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Aula 6 Modificação do contrato de trabalho

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Alteração do Contrato de Trabalho 
FUNDAMENTOS 
 
 - Conservação da fonte de trabalho, com objetivo 
de dar segurança econômica ao trabalhador e 
incorporação ao organismo empresarial, 
contemplando o princípio da continuidade da 
relação de emprego, com preferência ao contrato 
por prazo indeterminado. 
 
- Possibilidade de efeitos no contrato de trabalho, 
mesmo quando ocorra certos acontecimentos que 
impedem a execução da prestação de serviços. 
 
- Princípio da imodificabilidade ou 
inalterabilidade – pacta sunt servanda e 
impossibilidade de modificação unilateral do 
pacto laboral. 
 * Norma de ordem pública – restrição da 
autonomia da vontade da partes contratantes. 
 
- Para modificação do contrato de trabalho deve 
haver mútuo consentimento, bem como não 
pode haver prejuízo ao trabalhador. 
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho 
só é lícita a alteração das respectivas condições 
por mútuo consentimento, e ainda assim desde 
que não resultem, direta ou indiretamente, 
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade 
da cláusula infringente desta garantia. 
Parágrafo único - Não se considera alteração 
unilateral a determinação do empregador para 
que o respectivo empregado reverta ao cargo 
efetivo, anteriormente ocupado, deixando o 
exercício de função de confiança. 
 Reversão – retorno a função anterior após o exercício de 
cargo de confiança. 
 Rebaixamento – colocação do empregado em cargo 
inferior como forma de punição, o que é ilícito por gerar 
prejuízo. 
 
 Ius variandi – possibilidade do empregador fazer pequenas 
modificações, em casos especiais, no contrato de trabalho, 
sendo que esta decorre do poder de direção do mesmo. 
 Não altera significativamente o pacto laboral; 
 Não gera prejuízo ao trabalhador 
 
Ex: horário de trabalho, local de trabalho, reversão, 
prorrogação de jornada, etc. 
 
 Ius resistentiae – oposição do trabalhador a modificação 
que lhe cause prejuízo ou que seja ilegal. Causa para pleito 
de rescisão indireta. 
Art. 450 - Ao empregado chamado a ocupar, em 
comissão, interinamente, ou em substituição 
eventual ou temporária, cargo diverso do que 
exercer na empresa, serão garantidas a 
contagem do tempo naquele serviço, bem como 
volta ao cargo anterior. 
A transferência do empregado pode ser feita pelo 
empregador, decorrente de seu poder de direção (ius 
variandi), desde que atendidas a condições legais. 
 
MUDANÇA DE DOMICÍLIO: Não será considerada 
transferência aquela que não acarretar necessariamente 
mudança de domicílio do empregado (Art. 469 da CLT). 
* Domicílio: é onde se estabelece a sede principal de seus 
negócios, é conceito jurídico – Residência: local onde 
habita, onde faz suas refeições, onde dorme - é um conceito 
fático. 
TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADOS 
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Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o 
empregado, sem a sua anuência, para localidade 
diversa da que resultar do contrato, não se 
considerando transferência a que não acarretar 
necessariamente a mudança do seu domicílio . 
 
O sentido adotado pelo caput do Art. 469 da CLT 
é o de residência – só haverá mudança se o 
empregado tiver que mudar de residência – o 
sentido da palavra “localidade” do Art. 469 é o 
de município. 
 
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste 
artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e 
aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita 
ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real 
necessidade de serviço. 
 
CARGO DE CONFIANÇA: os empregados de confiança 
(mandato para representar o empregador e poder de 
gestão na empresa) podem ser transferidos. 
• Não há necessidade de ser caracterizar a “real 
necessidade de serviço” (Art. 469, §1º) e nem de 
concordância do empregado; 
• Há necessidade de pagamento de adicional de 
transferência em caso de se tratar de transferência 
provisória. 
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os 
empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos 
contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a 
transferência, quando esta decorra de real necessidade de 
serviço. 
 
* Cláusula explícita: expressa, escrita, não verbal – teoricamente 
pode haver cláusula verbal , contudo, é recomendável que se 
pactue por escrito. 
* Cláusula implícita: aquela que está subentendida de determinado 
contrato, devendo-se considerar, para tanto, a natureza do serviço 
desempenhado (ex: aeronauta, motorista rodoviário, vendedor 
viajante, artista de circo, trabalhador de construção civil, etc.). 
 
 Para ambas cláusulas deve ser caracterizada a “real necessidade 
de serviço”, consistindo na situação de o empregador não poder 
prescindir dos trabalhos de determinado empregado – caso 
contrário, o empregado não poderá ser transferido. 
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer 
extinção do estabelecimento em que trabalhar o 
empregado. 
 
EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO: nos casos de 
extinção do estabelecimento, a transferência será 
lícita (Art. 469, §2º da CLT). 
 
Não precisa ser caracterizada a “real necessidade 
de serviço” e nem haver anuência do empregado. 
 
O término de obra de construção civil é equiparado 
a extinção do estabelecimento; 
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá 
transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do 
contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse 
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 
25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia 
naquela localidade, enquanto durar essa situação. 
 
TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA: é a transferência precária, incerta 
(precisa ser analisada caso a caso), e desde que obedecidos os 
requisitos legais, será considerado lícita (Art. 469, §3º da CLT). 
 *Precisa caracterizar real “necessidade de serviço”. 
 
• Adicional de Transferência: É previsto para o caso de transferência 
provisória (Art. 469, § 3º da CLT) – também fazem jus os 
empregados que possuem cláusula implícita ou explícita e ou que 
exercem cargos de confiança. 
• Corresponde a 25% sobre o salário que o empregado recebia – tem 
natureza salarial e não indenizatória e será devida enquanto 
perdurar a situação. 
TRANSFERÊNCIA NO GRUPO DE EMPRESAS 
(“empregador único”): Havendo mudança de 
determinada atividade para outra empresa do 
grupo, também poderá haver a mudança dos 
empregados – o grupo é o empregador (Art. 2º, § 
2º da CLT). 
 
Despesas da Transferência: Devem ser assumidas 
pelo empregador (Art. 470, CLT) – tanto nas 
provisórias, quanto nas definitivas. 
Ex: mudança, transporte, aluguel, multas, etc. 
 
Art. 470 - As despesas resultantes da transferência 
correrão por conta do empregador. 
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Interrupção e Suspensão do Contrato 
de Trabalho 
A CLT não diferencia a interrupção da suspensão. 
 
Semelhanças entre interrupção e suspensão do contrato de trabalho 
 
- Paralisação transitória da prestação de serviços. 
- Quando do retorno ao labor, o empregado afastado terá direito a 
todas as vantagens que tenham sido atribuídas a categoria a que 
pertence na empresa (artigo 471, CLT). 
- O empregado terá direito a todas as vantagens legais ou normativas 
que forem atribuídas à categoria a que pertence na empresa, contudo 
essas vantagens deverão ter sido concedidas em caráter geral. 
- Impossibilidade de dissolução contratual, salvo na justa causa, ou 
demissão sem justa causa, desde que o empregador pague todos os 
ônus da demissão neste período. 
Interrupção 
- Cessação temporária e parcial dos efeitos do 
contrato de trabalho. 
- O empregador deve cumprir todas ou algumas 
obrigações do pacto laboral. 
- Há contagem do tempo de serviço. 
 
Assim, na interrupçãonão há trabalho, mas há 
pagamento de salários. 
 
HIPÓTESES DE INTERRUPÇÃO CONTRATUAL 
 
 Aborto não criminoso – licença paga pela previdência, mas há 
contagem de tempo de serviço. 
 Afastamento por motivo de doença ou acidente de trabalho 
até o 15º dia, inclusive é pago pelo empregador. 
 Aviso prévio – saída 2 horas mais cedo ou 7 dias. 
 Falta justificada – art. 473, CLT , (falecimento do cônjuge, 
casamento, nascimento de filhos, etc...). 
 Licença paternidade e maternidade – prorrogação para 
empresa cidadã – lei 11.770/2008. 
 Maternidade – 4 meses, podendo ser prorrogada por mais 2 meses 
 Paternidade – 5 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias. 
 Falta com atestado de médico da empresa, de convênio 
médico firmado pela empresa ou de médico da previdência 
social (art. 60, § 4º, lei 8.213/91) - falta abonada e justificada. 
Súmula nº 15 do TST 
ATESTADO MÉDICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 
21.11.2003 
A justificação da ausência do empregado motivada por doença, 
para a percepção do salário-enfermidade e da remuneração do 
repouso semanal, deve observar a ordem preferencial dos 
atestados médicos estabelecida em lei. 
Súmula nº 282 do TST 
ABONO DE FALTAS. SERVIÇO MÉDICO DA EMPRESA (mantida) - 
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 
Ao serviço médico da empresa ou ao mantido por esta última 
mediante convênio compete abonar os primeiros 15 (quinze) 
dias de ausência ao trabalho. 
 Testemunha – art. 822, CLT 
Art. 822 - As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas 
faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, 
quando devidamente arroladas ou convocadas. 
 Jurado – “serviço público relevante”. Art. 473, VIII, CLT. 
CPP 
Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou salário do 
jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. 
Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Júri o 
disposto no art. 441 deste Código. 
 Ajuizamento de ação – parte no processo. Art. 473, VIII, CLT. 
Súmula nº 155 do TST 
AUSÊNCIA AO SERVIÇO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 
21.11.2003 
As horas em que o empregado falta ao serviço para comparecimento 
necessário, como parte, à Justiça do Trabalho não serão descontadas 
de seus salários (ex-Prejulgado nº 30). 
 Mesário – declaração da justiça eleitoral – art. 98, lei 9504/97. 
 Afastamento por Inquérito administrativo ou Prisão – diante de absolvição 
ou impronúncia - art. 131, V, CLT 
 Gozo de férias. 
 Lockout – art. 17, lei 7783/89 
Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do 
empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o 
atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). 
Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o 
direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. 
 
 Repouso semanal remunerado e feriados civis e religiosos. 
 Período em que não houver serviços na empresa, por culpa ou 
responsabilidade desta, caso em que há obrigação do pagamento da 
remuneração (artigo, 133, III, CLT). 
 Serviço Militar – art. 472, CLT 
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Suspensão 
Paralisação temporária e total da execução e dos efeitos 
do contrato de trabalho. 
 
- Cessação provisória da prestação de serviços. 
 
- Ausência de obrigação a ser cumprida pelo empregador 
(pagamento de salário). 
 
- Não se produzem recolhimentos vinculados ao contrato. 
 
-Não há contagem de tempo de serviço. 
HIPÓTESES DE SUSPENSÃO CONTRATUAL 
 
 Aborto criminoso. 
 
 Por motivo de doença, a partir do 16⁰ dia ou por acidente de trabalho 
(artigo 4º, pú, CLT) é realizado pagamento de benefício previdenciário pelo 
INSS, contudo, o período do referido afastamento é computado para fins 
de férias, salvo se superior a 6 meses, ainda que descontínuos. 
No caso de acidente de trabalho, ainda há o dever do recolhimento do 
FGTS. 
 
Art. 4º 
Parágrafo único - Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para 
efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver 
afastado do trabalho prestando serviço militar ... (VETADO) ... e por motivo de 
acidente do trabalho. 
 
Art. 476 - Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é 
considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício. 
 
 Aposentadoria por invalidez. 
Art. 475 - O empregado que for aposentado por invalidez terá 
suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis 
de previdência social para a efetivação do benefício. 
 
Súmula 217, STF 
Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de 
recusa do empregador, o aposentado que recupera a capacidade de 
trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna 
definitiva após êsse prazo. 
 
Súmula 160, TST 
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 
e 21.11.2003 
Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o 
trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao 
empregador, indenizá-lo na forma da lei (ex-Prejulgado nº 37). 
 Empregado eleito para cargo de diretor 
Súmula nº 269 do TST 
DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE 
SERVIÇO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 
O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o 
respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o 
tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a 
subordinação jurídica inerente à relação de emprego. 
 
 Encargo público – obrigação do empregado de cumprir 
determinada prestação de fazer contida na lei. Encargo civil. 
Ex: Mandato eletivo, jurado, trabalho em eleições, etc. 
 
Art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das 
exigências do serviço militar, ou de outro encargo público, não 
constituirá motivo para alteração ou rescisão do contrato de 
trabalho por parte do empregador. 
 
 Greve – Lei 7.783/89 
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do 
direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total 
ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. 
Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a 
participação em greve suspende o contrato de trabalho, 
devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser 
regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da 
Justiça do Trabalho. 
 
 Suspensão disciplinar – não superior a 30 dias - art. 474, CLT 
Art. 474 - A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) 
dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de 
trabalho. 
 Suspensão para qualificação profissional – art. 476-A 
Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois 
a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de 
qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à 
suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de 
trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 
desta Consolidação. 
 
- Período – 2 a 5 meses. 
- Qualquer ramo – comércio, indústria, rural, serviços, etc. 
- Suspensão dos efeitos do contrato e prorrogação – facultativa e mediante 
instrumento coletivo (CCT ou ACT) e depende da concordância formal do 
empregado. 
- Apenas uma suspensão no período de 16 meses – art. 476-A, § 2º, CLT. 
- Não haverá despesa para o empregado para realização da qualificação. 
- Durante o período de suspensão, o empregado receberá uma bolsa do Fundo 
de Amparo ao Trabalhador – FAT (mesmos parâmetros do seguro desemprego) 
e da empresa nada receberá. 
- Não participação de curso de qualificação ou labor ao empregador durante o 
período gera a descaracterizaçãoda suspensão - art. 476-A, § 6º, CLT. 
- Multa estabelecida em CCT ou ACT não inferior a 100% da última 
remuneração antes do afastamento – rescisão do contrato de trabalho 
durante a suspensão ou nos três meses após o retorno ao labor - art. 476-A, § 
5º, CLT. 
 
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 Violência doméstica – Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) 
Art. 9º 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e 
psicológica: 
[...] 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o 
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. 
 
- Licença não remunerada. 
- Garantia de emprego durante 6 meses de afastamento em 
decorrência de violência doméstica.

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