrato? Resposta: Todo o saldo devedor em aberto é corrigido mensal e cumulativamente pelo Índice Nacional de Custo da Construção Civil do Mercado (INCC-M) até a emissão do habite-se. Após o habite-se, todo o saldo em aberto será corrigido pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), somado aos juros financeiros de 12% ao ano até a quitação do saldo total, conforme contratado. No caso de financiamento direto com a incorporadora, o saldo a ser financiado será corrigido pelo IGP-M, somado aos juros de 12% ao ano, calculados pela Tabela Price. A forma de cálculo da correção monetária é feita com base no índice divulgado no mês anterior ao mês da data de assinatura do contrato, e assim sucessivamente. O Cliente: Como faço para saber os valores dos índices praticados? Resposta: Os índices adotados são divulgados nos jornais de grande circulação. Para maior agilidade, a dica é consultá-los no site da Fundação Getúlio Vargas: www.fgv.br. O Cliente: Esta correção é legal? Resposta: Sim, está prevista na lei 10.931/94 a cobrança de correção monetária para contratos imobiliários, dentre outros dispositivos legais. O Cliente: O meu saldo devedor sempre aumentará? Resposta: O aumento ocorrerá sempre que houver variação positiva do índice de correção adotado. Caso essa variação seja negativa, o seu saldo devedor diminuirá na mesma proporção. O Cliente: Posso pagar parte do boleto? Resposta: Não são aceitam pagamentos parciais, apenas nos casos de pagamentos antecipados do saldo devedor. O Cliente: Seu escritório oferece serviços especializados de assessoria imobiliária? Resposta: Para que você se sinta mais seguro e tranquilo ao cuidar dos trâmites do seu financiamento, poderemos indicar-lhe um consultor com grande experiência para ajudar no processo de contratação do financiamento junto ao Banco. Assim você tem 14 toda a segurança e comodidade de uma empresa atualizada com a legislação vigente, que se comprometerá em entregar de forma rápida os documentos do imóvel e da própria Incorporadora para análise do Banco. O Cliente: Quando se inicia o meu processo de financiamento ou repasse bancário? Resposta: Seis meses antes da expedição do Habite-se, você receberá uma carta com a indicação da Assessoria Imobiliária Especializada, que montará o seu processo e encaminhará para a análise do Banco. Isto é feito para que você seja Pré-Aprovado dentro das regras dos agentes financeiros. Caso haja alguma incompatibilidade, você será contatado pela Assessoria Imobiliária Especializada. Lembramos que para a assinatura do Contrato junto ao agente financeiro, é necessária a Averbação do Habite- se e a Especificação de Condomínio junto ao Cartório de Registro de Imóveis. O Cliente: O que é análise de crédito? Resposta: É a conferência dos dados digitados no seu Contrato em relação aos documentos apresentados, e a compatibilização da renda com a Unidade que está sendo adquirida para a verificação de possíveis restrições cadastrais. O Cliente: Quais documentos são necessários para a minha comprovação de renda? Resposta: A relação de documentos pode variar de acordo com a sua fonte de recursos. Ou seja, há mudanças se você for assalariado, autônomo ou profissional liberal. Assim, a sua comprovação pode ser feita através de contrachequese IR, entre outros. Os documentos a serem apresentados também podem variar de acordo com a instituição financeira utilizada. O Cliente: Como devo proceder se optar pelo financiamento direto com a incorporadora com alienação fiduciária? Resposta: Ao optar pelo financiamento direto com a incorporadora, você assinará um instrumento particular com força de escritura pública que terá como garantia a alienação fiduciária do seu imóvel. Nessa operação deverá ser recolhido o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), bem como o registro do instrumento no Registro de Imóveis competente. A taxa de registro e o imposto deverão ser pagos pelo comprador. Quando for realizado o pagamento do saldo devedor, você deverá solicitar o recibo de quitação e averbá-lo na matrícula do imóvel. Essa garantia do financiamento imobiliário está prevista no direito brasileiro, regulamentada pela Lei nº 9.514/97, e é muito utilizada no mercado imobiliário. O não-pagamento da dívida implicará a execução, cujo trâmite está estabelecido na Lei nº 9.514/97. O Cliente: Quando ocorrerá a assinatura da Alienação Fiduciária? Resposta: Após a reanálise das suas condições jurídicas e financeiras e da averbação do habite-se e especificação de condomínio no Cartório de Registro de Imóveis. O Cliente: Posso utilizar o meu FGTS com o processo de financiamento bancário? Resposta: Sim, pode utilizá-lo em financiamentos do SFH(Sistema Financeiro de Habitação), desde que se enquadre nos pré-requisitos correspondentes, bastando, para isso, fazer a solicitação através de impresso e documentação própria na mesma pasta de documentos do financiamento bancário. O Cliente: Posso utilizar o meu FGTS sem adquirir o financiamento bancário? Resposta: Sim, bastando, para isso, fazer a solicitação através de impresso e documentação própria junto a qualquer instituição financeira. Observar que, neste caso, o FGTS terá que ser utilizado para quitar o saldo devedor, pois a documentação 16 praticado antes da quitação da dívida e para unidades em construção. A escritura pública é o documento lavrado no Tabelionato de Notas. Vale lembrar que o instrumento particular de contrato de compra e venda, de financiamento imobiliário, de alienação fiduciária em garantia e outros pactos têm força de escritura pública. O Cliente: Por que registrar a escritura do imóvel? Resposta: O registro garante seus direitos perante a sociedade e o Estado. Conforme o Código Civil, a aquisição total de um imóvel depende do registro da escritura, que é a formalização da venda especificada na matrícula do imóvel, quando a titularidade do imóvel é definitivamente transferida. O Cliente: Tenho uma unidade quitada e negociei a unidade com um terceiro. Posso passar a escritura direto para ele? Resposta: Não, as unidades negociadas são declaradas a DIMOB (Declaração de Informações sobre Atividades imobiliárias). Dessa forma, é obrigatória a transferência ao comprador originário. Não podemos desconsiderar o compromisso que deu origem à venda; no entanto, é costumeiro fazer uma escritura de venda e compra e cessão, na qual o cliente estará recebendo a unidade e cedendo seus direitos ao novo comprador. Vale salientar que esse tipo de transação caracteriza dois atos, nesse caso (compra e a cessão) e conforme legislação o pagamento de ITBI e Cartório de Notas é cobrado por cada ato (2 ITBI'S e 2 Cart. de Notas). Dessa forma, o cliente acaba economizando o valor do registro, pois o valor de registro é cobrado uma só vez. O Cliente: O que é o Habite-se? Resposta: Habite-se é uma certidão, emitida pela prefeitura, autorizando que um imóvel recém-construído possa ser ocupado. Também pode ser chamado de auto de conclusão de obra. Para emissão desse documento, a edificação passa por várias vistorias de regularidade, todas efetuadas por técnicos e engenheiros da prefeitura e pelo Corpo de Bombeiros. Nessas vistorias verifica-se se a obra foi executada conforme projeto aprovado e se atende aos diversos requisitos legais (parecer da companhia de luz, corpo de bombeiros, companhia de gás, entre outros) para a habitação. A concessão do habite-se é um dos pré-requisitos para a ocupação do imóvel. O Cliente: Quando sair o habite-se do meu empreendimento, eu já poderei me mudar? Resposta: A entrega das chaves se dará após a liberação do habite-se e da Instalação do Condomínio, e está vinculada à assinatura do financiamento ou quitação do imóvel. O Cliente: O que é Especificação de Condomínio ou Averbação do Habite-se? Resposta: Após a liberação do Habite-se é preciso aguardar a publicação em Diário Oficial. Em seguida é requerido junto ao INSS a CND da construção. A CND e o Habite- se são levados a registro no Cartório de Registros de Imóveis para regularizar a construção. O Cliente: Quem escolhe a Administradora de Condomínio? Quando é feita essa escolha? Resposta: A principio, no momento da incorporação, é escolhida uma administradora pela própria incorporadora, que tem o papel de contratar pessoal e prestar assistência nos primeiros contratos. Passado o tempo da carência mínima, o condomínio pode eleger outra administradora, caso não esteja satisfeito com os serviços da atual. O Cliente: Onde eu encontro a especificação dos materiais utilizados na construção e acabamento da minha unidade? 15 também terá força de escritura pública, não podendo, desta forma, ficar saldo remanescente com a construtora. O Cliente: Vou utilizar Financiamento/FGTS. Posso escolher qualquer instituição financeira? Resposta: Sim. Porém, se sua unidade estiver hipotecada junto a outro agente financeiro, haverá um custo adicional de taxas, além de um período maior para a conclusão da assinatura do contrato de financiamento. O Cliente: O que é ITBI? Resposta: Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso "intervivos", o recolhimento é efetivado pela Prefeitura de cada cidade e é cobrado sobre transmissão/cessão de bens imóveis, ou seja, sempre que houver uma transação imobiliária será necessário pagar para a Prefeitura esse imposto. O Cliente: O que faz o Registro de Imóveis? Resposta: Registro de Imóveis é o órgão responsável pela efetivação da transmissão do bem. Sem o registro a concretização da transmissão (venda) não é efetivada. Para cada imóvel existe uma matricula e, nela ficam registrados todos os atos com referência ao imóvel. O Cliente: Qual o papel do cartório de notas, com relação às escrituras? Resposta: Da publicidade ao ato, para que a transmissão do bem seja efetivada, dever- se-á fazer por instrumento público. BS: A escritura deverá ser lavrada por instrumento público e o registro se dará, mediante a apresentação dessa escritura juntamente com a guia de ITBI paga ao Registro de Imóveis Competente. O Cliente: O que é Matricula? Resposta: É o documento que garante a propriedade do Imóvel e o caracteriza. O Cliente: Minha unidade tem uma matricula? Resposta: A matricula da unidade será aberta junto ao Registro de Imóveis, na fase do registro da conclusão da obra e convenção e especificação do condomínio; até então, a unidade faz parte da matricula mãe, que é a matricula do terreno, na qual foi registrada a incorporação. O Cliente: Qual é o processo da outorga e do registro da escritura? Resposta: Para a escritura ser outorgada e levada a registro, algumas etapas devem ter sido concluídas anteriormente: o imóvel deve estar quitado e pronto, é preciso que o habite-se esteja averbado e recomenda-se que a especificação de condomínio seja registrada. A baixa da hipoteca deve ser averbada no Cartório de Registro de Imóveis. Embora a escritura possa ser feita em qualquer cartório de notas, podemos indicar algunsque já possuem os documentos do empreendimento, no intuito de facilitar o processo. O Cliente: Qual é o valor da outorga e do registro da escritura? Resposta: O valor pago, entre impostos e despesas com cartórios, é de aproximadamente 4% do valor de compra e venda. Esse valor é calculado pelo cartório. O Cliente: Qual a diferença entre instrumento particular e escritura pública? Resposta: O instrumento particular pode ser firmado entre as partes, com a presença de duas testemunhas, a exemplo do contrato particular de promessa de compra e venda, 18 O Cliente: Em que horário eu posso vistoriar a minha unidade? Resposta: Normalmente, a vistoria é realizada de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, mediante agendamento prévio. O Cliente: Quando o condomínio é constituído? Resposta: Um condomínio é formado por um grupo de pessoas que divide uma propriedade, cada um sendo dono de uma parte do todo. Todos possuem os mesmos direitos e deveres em relação ao todo. Por se tratar de uma vida em comunidade, é importante respeitar as regras e os procedimentos estabelecidos formalmente em 15 de dezembro de 1964, com a edição da Lei de Condomínios em Edificações e 11Incorporações Imobiliárias , que substituiu a legislação baixada em 1928. Há também o regulamento interno. O Síndico é um administrador do condomínio que pode ou não ser um dos condôminos. Para auxiliar na administração do condomínio, além do corpo diretivo a ser eleito em assembléia, existirão funcionários e uma administradora, todos capacitados para orientar e zelar pelo bom convívio em sociedade. O Cliente: Quando isso acontece? Resposta: Após a expedição do habite-se do empreendimento, ocorre a Assembléia de Instalação do Condomínio. Nessa reunião é realizada a eleição do síndico e do conselho consultivo. Uma equipe da incorporadora, junto com a administradora do condomínio e do engenheiro da obra, acompanhará a instalação do Condomínio e a vistoria de toda a área comum da edificação. O Cliente: O que é Assembleia de Instalação do Condomínio? Resposta: É a primeira reunião realizada com os condôminos e a empresa indicada para administrar o condomínio, juntamente com a equipe da incorporadora. Nessa assembleia, além da eleição do corpo diretivo e aprovação da previsão orçamentária inicial, será lavrada uma ata – documento este exigido para obtenção do CNPJ, que permitirá ao condomínio praticar os atos jurídicos e fiscais necessários para a sua administração. INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA O Código Civil de 2002, com maior precisão técnica que o de 1916 — que tratava sob a mesma rubrica de atos jurídicos, tanto o negócio jurídico, como os atos jurídicos em sentido estrito —, designa por negócios jurídicos somente aquelas declarações de vontade realizadas pelos particulares e que visam regular todo o conteúdo de direitos e obrigações da maneira desejada por eles e possibilitada pelo ordenamento jurídico. 12Sob a designação de "atos jurídicos lícitos" o novo diploma identifica os atos jurídicos em sentido estrito - aqueles atos que, embora impulsionados pela vontade humana, revestem-se de um conteúdo fundamentalmente preestabelecido em lei. São dados como exemplos dessa categoria de atos jurídicos, entre outros: a fixação do domicílio, o reconhecimento de um filho, o perdão, a quitação, a interpelação para constituir o devedor em mora, o ato de escolha entre prestações alternativas, a confissão, a interrupção da prescrição. Pode-se afirmar que a expressão máxima dos negócios jurídicos é encontrada nos contratos. 11 Lei nº 4591/64, sancionada pelo presidente general Castello Branco. 12 Código Civil - Art. 185 17 Resposta: Essas especificações constam no Memorial Descritivo. O Cliente: Para que serve o Manual do Proprietário? Resposta: Este manual, fornecido por todas as construtoras, tem o objetivo de esclarecer aos seus proprietários, e a todos os usuários, as informações necessárias para que possam melhor usufruir e conservar seu imóvel. Ele deve ser lido e consultado sempre com atenção, em especial, as recomendações de uso, o que com certeza prolongará a vida útil do seu patrimônio. Nele estão contidas informações sobre garantias e responsabilidades, cuidados, cores e materiais especificados, projetistas, informações técnicas e principais fornecedores. A comunicação entre o morador e a Construtora são os canais de comunicação e a forma correta de como registrar suas solicitações. O Cliente: Para que serve o Manual do Síndico? Resposta: Este manual tem o objetivo de esclarecer aos moradores, equipe técnica de manutenção, prestadores de serviço, concessionárias, corpo diretivo e Síndico as informações necessárias para manter o condomínio em pleno funcionamento. Ele deve ser lido e consultado sempre com atenção, em especial as recomendações de uso, o que com certeza prolongará a vida útil do seu patrimônio. Nele estão contidas informações sobre garantias e responsabilidades, aspectos jurídicos, cuidados, cores e materiais especificados, projetistas, informações técnicas e principais fornecedores. O Cliente: O que é Certificado ou Termo de Garantia referente à minha unidade? Resposta: O Certificado ou Termo de Garantia tem o objetivo de discriminar, de forma sintética, os prazos e condições de garantia dos itens das unidades autônomas ou da área comum; é assinado no ato da assinatura do contrato. Essas garantias se baseiam na tabela de garantia, também constante no contrato, e estão vigentes a partir do recebimento efetivo da unidade através do Termo de Emissão de Posse após a vistoria com um técnico da Construtora. O Cliente: O que é vistoria? Resposta: É o momento que você tem para conferir como ficou a sua unidade e se todas as instalações e acabamentos estão funcionando corretamente. Durante a vistoria, um engenheiro o acompanhará, certificando-se de que tudo estará de acordo com suas expectativas. O Cliente: Quando ocorre a vistoria para entrega das chaves? Resposta: Após a obra ser concluída a incorporadora entrará em contato com o proprietário agendando previamente a vistoria. No horário combinado, o proprietário, junto ao engenheiro, realiza a vistoria verificando se a unidade encontra-se em perfeito estado. O Cliente: Quando poderei vistoriar a minha unidade? Resposta: Você será comunicado sobre o período disponível para a Vistoria da sua unidade e assim agendar, com a incorporadora, data e horário mais conveniente. Vale lembrar que a vistoria é agendada no período próximo à data do habite-se, variando de empreendimento para empreendimento. O Cliente: E se durante a vistoria eu identificar algum problema? Resposta: Você preencherá uma Lista de Vistoria com a relação de itens a serem conferidos na companhia do engenheiro. Todos os apontamentos levantados serão regularizados e você será chamado para fazer uma nova vistoria. 19 Os negócios jurídicos surgem em decorrência de um princípio de direito de extrema relevância que é o princípio da autonomia da vontade, faculdade espiritual do homem que traduz uma tendência, um impulso para algo, a realização de um valor intelectualmente reconhecido ou o direcionamento voltado para a satisfação de um desejo. Para a ética ou a moral, a vontade representa uma atitude ou uma disposição para orientar o comportamento de uma determinada forma. A vontade aparece, assim, como um motor, impulsionando e dirigindo o movimento em todo o reino das faculdades humanas. A vontade tem especial importância para o Direito, porque se constitui num dos elementos fundamentais do ato jurídico. Manifestando-se de acordo com os preceitos legais, a vontade produz determinados efeitos, criando, modificando ou extinguindorelações jurídicas. Quando nos referimos especificamente ao poder que o particular tem de estabelecer as regras jurídicas de seu próprio comportamento, dizemos, em vez de autonomia da vontade, autonomia privada. Assim, ela consiste no poder que os particulares têm de regular, pelo exercício de sua própria vontade, as relações de que participam, estabelecendo-lhes o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica. A autonomia privada é fruto da filosofia liberal, oriunda da Revolução francesa e consolidada com o pensamento liberal econômico do século 19 que encontra ressonância no Código Civil de 1916. Com a intervenção do Estado na economia e na sociedade de uma maneira geral, esta liberdade passou a sofrer limites. Tendeu-se a dar primazia à função social restringindo- se a autonomia privada, que continua como um elemento de liberdade concedido pela norma jurídica aos particulares, mas dentro do princípio da função social que deve permear todo o ordenamento jurídico. No plano técnico-jurídico, a autonomia privada está limitada pelas normas de ordem pública e pelos bons costumes. No negócio jurídico, a declaração de vontade é dirigida no sentido da obtenção de um resultado, em que o agente persegue o efeito jurídico, diferentemente dos atos jurídicos em sentido estrito, que são manifestações de vontade, obedientes à lei, porém geradoras de efeitos que nascem da própria lei. Os elementos essenciais para que o negócio jurídico exista e seja válido são: vontade, objeto e forma, acrescentando-se os requisitos da capacidade, idoneidade e da legalidade. Faltando um deles, o negócio não existe no plano jurídico. O princípio da segurança jurídica exige que a vontade seja manifestada de maneira objetiva para que terceiros possam ter dela conhecimento. A declaração de vontade pode ser expressa, tácita ou presumida. A declaração de vontade expressa é a que se faz por meio da linguagem, da escrita, dos sinais, gestos permitindo o conhecimento imediato da vontade declarada, como ocorre, por exemplo, com os contratos verbais ou escritos, na emissão de títulos de crédito, no envio de cartas, telegramas, telex, e-mail, etc. Há ainda a gesticulação dos surdos-mudos ou os gestos consagrados pelo uso como nos pregões da Bolsa de Valores, nos leilões, ou ainda a simples compra de um bilhete rodoviário, etc. A declaração de vontade tácita é a que se deduz do comportamento do agente, ainda que a vontade não seja revelada pelo meio adequado. Como exemplos, temos: o caso de aceitação da herança que é avaliada pelas atitudes do herdeiro (atos compatíveis com quem efetivamente aceitou a herança deixada pelo falecido), hipóteses de 20 aquisição da propriedade móvel pela ocupação, ou ainda a exposição de objetos em vitrines dos estabelecimentos comerciais; estacionamento de táxis nos pontos; instalação de aparelhos automáticos em locais públicos - máquinas de refrigerante, de fotos. Tudo isso a caracterizar uma declaração tácita de oferta. A declaração de vontade que, não sendo expressa, a lei deduz do comportamento do agente, é dita “presumida” (como acontece, por exemplo, com prorrogação de locação nos prédios urbanos quando o contrato se extingue e o locador nada faz para reaver o imóvel. Observe-se que, enquanto na declaração tácita é o destinatário que a deduz do comportamento do declarante, na declaração presumida é a lei que a estabelece. As declarações de vontade são receptícias quando endereçadas a um destinatário esperando-se um posicionamento da parte dele para que se opere o aperfeiçoamento do negócio jurídico (ex.: proposta de compra de um imóvel) ou não receptícias, que são as que não se dirigem a ninguém, especificamente, produzindo efeitos independentemente da recepção (ex.: promessa de recompensa, o testamento e sua revogação, ocupação de coisa móvel, etc.). A declaração poderá ainda ser direta ou indireta, se feita pela parte ou através intermediação de pessoa ou instrumento (procurador/mandatário, representante legal - pais, tutores, curadores, anúncio, cartas, telegramas, fac símile, e-mail). A vontade se constitui num elemento tão importante para o sujeito jurídico que o direito impõe uma forma para sua exteriorização. Além disto, pressupõe que deve haver coincidência entre a vontade pensada e a vontade declarada. O negócio jurídico, para ser válido perante o Direito, necessita ser praticado por agente capaz. A capacidade é aquela referida como capacidade plena para o exercício dos atos na vida civil, das capacidades específicas e da legitimação para a prática de determinados atos. A incapacidade é contemplada nos arts. 3°, 4° e incisos do Código Civil. Num contrato de compra e venda de uma casa, o objeto jurídico é a obrigação de o vendedor transferir a propriedade dela para o comprador e este de pagar o preço combinado ao vendedor. O objeto material é a casa e o preço em dinheiro. Aqui se fala do objeto jurídico, que deverá ser: lícito, possível, determinado ou determinável. Lícito ou juridicamente possível significa que o objeto do negócio jurídico deve estar de acordo com a lei, isto é, não ser contrário à ordem pública e aos bons costumes. Possível quer dizer que o objeto deverá ser fisicamente possível. Não se pode vender um terreno na Lua, em Marte, coisas fora de comércio como, por exemplo, uma praça pública, ou um bem gravado com cláusula de inalienabilidade. A possibilidade jurídica se confunde com a licitude acima vista e se traduz na inviabilidade de se estipular um negócio jurídico que tenha como objeto, por exemplo, a venda de tóxicos, ou contratar a herança de pessoa viva. A impossibilidade só invalida o negócio jurídico se for absoluta, pois, se puder ser prestada de outra maneira (relativa) o negócio se aperfeiçoará. É imprescindível salientar que o negócio jurídico deve ser manifestado através de forma adequada. Isto é essencial para a validade do negócio jurídico quando se trata da constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre bens imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo em vigência: exige-se 21 escritura pública, ou seja, esses direitos não serão constituídos se forem realizados verbalmente ou mediante ajuste escrito particular. Nos negócios de valor inferior a 10 vezes o salário mínimo admite-se prova testemunhal, porém apenas em caráter subsidiário ou complementar da prova por escrito. Há também elementos acidentais limitadores da eficácia do negócio jurídico. São eles a condição, o termo e o encargo. 13A condição definida no Código Civil é aquela estipulada pela “vontade das partes”, não devendo ser confundida com as condições frequentemente utilizadas nos contratos como sinônimo de cláusula. Há negócios jurídicos que não admitem condição, tais como, alguém casar-se sob o imperativo de gerar filhos, de receber um dote, emancipar um filho sob condição, aceitar ou renunciar herança sob condição ou a termo. No tocante ao modo de atuação, fala-se de condição suspensiva ou resolutiva. Na condição suspensiva, verificando-se o acontecimento futuro e incerto, o direito nasce. Enquanto não se verificar, não se terá o direito a que se visa, mas apenas expectativa de direito ou direito condicional. As condições podem ser positivas (se dependem da ocorrência de uma circunstância) ou negativas (se essa circunstância deverá deixar de existir), lícitas ou ilícitas; física ou juridicamente possíveis ou impossíveis; perplexas, incompreensíveis ou contraditórias (como, por exemplo, alguém que empresta um imóvel com a condição que não se adentre nele); ou potestativas, que são aquelas que privam de todo o efeito o negócio jurídico ou o sujeitam ao puro arbítrio deuma das partes. Enquanto a condição é acontecimento futuro e incerto, o termo (momento em que se começa ou se extingue a eficácia de um ato jurídico) é acontecimento futuro e certo. Termo inicial é o que suspende o exercício de um direito, ou ainda, é o momento em que a eficácia de um ato jurídico deve começar. Termo final é o que dá término a um direito criado pelo contrato e até então vigente. Em oposição ao termo inicial, poder- se-ia dizer que é o momento em que a eficácia do ato jurídico deve terminar. O Código Civil estabelece uma regra geral para o cômputo do prazo, prescrevendo que “salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento". Encargo (ou modo) é uma limitação trazida a uma liberalidade (doação, constituição de renda, promessa de recompensa, instituição de herdeiro), quer por dar destino ao seu objeto, como por exemplo, a doação de uma casa, contanto que ele aí vá morar; quer por impor ao beneficiário uma contraprestação, como, por exemplo, deixo a B cinco milhões, mas ele terá de educar meus filhos até a maioridade. É um ônus que diminui a extensão da liberalidade. Cumpre observar que, nos negócios jurídicos, "parte" não é sinônimo de "pessoa". Podem existir várias pessoas numa mesma parte, que é um núcleo de manifestação de vontade. Ex.: vários vendedores que são proprietários de um imóvel, e vários compradores que querem adquiri-lo, cada grupo constituindo uma parte, a parte alienante e a parte adquirente. 13 Art. 121 do Código Civil. 22 Os negócios jurídicos podem ser classificados quanto ao exercício de direitos: 1. negócios de disposição, quando autorizam o exercício de amplos direitos como o de alienação - venda, doação-, havendo transferência de domínio; 2. negócios de administração: autorizam apenas a administração, o uso ou gozo dos objetos, por exemplo a percepção de rendimentos. As vantagens patrimoniais também propiciam uma classificação dos negócios jurídicos em gratuitos (aqueles em que somente uma das partes é beneficiada) e - onerosos (aqueles nos quais, para se obter um benefício há que se fazer um sacrifício - ex.: contratos de compra e venda, de empreitada, de mútuo, etc.). Outro parâmetro é a forma: os negócios podem ser formais ou solenes (exigem o cumprimento de uma forma legalmente exigida: ex.: escritura pública na venda de imóvel de valor igual ou superior a 30 salários mínimos, casamento, etc.), e informais ou não solenes (doação, compra e venda de bens móveis, etc.) Classificam-se quanto ao tempo em que devem produzir efeitos, sendo intervivos (produzem os seus efeitos quando as partes estão ainda vivas) e mortis causa (produzem seus efeitos após a morte do declarante; ex.: testamento). Quanto à relação recíproca entre os negócios jurídicos, podem ser principais (existem por si mesmos; exemplos: compra e venda, mútuo e leasing) e acessórios (cuja existência supõe a do principal; ex.:pactos especiais à compra e venda, tais como, a retrovenda, o penhor a hipoteca, etc.). Relativamente ao conteúdo, podem ser patrimoniais (concebe-se a noção de patrimônio em seu sentido estrito, para se restringir àquelas relações jurídicas ativas ou passivas dotadas de conteúdo econômico) ou extrapatrimoniais (os decorrentes de relações jurídicas não mensuráveis economicamente em si, embora possibilitem em algumas circunstâncias a compensação econômica por danos causados aos bens que as integram, como os direitos da personalidade). No tocante à causa da atribuição patrimonial, distribuem-se em causais (causa significa o resultado jurídico pelo qual se dá o negócio) e abstratos (negócios jurídicos em que se prescinde da causa: ex.: letras de câmbio, notas promissórias, duplicatas aceitas pelo devedor, renúncia de direitos, etc.). Finalmente, classificam-se quanto à eficácia, em constitutivos (produzem efeitos a partir do momento da celebração) e declaratórios nos quais os efeitos retroagem ao momento da ocorrência dos fatos que geraram o negócio jurídico; diz-se que têm efeitos retroativos. Deve-se se assinalar que o comportamento do destinatário pode ser passivo, como no caso do silêncio, mas não se aplica ao Direito o provérbio "quem cala consente". Quem cala não diz, em princípio, nada. O sentido que poderá ser dado dependerá das circunstâncias. Aí então o silêncio produzirá uma declaração de vontade. É o chamado silêncio circunstanciado. Nos contratos, são fundamentais os princípios da boa-fé e da função social: o artigo do Código Civil dispõe que "os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa- 24 A primeira característica jurídica do contrato de corretagem é a bilateralidade. É bilateral porque gera obrigações para ambos os contratantes (o corretor e o comitente). O primeiro deverá executar certo encargo, e o outro, remunerá-lo: o corretor obriga-se a executar o encargo de buscar, de acordo com as instruções recebidas, e aproximar efetivamente terceiro(s) interessado(s) ao comitente para concretizar a convergência de vontade de ambos, no sentido da realização do negócio principal, ocasião em que o comitente remunerará o corretor pelo seu trabalho. A segunda característica jurídica do contrato de corretagem é a acessoriedade, que se deve ao fato de sua existência estar ligada a outro contrato, que deverá ser concluído, ou seja, porque serve de instrumento para conclusão de outro negócio. A terceira característica jurídica do contrato de corretagem é a onerosidade, porque tanto corretor (que é remunerado) como o comitente (que encontra no terceiro interessado aproximado pelo corretor a possibilidade concreta de realização do negócio jurídico que almeja), em princípio, aufere vantagem ou benefício patrimonial em razão desse acordo. A quarta característica jurídica do contrato de corretagem é a aleatoriedade, que se dá porque o corretor somente fará jus à sua remuneração se promover a efetiva convergência de vontades através da aproximação útil de terceiro interessado junto ao comitente, no sentido da celebração do negócio principal. A quinta característica jurídica do contrato de corretagem é a consensualidade, porque se forma pelo simples acordo de vontades das partes. É importante frisar que o objeto do contrato de corretagem não é o serviço do corretor em si mesmo considerado, mas o resultado desse serviço, que, por sua vez, não se reduz à conclusão do negócio pretendido, melhor se identificando como a eliminação, por parte do corretor, de qualquer obstáculo à sua celebração. O corretor vende o resultado útil de seu trabalho, de modo que, se o seu labor torna-se inútil, não haverá que se falar em qualquer remuneração, pois ela não é devida em virtude do serviço prestado, mas em razão do resultado obtido. Assim, o ponto mínimo até onde deve chegar o trabalho do corretor para fazer jus à sua remuneração é a aproximação útil das partes, inclusive com a convergência da vontade de ambos de que efetivamente pretendem celebrar o negócio principal. Excepcionalmente, no entanto, pode ser possível que as partes (comitente e corretor) firmem compromisso expresso no contrato de corretagem no sentido de que a remuneração será em razão do esforço empreendido pelo corretor na busca de eventual interessado para a celebração do negócio principal. 14BENS IMÓVEIS O Código Civil de 1916, em seu Artigo 43, considerava bens imóveis ''o solo, com sua superfície, os seus acessórios naturais e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo'', e ainda "tudo quanto o Homem possa incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifíciose construções, de modo que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano'', e "tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade". 14 Ver Código Civil, art. 79 e segs. 23 fé e os usos do lugar de sua celebração". Trata-se aí da chamada boa-fé objetiva, uma autêntica regra de conduta fundada na honestidade, na retidão, na lealdade e, principalmente, na consideração para com os interesses do outro, visto como um membro do conjunto social que é juridicamente tutelado. Não se trata da boa-fé subjetiva baseada na ignorância ou consciência do agente quanto à situação em que se encontra, acarretando a comprovação desse estado de ânimo consequências jurídicas importantes no que respeita à extensão da responsabilidade na reparação dos danos. Esta disposição engloba todas as fases do negócio, a partir das preliminares, aquele período de tratativas comerciais que antecedem a formação do contrato e que muitas vezes ensejam deveres de reparação por rupturas arbitrárias que ocasionam danos injustificados à parte contrária. (Pelo mesmo motivo, há que proteger a fase posterior à execução do contrato como, por exemplo, deveres de garantia quanto à coisa vendida). No site do Sindimoveis Est. RJ na Internet você encontrará os modelos de contratos mais comuns nas atividades de corretagem. O CONTRATO DE CORRETAGEM O Corretor pode ser contratado tanto pelo vendedor do imóvel, o qual o incumbe na obrigação de achar no mercado o melhor comprador do bem objeto da venda, como também pelo futuro adquirente, que busca auxílio para encontrar o imóvel que deseja comprar, dentro de suas condições. Assim, é de suma importância o estudo do Contrato de Corretagem, o qual tem, de um lado, o Corretor e, do outro, o vendedor ou o comprador, o qual leva a denominação de Comitente. Quanto ao objeto desse contrato, tem-se uma Obrigação de Fazer. O profissional fica obrigado a procurar no mercado o melhor negócio, de acordo com os desejos do comitente, e dentro dos parâmetros por ele ditados. No Contrato de Corretagem, comumente também chamado de "Contrato de Mediação", também é estabelecida a remuneração (a "comissão") do Corretor pelos serviços prestados, uma vez efetuado o negócio. Para o professor Marco Aurélio Viana, o Contrato de Corretagem “é aquele pelo qual uma parte obriga-se para com outra a aproximar interessados e obter a conclusão de negócios, sem subordinação e mediante uma remuneração". Este conceito permite estabelecer o devedor, o credor e o objeto dessa relação jurídica: o devedor será o Corretor, o qual possui a obrigação de aproximar pessoas que pretendem contratar, realizando desta forma uma intermediação, colocando o contratante em contato com pessoas interessadas em celebrar algum ato negocial; do outro lado vem, como credor da obrigação, o comitente - aquele que contrata o corretor para buscar pessoas interessadas em com ele realizar algum ato negocial. Observe-se que este é um contrato aleatório, pelo fato de que o direito do corretor e a obrigação do comitente dependerão da conclusão do negócio principal, ou seja, dependerão de um fato futuro e incerto. Além disto, é consensual, visto que completa-se através do consenso mútuo, independente de forma. O Contrato de Corretagem tem a seguinte roupagem jurídica: bilateral, acessório, oneroso, aleatório e consensual. 25 O Novo Código Civil avançou na conceituação: “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”. Em dois outros artigos, explicita que, para os efeitos legais, consideram-se os direitos reais sobre os imóveis e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta. A lei dispõe, ainda, que não perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas, conservando a sua unidade, forem removidas para outro local, e os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Aquisição de imóveis A compra e venda de imóveis é um negócio jurídico intervivos (entre vivos) no qual uma parte transfere a outra o domínio do bem, efetivando-se o registro do título da transferência na circunscrição imobiliária competente. A transferência de propriedade não se dá sem o Registro Público e só produz efeitos a partir da data em que se apresentar o título ao oficial do Registro e ele o prenotar no protocolo. É a mais frequente modalidade de aquisição de bens. Ocorrem, todavia, outros modos de aquisição, destacando-se: A aquisição originária - quando o indivíduo faz seu o bem sem que este lhe tenha sido transferido por alguém, não havendo qualquer relação entre o domínio atual e o anterior. A aquisição por acessão - o modo originário de adquirir, em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu bem; a acessão vem a ser o direito em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir o domínio de tudo aquilo que a ele adere. É denominada acessão natural, quando a união ou incorporação de coisa acessória à principal advém de acontecimento natural (formação de ilhas, aluvião, avulsão e o abandono de álveo), e acessão industrial ou artificial, quando resulta do trabalho do homem (plantações e as construções de obras). A usucapião - modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais pela posse prolongada da coisa com a observância dos requisitos legais; é uma aquisição de domínio pela posse prolongada; a usucapião tem por fundamento a consolidação da propriedade, dando juridicidade a uma situação de fato: a posse unida ao tempo; a posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que opera a transformação do fato em direito. A legislação reza que jamais poderão ser objeto de usucapião: a) as coisas que estão fora do comércio; b) os bens públicos que estando fora do comércio são inalienáveis; c) os bens que, por razões subjetivas, apesar de se encontrarem “in commercio”, dele são excluídos, necessitando que o possuidor invertesse o seu título possessório. Quando a aquisição do imóvel envolve um valor superior a 30 salários mínimos, é 15indispensável o registro do contrato de compra e venda no Registro de Imóveis , caso contrário a transferência da propriedade não se efetivará. O corretor empenhado em prestar um bom serviço cuida logo de informar o cliente que, quando é utilizada uma promessa de compra e venda e quando a venda se dá a vista, o contrato deve ser lavrado na forma pública, ou seja, por um tabelião de livre escolha do comprador. Levando em conta a capacidade financeira do brasileiro, pelo menos na regra geral, o contrato de promessa de compra e venda ainda é o mais utilizado entre todos os pactos imobiliários. Além deste, entretanto, é largamente utilizado o contrato particular de 15 Art. 1245 Código Civil 26 compra e venda com hipoteca. Porém tem crescido rapidamente a tendência em favor dos daqueles com pacto adjeto de alienação fiduciária, em razão da facilidade que tem o agente financiador - seja um banco, seja o próprio construtor - de retomada do imóvel na hipótese de inadimplência do comprador. O contrato de compra e venda tem uma série de efeitos. Os mais elementares consistem na obrigação do vendedor de entregar o imóvel ao comprador, na forma pactuada no contrato, e o dever do comprador de pagar integralmente o preço, também na forma convencionada. Esses são os efeitos elementares da compra e venda. Além disso, o vendedor responde pela evicção de direitos, pelos vícios redibitórios, se a relação jurídica for civil, e pelos vícios do produto (imóvel) se a relação for de consumo. O comprador, sua vez, está sujeito, por exemplo, aos
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