Buscar

resumo supervisão psicanalise

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESUMO PSICANÁLISE
LIVRO: ARTIGOS SOBRE A TÉCNICA E OUTROS TRABALHOS.
CAPÍTULO: RECOMENDAÇÕES AOS MÉDICOS QUE EXERCEM A PSICANÁLISE.
 
A técnica consiste simplesmente em não dirigir o reparo para algo específico e em manter a mesma atenção uniformemente suspensa em face de tudo, o eu se escuta, pois, alguém que concentra bastante a atenção começa a selecionar o material que lhe é apresentado, fixando sua mente em um ponto, e algum outro será negligenciado, e ao fazer essa seleção estará seguindo suas expectativas ou inclinações, e isso é o que não deve ser feito. O que se escuta são coisas cujo significado só é identificado posteriormente.
A regra é prestar igual reparo a tudo, o que constitui a necessária exigência feita ao paciente – que comunique tudo que lhe ocorre, sem crítica ou seleção (Associação Livre - a regra fundamental da psicanálise). A regra para o médico é a de que ele deve simplesmente escutar e não se preocupar se está se lembrando de alguma coisa, ele deve conter todas as influências conscientes da sua capacidade de prestar a atenção e abandonar-se inteiramente à memória inconsciente.
Equívocos de memória, diante o processo de recordação ocorrem apenas em ocasiões e lugares em que nos achamos perturbados por alguma consideração pessoal
Não aconselho a tomada de notas integrais, ou a manutenção de um registro estenográfico, etc. durante as sessões analíticas, pois, isso causa uma impressão desfavorável em certos pacientes, far-se-á também, uma seleção prejudicial do material enquanto escreve (dando-lhe mais atenção). Nossa própria atividade mental acha-se presa. Pode-se abrir exceções a esta regra em caso datas, textos de sonhos ou eventos específicos sejam dignos de nota, a esses exemplos, anoto de memória, tento fixá-los na mente solicitando que o paciente repita e após o trabalho encerrar-se faço as anotações. 
Tomar notas durante a sessão com o paciente poderia ser justificado pela intenção de publicar um estudo científico do caso. Mas, deve-se ter em mente que relatórios exatos de histórias clínicas analíticas são de menor valor do que se poderia esperar, possuem apenas a exatidão ostensiva, e via de regra são fatigantes ao leitor, e não substitui sua presença concreta em uma análise. 
Uma das reivindicações da psicanálise em seu favor, é o fato de que em sua execução, pesquisa e tratamento coincidem, após certo ponto, a técnica exigida por uma opõe-se pelo outro, não é bom trabalhar cientificamente num caso enquanto o tratamento ainda está continuando – reunir sua estrutura, tentar predizer seu progresso futuro e obter, de tempos em tempos, um quadro do estado atual das coisas, como o interesse científico exigiria. Casos bem mais sucedidos são aqueles em que se avança sem qualquer intuito em vista, em que se permite ser tomado de surpresa por qualquer nova reviravolta neles, e sempre se enfrenta com liberdade, sem quaisquer pressuposições. 
A conduta correta para um analista reside em oscilar de acordo com a necessidade, de uma atitude mental para outra, em evitar especulações ou meditações sobre os casos, enquanto eles estão em análise, e somente submeter o material obtido a um processo sintético de pensamento após a análise ter sido concluída. 
O sentimento mais perigoso para um psicanalista é a ambição terapêutica - de alcançar algo que produza efeito convincente sobre outras pessoas. Isso o colocará em um estado de espírito desfavorável para o trabalho e o tornará impotente contra certas resistências do paciente. A justificativa para exigir essa frieza emocional no analista é que ela cria condições mais vantajosas para ambas as partes: para o médico – uma proteção desejável para sua própria vida emocional; e para o paciente – o maior auxílio que podemos lhe oferecer. 
As diferentes regras que apresentei convergem, mas todas elas se destinam a criar para o médico, uma contrapartida à “regra fundamental da psicanálise” estabelecida para o paciente. Assim como o paciente deve relatar tudo o que sua auto-observação possa detectar, e impedir todas as objeções lógicas e afetivas que procuram induzi-lo a fazer uma seleção dentre elas, também o médico deve colocar-se em posição de fazer uso de tudo o que lhe é dito para fins de interpretação e identificar o material inconsciente oculto, sem substituir sua própria censura pela seleção de que o paciente abriu mão. Ele deve voltar seu próprio inconsciente, como um órgão receptor, na direção do inconsciente transmissor do paciente. Deve ajustar-se ao paciente como um receptor telefônico se ajusta ao microfone transmissor. O inconsciente do médico é capaz, a partir dos derivados do inconsciente que lhe são comunicados de reconstruir esse inconsciente, que determinou as associações livres do paciente. 
O médico ao utilizar seu inconsciente como instrumento da análise, deve ele próprio preencher determinada condução psicológica em alto grau, ele não pode tolerar quaisquer resistências em si próprio que ocultem de sua consciência o que foi percebido pelo inconsciente. Deve-se insistir, antes, que tenha passado por uma purificação psicanalítica e ficado ciente daqueles seus complexos que poderiam interferir na compreensão do que o paciente lhe diz. Não pode haver dúvida sobre o efeito desqualificante de tais efeitos no médico, toda repressão não solucionada nele constitui como um ponto cego em sua percepção analítica.
Como alguém pode se tornar analista? Pela análise dos próprios sonhos. Esta preparação é suficiente para muitas pessoas, mas não para todos que desejam aprender análise. Um requisito corporificado na exigência de que todos que desejam efetuar análise em outras pessoas; terão primeiramente de ser analisados por alguém com conhecimento técnico, implica revelar-se a outra pessoa, não apenas com o objetivo de aprender, a saber, o que se acha oculto na própria mente, mas obter-se-ão, em relação a si próprio, impressões e convicções que em vão seriam buscadas no estudo de livro e na assistência a palestras, vantagem que deriva do contato mental duradouro que se estabelece entre o estudioso e seu guia. 
Todo aquele que possa apreciar o alto valor do autoconhecimento e aumento de autocontrole assim adquiridos continuará, quando ela terminar, o exame analítico de sua personalidade sob forma de auto-análise, e ficará contente em compreender que, tanto dentro de si quanto no mundo externo, deve sempre esperar descobrir algo de novo. Quem não se tiver dignado tomar precaução de ser analisado, não só será punido por ser incapaz de aprender um pouco mais em relação à paciente, mas também, cairá facilmente na tentação de projetar para fora algumas peculiaridades de sua própria personalidade, levando o método psicanalítico ao descrédito e desencaminhará os inexperientes. 
Outras regras servirão como uma transição da atitude do médico para o tratamento do paciente – os psicanalistas jovens ficarão tentados a colocar sua própria individualidade e experiência livremente no debate, a fim de levar o paciente com eles e de erguê-los sobre barreiras de sua própria personalidade limitada. Com vistas de superar as resistências do paciente, conceder-lhe o médico um vislumbre de seus próprios defeitos e conflitos mentais, fornecendo-lhe informações sobre sua própria vida, capacitá-lo e pôr-se ele próprio em pé de igualdade, mas, nas relações psicanalíticas as coisas acontecem de modo diferente. A experiência não fala em favor de uma técnica afetiva deste tipo, e envolve um afastamento dos princípios psicanalíticos e beira o tratamento por sugestão. Induzir o paciente a apresentar mais cedo e com menos dificuldade, coisas que já conhece, mas essa técnica não consegue nada no sentido de revelar o que é inconsciente ao paciente. 
A solução da transferência, é também, uma das tarefas principais do tratamento, é dificultada por uma atitude íntima por parte do médico. O médico deve ser opaco aos seus pacientes, e, como um espelho, não mostrar-lhes nada, exceto o que lhe é mostrado. Nada pode-se dizer contra um psicoterapeutaque combine uma certa quantidade de análise com alguma influencia sugestiva, a fim de chegar a um resultado perceptível em tempo mais curto. Mas é lícito insistir em que ele próprio não se ache em dúvida quanto ao que está fazendo e saiba que o seu método não é o da verdadeira psicanálise. 
Outra tentação surge na posição de indicar novos objetivos para as inclinações que foram liberadas. O médico deve controlar-se e guiar-se pelas capacidades do paciente em vez de por seus próprios desejos e como médico, tem-se acima de tudo de ser tolerante com a fraqueza do paciente, e contentar-se em ter reconquistado certo grau de capacidade de trabalho e divertimento para uma pessoa mesmo de valor apenas moderado. A capacidade de sublimação, geralmente se dá espontaneamente, assim que as inibições são superadas pela análise. Os esforços no sentido de usar o tratamento analítico para ocasionar sublimação do instinto, estão longe de ser aconselháveis em todos os casos. 
Até que ponto deve-se buscar a cooperação intelectual do paciente no tratamento? A personalidade do paciente é um fator determinante, em todos os casos, porém, cautela e autodomínio devem ser observados a este respeito. É errado determinar tarefas ao paciente, tais como coligir suas lembranças ou pensar sobre um período específico de sua vida. A regra psicanalítica impõe a exclusão de toda crítica do inconsciente e seus derivados. Deve-se ser especialmente inflexível a respeito da obediência dessa regra com pacientes que praticam a arte de desviar-se para o debate intelectual durante o tratamento, que teorizam muito e com freqüência sobre seu estado e evitam fazer algo para superá-lo. 
	Freud recomenda aos médicos que exercem a Psicanálise:
Não tomem notas; 
Refletir sobre as teorias; 
Ter uma atenção flutuante (abster dos conhecimentos prévios, e não focar em um único aspecto)
Estabelecer uma relação a vontade com o paciente
Simplesmente escutar
Tomar cuidado com a ambição terapêutica 
Cuidado com a frieza emocional do analista
Utilizar o inconsciente como instrumento de análise
Ter autoconhecimento e autocontrole
Evitar ou não fazer induções de falas, atitudes ou épocas
O médico deve ser como um espelho ao paciente
Analisar os próprios sonhos
A capacidade de sublimação é espontânea
Excluir toda crítica inconsciente e seus derivados
Oscilar a conduta de acordo com a necessidade
Fazer um trabalho reflexivo. 
LIVRO: FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS - ZIMERMAN
CAPÍTULO: 25 – ENTREVISTA INICIAL, INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES; O CONTRATO
O objetivo deste capítulo é enaltecer a importância da entrevista inicial, sua conceituação, finalidade, projeto terapêutico e o procedimento do analista. Indicações e contra-indicações para um tratamento psicanalítico de escolha, bem como as condições e peculiaridades que cercam a feitura do contrato analítico entre paciente e psicanalista. 
Conceituação 
A entrevista inicial é a entrevista prévia à efetivação do contrato analítico, poderíamos chamá-la de entrevista de avaliação ou preliminar. Uma diferença conceitual entre Entrevista Inicial e Primeira Sessão, é que a entrevista inicial antecede o contrato, enquanto a primeira sessão já alude o fato de que a análise já começou formalmente. 
O vínculo analítico principia nas primeiras aproximações – um estado de pré-transferência; a duração da entrevista inicial depende das circunstancias que cercam o encaminhamento do paciente, sendo imprescindível esse contato prévio, pela singela e profunda razão de que tanto o analista quando paciente têm o pleno direito de decidirem se é com essa pessoa estranha que está a sua frente que cada um deles, reciprocamente, quer partilhar um longo, profundo e imprevisível convívio e contato íntimo. 
Contato (con – junto com; tato – pele a pele emocional) que pode evoluir tanto para um rechaço, quanto para uma empatia, ou seja, alude-a como: “um esta sentindo o outro”. 
Finalidade da Entrevista Inicial
O propósito fundamental deste contato preliminar é de o psicanalista avaliar as condições mentais, emocionais, materiais e circunstanciais da vida do paciente que lhe buscou, ajuizar prós e contras, as vantagens e desvantagens, os prováveis riscos e benefícios, o grau e o tipo da psicopatologia, de modo a permitir alguma impressão diagnóstica e prognóstica, reconhecer os efeitos contratransferenciais que lhe estão sendo despertados. Poder discriminar qual a modalidade de terapia psicológica será mais indicada para este paciente, e no caso da indicação for de uma análise, se ele sente condições, se quer ser o terapeuta deste paciente. 
Outro objetivo essencial é a possibilidade de perceber a veracidade e a qualidade da motivação do paciente, tanto aquela que ele externaliza conscientemente, quanto a que está oculta no inconsciente. A necessidade mínima de o terapeuta conferir se a sua teoria de tratamento e de cura coincide com a do paciente. 
A entrevista inicial também propicia a oportunidade de o psicanalista ter uma impressão razoavelmente segura de como o paciente processa a própria comunicação entre o seu consciente e o inconsciente, se ele reconhece que está realmente de uma análise e se está disposto a fazer mudanças em sua forma de viver, se a sua forma verbal de se comunicar é veraz, ao mesmo tempo em que, a comunicação não-verbal merece uma particular atenção do analista, além de outros aspectos. 
O terapeuta deve ter uma ideia clara de seus próprios alcances e limitações. Os instrumentos de avaliação com que o analista conta é o reconhecimento do estado de sua mente, isto é, como é a sua percepção dos fatos exteriores, principalmente, quando estes não coincidiram com os seus valores e crenças; qual está sendo a sua resposta resistencial e contratransferencial. Deve levar em conta sua intuição, empatia, e angústias. 
Resumidamente, a finalidade maior da entrevista inicial é avaliar a analisibilidade (critério empregado para indicações e contra-indicações para uma análise padrão, que leva em conta o diagnóstico clínico e prognóstico – uma antecipação dos possíveis riscos e frustrações) e a acessibilidade (atenta para a disponibilidade e capacidade do paciente permitir um acesso ao seu inconsciente, com interesse dirigido a sua personalidade total) do pretendente à análise, sempre levando em conta o perfil do paciente que procura o tratamento. Lembrando que os perfis tanto do paciente quanto do analista contemporâneos, sofreram transformações, evoluções de novos conhecimentos, teoria, técnica e práticas. 
À mudança do perfil das pessoas que na atualidade procuram a análise, convém assinalar os seguintes aspectos: mudanças na estrutura familiar, modificação no estilo e ideologia da educação, uma independência mais rápida dos filhos, uma libertação sexual mais precoce, a influencia maciça da mídia na formação de valores humanos, o incremento da violência urbana e social que sobressalta a insegurança, uma vida mais competitiva e reasseguramentos narcísicos. 
Na atualidade predominam os pacientes com neuroses mistas, transtornos caraterológicos de natureza narcísica, queixas vagas e difusas como sensação de vazio, falsidade, futilidade, dificuldade de sentir sentimentos, superficialidade nas relações afetivas e sociais, reações somáticas, baixa auto-estima, indefinição do sentimento de identidade, pessoas que apresentam um funcionamento psíquico muito regressivo, casos psicóticos como borderline, e diversas perversões, graves transtornos de alimentação, quadros de psicopatias, pacientes somatizadores, drogadictos, graves neuroses incapacitantes e muitos casos de pacientes de difícil acesso. 
Outra finalidade da entrevista inicial consiste em observar como o paciente reage e contata com assinalamentos, ou eventuais interpretações que lhes sejam feitas, como ele pensa e correlaciona os fatos psíquicos, se demonstra capacidade de simbolizar, abstrair, dar acesso ao seu inconsciente e se revela condições de fazer insights. A entrevista inicial funciona como uma espéciede trailer de filme, que posteriormente será exibido na íntegra, ela permite observar de forma condensada, o essencial da biografia emocional do paciente e daquilo que vai se desenrolar. 
O que avaliar? 
A entrevista inicial tem a finalidade de marcar um clima de trabalho, deve ocorrer de forma mais livre e espontânea possível, sua natureza permite que o analista seja mais diretivo, enfocando mais alguns aspectos que necessitam ser avaliados, e levará em conta: 
- o tipo de encaminhamento
- aparência exterior (vestimenta, movimentações, discursos)
- realidade exterior (condições socioeconômicas, familiares, profissional, projetos de vida)
- histórico familiar (se há casos de internação, suicídio, alcoolismo, prescrições médicas)
- grau de motivação (se o paciente está disposto a enfrentar a jornada)
- escolhas e estilo das suas relações objetais reais (configurações vinculares, perfis )
- a forma como se comunica (de forma verbal e não-verbal)
Em relação ao mundo interior do paciente:
ID: quais são as pulsões predominantes (de vida ou de morte), tipos de necessidades, desejos, demandas e atos; quais são os inconscientes mecanismos de defesa que o paciente mobiliza para enfrentar angústias e conflitos. 
EGO: conjunto de funções e representações do ego (imagem psíquica, corporal e auto-estima), capacidades egóicas, como funciona sua percepção, a maneira de pensar, conceituar, ajuizar, discriminar, conhecer; como são suas emoções e quais os afetos mais o afetam, a maneira de estabelecer correlações, associações, aquisição de insights, como é o conteúdo e forma de linguagem e comunicação verbal e a maneira como age ou planeja, com quem e como são as identificações do paciente, relações objetais internalizadas. 
SUPEREGO: manifestações sob a forma de culpa, auto-acusações, busca inconsciente por punição, desvalia, e baixa auto-estima, rigidez obsessiva, quadros melancólicos, sentimentos prevalentes de culpa e medo, condição punitiva, características de perseguição e crueldade. 
Resumidamente, pode-se afirmar que a pessoa que estamos avaliando para um tratamento psicanalítico, é um sujeito sujeitado a uma série de determinações que ele desconhece, que operam, desde seu inconsciente, sob a forma de necessidade, desejos, capacidades latentes, mandamentos, proibições, expectativas, predições e falsas convicções. 
Indicações e Contra-Indicações
O diagnóstico clínico comporta um acentuado relativismo. Persistem como centra-indicações indiscutíveis para a análise como escolha prioritária, os casos de alguma forma de degenerescência mental, ou aqueles pacientes que não demonstram a condição mínima de abstração e simbolização, bem como, também, para aqueles que apresentam uma motivação esdrúxula, além de outras situações. 
Cabe interpretar na entrevista inicial? 
Interpretações alusivas à neuroses de transferência devem ser evitadas ao máximo, no entanto, as interpretações compreensivas, são necessárias para o estabelecimento de um rapport, uma aliança terapêutica. É mais importante para o paciente saber que está sendo compreendido (com – junto de; preender – agarrar firme; é diferente de entender, que designa uma função mais intelectiva). Uma vez processada a avaliação e o psicanalista haver pesado todos os prós e os contras, e ambos decidem continuar com o trabalho, assumindo tarefas de combinação básica – contrato analítico. 
O Contrato 
A palavra contrato pode ser decomposta em “con” + “trato”, isto é, ela significa que, além do indispensável acordo manifesto de algumas combinações práticas básicas que referenciarão a longa jornada da análise, há também um acordo latente que alude a como analista e paciente “tratar-se-ão” reciprocamente. A entrevista inicial que precede à formalização do compromisso contratual tem a finalidade não unicamente de avaliação, mas também a de uma mútua “apresentação” das características pessoais de cada um e a instalação de uma “atmosfera” de trabalho, tendo muito em vista a criação espontânea de uma “aliança terapêutica” (designa o fato de que, independentemente se o paciente está em transferência positiva ou negativa, existe uma parte sua, ainda que oculta, que está bem ligada e cooperativa com a tarefa analítica).
Match – cuja melhor tradução para o nosso idioma parece ser o de “Encontro” –, é um fato que vai além dos fenômenos transferenciais- contratransferenciais, as características reais de cada um do par analítico, quer de afinidade, rejeição e, principalmente, da presença de possíveis “pontos cegos” no analista, segundo aquelas pesquisas que foram efetivadas num curso de longos anos de duração, podem determinar uma decisiva influência no curso de qualquer análise.
O “contrato” (con-trato), portanto, exige uma definição de papéis e funções, respectivamente por parte do psicanalista, do analisando e da vincularidade entre ambos, sendo útil considerá-los separadamente.
O que se espera por parte do analisando? 
Em primeiro lugar, enfatizando o que já foi dito, que ele esteja suficientemente bem motivado (um aparente descaso do paciente pode estar significando uma maneira que ele tem de se defender na vida diante de difíceis situações novas, e que essa atitude, manifesta como se fosse uma escassa motivação, pode estar representando a sua forma de abrir uma “porta de entrada” para uma análise de verdade).
Em segundo lugar, espera-se que o analisando reflita com seriedade sobre todos os itens das combinações que estão sendo propostas para o contrato analítico e que, desse contrato, ele participe ativamente e não de uma forma passiva e de mero submetimento. Não obstante o fato de que o paciente tem o direito de se apresentar com todo o seu lado psicótico, narcisista, agressivo (a agressão física é tacitamente proibida), mentiroso, atuador, etc. Faz parte do seu papel, mostrar, pelo menos, um mínimo de comprometimento em “ser verdadeiro” e que dedique a indispensável parcela de seriedade à árdua tarefa analítica.
O que se espera do psicanalista é que ele tenha bem claro para si os seguintes aspectos: 
Qual é a natureza de sua motivação, predominante, para aceitar tratar analiticamente a uma certa pessoa.
Ele deve ter definido para si qual é o seu projeto terapêutico, se o mesmo está mais voltado para a obtenção de “benefícios terapêuticos” ou de “resultados analíticos”.
3) Diante de um paciente bastante regressivo, o analista deve ponderar se ele reúne as condições de conhecimento teórico-técnico, notadamente das primitivas fases do desenvolvimento emocional e se está preparado para enfrentar possíveis passagens por situações transferenciais de natureza psicótica
4) Da mesma forma, ele deve avaliar se preenche aqueles atributos que Bion (1992) denomina de condições necessárias mínimas e que aludem à empatia, intuição, rêverie, função psicanalítica da personalidade, amor à verdade, etc. 
5) Partindo da assertiva de que não deve haver uma maneira única, estereotipada e universal de psicanalisar, e que uma mesma técnica pode – e deve – comportar muitas e diferentes táticas de abordagem e estilos pessoais de interpretação, faz parte do papel do analista reconhecer se ele domina o eventual uso de “parâmetros” 
6) O terapeuta deve estar em condições de reconhecer a natureza de suas contra-resistências, contratransferências e eventuais contra-actings. 
7) Ele deve ter condições de envolver- se afetivamente com o seu analisando, sem “ficar envolvido”; ser firme sem ser rígido; ao mesmo tempo que flexível, sem ser fraco e manipulável.
8) Também entrou em voga, questão referente a se a análise deve desvincular-se de toda pretensão terapêutica, tal como essa é concebida e praticada no campo da medicina. A recomendação de que a mente do analista não fique saturada de desejos de cura
Em relação ao campo analítico vincular a primeira observação que cabe é que a contemporânea psicanálise vincular implica no fato que já vai longe à idéia de que cabia ao paciente unicamente a obrigação, de certa forma passiva, de trazer “material”, enquantoao analista caberia a função única de interpretar adequadamente aquele material clínico a fim de tornar consciente aquilo que estava reprimido no inconsciente. Pelo contrário, hoje tende a ser consensual que ambos, de forma igualmente ativa, interagem e se inter influenciam permanentemente. Assim, o que se deve esperar é que, no contrato analítico, haja uma suficiente clareza nas combinações feitas para evitar futuros mal-entendidos, por vezes de sérias conseqüências. Da mesma maneira, ambos devem zelar pela preservação das regras do contrato (embora faça parte do papel do paciente o direito de, eventualmente, tentar modificá-las) com as quais eles estão construindo um importantíssimo espaço novo.
A “regra fundamental” (obrigação de o paciente assumir o compromisso de fazer continuamente uma “livre associação de idéias”) e da “regra da abstinência” (além das abstinências que o analista deve se auto impor, essa regra também aludia a uma longa série de itens que especificavam aquilo que era permitido ou proibido para o paciente agir fora da situação analítica).
O critério de “mínimo indispensável”, acima mencionado, alude às definições relativas a horários, honorários (incluir a possibilidade de reajustes periódicos, e esclarecer que o paciente está conquistando um espaço exclusivamente seu e que, por isso, será o responsável por ele) e o plano de férias.
Assim, os analistas que adotam essa última posição combinarão detalhes, como por exemplo: o direito que eles se reservarão para responder ou não a perguntas do paciente; mudar ou não os dias ou horários das sessões; como fica o pagamento em caso de doenças ou necessárias viagens do paciente; qual será o dia para pagar, e se o fará no começo ou fim da sessão; se pode ser com cheque ou unicamente com dinheiro-moeda; incluir, ou não, uma cláusula de advertência quanto ao compromisso de sigilo; ou a obrigação de analisar algum ato importante antes de o paciente efetivá-lo, como uma forma de prevenir o risco de actings, e assim por diante, em uma longa série de detalhes impostos à medida que aparecerem (permissão ou proibição de fumar durante a sessão; aceitação de presentes; encontros sociais; forma de cumprimentar; silêncios, faltas ou atrasos excessivos...).
A inter-relação do par analítico obedece a três princípios básicos:
1) Ela não é simétrica: isto é, os lugares ocupados e os papéis a serem desempenhados são assimétricos e obedecem a uma natural hierarquia, sendo claro que, nessas circunstâncias próprias do processo analítico, o analista goza de muito mais privilégios.
2) Também não é de similaridade: ou seja, eles não são iguais, diferentemente do que imaginam muitos pacientes de forte organização narcisista. Assim, esse tipo de paciente gostaria que o analista fosse uma mera extensão dele, não conseguindo admitir que o terapeuta é uma pessoa autônoma, tem sua própria técnica e seu próprio estilo de pensar, trabalhar e viver.
3) A relação que o analisando reproduz com o analista é isomórfica: a etimologia dessa palavra: “iso” (quer dizer: análogo) + “morfos” (significa: forma), designa que existe uma “forma análoga” de repetir transferencialmente as mesmas necessidades, emoções e defesas que caracterizaram os primitivos vínculos com os pais, sendo que, quanto mais regressivo for o paciente, maior é a isomorfia de reviver com o analista o protótipo da relação mãe-bebê. No entanto, deve restar bem claro, para ambos do par analítico, que isomorfia não deve ser confundido com a idéia de que o analista será um substituto para uma mãe ou pai ausentes ou falhos, mas, sim, que ele desempenhará – transitoriamente – as funções de maternagem (ou outras equivalentes) que o paciente carece.
As combinações das regras que nortearão a análise constituem, de forma fundamental, a criação do setting, o qual deve ser preservado ao máximo e, pela importância que representa para a evolução da análise.
CAPÍTULO: 27 – O SETTING (ENQUADRE)
O setting ou enquadre é a soma dos procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo psicanalítico, resulta de uma conjunção de regras, atitudes e combinações, tanto as contidas no “contrato analítico” como também aquelas que vão se definindo durante a evolução da análise, tendo uma função bastante ativa e determinante nesta evolução, servindo de cenário para a reprodução de velhas e novas experiências emocionais e está sob uma contínua ameaça de ser desvirtuado pelo analisando ou pelo analista. 
É impossível separar o setting da noção de campo analítico, pois a vincularidade emocional está sempre presente entre o par analítico (embora, alguns autores, façam distinção entre eles, sento o setting a soma de todos os detalhes técnicos, e a situação analítica, a soma de todos os fenômenos que se processam na relação). 
O setting também pode ser considerado como um espaço transicional “espaço de ilusão” para os analisandos detido num desenvolvimento emocional primitivo e regredido, possam ver o setting como uma incubadora na qual o prematuro possa encontrar as integrações básicas que não realizou, junto com a presença viva de um objeto (o analista). Estes pacientes sofrem a mais dolorosa de todas as angústias – o desamparo, ausência, solidão e falta de amor. O analista não deve se comportar como uma mãe substituta, mas como uma nova condição de maternagem, que permita por meio da atividade analítica a suplementação das falhas e vazios originais.
As atitudes psicanalíticas internas do terapeuta também são elementos essenciais do setting, pois há a necessidade dele emprestar temporariamente, algumas funções de seu ego, para aquele analisando que ainda não o desenvolveu - as capacidades para pensar, ajuizar, conhecer, sintetizar e etc. A estrutura psíquica, ideologia psicanalítica, empatia, conteúdo e formas de interpretação do analista, contribuem nos significados e rumos da análise. O observador muda a realidade observada, conforme for seu estado mental durante determinada situação. Analista e analisando, ambos, são agentes de modificação da realidade exterior na medida em que modificam as respectivas realidades interiores. 
Uma atmosfera de trabalho de muita firmeza no indispensável cumprimento e preservação das combinações, juntamente com uma atitude de acolhimento, respeito e empatia. 
As funções do setting, que deverá ser preservado ao máximo, fazem parte destas funções:
- Estabelecer o aporte da realidade exterior, inevitáveis privações e frustrações;
- Ajudar a definir a predominância do princípio da realidade sobre o prazer; 
- Prover a necessária delimitação entre o eu e os outros, desfazendo a especularidade e gemelaridade típica do paciente; 
- Auxiliar na obtenção das capacidades de diferenciação, separação e individuação;
- Definir a noção dos limites e limitações que provavelmente estão borrados pela influencia de onipotência e onisciência (parte psicótica da personalidade);
- Desfazer fantasias do analisando em busca da ilusória simetria (uma mesma hierarquia de lugar e papéis) e de uma similaridade (ser igual nos valores, crenças e capacidades com o analista)
- Reconhecer que é sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo setting, desde que essas não sejam exageradamente excessivas ou escassas, que o analisando possa desenvolver a capacidade para simbolizar e pensar.
A distinção entre Privação; Frustração e Castração:
- Privação é algo que falta, e tem origem nas necessidades não satisfeitas, no passado. 
- Frustração é algo que não se realiza e alude principalmente aos desejos existentes, no presente;
- Castração é algo que pode vir a faltar, no futuro.
Essas são vivências emocionais básicas, inerentes ao processo analítico,e grande parte é desencadeada pela própria natureza frustradora do setting, e o seu surgimento no enquadre é necessária, pois possibilita o aprofundamento da análise. 
Sendo assim, a função mais nobre do setting é criar um novo espaço, onde o analisando possa reexperimentar com seu analista, vivências antigas, experiências emocionaisconflituosas e marcantes que foram mal compreendidas, atendidas e significadas no passado (pelos pais) e mal solucionadas (pela criança que habita a mente do adulto de hoje). 
O analista deve se mostrar compreensivo e auxiliar o analisando a dar um novo significado, nomeação, propiciando extrair um novo aprendizado com as experiências sofridamente reexperimentadas. 
Os alicerces básicos que sustentam o setting são as cinco regras técnicas (legadas por Freud)
Regra Fundamental – a livre associação de ideias;
Abstinência
Neutralidade
Atenção flutuante
Amor à verdade. 
Na psicanálise atual, essas regras estão bastante modificadas em muitos aspectos, existindo um risco no cumprimento rigoroso destas regras, sendo praticadas pelo analista de forma estereotipada e sem uma sensibilidade fina, não passando de um mero ritual obsessivo, aplicado de forma mecânica e rígida.
Outros inconvenientes são:
- Reforçar o vínculo dominador x dominado; valorizando a crença de que o trabalho deve ser valorizado pelo esforço dispendido (se esforçar, não faltar, não se atrasar; pagar direitinho) e não pelo resultado alcançado. 
- Manter-se rígida e manifestadamente fiel ao cumprimento das regras, fazendo uma análise rigorosa, sem levar em conta algumas eventuais contingências que possam justificar certa flexibilidade na aplicação de procedimentos (acredita que deve-se fazer no mínimo quatro sessões semanais)
- Uma exagerada permissividade na aplicação, também atrapalha, pois, é indispensável à preservação das condições normativas que foram combinadas no contrato;
- Alguns analistas evitam ao máximo frustrar seus pacientes, não querendo provocar nenhum tipo de dor, como se a dor fosse desumana. Tais analistas confundem o importante atributo do psicanalista ser uma pessoa genuinamente boa, com a condição de ele ser bonzinho. O analista deve ensinar seu paciente a enfrentar as dificuldades e modificá-las, como um passo fundamental do crescimento mental, no lugar de evadi-las por meio de negações ou fugas, o que perpetua o estado de criança dependente. 
- O controle sádico e inconsciente por parte do analista, pode levá-lo a utilizar privações severas e desnecessárias, achando que está acertando obedecendo à regra da abstinência. 
- Conluios inconscientes e às vezes conscientes ditado pela necessidade recíproca de sedução, para agradar e ser agradado, a não-frustração, com concessões e gratificações não analíticas, que tem origem no medo de vir a perder o seu paciente, mas isso aumenta a possibilidade da análise vir a ser interrompida
A experiência de sofrer privações é inevitável e indispensável para uma estruturação sadia do psiquismo, principalmente para a formação e utilização da capacidade de pensar. Tais frustrações não devem ser escassas, excessivas e nem incoerentes. 
- Frustração Escassa não se formará “um problema a ser resolvido”, como sendo a alavanca propulsora da necessidade de pensar de forma a achar uma solução, e tão pouco desenvolverá a capacidade de formar símbolos;
- Frustração Excessiva despertará ódio e emoções que não se converterão em pensamento útil, mas evacuados sobre forma de actings e somatizações. 
- Frustração Incoerente provoca um estado confusional deletério, igualando o analista a figuras parentais, reforçando uma forma de educação incoerente do passado. 
A melhor forma de atender aos pedidos e desejos do analisando é entendê-los, e a melhor forma de agradar e gratificar é analisá-lo suficientemente bem. Analisar bem necessariamente implica a existência de frustrações que são inevitáveis e necessárias daquelas outras que podem ser evitáveis e desnecessárias (que não representam menor ganho para o processo analítico e dores inúteis).
Parâmetros são todos os elementos cuja variação de valor altera a solução de um problema, sem alterar a natureza essencial, são possibilidades que podem parcialmente se afastar das recomendações técnicas, introduzindo alguns aspectos, desde que nada disso interfira na evolução da análise. O emprego de parâmetros deve atender a três condições básicas:
- De que o psicanalista tenha uma absoluta segurança e domínio sobre aquilo que está fazendo e introduzindo no setting, e que essa alteração não vai danificar a essência da análise
- Em casos de alterações mais profundas do enquadre provenham de insistentes pedidos do analisando, e elas devem ser atendidas após uma exaustiva análise;
- Para a introdução de parâmetros de maior densidade, é necessário que o par analítico tenha condições de retornar se for necessário e possível, as condições prévias;
Cada vez mais, os psicanalistas estão permitindo o emprego de parâmetros nas analises, principalmente ao que se refere o número de sessões semanais; grande parte, devido a profundas modificações sócio-econômicas que vem processando o mundo todo. 
A IPA (instituição-mater) continua resistindo tenazmente em sua luta pela preservação das condições clássicas das análises, pois seu papel é zelar pela integridade e continuidade dos princípios fundamentais que pavimentam o exercício da prática psicanalítica. Conforme o Relatório do Comitê da IPA sobre o Setting, devem ser preservadas – a escuta da relação transferencial-contratransferencial; o número de sessões semanais (mínimo 3); tempo de duração médio de 45 minutos;a qualidade da regressão deve ser levada em conta; sendo recomendável que haja uma flexibilidade de modo que seja instituído um setting suficientemente bom, que considere as condições e peculiaridades do analisando.
Simetria; Similaridade e Isomorfia são aspectos inter-relacionais inerentes ao vínculo analítico e que devem ser observados/cumpridos pelo analista.
- Simetria, a relação entre paciente e analista não é simétrica, o lugar que cada um ocupa no setting, os papéis que desempenham no campo analítico são diferentes, há uma hierarquia que os diferencia; o desempenho de certas funções, direitos e privilégios não são os mesmos entre eles. 
- Similaridade, na situação analítica ela não existe, não há similaridade entre analista e paciente, eles não são pessoas iguais naquilo que diz respeito a valores, crenças, formas de pensar, trabalhar e resolver problemas, é necessário estabelecer uma diferenciação (discriminação entre o eu e o outro), uma separação, individuação. 
Os tipos de similaridade são: Fusional (completa indiferenciação com o analista, a similaridade é obvia e obrigatória); Gemelar (embora o paciente admita que em parte o analista seja uma pessoa autônoma dele, porém, persiste na convicção de que são gêmeos univitelinos na forma de pensar e agir); Especular (o paciente concede uma maior autonomia ao analista e reconhece muitas diferenças, mas, não dispensa a certeza de que um deve mirar-se no espelho do outro. 
Ir desfazendo gradativamente essa ilusória similaridade caída muita dor, confusão e ódio, pois este tipo de paciente tem uma organização narcísica, porém, é a única forma de manter a estabilidade do setting e propiciar um crescimento verdadeiro.
- Isomorfia, busca na transferência com o analista e aquilo que no passado tentou encontrar com a mãe, igualando o analista a ela, assumindo o lugar e o papel da mãe. É claro que o setting representa a criação de um novo espaço, raro e singular, onde o analisando pode reexperimentar antigas e novas experiências emocionais de modo a estabelecer novas significações, identificações e soluções. O analista empresta algumas funções da maternagem, com a isomorfia (com uma forma análoga) aos cuidados maternos originais durante um período transitório, mas não assumir o papel da mãe do paciente. 
Se essas três condições não forem preservadas e bem definidas no setting, ele se desvirtua, causando prejuízo para a evolução do paciente, adquirindo um clima confusional, com perda dos limites e do sentido da realidade.
LIVRO: ARTIGOS SOBRE A TÉCNICA E OUTROS TRABALHOS
CAPÍTULO: OBSERVAÇÕES SOBRE O AMOR TRANSFERENCIAL (NOVAS RECOMENDAÇÕES SOBRE A TÉCNICA DA PSICANÁLISE III)
Todo principiante em psicanálisese sente alarmado pelas dificuldades de interpretar as associações do paciente e lidar coma reprodução do reprimido. As únicas dificuldades sérias residem no manejo da transferência. Uma constante obrigação é a discrição profissional. As coisas que se relacionam com o amor são incomensuráveis. Um psicanalista tem de encarar as coisas de um ponto de vista diferente, pois, é preciso reconhecer que o enamoramento da paciente é induzido pela situação analítica e não deve ser atribuído aos encantos de sua própria pessoa. Para a paciente, contudo, há duas alternativas: abandonar o tratamento psicanalítico ou aceitar enamorar-se de seu médico como um destino inelutável. Somente o bem-estar da paciente deveria ser a pedra de toque. Um amor deste tipo fadado a permanecer oculto e não analisado. Uma pequena reflexão capacita-nos a encontrar orientação. A irrupção de uma apaixonada exigência de amor é, em grande parte, trabalho da resistência, sinais de uma transferência afetuosa. 
São expressões específicas da resistência. Certificar-se de sua irresistibilidade, em destruir a autoridade do médico rebaixando-o ao nível de amante e em conquistar todas as outras vantagens prometidas, a satisfação de uma declaração de amor da paciente como meio de colocar à prova a severidade do analista. 
Instigar a paciente a suprimir, renunciar ou sublimar seus instintos, no momento em que ela admitiu sua transferência erótica, seria não uma maneira analítica de lidar com eles, mas uma maneira insensata. O tratamento analítico se baseia na sinceridade, e neste fato reside grande parte de seu efeito educativo e de seu valor erótico. A técnica analítica exige do médico que ele negue à paciente que anseia por amor a satisfação que ela exige. O tratamento deve ser levado a cabo da abstinência. Como princípio fundamental que se deve permitir que a necessidade e anseio da paciente nela persistam, a fim de poderem servir de forças que a incitem a trabalhar e efetuar mudanças, e que devemos cuidar de apaziguar estas forças por meio de substitutos. O que poderíamos oferecer nunca seria mais que um substituto, pois a condição da paciente é tal que, até que suas repressões sejam removidas, ela é incapaz de alcançar satisfação real. (Anedota do pastor e do corretor de seguros – o corretor de seguros era um livre pensador, estava à morte e seus parentes insistiram em trazer um homem de Deus para convertê-lo antes de morrer. A entrevista durou tanto tempo que aqueles que esperavam do lado de fora começaram a ter esperanças. Por fim, a porta do quarto do doente se abriu. O livre pensador não havia sido convertido, mas o pastor foi embora com um seguro. Ex. de pessoa neurótica, difícil de influenciar.)
Naquilo porque todos os pacientes lutam na análise – teria tido êxito em atuar (acting out) em repetir na vida real o que deveria apenas ter lembrado, reproduzido como material psíquico e mantido dentro da esfera dos eventos psíquicos. O relacionamento amoroso, em verdade, destrói a suscetibilidade da paciente á influencia do tratamento analítico. Uma combinação dos dois, seria impossível. O analista tem de tomar cuidado para não se afastar do amor transferencial, repeli-lo ou torná-lo desagradável para a paciente, mas deve, de modo igualmente resoluto, recusar-lhe qualquer retribuição. Deve manter um firme domínio do amor transferencial, mas tratá-lo como algo irreal, como uma situação que se deve atravessar no tratamento e remontar ás suas origens inconscientes e que pode ajudar a trazer tudo que se acha muito profundamente oculto na vida erótica da paciente para sua consciência e, portanto, para debaixo de seu controle. 
O que fazemos acima de tudo é acentuar para a paciente o elemento inequívoco de resistência nesse amor. 
A genuinidade desse amor, não exibe uma só característica nova que se origine da situação atual, mas compõe-se inteiramente de repetições e cópias de reações anteriores, inclusive infantis. 
O papel desempenhado pela resistência no amor transferencial é inquestionável e muito considerável. A resistência, afinal de contas, não cria esse amor; encontra-o pronto, à mão, faz uso dele e agrava suas manifestações. É verdade que o amor consiste em novas adições de antigas características e que ele repete reações infantis, reproduzindo protótipos infantis, recebendo seu caráter compulsivo, patológico. O amor transferencial possui talvez um grau menos de liberdade do que o amor que aparece na vida comum, o normal. Ele exibe sua dependência do padrão infantil mais claramente e é menos adaptável e capaz de modificação. 
Não temos direito de contestar que o estado amoroso que faz seu aparecimento no decurso do tratamento analítico tenha o caráter de um amor genuíno. 
O amor transferencial caracteriza-se por certos aspectos que lhe asseguram posição especial: é provocado pela situação analítica; é grandemente intensificado pela resistência, que domina a situação; falta-lhe em alto grau consideração pela realidade, é menos sensato, menos interessado nas conseqüências e mais ego em sua avaliação da pessoa amada do que estamos preparados admitir no caso do amor normal. 
A linha de ação do analista é a primeira destas três características do amor transferencial que constitui o fator decisivo. Ele evocou este amor, ao instituir o tratamento analítico a fim de curar a neurose. Trata-se de conseqüência inevitável de uma situação médica. É lhe, portanto, evidente que não deve tirar qualquer vantagem pessoal disso. Para o médico, motivos éticos unem-se aos técnicos para impedi-lo de dar à paciente seu amor. 
Apesar da neurose e da resistência, existe um fascínio incomparável numa mulher de elevados princípios que confessa sua paixão. Exigirá toda a tolerância do médico. Os desejos de mulher mais sutis e inibidos em seu propósito que trazem consigo o perigo de fazer um homem esquecer sua técnica e sua missão médica no interesse de uma bela experiência. Por mais alto que possa prezar o amor, tem de prezar ainda mais a oportunidade de ajudar sua paciente a passar por um estádio decisivo de sua vida. Ela tem de aprender com ele a superar o princípio do prazer, e abandonar uma satisfação que se acha à mão, mas que socialmente não é aceitável. Para conseguir esta superação, tem de ser conduzida através do período primevo de seu desenvolvimento mental, adquirir a parte adicional de liberdade mental que distingue a atividade mental consciente – no sentido sistemático – as inconsciente. 
O psicoterapeuta analítico tem, assim, uma batalha triplica a travar – em sua própria mente, contra as forças que procuram arrastá-lo para abaixo do nível analítico; fora da análise, contra opositores que discutem a importância que ele dá as forças instituais sexuais e impedem-nos de fazer uso delas em sua técnica científica, e dentro da análise, contra as paciente, que a princípio comportam-se como opositores, mas, posteriormente, revelam a supervalorização da vida sexual que as domina e tentam torná-lo cativo de sua paixão socialmente indomada. 
O psicanalista sabe que está trabalhando com forças altamente explosivas e que precisa avançar com tanto cautela e escrúpulo. Não tenha medo de manejar os mais perigosos impulsos mentais e de obter domínio sobre eles, em benefício do paciente. 
	Anotações: 
Recomendações da Supervisão: Não vazar informações; Fazer Transcrições Dialógicas; Cooperar e ficar atento com todas as colocações e casos do grupo; Trazer a supervisão algo mais próximo possível do que aconteceu na sessão; Devemos tomar cuidado com a prepotência
Não existe nenhum mecanismo de defesa que não ataque a realidade, devemos perceber quando isso ocorre. . 
Quanto mais pesada à defesa, mais psicótico
Quanto mais suave a defesa, mais neurótico
Tragédia Básica Neurótica é Edípica
Tragédia Não Neurótica (ou seja, Psicótica) é Narcísica. 
Uma parte de nossa mente é perturbada e todo psicótico tem certezas. 
Devemos desenvolver a capacidade introjetiva ao invés da projetiva. 
O que acontece entre paciente e analistaé um encontro entre duas pessoas (campo analítico). 
Não pensamos numa coisa só de cada vez; fazemos associações
Nós lidamos com histórias e relatos, vivemos na dúvida. 
Quando não temos autocrítica e abertura para o diálogo (psicóticos) é difícil mudar ou construir uma relação terapêutica 
Mito de Édipo envolve a sexualidade (incesto); rivalidade e arrogância (entre Édipo e o rei). A situação edípica é triangular (pai, mãe e filho), outros modelos mais primitivos e regressivos são duais (mãe e bebê) ou narcísicos (apenas o bebê).
Normalmente experimento pólos entre relacionamentos interpessoais e relações narcísicas.
O ser humano possui inveja e capacidade de destruir, porém, existe um sentimento de culpa, pois tudo tem conseqüências. O ser é um animal que possui desejo e prazer.
Boa parte dos problemas que temos advém de nossas origens (parentais), sejam eles de fato ou fantasiados.
1ª Tópica de Freud – consciência; pré-consciência e inconsciente (aparelho mental); Interpretação dos Sonhos; Teoria dos Instintos Pulsão do Eu x Pulsão Sexual;
2ª Tópica de Freud – Id, Ego (função materna) e Superego (função paterna); Tudo vem do Id, o ego se forma a partir de uma parte do Id, que entra em contato com a realidade, o superego também; Pulsão de Vida x Pulsão de Morte (a pulsão de morte não é só destrutiva, ela também impulsiona a vida)
Personalidade é a construção de elementos subjetivos que dão um colorido para a nossa vida; criamos um universo próprio que é uma versão da realidade. 
A individualidade é um passo enorme na condição humana, que ainda tem resquícios de uma fase primitiva e concreta;
As funções (paternas e maternas) são importantes para construção do aparelho mental e psíquico. 
Existe um superego benigno e um maligno
Recordar, Repetir e Reelaborar.
Resistências – observar os motivos e desculpas, pois as pessoas têm dificuldade de começar a terapia.
O terapeuta deve ter o poder de síntese, ter a capacidade de acolher o que o paciente fala; metabolizar aquilo e devolver, fornecer uma conjectura (forma sintetizada) para o paciente. 
A maioria de nós funciona de modo mais simplista, objetivo, através do pensamento concreto, mas devemos desenvolver o pensamento abstrato, a capacidade de simbolizar, de refletir e abstrair. Devemos ter viabilidade entre o nível primitivo, pictográfico concreto e o nível abstrato.
Experiência Emocional Compartilhada é quando o campo emocional afeta ambos (analista e analisando), o analista se sente afetado emocionalmente com a história do paciente, aspecto da transferência e contratransferência.

Outros materiais