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Apostila CE FINALIZADA 2014 respondida2

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
ENGENHARIA CIVIL, MECÂNICA E MECATRÔNICA – 1º e 2º PERÍODOS/2014 
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
2ª aula 								Prof.ª Flávia Cristina Dias
As condições de produção do texto: 
o sujeito (autor/leitor), o contexto (imediato/histórico) e a interação (interação/interpretação)
1. As condições de produção do texto*
Você já parou para pensar que em cada situação da vida cotidiana produzimos, quase que intuitivamente, textos diferentes para atender a diferentes finalidades? Veja: 
Podemos, por exemplo, escrever uma carta a um jornal se quisermos expressar nossa indignação ou admiração em relação a uma matéria que tenhamos lido. Para divulgar um serviço que prestamos, podemos escrever um anúncio para uma revista, um folheto de propaganda para ser distribuído em diversos lugares. Se desejarmos uma vaga de emprego, devemos escrever um currículo para informar nossa experiência profissional e nossa formação. Se fizermos uma pesquisa e quisermos divulgar os resultados dela, por exemplo, podemos escrever um artigo acadêmico-científico para uma revista especializada. Quando queremos saber notícias de uma pessoa querida que está distante, podemos escrever uma carta ou um e-mail. 
Isso significa que em várias circunstâncias da vida escrevemos textos para diferentes interlocutores, com distintas finalidades, organizados nos mais diversos gêneros, para circularem em espaços sociais vários. Por isso, a cada circunstância correspondem:
a) finalidades diferentes: manifestar nossa forma de pensar a respeito de determinada matéria lida; divulgar determinados serviços buscando seduzir possíveis clientes; convencer a respeito de determinadas interpretações de dados; obter notícias sobre um ente querido; informar sobre sua qualificação profissional;
b) interlocutores diversos: leitores de um determinado veículo da mídia impressa (jornal, revista); transeuntes de determinados locais (vias de circulação, rodoviária etc.); colegas de trabalho, leitores de determinada revista acadêmico-científica ou de determinado tipo de livro; um parente próximo ou um amigo; um possível contratante;
c) lugares de circulação determinados: mídia impressa; academia; família ou círculo de amizades; determinada empresa (esfera profissional); vias públicas de grande circulação de veículos e pessoas;
d) gêneros discursivos específicos: carta de leitores; anúncio; folheto de propaganda; outdoor; artigo acadêmico-científico; carta pessoal; currículo. 
Quer dizer: escrever um texto é uma atividade que nunca é a mesma nas diferentes circunstâncias em que ocorre, porque cada escrita se caracteriza por diferentes condições que determinam a produção dos discursos. Essas condições referem-se aos elementos apresentados acima. Mas não apenas a eles. Um aspecto a ser considerado ainda é o lugar social do qual se escreve. 
Todos nós desempenhamos diferentes papéis na vida: o pai/mãe, de filho/filha, de irmão/irmã, de associado de determinado clube, de consumidor de determinado produto, de cidadão brasileiro, o relativo à profissão que exercemos (professores, médicos, dentistas, vereadores, escritores, revisores, feirantes, digitadores, diretores de escola, atores etc), entre outros. Cada um desses papéis estabelece entre nós e aqueles com quem nos relacionamos determinados vínculos, que implicam responsabilidades assumidas, pontos de vista a partir dos quais os acontecimentos são analisados, recomendações são feitas, atitudes são tomadas. 
Ainda que esses papéis se articulem todo o tempo, uma vez que são todos constitutivos do sujeito e que, dessa forma, influenciam-se mutuamente, quando assumimos a palavra para dizer alguma coisa a alguém, um desses papéis predomina, em função das demais características do contexto de produção (sobretudo do lugar de circulação do discurso e do interlocutor presumido). 
Ser um escritor/leitor proficiente, portanto, significa saber lidar com todas as características do contexto de produção dos textos, de maneira a orientar a produção do seu discurso pelos parâmetros por elas estabelecido. Contexto é a situação histórico-social de um texto, envolvendo não somente as instituições humanas, como ainda outros textos que sejam produzidos em volta e que com ele se relacionem. Pode-se dizer que o contexto é a moldura de um texto. O contexto envolve elementos tanto da realidade do autor quanto do leitor — e a análise desses elementos ajuda a produzir sentidos possíveis. Isso significa que todo discurso é uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado considerando seu contexto histórico-social, suas condições de produção; significa ainda que o discurso reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada à do(s) seu(s) autor(es) e à sociedade em que vive(m).
*Fonte: adm.online.unip.br
2. Texto e discurso*
Análise de texto 1
FÁBULA
1. A charge retrata uma reunião internacional sobre o aquecimento global em Copenhague. Analise o texto e levante hipóteses:
a) Quem são as três personagens sentadas à mesa? O que elas estão fazendo?
Representantes dos países que participam da reunião internacional em Copenhague.
b) Quem está assistindo ao debate?
Jornalistas.
c) Por que todos estão com fone de ouvido? Explique.
A Convenção de Copenhague possui um total de 192 países participantes; portanto, os fones de ouvidos servem para fazer a tradução, pois diferentes línguas estão ali presentes.
O que foi a Convenção de Copenhague?
A Convenção de Copenhague, ocorrida em dezembro de 2009, em Copenhague, Dinamarca, foi o 15º encontro dos países signatários do acordo internacional que visa combater o aquecimento global.
Desde o início das atividades do acordo, firmado no Rio de Janeiro, em 1992, o mais frutífero encontro do grupo foi o de 1997, que elaborou o Protocolo de Kyoto.
2. Servindo bebidas, o garçom diz: “Acabou o gelo”. Considerando o contexto e os papéis sociais dos envolvidos no ato comunicativo, responda:
a) Por que todos ficam desconcertados com a afirmação do garçom?
Todos ficam desconcertados, pois a Convenção de Copenhague tem por objetivo discutir as mudanças climáticas e coordenar ações para combater o aquecimento global. De acordo com o contexto sócio-histórico sabe-se que há um grande impasse, principalmente, entre as grandes nações para resolver a questão. Essa reunião foi infrutífera, portanto todos ficam desconcertados pela situação em que se encontram.
b) Essa frase, dita em outro contexto comunicativo, causaria o mesmo mal-estar?
De uma forma geral, não, é justamente o contexto comunicativo que causa o humor da charge.
	Como você pode notar na charge, o enunciado (a fala) não é o único elemento responsável pela produção de sentido na interação verbal. Além dos enunciados, há nas situações comunicativas outros elementos que também auxiliam na construção do sentido, tais como:
os papéis sociais que os interlocutores desempenham (no caso da charge, o papel de representantes dos países, o de garçom e o de repórteres);
a intenção do locutor (no caso, informar a falta de gelo para as bebidas);
o conhecimento de mundo dos interlocutores (no caso, a consciência do problema do aquecimento global);
as circunstâncias históricas ou sociais em que se dá a comunicação (no caso, a convenção de Copenhague para propor soluções e medidas para frear o aquecimento global), etc. 
Por outro lado, se consideramos que Jean, o autor, é o locutor do texto e que o texto pertence ao gênero charge, então percebemos que a intenção do locutor e a finalidade central do texto são criar humor e divertir.
	A esse conjunto de fatores que formam a situação na qual o texto é produzido chamamos contexto discursivo. E o conjunto da atividade comunicativa, ou seja, à reunião de texto e contexto discursivo, chamamos discurso.
Discurso é a atividade comunicativa – constituída de texto e contexto discursivo (quem fala, com quem fala, com que finalidade, etc.) – capaz de gerar sentido desenvolvida entre interlocutores.
*Atividade
retirada do livro didático “Interpretação de texto: construindo competências e habilidades em leitura. Willian Cereja, Thereza Cochar e Ciley Cleto. 2ª ed. São Paulo: Atual, 2012.
Análise de texto 2*
FÁBULA
Pequena fábula infantil hortifrutigranjeira.
Era a grande a revolta na geladeira. Todos protestavam contra o peixe, que já estava pra lá de escabeche e obviamente ultrapassara todos os graus de tolerância dos seus convivas dentro daquele espaço apertado. Não era culpa do peixe, claro. Ele simplesmente ficara ali mais tempo do que o devido. Mas precisava compreender que não dava mais. Não dava.
O leite, desnaturado, era dos mais exaltados.
- Fora! – gritava espumando de raiva.
O pimentão também se agitava.
- Fora! – gritava vermelho.
Os embutidos, ensimesmados, não diziam nada, mas o presunto, que não tinha qualquer sofisticação, que era um cru, murmurava palavrões. Aquele peixe tinha que sair! As bebidas tilitavam, nervosas, e a garrafa de mineral, sempre mal-humorada- problema de gases-, gritava:
_ Fora! Fora! 
O queijo não tinha moral para falar do mau cheiro de ninguém, mas o peixe já passara dos limites do socialmente aceitável. E o queijo também dizia:
- Fora! Até o gelo, abandonando a sua conhecida atitude cool, se manifestava:
- Fora!
Nem todos, é verdade, eram tão radicais. A carne, do tipo mignon, pedia consideração para com o pobre senhor peixe. A galinha dizia que tinha pena dele. As abobrinhas, entretidas numa conversa interminável, não prestavam atenção em mais nada, mas a manteiga e os ovos, que apesar do seu exterior aparentemente duro eram moles por dentro, achavam que o melhor era argumentar com o peixe e convencê-lo a sair, numa boa.
A verdade é que todos, com exceção dos que, como a cebola, estavam comprometidos com o prato do peixe, queriam a sua saída.
Foi quando o peixe resolveu falar.
- Quero ficar mais tempo- disse.
Ouviram-se gemidos dos outros ocupantes da geladeira. Os aspargos sacudiram a cabeça. “Madonna”, exclamou a linguiça calabresa. Será que o peixe não compreendia que estava contaminando todo o ambiente? Como se não bastasse aquele inferno de viverem todos amontoados, no escuro – justamente quando a porta se fechava e precisavam da luz artificial, ela se apagava! - , ainda tinham que aguentar um peixe estragado em seu meio?
Mas o peixe insistia.
- Quero ficar – disse – para ter tempo de me recuperar.
Os outros se entreolharam. Mas como? Não havia, em toda a história das geladeiras, um único precedente para aquilo. Um prato de peixe deteriorado se recuperar com o tempo?
- Que absurdo! – disse o iogurte, azedo.
E os outros começaram a gritar, já no fim da sua paciência.
- Chega!
- Nós queremos um peixe fresco!
- Fora!
Enquanto isso, segregadas dentro de um pote, as azeitonas observavam tudo com seus olhinhos pretos.
Luís Fernando Veríssimo, Revista Veja. São Paulo. Abril, 10/02/1988.
Atividade:
1. Reúna-se com mais três colegas para discutir significados possíveis, considerando que:
a publicação desse texto ocorreu em 1988, quando o Brasil preparava-se para eleger seu presidente, depois de 21 anos de ditadura militar, período em que os cidadãos estavam impedidos de votar;
desde 1984 havia um intenso movimento popular por eleições diretas e um grande receio de que os militares dificultassem o processo democrático.
2. Tomando-se esse contexto político da sociedade brasileira, procure interpretar os elementos representados pelas seguintes figuras:
a) geladeira: 
É preciso, na análise do texto, considerar o contexto sócio-histórico da época. A geladeira representa o regima militar, ou seja, situação que se conserva há muito tempo. Quem considerou o país, também está correto.
b) alimentos (personagens):
Tipos de pessoas que vivem essa situação conservadora (a sociedade brasileira).
c) o peixe:
Alguém que, desgastado deve deixar o posto.
d) os mais radicais: leite, pimentão, presunto, queijo, etc:
Pessoas que querem muito uma mudança.
e) os ovos e a manteiga queriam conversar com o peixe:
Pessoas que tendem à negociação.
f) a carne (mignon) e a galinha pediam consideração:
Pessoas que estariam bem do jeito que estão
g) as abobrinhas entretidas entre si:
Pessoas que não participam, alienadas da realidade em que vivem.
h) as azeitonas (verdes?) que “observavam tudo com seus olhinhos pretos”:
Os militares uniformizados, de prontidão, unidos para uma possível ação.
*Atividade retirada do livro didático “Redação, palavra & arte”, de Marina Ferreira, 3ª ed., São Paulo: Atual, 2010.
Atividades
1. Para produzir sentido ao texto acima, publicado pelo chargista Benett, na Folha de S. Paulo, é necessário que se faça a leitura da imagem e reconhecer os elementos nela contidos, após esse reconhecimento, passamos a mobilizar outros conhecimentos (socioculturais) e o discurso nela presente, quais são eles?
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ENGENHARIA CIVIL, MECÂNICA E MECATRÔNICA – 1º e 2º PERÍODOS 
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
3ª aula 								Prof.ª Flávia Cristina Dias
Sistemas de conhecimento e processamento textual: 
conhecimento linguístico, enciclopédico e interacional**
Na atividade de leitura e produção de sentido, colocamos em ação várias estratégias sócio-cognitivas. Essas estratégias por meio das quais se realiza o processamento textual mobilizam vários tipos de conhecimentos que temos armazenados na memória.
Para o processamento textual, recorremos a três grandes sistemas de conhecimento:
Conhecimento linguístico;
Conhecimento enciclopédico ou de mundo;
Conhecimento interacional;
Conhecimento de textos.
1. Conhecimento linguístico
Abrange o conhecimento da ortografia, da gramática e do léxico da língua. Baseado nesse tipo de conhecimento, compreendemos: a organização do material linguístico na superfície textual; o uso dos meios coesivos para efetuar a remissão ou sequenciação textual; a seleção lexical adequada ao tema do texto.
Vejamos a importância do conhecimento linguístico para a compreensão dos textos:
2. Conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo
Refere-se a conhecimentos sobre as coisas do mundo e que se encontram armazenadas em nossa memória, como se esta fosse uma enorme e vasta enciclopédia, constituindo-se também de conhecimentos alusivos às vivências pessoais e eventos situados no tempo e no espaço, permitindo a produção de sentidos. Vejamos os exemplos a seguir:
3. Conhecimento Interacional
Refere-se às formas de interação por meio da linguagem, permitindo:
a) reconhecer o objetivo ou o propósito pretendido pelo produtor do texto, em uma dada situação interacional;
b) determinar a quantidade de informação necessária, numa situação comunicativa concreta, para que o leitor seja capaz de reconstruir o objetivo da produção de texto;
c) selecionar a variante linguística adequada à situação de interação;
d) fazer a adequação do gênero textual à situação comunicativa;
e) assegurar a compreensão da escrita para conseguir a aceitação do leitor quanto ao objetivo desejado, utilizando-se de vários tipos de ações linguísticas configuradas no texto, por meio da introdução de sinais de articulação ou apoios textuais, atividades de formulação ou construção textual.
2. Conhecimento de textos
	Permite a identificação de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social, considerando os elementos que constituem o seu modo de organização e aspectos como o tema, estilo de linguagem, finalidade e suporte de veiculação. Além disso, é preciso considerar que todo texto possui relação com outros textos. O que significa considerar a “intertextualidade” presente entre os textos.
**Texto retirado e adaptado do livro “Ler e compreender: os sentidos do texto”, Ingedore V. Koch e Vanda Maria Elias, São Paulo: Contexto, 2006.
Análise de texto 1:
Rubinho é um ás no volante.
(disponível
em: www.piadasonline.com.br)
Atividade:
Para compreender a piada, é preciso considerar a ambiguidade produzida, qual é ela? Qual é o sentido da piada, ou seja, a crítica feita ao piloto?
A ambiguidade produzida está nos dois planos de leitura que deve ser levado em consideração. Explicitamente, deve se ler a frase assim “Rubinho é um ás no volante”, ou seja, nesse contexto, ás (a melhor carta do baralho) significa exímio no que faz e volante (substantivo) carro, portanto, diz que Rubinho é um excelente corredor. Implicitamente, a piada deseja que você leia assim “Rubinho é um ASNO volante; nesse contexto, asno pode significar um burro, lento, e volante deixa de ser um substantivo (carro) e passa a ser adjetivo. A crítica feita ao piloto é que ele é não é um bom corredor.
Análise de texto 2:
Em grupo de três alunos, discuta, com seus ou suas colegas, como os tipos de conhecimentos se inter-relacionam quando são ativados no processo de compreensão dos sentidos da propaganda abaixo:
Atividades
1. Estudou-se que para se compreender o(s) sentidos de um texto são ativados diferentes tipos de conhecimentos. Observe as definições que se seguem e assinale a alternativa CORRETA:
I – Conhecimento transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado na imitação e na experiência pessoal. (Conhecimento de mundo ou enciclopédico)
II – Permite reconhecer os objetivos e propósitos pretendidos pelo produtor do texto. (conhecimento interacional)
III – Abrange o conhecimento gramatical e lexical (conhecimento linguístico).
a) I – Enciclopédico; II – Comunicacional; III – Linguístico.
b) I – Enciclopédico; II – Ilocucional; III - Metacomunicativo. 
c) I – Superestrutural; II – Ilocucional; III - Comunicacional.
d) I – Superestrutural; II – Comunicacional; III - Interacional.
e) I – Enciclopédico; II – Ilocucional (considere aqui conhecimento interacional); III – Linguístico.
2. Qual tipo de conhecimento faltou por parte do personagem, o hipopótamo, para compreender a resposta dada à sua pergunta?
O hipopótamo não reconheceu que a palavra tanque é polissêmica, ou seja, possui uma variedade de sentidos. Ele entendeu tanque como sendo um carro de guerra, e deveria ter entendido tanque de oxigênio. O contexto solicitava do personagem conhecimento linguístico para entender a diferença de significados. Solicitou também conhecimento de mundo, conhecimento das coisas de mundo. 
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
4ª aula 								Prof.ª Flávia Cristina Dias
Intertextualidade*
Mônica Cavalcante
*Os sentidos do texto
	A produção de um texto demanda a ativação de conhecimentos adquiridos por meio de outros textos. A prática de leitura e compreensão, por sua vez, também requerem a consideração de uma gama de conhecimentos advindos da leitura de outros textos. Assim sendo, nenhum texto pode ser tomado isoladamente, desvinculado de qualquer outro, mas, sim, em sua intrínseca relação com outros exemplares textuais. O conceito de intertextualidade surgiu no âmbito da crítica literária, com a autora Julia Kristeva, para quem todo texto é realmente um mosaico de citações de outros textos. 
	As relações intertextuais podem ser assim compreendidas, conforme a organização de Piègay-Gros (1996):
Tipos de intertextualidade:
1. Relações de presença: 
- citação e referência (intertextualidade explícita)
- plágio e alusão (intertextualidade implícita)
2. Relações de derivação:
	- paródia
	- travestimento burlesco
	- pastiche
Vejamos as características de cada um.
1. Copresença
As relações intertextuais estabelecidas por copresença são aquelas em que é possível perceber, por meio de distintos níveis de evidência, a presença de fragmentos de textos previamente produzidos, os quais são encontrados em outros textos. Há três formas principais de copresença: a citação, a alusão e o plágio.
Citação
Sem citar MST, Dilma critica invasões de terra
A ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, presidenciável do PT, criticou hoje as invasões de terra, a ocupação de prédios públicos e considerou as invasões como “atitudes ilegais”. “Sou inteiramente contrária a criar prejuízos aos que não são responsáveis pela política e sou contrária às invasões de terra”, destacou ela, sem citar o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem-terra (MST) e cercada por uma plateia eminentimente ruralista que visita a Agrishow, no interior de São Paulos.
Referência
A referência é o processo de remissão a outro texto sem haver citação de um trecho. Pode realizar-se por meio da nomeação do autor do intertexto, do título da obra, de personagens de obras literárias etc.
Alusão
A alusão é uma espécie de referenciação indireta. Ela é mais implícita, ou seja, não apresenta marcas diretas e, portanto, seu reconhecimento demanda maior capacidade de inferência por parte do leitor.
Plágio
O plágio é a apropriação indevida do texto alheio de forma que o plagiário assume como sua a autoria do texto de outrem. Muitas vezes, tal prática é intencional, de modo que se procura ocultar o intertexto. Outras vezes, porém, é efeito de um desconhecimento de como se fazer citações, por exemplo.
2. Derivação
	A derivação decorre quando um texto deriva de outro previamente existente. Algumas categorias são: a paródia, o pastiche e o travestimento burlesco.
2.1 Paródia
A paródia é um recurso bastante criativo que se constrói a partir de um texto fonte retrabalhado – ou seja, há uma transformação de um texto-fonte – com o intuito de atingir outros propósitos comunicativos, não só humorísticos, mas também críticos, poéticos etc. 
2.2 Um tipo especial de paródia: o détournement
É um tipo de paródia que parece restringir-se a textos mais curtos. Com claro valor subversivo, o objetivo dos produtores é “levar o interlocutor a ativar o enunciado original, para argumentar a partir dele; ou então ironizá-lo, ridicularizá-lo, contraditá-lo, adaptá-lo a novas situações ou orientá-lo para outro sentidom diferente do sentido original”, como afirma Koch, Bentes e Cavalcante (2007:45).
2.3 Travestimento burlesco
O travestimento também se origina de outros textos, mas se diferencia por ser “baseado na reescritura de um estilo a partir de uma obra cujo conteúdo é conservado”. Há então, uma retomada do conteúdo, mas estrutura e estilo são transformados com finalidade puramente satírica.
2.4 Pastiche
Enquanto nos anteriores havia uma alteração da forma do texto, o pastiche se caracteriza pela imitação de um estilo de um autor ou de traços de sua autoria.
2.5 Paráfrase
Caracteriza-se de por ser uma repetição de outro texto, com o objetivo de esclarecê-lo, com a utilização de palavras próprias do autor do texto “atual”.
*Fonte: CAVALCANTE, Mônica M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2012.
Interpretação de texto
Para entender a charge de Benett, são necessários alguns conhecimentos extras. 
O Flautista de Hamelin é um conto folclórico, reescrito pela primeira vez pelos Irmãos Grimm e que narra um desastre incomum acontecido na cidade de Hamelin, na Alemanha, em 26 de junho de 1284.
Em 1282, a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que reivindica ser um "caçador de ratos" dizendo ter a solução para o problema. Prometeram-lhe um bom pagamento em troca dos ratos - uma moeda pela cabeça de cada um. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.
Apesar de obter sucesso, o povo da cidade abjurou a promessa feita e recusou-se a pagar o "caçador de ratos", afirmando que ele não havia apresentado as cabeças. O homem deixou a cidade, mas retornou várias semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na igreja, tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez as crianças de Hamelin. Cento e trinta
meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e trancados em uma caverna. Na cidade, só ficaram opulentos habitantes e repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.
E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.
1. Observando que a personagem da charge representa a presidente Dilma Roussef, considere as seguintes afirmativas:
a. Tanto na charge como no conto, os ratos constituem uma metáfora que deve ser interpretada da mesma maneira.
b. A fala da presidente Dilma na charge retoma elementos apresentados no segundo parágrafo do conto.
c. A cena critica a falta de ação da presidente do Brasil frente a problemas sociais de diferentes ordens.
d. A intertextualidade da charge com o conto é confirmada principalmente pelos elementos verbais.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa b é verdadeira.
b) Somente as afirmativas a e d são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas a, b, c são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas b e d são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas a e c são verdadeiras.
2. Tomando por base o conto, indique a(s) ocorrência(s) em que a expressão entre parênteses substitui a expressão grifada, sem prejuízo do sentido.
1. ... um homem que reivindica ser um ‘caçador de ratos’ (assume)
2. Apesar de obter sucesso ... (lograr êxito)
3. ... o povo da cidade abjurou a promessa feita (descumpriu)
4. ... só ficaram opulentos habitantes (oprimidos) (nesse tipo de questão, é preciso voltar ao texto e contextualizar, ou seja, considerar o contexto linguístico, o contexto dentro do texto. Leia as duas últimas linhas do terceiro parágrafo e confira também o dicionário)
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 2 e 4 são
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
3. O que “seria mais fácil se tivesse uma flauta”?
a) Combater a corrupção (ler a linguagem não verbal da charge)
b) Reunir os políticos num consenso.
c) Promover as reformas sociais.
d) Lidar com o povo.
e) Contornar as dificuldades de negociação com os políticos.
Questão discursiva
Quadrilha da sujeira
Ricardo Azevedo
3
João joga um palitinho de sorvete na
rua de Teresa 
que joga uma latinha de refrigerante na rua de Raimundo 
que joga um saquinho plástico na rua de Joaquim 
que joga uma garrafinha velha na rua de Lili.
Lili joga um pedacinho de isopor na
rua de João 
que joga uma embalagenzinha
de não sei o que na rua de Teresa que joga um lencinho de papel na rua de Raimundo 
que joga uma tampinha de
refrigerante na rua de Joaquim 
que joga um papelzinho de bala na rua de J. Pinto Fernandes 
que ainda nem tinha entrado na história.
(AZEVEDO, 2007).
Na leitura do texto, é possível reconhecer, de acordo com o conhecimento da nossa língua, o uso de palavras no diminutivo, como por exemplo: “palitinho”, “garrafinha” etc. No entanto, o uso no diminutivo, no contexto do texto, não indica tamanho reduzido das coisas. O que está subentendido no emprego do diminutivo, ou seja, qual a crítica feita?
O texto critica o mau hábito de jogar lixo nas ruas e mostra como as pessoas se prejudicam e prejudicam as outras com essa atitude.
Observe também que esse texto é uma paródia do texto Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade.
Faça em casa!!!
SAMPA 
01 alguma coisa acontece no meu coração 
02 que só quando cruza a ipiranga e a avenida são joão 
03 é que quando cheguei por aqui eu nada entendi 
04 da dura poesia concreta de tuas esquinas 
05 da deselegância discreta de tuas meninas 
06 ainda não havia para mim rita lee 
07 a tua mais perfeita tradução 
08 alguma coisa acontece no meu coração 
09 que só quando cruza a ipiranga e a avenida são joão 
10 quando te encarei frente a frente não vi o meu rosto 
11 chamei de mal gosto o que eu vi de mau gosto o mau gosto 
12 é que narciso acha feio o que não é espelho 
13 e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho 
14 nada do que não era antes quando não somos mutantes 
15 e foste um difícil começo afasto o que não conheço 
16 e quem vem de outro sonho feliz de cidade 
17 aprende depressa a chamar-te de realidade 
18 porque és o avesso do avesso do avesso do avesso 
19 do povo oprimido nas filas nas vilas favelas 
20 da força da grana que ergue e destrói coisas belas 
21 da feia fumaça que sobe apagando as estrelas 
22 eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços 
23 tuas oficinas de florestas teus deuses da chuva 
24 panaméricas de áfricas utópicas túmulo do samba mais possível novo quilombo de zumbi 
25 e os novos baianos passeiam na tua garoa 
26 e os novos baianos te podem curtir numa boa 
Veloso, Caetano. Caetano Veloso . Sel. de textos por Paulo Franchetti e Acyr . São Paulo. Abril Educação, 1981. p.79-80 (Literatura Comentada)
Interpretação de texto:
1) Sampa refere-se à cidade de São Paulo. O texto relaciona lugares da capital paulista, bem como poetas, músicos e movimentos culturais que agitaram essa cidade. Identifique os versos onde o autor cita alguns desses artistas e lugares paulistanos. 
Artistas: Rita Lee, mutantes, poetas de campos e espaços. 
Lugares paulistanos: Ipiranga e Avenida São João.
Obs.: há outros, porém estou considerando os mais explícitos. O texto demanda muito conhecimento de mundo, contexto histórico.
2) A mitologia grega conta a narrativa mítica de um rapaz dotado de grande beleza que um dia, ao curvar-se sobre as águas cristalinas de uma fonte, para matar a sede, viu sua imagem refletida no espelho d’água e apaixonou-se por ela. Suas tentativas frustradas de aproximar-se dessa imagem levaram-no ao desespero e à morte. Freud, ao estudar esse mito, considera-o uma explicação de personalidades que só amam a própria imagem. Caetano utiliza-se da intertextualidade fazendo referência a este mito em quais versos? Qual o sentido dessa frase, tomando como referência o Mito de Narciso?
Versos 10, 11 e 12.
O poeta (que é narciso) não aceita outras referências que lhe são desconhecidas (o que não é espelho).
3) É muito comum a afirmação de que São Paulo, ao contrário do Rio, nunca produziu samba. Indique a passagem do texto em que se faz alusão a isso. 
É o verso 24 – “túmulo do samba”.
4) Há no texto uma referência a uma particularidade climática de São Paulo. Qual é ela?
São Paulo é conhecida como a “terra da garoa”, verso 24.
Não esqueça de levar em consideração sempre o contexto fora do texto. Hoje São Paulo ainda pode ser considerada a terra da garoa?
5) Nos versos “e quem vem de outro sonho feliz de cidade/ aprende depressa a chamar-te de realidade” (16 e 17), o poeta considera a realidade o avesso do sonho. Pode-se dizer que o poeta julga que em São Paulo não há lugar para o sonho, a poesia?
Não, porque esse mesmo poeta afirma “eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços”. Retome o tempo a partir do verso 16 até 22.
6) Assinale a única alternativa incorreta de acordo com o texto:
A - Em São Paulo há poesia.
B - É difícil chegar em São Paulo e se adaptar.
C - São Paulo não inspira amor à primeira vista, mas aos poucos começa-se a perceber seus encantos e termina-se por gostar dela.
D - São Paulo inspira admiração à primeira vista, mas ao se conhecer a cidade, essa admiração transforma-se em tristeza e solidão.
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
ENGENHARIA CIVIL, MECÂNICA E MECATRÔNICA – 1º e 2º PERÍODOS 
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
5ª aula 									Prof.ª Flávia Cristina Dias
As informações implícitas:
O pressuposto e subentendido
Em todos os textos, certas informações são transmitidas explicitamente, enquanto outras o são implicitamente, estão pressupostas ou subentendidas. Um texto diz coisas que parece não estar
dizendo, porque não as diz explicitamente. Uma leitura eficiente precisa captar tanto as informações explícitas quanto as implícitas. Um leitor perspicaz é aquele capaz de ler nas entrelinhas. Se não tiver essa habilidade, passará por cima de significados importantes ou – que é bem pior – concordará com ideias ou pontos de vista que rejeitaria se percebesse.
Para entender o subentendido dessa propaganda, é preciso contextualizar, ou seja, levar em consideração as condições de produção do texto: quem fala, com quem fala, suporte de veiculação, linguagem verbal, não verbal e, principalmente, a interxtualidade presente (pintura da Monalisa, citação de pintores do período do Renascimento, contrapondo-se a um repertório popular dos personagens dos desenhos animados das Tartarugas Ninjas).
O subentendido é que quem lê o Estadão terá acesso a um conteúdo mais erudito, contrapondo-se a um repertório popular.
PRESSUPOSTOS
São ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase. Observe a frase abaixo:
José tornou-se um antitabagista convicto.
Na frase diz-se explicitamente que, José não fuma. No entanto, o verbo “tornou-se”, transmite a informação implícita de que José fumava antes.
Enquanto o pressuposto é um dado apresentado como indiscutível para o falante e o ouvinte, não permitindo contestações; o subentendido é contextual, é pragmático, é de responsabilidade do ouvinte, e por isso, altamente variável, uma vez que o falante esconde-se por trás do sentido literal das palavras.
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas.
Os pressupostos têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as informações explícitas.
Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores linguísticos, como, por exemplo:
Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.
O caso do contrabando tornou-se público.
Renato continua doente.
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.
SUBENTENDIDOS
Os subentendidos são insinuações não marcadas linguisticamente. O subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte compreendeu.
Imagine que uma pessoa estivesse em visita à casa de outra num dia de muito frio e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrível!” poderia estar insinuando “Feche a janela”.
O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer com ela.
Quando uma pessoa com um cigarro na mão te pergunta: “- Você tem fogo?” Ela acharia muito estranho se você dissesse “tenho” e não lhe acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta subentende-se “Acenda-me o cigarro, por favor”.
O subentendido diz sem dizer, sugere, mas não diz.
Referência:
FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o Texto. 3 ed. São Paulo: Ática, 1991.
Para compreender mais...
Pressupostos e subentendidos
Chico Viana
Boa parte do que o texto significa não se mostra explicitamente. Quando escrevemos deixamos implícitas algumas informações, e cabe ao leitor completar as lacunas.
Os implícitos são basicamente de dois tipos: pressupostos e subentendidos. Os pressupostos estão inscritos na língua; não há como fugir ao sentido que eles determinam. Já os subentendidos dependem de interpretação.  
Se alguém diz a uma visita: “Finalmente você apareceu”, pressupõe-se que o interlocutor há tempo não dava as caras; o advérbio que introduz a oração indica isso. Caso ele acrescentasse uma observação do tipo: “Deixou o orgulho de lado”, estaria formulando um subentendido. A ausência do outro teria sido interpretada como soberba. O subentendido sempre envolve um julgamento, um juízo de valor, e por vezes leva à distorção da verdade.
Um exemplo disso ocorre nesta passagem de O pagador de promessas, a conhecida peça de Dias Gomes:
“PADRE - Que pretende com essa gritaria? Desrespeitar esta casa, que é a casa de Deus?
ZÉ - Não, Padre, lembrar somente que ainda estou aqui com a minha cruz.
PADRE - Estou vendo. E essa insistência na heresia mostra o quanto está afastado da igreja”.
Zé do Burro pretende entrar na igreja carregando uma cruz para agradecer a Santa Bárbara o restabelecimento do seu burro Nicolau. Ele é um homem simples, ingênuo, e jamais lhe passaria pela cabeça contestar a ortodoxia cristã. No entanto o padre Olavo interpreta o fato de ele conduzir a cruz como um sinal de heresia. Subentende na resposta do interiorano a intenção de ser um novo Cristo.
Nos subentendidos refletem-se valores e preconceitos da sociedade. Levei para a classe o seguinte diálogo:
– Você pretende se casar?
– Eu tenho juízo!
Depois perguntei à turma o que se subentende da resposta. Praticamente a totalidade dos alunos afirmou que ela dava entender que só “um doido” se casa. O curioso é que o diálogo também permite que se entenda o oposto. Pode-se interpretar a resposta como uma defesa do casamento, que seria a opção do indivíduo prudente e racional. Por que ninguém considerou esse lado?
Nesta outra passagem a interpretação ficou mais fácil, pois o que se subentende parte de um dos envolvidos no diálogo:
– Aquele ali teve sucesso na política.
– Já sei. Nunca foi pego.
Está implícita a ideia de que os políticos transgridem a lei.
Um dos maiores riscos na redação é querer dar aos subentendidos o rigor dos pressupostos. O que se interpreta não pode ser tomado como verdade absoluta.  Num texto sobre os novos papéis da mulher na sociedade, um aluno escreveu: “O trabalho da mulher fora de casa prejudica a educação dos filhos, pois ninguém substitui a mãe nessa tarefa.”
Subentende-se que tal prejuízo possa ocorrer, mas há mulheres que conseguem conciliar as duas funções. O aluno deveria ao menos ter apresentado o seu julgamento como possibilidade. Por não fazer isso, incidiu numa discutível generalização.
Fonte: http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-ponta/pressupostos-e-subentendidos-307453-1.asp
Atividade
01. (Unicamp) Para achar graça da tira de Angeli que aparece a seguir, é preciso fazer dela uma leitura adequada.
Ler adequadamente esta tira significa entender o que está subentendido no enunciado de Stock ("eu também") e perceber que no último quadrinho existe a possibilidade de tal enunciado ser interpretado de duas maneiras:
a) Quais são as duas maneiras possíveis de interpretar o enunciado de Stock no último quadrinho?
As duas maneiras são: que ele também fazia sexo com alguma mulher e que ele também fazia sexo com a noiva do amigo.
b) Qual a palavra da fala de Wood que é fundamental para que a última fala de Stock possa ser interpretada de duas maneiras?
A palavra “minha” que indica propriedade (ou seja, noiva de Wood).
c) Levando-se em conta os padrões morais de nossa sociedade, qual das duas maneiras de entender a última fala de Stock provoca o riso do leitor?
A de que ele também fazia sexo com a noiva de Wood, já que os dois personagens da tirinha aparentam ser grandes amigos.
02. (Unicamp) Na tira abaixo, a lesma Flecha manifesta duas opiniões contraditórias, uma expliícita e uma implícita (isto é, subentendida).
L. F. Veríssimo. As cobras. O Estado de São Paulo.
Explicite a opinião que Flecha deixa implícita.
Flecha deixa implícita a opinião de que existe a diferença, sim, diferença entre os sexos.
Segundo este texto, em qual das duas opiniões Flecha realmente acredita?
A crença real é a que ele deixa transparecer sem dizer.
Qual é a passagem da tira que
permitiu que você chegasse a essa conclusão? Justifique.
“Aliás, típica”. Alías indroduz uma retificação. O adjetivo típica indica uma característica marcada, distinta, exclusiva de mulher.
03. Na figura a seguir, tem-se o outdoor vencedor do II Grande Prêmio Central de Outdoor, em 1992. Pode-se detectar no enunciado dessa peça publicitária uma associação texto-imagem que leva o interlocutor a um subentendido. Qual é esse subentendido, considerando que esse é um anúncio publicitário?
 
A - se você quer se parecer com um pimentão, deve usar Sundown;
B - Sundown, praia e pimentão são combinações ideais;
C - os pimentões devem usar Sundown quando vão à praia;
D - as pessoas, ao usarem sundown, ficarão com a cor do verão: vermelhas e ardidas.
E - se você não usar Sundown vai ficar vermelho e ardido como um pimentão.
04. Leia com atenção os dois segmentos que vêm a seguir:
a) Os latifúndios que são improdutivos estarão sujeitos à desapropriação.
Nem todos são improdutivos. Favorável aos latifundiários.
b) Os latifúndios, que são improdutivos, estarão sujeitos à desapropriação.
Todos os latifúndios são improdutivos. A desapropriação não poupará nenhum. Favorável aos sem-terra.
Os dois trechos acima, não possuem o mesmo significado, pois contém pressupostos diferentes. Supondo que existam apenas essas duas opções para incluir num projeto de reforma agrária, qual delas contaria com o apoio dos latifundiários? E dos sem-terra? Explique.
06. Qual o pressuposto e o subentendido no slogan da propaganda abaixo?
O artigo “o” ativa o pressuposto de que o guaraná é o único de fato original do Brasil e o subentendido é que os outros não são originais, ainda que sejam fabricados no Brasil.
07. Observe o trecho:
“Um negociante acaba de acender as luzes de uma loja de calçados, quando surge um homem pedindo dinheiro. O proprietário abre uma máquina registradora. O conteúdo da máquina registradora é retirado e o homem corre. Um membro da polícia é imediatamente avisado.”
Analise as declarações que são feitas a respeito do texto com as afirmações que estão logo em parênteses. Qual NÃO pode ser pressuposta de acordo com o contexto?
a) O negociante trabalhava com calçados (declaração verdadeira)
b) O homem abriu a máquina registradora (declaração verdadeira).
c) O negociante estava sozinho na loja (declaração desconhecida). 
d) Não se pode afirmar a quantia que foi retirada da máquina (declaração verdadeira).
e) A polícia chegou de imediato (declaração falsa).
08. Leia as frases abaixo e indique a alternativa correta:
Os índios brasileiros, que abandonaram suas tradições, estão em fase de extinção.
Os índios brasileiros que abandonaram suas tradições estão em fase de extinção
	
Dentre as alternativas abaixo, somente é possível afirmar que
a) Na frase 1, a oração “que abandonaram suas tradições” está separada por vírgula porque limita o sentido de “os índios brasileiros”. 
b) Na frase 2, é possível pressupor que todos os índios brasileiros estão em fase de extinção.
c) Na frase 2, a oração “que abandonaram suas tradições” particulariza, restringe o sentido de “os índios brasileiros”.
d) Na frase 1, é possível pressupor que nem todos os índios estão em fase de extinção.
e) Na frase 2, a oração “que abandonaram suas tradições” acrescenta uma informação acessória sobre “índios brasileiros” e, por isso, pode ser dispensada.
Questão discursiva
 
1. Responda as perguntas a seguir com base na tirinha da Mafalda:
htpp:/clubedamafalda.blogspot.com/
a) Que implícito pode-se retirar da fala de Mafalda, no último quadro?
O implícito é que a humanidade é que não funciona.
b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido?
É um subentendido, pois não vem marcado linguisticamente. 
2. A personagem da tirinha, Mafalda, ao se deparar com um homem carregando uma placa com a mensagem “NÃO FUNCIONA”, expressa uma crítica à humanidade. Escreva um texto dizendo quais as possíveis razões pelas quais Mafalda achou que a placa fosse colocada na humanidade.
Vamos analisar algumas respostas de alunos, referente à questão apresentada:
Observações: as respostas foram transcritas da mesma forma que os(as) alunos (as) escreveram na prova, inclusive com erros gramaticais e ortográficos. O objetivo é comentar esses erros presentes na questão discursiva, na medida em que for possível.
As respostas a seguir foram zeradas ou consideradas parcialmente:
A razão que ela achou que a placa deveria ser colocada nas pessoas é que a humanidade está totalmente desligada de si. O mau funcionamento da sociedade e das políticas públicas é que acarretam este tipo de problema.
Que a humanidade no mundo atual não tem finalidade nenhuma no mundo em que vive. Está igual telefone público, nunca funciona.
Ela achou que essa placa iria ser dependurada na humanidade porque o homem estava colocando essas placas em todos os lugares, pois esse seria o motivo dela tirar essa conclusão.
A tirinha de Mafalda expressa uma crítica quanto à humanidade, o fato do telefone público “não funcionar”, é pela falta de interesse das quais, consertarem o mesmo, para uso da população.
A resposta a seguir está coerente com o solicitado:
Na tirinha Mafalda expressa que o que não funciona é a humanidade, seja pelo fato do ser humano ser corruptível, egoísta e visar sempre o status social ao invés das pessoas; de impor-se com a ostentação de bens para refletir nestes a sua essência; cada vez mais valemos o que temos e nunca o que somos. Uma máquina que não funciona é possível de conserto, contudo a humanidade é causa perdida.
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ENGENHARIA CIVIL, MECÂNICA E MECATRÔNICA – 1º e 2º PERÍODOS 
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
6ª e 7ª aula 									Prof.ª Flávia Cristina Dias
Alteração no sentido das palavras: 
a metáfora e a metonímia
Atividade
1. Leia o texto, extraído de Cadernos de João, de Aníbal Machado, e utilizado num Vestibular da FUVEST.
Na última laje de cimento armado, os trabalhadores cantavam a nostalgia da terra ressecada.
De um lado era a cidade grande; de outro, o mar sem jangadas.
O mensageiro subiu e gritou:
__ Verdejou, pessoal! 
Num átimo, os trabalhadores largaram-se das redes, desceram em debandada, acertaram as contas e partiram.
Parada a obra.
Ao dia seguinte, o vigia solitário recolocou a tabuleta: “Precisa-se de operários”, enquanto o construtor, de braços cruzados, amaldiçoava a chuva que devia estar caindo no Nordeste.
2. Qual o sentido usual da palavra “verdejou”?
choveu
ficou verde
amanheceu
nasceu
clareou
3. Levando-se em consideração o conhecimento lingüístico, qual o item em que o vocábulo destacado tem o sinônimo corretamente indicado?
“Na última laje de cimento armado, os trabalhadores cantavam a nostalgia da terra ressecada.” – esperança.
“Num átimo, os trabalhadores largaram-se das redes...” - susto
“... desceram em debandada, acertaram as contas e partiram.” – em bandos
“enquanto o construtor, de braços cruzados, amaldiçoava a chuva que devia estar caindo no Nordeste. – praguejava (corrigir a palavra, que vem de praga, pois ficou errado)
“Num átimo, os trabalhadores largaram-se das redes...” - alegria
4. Qual a relação de sentido entre verdejou, no seu sentido usual, e no sentido que está usado no texto?
No sentido usual, verdejou significa “tornar-se verde”; no sentido utilizado no texto, verdejou significa clareou. Entre clarear e chover há uma transferência de sentidos, o que caracteriza uma metáfora.
Não houve alteração de sentido.
No sentido usual, verdejou significa “tornar-se verde”; no sentido utilizado no texto, verdejou significa choveu. Entre chover e verdejar há uma relação de causa e efeito, o que caracteriza uma metonímia.
No sentido usual, verdejou significa “tornar-se verde”; no sentido utilizado no texto, verdejou significa choveu. Entre chover e verdejar há uma relação de causa e efeito, o que caracteriza uma metáfora.
No sentido usual, verdejou significa “amanheceu”; no sentido utilizado no texto, verdejou
significa choveu. Entre chover e verdejar há uma relação de causa e efeito, o que caracteriza uma metonímia.
5. Leias as frases abaixo e indique qual o mecanismo de alteração de sentido das palavras foi utilizado para construir as frases.
I – Meu coração é regador de flor. (metáfora)
II – A paixão é como um fogo. (___________________________)comparação
III – Os seus cabelos pareciam fios de ouro. (comparação) (ter aparência com)
IV – Os frutos destas árvores são doces como o mel. (metáfora)
V – Os teus olhos são duas pérolas. (metáfora)
VI – As velas do Mucuripe vão sair para pescar. metonímia
VII – A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. metonímia (___________________________)
VIII – A saia florida chegou. (metonímia)
Questão discursiva
01. Observe a seguinte frase:
“Todo cais é uma saudade de pedra.”
Explique qual o mecanismo de alteração do sentido das palavras foi utilizado para construir a frase acima e que sentido denotativo pode-se dar a ela?
Cais: estrutura ou região construída paralelamente à água, na borda de um porto onde navios podem atracar ou aportar, para carregar ou descarregar carga.
Vamos analisar algumas respostas de alunos, referente à questão apresentada:
Observações: as respostas foram transcritas da mesma forma que os(as) alunos (as) escreveram na prova, inclusive com erros gramaticais e ortográficos. O objetivo é comentar esses erros presentes na questão discursiva, na medida em que for possível.
As respostas a seguir foram zeradas ou consideradas parcialmente:
O cais representa na frase os seus trabalhadores, pessoas que ali executam serviços, um local de vida dura onde as pessoas tem que apresentar boa saúde, assim como “saúde de pedra”, ora pedra é um objeto que apresenta grande resistência, portanto quem tem boa saúde tem saúde de pedra. Resumindo: cais = pessoas; pedra empresa a saúde sua resistência.
Pelo fato de ser construído em cima de pedras será sempre sustentado por pedras.
A frase quer dizer que, com as construções de portos nos mares, o que resta é a saudade do mar sem as grandes estruturas.
Usou uma metáfora. Cais como se fosse uma pedra de um jeito real e inreal (palavra correta = irreal).
Pois é algo bem distante da nossa atual situação de portos.
O mecanismo de alteração de sentido utilizado foi a metáfora, e um sentido denotativo que poderia ser utilizado é a palavra costa.
Metonímia, pois está exercendo uma implicância.
As respostas a seguir foram zeradas ou consideradas parcialmente:
Foi utilizada a metáfora. A frase quer dizer que o cais, onde os navios se atracam ou aportam, sempre vai deixar saudades, seja de pessoas ou lugares, porque esses navios fazem grandes viagens pelo mundo, talvez nunca mais voltarão, deixando um rastro de saudade para aqueles que convivem nele.
02. Interprete o pensamento abaixo:
“A ambição sem conhecimento é como um barco em terra firme.” (autor desconhecido)
Neste tipo de questão discursiva, o importante é considerar o termo comparado com o que está sendo comparado, no caso, “barco em terra firme”, ou seja, a informação implícita está justamente nas possibilidades de análise dessa expressão. Pense: o que faz um barco em terra firme?
03. Leia a tirinha abaixo:
O quadrinista ao criar o humor na tira, cria também um subentendido. Qual o subentendido presente no texto?
O subentendido, geralmente, é uma crítica não colocada explicitamente. Se é uma crítica, o que está sendo criticado na tira? A atitude dos masoquistas ou o fato de irem ao banco pagar tributos municipais e ainda ficar numa enorme fila? Em textos como esse, há, pelo menos, dois níveis de leitura: o primeiro nível é o figurativo, o que é narrado explicitamente; o segundo nível, é a crítica. O autor coloca em questão a vida do cidadão que além de ter que pagar uma alta carga de tributos, ainda precisa enfrentar uma enorme fila no banco. É preciso considerar o contexto dentro do texto (verbal – o termo masoquista - e não verbal) e o contexto fora do texto, o conhecimento de mundo. Enfim, pagar tributos e ainda ficar numa enorme fila do banco é uma tortura, uma violência contra o cidadão.
Interpretação de texto
Um Apólogo
Machado de Assis
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.	
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.	
	Questão 01
Nos apólogos e fábulas, como em todo processo metafórico, estabelece-se uma relação entre dois planos de significado: o significado
de base ou usual e o significado acrescentado ou figurado.
Qual é o significado usual de agulha, levando-se em consideração o contexto do texto?
a) Hastezinha fina, de aço, aguçada numa das extremidades e com um orifício na outra por onde se enfia linha, fio, lã, barbante para coser, bordar ou tecer;
b) Ponteiro de relógio ou de bússola;
c) Instrumento aguçado em uma das pontas, por exemplo: injeção.
d) Fio de fibras torcidas de linho, algodão, seda ou sintética, usado para coser, bordar ou fazer renda.
e) Traço contínuo de uma só dimensão.
	Questão 02
Assim como há pistas que nos levam a conceber a linha e a agulha no seu sentido próprio, há também outras que nos levam a concebê-las como seres humanos (sentido figurado). E é nesse argumento de dois planos de sentido que confere ao texto o seu caráter metafórico e nos faz classificá-la como um apólogo ou fábula. 
Nas alternativas abaixo, todas as passagens demonstram a agulha e a linha em seu sentido figurado, EXCETO:
a) “... uma agulha que disse a um novelo de linha...”
b) “Por que está você com esse ar....?”
c) “..... para fingir que vale alguma cousa...”
d) “Deixe-me, senhora”
e) “Você fura o pano, nada mais.”
	Questão 03
A agulha e o professor de melancolia possuem traços em comum descritos abaixo. Pelos antecedentes presentes no texto, qual das alternativas NÃO condiz com esses traços de semelhança?
a) ambos furam o pano, isto é, abrem espaço para outros.
b) ambos fazem o trabalho árduo.
c) ambos têm papel subalterno.
d) ambos desfrutam do esforço realizado por aqueles que lhe abriram oportunidades.
e) ambos vão adiante, puxando e carregando o que vem atrás.
	Questão 04
A leitura global do texto permite afirmar que:
a) o narrador, no percurso do texto, trata com mais simpatia a linha do que a agulha.
b) segundo o texto, é falsa a rivalidade entre a linha e a agulha.
c) linha e agulha, segundo o texto, desempenham funções igualmente importantes.
d) a linha e a agulha são figuras que representam o mesmo tipo de pessoas: aquelas que não gostam do que fazem.
e) o apólogo figurativiza o tema da falta de equidade na distribuição das recompensas.
As questões de 7 e 8 deverão ser respondidas com base na tira humorística abaixo:
7. A intenção da tira é:
a) satirizar, através de uma analogia.
b) evidenciar o cuidado com os animais.
c) mostrar a relação amigável entre os personagens.
d) sugerir nome aos animais.
e) demonstrar a criatividade dos personagens.
8. Pelo conhecimento de mundo do leitor, depreende-se que o motivo pelo qual Mafalda colocou o nome Burocracia na tartaruga foi
a) pelo tamanho da tartaruga
b) pela origem da tartaruga
c) para reverenciar a burocracia
d) pelas características comuns que ambas apresentam.
e) porque gostava do nome.
Interpretação de texto
PORTAS ABERTAS
J.J. Camargo
No final do século 20, sob o impacto ainda não completamente avaliado da informação instantânea, a banalização do sofrimento alheio implantou a indiferença como a doença comportamental da sociedade, chamada moderna e pretensamente mais desenvolvida.
E este século, ainda na infância, o que nos reservará?
Apostaria na burocracia como a chaga que, no fim desse tempo, será identificada como o grande mal.
A necessidade de regular o processo de desenvolvimento social e impor o cumprimento de normas estabelecidas criaram a figura do burocrata. Até aí tudo bem, como antídoto da anarquia ele era mesmo indispensável.
Mas, em algum momento, fomos perdendo o rumo, desvirtuando funções e corrompendo
metas. Criamos o monstro que passou a acreditar que quem fiscaliza é mais importante do que quem faz. Também aqui o problema é universal. Porém, curiosamente, onde menos se oferece bem-estar aos indivíduos, mais prosperam os atestados, as segundas vias, as fichas corridas, os códigos e as firmas por reconhecer.
Na área da saúde, uma senha pode ser a barreira entre a vida e a morte. O burocrata, soberano na sua obtusidade, parece imperar sem constrangimentos e sem remorsos.
Rodolfo Livingstone, um famoso arquiteto argentino, teve uma ideia inteligente. Depois de ser fustigado por exigências absurdas, resolveu reagir. Entrou numa cabine de fotos 3 x 4 e bateu várias com caretas insanas. Depois de selecionar a mais maluca delas, plastificou uma carteira cheia de carimbos, inclusive do Ministério da Saúde. No crachá, um texto paralisante: “O portador não é responsável por seus atos. É inofensivo, mas não deve ser contrariado. Está filiado ao movimento Portas Abertas.”
A partir daí, as portas se escancaram para ele em repartições públicas, bancos, cartórios e aeroportos. Ninguém se animou a incomodar um tipo de agressividade potencial imprevista. Ainda que o crachá diga o contrário. A burocracia, determinada a enlouquecer as pessoas normais, se descobriu incapaz de manejar a loucura dos outros. Bem pensado.
Caderno Vida, Zero Hora, 07/12/2012
Análise do texto:
1. Quem é o autor e a fonte do texto?
2. Qual é a questão abordada no texto?
3. A que gênero textual pertence o texto? Qual é a tipologia textual predominante?
4. O texto possui relações intertexuais, ou seja, há intertextualidade? Aponte.
5. A quem é dirigido o texto?
6. Aponte os sentidos dos seguintes vocábulos no texto:
a) infância: ___________________________________________________________
b) chaga: ___________________________________________________________
c) antídoto: ___________________________________________________________
d) prosperam: ___________________________________________________________
e) barreira: ___________________________________________________________
f) fustigado: ___________________________________________________________
g) paralisante: ___________________________________________________________
h) escancararam: ___________________________________________________________
1. O título do texto – “Portas Abertas” –, considerado no contexto em que se encontra, tem o sentido de
(a) meio de acesso.
(b) abertura em paredes.
(c) peça com que se fecham móveis, veículos, objetos.
(d) ponto por onde se entra e sai de algum lugar.
(e) peça de madeira ou metal para fechar vãos.
	
2. De acordo com o texto,
(a) há necessidade de impor o cumprimento de normas no serviço público, evitando a anarquia, e dando ao burocrata a função máxima dentro do órgão, que lhe permite extrapolar seus limites.
(b) a administração da coisa pública segue uma rotina inflexível que, no lugar de ajudar o cidadão, complica-lhe a vida.
(c) somente na área da saúde a burocracia incentiva os atestados, as segundas-vias e as fichas corridas.
(d) é necessário regular de forma mais rígida o processo de desenvolvimento social, criando um sistema de controle burocrático eficiente.
(e) a sociedade moderna, pelo comportamento que apresenta, é caracterizada como a mais desenvolvida.
3. No sexto parágrafo, obtusidade poderia ser substituída, sem alteração do sentido, por:
a) dignidade
b) responsabilidade
c) insensibilidade
d) competência
e) função
4. Em “entrou numa cabine de fotos 3x4 e bateu várias com caretas insanas” (7º parágrafo), a palavra sublinhada poderia ser substituída, sem alteração do sentido, por:
a) dementes
b) engraçadas
c) assustadas
d) zangadas
e) divertidas
5. Levando-se em consideração o conhecimento linguístico, a única alternativa em que a relação entre os referentes está correta é a (as expressões também estão grifadas no texto):
a) ele (último parágrafo) – movimento
b) seus (penúltimo parágrafo) – atos
c) delas (penúltimo parágrafo) – exigências absurdas
d) ele (4º parágrafo) – burocrata
e) sua (6º parágrafo) – obtusidade
6. Qual das alternativas abaixo NÃO se encontra em sentido metafórico?
a) E neste século, ainda na infância, o que nos reservará?
b) Apostaria na burocracia como a chaga que ...
c) Até ai tudo bem, como antídoto da anarquia ele era mesmo indispensável.
d) Criamos o monstro que passou a acreditar que quem fiscaliza
é mais importante do que quem faz.
e) O burocrata, soberano na sua obtusidade, parece imperar sem constrangimentos e sem remorsos.
Questão discursiva
Observe a propaganda abaixo e explique por que a propaganda abaixo seria barrada nos dias de hoje.
”Mantenha ela no seu devido lugar”.
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
ENGENHARIA CIVIL, MECÂNICA E MECATRÔNICA – 1º e 2º PERÍODOS
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
8ª aula 									 Prof.ª Flávia Dias
Argumentação*
1. A construção da argumentação
Nossas reflexões sobre a linguagem se apoiam na concepção de que usamos as línguas (e a linguagem) não apenas para retratar o mundo ou dizer algo sobre as coisas, mas principalmente para atuar, agir sobre o mundo e as coisas; para produzir resultados a partir de nossas ações linguísticas.
Vamos pensar um pouco sobre algumas das finalidades com que fazemos uso da linguagem.
Leitura compartilhada
Observe o seguinte texto publicitário no seu conjunto de linguagem verbal e visual.
1. Vamos focalizar, primeiramente, a palavra “presente”.
a) Que significado(s) ela assume no texto?
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b) Qual desses significados está mais ligado ao texto visual? Por quê?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c) Qual desses significados está mais ligado ao produto anunciado? Por quê?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
d) Como pode o leitor interpretar esse jogo de sentidos, essas várias possibilidades de significação de uma palavra?
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2. Por que nenhuma das duas linguagens (verbal e visual) é dispensável no texto?
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3. Qual é o objetivo principal desse texto?
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Os textos se estruturam em tipos textuais, que podem ser, basicamente, narrativos, descritivos, dissertativos e argumentativos. A propósito do tipo argumentativo, ao considerarmos a linguagem como uma forma de trabalho cultural, estamos considerando que toda manifestação linguística é também basicamente argumentativa. Ou seja: sempre que utilizamos a linguagem, estaremos implicitamente alterando – ou querendo alterar – as crenças dos interlocutores, implicitamente querendo convencê-los de nossas ideias.
Ao fazer uso dessa capacidade de convencimento da linguagem, não utilizamos significados apenas linguísticos, como vimos nessa atividade qualquer outro recurso comunicativo interage com os signos de língua portuguesa para atingir o propósito de nossa comunicação. Na comunicação oral, por exemplo, os gestos também colaboram para a construção dos sentidos do texto.
Todo ato de linguagem objetiva produzir efeitos de sentido, que podem ser concretizados em ações ou em mudança/reforço de opiniões. Mas nem sempre fazemos isso conscientemente, ou fazemos disso o objetivo maior da nossa interação verbal. Mesmo que a linguagem sempre cumpra determinados propósitos argumentativos, nem sempre disso temos consciência.
Importante!!!
A linguagem é utilizada não apenas para descrever, espelhar coisas da realidade que nos cerca, mas para atuar sobre essa realidade. Quando esse aspecto argumentativo da linguagem é explicitamente colocado em um texto, dizemos que se trata de um texto argumentativo. Ou seja, embora toda manifestação linguística procure, de certa maneira, agir sobre o mundo ou sobre os interlocutores, somente quando a intenção explícita de um texto é convencer é que chamamos um texto de argumentativo.
Atividade 1
Leia o texto abaixo, procurando caracterizar o tipo de leitor ao qual ele se destina:
	
Treinar em regiões com níveis elevados de poluição atmosférica pode afetar o rendimento. Estudos científicos indicam que isso provoca uma diminuição importante do aproveitamento e da performance. Em geral, a queda na capacidade de sustentar o esforço mais prolongado ocorre acompanhada de problemas respiratórios como tosse, dor ao inspirar e decréscimo da capacidade pulmonar. Uma boa opção é treinar o mais cedo possível, pela manhã, quando a qualidade do ar nas cidades é melhor.
ISTOÉ, 21/1/2004
1. Que características você pode imaginar no “leitor-destinatário” desse texto – o que ele faz, onde vive, etc.?
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2. De que ideia o texto pretende convencer o leitor?
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3. Por que o leitor (que treina) deve seguir a recomendação do texto?
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4. Que reação você acha que teria um leitor, que leu o texto, ao sentir dor ou tossir quando está treinando?
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Como podemos perceber nessa atividade, em um texto argumentativo, as formas de convencimento podem ser muito variadas – vão desde a utilização de estudos científicos até o apelo às sensações físicas do leitor...
Importante!!!
Chamamos de estratégias ou recursos argumentativos à variedade de formas de convencimento utilizadas. No texto argumentativo, mais especificamente, chamamos essas estratégias de argumentos. Todos os argumentos de um texto devem conduzir a um único objetivo, ou a objetivos integrados e compatíveis entre si.
2. A tese
O texto anterior buscou convencer o leitor acerca de uma ideia principal:
“Treinar mais cedo, pela manhã, é melhor para o rendimento físico”
A essa ideia chamamos tese do texto argumentativo. A tese constitui a ideia principal para a qual um texto pretende a adesão do leitor/ouvinte: é o objetivo de convencimento do leitor/ouvinte. Os argumentos são os motivos, as razões utilizadas para convencer o leitor da validade da tese.
Atividade 2
Em busca da longevidade
	
Enquanto – e quanto mais – a ciência aprimora suas pesquisas para desenvolver o segredo da imortalidade, não podemos descurar – hoje – das medidas necessárias a perseguir as que nos conduzem a uma vida longa e saudável.
A natureza concedeu a cada um de nós um conjunto de mecanismos que permite nos proteger e nos renovarmos constantemente, resistindo a todas as agressões, mesmo aquelas que não podemos evitar.
A velhice não pode ser catalogada como uma doença, nem pode se apresentar como um período de sofrimento e desilusão.
Se conduzirmos nossa existência através de um programa disciplinado no que refere à alimentação, a exercícios, ao estilo de vida, podemos chegar à longevidade com saúde e vitalidade.
É claro que a expectativa de vida não é a mesma nos países em que a taxa de mortalidade infantil é elevada, a assistência médica precária, a fome e a desnutrição evidentes e a condição socioeconômica inconsciente.
Cumpre destacar aqui a diferença entre longevidade máxima e expectativa de vida.
Aquela é um fenômeno ligado à espécie, e esta, uma condição decorrente dos avanços da medicina, da higiene e das possibilidades econômicas de cada um.
O nosso destino depende do binômio genético-ambiental: se nós pudermos identificar os indivíduos
geneticamente vulneráveis e submetê-los a uma prevenção rigorosa, à erradicação dos fatores ambientais, possivelmente, em um futuro menos longínquo que possamos pensar, a uma correção de fatores genéticos, os conduziríamos a um envelhecimento saudável.
Dr. Ernesto Silva, AMBr revista, julho/2003. (com adaptações)
1. Qual é a tese desse texto?
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2. Que argumentos são usados para comprovar a validade dessa tese?
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3. Que contribuições a ciência pode dar para conduzir a um envelhecimento saudável?
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4. Compare os textos da atividade 4 e da atividade 5: como estão organizados os argumentos em cada um?
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*Texto retirado: 	
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - Gestar II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 5 - TP5: estilo, coerência e coesão. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
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ENGENHARIA CIVIL, MECÂNICA E MECATRÔNICA – 1º e 2º PERÍODOS
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
9ª aula 									Prof.ª Flávia Dias
Os procedimentos argumentativos em um texto**
A tese e seus argumentos
Já vimos que nenhum texto é produzido sem uma finalidade comunicativa, que todo texto tem por trás de si um autor que procura convencer o leitor/ouvinte acerca de alguma ideia. Essa ideia constitui a tese de um texto argumentativo, como já vimos anteriormente.
Vamos agora voltar nossas atenções para os diferentes recursos – diferentes argumentos – de que um autor se vale para comprovar essa tese ao organizar uma argumentação.
Atividade 3
Vamos analisar como se constrói a argumentação da seguinte “curiosidade”, retirada do Coquetel – Grande Titã, no
A velocidade do cérebro
Quando uma pessoa queima o dedo, a dor é um sinal que o tato envia ao cérebro. Este, por sua vez, transmite outro sinal aos músculos, que reagem afastando a mão do fogo. A velocidade de circulação dessas mensagens surpreende: elas viajam a 385 km/h, mais rápido que um carro de Fórmula 1.
1.Que tese pode ser identificada nesse texto?
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2. Por que a velocidade das mensagens transmitidas ao cérebro é facilmente aceita pelos leitores?
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3. Que argumentos são utilizados para mostrar a validade da tese do texto?
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4. Faça uma relação entre o título do texto e a identificação da tese.
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Argumentos baseados no senso comum, ou no consenso, são verdades aceitas culturalmente, sem necessidade de comprovação.
Por dependerem muito da aceitação e do reconhecimento dos interlocutores, argumentos de senso comum, ou baseados em experiências conhecidas, são, geralmente, usados em conjunto com outros tipos de argumentos que podem reforçá-los, torná-los menos questionáveis. 
Uma dessas maneiras de comprovar ideias é recorrer a dados, pesquisas e estatísticas, como veremos a seguir.
Atividade 4
O poder dos amigos
Uma pesquisa realizada na Suécia comprovou que bons amigos fazem mesmo bem ao coração. O estudo acompanhou a evolução do estado de saúde de 741 homens por 15 anos e concluiu que aqueles que mantinham ótimas amizades apresentaram muito menos chances de desenvolver doenças cardíacas do que aqueles que não contavam com o ombro amigo de alguém.
ISTOÉ, 3/3/2004.
1. Que tese você identifica nesse texto?
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2. Como o texto comprova essa tese?
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3. Se você, como leitor, quisesse contestar essa tese, que argumento contrário você teria que apresentar para que fosse aceito como válido?
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4. Que relação você estabelece entre o título e a tese do texto?
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Como você pode ver nas duas atividades anteriores, o título pode servir de ótimo indicador para a compreensão das finalidades do texto. Por isso, muitas vezes, conduzimos nosso olhar de leitor a partir do que antecipamos pela leitura do título. Por outro lado, ao elaborar um texto, mesmo que não seja necessário dar-lhe um título, ter em mente uma ideia de que título lhe cabe pode funcionar como um fio condutor da argumentação.
Argumentos baseados em provas concretas recorrem a cifras, estatísticas, fatos históricos; dão à argumentação uma sensação maior de confiabilidade, de veracidade. Por isso, são muito empregados em textos acadêmicos e científicos ou em qualquer situação em que se pretende fazer o interlocutor acreditar com mais facilidade.
A organização desses dados mais objetivos – cifras, estatísticas, dados históricos – pode variar muito no texto, dependendo das intenções do autor e do conhecimento que ele tem do interlocutor.
Uma forma muito comum de organizar a argumentação com base em provas concretas é usar um caso singular para comprovar teses mais gerais.
Atividade 5
Vamos ler apenas o início de um texto que recorre a essa estratégia argumentativa (fragmento adaptado do jornal Correio Braziliense, de 1/2/2004).
A retirada de um tumor significa mudança de hábito na vida da família do economista P.V.S. Há três meses ele foi surpreendido pela descoberta de um câncer de pele. “Levei meu filho em consulta ao dermatologista e aproveitei para mostrar ao médico umas manchas no corpo.”
Em novembro, P. passou por uma cirurgia para a retirada da lesão e ensina: “Nunca imaginei que os anos de praia em Santos poderiam me trazer problemas de saúde. Hoje só faço caminhadas com filtro solar FPS 60.”
Os especialistas alertam que a proteção deve ser iniciada ainda na infância. Em consultórios e clínicas, eles confirmam que a doença atinge cada vez mais jovens.
1. Para que assunto o texto quer chamar a atenção do leitor?
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2. De que ideia o texto pretende convencer o leitor?
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3. Apesar de começar contando a história de uma pessoa, como se percebe que o objetivo do texto não é focado sobre um caso individual?
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4. Como o exemplo do economista se integra à argumentação do texto?
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