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11/11/2016 1 Alteração do Contrato de Trabalho FUNDAMENTOS - Conservação da fonte de trabalho, com objetivo de dar segurança econômica ao trabalhador e incorporação ao organismo empresarial, contemplando o princípio da continuidade da relação de emprego, com preferência ao contrato por prazo indeterminado. - Possibilidade de efeitos no contrato de trabalho, mesmo quando ocorra certos acontecimentos que impedem a execução da prestação de serviços. - Princípio da imodificabilidade ou inalterabilidade – pacta sunt servanda e impossibilidade de modificação unilateral do pacto laboral. * Norma de ordem pública – restrição da autonomia da vontade da partes contratantes. - Para modificação do contrato de trabalho deve haver mútuo consentimento, bem como não pode haver prejuízo ao trabalhador. Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. Reversão – retorno a função anterior após o exercício de cargo de confiança. Rebaixamento – colocação do empregado em cargo inferior como forma de punição, o que é ilícito por gerar prejuízo. Ius variandi – possibilidade do empregador fazer pequenas modificações, em casos especiais, no contrato de trabalho, sendo que esta decorre do poder de direção do mesmo. Não altera significativamente o pacto laboral; Não gera prejuízo ao trabalhador Ex: horário de trabalho, local de trabalho, reversão, prorrogação de jornada, etc. Ius resistentiae – oposição do trabalhador a modificação que lhe cause prejuízo ou que seja ilegal. Causa para pleito de rescisão indireta. Art. 450 - Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na empresa, serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem como volta ao cargo anterior. A transferência do empregado pode ser feita pelo empregador, decorrente de seu poder de direção (ius variandi), desde que atendidas a condições legais. MUDANÇA DE DOMICÍLIO: Não será considerada transferência aquela que não acarretar necessariamente mudança de domicílio do empregado (Art. 469 da CLT). * Domicílio: é onde se estabelece a sede principal de seus negócios, é conceito jurídico – Residência: local onde habita, onde faz suas refeições, onde dorme - é um conceito fático. TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADOS 11/11/2016 2 Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio . O sentido adotado pelo caput do Art. 469 da CLT é o de residência – só haverá mudança se o empregado tiver que mudar de residência – o sentido da palavra “localidade” do Art. 469 é o de município. § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. CARGO DE CONFIANÇA: os empregados de confiança (mandato para representar o empregador e poder de gestão na empresa) podem ser transferidos. • Não há necessidade de ser caracterizar a “real necessidade de serviço” (Art. 469, §1º) e nem de concordância do empregado; • Há necessidade de pagamento de adicional de transferência em caso de se tratar de transferência provisória. § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. * Cláusula explícita: expressa, escrita, não verbal – teoricamente pode haver cláusula verbal , contudo, é recomendável que se pactue por escrito. * Cláusula implícita: aquela que está subentendida de determinado contrato, devendo-se considerar, para tanto, a natureza do serviço desempenhado (ex: aeronauta, motorista rodoviário, vendedor viajante, artista de circo, trabalhador de construção civil, etc.). Para ambas cláusulas deve ser caracterizada a “real necessidade de serviço”, consistindo na situação de o empregador não poder prescindir dos trabalhos de determinado empregado – caso contrário, o empregado não poderá ser transferido. § 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO: nos casos de extinção do estabelecimento, a transferência será lícita (Art. 469, §2º da CLT). Não precisa ser caracterizada a “real necessidade de serviço” e nem haver anuência do empregado. O término de obra de construção civil é equiparado a extinção do estabelecimento; § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA: é a transferência precária, incerta (precisa ser analisada caso a caso), e desde que obedecidos os requisitos legais, será considerado lícita (Art. 469, §3º da CLT). *Precisa caracterizar real “necessidade de serviço”. • Adicional de Transferência: É previsto para o caso de transferência provisória (Art. 469, § 3º da CLT) – também fazem jus os empregados que possuem cláusula implícita ou explícita e ou que exercem cargos de confiança. • Corresponde a 25% sobre o salário que o empregado recebia – tem natureza salarial e não indenizatória e será devida enquanto perdurar a situação. TRANSFERÊNCIA NO GRUPO DE EMPRESAS (“empregador único”): Havendo mudança de determinada atividade para outra empresa do grupo, também poderá haver a mudança dos empregados – o grupo é o empregador (Art. 2º, § 2º da CLT). Despesas da Transferência: Devem ser assumidas pelo empregador (Art. 470, CLT) – tanto nas provisórias, quanto nas definitivas. Ex: mudança, transporte, aluguel, multas, etc. Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador. 11/11/2016 3 Interrupção e Suspensão do Contrato de Trabalho A CLT não diferencia a interrupção da suspensão. Semelhanças entre interrupção e suspensão do contrato de trabalho - Paralisação transitória da prestação de serviços. - Quando do retorno ao labor, o empregado afastado terá direito a todas as vantagens que tenham sido atribuídas a categoria a que pertence na empresa (artigo 471, CLT). - O empregado terá direito a todas as vantagens legais ou normativas que forem atribuídas à categoria a que pertence na empresa, contudo essas vantagens deverão ter sido concedidas em caráter geral. - Impossibilidade de dissolução contratual, salvo na justa causa, ou demissão sem justa causa, desde que o empregador pague todos os ônus da demissão neste período. Interrupção - Cessação temporária e parcial dos efeitos do contrato de trabalho. - O empregador deve cumprir todas ou algumas obrigações do pacto laboral. - Há contagem do tempo de serviço. Assim, na interrupçãonão há trabalho, mas há pagamento de salários. HIPÓTESES DE INTERRUPÇÃO CONTRATUAL Aborto não criminoso – licença paga pela previdência, mas há contagem de tempo de serviço. Afastamento por motivo de doença ou acidente de trabalho até o 15º dia, inclusive é pago pelo empregador. Aviso prévio – saída 2 horas mais cedo ou 7 dias. Falta justificada – art. 473, CLT , (falecimento do cônjuge, casamento, nascimento de filhos, etc...). Licença paternidade e maternidade – prorrogação para empresa cidadã – lei 11.770/2008. Maternidade – 4 meses, podendo ser prorrogada por mais 2 meses Paternidade – 5 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias. Falta com atestado de médico da empresa, de convênio médico firmado pela empresa ou de médico da previdência social (art. 60, § 4º, lei 8.213/91) - falta abonada e justificada. Súmula nº 15 do TST ATESTADO MÉDICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A justificação da ausência do empregado motivada por doença, para a percepção do salário-enfermidade e da remuneração do repouso semanal, deve observar a ordem preferencial dos atestados médicos estabelecida em lei. Súmula nº 282 do TST ABONO DE FALTAS. SERVIÇO MÉDICO DA EMPRESA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Ao serviço médico da empresa ou ao mantido por esta última mediante convênio compete abonar os primeiros 15 (quinze) dias de ausência ao trabalho. Testemunha – art. 822, CLT Art. 822 - As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente arroladas ou convocadas. Jurado – “serviço público relevante”. Art. 473, VIII, CLT. CPP Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou salário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código. Ajuizamento de ação – parte no processo. Art. 473, VIII, CLT. Súmula nº 155 do TST AUSÊNCIA AO SERVIÇO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 As horas em que o empregado falta ao serviço para comparecimento necessário, como parte, à Justiça do Trabalho não serão descontadas de seus salários (ex-Prejulgado nº 30). Mesário – declaração da justiça eleitoral – art. 98, lei 9504/97. Afastamento por Inquérito administrativo ou Prisão – diante de absolvição ou impronúncia - art. 131, V, CLT Gozo de férias. Lockout – art. 17, lei 7783/89 Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. Repouso semanal remunerado e feriados civis e religiosos. Período em que não houver serviços na empresa, por culpa ou responsabilidade desta, caso em que há obrigação do pagamento da remuneração (artigo, 133, III, CLT). Serviço Militar – art. 472, CLT 11/11/2016 4 Suspensão Paralisação temporária e total da execução e dos efeitos do contrato de trabalho. - Cessação provisória da prestação de serviços. - Ausência de obrigação a ser cumprida pelo empregador (pagamento de salário). - Não se produzem recolhimentos vinculados ao contrato. -Não há contagem de tempo de serviço. HIPÓTESES DE SUSPENSÃO CONTRATUAL Aborto criminoso. Por motivo de doença, a partir do 16⁰ dia ou por acidente de trabalho (artigo 4º, pú, CLT) é realizado pagamento de benefício previdenciário pelo INSS, contudo, o período do referido afastamento é computado para fins de férias, salvo se superior a 6 meses, ainda que descontínuos. No caso de acidente de trabalho, ainda há o dever do recolhimento do FGTS. Art. 4º Parágrafo único - Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar ... (VETADO) ... e por motivo de acidente do trabalho. Art. 476 - Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício. Aposentadoria por invalidez. Art. 475 - O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício. Súmula 217, STF Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o aposentado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após êsse prazo. Súmula 160, TST APOSENTADORIA POR INVALIDEZ (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei (ex-Prejulgado nº 37). Empregado eleito para cargo de diretor Súmula nº 269 do TST DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE SERVIÇO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Encargo público – obrigação do empregado de cumprir determinada prestação de fazer contida na lei. Encargo civil. Ex: Mandato eletivo, jurado, trabalho em eleições, etc. Art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço militar, ou de outro encargo público, não constituirá motivo para alteração ou rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador. Greve – Lei 7.783/89 Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. Suspensão disciplinar – não superior a 30 dias - art. 474, CLT Art. 474 - A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho. Suspensão para qualificação profissional – art. 476-A Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação. - Período – 2 a 5 meses. - Qualquer ramo – comércio, indústria, rural, serviços, etc. - Suspensão dos efeitos do contrato e prorrogação – facultativa e mediante instrumento coletivo (CCT ou ACT) e depende da concordância formal do empregado. - Apenas uma suspensão no período de 16 meses – art. 476-A, § 2º, CLT. - Não haverá despesa para o empregado para realização da qualificação. - Durante o período de suspensão, o empregado receberá uma bolsa do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT (mesmos parâmetros do seguro desemprego) e da empresa nada receberá. - Não participação de curso de qualificação ou labor ao empregador durante o período gera a descaracterizaçãoda suspensão - art. 476-A, § 6º, CLT. - Multa estabelecida em CCT ou ACT não inferior a 100% da última remuneração antes do afastamento – rescisão do contrato de trabalho durante a suspensão ou nos três meses após o retorno ao labor - art. 476-A, § 5º, CLT. 11/11/2016 5 Violência doméstica – Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) Art. 9º § 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: [...] II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. - Licença não remunerada. - Garantia de emprego durante 6 meses de afastamento em decorrência de violência doméstica.
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