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15 Movimentos sociais

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MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 176-185, 2009 – www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica 176 
MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: 
LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS 
 
Camila Maximiano Miranda* 
Neuza Aparecida Novais Castilho.** 
Vanessa Cristina Carvalho Cardoso.*** 
 
 
RESUMO 
Este artigo tem como objetivo resgatar o reconhecimento histórico dos movimentos sociais e da 
participação popular como elementos fundamentais na conquista, consolidação e ampliação dos 
direitos, cujo processo histórico, atualmente distanciado, se faz necessário para a compreensão e 
conquista de novos espaços de luta. Para tanto, utilizamos como encaminhamento metodológico a 
pesquisa bibliográfica. Não pretendemos esgotar as possíveis análises sobre o tema em questão, mas 
partimos do panorama dos principais movimentos sociais ocorridos após o século XVIII, século da 
emergência do capitalismo e da Revolução Industrial, para exemplificarmos os avanços, inclusive dos 
movimentos ocorridos no Brasil da época colonial à contemporaneidade. Nessa perspectiva, 
percebemos e destacamos que os movimentos sociais e a participação popular são elementos 
fundamentais na promoção das reivindicações e na tomada de espaço de luta, necessários para 
assegurar a conquista, consolidação e ampliação dos direitos. 
PALAVRAS-CHAVE: Direitos. Movimentos sociais. Participação popular. Conquista. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A questão dos movimentos sociais e participação popular remetem sempre à 
problemática das classes sociais oriundas da sociedade capitalista. Nesta relação de classes 
antagônica e contraditória, os movimentos sociais, a participação popular, as greves e as 
reivindicações são formas de expressão na luta por melhores condições de existência. 
No século XVIII se completa a transição de sistema feudal a capitalismo, as 
mudanças provocadas no processo de produção e a emergência do trabalho assalariado 
impactam diretamente as relações sociais, reorganizando a sociedade em moldes capitalista de 
produção e reprodução, dividindo-a em duas classes sociais, dos que detêm e dos que não 
detêm os meios de produção. 
Esta divisão elucida o caráter antagônico das relações capitalistas, permeando 
todas as atividades humanas e esferas da vida social estabelecidas no conjunto das práticas 
 
*
 Professora do Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia e orientadora deste 
artigo. E-mail: camilamaxi@hotmail.com 
**
 Aluna do Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: 
nncastilho@hotmail.com. 
***
 Aluna do Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: 
vanecric@hotmail.com. 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 176-185, 2009 – www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica 177 
sociais, potencializando o processo de dominação econômica, política, social, ideológica e 
cultural e a manutenção do mando e do poder. 
A venda da força de trabalho aliena o trabalhador de sua capacidade criativa de 
produção, que não percebendo a alienação, não reconhece a exploração de que é vítima. Os 
conflitos entre as classes aparecem a partir do momento em que os trabalhadores percebem 
que estão trabalhando mais e, no entanto, estão cada dia mais miseráveis. 
Vários tipos de enfrentamento vão surgindo no decorrer do desenvolvimento do 
capitalismo, em que os operários vão se organizando, de forma lenta, mas constante, em 
associações e sindicatos e a partir deles ocorrem os “movimentos de independência”. A teoria 
marxista mostra a importância do processo de formação de consciência de classe, por meio da 
qual o trabalhador descobre que seus interesses são divergentes dos interesses da classe 
dominante. 
Os operários jamais aceitaram passivamente as novas condições impostas pela 
consolidação do capitalismo e da burguesia e, diante das contradições resultantes desta 
consolidação ao longo do século XIX, cita BAKUNIN (1992, p. 6): “Toda propriedade 
burguesa, enquanto propriedade exclusiva, é baseada na miséria e no trabalho forçado do 
povo, forçado não pela lei, mas pela fome”. 
As diferenças sociais se tornaram agudizadas em face das condições de vida e de 
trabalho da classe dos trabalhadores, produzindo a resistência dos mesmos de diversas 
maneiras e em diversos lugares no mundo. 
No Brasil, a independência e a organização do Estado brasileiro após séculos de 
colônia império, se processam de acordo com as aspirações e interesses da aristocracia rural; o 
processo de emancipação política do Brasil não alterou as estruturas de poder no país. 
“Permanecerão os mesmos quadros administrativos, na maior parte das vezes até as mesmas 
pessoas; e os processos não se modificarão.” (PRADO JR, 1967, p. 260). 
O estudo da história revela que os movimentos sociais e a participação popular 
estiveram sempre presentes em todas as sociedades e devem ser entendidos como fenômenos 
do processo de mudança. 
 
AVANÇOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
O movimento social refere-se então a perspectiva de mudança social, isto é, a 
possibilidade de superação das condições de opressão e da construção de uma nova forma de 
sociedade. 
MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 176-185, 2009 – www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica 178 
Na Antiguidade destacam-se o movimento de escravos e religiosos; na Baixa 
Idade Média, os movimentos camponeses e servis – os camponeses tinham poucos direitos, 
viviam quase completamente a mercê de seus senhores, pagando a esses várias taxas. Os 
nobres dominavam a terra, detendo todo poder político, econômico, judicial e militar, 
formando a classe dominante na Europa por aproximadamente 400 anos; ocorrem as 
insurreições camponesas e as revoltas se alastram rompendo com os laços de lealdade. 
Nas cidades (burgos), os artesãos entram em conflito com os comerciantes ricos 
(burgueses) que os mantinham presos e impotentes. Os comerciantes, por sua vez pressionam 
o rei, exigindo maior liberdade comercial e reconhecimento político junto às esferas do poder. 
Este período de grande efervescência dos movimentos sociais culmina na derrocada do 
sistema feudal. 
Chega-se na Idade Moderna com os movimentos dos mercadores e comerciantes 
protagonizando a Revolução Industrial e a transição para o sistema capitalista de produção. 
Na Idade Contemporânea, com o capitalismo já consolidado, destacam-se os movimentos 
operários denunciando as precárias condições de vida nas fábricas e nas cidades. 
O pensador alemão Karl Marx em muito contribuiu para a compreensão de classe 
social a partir da relação e reprodução social, em que as condições materiais da sociedade 
condicionam as relações sociais, isto é, a situação de classe condiciona a relação do indivíduo 
com e na sociedade. Para Marx: “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, 
mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência”. (MARX, 1845, p. 108). 
Uma das faces mais perversas do capitalismo se mostra na exploração do 
trabalhador com jornadas de trabalho excessivas e péssimas condições de sobrevivência 
aviltantes à dignidade humana. Alguns segmentos de trabalhadores, em lugares e momentos 
diversos, começam a se insurgir contra as explorações sofridas. As lutas, a princípio mais 
isoladas, por melhores salários e redução de jornada de trabalho, pouco a pouco, tornam-se 
mais freqüentes e organizadas. 
A primeira manifestação de resistência foi o “Movimento Ludita”, no qual 
operários ingleses inspirados em NedLudd, deram início à destruição das máquinas, 
responsabilizadas como a causa da situação de miséria dos trabalhadores; o governo reage 
violentamente com perseguições e até condenações à morte. 
(...) Qual a eficácia da destruição de máquinas? (...) O tumulto e a destruição 
das máquinas proporcionaram aos trabalhadores vantagens valiosas em todas 
as ocasiões. O patrão do século XVIII estava constantemente consciente de 
que uma exigência intolerável produziria não uma perda de lucros 
MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 176-185, 2009 – www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica 179 
temporários, mas a destruição de equipamento importante. (HOBSBAWN, 
1981, pp. 26-27). 
As greves, as ações de quebra-quebras de máquinas ou simplesmente o cruzar de 
braços implicava em prejuízos imediato aos capitalistas, posto que, não havendo produção 
não havia exploração da mais-valia e, portanto, não havia acumulação. Esses eram os únicos 
instrumentos de luta dos trabalhadores, uma vez que os mesmos não tinham quem os 
representassem para defender seus interesses diante do Estado em face do capital. 
A segunda manifestação, o “Movimento Cartista”, em 1830, também na 
Inglaterra, foi outro momento da luta operária; criou-se a Associação dos Operários por meio 
da qual foram realizadas greves, passeatas e comícios para pressionar o parlamento inglês. Os 
operários pretendiam com esse movimento uma representação política do proletariado, no 
entanto, a publicação da “Carta do Povo” foi recusada pelo governo que esvaziou esse 
movimento em 1848. Neste mesmo ano, a publicação do Manifesto Comunista, de Karl Marx 
e Engels aponta um novo caminho para os trabalhadores, a classe proletária orientada para a 
luta. 
Após longo processo de conflitos, o movimento operário chegou ao final do 
século XIX com uma consciência crítica relativamente desenvolvida sobre a sociedade 
capitalista, tendo claro o seu papel de sujeito de transformações sociais. O processo pelo qual 
os indivíduos passam, como agente de transformação social, de uma situação passiva para 
uma situação ativa e reivindicatória é decorrente do contexto socioeconômico e histórico de 
cada sociedade. 
A História não faz nada, não “possui uma enorme riqueza”, ela “não 
participa de nenhuma luta”. Quem faz tudo isso, quem participa das lutas, é 
o homem, o homem real; não é a “História” que utiliza o homem como meio 
para realizar os seus fins – como se tratasse de uma pessoa individual – pois 
a História não é senão a atividade do homem que persegue seus objetivos. 
(MARX, Karl e ENGELS, México, Grijalbo, 1967, p. 1590. 
Para se compreender a construção histórica dos movimentos sociais é preciso 
valorizar as experiências efetivas de reivindicações e conscientização dos trabalhadores, por 
meio das organizações representativas como sindicatos e partidos políticos. Neste cenário, 
Antônio Gramsci, pensador italiano teórico do marxismo, enfatiza: “a necessidade da 
formação do intelectual orgânico, ou seja, o intelectual ligado a sua classe e capaz de elaborar 
coerente e criticamente a experiência proletária.” (GRAMSCI apud ARANHA, 1992, p. 165). 
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Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 176-185, 2009 – www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica 180 
Os avanços observados em alguns momentos da história do Brasil, nas órbitas 
econômicas, sociais e políticas, sempre estiveram vinculadas aos interesses do capitalismo 
internacional o que significa que na divisão internacional do trabalho, o papel do Brasil foi 
sempre de subalternidade em relação aos países desenvolvidos, submetendo o povo a uma 
situação opressiva. 
Nos três séculos de colonização portuguesa não se proporcionou nenhum 
desenvolvimento interno e nem uma base para o desenvolvimento industrial futuro, os 
movimentos sociais deste período tinham como motivação comum a opressão econômica e 
política exercida por Portugal. 
A principal beneficiária do sete de setembro foi a aristocracia rural, que manteve 
seus interesses econômicos garantidos, continuando a responder aos movimentos de 
resistências com opressão, como por exemplo, nas revoltas: “Cabanagem” - no Pará de 1835 a 
1840, que culminou no extermínio de grande parte da população pela polícia - e na 
“Balaiada”, no Maranhão de 1838 a 1841. O esmagamento desses movimentos 
revolucionários que apresentavam um claro conteúdo social e uma evidente ameaça a ordem 
escravocrata, consolidou o poder desta aristocracia. 
A paz social ou a estabilidade política deste período é o resultado da brutal 
repressão aos movimentos sociais que explodiam. Tratava-se de manter à distância o povo 
brasileiro, sendo de acordo com o jurista brasileiro Raimundo Faoro (apud FARIA, 1993, p. 
230) “uma espécie de vulcão adormecido que não deve ser despertado”. 
No final do Império, a estrutura social resultante de quase quatrocentos anos de 
história era de “uma classe dominante” composta de senhores de escravos e de terras, uma 
“classe média” de militares, profissionais liberais, funcionários públicos e pequenos 
produtores agrícolas e de uma “classe baixa”, maioria da população, composta de escravos, 
trabalhadores semilivres, colonos e assalariados. 
Não havia projeto político que contemplasse os interesses dessa maioria. Ficando 
essa população sujeita, por longo tempo, à dominação das oligarquias agrárias conservadoras 
e das elites liberais. 
No início da República, a repressão aos movimentos de Canudos (1893-1897) – 
resistência das populações sertanejas contra a opressão do latifúndio – e o do Contestado 
(1912-1916) – resistência de camponeses que juntamente com o “monge” João Maria lutavam 
pela permanência em suas terras –, marcou o tom com que os governos tratariam os 
movimentos sociais nos anos seguintes. 
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O movimento operário no Brasil é influenciado pelas idéias anarquistas trazidas 
pelos imigrantes europeus. Na luta pela emancipação, a classe operária começou a se 
organizar, os sindicatos surgiram nos primeiros anos do século XX. 
As greves por melhores salários, pela redução da jornada de trabalho, pela 
regulamentação do trabalho feminino e infantil, pelo descanso semanal, pela revogação da lei 
de expulsão dos estrangeiros, que eram proibidos de participar das lutas sindicais, atingiram 
seu apogeu. Entretanto, em 1920, o movimento entra em fase de refluxo, após as violentas 
repressões sofridas, com prisões e expulsões de estrangeiros, sem resultados práticos efetivos. 
Apesar de muitas lutas, as reivindicações nas greves eram sempre as mesmas em face da 
limitação das conquistas obtidas e da pouca mudança em relação à opressão a que os 
trabalhadores eram submetidos dentro e fora das fábricas. 
No final dos anos 20, no entanto, o movimento operário voltaria a crescer, sob a 
influência dos comunistas, que passariam a exercer a hegemonia no movimento operário 
daquele momento em diante. 
Todavia, o crescimento verificado no movimento operário foi inibido pelas 
reformas promovidas a partir da década de 30. A mudança do eixo econômico, de agrário para 
industrial, com o Estado à dianteira, implicou a institucionalização das relações entre capital e 
trabalho, como por exemplo, a definição da jornada de oito horas diárias, do salário mínimo e 
da organização sindical. Assim, ao mesmo tempo em que o Estado atendia às reivindicações 
dos operários, aparecendo como protetor e benevolente, controlava todos os movimentos 
sociais, restringindo quase totalmente suas ações políticas. 
Nas décadas de45 a 46, o movimento operário voltaria a crescer, com relativa 
liberdade, proporcionada pela Constituição Liberal que vigorou até 1964; nos anos 60, os 
movimentos sociais avançaram, denotando uma crescente participação popular nas discussões 
dos problemas nacionais. 
Contudo, esse processo de intensa participação, foi interrompido com o golpe 
militar de 1964, que, a pretexto de livrar o Brasil do “perigo comunista” e respaldando-se no 
binômio ideológico “segurança e desenvolvimento”, restringiu a participação popular e 
proibiu qualquer manifestação que representasse ameaça a “ordem pública”. 
A perversa situação instaurada no Brasil pela Ditadura Militar (1964 – 1985), 
propondo impedimento do livre exercício dos direitos políticos, desmobilizou os movimentos 
sociais que passaram de um plano de atuação concreta para a descrença em face da decepção 
da sociedade civil com a política, que não mais articulava as demandas das camadas populares 
e médias. 
MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS 
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Neste contexto, a acumulação capitalista se fez apoiada em um governo militar e 
autoritário, a partir de um modelo de desenvolvimento excludente, que beneficiou apenas as 
classes empresariais ligadas aos monopólios, os movimentos sociais que ocorreram no início 
dos anos 70, tinham como objetivo a satisfação das necessidades mínimas de sobrevivência da 
população pobre. Através dos setores populares, surgiram, então, movimentos por: creches, 
habitação, transportes, postos de saúde e melhoria em favelas, e ainda reivindicação por 
congelamento de preços e correção dos salários. 
No final dos anos 70, acontece o reaparecimento do movimento operário, com as 
greves no ABCD paulista, em 1978, bem como sua reorganização através das centrais 
sindicais: Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e 
da articulação com partidos políticos. 
Nos anos 80, a relevância dos movimentos sociais foi notável na campanha por 
eleições diretas para presidente da República – as Diretas Já (1984-1985) e na Constituinte de 
1988, na qual se verificaram avanços importantes com relação aos direitos de cidadania. 
Surgem novos movimentos centrados em questões éticas ou de valorização da vida. Em vista 
da violência, dos escândalos políticos, clientelismo e corrupção, a população reage no plano 
da moral e nas questões sociais referentes a problemática da idade, fazendo emergir 
movimentos como: Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), 
Movimento dos Aposentados, do Negro e do Indígena, dos Homossexuais, Feministas, 
Ecológicos e outros. 
Nos anos 90, a deposição do então presidente Fernando Collor de Mello é 
resultado de intensas mobilizações da sociedade civil onde se destacaram os “cara-pintadas”, 
cujo intuito era o estabelecimento da ética na política. 
Adentrando o século XXI, os movimentos sociais e a participação popular se 
reconfiguram em face da globalização, inclusive por meio das Organizações – não – 
governamentais (ONG’s). As ONG’s se apresentam como novas formas de resistência que 
substituem os movimentos sociais, são grupos de cidadãos que se organizam na defesa de 
direitos, com estatuto jurídico de entidades privadas sem fins lucrativos. Seu objetivo 
fundamental é a reconstrução da vida social, 
Uma ONG se define por sua vocação política, por sua possibilidade política: 
uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental é desenvolver 
uma sociedade democrática, isto é, uma sociedade fundada nos valores da 
democracia - liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade. 
(...) As ONG’s são comitês da cidadania e surgiram para ajudar a construir a 
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sociedade democrática com que todos sonhamos. (SOUZA apud PAZ, 1997, 
p. 176). 
São ações coletivas “novas” decorrentes de problemas “antigos” na sociedade 
brasileira – fome, violência, miséria, desemprego e subemprego, exploração de menores e o 
dilema da ausência do teto e da terra para morar e produzir. 
As lutas sociais no Brasil redefinem-se, o movimento popular rural cresce e 
aparece, ficando conhecido como: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem – Terra (MST). 
Esse movimento surgiu em Santa Catarina em 1979 e transformou-se no maior movimento da 
década de 90, reivindicando a posse da terra e lutando pela reforma agrária no país, sendo 
apoiado por parte da sociedade brasileira que vê na distribuição da terra a possibilidade de 
fixar o homem no campo diminuindo a pobreza na cidade. 
As mudanças sociais oriundas da globalização da economia a partir da década de 
90 anulam importantes conquistas das classes subalternas brasileiras em sua secular luta pela 
conquista de direitos. 
A reversão dos estragos dos anos 1990, que foram econômicos, políticos, 
sociais e culturais, portanto, é possível, mas vai exigir muita coragem e 
vontade política dos novos dirigentes do país, e muita mobilização popular, 
para além do voto. (BEHRING, 2003, p. 287). 
A conquista dos direitos é resultado de lutas sociais empreendidas por 
movimentos populares e organizações sociais que reivindicaram direitos e espaços de 
participação social. O conflito social deixa de ser simplesmente reprimido e passa a ser 
reconhecido. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
No Brasil existem diferenças profundas, não obstante os muitos movimentos 
sociais terem lutado para a construção de uma sociedade melhor, essa estrutura social 
absurdamente desigual ainda persiste nos dias atuais. 
Todos esses movimentos, no entanto, contribuíram para despertar a consciência 
dos problemas vividos e possibilitaram a participação da população com capacidade de 
continuar a organizar-se em movimentos sociais, de forma a consolidar e a ampliar os direitos 
sociais e políticos conquistados, por meio de um processo constante e contínuo. 
 
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(...) Dizemos que a participação é conquistada para significar que é um 
processo, no sentido legítimo do termo: infindável, em constante vir-a-ser, 
sempre se fazendo. Assim, participação é em essência autopromoção e existe 
enquanto conquista processual. Não existe participação suficiente, nem 
acabada. Participação que se imagina completa, nisto mesmo começa a 
regredir. (DEMO, 1993, p. 18) 
O resgate da história nos faz compreender e reconhecer que os movimentos 
sociais e a participação popular sempre estiveram presentes nas sociedades em todos os 
tempos e lugares, sempre houve homens dominando homens, homens lutando – uns pela 
conquista de direitos e contra a opressão e outros pela manutenção do mando e do poder. 
Continuando a ser, os movimentos sociais e a participação popular, elementos 
fundamentais na ocupação dos espaços de luta por uma sociedade mais justa e igualitária, na 
qual a cidadania sai do discurso e se constrói na prática através da conquista, consolidação e 
ampliação dos direitos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 1992. 
 
 
BAKUNIN, M. L’Egalité(1), Nº II, 1869, In: O Socialismo Libertário. 2ª ed. São Paulo: Global, s/d. 
 
 
BEHRING, Elaine Rossetti. Brasil em contra – reforma: desestruturação do Estado e perda de 
direitos. São Paulo: Cortez, 2003. 
 
 
COUTO, Berenice Rojas. O direito social e a assistência social na sociedade: uma equação possível. 
2ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.DEMO, Pedro. Participação é conquista. São Paulo: Cortez, 1993. 
 
 
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Os sem-terra, ONGs e cidadania: a sociedade 
civil brasileira na era da globalização. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. 
 
 
______. Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Ed. 
Loyola, 2006. 
 
 
HOBSBAWN, Eric J. Os trabalhadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. 
 
 
MARX, Karl e ENGELS. A Sagrada Família (1845). Ed. Martin Claret, 1967. 
 
 
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PAZ, Rosângela. Origem das ONG’s. Serviço Social e Sociedade n° 54. Ano XVIII. São Paulo: Ed. 
Cortez, julho, 1997. 
 
 
PRADO JR, Caio. História Econômica do Brasil. 10ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1967. 
 
 
RICARDO; ADHEMAR; FLÁVIO. História. 3.v. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1993.

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