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Aula 02 Parte 01 Comercio Internacional

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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Oi, pessoal. 
 
Nesta aula 2, veremos as formas usadas para o pagamento das operações de 
comércio exterior. Esta matéria não foi pedida em 2009 no edital de Auditor-Fiscal 
(AFRFB), mas apenas no de Analista-Tributário (ATRFB). 
A primeira questão é: como são feitas as remessas para o exterior para pagamento 
de alguma coisa? 
Ora, os bancos mantêm contas entre si. O Banco Itaú tem conta no Citibank de 
Nova York. Tem também no banco japonês e no italiano e no francês. Enfim, em 
quase todos os países. “Quase”? Sim, quase. O banco não é bobo de colocar 
dinheiro em banco russo nem em banco turco. Você abriria uma conta num banco 
argentino? Eu, hein... 
Pois bem, os bancos têm contas entre si e é dessas contas que saem os recursos 
para os exportadores estrangeiros. Mas não só para eles. Caso a Petrobras decida 
fazer um investimento na Venezuela, como isso será feito? 
A Petrobras entrega o valor em reais para o banco Bradesco ou algum onde tenha 
conta (provavelmente o Banco do Brasil), e este banco brasileiro disponibiliza a 
moeda estrangeira para a Petrobras no exterior. A empresa pode então usar o 
dinheiro para o investimento, comprando material, pagando salários, enfim usar o 
dinheiro para fazer a construção ou o investimento que quiser. 
Veja que esta forma de pagamento envolve o fechamento de contrato de câmbio 
com um banco no Brasil. O sujeito no Brasil vai entregar reais para receber moeda 
estrangeira, ou seja, haverá troca (“câmbio”) de uma moeda por outra. E esta troca 
é formalizada no chamado “contrato de câmbio”. 
As normas vinculadas ao controle cambial (que é um dos três controles que o 
governo brasileiro realiza, como vimos na aula demonstrativa) são definidas pelo 
Banco Central (BC), a quem compete também a fiscalização das operações. O BC 
define as formas ou modalidades de pagamento, os prazos, define alguns limites 
para as operações dos bancos, enfim define tudo que se refira à matéria cambial. O 
Banco Central não verifica se os impostos foram corretamente recolhidos, pois isto 
é de competência da Receita Federal. Para frisar: o pagamento que o Banco Central 
fiscaliza não é o dos tributos, mas o pagamento ao exterior pela mercadoria. 
 
O pagamento ao (e o recebimento do) exterior por meio de contas mantidas pelos 
bancos é o meio mais tradicional, mas existem outras formas de remetermos 
valores para o exterior, assim como há outros meios de se receber dinheiro pago 
pelo importador estrangeiro. 
Vejamos alguns exemplos de pagamentos que fogem à regra geral: 
1) Podemos PAGAR importações com cartão de crédito ou com vale postal 
internacional, este adquirido da ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 
Talvez você já tenha feito uma importação pela Internet, informando o número do 
seu cartão de crédito... 
2) Podemos PAGAR também com recursos que mantemos no exterior. 
Como assim? Podemos ter conta no exterior? Sim. Por exemplo, em março de 
2008, o Banco Central passou a permitir que as empresas brasileiras exportadoras 
de bens e serviços mantivessem integralmente, em contas bancárias no exterior, os 
valores estrangeiros recebidos pela exportação, sem necessidade de os trazer para 
o Brasil. Ora, estas disponibilidades podem ser usadas para quitar importações 
feitas depois. 
Digamos que uma empresa brasileira tenha exportado bens no total de US$ 
1.000,00. O importador entregou o dinheiro e o exportador, em vez de trazer o 
dinheiro, convertendo-o para reais, resolveu deixar a moeda estrangeira depositada 
lá fora em uma conta bancária da qual ele é o titular. Alguns dias depois, faz uma 
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importação. Ora, a empresa pode entregar esses dólares para o fornecedor 
estrangeiro, sem necessidade de comprar moeda estrangeira por contrato de 
câmbio no Brasil. 
3) Podemos PAGAR importações com reais. 
Neste caso, o exportador estrangeiro possui uma conta em um banco brasileiro, a 
qual será alimentada pelo importador brasileiro com os reais da operação. 
O câmbio (a troca da moeda nacional pela estrangeira) somente será realizada 
quando E SE o exportador estrangeiro desejar remeter o valor para o exterior. 
 
Agora alguns exemplos de recebimentos de recursos do exterior da forma não-
tradicional: 
1) O exportador pode RECEBER valores em contas bancárias tituladas por ele no 
exterior, como vimos anteriormente; 
2) O exportador pode RECEBER reais diretamente do importador. 
Neste caso, o importador estrangeiro, possuindo uma conta bancária no Brasil, 
transfere os reais de sua conta para a conta do exportador. 
3) O exportador pode RECEBER o valor por meio da administradora de cartão de 
crédito (Mastercard, Visa, Amex, ...) ou por meio de vale postal; 
4) O vendedor brasileiro pode receber os dólares (ou outra moeda estrangeira) 
diretamente das mãos do estrangeiro. 
É o caso, por exemplo, dos turistas estrangeiros, passeando no Brasil, que 
adquirem jóias ou pedras preciosas em joalherias brasileiras. A legislação permite, 
em alguns casos (o detalhamento destes é dispensável para este curso), que a 
empresa brasileira receba moeda estrangeira para o seu caixa. 
 
Bem, depois da apresentação das exceções, voltemos à regra geral do contrato de 
câmbio. 
 
Contrato de câmbio 
 
Como o importador brasileiro paga ao exportador estrangeiro? Vimos que o dinheiro 
sai da conta que o banco brasileiro mantém em um banco estrangeiro. Mas como é 
feita esta troca de moedas? Quantos reais serão necessários para que o Bradesco 
libere US$ 10.000,00 (dez mil dólares) ao exportador estrangeiro? 
A conversão, ou câmbio, das moedas é feita a partir de um contrato de câmbio. O 
importador, precisando pagar ao exportador um valor de US$ 10.000,00, recorre a 
um banco, qualquer banco autorizado a operar em câmbio, e lhe pergunta: “Ei, tô 
precisando mandar US$ 10.000,00 para o exportador francês. Qual é tua taxa de 
câmbio (ou quanto você me cobra em R$ para liberar os US$ lá para fora)?” 
O banco vai dizer: “Minha taxa é US$ 1 = R$ 1,90”. 
O importador pode gostar ou não da resposta. Se não gostar, vai ficar repetindo a 
mesma pergunta para os outros bancos até conseguir a taxa que mais lhe agrade 
(Em algumas situações, o importador não tem o direito de fazer esta busca, como 
no caso de os documentos estarem já na mão de um banco em cobrança, como 
veremos à frente). Quando o importador e o banco acertarem a taxa de câmbio, 
terão feito a CONTRATAÇÃO. 
Todo contrato de câmbio tem duas etapas: a contratação e a liquidação. 
A contratação corresponde à assinatura do contrato. No contrato fica definida a 
taxa de câmbio, o exportador para o qual o banco deve entregar os recursos, a 
data desta entrega, entre outros dados. 
Já a liquidação é o efetivo pagamento. 
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Vamos fazer a seguinte analogia: Eu saí de casa para comprar uma televisão na 
loja. Chego lá, olho, olho, olho (do verbo olhar) e saio (eu nunca compro nada na 
primeira loja em que eu entro.) Como também não compro nada na segunda loja, 
eu vou entrar na terceira. Aí eu falo para o vendedor: “Olha, nas outras lojas eu 
consegui o preço tal, você me vende a televisão por menos do que tal?” 
Se ele aceitar, vamos fazer a contratação da televisão. Só que eu só vou pagar em 
30/60/90 dias. Três parcelas sem entrada e sem juros. 
Se, na loja, o preço da televisão aumentar entre o dia em que comprei e o dia do 
pagamento, haverá mudança no preço que eu tenho que pagar? Óbvio que não, o 
preço já está fechado e ele não se altera mais. 
A mesma coisa ocorre com a taxa de câmbio. Depois de fechado o contrato de 
câmbio, a taxa de câmbiopode ser alterada? NÃO. Pela contratação, define-se a 
taxa de câmbio, a qual não pode mais ser alterada. 
No 30o dia, ocorre a liquidação da primeira parcela. E, depois, a liquidação das 
segunda e terceira parcelas. 
 
Formas de Pagamento/Recebimento 
 
Para pagar por importações realizadas (ou receber por exportações feitas), 
podemos escolher uma das quatro formas de pagamento: 
1) pagamento antecipado (ou recebimento antecipado) 
2) cobrança 
3) remessa sem saque 
4) carta de crédito (ou crédito documentário) 
 
Antes de entrarmos em cada uma das modalidades de pagamento, cabe frisar que 
elas independem da moeda utilizada para o pagamento. Por exemplo, vimos que o 
Banco Central passou a permitir que as exportações brasileiras sejam pagas em 
reais. Neste caso, o importador alemão, por exemplo, vai depositar reais na conta 
do exportador brasileiro aqui no Brasil. Nesta situação, o exportador brasileiro não 
precisou recorrer a um contrato de câmbio, pois o importador alemão já possuía 
uma conta em reais no Brasil. 
Caso o depósito dos reais na conta do exportador brasileiro seja feito antes do 
embarque, a forma de pagamento terá sido o Recebimento Antecipado, como 
veremos à frente. Não interessou se a exportação foi em moeda estrangeira (que é 
o normal) ou em moeda nacional (exemplificada acima). Da mesma forma, as 
demais modalidades podem ser operadas em moeda nacional ou estrangeira. 
Cada uma das modalidades de pagamento tem custos e riscos. Cabe já destacar a 
carta de crédito como sendo a modalidade mais segura. 
 
1a Modalidade de Pagamento: Pagamento Antecipado/ Recebimento 
Antecipado 
 
Por pagamento antecipado (ou remessa antecipada), entende-se o pagamento que 
é feito antes do embarque da mercadoria no exterior com destino ao Brasil. Mas 
isto só é válido quando a mercadoria está entrando no Brasil a título definitivo. 
Ora, uma mercadoria pode entrar no Brasil a título definitivo (é o caso, por 
exemplo, das mercadorias compradas) ou temporário (é o caso, por exemplo, das 
mercadorias trazidas em empréstimo, aluguel ou para participar de alguma 
competição/demonstração). 
Quando a mercadoria está entrando a título temporário, o Banco Central define que 
o pagamento antecipado é aquele feito antes do desembaraço aduaneiro. Como 
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assim? Haverá pagamento por uma mercadoria que veio apenas temporariamente? 
Talvez sim. Mas antes de entrarmos na explicação do pagamento por bens 
importados temporariamente, precisamos ver o desembaraço aduaneiro. 
O que é o desembaraço aduaneiro? 
Não vamos estudar aqui o despacho aduaneiro, visto que os editais de AFRFB/2009 
e de ATRFB/2009 não o cobraram expressamente. Somente alguns pontos da 
legislação aduaneira foram cobrados nos editais de 2009, tais como a valoração 
aduaneira, a classificação fiscal e os regimes aduaneiros. No entanto, é necessária 
uma pequena explicação do desembaraço para entendermos a modalidade de 
pagamento pedida no edital. 
Quando uma mercadoria é importada por um residente, seja pessoa física, seja 
jurídica, ele deve declará-la para a Receita Federal no sistema chamado SISCOMEX 
– Sistema Integrado de Comércio Exterior. Este sistema fica instalado em seu 
computador e, a cada importação, o sujeito deve declarar o valor da mercadoria, o 
peso líquido, o valor do frete, o produtor, o exportador, enfim um número enorme 
de informações. Depois de preencher a declaração de importação (DI), o 
importador manda-a pelo sistema via Internet e sua DI é registrada se não houver 
algum problema. 
Que tipo de problema poderia existir? 
Por exemplo, se fosse uma pessoa jurídica com o CNPJ inativo, poderia registrar 
uma DI? Não. 
Se aquela mercadoria precisa da autorização de algum órgão para ser importada, 
poderá ser registrada a DI se a importação não foi autorizada? É claro que não. 
E como são cobrados os tributos? Inicialmente, lembremos do Direito Tributário: há 
três tipos de lançamento – de ofício, por homologação e por declaração. No 
lançamento de ofício, a Receita lança o crédito tributário sem perguntar nada para 
o sujeito passivo. No lançamento por declaração, a Receita pergunta pro sujeito 
algumas coisas e, com base na resposta dele, faz o lançamento. No lançamento por 
homologação, cabe ao sujeito antecipar o pagamento sem perguntar nada para a 
Receita. Neste caso, a Receita tem um prazo para homologar expressamente o 
pagamento. Caso a Receita não o faça no prazo definido, o crédito é extinto 
automaticamente. 
O imposto de importação cai na modalidade de lançamento por homologação, pois 
os impostos são pagos na hora que o SISCOMEX registra a DI. 
Escrevi que o SISCOMEX vê se o CNPJ do sujeito está ativo, vê se a importação foi 
autorizada, vê outras coisas que não nos cabe analisar (o despacho aduaneiro não 
foi pedido no edital) e tenta, por último, fazer o débito automático da conta 
bancária do importador (os números da conta, da agência e do banco, por isso, 
também têm que ser informados na DI). 
Caso haja fundos na conta bancária do importador, os tributos são debitados e a DI 
é finalmente registrada, ganhando um número. Agora esta DI está sujeita à 
verificação pela Receita. O órgão vai verificar se a mercadoria foi corretamente 
declarada. Verifica se a classificação fiscal está correta (da classificação depende a 
alíquota, como você verá na aula de classificação aduaneira com o Missagia. A cada 
código, uma alíquota), se a base de cálculo foi apurada corretamente, se o país 
exportador está informado corretamente (pode o importador tentar colocar um país 
errado só para não ter que pagar uma alíquota antidumping ou uma medida 
compensatória, que são defesas contra deslealdades praticadas pelos outros países 
– A aula de defesa comercial ainda teremos), enfim a Receita faz um “pente-fino” – 
mais ou menos “fino” dependendo do importador, da mercadoria e de outros 
parâmetros. 
Se, no final do despacho aduaneiro, que é o nome dado a este procedimento fiscal 
de confirmação da regularidade da importação, a Receita concluir que está tudo 
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perfeito, a mercadoria será desembaraçada. O desembaraço é a conclusão do 
despacho. É o ato final do despacho aduaneiro. 
Aqui se encerra a “pequena” explicação do desembaraço aduaneiro, mas para que 
vimos o que era isso? 
Para explicar que o Banco Central, caso a mercadoria importada temporariamente 
tenha a sua permanência transformada em definitiva, considera que o pagamento 
será chamado “antecipado” caso tal pagamento ao exportador seja feito antes do 
desembaraço. 
Pelo amor de Deus, não confunda o pagamento ao exportador com o pagamento 
dos tributos. O pagamento dos tributos à Receita, quando devido, é feito no 
registro da DI, ou seja, antes do desembaraço. O que estamos analisando é o 
pagamento ao exportador. 
Por exemplo, considerando que um importador, que tenha trazido uma mercadoria 
para ficar, em princípio, temporariamente, resolva ficar com a mercadoria 
definitivamente no Brasil, ele deve pagar por ela (É muito comum se trazer uma 
mercadoria para teste e posterior aquisição caso o produto agrade.) 
Como, em princípio, a mercadoria entrou para ficar por pouco tempo, foi feita uma 
DI para a admissão temporária (que é o nome do regime especial a que se 
submetem as mercadorias importadas para ficar no país apenas temporariamente). 
Mas, como o importador agora decidiu que não quer mais devolvê-la ao exterior, 
ficando com ela definitivamente, deve ser feita uma 2a DI. Esta será para registrar 
a permanência definitiva. Ela é diferente da 1a porque agora os tributos devem ser 
cobrados. Na entrada temporária, os tributos não são cobrados já que a mercadoriavai depois voltar para o exterior. Os tributos ficam suspensos, como você verá na 
aula de regimes aduaneiros especiais, a cargo do Missagia. 
Veja o seguinte: se há duas DIs, há dois desembaraços. A mercadoria que entrou 
inicialmente a título temporário foi desembaraçada e liberada para o importador 
pela primeira DI. Posteriormente, quando o importador decidiu ficar com a 
mercadoria a título definitivo, ele teve que fazer uma segunda DI. O Banco Central 
definiu então que, se o pagamento ao exterior for feito antes do desembaraço desta 
segunda DI, ele será considerado antecipado. 
 
Concluindo: pagamento antecipado é aquele feito antes do embarque no caso das 
importações definitivas. E é aquele feito antes do desembaraço no caso das 
mercadorias que entraram a título temporário, mas que têm sua permanência 
transformada em definitiva. 
 
De quem é o risco quando se usa a modalidade de “pagamento antecipado” ? 
No caso do pagamento antecipado com mercadoria que embarca no exterior a título 
definitivo, com certeza o risco é do importador, já que ele paga e depois fica 
esperando o exportador mandar a mercadoria. 
Por isso, somente é empregada quando o importador confia no exportador. É 
comum também quando o exportador exige o pagamento antecipado porque não 
conhece o importador. Por exemplo, eu mesmo só venderia meu carro para alguém 
se eu confiasse que iria receber ou então, se não confiasse, se o comprador me 
pagasse antes de eu entregar o carro. Aí eu ficaria tranqüilo. 
Já no caso de pagamento antecipado de mercadoria que, a princípio, entrou 
temporariamente e cuja permanência foi transformada em definitiva, em tese não 
haverá risco para o importador caso a mercadoria já esteja na mão dele. 
 
 
 
 
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Compra frustrada 
 
Imagine que o importador tenha feito o pagamento pela mercadoria 
antecipadamente ao embarque, mas a mesma não foi entregue pelo exportador 
estrangeiro. 
Como isso é tratado pela legislação brasileira? 
Está escrito na Circular 3.401/2008 do Banco Central que o importador deve 
providenciar, no prazo de até 30 dias, a repatriação dos valores antecipados. 
A mesma regra vale no caso da mercadoria que entrou a título temporário: caso a 
nacionalização não se dê no prazo que foi informado quando da liquidação do 
contrato de câmbio, então o importador deve pegar o dinheiro de volta. Tem que 
“se virar”, “dar um jeito”. 
 
Venda frustrada 
 
E se tivesse sido uma exportação com recebimento antecipado? O que a nossa 
legislação prevê no caso de não exportarmos? 
Neste caso, a Circular 3.454/2009 do Banco Central impõe que o exportador, 
mediante anuência prévia do pagador estrangeiro, deve converter a entrada do 
dinheiro para contabilizá-lo como empréstimo em moeda ou investimento direto de 
capital. E isto vale tanto para os valores recebidos em reais quanto em moeda 
estrangeira. 
 
Prazo de Antecipação 
 
O Banco Central só permite que remetamos recursos antecipadamente ao exterior 
no máximo 180 dias antes do embarque. Portanto, se a mercadoria só vai ser 
embarcada daqui a um ano, não podemos ainda pagar por ela. Tem que ser no 
máximo em 180 dias. Há uma exceção quanto a isso: se for importação de 
máquinas e equipamentos com longo ciclo de fabricação ou de fabricação sob 
encomenda, o prazo de antecipação pode ser um prazo compatível com o tempo de 
produção ou comercialização do produto. Mas, neste caso, o prazo não pode passar 
de 1.080 dias, que é o equivalente a três anos. 
No caso de exportações, a modalidade não se chama “pagamento antecipado”, mas 
“recebimento antecipado”. 
No “recebimento antecipado”, o prazo máximo é mais camarada (“Exportar é o que 
importa”, Delfim Netto). Podemos receber o valor até 360 dias antes de 
mandarmos a mercadoria para o exterior. Há ainda situações específicas em que 
este prazo pode ser maior, tendo que ser obtido um Registro de Operações 
Financeiras (ROF), mas que fogem ao objetivo deste curso. 
 
Contratação do câmbio 
 
Vimos no início da aula que o importador brasileiro tem liberdade para contratar o 
câmbio. É muito fácil visualizar isto no pagamento antecipado, pois, como o 
importador está pagando antes do embarque e o único documento emitido pelo 
exportador, por enquanto, foi a fatura proforma, então o importador não estará 
preso a banco algum. Como assim? 
O padrão no comércio exterior é que as partes utilizem os serviços bancários para a 
entrega dos documentos (Isto é uma regra que admite exceções, como veremos 
depois). 
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Por exemplo, quando o exportador estrangeiro vende um bem para o importador 
brasileiro, como é que os documentos da operação, que estão na mão do 
exportador, chegarão ao importador para que este os apresente à Receita Federal? 
(Ora, a Receita Federal precisa fazer a conferência da importação com os 
documentos gerados na operação – fatura, conhecimento de carga, laudo sanitário, 
certificado de origem, romaneio de carga, entre outros.) 
Como chegarão esses documentos ao importador? Normalmente, pelos bancos. O 
exportador entrega os documentos ao seu banco. Este, por sua vez, repassa tais 
documentos para que um banco no Brasil faça a cobrança do valor. Quando os 
documentos chegarem ao banco brasileiro, este irá telefonar para o importador, 
chamando-o à agência. Desta forma, o importador estará preso a este banco. E 
terá que aceitar a taxa de câmbio cobrada por ele. Esta modalidade é a Cobrança, 
que veremos logo em seguida. 
 
Voltemos ao Pagamento Antecipado. 
No Pagamento Antecipado, não é o banco que telefona para o importador, para 
dizer que seus documentos chegaram. É o importador que vai ao banco com total 
liberdade, pois não está indo para buscar documentos, já que a mercadoria ainda 
nem embarcou lá fora. Quando chegar aos bancos, estes lhe dirão: “Você por aqui? 
Nem te esperava. No que eu posso te ajudar?”. É bem diferente de ser recebido 
pelo gerente assim: “Olá, já estava te esperando. Senta ali. Seus documentos 
chegaram ontem do exterior e a taxa de câmbio é US$ 1 = R$ 2. Assine aqui.” 
Olha a diferença de tratamento. No pagamento antecipado, o importador consegue 
barganhar a melhor taxa de câmbio, pesquisando entre os vários bancos que 
vendem moeda estrangeira. 
(Escrevi aí em cima que a remessa de documentos pelos bancos é a regra, mas 
veremos ainda a Remessa Sem Saque, que é uma modalidade de pagamento em 
que os documentos vêm diretamente do exportador para o importador, sem passar 
por bancos.) 
 
Na prova de AFTN/98 caiu a seguinte questão sobre Pagamento Antecipado, 
sinônimo de Remessa Antecipada: 
(AFTN/1998) Sobre a remessa antecipada, é correto afirmar-se que 
a) é modalidade de pagamento muito empregada por não acarretar riscos para as 
partes 
b) não acarreta riscos para as partes, não sendo, contudo, de emprego muito 
freqüente 
c) acarreta risco para o importador, sendo, por essa razão, modalidade de 
pagamento pouco empregada 
d) é freqüente por fornecer garantia ao importador de concretização da transação 
comercial 
e) não acarreta risco para o importador por ser amparada em seguro de crédito 
 
Comentários 
 
O pagamento antecipado (ou remessa antecipada) não é modalidade muito 
empregada, pois envolve risco para o importador. Gabarito: Letra C. 
 
2a Modalidade de Pagamento: Cobrança 
 
A modalidade de cobrança traz maior segurança ao importador, pois, pelo menos a 
mercadoria já foi embarcada com destino ao Brasil (a insegurança ainda existe, 
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pois pode ter vindo mercadoria diferente da que foi combinadaou mesmo 
mercadoria com defeitos ou estragada). 
Na modalidade cobrança, obviamente o pagamento é feito após o embarque, senão 
seria pagamento antecipado. A mercadoria é embarcada e depois o exportador 
envia os documentos ao importador usando os serviços de um banco. 
O exportador pega os documentos, alguns emitidos por ele mesmo, como, por 
exemplo, a fatura comercial, o certificado de origem e o packing list (este é uma 
lista em que o exportador relaciona as mercadorias por caixa ou por outro volume. 
O packing list é essencial para a Receita quando esta decide fazer a conferência por 
amostragem. O AFRFB pega o packing list e fala: “Quero ver as caixas números 1, 
4 e 17”. Se, nas caixas escolhidas, as mercadorias coincidirem com o que está 
escrito no packing list, o AFRFB não precisa conferir o resto. Caso contrário, o 
importador vai ter que abrir todas as caixas.) 
Outros documentos que o exportador tem que entregar ao importador brasileiro 
não foram emitidos por ele. Por exemplo, o certificado sanitário emitido pelas 
autoridades sanitárias do seu país atestando a sanidade do animal ou do vegetal. 
Outro exemplo é o conhecimento de carga, que é, em última análise, o contrato de 
transporte. O conhecimento de carga também é chamado de conhecimento de 
embarque, de frete ou de transporte e é emitido pelo transportador. 
Pois bem, o exportador pega todos esses documentos e fala para um banco, 
normalmente aquele em que mantém uma conta: “Ô, senhor banco, entrega esses 
documentos ao importador X lá no Brasil. Mas, olha só, entregue somente se o 
importador pagar por eles (se for cobrança à vista) ou se der o aceite na letra de 
câmbio (se for cobrança a prazo)” Então o banco responde: “Sim, senhor. Não 
esqueça da minha comissão, hein, senhor exportador.” “Fechado.”, responde o 
“senhor” exportador. 
Pois então o senhor banco pensa: “Caramba, eu tenho que entregar isso lá no 
Brasil. Mando um boy ou peço para outro banco?” (O boy é só brincadeira... Ah! 
como eu gostaria de ser um boy de banco se ele operasse assim...) 
O banco do país exportador vai então entregar os documentos a um banco seu 
correspondente aqui no Brasil e adivinha o que ele vai falar: “Ô, senhor banco 
brasileiro, entrega esses documentos ao importador X aí no Brasil, mas, olha bem, 
não esquece de pegar o dinheiro dele.” ou então “não esquece de pegar o aceite (a 
assinatura) dele na letra de câmbio”. 
Então, quando os documentos chegam ao Brasil, o banco brasileiro vai ligar para o 
importador X e falar: “Ô, importador, vem cá pegar seus papéis, mas não esqueça 
de trazer o dinheiro (ou a caneta para dar o aceite na letra de câmbio).” Quando o 
importador for ao banco, ele paga pelos documentos ou dá o aceite na letra de 
câmbio. A letra de câmbio é equivalente à duplicata, que é usada no mercado 
interno. 
Neste momento, considerando que seja uma importação à vista, o importador paga 
em reais o equivalente à moeda estrangeira. Basta ver o valor que está consignado 
na fatura. Haverá então a celebração de um contrato de câmbio, em que o Banco 
Itaú, por exemplo, recebe R$ 20.000,00 para disponibilizar de suas contas no 
exterior o valor de US$ 10.000,00 (considerando US$ 1,00 = R$ 2,00). 
Como se faz o pagamento ao exportador estrangeiro? 
O banco Itaú, como vimos, tem dinheiro depositado no exterior, ou seja, dólares, 
euros, libras esterlinas, ienes japoneses, ... As moedas estrangeiras são vendidas 
ao importador brasileiro, mas não são entregues diretamente a ele e sim ao 
exportador estrangeiro indicado pelo importador. Se você pegar uma fatura 
comercial internacional de uma transação de compra e venda, normalmente 
encontra nela o número da conta do exportador. Assim, o banco Itaú, na hora de 
transferir os US$ 10.000,00 para o exportador, manda um aviso para o banco 
estrangeiro onde estão seus fundos e pede que este banco debite sua conta e 
credite a conta do exportador. 
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A cobrança pode ser à vista ou a prazo. 
Na cobrança à vista, o pagamento é feito pelo importador ao banco após o 
embarque, mas antes do desembaraço da mercadoria. 
Na cobrança a prazo, é feito após o desembaraço. 
Pode-se ver isso a partir da leitura da Circular 3.401/2008 do Banco Central: 
“1. Pagamento à vista é aquele efetuado anteriormente ao 
desembaraço aduaneiro da mercadoria ou à sua admissão em entreposto 
industrial, quando relativo a mercadoria importada diretamente do exterior 
em caráter definitivo, inclusive sob o regime de drawback, ou destinada a 
admissão na Zona Franca de Manaus, em Área de Livre Comércio ou em 
Entreposto Industrial, e: 
a) à vista dos documentos de embarque da mercadoria remetidos 
diretamente ao importador ou encaminhados por via bancária para 
cobrança, com instruções de liberação contra pagamento; ou 
b) em decorrência da negociação no exterior de cartas de crédito emitidas 
para pagamento contra apresentação de documento de embarque.” 
 
Portanto, podemos já sistematizar o seguinte: 
1) Pagamento antecipado: Pagamento antes do embarque ou aquele caso 
específico de entrada temporária transformada em definitiva; 
2) Pagamento à vista: Pagamento feito após o embarque e antes do 
desembaraço; e 
3) Pagamento a prazo: Pagamento feito após o desembaraço. 
 
Vimos que a cobrança comporta então as modalidades “à vista” e “a prazo”. O 
mesmo ocorre em relação à remessa sem saque, a ser vista no próximo tópico. Já a 
carta de crédito possui quatro modalidades, como veremos. 
 
Na modalidade cobrança, a insegurança maior é do exportador. Por quê? 
Se a modalidade for cobrança à vista, há chance de o importador pegar a 
mercadoria sem pagar por ela? Fica claro que não. Ele só pode pegar os 
documentos no banco se pagar por eles. Sem esses documentos, a Aduana não lhe 
irá entregar a mercadoria. Portanto, não há chance de o importador pegar a 
mercadoria sem pagar. Ah, então não há risco para o exportador? 
Há sim senhor (e senhora). E se o importador desistir de ficar com a mercadoria? E 
se o importador desiste de ir pegar os documentos no banco? O exportador se deu 
mal... Agora vai ter que arrumar um comprador para suas mercadorias ou então vai 
ter que voltar com ela para seu país. Com certeza, ambas as situações vão gerar 
custos não-previstos e talvez ainda tenha que dar algum desconto para atrair 
algum comprador... 
Na cobrança a prazo, além do risco da desistência citado acima, há ainda o risco de 
não-pagamento, pois o comprador pega a mercadoria e dá apenas um aceite na 
letra de câmbio. E se o importador não quiser pagar depois? 
 
Contratação 
 
Na modalidade cobrança, se os documentos estão com um banco, será que o 
importador vai poder ficar procurando outros bancos em busca da melhor taxa, 
como faz na modalidade Pagamento Antecipado? 
Parece óbvio que não. Se os documentos estão com um banco, é claro que o 
pagamento tem que ser feito para ele. O câmbio tem que ser contratado com ele. 
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Será que o banco vai entregar os documentos ao importador se este pagar para um 
outro banco? Será que uma loja entrega uma televisão para mim se eu der um 
dinheiro para outra pessoa como, por exemplo, para a minha esposa? Ah! como 
seria legal... Todo dia eu ia dar um dinheiro para a minha esposa e ia correndo lá 
na loja dizer: “Olha, me dá aquela televisão, aquela geladeira e aquele aparelho de 
som e sem reclamar, porque eu acabei de pagar para minha esposa.” 
Na prática, o que acontece na modalidade cobrança é que o importador faz esta 
cotação de taxas antes de os documentos serem enviados pelo exportador para 
que, quando os documentos vierem, eles venham direto para o banco que o 
importador indicar. Mas isso se oexportador concordar... Se o exportador só 
confiar em um banco no seu país e se este banco somente confiar em um banco 
brasileiro, haverá alguma chance de a cobrança se dar com um banco escolhido 
pelo importador? Parece óbvio que não... 
 
3a Modalidade de Pagamento: Remessa sem Saque 
 
Saque, cambial e letra de câmbio são sinônimos. São três nomes diferentes para a 
mesma coisa: um título de crédito emitido pelo vendedor da mercadoria para se 
pegar a assinatura (o aceite) do comprador, no caso das vendas a prazo. É um 
título que tem no comércio exterior a mesma função que a duplicata tem no 
comércio interno. 
Então o que é remessa sem saque? É a remessa dos documentos diretamente do 
vendedor ao comprador, desacompanhados de um saque, letra de câmbio. Se não 
há letra de câmbio enviada com os documentos, então não se exigirá aceite para a 
entrega destes. Mas para que serviria a letra de câmbio e o aceite? 
Eles podem servir para: 
1) Ser facilitada a cobrança posterior, já que, com o aceite, o comprador 
reconhece sua dívida (isto é importante quando o exportador não confia no 
importador); e 
2) Ser descontada a letra em um banco, de forma análoga ao desconto de 
duplicata estudado em Contabilidade. 
 
O Bruno Ratti tem uma desatualização neste assunto. O livro é excelente, inclusive 
o recomendo em todo curso que dou, mas está desatualizado nesse ponto. O Bruno 
Ratti escreve à página 78 da 11a edição que “o importador recebe diretamente do 
exportador os documentos de embarque (sem saque), promove o desembaraço da 
mercadoria na alfândega e, posteriormente (grifo meu), providencia a remessa da 
quantia respectiva para o exterior.” 
Quando isto foi escrito no livro realmente a remessa sem saque só comportava 
pagamento após o desembaraço, ou seja, pagamento a prazo. Hoje, no entanto, 
desde a Circular BACEN 3.401/2008, a remessa sem saque comporta modalidades 
à vista (pagamento antes do desembaraço) e a prazo (pagamento após o 
desembaraço). Onde está escrito isso? 
Se você pegar o texto que eu coloquei na página anterior, vai encontrar lá o 
seguinte: 
“1. Pagamento à vista é aquele efetuado anteriormente ao desembaraço 
aduaneiro da mercadoria ... e: 
a) à vista dos documentos de embarque da mercadoria remetidos 
diretamente ao importador ou ...” 
 
Logo, há remessa sem saque (remessa direta de documentos ao importador) com 
pagamento à vista, ou seja, efetuado antes do desembaraço. 
 
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Para fechar este assunto, vamos comparar as modalidades cobrança e remessa 
sem saque: 
1) em qual modalidade o exportador está sujeito aos maiores riscos? 
Resp.: Com certeza, na remessa sem saque, já que os documentos são dados “de 
bandeja” para o comprador. 
2) Qual das modalidades é mais barata para a operação? 
Resp.: Com certeza, a remessa sem saque, já que não será prestado nenhum 
serviço de entrega de documentos pelos bancos. 
 
Seguem duas questões sobre cobrança e remessa sem saque. 
(AFRF/2002-1) Realizado o embarque dos bens, o vendedor envia todos os 
documentos originais diretamente ao comprador, antes do pagamento, 
sem qualquer interferência bancária. O vendedor sequer emite qualquer 
título representativo contra o comprador. 
Essa modalidade de pagamento corresponde a: 
a) carta de crédito documentário 
b) remessa sem saque 
c) cobrança 
d) letra de câmbio 
e) swift 
 
Comentários 
 
Questão tranqüila se você entendeu que na remessa sem saque os documentos vão 
direto do vendedor ao comprador sem passar por bancos. Letra B. 
O que é SWIFT da opção E? 
SWIFT é sigla de Society Worldwide Interbank Financial Telecommunication. É o 
sistema de comunicação interbancária. Qualquer troca de informações entre os 
bancos ocorre por meio deste sistema, que é ultra-hiper-seguro prá chuchu. 
 
(AFTN/1996) Cobrança é a modalidade de pagamento que se processa 
através da: 
a) Remessa ao exterior e por via bancária de documentos referentes à exportação 
para cobrança através do banco na praça do importador 
b) Imediata execução do pagamento por ocasião da celebração do contrato 
comercial 
c) Remessa antecipada do pagamento pelo importador ao exportador por via 
bancária 
d) Contratação da operação cambial para imediata liquidação 
e) Assinatura de termo de compromisso entre as partes, definindo o prazo para 
contratação do câmbio. 
 
Comentários 
 
Questão também tranqüila se você entendeu que na cobrança os documentos são 
passados do exportador para o importador por meio de intervenção bancária. Letra 
A. 
 
Vamos ver a última modalidade de pagamento: a carta de crédito. 
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4a Modalidade de Pagamento: Carta de Crédito ou Crédito Documentário 
 
O conteúdo desta parte se baseia na UCP 600 (Uniform Customs and Practice), 
criada pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) e em vigência desde 1o de 
julho de 2007. Antes de olharmos o que é a UCP, vamos à visão geral do 
funcionamento das cartas de crédito e da Câmara de Comércio Internacional, 
criadora da UCP. 
 
Visão Geral das cartas de crédito 
 
Sempre que eu ensino carta de crédito, gosto de falar das cartas da Caixa 
Econômica Federal, que financia a aquisição da casa própria. Quando um cidadão 
quer comprar uma casa e pede o financiamento da Caixa, o que ele faz? 
Junta um monte de papéis e vai bater ponto na agência da CEF. 
Depois que o banco analisa sua renda e sua capacidade de endividamento, entre 
outras coisas, ele define o valor máximo que pode financiar. Emite então a carta de 
crédito e o cidadão sai à procura do imóvel. 
A carta de crédito dá segurança tanto para o mutuário quanto para o vendedor. O 
mutuário fica tranqüilo porque sabe que a CEF vai fazer um “pente-fino” no imóvel 
pretendido. Significa que se houver qualquer probleminha no imóvel, a CEF o 
descarta. Isto porque quem, na realidade, está comprando o imóvel é a CEF e ela 
toma todos os cuidados. Isto acaba trazendo uma segurança enorme para o 
mutuário porque sabe que a CEF não vai comprar imóvel com problema. 
O vendedor fica também tranqüilo ao vender por meio de carta de crédito, pois 
quem assume o compromisso de lhe pagar não é uma pessoa qualquer, mas um 
banco e, mais do que isso, um banco sólido. 
Do mesmo jeito que nas cartas para aquisição de imóvel, a carta de crédito no 
comércio internacional traz segurança a ambas as partes – ao comprador e ao 
vendedor da mercadoria. 
Como funciona a carta no comércio internacional? 
A primeira coisa que acontece é o acerto de preço entre o comprador e o vendedor. 
Definem também o prazo máximo de embarque da mercadoria e onde ele virá no 
navio. Definem a quantidade, a forma de pagamento e os documentos que o 
exportador deve entregar para que se considere cumprido o compromisso por parte 
deste. Definem “trocentas” coisas e escrevem tudo isso sob a forma de minuta da 
carta de crédito. Em seguida, o importador leva o “rascunho” da carta ao banco 
emitente e este a formaliza. 
A carta de crédito é o compromisso que o banco assume de pagar ao 
exportador estrangeiro caso este cumpra tudo o que estiver definido na carta 
(Segundo a UCP 600, este compromisso é irrevogável, diversamente do que 
previa a UCP 500). 
A carta de crédito, em síntese, irá conter cláusulas que interessam ao comprador e 
outras cláusulas que interessam ao vendedor. Por exemplo, uma das cláusulas é o 
prazo máximo de embarque. Significa que, se o exportador embarcar a mercadoria 
após este prazo máximo, o compromisso do banco emitente da carta é desfeito. Na 
verdade, o banco pode até manter o compromisso de pagamento, mas só se o 
importador “deixar o descumprimento para lá”.Havendo descumprimento de alguma cláusula por parte do exportador, o 
importador pode decidir entre aceitar a mercadoria incondicionalmente, ou aceitar 
com a condição de ter um abatimento ou rejeitar incondicionalmente. Isto é muito 
útil na importação de castanhas e nozes, por exemplo. Eu conheço uma pessoa que 
só costuma comer nozes no Natal: eu. Imagine um grande supermercado fazendo 
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uma encomenda enorme de nozes. Já pensou o que aconteceria se o exportador 
atrasasse o embarque e as nozes só saíssem da Europa no dia 1o de janeiro. Eu, 
Rodrigo, nem vou olhar para essas nozes no supermercado. Nozes? Só no final do 
ano. Com certeza, outros clientes também vão agir assim e o supermercado vai ter 
prejuízo. 
O compromisso do banco de pagar ao exportador só fica de pé, em regra, se o 
exportador cumprir sua parte. Por isso, é a modalidade mais segura. O importador 
fica satisfeito porque terá um fiscal – o banco – para tomar conta do cumprimento 
do contrato. 
É a mais segura também porque o exportador sabe o seguinte: se ele, exportador, 
cumprir tudo, ele não tem dúvidas de que o banco irá pagar. Normalmente, confia-
se mais em banco do que em qualquer outra pessoa jurídica ou física. O banco 
sempre (ou quase sempre) cumpre seus compromissos. 
Caso o Beneficiário não confie no Banco Emitente, especialmente os bancos dos 
países em desenvolvimento, ele exige um avalista para o Emitente. O banco 
avalista é conhecido como Banco Confirmador, que pode ser qualquer banco 
situado em qualquer país (óbvio que o Confirmador somente não pode ser o 
Emitente: ninguém pode ser avalista de si mesmo). O avalista irá pagar caso o 
Emitente não o faça. 
Há uma classificação para os bancos: quando eles são à prova de suspeitas, são 
chamados “bancos de primeira linha”. Caso não seja um banco assim, um avalista 
provavelmente será solicitado pelo exportador. 
 
Uma das questões mais repetidas pela ESAF é sobre carta de crédito. Não há 
concurso desde 1996, exceto o de ATRFB-2009, em que não tenha caído questão 
sobre carta de crédito. Vamos ver algumas agora e, ao final, veremos outras. Mas 
percebam que em praticamente todas as provas anteriores caíram questões sobre 
carta de crédito. 
 
(AFRF/2002-2) Os riscos de não-pagamento de compromissos comerciais 
internacionais causados por fatores de ordem econômica, política, 
comercial, má-fé do comprador etc., podem ser minimizados, ou mesmo 
evitados, pelos operadores comerciais ao selecionar o meio de pagamento 
mais adequado. Nesse sentido, o meio de pagamento através do qual um 
banco (tomador) assume documentalmente compromisso de pagar ao 
beneficiário (exportador) identifica-se como uma 
a) cobrança a prazo. 
b) remessa antecipada. 
c) remessa sem saque. 
d) carta de crédito. 
e) accepted invoice consularizada. 
 
Comentários 
 
Quando o banco assume o compromisso de pagar estamos falando de carta de 
crédito. 
Apesar de ser uma resposta fácil, há um erro no enunciado. Segundo a UCP 500, 
“Tomador” é o importador e não um banco (No dia de aplicação desta prova, a UCP 
500 era a versão mais atual, e ela dispunha que o importador se chamava 
Tomador. Já a UCP 600, surgida em julho de 2007, apesar de não ter revogado a 
UCP 500, utiliza o termo Requerente para o importador). 
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Não existe banco tomador. O banco que emite a carta de crédito é chamado Banco 
Emitente ou Banco Instituidor. 
Gabarito: Letra D. 
 
(AFRF/2000) Para protegerem-se do risco de não-pagamento (de origem 
econômica, comercial ou política), operadores comerciais, ao recorrerem 
ao meio de pagamento pelo qual um banco (emitente), a pedido ou por 
conta de importador (tomador) assume documentalmente o compromisso 
de pagar ao exportador (beneficiário), estão utilizando 
a) a Remessa Antecipada 
b) a Cobrança à Vista 
c) a Carta de Crédito 
d) a Remessa sem Saque 
e) a Cobrança a Prazo 
 
Comentários 
 
Banco assumindo compromisso de pagar? Carta de crédito. Letra C. 
Repito o que escrevi para a questão anterior: Tomador foi o termo utilizado, sob a 
UCP 500, para o importador. Na presente questão, o termo foi utilizado 
corretamente. 
Atualmente, sob a UCP 600, o importador é conhecido como Requerente. 
 
(AFTN/1998) A modalidade de pagamento na qual o importador autoriza o 
banco com o qual opera a emitir uma ordem de pagamento condicional em 
favor do exportador é 
a) cobrança documentária 
b) crédito documentário 
c) remessa antecipada 
d) remessa sem saque 
e) red clause 
 
Comentários 
 
A carta de crédito é uma ordem de pagamento condicional na medida em que o 
compromisso do banco só será honrado SE E SOMENTE SE o exportador cumprir a 
parte dele. 
Não confunda cobrança documentária com crédito documentário. Cobrança 
documentária é outro nome para a modalidade cobrança. Leva este nome porque a 
cobrança é feita a partir de documentos entregues ao banco pelo exportador e que 
devem ser repassados ao importador. 
Gabarito: Letra B. 
 
(ACE/97) A liquidação da Carta de Crédito utilizada nas operações 
internacionais é de responsabilidade do (da) 
a) importador 
b) Banco Central do país importador 
c) banco emitente 
d) exportador 
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e) avisador 
 
Comentários 
 
A liquidação é daquele que assumiu o compromisso. O compromisso foi “Se você, 
exportador, cumprir tudo que está escrito na carta de crédito, eu, BANCO 
EMITENTE, prometo que vou te pagar o preço.” 
Ora, pergunto, quem vai liquidar a carta, quer dizer, quem vai liquidar o 
compromisso? Com certeza, o Banco Emitente. Letra C. 
 
(AFTN/1998) O pagamento sob a forma de crédito documentário é muito 
usual porque 
a) assegura ao exportador o recebimento antecipado do valor total ou parcial da 
mercadoria a ser exportada. 
b) fornece ao banco garantia de recebimento de créditos recebidos para 
financiamento de importações. 
c) é barata por não envolver intermediação bancária. 
d) assegura ao importador o acesso a financiamento para cumprimento de suas 
obrigações para com o exportador. 
e) fornece maiores garantias tanto ao importador quanto ao exportador. 
 
(AFTN/1996) A modalidade de remessa cambial em que um banco, 
atuando como intermediário, compromete-se a efetuar o pagamento de 
uma operação comercial ao exportador é: 
a) Cobrança à vista 
b) Remessa sem saque 
c) Cobrança a prazo 
d) Remessa antecipada 
e) Carta de crédito 
 
(ACE/97) Em um pagamento internacional efetuado por meio de carta de 
crédito 
a) o banco emitente compromete-se em efetuar o pagamento ao exportador, no 
exterior 
b) o exportador, por meio de um banco, envia crédito ao importador 
c) o beneficiário transfere o crédito diretamente ao importador 
d) o exportador compromete-se em contratar câmbio junto ao banco emitente 
e) os bancos liquidam operações cambiais 
 
(ACE/2002) A modalidade de pagamento internacional que envolve 
operação garantida por um ou mais bancos que, mediante autorização de 
um cliente ou por ato próprio, assume(m) responsabilidade pelo 
pagamento de uma mercadoria exportada, se atendidas condições 
estipuladas pelas partes, é denominada: 
a) carta de crédito 
b) cobrança a vista 
c) remessa sem saque 
d) cobrança a prazo 
e) remessa antecipada 
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Comentários 
 
Viu quantas questões repetidas sobre cartas de crédito? No final da aula, vou 
colocar outras que tratam de outros assuntos de carta de crédito. Assimvocê vai 
ver que quase todos os concursos anteriores pediram pelo menos uma questão 
sobre carta de crédito. 
Respostas das últimas quatro questões: E, E, A, A. 
 
Câmara de Comércio Internacional (CCI) 
 
Vimos que a UCP 600 foi criada pela Câmara de Comércio Internacional (CCI). Mas 
o que são a CCI e a UCP? 
A CCI surgiu em 1919, na França, como uma associação de empresas privadas. 
Elas já estavam cansadas de criar cartas de crédito monstruosamente grandes e 
resolveram inovar. Como assim? 
Bem, em primeiro lugar, as empresas que criaram a CCI em 1919 eram (e são) 
grandes exportadoras e importadoras. Como já usavam muito as cartas de crédito, 
perceberam que podiam criar um padrão para elas e assim simplificar a montagem 
das cartas de crédito dali para a frente. Assim foi feita, em 1933, a primeira versão 
da UCP. 
A UCP nada mais é do que o conjunto de regras que se repetiam em todas as 
cartas de crédito. Pegaram todas aquelas cláusulas repetidas e as colocaram em 
um texto à parte, dando a este o nome de Uniform Customs and Practice (UCP) – 
Práticas e Costumes Uniformes. Todas as definições, os prazos, as exigências para 
os documentos, os direitos e os deveres das partes em uma carta de crédito 
estariam neste texto separado, sem precisar ficar reescrevendo tudo isso nas cartas 
de crédito. 
O intuito foi fazer com que as cartas de crédito, a partir dali, fossem muito mais 
sucintas. Lógico! Se as cláusulas definindo direitos e deveres fossem padronizadas, 
ninguém mais precisaria reescrevê-las em suas cartas de crédito. Bastaria escrever 
o seguinte na carta de crédito: “Esta carta segue as definições da UCP e ponto 
final.” Veja que maravilha! Esta única cláusula (que não enche nem uma linha) 
inserida na carta de crédito serviria para trazer para dentro da carta todas as 
definições da UCP. Aquela cláusula inserida substituiu todas as inúmeras cláusulas 
que tinham que ser escritas no passado pela mera falta da UCP. A partir da menção 
à UCP dentro da carta de crédito, os direitos e deveres estariam todos “puxados” da 
UCP para aquela carta. 
Apesar de a UCP ser a base de todas (ou quase todas) as cartas de crédito emitidas 
no comércio mundial, seu uso não é obrigatório. Isto é bem razoável já que a CCI é 
uma associação de empresas privadas. Desde quando empresas privadas criam 
“leis” ou “tratados” que nos obriguem a qualquer coisa? 
Apesar de o uso da UCP não ser obrigatório, ele é altamente recomendado já que 
simplifica e não deixa lacunas abertas. Como assim? Lacunas abertas? 
Imagine que o importador e o exportador queiram usar a modalidade carta de 
crédito, mas não queiram seguir as regras da UCP. Neste caso, vão ter que voltar à 
Idade Média, quer dizer, vão ter que escrever todas aquelas cláusulas que se 
escreviam no passado: 
 - “A fatura comercial deve conter os seguintes elementos: ....” 
- “Os bancos têm um prazo de sete dias úteis bancários para analisar os 
documentos que lhes forem entregues.” 
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- “O Banco Emitente tem o direito de exigir os documentos do Banco 
Designado antes de promover o reembolso do valor pago pelo Designado ao 
Beneficiário.” 
- “O Banco Avisador tem o dever de repassar a carta de crédito ao 
Beneficiário, verificando previamente a autenticidade.” 
 
 
Listei acima somente 4 tipos das inúmeras cláusulas que devem existir em qualquer 
carta de crédito. Imagine se, na montagem da carta, for esquecida alguma 
cláusula. Imagine o problema que isto pode dar num contrato internacional... 
 
Já que o uso da UCP é para facilitar, não sendo obrigatório, pode até ser utilizada 
apenas parcialmente. Isto está previsto no artigo 1o da UCP 600, que, em outras 
palavras, diz o seguinte: “A UCP 600 são as regras a serem aplicadas em toda carta 
de crédito sempre que o texto da carta expressamente indicar que ela está sujeita 
a tais regras. Neste caso, todas as partes envolvidas ficam obrigadas a cumprir 
estas regras, SALVO SE fizerem, no texto da carta de crédito, alguma 
MODIFICAÇÃO OU EXCLUSÃO das referidas regras.” 
Apesar de o uso da UCP não ser obrigatório em cartas de crédito, eu, Rodrigo, 
AFRFB desde 1995, sempre que fiscalizei importações amparadas por carta de 
crédito e intimei o importador a apresentar cópia da carta, detectei a menção à 
UCP. Nunca peguei uma carta “voadora”, isto é, sem vinculação à UCP. 
 
Funcionamento da Carta de Crédito segundo a UCP 600 
 
O importador, depois de acertar preço, prazo, quantidade e todo o resto com o 
exportador, recorre a um banco e pede que este emita uma carta de crédito em 
favor do exportador no exterior. O importador se chama Requerente. 
Depois que o banco emite a carta, ele a envia para um banco no país do 
exportador, que entrega a este a carta. O banco que emite a carta se chama 
Banco Emitente ou Banco Instituidor. O banco para o qual o Emitente envia a 
carta para que seja repassada ao exportador é chamado Banco Avisador. Este 
Banco faz o teste de autenticidade da carta de crédito (o “test key”), antes de 
repassá-la para o Beneficiário. Este teste só não é necessário se a carta tiver sido 
transmitida por meio do sistema SWIFT (Society Worldwide Interbank Financial 
Telecommunication), que é super-seguro, à prova de fraude (pelo menos, até 
aparecer o primeiro hacker que consiga quebrar o sistema...) 
O exportador é chamado Beneficiário. O exportador dá uma olhada na carta e vê 
se, de fato, a carta contém tudo aquilo que deveria conter. Vê se lá está o 
compromisso do banco e quais são as condições que ele, exportador, terá que 
cumprir para que o banco cumpra sua parte, ou seja, para que o banco pague. 
Caso o exportador não confie muito no Banco Emitente, vimos antes que se exige 
um avalista, chamado Banco Confirmador. 
Depois que o exportador conclui que está tudo conforme o combinado, ele entrega 
a mercadoria para embarque. Em seguida, entrega os documentos para um banco 
que vai agir no exterior em nome do Banco Emitente. Este banco que recebe os 
documentos é o chamado Banco Designado (sob a UCP 500, ele era chamado 
Negociador). 
Depois de receber os documentos, o Banco Designado tem um prazo para checar se 
o Beneficiário (o exportador) cumpriu tudo que estava definido na carta. Caso 
tenha havido o cumprimento perfeito de tudo, o Banco Designado paga (se a carta 
de crédito for à vista), dá o aceite na letra de câmbio (se for uma carta de crédito 
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por aceite), reconhece o cumprimento (se for uma carta de crédito por pagamento 
diferido) ou negocia o crédito. 
O que é negociar o crédito? 
A carta de crédito por negociação é um dos 4 tipos de carta de crédito, conforme 
dispõe o artigo 6o da UCP 600: 
“Art. 6º - A carta de crédito deve indicar se está disponível mediante: 
– pagamento à vista, 
– pagamento diferido, 
– aceite ou 
 – negociação.” 
 
Vamos seguir a ordem do artigo. 
O pagamento à vista é auto-explicativo. Depois que o Beneficiário entrega os 
documentos ao Banco Designado, este faz a análise das condições colocadas na 
carta e, caso reste comprovado o cumprimento por parte do Beneficiário, o 
pagamento é feito. 
A diferença entre o pagamento diferido e o pagamento por aceite é que no primeiro 
não há aceite em uma letra de câmbio. No segundo, o pagamento também é a 
prazo, mas com aceite em título de crédito. Como assim? 
No pagamento diferido, é como se o Banco Designado dissesse: “Ô, exportador, eu 
vou te pagar o valor em 30 dias, mas eu não vou assinar nada.” A vantagem da 
carta de crédito por pagamento diferido é que seu custo é mais baixo já que o 
Banco Designado não irá colocar sua assinatura na letra de câmbio (Quando o 
Banco Designado paga oudá um aceite, ele o faz a pedido do Banco Emitente. Após 
o pagamento, o Emitente reembolsa o Designado.) 
A desvantagem da carta por pagamento diferido é que a inexistência do aceite 
dificulta ou inviabiliza o exportador, que talvez estivesse interessado em descontar 
aquele título em uma instituição financeira. 
A carta de crédito por negociação é aquela em que o Banco Designado compra do 
Beneficiário o título emitido contra o Banco Emitente, assumindo o risco da 
operação. Portanto, caso a carta de crédito seja do tipo “por negociação”, o Banco 
Designado passa a “dono” do título a ser quitado pelo Banco Emitente, no prazo 
previsto na carta. Em suma, na carta de crédito por negociação, não há direito de 
regresso contra o exportador, isto é, mesmo que o Banco Emitente não reembolse 
o Banco Designado, este não pode pegar de volta do Beneficiário o dinheiro que lhe 
antecipou. 
 
Depois que o Banco Designado paga ao Beneficiário, ele é reembolsado pelo Banco 
Emitente. O Banco Emitente pode fazer tal reembolso diretamente ou por meio de 
um terceiro banco, pois talvez ele não possua ou não queria se desfazer de seus 
dólares, por exemplo. Neste caso, o terceiro banco entrega os dólares ao 
Designado, recebendo do Banco Emitente, em troca, euros, libras esterlinas ou 
outra moeda da qual este queira se desfazer. O banco que faz o reembolso ao 
Designado a pedido do Emitente é chamado Banco Reembolsador. 
 
Prazos na UCP 
 
Sob a UCP 500, os bancos possuíam um prazo de sete dias úteis bancários para 
analisarem os documentos que lhes tivessem sido entregues. 
Sob a UCP 600, este prazo caiu para cinco dias úteis bancários. 
 
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Riscos na carta de crédito 
 
Há riscos no uso da carta de crédito? 
Apesar de ser a modalidade de pagamento mais segura, a carta de crédito não está 
imune a riscos. Há riscos tanto para o exportador quanto para o importador. 
Para o exportador: caso o Banco Emitente não reembolse o Banco Designado, 
poderá ser usado o direito de regresso do Designado que pega de volta o dinheiro 
antecipado, salvo se a carta for por negociação. 
Imagine a insegurança do Beneficiário... 
Para evitar esta insegurança, qual o remédio? 
Exigir que a carta de crédito seja por negociação, ou seja, sem direito de regresso. 
E, para o importador, há riscos? 
Sim. 
Olha o que está escrito no artigo 5o da UCP 600. Este é um dos principais artigos da 
UCP, já objeto de algumas questões de AFRFB, pois estava presente também nas 
versões anteriores. 
 
“Art. 5o – Documentos vs. Mercadorias/Serviços/Desempenho 
Bancos lidam com documentos e não com as mercadorias, serviços ou 
prestações a que eventualmente se refiram.” 
 
O que está escrito aí em cima? 
Está escrito que os bancos conferem apenas documentos. Os bancos não fazem 
conferência de mercadorias, de serviços ou de qualquer outra coisa. 
Isto quer dizer o seguinte: se os documentos estiverem em ordem, o Banco 
Designado vai pagar, não interessando se a mercadoria dentro da caixa está com a 
validade vencida ou se foi substituída depois da emissão da fatura comercial. 
Adianta o importador falar para o Banco Designado: “Ô banco, eu recebi uma 
denúncia de que a mercadoria que está vindo para o país está estragada. Não 
pague ao exportador por favor” ? 
Não adianta o importador pedir este tipo de coisa para o banco, pois o banco (está 
escrito acima) “lida apenas com documentos e não com mercadorias, serviços ou 
outras coisas”. O banco não está nem aí para a mercadoria. O banco está olhando 
apenas os papéis. 
Imagine você se o banco tivesse que olhar cada mercadoria para ver se ela bate 
com os documentos... Teria que haver um funcionário do banco para cada operação 
de importação/exportação. Quantos funcionários teriam os bancos? Eles iam acabar 
fazendo um trabalho braçal de olhar mercadoria por mercadoria. Nem a Aduana, 
que tem a função de verificar bens importados e exportados, verifica tudo. Quase a 
totalidade das verificações aduaneiras é feita por amostragem, quando é feita. 
A função do banco é operar com dinheiro e papel e não com mercadoria. 
Então há risco para o importador. Se o exportador colocar uma mercadoria com 
prazo de validade vencido ou se colocar uma mercadoria distinta da descrita na 
fatura, o banco não pode se eximir de pagar, caso os documentos emitidos “batam 
com” o texto da carta de crédito. 
Qual o remédio então para o importador se resguardar desse problema de 
mercadoria distinta da descrita na fatura? 
O importador pode pedir a chamada inspeção pré-embarque. O que é isso? 
Existem algumas empresas, por exemplo, a Veritas e a SGS, que fazem este 
trabalho de conferência privada. A empresa vai ao estabelecimento do exportador e 
confere cada mercadoria que é colocada na caixa. Monta o laudo de inspeção pré-
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embarque e lacra a caixa com seu lacre particular. Óbvio que este lacre pode ser 
rompido pela Aduana do país exportador que precisa conferir a mercadoria. Mas o 
que na prática acontece é que o exportador chama primeiro a empresa privada de 
conferência, que então relaciona as mercadorias. Depois que ela acaba de fazer a 
verificação privada, o exportador chama a Aduana que vai fazer a conferência 
oficial. Se a Aduana só for à empresa no dia seguinte ou posterior, a empresa 
privada de conferência põe seu lacre particular. Quando a Aduana estiver fazendo a 
conferência aduaneira, isto vai estar sendo acompanhado de longe pela empresa 
privada só para ter certeza de que tudo aquilo que foi conferido por ela irá 
continuar depois da conferência da Aduana. A Aduana lacra as caixas e estas saem 
para o porto, aeroporto ou fronteira. Os fiscais aduaneiros do país exportador 
simplesmente verificam se os lacres oficiais continuam íntegros e, se o estiverem, 
deixam a mercadoria embarcar no navio ou no avião ou então deixam cruzar a 
fronteira terrestre. 
O que o importador deve fazer para que esta inspeção pré-embarque seja eficaz? 
O importador deve exigir a colocação de duas cláusulas na carta de crédito, como 
as seguintes: 
“Cláusula n – O exportador deve apresentar um laudo de inspeção pré-
embarque ao Banco Designado. Este laudo deve ser emitido pela empresa 
_____________. 
Cláusula n+1 – A descrição das mercadorias no laudo de inspeção pré-
embarque deve coincidir com a descrição delas na fatura.” 
 
Assim, o importador impõe ao Banco Designado uma obrigação: checar se a 
mercadoria descrita no laudo pré-embarque coincide com a mercadoria descrita na 
fatura. Se coincidir, é óbvio que a mercadoria dentro da caixa é exatamente a 
mercadoria descrita na fatura. Sacou? 
 
Veja a questão de AFRF/2003 que usou o artigo 5o da UCP 500: 
(AFRF/2003) O crédito documentário, consistindo numa modalidade de 
pagamento tendo subjacente um contrato comercial internacional entre 
vendedor e comprador de mercadorias, 
a) não subsiste se o referido contrato estiver sendo questionado judicialmente. 
b) rege-se nas práticas comerciais pelas normas da Publicação 500 da Câmara de 
Comércio Internacional (UCP 500 da CCI), que são claras em definir as 
responsabilidades das Partes de um Crédito Documentário pela não-observância 
das cláusulas que dispõem acerca das mercadorias transacionadas. 
c) é autônomo em relação ao contrato comercial subjacente cujo pagamento ao 
beneficiário deverá ser honrado contra documentos idôneos e formalmente 
consistentes com as estipulações da carta de crédito, e não contra bens ou 
serviços. 
d) prescinde do exame minucioso da documentação nele mencionada e de suas 
condições, não consistindo tal procedimento em essencial à liquidação do crédito. 
e) tem eficácia e validade materializadano contrato comercial do qual deriva, e, 
neste sentido, este prevalece sobre a formalidade documental. 
 
Comentários 
 
(Apesar de a questão ter sido elaborada quando ainda não existia a UCP 600, 
resolvo-a com base nesta versão.) 
A carta de crédito, ou crédito documentário, é um compromisso assumido pelo 
Banco Emitente em pagar ao exportador (Beneficiário). Não se confunde com o 
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contrato de compra e venda da mercadoria que é efetuado entre comprador e 
vendedor. 
Faço a seguinte pergunta: a carta de crédito da CEF dispensa a escritura do imóvel? 
Ou existem os dois? Existem os dois. Se não fosse assim, onde entraria o 
comprador? Se existisse apenas a carta de crédito, o importador apareceria em 
qual documento, já que a carta envolve apenas o banco e o vendedor? 
Portanto, a carta de crédito é um contrato autônomo. E, como vimos no artigo 5o, é 
honrado contra documentos e não contra bens ou serviços. 
A letra C é o gabarito. 
Por que as outras opções estão erradas? 
Veja a letra A. O banco assumiu um compromisso. Este deve ser cumprido mesmo 
que o contrato comercial não o seja. Não escrevi agora há pouco que o Banco tem 
que honrar o compromisso mesmo se a mercadoria estiver com o prazo de validade 
vencido? Pois é. Mesmo que o contrato comercial não seja cumprido, a carta de 
crédito tem que ser. 
Por que a letra B está errada? 
Na UCP 600 estão definidas as regras de funcionamento da carta de crédito. Mas 
obviamente, lá só estão definidas as responsabilidades das partes de um crédito 
documentário se houver OBSERVÂNCIA das condições da carta. No caso de não-
observância, há responsabilidade do banco em pagar? Claro que não. Se o 
exportador não cumpriu sua parte, o compromisso do banco é desfeito 
(excepcionalmente o importador até pode, depois de consultado pelo Banco 
Emitente, relevar o descumprimento de alguma cláusula, mantendo viva a carta de 
crédito). 
Podemos enxergar outro erro na letra B: as cartas de crédito se regem pela UCP 
600? Não necessariamente. Somente se regem sob a UCP 600 aquelas cartas onde 
houver expressão vinculação à UCP. 
Por que a letra D está errada? O pagamento prescinde (=dispensa) do exame do 
cumprimento das condições da carta? Lógico que não. O pagamento só será feito se 
as condições da carta forem cumpridas. 
Por que a letra E está errada? Nada prevalece sobre os documentos. Repito: os 
bancos só operam com documentos. Logo, os documentos são a coisa mais 
importante da carta de crédito. 
 
Contratação do câmbio 
 
Na modalidade carta de crédito, o importador pode ficar fazendo cotação de taxa 
com vários bancos? Claro que não, pois é o Banco Emitente que vai pagar a moeda 
estrangeira. Logo, é com ele que o importador deve acertar o câmbio. 
 
Red Clause 
 
Qual a cor do cavalo branco de Napoleão? Adivinha em que cor se escreve a 
Cláusula Vermelha (Red Clause) no texto da carta de crédito. Beleza. Isso aí. 
Vermelho. A Red Clause é escrita em vermelho para chamar a atenção. 
A existência desta cláusula na carta de crédito permite que o exportador receba o 
valor total ou parcial da exportação antes mesmo de embarcar a mercadoria no 
exterior. É, portanto, a previsão de recebimento antecipado de recursos. É utilizada 
principalmente para auxiliar o exportador no processo de produção, ou seja, no 
processo pré-embarque. 
Pelo amor de Deus, não confunda Red Clause com a modalidade “Recebimento 
Antecipado”. A Red Clause, apesar de ter a mesma característica da modalidade 
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“Recebimento Antecipado” (o exportador recebe um valor antes de embarcar a 
mercadoria), é usada exclusivamente na modalidade “Carta de Crédito”. 
 
Depois de termos visto as 4 formas de pagamento, podemos responder às questões 
130 e 131 aplicadas pelo CESPE na prova de Analista de Comércio Exterior, em 
2008. 
A respeito dos pagamentos internacionais associados ao comércio exterior, 
julgue o item subsequente. Marque V ou F. 
130 A intervenção bancária nos procedimentos de pagamento decorrente 
de uma operação de comércio exterior restringe-se à efetuação das 
operações de contratação e de liquidação de câmbio. 
 
Comentários 
 
FALSO. Os bancos não fazem apenas contratações e liquidações de câmbio. 
Também fazem entrega de documentos mediante cobrança, emitem cartas de 
crédito, financiam importações e exportações, promovem desconto de títulos 
gerados nas operações comerciais, entre muitas outras coisas. 
 
131 As diversas modalidades de pagamento internacional implicam 
margens de risco diferenciadas para os exportadores. Nesse sentido, é 
correto afirmar que a cobrança documentária envolve riscos maiores que o 
pagamento por meio de carta de crédito. 
 
Comentários 
 
VERDADE. A carta de crédito é, para o comprador e para o vendedor, a mais segura 
de todas as modalidades. 
 
Mais algumas questões de carta de crédito: 
(AFRF/2002-1) Cláusula que permite pagamento parcial ou total do valor 
do Crédito previamente ao embarque da mercadoria, portanto, sem a 
apresentação de documentos. Corresponde, na prática, a um pagamento 
antecipado dentro de um Crédito e tem a finalidade de fornecer suporte 
financeiro para o Beneficiário poder produzir a mercadoria. 
Face ao enunciado, assinale a opção correta. 
a) assignment of Proceedes (Cessão de Resultados) 
b) Revolving Credit (Crédito Rotativo) 
c) back-to-back Credits (Créditos back-to-back) 
d) Transferable Credit (Crédito Transferível) 
e) Red Clause (Cláusula Vermelha) 
 
(AFTN/1996) Red Clause é uma cláusula contratual que assegura ao 
exportador: 
a) O pagamento de até 50% do valor total de uma exportação no ato do embarque 
da mercadoria, o que, não ocorrendo, permite ao exportador cancelar ou rever os 
termos do contrato de compra e venda 
b) Completa isenção de impostos sobre a totalidade dos bens a serem exportados 
c) O direito de rever o valor das mercadorias exportadas após a celebração do 
contrato de compra e venda 
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d) O direito de repassar ao importador os custos referentes a frete e seguro até o 
desembarque das mercadorias exportadas 
e) O recebimento antecipado do valor total ou parcial do crédito referente a uma 
exportação, com a finalidade de assegurar os meios para adquirir ou fabricar o 
produto a ser exportado. 
 
Comentários 
 
As duas questões têm o mesmo gabarito: letra e. 
Mas o que são as várias opções citadas na questão de 2002-1? 
Cessão de resultados – o beneficiário pode indicar outra pessoa para receber o 
valor gerado pela sua venda. 
Crédito transferível – o beneficiário pode passar a carta de crédito para que outro 
exportador a cumpra, exportando o que estiver definido na carta. 
Crédito rotativo – é uma carta de crédito aberta por período, não por operação. É 
análoga aos limites rotativos do cartão de crédito, podendo estes ser utilizados 
várias vezes desde que o limite não seja ultrapassado. As cartas rotativas evitam a 
emissão de cartas de crédito a cada operação de exportação. Ela terá um valor alto 
para amparar várias exportações. 
Créditos back-to-back – Os créditos back-to-back representam duas cartas de 
crédito, sendo que uma é utilizada como garantia para a emissão da outra. 
Por exemplo, para amparar importações de insumos, pede-se a emissão de uma 
carta de crédito, mas talvez o banco exija alguma coisa como garantia para então 
emitir. Neste caso, a carta de crédito referente à exportação dos bens acabados é 
dada como garantia para a emissão da carta de crédito referente aos insumos 
importados. 
 
Para fechar oassunto, vejamos as duas questões que caíram nos concursos de 
2005: 
(AFRF-2005) 50- A respeito das modalidades de pagamentos 
internacionais, relacione as colunas e, em seguida, assinale a opção 
correta. 
1. remessa sem saque 
2. remessa antecipada 
3. cobrança à vista 
4. crédito documentário 
( ) forma de pagamento mediante a qual o importador remete previamente o valor 
parcial ou total da transação, após o que o exportador providencia a exportação da 
mercadoria e o envio da respectiva documentação. 
( ) forma de pagamento em que, após a expedição da mercadoria, o exportador 
entrega a um banco de sua preferência os documentos de embarque, juntamente 
com um saque contra o importador. O banco, a seu turno, remete os documentos, 
acompanhados de um carta-cobrança, a seu correspondente na praça do 
importador, para cobrar do sacado. Efetuado o pagamento, o banco libera a 
documentação ao importador, para que ele possa retirar a mercadoria na 
alfândega. 
( ) modalidade de pagamento não empregada com muita freqüência no comércio 
internacional, por colocar o importador na dependência do exportador, implicando, 
assim, riscos para o primeiro, à medida que, enquanto não receber a mercadoria, 
não poderá ter certeza do cumprimento regular da obrigação por parte do 
exportador. 
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( ) forma de pagamento utilizada em contratos internacionais segundo a qual um 
banco, por instruções de um cliente seu, compromete-se a efetuar um pagamento a 
um terceiro, contra a entrega de documentos estipulados, desde que os termos e 
condições sejam cumpridos. 
( ) modalidade de pagamento que envolve maior risco para o exportador, razão 
pela qual é pouco empregada no comércio internacional (salvo nas importações 
realizadas por filiais ou subsidiárias de firmas no exterior). 
( ) forma de pagamento segundo a qual o importador recebe diretamente do 
exportador os documentos de embarque, promove o desembaraço da mercadoria 
na aduana e, posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva para o 
exterior. 
a) 3, 4, 3, 2, 4, 1 
b) 2, 3, 2, 4, 1, 1 
c) 3, 4, 3, 1, 4, 2 
d) 1, 3, 1, 4, 2, 2 
e) 2, 4, 2, 1, 3, 3 
 
(TRF-2005) 30- Após enviar a mercadoria ao seu destinatário, o 
exportador entrega a um banco de sua preferência os documentos 
relativos a essa operação para que então o estabelecimento bancário, a 
partir de um correspondente seu na praça do importador, possa cobrar o 
pagamento da transação e liberar os documentos que serão necessários ao 
desembaraço aduaneiro do bem. Esta modalidade de pagamento, comum 
nas operações internacionais de compra e venda de mercadorias, é 
denominada: 
a) Adiantamento de cambiais entregues. 
b) Remessa sem saque. 
c) Cobrança à vista. 
d) Crédito documentário. 
e) Remessa antecipada. 
 
Comentários 
 
A questão 50 tem como gabarito a letra B. A questão 30, letra C. Questões bem 
tranqüilas, porque meramente conceituais e repetidas de provas anteriores. 
 
 
RESUMO 
 1) Modalidades de pagamento: 
a) Pagamento Antecipado – Pagamento antes do embarque (há 
exceção) 
b) Remessa Sem Saque – Documentos enviados diretamente do 
exportador para o importador, sem intervenção bancária. Pode ser à 
vista (pagamento antes do desembaraço) ou a prazo (pagamento 
após o desembaraço). 
c) Cobrança – Documentos enviados para cobrança pelos bancos. 
Pode ser à vista (pagamento antes do desembaraço) ou a prazo 
(pagamento após o desembaraço). 
d) Carta de crédito – Compromisso definitivo assumido pelo banco 
para pagar ao exportador, caso as cláusulas da carta tenham sido 
cumpridas. Existem 4 tipos de carta, listadas à frente. 
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 2) As quatro modalidades comportam pagamentos em moeda nacional ou 
em moeda estrangeira. 
 3) (PAGAMENTO ANTECIPADO) Prazo máximo de antecipação de 
pagamento/recebimento: em regra, 180 dias na importação e 360 dias na 
exportação. Vantagens: financia a produção do bem e dá segurança para o 
exportador. Desvantagem: insegurança para o importador. 
 4) (REMESSA SEM SAQUE) Vantagens: custo mais baixo e rapidez na 
entrega dos documentos ao importador. Desvantagem: insegurança para o 
exportador. 
 5) (CARTA DE CRÉDITO) Vantagem: em termos gerais, é a mais segura das 
modalidades. Desvantagem: é a mais cara das modalidades. 
 6) Tipos de carta de crédito: 
a) à vista 
b) por pagamento diferido – não há aceite 
c) por aceite – permite o desconto do título 
d) por negociação – sem direito de regresso contra o Beneficiário 
7) Personagens da carta de crédito, conforme a UCP 600: 
a) Requerente – o importador 
b) Beneficiário – o exportador 
c) Banco Emitente – emite a carta 
d) Banco Confirmador – avalista do Banco Emitente 
e) Banco Avisador – repassa a carta para o Beneficiário depois de se 
assegurar da sua autenticidade 
f) Banco Designado – age em nome do Banco Emitente, pagando ao 
Beneficiário, para ser posteriormente reembolsado por aquele 
g) Banco Reembolsador – reembolsa o Banco Designado a pedido do 
Banco Emitente 
7) Red Clause: Cláusula, em cartas de crédito, que permite o recebimento 
do valor total ou parcial da exportação antes mesmo de seu embarque. 
 8) Modalidade mais cara para as partes: carta de crédito 
 9) Modalidade mais segura para as partes: carta de crédito 
 10) Modalidade em que o importador pega mais rapidamente as 
mercadorias: remessa sem saque 
 11) Modalidade em que o exportador recebe mais rapidamente o dinheiro: 
pagamento antecipado 
 12) Modalidade que, em regra, leva a taxas de câmbio mais baixas: 
Pagamento Antecipado 
 13) Modalidade de maior risco para o exportador: remessa sem saque 
 14) Modalidade de maior risco para o importador: pagamento antecipado 
 15) Modalidade em que o exportador mais demora a receber o dinheiro: em 
regra, a cobrança. Isto porque os documentos terão que viajar para que depois o 
banco cobre do importador. Na carta de crédito, em regra, o pagamento é feito 
diretamente pelo Banco Designado no próprio país do exportador. Na remessa sem 
saque, o importador, com os documentos chegando rapidamente à sua mão, não 
precisa, em regra, esperar mais nada para pagar. 
 
Um abraço, 
Rodrigo Luz 
 
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QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA 
 
(AFTN/1998) Sobre a remessa antecipada, é correto afirmar-se que 
a) é modalidade de pagamento muito empregada por não acarretar riscos para as 
partes 
b) não acarreta riscos para as partes, não sendo, contudo, de emprego muito 
freqüente 
c) acarreta risco para o importador, sendo, por essa razão, modalidade de 
pagamento pouco empregada 
d) é freqüente por fornecer garantia ao importador de concretização da transação 
comercial 
e) não acarreta risco para o importador por ser amparada em seguro de crédito. 
 
(AFRF/2002-1) Realizado o embarque dos bens, o vendedor envia todos os 
documentos originais diretamente ao comprador, antes do pagamento, 
sem qualquer interferência bancária. O vendedor sequer emite qualquer 
título representativo contra o comprador. 
Essa modalidade de pagamento corresponde a: 
a) carta de crédito documentário 
b) remessa sem saque 
c) cobrança 
d) letra de câmbio 
e) swift 
 
(AFTN/1996) Cobrança é a modalidade de pagamento que se processa 
através da: 
a) Remessa ao exterior e por via bancária de documentos referentes à exportação 
para cobrança através do banco na praça do importador 
b) Imediata execução do pagamento por ocasião da celebração do contrato 
comercial 
c) Remessa antecipada do pagamento pelo importador ao exportador por via 
bancária

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