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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO. INTERVENÇÃO. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUTIÇÕES DEMOCRÁTICAS (1)

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Prof.ª Mestra Paula Ramos Nora de Santis- Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
UNIDADE I - DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
1. LOCALIZAÇÃO NO TEXTO CONSTITUCIONAL
Forma de Estado: Federação (1º e 18)
Título III – Da Organização do Estado (18 a 43)
Capítulo I – Da Organização Político-Administrativa (18 e 19)
Capítulo II – Da União (20 a 24)
Capítulo III – Dos Estados Federados (25 a 28)
Capítulo IV – Dos Municípios (29 a 31)
Capítulo V – Do Distrito Federal e dos Territórios (32 e 33)
	Seção I – Do Distrito Federal (32)
	Seção II – Dos Territórios (33)
Título III
Capítulo I – “Da Organização político-administrativa”
Objetivo: Manter o equilíbrio constitucional das entidades autônomas
(art. 18) Forma Federativa – Estrutura do Estado Brasileiro - entes federativos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
2. ESTADO FEDERAL: SOBERANIA / AUTONOMIA
2.1. Forma Federativa de Estado
A forma de Estado está relacionada ao modo sob o qual o poder político é exercido em função de determinado território. Caso exista uma unidade de poder sobre um determinado território, pessoas e bens, estamos diante de um Estado unitário.	
O Estado unitário pode ser definido como aquele que apresenta uma organização política singular, com um governo único de plena jurisdição nacional, sem divisões internas que não sejam simplesmente de ordem administrativa. Um só centro com capacidade política; produtor e aplicador de uma única ordem jurídica geral, em todo o território nacional. 
	Entretanto, se em determinado Estado o poder se divide, gerando multiplicidade de organizações governamentais, dotadas de Poder de decisão política e administrativa, sob a égide de um poder central, estamos diante de um Estado federal.
O Estado federal, então diverge do unitário, por se dividir em províncias politicamente autônomas. Queiroz Lima, citado por Sahid Maluf, diz que o Estado federal é formado pela união de vários Estados; é um Estado de Estados, denominado pelo direito alemão de staatenstaat, que se projeta no plano internacional em sua unidade.
	Pinto Ferreira, citado por Sahid Maluf assim definiu o Estado federal:
O Estado federal é uma organização, formada sob a base de uma repartição de competências entre governo nacional e governos estaduais, de sorte que a União tenha a supremacia sobre os Estados-membros, e estes sejam entidades dotadas da autonomia constitucional perante a mesma.
	Diríamos então que há, no Estado federal uma “pulverização do poder” onde os vários Estados se associam visando uma integração harmônica, abrindo mão de suas soberanias em favor do todo; deixam de ter soberania externa; conservando sua independência na qualidade de ente autônomo, movimentando-se dentro de uma esfera pré-estabelecida pela Constituição Federal. Dessa forma ela se compõe da união de coletividades regionais autônomas. 
	Podemos então dizer que o binômio, soberania/autonomia, funciona como nota distintiva, dentro do Estado federal, do que chamamos de entes federativos e ente federal, sendo este detentor da soberania correspondente ao poder de determinação política do Estado como um todo, projetada ao plano internacional, onde se compreende a ausência de interferência externa como imperativo de convivência pacifica entre os povos. 
	Pode-se então explicar soberania e autonomia da seguinte forma:Soberania é o Poder Estatal de se dirigir, reger, governar inteiramente por si mesmo, sem qualquer interferência de ordem externa.
Autonomia é o elemento essencial dos entes federativos e significa a capacidade de editar normas próprias dentro de um círculo preestabelecido pela Constituição Federal. A autonomia dos entes federativos pressupõe: repartição de competências constitucionais.
2.1.1 Origem: EUA, 1787
2.1.2 Tipologia do Federalismo
	a) Federalismo por Agregação ou Desagregação (segregar);
Essa classificação leva em conta a formação histórica, a origem do federalismo em determinado Estado. No federalismo por agregação, os Estados independentes ou soberanos resolvem abrir mão de parcela de sua soberania para agregar-se entre si e formar um novo Estado, agora, Federativo, passando a ser, entre si, autônomos. O modelo busca uma maior solidez, tendo em vista a indissolubilidade do vínculo federativo. Como exemplo, Estados Unidos da América, Alemanha e Suiça. No federalismo por desagregação (segregação), a Federação surge a partir de determinado Estado unitário que resolve descentralizar-se, dividindo-se em partes, como por exemplo, o Brasil, que adotou esta forma com a Emenda n.º 01 de 15.11.1889.
	b) Federalismo Dual ou Cooperativo (rígida separação entre as atribuições – Dual; 	atuação conjunta – Cooperativo);
Esta classificação diz respeito ao modo de separação de atribuições (competências) entre os entes federativos. No federalismo dual, a separação de atribuições entre os entes federativos é extremamente rígida, não se falando em cooperação ou interpenetração entre eles. O exemplo seriam os Estados Unidos em sua origem. O modelo do federalismo cooperativo surgiu do Estado do Bem-Estar Social, ou Estado-providência, onde as atribuições serão exercidas de modo comum ou concorrente, estabelecendo-se uma verdadeira aproximação entre os entes federativos, que deverão atuar em conjunto.
	c) Federalismo Simétrico ou Assimétrico (homogeneidade de cultura e desenvolvimento 	(EUA) – Simétrico; diversidades culturais e língua (Suíça, Canadá) – Assimétrico);
No federalismo simétrico há uma identidade cultural, linguística e de desenvolvimento, de modo a não criar tratamento diferenciado entre os diversos entes que a integram, como acontece no Brasil. No federalismo assimétrico pode decorrer da diversidade de língua e cultura, como se verifica, por exemplo, nos quatro diferentes grupos étnicos da Suíça (cantões), ou, também, no caso do Canadá, país bilíngue e multicultural.
	d) Federalismo Orgânico – manutenção do “todo” em detrimento à “parte”;
No federalismo orgânico, o Estado deve ser considerado um “organismo”; busca-se, dessa forma, sustentar a manutenção do “todo” em detrimento da parte. Os Estados-Membros, por consequência, aparecem como um simples reflexo do “todo-poderoso poder central. Há uma supervalorização do ente central, em disfavor dos entes parciais.
	e) Federalismo de Integração – preponderância do Governo Central;
Em nome da integração nacional, passa a ser verificada a preponderância do Governo Central sobre os demais entres, atenuando-se as características do federalismo.
	f) Federalismo de Equilíbrio – harmonia entre os entes federativos (art. 43; 25 §3º; 151, I 	e 157 a 159).
O federalismo equilíbrio traduz a ideia de que os entes federativos devem manter-se em harmonia, reforçando-se as instituições, equilibrando as forças das instituições e reforçando-as. A Constituição brasileira de 1988 traz esta feição, apesar das críticas. 
g) Federalismo de 2º Grau
No Brasil há uma tríplice estrutura do Estado, reconhecida três ordens: (1) União, ordem central, (2) Estados (ordens regionais) e (3) Municípios, ordens locais. Em seguida, há a organização dos Municípios, que observam dois graus ou duas ordens: (1) União, com a Constituição Federal e (2) Estados, com a Constituição Estadual. (ADCT, art. 11)
Assim, consagra-se uma organização do Federalismo de segundo grau, ordenada pela CF de 1988.
(...) Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
2.2. Características da Federação
Descentralização política
Repartição de competências (políticas, administrativas, legislativas, tributárias)
Existência de Constituição
rígida (estabilidade)
Inexistência do direito de secessão
Soberania do Estado Federal
Intervenção
Auto-organização dos Estados Membros
Órgão representativo dos Estados Membros
Existência de uma organização que assume a posição de guardião da Constituição
Previsão de uma repartição de receitas
2.3. Composição organizacional da República Federativa do Brasil
	Forma de governo: republicana;
	Forma de Estado: Federação;
	Característica do Estado brasileiro: trata-se de Estado de Direito, democratizado, qual seja, Estado Democrático de Direito;
	Entes componentes da Federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
	Sistema de governo: presidencialista.
	2.4. Fundamentos da República Federativa do Brasil (Art. 1º)
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
	2.5. Objetivos da República Federativa do Brasil (Art. 3º)
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
	2.6. Princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil (Art. 4º)
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III -autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
	2.7. Idioma Oficial e símbolos da República Federativa do Brasil (Art. 13)
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
			2.8. Vedações constitucionais impostas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. (Art. 19)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
	3. DA UNIÃO 
	3.1. Capital Federal: Brasília (art. 18 §1º)
	3.2 Bens da União (art. 20)
	Bens são, no sentido de valores materiais ou imateriais, suscetíveis de ser objeto de relações jurídicas, todas as coisas dotadas de valor econômico. 
	3.3. Autonomia da União
	A União é pessoa jurídica de direito público interno – entidade federativa autônoma- que na qualidade de ente político, legisla; e na qualidade de ente administrativo, gerencia e executa serviços públicos federais. 
	O art. 1º da CF sugere que a União e República Federativa do Brasil se confundem, porém, o art. 18 deixa claro que a União é uma entidade que compõe a República Federativa do Brasil.
ESCLARECENDO:
	“União” é a entidade federal fornecida pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de Direito Público interno, autônoma em relação às unidades federadas e a que cabe exercer as prerrogativas da soberania do estado brasileiro. É titular de direitos e sujeito de obrigações. 
	“Estado Federal” é o todo, com o nome de República Federativa do Brasil, é o complexo constituído da União, Estados, DF e Municípios, dotado de personalidade jurídica de Direito Público Internacional. 
	3.4. Competência Exclusiva da União (art. 21)
	Trata-se da previsão de uma competência material ou administrativa exercida pela União no exercício de suas funções governamentais. É INDELEGÁVEL. 
	3.4.1. Qual o significado da indelegabilidade?
	Quando a distribuição constitucional de poderes se faz no sentido de se outorgar à pessoas política de Direito Interno atribuições que lhe são imanentes, por quanto não podem ser exercidas por quem quer que seja, tem-se COMPETÊNCIA EXCLUSIVA, INDELEGÁVEL, aquela que não pode ser delegada, ou atribuída a nenhuma outra pessoa política. 
	3.5. Competência Privativa da União (art.22)
	Significa: DELEGABILIDADE – parágrafo único – Lei Complementar
	Distinguir: exclusividade / privacidade – a distinção entre ambas é tênue – pode distingui-las, no entanto, pelo GRAU OU INTENSIDADE de delegabilidade. Exemplo: LC 103/2000 que autoriza os Estados e o DF instituir o piso salarial a que se refere o inciso V do art. 7º/CF.
	3.6. Competência Comum, Cumulativa ou Paralela (art.23)
	É conferida simultaneamente às entidades político-administrativas – significa COOPERAÇÃO.
	“O que justifica a competência comum é a descentralização de encargos em assuntos de enorme relevo para a vida do Estado Federal. São matérias imprescindíveis ao funcionamento das instituições, motivo pelo qual se justifica a convocação dos entes federativos para, numa ação conjunta e unânime arcar, zelar, proteger e resguardar as responsabilidades recíprocas de todos”.
COMPREENDENDO O Parágrafo Único do art. 23: Consagração do ideal de federalismo cooperativo “entretanto”; ainda não há Lei Complementar.
	3.7. Competência Concorrente (art. 24)
	É aquela em que mais de uma pessoa política de direito público interno exerce o poder de legislar sobre certa matéria. 
	A CF adota Competência Concorrente, não-cumulativa ou vertical onde a União é responsável pela elaboração das normas gerais, cabendo aos Estados, Municípios e Distrito Federal complementar, nesse sentido adequando à sua realidade.
	Seus elementos caracterizadores da competência concorrente: a) possibilidade de disposição sobre o mesmo assunto por mais de uma entidade (caput 24); b) a primazia da União no que tange à fixação de normas gerais (§ 1º); c) a Competência Suplementar dos Estados (§ 2º); d) a possibilidade de legislar plenamente na ausência da norma geral (§ 3º).
	É necessário assim, em primeiro lugar entender o que são normas gerais, vista como aquelas que contêm declarações principiológicas, dirigidas aos legisladores, condicionando-lhes a ação legiferante. Gerais em razão de que possuem um lance maior, uma generalidade e abstração destacadas, se comparadas àquelas normatividades de índole local. Não se prestam a detalhar minúcias. 
	3.7.1 Competência Suplementar dos Estados e Municípios (art. 24 §2º)
	Permite que os Estados e o Distrito Federal pormenorizem, sem arbitrariedades, as normas gerais, mencionadas no § 1º, estabelecendo as condições para a sua aplicação, à luz de requisitos razoáveis e justificáveis. 
	Significa: adicionar, preencher vazios, aperfeiçoar, esclarecer. 
	VEDADAS INOVAÇÕES.
	3.7.2. Competência Legislativa Plena (art. 24 §3º)
	Exercida para preencher vazios normativos na legislação federal sobre normas gerais, tendo em vista as peculiaridades dos Estados e do Distrito Federal. 
	A União não elaborou a norma de natureza geral (uma espécie de OMISSÃO), conferindo uma competência legislativa plena até a superveniência da lei federal que suspenda a sua eficácia (art. 24 § 4º).
	RESUMINDO, são regras definidoras da Competência Legislativa Concorrente:
- A competência da União é direcionada à produção de normas gerais;
- A competência do Estado-membro ou Distrito Federal se refere à produção de normas especificas, no sentido de adaptarem aquelas às suas particularidades;
- Não há possibilidade de delegação;
- O rol é taxativo;
- A inércia da União não impedirá ao Estado-membro ou ao Distrito Federal de regular a matéria, competência supletiva;
- Enquanto não sobrevier a legislação federal, aquela
editada deverá manter a sua competência plena; 
- A competência plena é temporária, uma vez que a União poderá a qualquer tempo, exercer sua competência editando lei federal sobre as normas gerais;
- A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
	4. DOS ESTADOS (art. 24)
	Quando se fala em Estados membros ou Estados federados e sua organização, devemos considerar três pontos importantes: 
- A elaboração de Constituições Estaduais (Poder Constituinte Derivado Decorrente);
- Significado do Princípio da Simetria
- Abrangência do “Poder de auto-organização”
	Estados federados, Estados-membros ou simplesmente Estados constituem ordenações jurídicas parciais, que atuam como núcleos autônomos de Poder, com legislação, governo, administração e jurisdição próprios. Possuem personalidade jurídica de Direito Público Interno e são capazes de estatuir uma ordem constitucional própria, dentro das diretrizes traçadas pelo poder constituinte originário.
	4.1. Atributos das Autonomias dos Estados
				- auto organização (25, caput);			
 Atributos das 		- auto legislação (25, caput) “competências que não lhes forem 
Autonomias dos 		proibidas, explícita ou implicitamente pelo constituinte”;
Estados			- auto administração (25, § 1º);
				- autogoverno (27, 28 e 125) eleger representantes (legislativo 
				e executivo) e organizar sua própria justiça.
4.1.1. Capacidade de auto-organização – Poder de elaborar seu próprio Texto Constitucional, assim estabelecendo sua estrutura orgânica 
* Poder Constituinte Decorrente: Características: autônomo, subordinado, secundário, derivado, decorrente ou instituído; seu exercício é condicionado à ação soberana do Poder Constituinte de primeiro grau. 
* Limites:
- Princípios Constitucionais Sensíveis: terminologia adotada por Pontes de Miranda. São aqueles que vêm positivados pela linguagem prescritiva do legislador constituinte, expresso de forma clara e incontestável; é a delineação do elenco de disposições que constituem o cerne da organização constitucional do País sendo imperiosas ao equilíbrio e manutenção do pacto federativo (art. 34, VII e art. 60, § 4º). 
- Princípios Constitucionais Estabelecidos ou Organizatórios: aqueles que limitam, vedam ou proíbem a ação indiscriminada do Poder Constituinte Derivado: 
- Limites Explícitos: proibições expressas que mantém caráter vedatórios; ou mandatórios. As que mantém caráter VEDATÓRIO têm natureza formal, por que proíbem os Estados de praticar atos ou seguir procedimentos contrários à manifestação constituinte originaria. Ex.: 19, 35, 150, 152. Os MANDATÓRIOS compelem os Estados a observar as diretrizes constitucionais que contenham restrições à liberdade organizatória. Ex.: 18 § 4º, 29, 31 § 1º, 37 a 42, 92 a 96, 98, 99, 125 § 2º, 127 a 130, 132, 134, 135 e 144 IV e V §§ 4º a 7º.
- Limites Inerentes: ao vem positivados, submetem-se de pautas jurídicas expressas.
- Limites Decorrentes: decorrem de disposições expressas.
- Princípios Constitucionais Extensíveis: são aqueles que integram a estrutura da federação brasileira, relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura em cargos eletivos (77), o processo legislativo (59 e ss), os orçamentos (165 e ss). 
	
4.2. Bens dos Estados
Quadro Comparativo
	Bens da União- art. 20
	Bens dos Estados- art. 26
	I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
	I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
5. DOS MUNICÍPIOS (art. 29 a 31)
5.1. Autonomia dos Municípios: 
	- auto-organização (29 caput)
	- autogoverno (29 incisos)
	- auto administração e auto legislação (30)
5.2. Formação: 18 § 4º
5.3. Competência: 	
	Não- legislativa
	Legislativa
	
- comum (23)
- privativa (30 III a IX)
	- expressa (29 caput)
- interesse local (30 I)
- suplementar (30 II)
- plano diretor (182 § 1º)
- tributária expressa (156)
	6. DO DISTRITO FEDERAL (art. 32)
6.1. Auto-organização: (32 caput)
6.2. Auto governo: (32 § 2º e 3º)
6.3. Auto-administração: competências 
6.4. Características: art. 32 caput – impossibilidade de divisão em Municípios
		 art. 32 §4º - autonomia parcialmente tutelada pela União
			
					- expressa: 32 caput
6.5. Competência Legislativa	- residual: 25 §1º	 
					- delegada: 22 único
					- concorrente: 24
					- suplementar: 24 §1º ao 4º
6.6. Interesse local: 30 I c/c 32 §1º
 6.7. Competência legislativa tributária: expressa 145, 147, 155 e 156
	7. TEORIA DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
	Competências são as diversas modalidades de poder que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. 
	A autonomia das entidades federativas pressupõe repartição de competências para o exercício e desenvolvimento de suas atividades normativas, logo a distribuição constitucional de poderes é ponto nuclear da noção de Estado federal. 	
	A CF/88, ao realizar a repartição, estruturou-a em um sistema que combina competências exclusivas, privativas; com competências comuns e concorrentes, com o objetivo de manter equilíbrio federativo.
	O Principio geral da técnica utilizada é o da predominância do interesse; sendo a técnica seguinte:
7.1 TÉCNICA DE REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
1. Enumeração dos poderes da União (21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (25§1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (30).
2. Reserva de campos específicos c/c possibilidade de delegação (22, único), áreas comuns em que se prevê atuações paralelas (23) e setores concorrentes em que a competência para estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais cabe à União, enquanto se defere aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios a competência suplementar (art.24).
1
A legislação concorrente pode ser classificada como: concorrente cumulativa; ou concorrente não cumulativa; onde será CUMULATIVA quando cada um dos entes não encontrará limites para o exercício da competência legislativa; já a NÃO CUMULATIVA faz uma previsão de repartição vertical, dentro de um mesmo campo material, reservando-se um nível superior ao ente federativo União, que fixa os princípios e normas gerais, deixando aos outros entes a complementação.
	A competência, nesse sentido, pode ser definida como a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, ou a um órgão
ou agente do Poder Público para emitir decisões.
	De acordo com a técnica definida pela Constituição, ela própria estabelece a seguinte classificação das competências: 
7.1.1. Competência Administrativa ou Material: 
Exclusiva	Poderes Enumerados		 - União (21)
		- Municípios (30)			
			Poderes Reservados 		 - Estados (25 §1º)
Comum	Cumulativa ou			 U / E / DF / M
	paralela (23)
7.1.2. Competência Legislativa:
Privativa da União (22) – Prevê a possibilidade de delegação da União aos Estados (parágrafo único)
Concorrente U / E / DF (24)
Remanescente (reservada) do Estado (25 §1º)
Exclusiva do Município (CF art. 30, I)
Suplementar do Município (30, II)
Reservada do Distrito Federal (32 §1º)
	O princípio básico para a distribuição de competências, a predominância do interesse, é assim representada por Alexandre de Morais: 
	
ENTE
FEDERATIVO
	INTERESSE
	UNIÃO
ESTADOS-MEMBROS
MUNICÍPIOS
DISTRITO FEDERAL
	GERAL
REGIONAL
LOCAL
REGIONAL + LOCAL
	
	* O Município foi reconhecido como ente federativo componente da RFB a partir da CF/88. O Federalismo como forma de Estado é obra de opção e manifestação do Constituinte originário. O modelo federalista traçado pela CF/88 foge o modelo lógico- jurídico da Federação nos moldes em que se originou em 1787 - Constituição Norte-Americana – FEDERALISMO POR SEGREGAÇÃO. 
	CRÍTICA: o Município é divisão política do Estado-membro e não possui assento no Senado Federal, logo, o Município não possui representatividade direta no poder central (bicameral).
	8. CRIAÇÃO DOS ENTES DA FEDERAÇÃO
	8.1. DOS ESTADOS 
	Conforme disposto no caput do artigo 18 da CF/88, os Estados-membros, também chamados de Estados Federados, são autônomos, o que significa serem dotados de capacidade de auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação. 
	A Constituição trata também do processo de criação de novos Estados, que poderão surgir a partir dos processos: FUSÃO (incorporar-se entre si - os Estados que se unem desaparecem, fazendo surgir um novo Estado, que não existia anteriormente), CISÃO (subdividir-se – o Estado originário desaparecerá surgindo dois ou mais Estados novos, que não existem antes da subdivisão), DESMEMBRAMENTO (desmembrar-se – o Estado originário continua existindo, porém com redução de seu território e perda da população, podendo vir a se anexar ao território de outro Estado já existente – DESMEMBRAMENTO ANEXAÇÃO – ou fazendo surgir um novo Estado ainda não existente – DESMEMBRAMENTO FORMAÇÃO).
8.1.1. FUSÃO (incorporar-se entre si)
D
C
B
A
		+		+	 =	
8.1.2. CISÃO (subdividir-se) 
C
B
A
	
		====D
8.1.3. DESMEMBRAMENTO 
a) ANEXAÇÃO
				B			
	
 B
	
 A
A
b) FORMAÇÃOC
	
 A
A
				 == 	
	
	Quanto a qualquer destes casos, a Constituição impõe a observância de determinados requisitos:
PLEBISCITO – instrumento de consulta à população diretamente interessada; 
LEI COMPLEMENTAR – Lei 9.709/98, art. 4º § 1º - proposto perante qualquer das casas do Congresso Nacional;
AUDIÊNCIA DAS ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS DOS ENTES FEDERATIVOS ENVOLVIDOS; 
APROVAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL (no PLC).
QUESTÃO: Qual o poder de intervenção da aprovação do Congresso Nacional no que tange a exigência de Lei Complementar Federal. 
	8.2. DOS MUNICÍPIOS
	O Município é ente federativo autônomo nos termos do dispositivo no artigo 29 a 31 da Constituição Federal de 1988, portanto dotado de auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação, identificado como pessoa jurídica de direito público interno. 
	A formação dos Municípios, o texto constitucional prevê a criação, incorporação, fusão e desmembramento, trazendo como requisitos: 
LEI COMPLEMENTAR FEDERAL que determinará o período para a mencionada criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios;
ESTUDO DE VIABILIDADE MUNICIPAL;
PLEBISCITO – consulta prévia à população dos Municípios envolvidos;
LEI ESTADUAL – elaborada dentro do período que a lei complementar federal definir.
*CRÍTICA: O parágrafo §4º do artigo 18 da CF/88 é discrepante à autonomia municipal como ente federativo, reafirma sua condição de divisão do Estado.
* O PLEBISCITO É CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE para o processo legislativo da lei estadual;
* A exigência da existência da LEI COMPLEMENTAR FEDERAL fez com que fosse questionado perante o STF a criação de novos Municípios, sem a existência da mencionada lei. A ADIN 2.240 reconheceu a existência de vicio formal por violação a pressupostos objetivos do ato. Sobre o assunto destaca Pedro Lenza:
“Por consequência, nas várias ADIs julgadas (2.240, 3.316, 3.489 e 3.689), o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade das leis estaduais que criaram Municípios sem a existência da LC Federal, mas não pronunciou a nulidade dos atos, mantendo a vigência por mais de 24 meses (efeito prospectivo ou pro futuro).
Buscando regularizar a situação de vários municípios, o Congresso Nacional promulgou a EC nº 57 de 18.12.2008, acrescentando o art. 96 ao ADCT com a seguinte redação: ”ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31.12.2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”.
Assim, percebe-se que não se extinguiu a necessidade da existência de lei complementar federal que regularize o processo e criação dos Municípios. A referida emenda apenas “validou” a criação (inconstitucional) dos Municípios anteriormente criados (sem a existência da LC Federal). 
	9. O TERRITÓRIO FEDERAL NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO ESTADO BRASILEIRO (ART. 33)
	Os Territórios são circunscrições ou divisões, de índole administrativa, que, integrando parcelado território nacional, não pertencem aos Estados, nem ao Distrito Federal, sendo gerenciados e administrados pela União.
	
	O Território não é ente federativo. É parte integrante da União. Atualmente não existe Território (art. 18 §2º c/c 33) no Estado brasileiro, entretanto a Constituição autoriza sua criação através de Lei Complementar, podendo vir a ser transformado em Estado ou ser reintegrado aquele que teve o elemento físico e populacional dele destacado. (ART. 18, § 3º)
* Antigos Territórios de Roraima e Amapá – ADCT 14 – transformados em Estados. 
* Antigo Território Fernando de Noronha – ADCT 15 – Reincorporado ao Estado de Pernambuco.
- Territórios com + de 100.00 habitantes, terão Governador nomeado (vide 84, XIV e 52, III, c); o que representa a falta de autonomia governamental e administrativa.
	
UNIDADE II- DA INTERVENÇÃO
1. NOÇÕES GERAIS
	A Intervenção consiste no afastamento temporário das prerrogativas totais ou parciais, próprias da autonomia do ente que a suporta.
	De acordo com o disposto, a Intervenção pode ser: 
Federal (art.34)
Estadual (art.35)
A Intervenção é medida de interesse nacional e garantia mútua excepcional de defesa do Estado federal e de proteção às unidades federadas que o integram. A regra é a não intervenção e consiste em instituto essencial ao sistema federativo e é exercido em função da integridade nacional e da tranquilidade pública, nos casos e da forma prevista na Constituição.
RESUMINDO:
Exceção à autonomia dos entes estatais;
Temporariedade;
Taxatividade (numerus clausus)
Caráter Político
Medida de Equilíbrio Federativo
2. ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO
2.1 Intervenção Federal – art. 34- pressupostos materiais
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
2.2. Procedimento. Pressupostos formais
Decreto
Execução
Controle
Afastamento
§1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
2.3. Intervenção Estadual – art. 35
2.3.1. Hipóteses- Pressupostos materiais
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
* Súmula 637 do STF
2.4. CONCILIANDO – pressupostos materiais e formais
a) Intervenção Espontânea – Art. 34, incisos I, II, III e V;
b) Provocada por Solicitação – art.34 IV c/c art. 36 I, primeira parte;
c) Provocada por Requisição	- art. 34 IV c/c art. 36 I, segunda parte;
			 	 - art. 34 VI c/c 36 II
d) Provocada dependendo de provimento de representação:
- art. 34 VII c/c 36 III, primeira parte;
- art. 34 VI primeira parte c/c 36 III, segunda parte.
ATENÇÃO: Nas hipóteses de “SOLICITAÇÃO” o Presidente da República não está obrigado a intervir (há discricionariedade). Nos casos de “REQUISIÇÃO” não sendo o caso de suspensão da execução do ato impugnado (36 § 3º), o Presidente da República está vinculado a decretar a intervenção. 
3. Efeitos – afastamento das autoridades envolvidas – art. 36 § 4º
4. Atuação do Congresso Nacional
		
UNIDADE III- DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES
Corresponde à denominação utilizadas para designar os instrumentos que servem à manutenção ou restabelecimento da ordem nos momentos de anormalidade constitucionais: Estado de Defesa e Estado de Sítio.
Conjunto ordenado de normas constitucionais que, “informadas” pelos próprios princípios da necessidade e da temporariedade, têm por objeto as situações de crises e por finalidade a manutenção ou o restabelecimento da “normalidade” constitucional (Aricê Amaral Santos).
Destacam-se no tema da “defesa do Estado e das instituições democráticas” dois grupos: a) instrumentos (medidas excepcionais) para manter ou restabelecer a ordem nos momentos de anormalidades constitucionais, instituindo o sistema constitucional de crises, composto pelo estado de defesa e pelo estado de sítio (legalidade extraordinária); b) defesa da pátria e da sociedade.
2. ESTADO DE DEFESA
A defesa do Estado pode ser entendida como: a) defesa do território nacional contra eventuais invasões estrangeiras (arts. 34, II, e 137, II); b) defesa da soberania nacional (art. 91); c) defesa da Pátria (art. 142).
2.1 PROCEDIMENTO
É considerado o mais brando, em comparação com o Estado de Sítio, sua decretação não necessita de autorização do Congresso Nacional. Segundo José Afonso da Silva “ o estado de defesa consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e determinados, mediante decreto do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçada por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidade de grandes proporções”. 
O Presidente da República não é obrigado a acatar a opinião apresentada pelo Conselho da República, podendo agir em discordância com a sua opinião, mas é obrigado a consulta-lo. Só possui natureza consultiva, não tendo efeito vinculativo a sua opinião. O teor do seu parecer no estudo dos fatos postos sob sua apreciação tem caráter meramente opinativo, podendo conter sugestões, sem vincular a decisão do Presidente. 
O Poder Executivo consubstancia sua decisão em um decreto, que deverá especificar o prazo, a abrangência e as condições de execução da medida. Juntamente com o decreto, será enviada a sua justificativa, para que os congressistas saibam as razões que o ensejaram. Sua natureza é de um ato discricionário, conexo, contudo, com a causa que o ensejou, vinculando-se a decisão à causa, segundo a teoria dos motivos determinantes.
O estado de defesa pode ser decretado pelo Presidente da República com o estabelecimento de todas as medidas imediatas, e, a posteriori, o Congresso Nacional pode ratificá-lo, mantendo ou não a vigência das medidas. 
Após a sua concretização, e dentro de vinte e quatro horas, o decreto deverá ser enviado ao Congresso Nacional, que apreciará, aprovando-o com um quorum de maioria absoluta (art.136, parágrafo 4º CF). Do seu recebimento, os parlamentares terão dez dias para se posicionar (art. 136, parágrafo 6º da CF). Caso e estado de defesa seja rejeitado, as medidas tomadas deverão ser revogadas imediatamente (art. 136, parágrafo 7º da CF). 
A sua duração será de, no máximo, trinta dias; podendo haver uma única prorrogação, pelo mesmo prazo, se os motivos que levaram à sua decretação ainda persistirem (art. 136, parágrafo 2º da CF). Durante a vigência das medidas excepcionais, o Congresso Nacional permanecerá em funcionamento, para que possa fiscalizar a sua implementação.
2.2 CONTROLE
Tanto no estado de sítio como no estado de defesa, o Congresso deverá permanecer em funcionamento para exercer o controle político (sobre as medidas tomadas durante a legalidade extraordinária. O Poder Judiciário se incumbe do controle jurídico, que pode ocorrer durante a execução das medidas ou após a sua implementação.
3. ESTADO DE SÍTIO
As hipóteses em que poderá ser decretado o estado de sítio estão, de forma taxativa, previstas no art. 137, caput, da CF/88: a) comoção grave de repercussão nacional (se fosse de repercussão restrita e em local determinado, seria hipótese, primeiro, de decretação de estado de defesa); b) ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa (portanto, pressupõe-se situação de maior gravidade); c) declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
3.1 PROCEDIMENTO
É o instrumento próprio para defender e preservar o Estado democrático de Direito e a soberania nacional em caso de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
Trata-se de um regime temporário e emergencial,
no qual garantias constitucionais ficarão suspensas, para restauração da normalidade das instituições democráticas alteradas por comoções de grave repercussão ou por beligerância com Estados estrangeiros. 
No estado de sítio, como no estado de defesa, o Presidente da República, antes de decretá-lo, terá de ouvir o Conselho da república e o Conselho de defesa (art. 137, caput, da CF). 
A grande diferença é que no estado de defesa o Presidente primeiro decreta as medidas de excepcionalidade legal e depois as coloca em votação pelo Congresso, e, no estado de sítio, as medidas só adquirem eficácia depois de serem aprovadas pelo Poder Legislativo, com um quórum de maioria absoluta. No estado de defesa as medidas obtêm eficácia imediata e depois é que serão referendadas pelo Legislativo. 
O decreto do estado de sítio deve individualizar sua duração, relatar os motivos determinantes do pedido, as medidas necessárias à sua execução e os direitos fundamentais que ficarão suspensos. 
3.2 CONTROLE
Tanto no estado de sítio como no estado de defesa, o Congresso deverá permanecer em funcionamento para exercer o controle político sobre as medidas tomadas durante a legalidade extraordinária. O Poder Judiciário se incumbe do controle jurídico, que pode ocorrer durante a execução das medidas ou após a sua implementação.
4. MEDIDAS DE SEGURANÇA
	ESTADO DE DEFESA
	ESTADO DE SÍTIO
	I - Restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
	I - Obrigação de permanência em localidade determinada;
II - Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - Suspensão da liberdade de reunião;
V - Busca e apreensão em domicílio;
VI - Intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - Requisição de bens.
5. DISPOSIÇÕES COMUNS AO ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
6. DEFESA DO PAÍS OU SOCIEDADE: FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA PÚBLICA.
6.1. FORÇAS ARMADAS
		Presidente da República
			 |	
		 Ministério da Defesa
____________________|____________________
|			 |			 |
Comando 		Comando 		Comando
 da			 do			 da
Marinha		Exército		Aeronáutica
6.2. SEGURANÇA PÚBLICA
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
	
QUESTÕES PARA TREINO
01. (2016 FGV / OAB) Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA)
O modelo federalista é uma forma de organização e distribuição do poder estatal que pressupõe a relação entre as esferas de governo federal e local, compondo os chamados entes federativos, todos dotados de autonomia. Apresenta-se como oposição ao unitarismo, de modo que haja a repartição de competências entre os entes que integram o Estado federado.
A ordem jurídica estabeleceu elementos, no texto constitucional, que caracterizam essa forma de Estado. A partir das características da Federação brasileira, assinale a afirmativa correta. 
a) A forma federativa de Estado autoriza a secessão de um ente federativo por meio de plebiscito popular ou referendum. 
b) A forma federativa de Estado é estabelecida por um pacto (ou tratado) internacional entre os estados soberanos. 
c) A forma federativa de Estado impõe a necessidade de existência de uma cláusula de garantia ao pacto federativo, tal como a chamada intervenção
federal. 
d) Um vez que, na forma federativa, todos os entes federativos são autônomos, eles estão autorizados a representar a soberania do Estado em suas relações internacionais.
02. (2015 FGV / OAB) Exame de Ordem Unificado - XVIII - Primeira Fase
A parte da população do Estado V situada ao sul do seu território, insatisfeita com a pouca atenção que vem recebendo dos últimos governos, organiza-se e dá início a uma campanha para promover a criação de um novo Estado-membro da República Federativa do Brasil – o Estado N, que passaria a ocupar o território situado na parte sul do Estado V. O tema desperta muita discussão em todo o Estado, sendo que alguns argumentos favoráveis e outros contrários ao desmembramento começam a ganhar publicidade na mídia. 
Reconhecido constitucionalista analisa os argumentos listados a seguir e afirma que apenas um deles pode ser referendado pelo sistema jurídico-constitucional brasileiro. Assinale-o.
a) O desmembramento não poderia ocorrer, pois uma das características fundamentais do Estado Federal é a impossibilidade de ocorrência do chamado direito de secessão.
b) O desmembramento poderá ocorrer, contanto que haja aprovação, por via plebiscitária, exclusivamente por parte da população que atualmente habita o território que formaria o Estado N.
c) Além de aprovação pela população interessada, o desmembramento também pressupõe a edição de lei complementar pelo Congresso Nacional com esse objeto.
d) Além de manifestação da população interessada, o sistema constitucional brasileiro exige que o desmembramento dos Estados seja precedido de divulgação de estudos de viabilidade.
03(2015 FGV / OAB) Exame de Ordem Unificado - XVIII - Primeira Fase
A Assembleia Legislativa do Estado M, ao constatar a ausência de normas gerais sobre matéria em que a União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência legislativa concorrente, resolve tomar providências no sentido de legislar sobre o tema, preenchendo os vazios normativos decorrentes dessa lacuna. Assim, dois anos após a Lei E/2013 ter sido promulgada pelo Estado M, o Congresso Nacional promulga a Lei F/2015, estabelecendo normas gerais sobre a matéria.
Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta. 
a) A Lei E/2013 foi devidamente revogada pela Lei F/2015, posto não ser admissível, no caso, que norma estadual pudesse preservar a sua eficácia diante da promulgação de norma federal a respeito da mesma temática.
b) A Lei E/2013 perde a sua eficácia somente naquilo que contrariar as normas gerais introduzidas pela Lei F/2015, mantendo eficácia a parte que, compatível com a Lei F/2015, seja suplementar a ela. 
c) A Lei F/2015 não poderá viger no território do Estado M, já que a edição anterior da Lei E/2013, veiculando normas específicas, afasta a eficácia das normas gerais editadas pela União em momento posterior. 
d) A competência legislativa concorrente, por ser uma espécie de competência comum entre todos os entes federativos, pode ser usada indistintamente por qualquer deles, prevalecendo, no caso de conflito, a lei posterior, editada pelo Estado ou pela União.
 
 4. (FCC - 2010 - DPE - SP)
A ocorrência de calamidade de graves proporções na natureza possibilitam ao Presidente da República decretar, nos termos da Constituição Federal,
    a) estado de calamidade pública.
    b) estado de sítio, ouvido previamente o Tribunal de Justiça.
    c) estado de defesa.
    d) intervenção federal.
    e) intervenção de ordem pública.
5. (TJ-SC - 2009 )
De acordo com o texto constitucional, assinale a alternativa correta quanto a estado de defesa e estado de sítio: 
I. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
II. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. 
III. Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente da Câmara dos Deputados, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
    a) Somente as proposições I e II estão corretas.
    b) Somente as proposições I e II estão incorretas.
    c) Todas as proposições estão corretas
    d) Somente a proposição I está correta.
    e) Todas as proposições estão incorretas.
6.( FGV - 2010 - PC - AP - Delegado de Polícia ) Com relação ao tema Defesa do Estado e das instituições democráticas: estado de defesa e estado de sítio analise as afirmativas a seguir:
I. O estado de defesa poderá ser decretado para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional, declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
II. O estado de sítio poderá ser decretado em casos de comoção grave de repercussão nacional, ou quando o país for atingido por calamidades naturais de grandes proporções.
III. Enquanto durar o estado de sítio poderão ser impostas restrições à difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, independentemente de licença da respectiva Mesa.
Assinale:
a) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
b) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se somente a afirmativa III estiver correta.
e) se nenhuma afirmativa estiver correta.

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