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Diagnóstico Ambiental Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) 5 · A Evolução Histórica da Questão Ambiental · A Urbanizaçâo · Industrialização · A Contaminação Ambiental · A Mudança · Avaliação De Impacto Ambiental (Aia) · Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil · Avaliação de Impacto Ambiental – Conceitos · Conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental (Eia) · Diagnóstico Ambiental · Considerações Finais · Nesta Unidade, temos como objetivo tratar um pouco da história evolutiva do homem, com enfoque no meio ambiente. Discutiremos como o homem aprendeu a sobreviver à natureza, a dominá-la e a utilizá-la de acordo com suas necessidades. Nesta Unidade, discutiremos a relação do homem com o meio ambiente ao longo de sua evolução, abordando os conceitos sobre o tema e a evolução histórica da questão ambiental. A questão ambiental não é recente, é um assunto presente desde o inicio do século XX, mas foi nas últimas três décadas que a atenção das sociedades e dos governos se mostrou mais presentes, em consequência dos efeitos visíveis dos desequilíbrios ambientais. Daremos início, também, ao tema Diagnóstico Ambiental, o qual iremos aprofundar no decorrer do curso. Fiquem atentos às atividades propostas e aos prazos de realização e de entrega. Não deixem de participar de nosso Fórum de Discussões. Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) 6 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) Contextualização Nesta Unidade, discutiremos a relação do homem com o meio ambiente ao longo da sua evolução, abordando os conceitos sobre o tema e a evolução histórica da questão ambiental. A questão ambiental não é recente, é um assunto presente desde o inicio do século XX, mas foi nas últimas três décadas que a atenção das sociedades e dos governos se mostrou mais presente; isso ocorreu em consequência dos efeitos visíveis dos desequilíbrios ambientais. As empresas, que eram consideradas símbolo do progresso, passaram a ser vistas como as grandes vilãs. Diante das pressões das politicas públicas, sociedade e organizações não governamentais, as empresas foram pressionadas a transformar as questões de proteção ambiental em práticas administrativas e operacionais. O governo é parte fundamental na implantação dessas práticas e na busca de um meio ambiente sustentável, sendo responsável pela criação de leis, normas e mecanismos de fiscalização que devem ser respeitados por todos, principalmente pelas empresas que, nos processos de produção e bens de serviços, utilizam recursos naturais e produzem resíduos poluentes. São as leis públicas que fazem com que as empresas controlem suas emissões de poluentes e o uso dos recursos naturais; portanto, mecanismo indispensável para o controle ambiental. Trataremos, também, dos instrumentos da política pública ambiental e ao estudarmos as políticas de controle ambiental, chegaremos, inevitavelmente, ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), parte do processo para o controle do meio ambiente e ao diagnóstico ambiental, tema da nossa Disciplina, como parte do processo para obtenção de licenciamento ambiental, que atende à legislação. 7 A Evolução Histórica da Questão Ambiental O ser humano possui capacidade de adaptação ao seu ambiente maior que qualquer outra espécie, porque consegue construir seu espaço modificando o ambiente natural. Na pré-história, o homem vivia lutando pela sobrevivência com animais e com as forças climáticas da natureza. Com o passar do tempo, o homem aprendeu a superar tais dificuldades, criando ferramentas e vivendo em grupos. Essa capacidade de criar e adaptar o ambiente fez do homem um animal diferenciado em relação a todos os outros, pois suas ações eram coordenadas pelo pensamento em forma de planejamento e depois transformadas em ações. Com isso, desenvolveu um processo de organização do trabalho e o ser humano passou a fazer tudo que os outros animais faziam, porém, com mais eficiência, construindo abrigos melhores, aperfeiçoando os métodos de caça e pesca, e tudo isso aumentou gradativamente sua intervenção na natureza. Até 10 mil anos atrás, o homem vivia da caça e da coleta de grãos e frutos, depois, aprendeu a plantar grãos e a domesticar animais; a partir daí, começou a se fixar nos locais e se organizar em sociedade. A agricultura foi, portanto, o primeiro grande impacto na natureza, por conta do aumento da capacidade produtiva humana. Com o desenvolvimento da sociedade e das técnicas de plantio, a produtividade aumentou e se criaram excedentes que eram armazenados; isso aumentou a divisão do trabalho e o homem passou a priorizar uma melhor qualidade de vida, em detrimento do mundo natural. Figura 1. Homem cultivando a terra no início da civilização. Fonte: Wikimedia Commons Com o crescimento da população, foram surgindo cidades e, assim, o homem precisou ocupar mais espaços naturais para atender seus anseios de conforto e poder e, com isso, áreas foram degradadas. Neste intuito, florestas foram devastadas e cursos de rios alterados, atendendo às necessidades do crescimento das cidades. Com o desenvolvimento das sociedades, o elemento econômico foi tomando grande importância e se tornando fator crucial para novas conquistas; com isso, guerras aconteceram, que também contribuíram para a degradação ambiental. 8 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) A Urbanizaçâo Com o desenvolvimento da agricultura, o homem passou a se fixar e com a produção de grãos em excesso surgiu a necessidade de armazenar, o que deu origem aos silos; com muito alimento, a concentração de pessoas aumentou. Para a criação dos animais domésticos, as terras precisavam ser cercadas, surgindo, assim, as propriedades privadas, tornando as organizações mais complexas e aumentando cada vez mais as alterações do meio ao redor. Como exemplo, podemos citar os romanos, que foram os que mais criaram espaços urbanos; a população de Roma chegou a ter mais de um milhão de habitantes. Segundo os historiadores, os romanos foram responsáveis pela extinção do leão do atlas (Pilger apud Dias), que habitava o norte da África e por ter uma juba preta tornou-se uma grande atração nas arenas. Figura 2. Primeiras cidades romanas. Fonte: Wikimedia Commons Além disso, com a degradação constante do ambiente natural e com as concentrações humanas, o homem também criou um ambiente propício não só para ele, mas para alguns outros organismos que existiam controladamente no ambiente natural; com isso, houve um desequilíbrio e surgiram as pragas e microrganismos que transmitem doenças, nascendo as epidemias, que assolaram as cidades durante séculos, matando milhares de pessoas. Industrialização A segunda grande mudança após o desenvolvimento da Agricultura ocorreu no século XVIII, com a Revolução Industrial. O surgimento da máquina a vapor deu ao homem uma nova perspectiva. O que antes era feito de modo artesanal, exigindo muito esforço e demora, passou a ser realizado por máquinas, aumentando muito a produtividade e viabilizando a criação de novos produtos. Com o aumento da produtividade, aumentou também, claro, o uso dos recursos naturais. Quanto mais se desenvolviam os processos de produção, mais se consumiam os recursos naturais e novos hábitos foram surgindo, impulsionando o crescimento demográfico. 9 A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, mas rapidamente foi difundida para outros países. Com ela, a urbanização se intensificou de forma descontrolada,trazendo problemas sérios como abastecimento de água, esgotos sanitários insuficientes, fumaça das indústrias etc. As consequências logo começaram a aparecer, como epidemias de cólera, febre tifoide e demais doenças infecciosas. Figura 3. Primeiras indústrias Fonte: Wikimedia Commons Concomitantemente ao aumento da população, houve maior necessidade de expandir a área agrícola, de utilizar a madeira para o carvão vegetal e para a construção de moradias, grande exploração de minérios e demais recursos naturais, como se fossem recursos ilimitados. O desmatamento sem restrições, principalmente na Europa, dizimou as florestas, gerando problemas ambientais ainda hoje. Os países mais industrializados, incluindo os Estados Unidos, Europa Ocidental, Canadá e Japão, após a Segunda Guerra Mundial, alcançaram um padrão de vida nunca visto antes, com liberdade política, acesso à educação e saúde, grande capacidade de renda e consumo, fazendo contraste com o resto da população. Neste período, utilizaram-se mais recursos naturais para a fabricação de bens de consumo que em toda a história da humanidade. Esse uso desmedido dos recursos, que ocorreu entre os anos de 1950 e 2000, gerou diversos problemas ambientais, como: · Alta concentração populacional; · Consumo exacerbado de recursos naturais, alguns não renováveis, como petróleo e carvão mineral; · Devastação das florestas, extinguindo espécies de fauna e flora; · Contaminação do ar, do solo e das águas. 10 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) A Contaminação Ambiental O século XX foi, sem dúvida, o mais devastador para a questão ambiental. Neste período, as cidades cresceram consideravelmente em decorrência da industrialização e, ao mesmo tempo, as fábricas passaram a poluir os locais em que se instalavam. Após a criação do automóvel, movido a motor de combustão de derivados de petróleo, os efeitos nocivos ao meio ambiente foram enormemente agravados. Por um longo período, não houve qualquer controle do uso de recursos naturais e nem eram de conhecimento público os efeitos de muitos resíduos expostos na natureza. No entanto, grandes acidentes industriais chamaram a atenção da opinião pública sobre esses perigos, como a contaminação do ar gerando a chuva ácida, as alterações climáticas, a contaminação dos lençóis freáticos e do solo com metais pesados e resíduos tóxicos. Os acidentes industriais que aconteceram causaram muitas mortes e danos ambientais. Podemos citar alguns exemplos de acidentes que tiveram um grande impacto como a contaminação da Baía de Minamata, no Japão. A contaminação ocorreu por um longo período devido a uma companhia química instalada as margens da baía. Foram registrados casos de disfunções neurológicas em famílias de pescadores e moradores também morriam em função das altas concentrações de mercúrio, causando a doença chamada de doença de minamata. Outro exemplo que podemos citar foi um incêndio em uma indústria, ocorrido em 1986, em Basileia, na Suíça, onde 30 toneladas de pesticidas foram despejados no Rio Reno, causando a mortandade de peixes ao longo de 193 km. No Brasil, ocorreu uma das mais graves contaminações de águas, no aterro Mantovani, situado no município de Santo António de Posse, região metropolitana de Campinas (SP), onde mais de 50 indústrias multinacionais despejaram toneladas de material tóxico ao longo de 15 anos, contaminando rios e pessoas. E, além desses exemplos, temos milhares de outros no Brasil e no mundo, retratando o descaso com o meio ambiente e com a saúde das pessoas. Figura 4. Acidente ambiental de 1986 no Rio Reno - Suiça. Fonte: Wikimedia Commons 11 A Mudança Foi a partir da década de 1960, que iniciaram as discussões sobre a relação do homem com seu meio ambiente. A partir deste momento, começou a conscientização sobre a importância do gerenciamento ambiental para garantir não só à geração presente, mas também às gerações futuras a possibilidade de um desenvolvimento sustentável. No ano de 1962, houve um marco, quando a bióloga Rachel Carson publicou o livro “Primavera Silenciosa (Silent Spring). Neste livro, a autora denunciava o uso abusivo do diclorodifeniltricloroetano (DDT), um agrotóxico que, além de trazer sérios riscos de câncer e outras doenças, danificaria também a terra e exterminaria os pássaros, pois esse inseticida era amplamente utilizado para proteger a colheita contra os insetos. A publicação deste livro foi um alerta a todos os países. Foram realizados, a partir daí, vários estudos com o enfoque nos efeitos desta substância e se constatou realmente a nocividade e mesmo com uma forte oposição dos agricultores, a substância foi proibida nos EUA. O livro abriu espaço para o movimento ambientalista. O aumento das discussões em torno das questões ambientais culminou em um encontro de trinta especialistas de vários países em Roma, Itália. Esse encontro foi realizado para analisar a situação dos recursos naturais do Planeta, foi quando surgiu o Clube de Roma (1962). Após 10 anos, a Assembleia das Nações Unidas realizou uma conferência mundial sobre o meio ambiente humano, em Estocolmo, Suécia, em 1972, esse encontro teve como objetivo influenciar e orientar o mundo na preservação e melhoria do ambiente humano. Como resultado, foram elaborados um documento, uma declaração e um plano de ação para o meio ambiente humano e a criação do Programa de Nações Unidas sobre o meio ambiente (PNUMA). Esse encontro marcou a história do meio ambiente e, desde então, o dia 05 de junho passou a ser o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Esses eventos foram desencadeadores de ações normativo-institucionais dentro da Organização das Nações Unidas (ONU) com a criação de ministérios, agências e outras organizações responsáveis pelo meio ambiente e pela criação de legislações ambientais. Continuando a cronologia histórica da evolução das questões ambientais, em 1983, na assembleia geral da ONU, foi criada a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD). Essa comissão solicitou um trabalho que consistia em uma “Agenda global de mudança” e entre os itens solicitados estava: · Estratégias para viabilizar o desenvolvimento sustentável; · Propostas dos países desenvolvidos de ajuda na área ambiental para países em várias fases de desenvolvimento para atingir objetivos comuns; · Elaborar uma agenda a ser colocada em prática por um longo período e contribuir com noções comuns a questões ambientais. Em 1987, essa comissão apresentou o relatório “Nosso Futuro Comum”. Esse documento vinculou a economia à Ecologia, formalizando o conceito de desenvolvimento sustentável e apontando as responsabilidades que os estados devem ter em relação aos danos ambientais. 12 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) Vinte anos após a criação do PNUMA, ocorreu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, esse evento discutiu as políticas que geram os efeitos ambientais negativos. No evento, foram firmados cinco documentos que direcionaram as discussões para os anos seguintes, são eles: · Agenda 21 (agenda para o século XXI); · Convênio da Diversidade Biológica (CDB); · Convênio sobre as Mudanças Climáticas; · Princípios para Gestão Sustentável das Florestas; · Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Figura 5. Evento Rio 92. Fonte: Wikimedia Commons Após dez anos deste evento, em 2002, ocorreu, em Johannesburgo (África do Sul), o encontro da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável para avaliar a situação da questão ambiental em função dos compromissos assumidos na Rio-92. A conclusão foi que os objetivos propostos não foram alcançados. No entanto,neste encontro, foram reiterados os seguintes compromissos na direção de um desenvolvimento sustentável: proteção ao meio ambiente, desenvolvimento social e econômico. A década de 1990 foi quando as empresas dos países desenvolvidos começaram a sofrer uma pressão muito grande das agências ambientais e da sociedade. Neste período, as empresas começaram a investir no desenvolvimento de tecnologias para um controle mais efetivo da emissão de poluentes, uma maior economia energética, entre outras medidas de proteção ambiental. Algumas indústrias como as automobilísticas, química e de papel celulose, transferiram suas plantas industriais para os países em desenvolvimento, porque não conseguiam atender a legislação de seus países. Para concluirmos a trajetória histórica das questões ambientais, podemos resumir que efetivamente o mundo se voltou para tais questões, a partir da publicação do livro Primavera Silenciosa, em 1962. A partir da década de 1970, foram realizados vários encontros importantes, tratando dos efeitos do uso dos recursos naturais e da poluição. Como resultado, várias medidas foram sendo tomadas, inclusive nos níveis governamentais para o controle e preservação ambiental. Entre essas medidas, temos a obrigatoriedade da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) para vários segmentos que vamos falar a seguir. 13 Avaliação De Impacto Ambiental (AIA) O processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) foi introduzido mundialmente na década de 1960; foi adotado inicialmente nos EUA e depois na Europa, pela França, mas foi sendo adotado por todos os países, aumentando a consciência em relação à questão ambiental, introduzindo o conceito de impacto ambiental na avaliação de projetos em desenvolvimento. No conceito de impacto ambiental está inserido o controle e a reparação dos efeitos negativos da poluição, além da avaliação das alterações ambientais geradas pelas atividades de desenvolvimento, como a perda de recursos naturais, efeitos sociais e econômicos sobre a população, perda da biodiversidade em geral, entre outros. Como um instrumento de politica, gestão ambiental e desenvolvimento sustentável de projetos de empreendimentos, o processo de avaliação de Impacto Ambiental (AIA) caracteriza-se por procedimentos capazes de assegurar, desde o planejamento, fazendo um exame sistemático dos impactos ambientais de um projeto, apresentando os resultados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão. No Brasil, a avaliação de impacto ambiental foi introduzida por meio da Lei Federal n 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instaurou a Política Ambiental e estabeleceu, entre outras coisas, o zoneamento ambiental, o licenciamento, o controle e a fiscalização ambiental e o monitoramento ambiental. Cada um desses instrumentos foi regulamentado por meio de resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). No caso da avaliação de impacto ambiental, sua regulamentação em nível nacional se deu a partir da Resolução 001/86 do CONAMA, na qual foram estabelecidas as definições, critérios básicos as diretrizes para sua introdução no país, formalizando o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto ambiental (RIMA), como condicionantes para o licenciamento ambiental de empreendimentos que causavam impactos ao meio ambiente. Mais tarde, a Constituição da República, de 1988, no capítulo de meio ambiente (art. 225), consolidou o estudo prévio de impacto ambiental como exigência para a implantação de obra ou atividades causadoras de degradação do meio ambiente (parágrafo 10, Inc. IV). 14 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil No Brasil, a Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento de política e gestão que inclui a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA – e do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA , que deve ser realizado na fase prévia à implantação de empreendimentos, ou seja, na etapa de estudos e projetos, com o objetivo de analisar a viabilidade ambiental. O processo começa com a definição da necessidade ou não da elaboração do EIA pelo órgão ambiental, podendo ser em nível federal, estadual ou municipal, dependendo da abrangência do projeto. Esses estudos são condicionantes ao licenciamento ambiental do empreendimento. Em caso de confirmada pelos órgãos ambientais a necessidade de elaboração do EIA, o empreendedor será o responsável pela contratação do Estudo e por todos os custos decorrentes do trabalho. Os empreendimentos que são exigidos para a elaboração do EIA são listados no art. 2º da Resolução CONAMA 001/86, mas outras atividades poderão ser incluídas, atividades cujos impactos ambientais sejam considerados relevantes. Elaborado o EIA e o RIMA, os documentos devem ser apresentados ao órgão ambiental, divulgando formalmente a sua apresentação e o correspondente pedido de licença ambiental na imprensa oficial. Após a análise técnica do EIA, o órgão ambiental emitirá o parecer com base nas avaliações, estabelecendo os condicionantes técnicos e as medidas mitigadoras dos impactos ao meio ambiente, que são determinadas no caso de a decisão ser favorável sobre o projeto avaliado e emitirá a Licença Ambiental Prévia. A avaliação de impactos envolve procedimentos técnico-científicos e também administrativos, políticos e institucionais. Em relação aos procedimentos tecnicocientíficos, utilizam-se métodos e técnicas desenvolvidas em todas as áreas de conhecimento, principalmente relacionadas ao meio físico, biótico, social e econômico. 15 Avaliação de Impacto Ambiental – Conceitos O meio ambiente é tratado como um sistema nos estudos ambientais, isto é, o conjunto de partes que se integram. Os fenômenos no sistema processam-se por meio de fluxos de matéria e energia, de modo que o conjunto de uma das partes dependa das demais. O ecossistema, que é o sistema onde se vive, é entendido por uma unidade natural constituída de parte não viva (água, gases atmosféricos, sais minerais e radiação solar) e de parcela viva (plantas e animais, incluindo os microrganismos) que interagem ou se relacionam entre si, formando um sistema estável. Um sistema ambiental inclui todos os processos e as interações que compõem o ambiente, como os fatores físicos e bióticos e os fatores de natureza socioeconômica, política e institucional (MOREIRA apud PHILIPI). O planejamento ambiental deve ser multidisciplinar e interdisciplinar, já que o estudo dos sistemas ambientais, cujos elementos estão sempre interagindo, exige a interação de conhecimento de várias disciplinas, para que se obtenham resultados e interpretações que permitam conhecer o sistema estudado. Desse modo, os métodos e técnicas de análise ambiental devem considerar a interdisciplinaridade como um pressuposto. Os participantes dos estudos devem ser de várias especialidades, atuando em conjunto, formando uma equipe multidisciplinar. Para análise ambiental, são utilizados os termos elemento, componente e fator ambiental, todos para designar uma das partes constituintes de um sistema ambiental. Elemento é um termo de ordem geral como o ar, a água, a vegetação, a sociedade. Componente costuma designar uma parte de um elemento, a temperatura da água, uma espécie da flora ou fauna. O fator ambiental designa o elemento a partir da sua função específica no funcionamento do sistema, qualidade da água por exemplo. Cada grupo de trabalho deve selecionar os componentes e fatores mais relevantes a serem estudados a fim de elaborar o diagnóstico ambiental de um sistema ambiental específico. 16 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) Conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) Na Resolução Conama n. 001/1986, no art. 6º, constaque o estudo de impacto ambiental deverá ter no mínimo as atividades técnicas, conforme veremos a seguir: · Diagnóstico Ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, para caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto; · Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, descriminando os impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos, em médio e longo prazos, temporários e permanente, qual seu grau de reversibilidade, suas propriedades cumulativas e sinérgicas, a distribuição do ônus e benefícios sociais; · Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, indicando os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, com a avaliação da eficiência de cada uma delas; · Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento. Parágrafo único – Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o município, fixará as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área. O conteúdo citado são referências para selecionar os componentes e fatores que serão utilizados para a análise de um determinado sistema ambiental, objeto de alguma intervenção humana. Geralmente, esses itens auxiliam a seleção dos componentes e fatores mais relevantes para o estudo de uma determinada área. Essa seleção também deve basear-se no conhecimento da área, bem como nas preocupações manifestadas pelas organizações sociais existentes no local. Para otimizar o trabalho, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo redigiu um Manual de Orientação para a Elaboração de Estudo de Impacto Ambiental, que fornece orientações sobre os componentes a serem explorados no Diagnóstico Ambiental (SMA,1992). 17 Diagnóstico Ambiental Tema de nossa Disciplina, o diagnóstico ambiental tem como objetivo conhecer o grau da qualidade ambiental do ambiente. O diagnóstico ambiental é, portanto, construído a partir da avaliação dos componentes e fatores ambientais que o compõem. O resultado do diagnóstico servirá de referência para análise de alterações antrópicas potencialmente geradoras de impactos ambientais e para a elaboração de prognóstico sobre alterações futuras da qualidade ambiental (PHIPLIPI). O diagnóstico ambiental é uma parte central do Estudo de Impacto Ambiental – EIA – de projetos e de qualquer análise de qualidade dos sistemas ambientais. De acordo com o manual para elaboração de EIA (SMA, 1992), no diagnóstico devem ser descritos e analisados os fatores ambientais. O plano de trabalho para o diagnóstico ambiental deverá atender os termos de referência específicos para o projeto que está em análise, concentrando-se nos fatores ambientais relevantes dos meios físico, biológico e antrópico, considerando também os planos e programas de governo existentes e a legislação. De forma geral, o diagnóstico ambiental deve compor os seguintes itens: Meio Físico: o clima e as condições climáticas da área, a qualidade do ar, os níveis de ruído, os aspectos geológicos, geotécnicos e geomorfológicos, os tipos de solo, a situação de quantidade e qualidade dos recursos hídricos; Meio Biológico: os ecossistemas terrestres e aquáticos, os ecossistemas de transição, em especial a fauna e a flora, as espécies raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; Meio Antrópico: descrição sobre a população diretamente atingida e também sobre as inter-relações socioeconômicas regionais. Caracterização da dinâmica populacional, mapeamento do uso e ocupação do solo, indicadores de qualidade de vida, redes de infra-estrutura sanitária. Dados epidemiológicos também são relevantes para indicar a qualidade da saúde da população envolvida na área estudada. Após a elaboração do diagnóstico ambiental, serão definidos os fatores mais relevantes a serem considerados na identificação e análise dos impactos, que se baseiam na constatação das alterações de causa e efeito entre as ações desenvolvidas na execução de uma atividade e o sistema ambiental afetado. 18 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) Considerações Finais Recapitulando, nesta Unidade, tratamos um pouco da história evolutiva do homem com enfoque no meio ambiente; vimos como o homem aprendeu a sobreviver á natureza a dominá- la e a utilizá-la de acordo com suas necessidades. Neste enfoque, o marco foi a Revolução Industrial, que trouxe a explosão demográfica nas cidades, aumento do poder econômico e as mudanças mais significativas de hábitos, gerando o comodismo e o consumismo com o uso indiscriminado dos recursos naturais e emissões de poluentes que acabaram se voltando contra os próprios seres humanos. Vimos que essa situação acabou gerando uma mobilização mundial contra a poluição e a devastação dos recursos naturais. Com isso, vários encontros mundiais importantes foram realizados para tratar dos efeitos do uso desmedido dos recursos naturais e da poluição. Todo esse movimento gerou, entre outras coisas, medidas, inclusive nos níveis governamentais, para o controle e a preservação ambiental. Entre essas medidas, temos a obrigatoriedade da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) para vários segmentos. O processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) foi introduzido mundialmente na década de 1960, adotado inicialmente nos EUA e depois foi sendo adotado por todos os países, aumentando a consciência em relação a questão ambiental. No Brasil, a avaliação de impacto ambiental foi introduzida por meio da Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instaurou a Política Ambiental que estabeleceu, entre outras coisas, o zoneamento ambiental, o licenciamento, o controle e fiscalização ambiental e o monitoramento ambiental. Cada um desses instrumentos foi regulamentado por meio de resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Dentro do EIA, vimos que o diagnóstico ambiental corresponde à parte central do estudo e, nesta Unidade, já conceituamos o que é diagnóstico ambiental e o que o compõe. 19 Material Complementar Leitura: Para se aprofundar no tema proposto nesta unidade, leia o artigo “Governança Ambiental do Brasil: Ecos do Passado”. Disponível no link: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v21n46/08.pdf. Acessado em: 25/11/14. 20 Unidade: Conceitos e História da Questão Ambiental (Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental) Referências BRAGA, B. et al. Introdução Engenharia Ambiental. 2.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. BRASIL. Manual Para Elaboração de Estudos Para o Licenciamento com Avaliação de Diagnóstico Ambiental, 2014. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/ file/dd/Manual-DD-217-14.pdf.Acesso em: 1 out. 2014. PHILIPPI, A. Saneamento, Saúde e Ambiente. Barueri: Manoele, 2014. PHILIPPI, A. et al. Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manoele, 2004. PILGER, R. R. Administração e Meio Ambiente. Curitiba: InterSaberes, 2013. (livro eletrônico). 21 Anotações
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