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* Osteoartrose e Exercício Físico Prof. Ms. Giordano Marcio Gatinho Bonuzzi * Conceito Processo degenerativo articular primariamente cartilaginoso, mas que compromete também outras estruturas articulares, tais como membrana sinovial e osso subcondral. * * 3- ETIOLOGIA As Oas podem se iniciar: A partir da própria cartilagem (alterações estruturais do tecido de origem genética – Citocinas e Inflamações crônicas). A partir da sinovial( AR) A partir do osso ( Osteoporose) Observa-se predomínio do catabolismo sobre o anabolismo da cartilagem, o que conduz a sua desestruturação funcional. * * 4- INCIDÊNCIA A prevalência da OA aumenta com a idade Pouco comum abaixo dos 40 anos Mais freqüente após os 60 anos Em média, aos 75 anos, 85% dos pacientes têm evidência radiológica e clínica da doença No conjunto tem preferência feminina É responsável por 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia São fatores de risco: Idade/ Sexo/ Predisposição genética/ Obesidade/Stress mecânico * 5- QUADRO CLÍNICO Pode envolver várias articulações: Certas localizações são preferencialmente femininas (mãos e joelhos), outras masculinas (coxofemural) Coluna cervical/ Coluna lombar/ joelhos/ mãos/ coxofemurais são frequentemente comprometidas. Raramente cotovelos/ ombros/tornozelos As Oas não apresentam manifestações sistêmicas * Sua sintomatologia se instala de maneira insidiosa e progride para mínima ou grave incapacidade Há tendência para a bilateralidade Sinais: Crepitação Limitação da ADM Hipotrofia Mal alinhamento articular Alterações da morfologia articular Sinais flogísticos (inflamação) Sensibilidade à mobilização/ palpação * Sintomas: - Dor - Rigidez pós-repouso Os sintomas variam em função da gravidade das lesões, a dor a princípio aparece quando a articulação é utilizada mais intensamente, à medida em que o processo se agrava ela surge após pequenos esforços. O exame físico pode detectar aumento de volume, hipotrofia do quadríceps, dor à palpação e à mobilização da patela, crepitação à flexo-extensão. As limitações funcionais e a bilateralidade do processo são causas significativas de incapacidade. * 6- JOELHOS( Gonartrose) Localização periférica mais comum Predomina entre os 50 e 60 anos, preferindo o sexo feminino. Está demonstrada a ligação entre gonartrose e obesidade. * São atingidas tanto a articulação fêmuro-patelar, como a fêmuro-tibial(medial ou lateral) Nos casos mais evoluídos todas estão comprometidas Normal Artrose * * Valgo Varo * * 8- COXOFEMURAL( Coxartrose) Mais comum no sexo masculino Os sintomas surgem insidiosamente, e a dor pode ser precedida por fadiga do membro inferior e dificuldade na marcha. A dor ao deambular vai se tornando gradativamente o principal incômodo. Presença de contraturas em flexão e adução, e marcha claudicante. * * * 9- OSTEOARTROSE CENTRAL Articulações apofisárias, preferencialmente entre 50 e 60 anos. Há predomínio masculino. A dor exacerba-se com os movimentos e frequentemente melhora com o repouso, mas quando há compressões radiculares ela se torna insuportável em qualquer que seja a posição que o paciente assuma. Os segmentos mais comumente acometidos são C5-C6 e C6 –C7/ L4-L5 e L5 – S1. * * 10- DIAGNÓSTICO As radiografias convencionais continuam sendo o método mais simples e adequado para se estabelecer o diagnóstico de AO, determinar sua extensão e gravidade,e monitorizar sua progressão. * 11- TRATAMENTO - OBJETIVOS Alívio do quadro álgico Aumentar ADM Minimizar deformidades Reequilíbrio muscular Melhora mecânica e funcional Minimizar a progressão da doença Controlar a dor Prevenir limitações Elevar a qualidade de vida * 1-FISIOTERAPIA Tto deve ser multidisciplinar. Diagnóstico e Tto precoce: Minimizam os sintomas e auxiliam ao retorno ou a manutenção de suas AVD´s. 2- ATIVIDADE FÍSICA Atualmente - Atividade física orientada e regular pode melhorar alterações relacionadas com a doença, diminuindo a incapacidade e melhorando o condicionamento físico desses pctes. Escolha da AF - Deve ser cautelosa, atividades que promovam alto impacto ou sobrecarga articular são prejudiciais. * Ter Cautela - Dor, sinal inflamatório, instabilidade articular, sedentarismo. Repouso prolongado(Inatividade) - Predispõe ao ganho de massa corporal e é um agravante ao quadro clínico desses pctes. Estimulação da art. osteoartrósica nas fases iniciais com carga leve - Estimula a síntese de matriz cartilaginosa, enquanto a inatividade pode ser um fator de estímulo ao processo degenerativo e de rigidez tecidual com proliferação de tecido fibroso, aderência entre as superfícies articulares, atrofia cartilaginosa. Conclusão- A indicação de atividade física moderada e de baixo impacto parece ser mais vantajosa que a restrição dessas atividades. * 3- EXERCÍCIO TERAPÊUTICO Objetivos do E.T. na OA : Redução de alterações funcionais Facilitação das AVDs Redução da dor Aumento da ADM Aumento da força muscular Melhora da postura e do condicionamento físico. Os E.T. prescritos devem ser específicos a cada caso, dependendo do estágio clínico da art., buscando ganho de função sem gerar estresse articular. * FASE AGUDA( Estágios de agudização): Podem ser realizadas mobilizações passivas para diminuir a formação de contraturas e ganhar ADM, aumentar a lubrificação da articulação FASE SUB-AGUDA E CRÔNICA Alongamentos diminuem as retrações e os encurtamentos miofasciais, descomprimindo as arts., garantindo, assim, nutrição e a hidratação cartilaginosa. Alongamentos passivos e estáticos são ideais para o aumento nos níveis de flexibilidade articular garantindo ADM. (Devem ser realizados com mais cautela em art. instáveis e evitados em reações inflamatórias). * GANHO DE FORÇA MUSCULAR: Exercícios isométricos realizados em diferentes angulações, permitem o treino muscular sem gerar movimento articular, com um índice de estresse mecânico menor sobre a cartilagem. EXERCÍCIOS ISOTÔNICOS: Podem ser realizados em uma etapa mais avançada, empregados com pouca carga e pouca repetição. Podem ser intercalados com o uso de criocinética com o objetivo de não permitir a elevação da atividade enzimática e controlar a dor e espasmo. * * * * 4- HIDROTERAPIA Efeitos térmicos, mecânicos e relaxantes da hidroterapia sobre a melhora da dor e da função são benéficos aos pctes. (Movimento em meio líquido com redução do estresse articular, da percepção dolorosa, desenvolve o condicionamento aeróbico. (Não tratar em temperaturas acima de 34º). * 5- TERMOTERAPIA Seu emprego justifica-se quando se pretende reduzir a rigidez articular ou diminuir a dor e espasmo muscular. Efeitos Térmicos do US são pouco interessantes para os quadros de AO, enquanto os efeitos mecânicos são importantes no tto de contraturas ou tensões miofasciais e nos quadros de fibrose cápsuloligamentar. * 6- CRIOTERAPIA Exercício leva a aumento da temperatura intra-articular induzindo ao aumento da degeneração enzimática e lesão da cartilagem. (Uso associado do exercício à criocinética, pode ser uma forma de controlar esse efeito adverso do exercício) * 9.Órteses 1 estudo com brace (limitada evidência): Brace mostrou melhora no WOMAC, MACTAR e testes funcionais, quando comparados ao tratamento medicamentoso Joelheira mostrou melhora no WOMAC e testesfuncionais, quando comparado ao grupo de medicamento Brace foi mais efetivo do que joelheira Verhagen AP, Verhaar JAN, Bierma-Zeinstra SMA. Braces and orthoses for treating osteoarthritis of the knee (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2007. Kirkley A, Webster-Bogaert S, Litchfield R, Amendola A, MacDonald S, McCalden R, Fowler P. The effect of bracing on varus gonarthrosis. The Journal of Bone and Joint Surgery (American volume) 1999:539-47. * Orteses * 10- ORIENTAÇÕES / EDUCAÇÃO Programas de orientação e educação de pctes com AO de joelho e quadril, associados a um série de exercícios ativos e regulares, trazem benefícios em relação a dor, qualidade de vida, força muscular e conhecimento referente à doença. 10.1- GERAIS Esclarecer ao pcte que OA não é sinônimo de envelhecimento, Explicar ao pcte que o programa de exercícios poderá melhorar sua qualidade de vida, O pcte deverá ser o agente principal(ativo) do processo de reabilitação, O repouso só deve ser empregado em quadros agudizados, * * 10.2- QUADRIL Perda de peso, Repouso com objetivo de se prevenir contraturas em flexão, Evitar carregar objetos pesados, Evitar caminhadas excessivas, Não caminhar em superfícies irregulares, Evitar subir e descer escadas repetidamente, Não permanecer longos períodos em pé, Uso de bengala contralateral em OA unilateral, Uso de andador ou muletas em OA bilateral, * O repouso absoluto é prejudicial para as art. com OA, Não permanecer em uma mesma postura por períodos longos, Evitar atividades traumatizantes e repetitivas, Estabelecer um programa de atividades físicas diárias, Melhorar a ergonomia do ambiente de trabalho e doméstico. * 10.3. Recomendações 10 recomendações baseadas na evidência e nos experts: Tratamento da OA de joelho requer modalidades farmacológicas e não farmacológicas Tratamento da OA de joelho basear-se: Fator de risco para o joelho: obesidade, fatores mecânicos, atividade física Fatores de risco gerais: idade, comorbidades e polifarmácia Nível de dor Sinal de inflamação Localização e grau da lesão articular * 3. Não-farmacológicos: educação, exercício, bengala, palmilha, brace e redução de peso 4. Paracetamol é a primeira escolha de analgésico e, se houver sucesso, é o preferido a longo prazo 5. Uso tópico (AINH e capsaícina) 6. AINH deve ser considerado em pacientes que não respondem ao paracetamol. Verificar o risco da medicação. 7. Opiódes, com ou sem paracetamol, são alternativas quando os AINH são contra indicados, inefetivos ou baixa tolerabilidade * 8. SYSADOA (symptomatic slow acting drugs for AO) glucosamine sulphate, chondroitin sulphate, diacerein, hyaluronic acid) têm efeito na sintomatologia 9. Infiltração intra-articular com corticosteróide é indicado no alívio da dor e melhora no processo inflamatório 10. Prótese de joelho deve ser considerada quando evidência radiográfica de osteoartrose e piora da dor e incapacidade K M Jordan, N K Arden, M Doherty, B Bannwarth, J W J Bijlsma, P Dieppe, K Gunther, H Hauselmann, G Herrero-Beaumont, P Kaklamanis, S Lohmander, B Leeb, M Lequesne, B Mazieres, E Martin-Mola, K Pavelka, A Pendleton, L Punzi, U Serni, B Swoboda, G Verbruggen, I Zimmerman-Gorska, M Dougados. EULAR Recommendations 2003: an evidence based approach to the management of knee osteoarthritis: Report of a Task Force of the Standing Committee for International Clinical Studies Including Therapeutic Trials (ESCISIT) Ann Rheum Dis 2003;62:1145–1155. * Osteoartrose x Obesidade * Aspectos Biomecânicos * A força de tensão do colágeno decorre de suas fibras, fibrilas e moléculas: ligações cruzadas intermoleculares e intramoleculares; da orientação, da densidade e da força de fricção entre as fibrilas; alterações físicas e químicas com os outros componentes da Matrix Extracelular. Colágeno – Papel Estrutural * FIBROCARTILAGEM Função: transmissão de força de tensão e atenuação contra cargas excessivas * Cartilagem Articular/ Biomecânica Cartilagem articular: -Dissipa a carga aplicada nas articulações, é adequada para forças de compressão. - Minimiza a fricção. Força de tensão (“tensile strenght”) é 5% a do osso. - Taxa de sobrecarga: rápida resposta elástica e baixa resposta plástica. * * Tendão, Ligamento, Cápsula Articular: Resistente a tensão (sem força de compressão). A orientação das fibras colágenas influencia a direção da força de tensão (“tensile strenght”). A orientação das fibras é influenciada pela carga mecânica aplicada durante a remodelação. Propriedades Biomecânicas do Tecido Conjuntivo * Chiquet, M. Regulation of extracelular matrix gene expression by mehanical stress. Matrix Biology, 1999; 18:417-426. * * * * A cartilagem tem 3 zonas distintas que tem diferentes comportamentos de tensão. Essas diferenças são atribuídas a orientação das fibrilas de colágeno ao longo das zonas (efeito anisotrópico). A resistência da cartilagem ao cisalhamento depende da quantidade de colágeno, porque as PTGs dão menos resistência ao cisalhamento. 2. Propriedades Biomecânicas do Tecido Conjuntivo – Cartilagem Articular * A proporção de PTGs na MEC afeta a sua hidratação: a água cria um estresse e tensão ao redor da rede de colágeno. As fibras colágenas contém um “inchaço” criando uma rigidez da MEC e habilitando as forças de compressão. Tecidos que estão sujeitos a altas forças de compressão tem um conteúdo maior de PTG, enquanto que tecidos que resistem a força de tensão tem baixa concentração de PTG. Propriedades Biomecânicas do Tecido Conjuntivo – Cartilagem Articular
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