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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 1 Oi, pessoal. Hoje vemos o GATT/1994, pedido no tópico 2.1 do edital de AFRFB/2009. Antes, comunico que inverti a ordem das aulas. Eu falaria hoje sobre OMC, mas achei melhor falar primeiro do GATT. Sistema Multilateral de Comércio O sistema multilateral de comércio surgiu no pós-guerra quando os países desejaram voltar ao liberalismo e mudar a sistemática de celebração de acordos que passou a vigorar na década de 1930. Vejamos. Na década de 30, o mundo se tornou ultraprotecionista, tendo em vista a depressão decorrente da quebra da Bolsa de Nova York em 1929, o chamado crack (ou crash). Esta quebra foi decorrência da superprodução norte-americana combinada com o subconsumo europeu. Como se deu isso? Com a Primeira Guerra Mundial, a Europa se destruíra e os europeus precisavam importar tudo ou quase tudo: armas, capital e alimentos. Os EUA se tornaram o celeiro do mundo (Foi o início do caminho para serem hoje a maior potência mundial). Nos EUA, era a época da euforia. “Tudo que se planta, dá.” Tudo que se produzia era vendido para a Europa. Havia investimentos cada vez maiores nos EUA. Só que muitos desses investimentos só começariam a gerar retorno a médio e longo prazos... Com o passar do tempo, a Europa foi se recuperando da Primeira Guerra e se tornava cada vez menos dependente dos EUA. Importava cada vez menos e os EUA produziam cada vez mais. Além disso, os investimentos para aumento da produção norte-americana continuavam a pleno vapor. Muitos desses investimentos somente gerariam retornos no futuro. Com o consumo cada vez menor de produtos norte-americanos e a produção cada vez maior, chegou o dia do colapso. O subconsumo europeu combinou explosivamente com a superprodução norte-americana. Não havia mais mercado para a enorme produção. Pela Lei da Oferta e da Procura, excesso de oferta sobre a demanda faz os preços caírem. E foi isso que ocorreu. Os preços dos bens caíram. Os estoques perderam valor. O Ativo das empresas definhou. As empresas quebraram. Empresa quebrando significa que os investidores pessoas físicas não terão de volta o dinheiro investido. As pessoas físicas quebram. Empresas quebrando significam também que os bancos que lhes emprestaram recursos não terão a devolução do empréstimo. Os bancos quebram. A quebra dos bancos significa que os depositantes não terão seus depósitos de volta. Os depositantes quebram. Em suma, a pessoa física quebrou, fosse investidor, fosse poupador. O capital autônomo que saía em direção à Europa deixou de sair, pois os EUA quebraram. O capital secou. Por conta disso, os países europeus e os demais se viram em sérias dificuldades: precisavam de novas fontes de recursos, pois os que entravam antes foram cortados de uma hora para a outra. Para manter o desenvolvimento, precisavam “fazer” dinheiro. De que forma você obtém dinheiro? Empréstimos, financiamentos? Esquece, não há mais quem te empreste, nem te financie. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 2 Só restou uma alternativa para os países que recebiam recursos dos EUA: exportar muito e não importar nada (ou quase nada). Assim, poderiam “fazer” dinheiro. Para isso, os países usaram, na década de 1930, várias e várias barreiras às importações e vários subsídios às exportações. Ao adotar medidas protecionistas, os países também ajudavam suas empresas, naquela época de crise no mercado mundial. Foi uma década marcada pelo surgimento de várias barreiras protecionistas. Os acordos comerciais entre os países praticamente desapareceram, salvo uma ou outra concessão bilateral. Perto do fim da II Guerra Mundial, os principais países decidiram se reunir para avaliar a conjuntura e analisar os motivos pelos quais haviam chegado àquela guerra. Conferência de Bretton Woods Reuniram-se em 1944, em Bretton Woods, cidade norte-americana, e avaliaram que problemas de variados tipos haviam convergido no final da década de 1930. Eram problemas econômicos, religiosos, militares, desejo de revanche e o ultraprotecionismo, entre outros. Na “Conferência de Bretton Woods”, decidiram criar uma nova ordem mundial buscando restaurar a estabilidade da economia e do comércio mundiais. Para acabarem com as medidas protecionistas levantadas nos anos 30, decidiram elaborar um acordo multilateral (o GATT – General Agreement on Tariffs and Trade – Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio, que irá surgir em 1947) com compromissos em matéria de liberdade comercial. A idéia era: para cada problema, uma solução. Vejamos uma lista simplificada dos problemas criados na década de 30 e as soluções previstas no GATT: 1) Discriminação comercial. Naquela época, os benefícios comerciais eram sempre concedidos em bases bilaterais, nunca em bases multilaterais. Havia tratamentos discriminatórios. Combatido com a definição da Cláusula da Nação Mais Favorecida (NMF) no artigo I do GATT, que define que toda vantagem, benefício ou favor concedido a um país deve ser incondicionalmente estendido para os demais parceiros signatários do GATT. Parte-se de uma política bilateral para uma multilateral. Por este motivo, a Cláusula da Nação Mais Favorecida também é chamada de Princípio da não-discriminação ou Princípio da Igualdade. 2) Discriminação em Matéria de Tributos Internos. Os países tributavam internamente as transações com produtos importados (não estou falando de impostos cobrados na importação, mas, por exemplo, de IPI, PIS e COFINS, cobrados na comercialização interna) com alíquotas mais altas que as alíquotas cobradas nas transações com produtos nacionais. Combatido com o artigo III – Princípio do Tratamento Nacional: Deve ser dado ao produto estrangeiro o mesmo tratamento de tributação interna que é dado ao produto nacional. A diferença que pode haver é unicamente em relação à cobrança de tributos EXTERNOS. 3) Uso de Dumping e de Subsídios, que são medidas desleais de comércio. Combatidos com o artigo VI e com o XVI: Dumping danoso e subsídio danoso podem ser retaliados com a imposição de alíquotas antidumping e de medidas compensatórias, respectivamente. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 3 4) Uso de Bases de Cálculo Arbitrárias e Fictícias. Cada país cobrava imposto de importação sobre valores arbitrários, que não guardavam relação com o preço real do produto. Combatido com o Artigo VII do GATT: O valor aduaneiro, ou seja, o valor usado para fins aduaneiros (para tributação) não pode ser arbitrário nem fictício. Os países deveriam usar como valor aduaneiro o “valor real” da importação. 5) Uso de Quotas: Pelo artigo XI do GATT, os países ficariam, em regra, “proibidos” de usar restrições quantitativas (quotas). Não se poderia mais restringir importação, fosse por volume, fosse por valor. Voltando à Conferência de Bretton Woods de 1944: Lá se pensou na criação do acordo (GATT, que surgiria em 1947), mas também se pensou na criação de uma organização para administrar este acordo e para fiscalizar os países signatários para ver se o estavam cumprindo. Nesta aula, analisamos o GATT. Na próxima, a OMC – Organização Mundial do Comércio. Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT – 94) O GATT surgiu em 1947. Por que então está escrito GATT-94 no edital? Porque, na Rodada Uruguai, analisada à frente, os países resolveram “refundar” o sistema multilateral de comércio criando, finalmente, a organização que fiscalizaria o comércio mundial: a OMC. E, para começar com tudo novinho (instituição e acordos), resolveram também republicar o GATT incorporando ao texto todos os complementose modificações ocorridas entre 1947 e 1994. Esta “republicação” ganhou o nome de GATT-94. Perceba isso no artigo 1o: “1. O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994 (‘GATT 1994’) consistirá: a) das disposições do GATT 1947...; b) das disposições dos instrumentos legais listados abaixo que tenham entrado em vigor sob o GATT 47 antes da data de entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC: i. protocolos e certificações relativos a concessões tarifárias; ii. protocolos de acessão...; iii. decisões sobre derrogações concedidas sob o Artigo XXVIII do GATT 47 e ainda em vigor na data de entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC; iv. outras decisões das Partes Contratantes do GATT 47; c) Os Entendimentos listados abaixo: i. Entendimento sobre a Interpretação do artigo II do GATT– 94; ii. Entendimento sobre a Interpretação do artigo XVII do GATT – 94; Entendimento sobre as Disposições sobre Balanço de Pagamentos do GATT–94; iii. Entendimento sobre a Interpretação do artigo XXIV do GATT– 94; iv. Entendimento sobre Derrogações de Obrigações sob o GATT– 94; CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 4 v. Entendimento sobre a Interpretação do artigo XXVIII do GATT–94; e d) O Protocolo de Marrakesh ao GATT 94. 2. Notas Explicativas ... c) O texto do GATT 1994 será autêntico em inglês, francês e espanhol [Foi pedida em uma questão da prova de AFRF-2000 a lista dos idiomas oficiais do GATT]” Note que a alínea “b” indica os atos que vieram para modificar ou complementar o GATT/1947. A alínea “b” pode ser resumida pelo número (iv): “Fazem parte do GATT-1994: o GATT-1947 e todas as decisões tomadas pelos países entre 1947 e 1994.” E o que são os “Entendimentos” da alínea “c”? Os "Entendimentos" surgiram para clarear, ensinando a correta interpretação de uma ou outra disposição do GATT/1947. Desta forma, quando muitos países discordavam sobre a interpretação a ser dada a determinado artigo do GATT, os países se reuniam em conferência para tomar uma decisão e aprovar o referido "Entendimento". O GATT-94 é essencialmente o GATT-47 com as posteriores alterações. Na essência, eles são iguais. Mas, na forma, não. Como assim? Podemos ver, no artigo II do Acordo Constitutivo da OMC, o seguinte: “Artigo II – Escopo da OMC ... 4. O Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio de 1994, conforme se estipula no Anexo 1A (denominado “GATT 94”) é juridicamente distinto do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio de 1947.” Portanto, o GATT-94 e o GATT-47 são essencialmente iguais conforme dispõe o parágrafo 1o, alínea (a) do próprio GATT-94. Mas, como diz o § 4o do artigo II do Acordo Constitutivo da OMC, eles são formalmente (“juridicamente”) distintos. São juridicamente distintos porque são dois acordos separados, fechados em datas diferentes e assinado não pelas mesmas pessoas. O GATT/1994 é um novo acordo, mas que incorpora as regras vigentes do GATT/1947. ARTIGOS DO GATT A análise do GATT passa pela análise de cada um de seus artigos. Cada um deles focou uma determinada medida protecionista. Muitas questões da ESAF desde 1996 até 2005 pediram o conhecimento desses artigos. Artigo I – “Qualquer vantagem, favor, privilégio ou imunidade concedido por uma parte contratante a um produto originário de outro País ou destinado a ele, será concedido imediata e incondicionalmente a todo produto similar originário dos territórios de todas as demais partes contratantes ou a eles destinado.” CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 5 Este artigo I estabeleceu o sistema multilateral de comércio – em substituição ao sistema bilateral que vigia na década de 1930 – ao impor que todo benefício dado a um país deve ser estendido incondicionalmente aos demais. A Cláusula da Nação Mais Favorecida é também conhecida como Princípio da Não-Discriminação (não confundir com o princípio do artigo III, que tem o mesmo nome). Existe uma exceção expressa quanto ao cumprimento desta Cláusula. Está no § 5o do artigo XXIV: “5. Por conseguinte, as disposições deste Acordo não impedirão o estabelecimento de uma união aduaneira nem de uma área de livre comércio, nem a adoção de acordos preliminares para o estabelecimento destas [em outras palavras, ‘zonas preferenciais’]...” Logo, se um benefício for concedido em virtude da celebração de uma zona preferencial, área de livre comércio ou forma superior de integração, então este benefício não precisará ser estendido para os demais signatários do GATT. Não vai precisar cumprir a Cláusula da Nação Mais Favorecida. Por exemplo, no Mercosul, os países não cobram imposto de importação sobre os produtos fabricados na região (salvo em alguns poucos casos especiais), mas continuam cobrando imposto de importação para os produtos que vierem de fora da região, como, por exemplo, da Inglaterra ou dos EUA. Algum tempo depois do GATT, foi criada uma segunda exceção para a aplicação da Cláusula da Nação Mais Favorecida: Benefícios dados em virtude do Sistema Geral de Preferências (SGP) e do Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) não precisam ser estendidos para os demais. (Observação: Você verá o funcionamento do SGP e do SGPC com o Missagia.) Artigo II – “1. a) Cada Parte contratante concederá às demais partes contratantes um tratamento comercial não menos favorável que o previsto na parte apropriada da LISTA ANEXA ao presente Acordo...” Por este artigo II, podemos ver que os países signatários do GATT apresentaram listas com as alíquotas máximas de imposto de importação que cobrariam dos demais países signatários. Para cada produto listado, os países que assinaram o GATT informaram o máximo que cobrariam de imposto de importação. Os países montaram cada qual a sua lista e se comprometeram a não cobrar uma alíquota de imposto superior às constantes nas listas, que foram então anexadas ao GATT. A título de observação, na lista brasileira atual, anexada ao GATT, a média das alíquotas máximas gira em torno de 30%-35%. No entanto, na prática, o Brasil (ou melhor, o Mercosul) cobra uma alíquota média em torno de 7%-10% para produtos de fora do Mercosul. Portanto, o Mercosul tem uma margem para levantar alíquotas, lembrando que este levantamento tem que ser combinado pelos quatro países. Se um país quiser impor alíquotas superiores às constantes em sua lista, ele o pode fazer? Sim, mas, conforme dispõe o artigo XXVIII, essa modificação só pode ocorrer após acordo com os demais países. Deverão ser oferecidas compensações a estes. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 6 Artigo XXVIII – Modificação das Listas 1. ... qualquer Parte Contratante poderá modificar ou retirar uma concessão contida na lista correspondente anexa ao presente Acordo, após uma negociação e um acordo com qualquer Parte Contratante, com a qual esta concessão tiver sido negociada privativamente, bem como qualquer outra Parte Contratante cujo interesse como principal fornecedor for reconhecido pelas Partes Contratantes. Também o artigo XXVIIIb tem relação com as tarifas máximas fixadas pelos países. Foi por meio dele que se combinou que, periodicamente, seriam feitas rodadas de negociação para se buscar, por concessões recíprocas, a redução das alíquotas máximas. Artigo XXVIIIb – Negociações Tarifárias 1. As partes contratantes reconhecem que os direitos de aduana constituem com freqüência sérios obstáculos para o comércio; por esta razão, as NEGOCIAÇÕES tendentes, à base da reciprocidade e vantagens mútuas, a REDUZIR substancialmente o nível geral dos direitos aduaneiros e das demais taxascobradas sobre a importação ou exportação, e, em particular, as NEGOCIAÇÕES tendentes a reduzi-los quando muito elevados... se revestem de grande importância para a expansão do comércio internacional. Por conseguinte, as partes contratantes podem organizar periodicamente tais NEGOCIAÇÕES. Em suma, os países informaram as alíquotas máximas que seriam cobradas dos demais países signatários do GATT e assumiram, ao mesmo tempo, o compromisso de reverem periodicamente tais alíquotas nas chamadas Rodadas de Negociação. À frente estudaremos as Rodadas de Negociação. Apesar de não terem sido pedidas expressamente nos editais de 2009 para a Receita Federal, é importante analisá-las para não perdermos o “fio da meada”. Artigo III – Tratamento Nacional em Matéria de Tributos Internos “As partes contratantes reconhecem que os impostos e outros gravames internos, assim como as leis, regulamentos e normas que afetem a venda, a oferta para venda, compra, transporte, distribuição ou uso dos produtos no mercado interno ..., não devem ser aplicados aos produtos importados ou nacionais de maneira que se proteja a produção nacional.” Este é o Princípio do Tratamento Nacional, que aparece em praticamente todos os acordos multilaterais. Significa que não pode haver discriminação internamente entre o produto importado e o produto nacional. Por isso, é também conhecido como Princípio da Não-Discriminação ou Princípio do Tratamento em Matéria de Tributos Internos. ATENÇÃO: Tanto a Cláusula da Nação Mais Favorecida (artigo I) quanto o Princípio do Tratamento Nacional (artigo III) são conhecidos como princípio da não-discriminação. Mas note a diferença: pelo artigo I, o Brasil não pode favorecer um produto estrangeiro em detrimento de outro produto estrangeiro. Por exemplo, o produto inglês em relação ao produto francês. Já o artigo III dispõe que o Brasil não pode favorecer o próprio produto CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 7 nacional, ou seja, o brasileiro, em detrimento do produto francês, por exemplo. Para diferenciar os dois “princípios da não-discriminação”, convencionou-se que a NMF seria conhecida como “princípio da não-discriminação de países”. E o Princípio do Tratamento Nacional passou a ser conhecido como “princípio da não-discriminação de produtos”. A não-discriminação referida no artigo III diz respeito às normas e tributos internos, ou seja, se o produto alemão for importado, ele pode ser tributado com o imposto de importação. Mas, depois disso, ele tem que ser tratado do mesmo jeito que o produto nacional. Não pode, por exemplo, cobrar uma alíquota INTERNA de IPI superior à cobrada do produto brasileiro. Este princípio também aparece no GATS – Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (que só cai para AFRFB), como veremos em aula futura. O princípio aparece também no Acordo de Propriedade Intelectual (que não foi pedido nos editais de 2009) impondo que os países devem dar a mesma proteção aos direitos de propriedade intelectual, seja propriedade de um brasileiro, seja de um estrangeiro. Veja a questão que caiu na prova para Auditor-Fiscal da Receita Estadual do Espírito Santo, em 2008, elaborada pelo CESPE/UNB: (AFRE-ES/2008) Os acordos da OMC, que englobam o GATT 1947 e os resultados da Rodada Uruguai, fixam as regras que devem ser observadas no comércio internacional, em que tais normas são pautadas pelos próprios objetivos da OMC, que repetem os princípios do referido GATT. Acerca desses princípios, julgue os itens 58 a 60. (os itens 58 e 59 serão vistos à frente) 60 - O princípio da reciprocidade consagra a necessidade de tratamento igual entre produtos importados e produtos nacionais similares, no que tange a tributos ou a outros encargos. Resolução Segundo o gabarito oficial apresentado pela banca examinadora, o item está CORRETO. No entanto, é o Princípio do Tratamento Nacional que define que um país deve tratar INTERNAMENTE os produtos importados da mesma forma que trata os produtos nacionais similares. Não é o Princípio da Reciprocidade que trata disso. Talvez a banca tenha pensado uma coisa, mas escrito de uma forma imprecisa. Acho que eles pensaram na questão da seguinte forma: “O princípio da reciprocidade gera o tratamento igual entre produtos importados e produtos nacionais similares, OU SEJA, O PRODUTO IMPORTADO DE A SERÁ TRATADO DE UMA FORMA QUANDO ENTRAR NO PAÍS B, E O PRODUTO NACIONAL SIMILAR DE B SERÁ TRATADO DA MESMA FORMA QUANDO ENTRAR NO PAÍS A.” Lendo a questão dessa forma, conseguimos visualizar a reciprocidade, pois A e B tratarão os produtos um do outro de forma recíproca. Acho que foi este pensamento que levou a banca a dar o gabarito como CORRETO, mas, convenhamos, eu forcei esta leitura só para tentar entender o gabarito imposto. Conclusão: ou o gabarito está errado ou a questão foi mal formulada. Vejamos outra questão, esta cobrada no concurso para a APEX-Brasil, aplicada pela Fundação Universa, em 2009: CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 8 (APEX/2009) O GATT foi um acordo celebrado em 1947, entre 23 países, que adotaram apenas um segmento da Carta de Havana relativo às negociações de tarifas e regras sobre o comércio. Assinale a alternativa incorreta sobre o tema. a) Pela Cláusula da Nação Mais Favorecida, o país A só está obrigado a conceder um favor, vantagem ou privilégio ao país B se este último der ao país A o mesmo tratamento. b) Tratava-se de um conjunto de regras de regulação daquele comércio, aceitas e assinadas pelos países contratantes. c) Desde 01/01/95, o GATT foi substituído pela OMC, criada em 1993 quando do encerramento da Rodada Uruguai. d) Os países participantes do GATT promoviam negociações multilaterais, onde eram definidas as reduções tarifárias. e) A Rodada Tóquio, cujo término ocorreu em 1979, negociou, além de tarifas, uma série de acordos para reduzir a incidência das barreiras não-tarifárias. Comentários O gabarito é a letra A, pois o que ali consta escrito não é a Cláusula da Nação Mais Favorecida, mas o Princípio da Reciprocidade. Mas a letra C também não está correta, pois o GATT não foi substituído pela OMC. Basta ver que: - o GATT continua existindo como anexo ao Acordo Constitutivo da OMC, tendo inclusive sido republicado sob o título GATT-1994; e - a questão da prova de AFRF 2002-1, a ser apresentada na próxima aula (sobre OMC), veio idêntica ao que consta na letra C e foi considerada ERRADA. A questão deveria ter sido anulada. Recurso foi feito, mas não houve mudança no gabarito. (Observação: O assunto da letra E só iremos analisar mais à frente, sob o título “Rodadas de Negociação”.) Vamos continuar a análise dos demais artigos do GATT-1994. O artigo IV é específico para tratar de “películas cinematográficas”. Em resumo, permite que seja reservado um tempo mínimo de projeção para os filmes nacionais nas salas de cinema, podendo, assim, ser criados limites para a projeção de filmes estrangeiros. O artigo V é específico para definir a liberdade de trânsito das mercadorias. Em resumo, os países devem permitir o uso de seus territórios para passagem de mercadorias destinadas a outros países. O artigo VI é sobre defesa comercial, assim como os artigos XVI e XIX. Eles tratam do dumping, dos subsídios e das salvaguardas, e serão analisados com profundidade na aula 16. O artigo VII trata da valoração aduaneira. Este artigo dispõe que os países, na hora de apurar a base de cálculo do imposto de importação, não poderão usar valores arbitrários nem fictícios. O valor aduaneiro (ou “valor para fins aduaneiros”) deverá ser, na medida do possível, o “valor real da mercadoria”. CURSOSONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 9 Este artigo surge por conta da cobrança abusiva de imposto de importação que os países promoviam na década de 1930 para restringir importações. A mercadoria tinha sido importada por US$ 100,00, mas o governo a tributava como se ela tivesse entrado, por exemplo, por US$ 1.000,00. Com o GATT, foi afastado o uso de bases de cálculo arbitrárias e fictícias, mas, ainda assim, havia um certo grau de subjetividade no entendimento da expressão “valor real da mercadoria”. Cada país interpretava esta expressão da forma que melhor lhe convinha. Alguns consideravam preços médios; outros, preços mínimos; uns reconheciam o desconto e aceitavam redução da base de cálculo; outros não aceitavam. Portanto, a questão da valoração aduaneira ainda não estava “redondinha”. Os países precisaram assinar um acordo para regulamentar o artigo. E, assim, foi assinado o “Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do GATT”, pedido tanto no edital de AFRFB quanto no de ATRFB. A valoração aduaneira já foi explicada pelo Missagia. O artigo VIII trata dos demais valores cobrados pelos governos na importação de mercadorias. O artigo define que “todos os valores cobrados, além do imposto de importação, se limitarão ao custo aproximado dos serviços prestados e não deverão constituir uma proteção indireta dos produtos nacionais...” Este artigo define que, além dos impostos, caso seja cobrado qualquer outro valor, direta ou indiretamente, pelos Governos, este não poderá ser “abusivo”. Por exemplo, a taxa cobrada pela armazenagem de mercadorias importadas nos portos e a taxa cobrada pela atracação de navios nos portos não podem ser superiores aos custos aproximados destes serviços, senão isto poderia estar camuflando um protecionismo. O § 1o, c, dispõe ainda sobre as “medidas de facilitação do comércio”: “As partes contratantes reconhecem também a necessidade de reduzir ao mínimo os efeitos e a complexidade das formalidades de importação e exportação e de reduzir e simplificar os requisitos relativos aos documentos exigidos para a importação e para a exportação.” Como se vê, este artigo VIII também trabalha pela desburocratização aduaneira, pois uma aduana morosa acaba, propositadamente ou não, elevando os custos dos importados, servindo ao protecionismo comercial. Caiu a seguinte questão na prova de 2002: (AFRF 2002-2) Na Organização Mundial do Comércio (OMC), o tratamento de temas relativos à simplificação de trâmites aduaneiros ocorre no âmbito das negociações sobre: a) obstáculos técnicos ao comércio. b) acesso a mercados. c) medidas de facilitação de comércio. d) subvenções e direitos compensatórios. e) defesa da concorrência. Comentários Gabarito: Letra C. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 10 O artigo IX dispõe sobre as “Marcas de Origem” e define o Princípio do Tratamento Nacional para elas, ou seja, as marcas de origem registradas em um país serão respeitadas nos demais como se tivessem sido registradas no próprio pais. Assim dispõe o § 6o: “As partes contratantes colaborarão entre si para impedir o uso das marcas comerciais tendente a induzir a erro relativamente à origem do produto...” A expressão “Vinho do Porto” possui a indicação da origem do produto. Nenhum país (salvo Portugal) tem o direito de usar a marca “do Porto” para vinhos produzidos em seus territórios, pois poderia induzir os consumidores a erro. Da mesma forma, a expressão “bebida Champagne” só poderia ser utilizada para bebidas produzidas naquela região francesa. Outros exemplos: “castanha do Pará” e “tapete persa”. Este artigo acabou sendo regulamentado no Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual (TRIPS), que não foi pedido nos editais de 2009 para a Receita Federal. O artigo X dispõe sobre a publicação imediata das normas aduaneiras, complementando as medidas de facilitação do comércio. Todas as normas que gerem efeitos no comércio exterior devem ser publicadas rapidamente e antes de sua entrada em vigor: “As leis, regulamentos, decisões judiciais, ... que se refiram à matéria aduaneira ... serão publicados rapidamente a fim de que os governos e os comerciantes tenham prévio conhecimento.” É o princípio da Transparência ou da Publicidade. Sobre este princípio caiu a seguinte questão na prova para Auditor-Fiscal da Receita Estadual do Espírito Santo, em 2008: (AFRE/ES – CESPE/UNB) 58 - Pelo princípio da transparência, qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por uma parte contratante em relação a um produto originário de ou destinado a qualquer outro país será imediata e incondicionalmente estendido ao produtor similar, originário do território de cada uma das outras partes contratantes ou ao mesmo destinado. Comentários Gabarito: Item incorreto. O nome do mecanismo indicado na questão não é “princípio da transparência”, mas “Cláusula da Nação Mais Favorecida”. Artigo XI – A tarificação das Barreiras O artigo XI a ESAF usa muito em prova: “Parágrafo 1o – Nenhuma parte contratante imporá nem manterá – além dos direitos aduaneiros, impostos e outras taxas – proibições nem restrições à importação de um produto do território de outra parte contratante ou à exportação ou à venda para exportação de um produto destinado ao território de outra parte contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, licenças de importação ou de exportação ou por meio de outras medidas.” Os países, usando a teoria econômica, avaliaram os danos causados pelas medidas protecionistas e perceberam que as quotas são a barreira que traz os efeitos mais danosos para o comércio mundial. Por isso, proibiram expressamente seu uso no artigo XI (há exceções). Ao fazer a análise econômica, perceberam que a tarifa seria, no conjunto, a barreira mais apropriada para uso pelos países. Por isso, escreveram no artigo XI, em outras palavras, “caso um país tenha justificativa para criar uma barreira CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 11 comercial, que esta seja na forma de tarifa.” Esta é a chamada tarificação das barreiras. Ao mesmo tempo, no GATT foram previstas as negociações para se reduzirem gradualmente as barreiras tarifárias. No início, a tarificação e as negociações funcionaram, e as alíquotas foram bastante reduzidas. No entanto, quando chegou a década de 1970, houve um retrocesso, como veremos à frente. Está escrito no artigo XI que não são permitidas as quotas (contingentes) de importação, nem o sistema de licenciamento, nem qualquer outra medida restritiva. Mas estas são regras que comportam exceções. Estas estão previstas, por exemplo, no parágrafo 2o do mesmo artigo XI e no artigo XII: “Parágrafo 2o – As disposições do parágrafo 1o deste artigo não se aplicarão aos seguintes casos: a) Proibições ou restrições à exportação aplicadas temporariamente para prevenir ou remediar uma escassez aguda de produtos alimentícios ou de outros produtos essenciais para a parte contratante exportadora; [Perceba que esta é uma restrição imposta para as exportações para evitar desabastecimento interno. Fica autorizada a proibição às exportações porque, se não fosse assim, o mercado interno poderia ficar à míngua.] b) Proibições ou restrições à importação ou exportação necessárias para a aplicação de normas ou regulamentos sobre a classificação, o controle de qualidade ou a comercialização de produtos destinados ao comércio internacional; [Portanto, pode haver sistema de licenciamento de importações e de exportações para proibir, por exemplo, a entrada de brinquedos que não possuam condições mínimas de segurança para as crianças da idade indicada.]c) Restrições à importação de qualquer produto agrícola ou pesqueiro ... quando sejam necessárias para a execução de medidas governamentais que tenham por efeito: i. Restringir a quantidade do produto nacional similar que possa ser comercializada ou produzida ...; [O que aparece neste caso é a situação em que o Governo tomou a decisão de diminuir a produção NACIONAL ou a comercialização interna de um determinado produto. Ora, se o governo decidiu reduzir a produção nacional ou a comercialização interna de um bem, ele tem também o direito de reduzir importações dos bens similares. Neste caso, não estará havendo reserva de mercado, o que seria proibido.] ii. Eliminar um excedente de produção nacional ... colocando tal excedente à disposição de certos grupos de consumidores no país, gratuitamente ou a preços inferiores aos correntes neste mercado; ou [Neste caso, o governo verificou que há mercadoria nacional sobrando no mercado interno e tomou a decisão de doar (ou “quase isso”) este excesso a, por exemplo, pessoas menos favorecidas. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 12 Ora, se o governo percebeu que há excesso de mercadoria no país e, por isso, vai doá-las, é natural que ele tenha o direito de, enquanto não terminar de fazer a distribuição para normalizar o mercado, restringir importações de bens similares. A lógica é: Se já há mercadoria nacional sobrando (por isso, o governo está distribuindo), a permissão para entrada de mais mercadorias de fora só atrapalharia a intenção do governo de enxugar o excesso.] iii. Restringir a quantidade que possa ser produzida de qualquer produto de origem animal cuja produção dependa diretamente do produto importado, quando a produção nacional de bens similares a este for insignificante. [Imaginemos que o Brasil queira reduzir a produção interna de carne para segurar os preços, que estão caindo muito. De que jeito ele pode fazer isso? Por exemplo, se for reduzida a importação de ração (partindo da premissa de que a ração é imprescindível para a produção de carne), conseguimos reduzir a produção de carne? Sim, se a ração importada é imprescindível para a produção nacional de carne, a restrição às importações de ração vai gerar diminuição da produção de carne. Mas esta restrição somente pode ser imposta caso não haja ração similar sendo produzida internamente, ou seja, desde que “a produção nacional de bens similares a este for insignificante”. Caso haja ração produzida internamente, a restrição às importações seria um protecionismo camuflado. Seria uma reserva de mercado, que é algo inaceitável no GATT. Em resumo, se o Brasil quer reduzir a produção interna de carne, será permitida uma restrição às importações de ração, desde que não haja produção nacional. Isto para não caracterizar a reserva de mercado.] Toda parte contratante que imponha restrições à importação de um produto em virtude das disposições da alínea (c) deste parágrafo publicará o TOTAL DO VOLUME OU DO VALOR do produto cuja importação ficará autorizada durante um período especificado...” Pode-se ver então pela redação acima que o país que criar esta restrição poderá criar uma quota sobre o volume ou sobre o valor das importações. Na prova para Auditor-Fiscal da Receita Estadual do Espírito Santo, aplicada em 2008, caiu a seguinte questão: (AFRE-ES/2008 – CESPE/UNB) 59 O princípio da proibição das restrições quantitativas tem como objetivo evitar as restrições não-alfandegárias ao comércio, uma vez que tais restrições são menos perceptíveis e mais difíceis de controlar. Resolução Item CORRETO. O uso de quotas é, em regra, proibido, como vimos no artigo XI. Mas é proibido por quê? Pelos efeitos danosos à economia mundial que a quota impõe, inclusive a falta de transparência e a parcialidade inerente à quota (se usar CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 13 uma quota, o país importador pode teoricamente fazer, direta ou indiretamente, um favorecimento a um ou a outro país exportador, desvirtuando a igualdade buscada pelo artigo I do GATT). Eis uma outra questão que pode ser resolvida após a análise do artigo XI: (ACE/2008 – CESPE/UNB) Julgue o item seguinte, relativo aos instrumentos básicos de política comercial. 144 Embora o GATT proíba, como regra geral, a aplicação de medidas restritivas de caráter quantitativo, a imposição de cotas de importação é reconhecida como medida de política comercial legítima, quando de caráter condicional, excepcional e temporário, para a correção de desequilíbrios do mercado doméstico. Resolução Item CORRETO, conforme vimos acima. Há desequilíbrios no mercado doméstico quando o governo quer, por exemplo, enxugar o excesso de bens no mercado. Saindo do artigo XI, passemos para os demais artigos do GATT/94. Artigo XII – Restrições para proteger o Balanço de Pagamentos No artigo XII há a permissão para outras medidas protecionistas: “1. Não obstante as disposições do parágrafo 1o do artigo XI, toda parte contratante, com o fim de resguardar sua posição financeira exterior e o equilíbrio do seu Balanço de Pagamentos, poderá restringir o volume ou o valor das mercadorias permitidas para importar, observados os parágrafos seguintes. 2. a) as restrições à importação estabelecidas, mantidas ou reforçadas por qualquer parte contratante em virtude do presente artigo não excederão o necessário para: i) afastar a ameaça iminente de diminuição relevante de suas reservas monetárias ou deter tal diminuição; ou ii) aumentar suas reservas monetárias, considerando uma taxa razoável de crescimento, no caso de serem muito baixas. b) as partes contratantes, que apliquem restrições em virtude da alínea (a), devem atenuá-las progressivamente à medida que melhore a situação das reservas; ...” Caso um país esteja com desequilíbrio no Balanço de Pagamentos, ele pode impor barreiras “para resguardar sua posição financeira no exterior”, ou seja, para proteger suas reservas cambiais, as quais estão ameaçadas por conta do desequilíbrio. Deve-se frisar: 1) O país deve estar com desequilíbrio no Balanço de Pagamentos; 2) As reservas devem ser muito baixas ou devem estar tendo uma diminuição relevante (ou ameaçando ter); e 3) As barreiras somente podem ser usadas até melhorar a “situação das reservas”. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 14 O artigo XVII do GATT trata das empresas estatais. Por esse artigo, os países assumiram o compromisso de que suas empresas (estatais) não iriam discriminar os produtos estrangeiros para favorecer os produtos nacionais. Assim, as empresas estatais deveriam pautar suas ações tão-somente em questões de ordem comercial, como preço, qualidade ou quantidades disponíveis. Nenhum interesse político ou extra-comercial deve orientar as ações das empresas estatais. É interessante notar que o artigo XVII permite a discriminação em casos excepcionais: quando o produto for para consumo “pelos poderes públicos ou por sua conta e não a serem revendidos ou a servirem para a produção de mercadorias destinadas a venda.” Neste caso, pode haver discriminação para favorecer os produtos nacionais. Artigo XVIII – A proteção à indústria nascente Este assunto cai sempre em prova. É uma das situações permitidas para o uso de medidas protecionistas. Se algum país criar uma medida protecionista alegando “Proteção à indústria nascente”, nenhum outro país poderá reclamar. O que é indústria nascente? Vejamos a redação do GATT: “Artigo XVIII – Ajuda do Estado para favorecer o desenvolvimento econômico Parágrafo 1o – As partes contratantesreconhecem que o atingimento dos objetivos do presente Acordo será facilitado pelo desenvolvimento progressivo de suas respectivas economias, especialmente no caso das partes contratantes cuja economia ofereça à população um baixo nível de vida e que esteja nas primeiras fases de seu desenvolvimento. Parágrafo 2o – As partes contratantes também reconhecem que pode ser necessário para as partes contratantes a que se refere o parágrafo 1o, com o objetivo de executar seus programas e de aplicar suas políticas de desenvolvimento econômico tendentes ao aumento do nível de vida geral de sua população, adotar medidas de proteção ou de outra forma que influam nas importações e que tais medidas são justificadas na medida em que com elas se facilita o atingimento dos objetivos do presente Acordo. Por conseguinte, estão de acordo em que devem ser previstos, em favor destas partes contratantes, facilidades adicionais que lhes permitam: a) manter na estrutura de suas tarifas aduaneiras uma flexibilidade suficiente para que possam conceder a proteção aduaneira que requeira a criação de um determinado ramo de indústria; e b) estabelecer restrições quantitativas por motivos de balanço de pagamentos de maneira que se tenha plenamente em conta o nível elevado e estável da demanda de importações que pode originar a execução de seus programas de desenvolvimento econômico.” O conceito de indústria nascente foi criado na Alemanha na década de 1820 pelo economista e político alemão Friedrich List. Este conceito foi criado no contexto de uma Inglaterra industrializada e uma Alemanha nem unificada ainda (a unificação alemã só ocorreria em 1871). List, alemão, defendia a idéia de que os países, enquanto não tivessem atingido um nível razoável de desenvolvimento, poderiam impor barreiras para proteger a indústria que começava a surgir, a “indústria nascente”. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 15 List pregava que, caso não houvesse a proteção, a indústria alemã não conseguiria vingar, ou seja, nasceria, mas não conseguiria suportar a concorrência de produtos importados da Inglaterra, que já possuía um desenvolvimento muito maior em função da Revolução Industrial. Esta justificativa subsiste até hoje e foi incorporada ao GATT no artigo acima transcrito. Portanto, a “proteção à indústria nascente” é permitida. Deve-se notar também que a permissão para o uso desta proteção é, conforme o § 1o, para países cuja economia “...esteja nas primeiras fases de seu desenvolvimento”, ou seja, apenas países em desenvolvimento podem invocar este artigo. E esta proteção às industrias nascentes deve ser temporária. Somente poderá ser usada enquanto a indústria for “nascente”. Artigo XX – Exceções Gerais O artigo XX do GATT traz uma lista de situações em que os países podem adotar medidas protecionistas. São medidas: a) Necessárias para proteger a moral pública; b) Necessárias para proteger a saúde e a vida das pessoas, animais e vegetais; c) Relativas à importação ou exportação de ouro ou prata; d) Necessárias para a observância de leis que não sejam incompatíveis com o GATT (ex: direitos de autor e de reprodução, patentes ...); e) Relativas a produtos fabricados em prisões; f) Impostas para proteger o tesouro nacional artístico, histórico ou arqueológico; g) Relativas à conservação dos recursos naturais esgotáveis; h) Adotadas em virtude de acordo internacional; e i) Para evitar a exportação de matérias-primas nacionais essenciais garantindo tais insumos em quantidade adequada às indústrias transformadoras nacionais. Artigo XXI – Exceções Relativas à Segurança. No artigo XXI, o GATT dispõe que podem ser criadas medidas protecionistas para promoção da segurança nacional. Fica permitida a imposição de barreiras sobre a importação de materiais fissionáveis, armas, munições e material de guerra e outras aplicadas em tempos de guerra ou em caso de grave tensão internacional. Aqui há duas lógicas sobre tais restrições: 1) a primeira diz respeito à não-permissão para que pessoas possam importar este tipo de bem; e 2) a segunda diz respeito à reserva de mercado para que empresas nacionais produzam este tipo de bem com intenção de o país não ficar dependendo de importações. Neste sentido, é permitida também a restrição de importações de alimentos e energia elétrica, que são bens estratégicos, que todos os países devem produzir para evitar que dependam de importações. Artigo XXV – Waivers Pelo que vimos nos artigos do GATT, este permite medidas protecionistas em algumas situações: (i) artigo XI – para o país se defender de desequilíbrios CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 16 domésticos; (ii) artigo XII – para resolver déficits em Balanço de Pagamentos; (iii) artigo XVIII – para ajudar as indústrias nascentes; (iv) artigo XX – exceções gerais; (iv) artigo XXI – para promover a segurança nacional; e (vi) artigos VI e XIX – para o país promover defesa comercial. Além dessas situações de protecionismo justificado, o artigo XXV do GATT permite que, em outras situações não-previstas, um ou outro país seja dispensado do cumprimento de regras do acordo. Para que essa dispensa aconteça, é necessário que haja aprovação por maioria de dois terços dos votos, sendo tal maioria mais da metade das partes contratantes. Portanto, dos votantes mais de 2/3 devem aprovar. E, considerando que nem todos os países votam, a questão somente será aprovada se os votos favoráveis abrangerem mais da metade dos países signatários do GATT. A dispensa é conhecida como waiver. Aqui se encerra a análise dos artigos do GATT. Década de 1970 Bom, vimos que o GATT prega, no artigo XI, a tarificação das barreiras, ou seja, que todas as barreiras não-tarifárias sejam substituídas por alíquotas de imposto. Vimos também que, em regra, as barreiras não-tarifárias não podem ser usadas, salvo em alguns casos especiais. No início, os países procederam à substituição de muitas de suas barreiras por tarifas e, depois de algumas rodadas de negociação, as alíquotas máximas informadas nas listas do artigo II se tornaram baixas. Mas... Chegou a década de 1970. Foi uma década problemática. Ocorreram, por exemplo, duas crises do petróleo (1973 e 1979) e o fim do Sistema Bretton Woods (o sistema de controle das taxas de câmbio acabou em 1973). Por conta principalmente das crises do petróleo, houve um aumento significativo da inflação mundial. Em decorrência disto, os países passaram a sofrer uma série de dificuldades econômicas. Para tentar diminuir os problemas domésticos, os países quiseram levantar novamente as barreiras comerciais. Mas havia limites. Havia um compromisso firmado no GATT de não se cobrarem alíquotas mais altas do que aquelas informadas nas listas anexadas ao GATT (salvo se fossem oferecidas compensações comerciais). Havia também a proibição genérica de se usarem quotas como barreiras. Então, por falta de alternativa, os países começaram a “inventar” barreiras comerciais. Inventaram barreiras sanitárias, barreiras técnicas e outras barreiras que, na prática, apenas camuflavam a tentativa de se restringirem as importações. Por exemplo, inventaram barreiras: 1) sobre o grau de acidez do abacaxi (EUA). Só podia ser importado abacaxi que não tivesse um grau de acidez superior a determinado percentual; 2) sobre o percentual de umidade do algodão (EUA). Só podia ser importado algodão que não tivesse um grau de umidade superior a determinado percentual; e 3) sobre o tamanho de banana importada. A Inglaterra definiu que só poderiam ser importadas bananas com 14 cm de comprimento e 2,7 cm de largura (Jayme de Mariz Maia, em “Economia Internacionale Comércio Exterior”). Este último exemplo surgiu, na verdade, em 1994, mas retrata bem o tipo de barreira levantada nos anos 70. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 17 Em todos os casos acima, a intenção era/é basicamente proibir a importação ou restringi-la para produtos originários de um ou de outro país. Por exemplo, o grau de acidez do abacaxi foi definido num limite que, na prática, serviu para praticamente restringir ou eliminar as exportações de abacaxis para os EUA. Assim, o mercado norte-americano fica reservado para abacaxis produzidos internamente ou então para aqueles produzidos em um país escolhido a dedo. No caso, os países do Caribe. Portanto, desde a década de 1970, as grandes barreiras comerciais passaram a ser as barreiras não-tarifárias, já que as alíquotas máximas de imposto de importação foram sendo reduzidas, estando atualmente num nível muito baixo. Sobre isso, caiu a seguinte questão: (AFRF/2003) Sobre o protecionismo, em suas expressões contemporâneas, é correto afirmar-se que: a) tem aumentado em razão da proliferação de acordos de alcance regional que mitigam o impulso liberalizante da normativa multilateral. b) possui expressão eminentemente tarifária desde que os membros da OMC acordaram a tarifação das barreiras não-tarifárias. c) assume feições preponderantemente não-tarifárias, associando-se, entre outros, a procedimentos administrativos e à adoção de padrões e de controles relativos às características sanitárias e técnicas dos bens transacionados. d) vem diminuindo progressivamente à medida que as tarifas também são reduzidas a patamares historicamente menores. e) associa-se a estratégias defensivas dos países em desenvolvimento frente às pressões liberalizantes dos países desenvolvidos. Comentários O protecionismo atualmente tem expressão preponderantemente não-tarifária já que as tarifas máximas foram fixadas em listas nacionais anexadas ao GATT (artigo II), sendo reduzidas nas rodadas de negociação e também na celebração de blocos de integração como, por exemplo, o Mercosul, a União Européia e o NAFTA. E as barreiras não-tarifárias passaram a ser as mais usadas a partir dos anos 70. A letra C é a resposta. A Letra A é falsa porque é totalmente absurda a afirmação de que o protecionismo tem aumentado porque têm surgido mais blocos de integração regional (que aumentam a liberalização comercial!). A Letra B é falsa, pois o protecionismo, desde os anos 70, tem expressão eminentemente não-tarifária, apesar do compromisso da tarificação. A Letra D diz que o protecionismo tem se reduzido já que as tarifas estão se reduzindo. 1a Pergunta: O protecionismo tem se reduzido? Sim, desde 1994 quando a Organização Mundial do Comércio começou a funcionar. 2a Pergunta: As alíquotas estão sendo reduzidas a nível historicamente menores? Mais ou menos. As barreiras tarifárias já estão muito baixas. 3a Pergunta: O protecionismo está se reduzindo porque as tarifas estão se reduzindo? Não, pois apesar de as tarifas terem diminuído muito, as barreiras não- tarifárias são, desde a década de 1970, o grande problema. O protecionismo hoje é praticamente de caráter não-tarifário. As barreiras não-tarifárias aumentaram demais. A partir de 1994, o protecionismo começa a diminuir porque a OMC tem condenado um conjunto enorme de barreiras não-tarifárias, tais como os subsídios CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 18 concedidos por vários países. Portanto, o protecionismo está se reduzindo pela redução de barreiras não-tarifárias já que as tarifárias hoje são pequenas, não passam de um detalhe. A Letra E joga a culpa do protecionismo nas costas dos países em desenvolvimento como se somente eles tomassem atitudes protecionistas. É como se os países desenvolvidos não adotassem medidas protecionistas. As Rodadas de Negociações O artigo XXVIIIb do GATT previa a celebração de rodadas de negociações para liberalização comercial. Por meio das rodadas, os países se concederiam reciprocamente benefícios comerciais. Aconteceram as seguintes Rodadas: 1a) Genebra/1947 – A primeira é a que constituiu o GATT. 2a) Annecy/1949 – Redução das barreiras tarifárias 3a) Torquay/1951 – Redução das barreiras tarifárias 4a) Genebra/1956 - Redução das barreiras tarifárias 5a) Genebra (Rodada Dillon)/1960-1961 – Redução das barreiras tarifárias 6a) Genebra (Rodada Kennedy)/1964/1967 – Redução das barreiras tarifárias e aprovação do Acordo Antidumping As primeiras rodadas foram basicamente para redução de barreiras tarifárias cumprindo o que fora acordado nos artigos II e XXVIIIb do GATT. Haviam combinado a tarificação e a redução das tarifas nas rodadas de negociação. E assim ocorreu. Na 6ª rodada, foi criado o Acordo Antidumping, que vai ser analisado em aula futura. 7a) Genebra (Rodada Tóquio)/1973-1979 – O coração desta rodada foi a decisão de se tomarem medidas para combater as barreiras não-tarifárias que estavam proliferando por causa dos problemas mundiais. Como assim? Quando chegou a década de 1970, barreiras não-tarifárias foram “inventadas” e levantadas. Isto ocorreu por causa das duas crises do petróleo e pelo fim do Sistema Bretton Woods. Estas barreiras não-tarifárias começaram então a ser atacadas na Rodada Tóquio, como vimos anteriormente. Nesta rodada surgiu, por exemplo, o Acordo sobre Licenciamento das Importações e o Acordo sobre Barreiras Técnicas. Estes acordos foram revistos, alterados e atualizados na Rodada seguinte: a Rodada Uruguai. A Rodada Tóquio também se destaca porque foi nela que se sancionou o uso do Sistema Geral de Preferências (SGP), criado em 1970 pela UNCTAD e administrado até hoje por ela, como você verá com o Missagia. 8a) Genebra (Rodada Uruguai)/1986-1994 – A Rodada Uruguai é considerada a mais importante rodada, pois foi nela que se criou a Organização Mundial do Comércio e os seguintes acordos comerciais multilaterais: a) o Acordo sobre Serviços (GATS) (*) b) o Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual (TRIPS) c) Acordo sobre Agricultura d) Acordo sobre Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) (*) e) Acordo sobre Têxteis e Vestuário f) Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas com o Comércio (TRIMS) (*) g) Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 19 h) Acordo sobre Regras de Origem (*) i) Acordo sobre Salvaguarda (*) j) Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias (*) k) Mecanismo de Exame de Políticas Comerciais (*) Pedidos nos editais de 2009 para AFRFB e/ou para ATRFB. 9a) A Atual: Rodada de Doha/2001-... É conhecida por Rodada do Desenvolvimento, pois seu objetivo principal é criar formas de gerar desenvolvimento para os países em desenvolvimento, aumentando sua inserção na economia mundial. Busca-se um desenvolvimento que seja integrado com os países desenvolvidos e não uma “compensação” por longos anos de subdesenvolvimento. Observação: Em Comércio Internacional, toda vez que se fala a palavra “desenvolvimento”, tem que se fazer a ligação com “políticas que gerem desenvolvimento para os países em desenvolvimento”. A Rodada de Doha, que deveria ter sido encerrada em 2005, estava sendo trabalhada para ser concluída em 2010, o que também já se mostrou inviável, conforme profetizado pelo Diretor-Geral da OMC, Pascal Lamy, e noticiado pelos órgãos de imprensa, “Doha pode ficar para 2011” (Jornal Estado de S. Paulo, em 21/10/2009). Continua bastante atual a frase dita em 2009: “há uma frustração coletiva em relação a Doha”. Resumidamente, os maiores problemas nasnegociações são: 1) os países desenvolvidos não aceitam rever os subsídios que concedem aos produtores do setor primário (agropecuário). Tais subsídios fazem com que os produtos lá fabricados passam a ter preços baixíssimos ao consumidor doméstico, visto que os produtores já recebem a ajuda governamental. E isso dificulta as exportações dos bens agropecuários dos países em desenvolvimento para aqueles mercados; e 2) os países em desenvolvimento não aceitam derrubar as barreiras para os produtos dos países desenvolvidos. Alegam que não têm condições de concorrer com os produtos industrializados de baixos preços e alta tecnologia. Em suma, ninguém cede e as negociações não avançam. QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES Concluída a parte teórica, podemos agora exaurir as questões de provas anteriores relativas ao GATT. (AFRF 2002-1) Todas as vantagens, favores, privilégios ou imunidades concedidos por uma parte contratante a um produto originário ou com destino a qualquer outro país serão, imediatamente e incondicionalmente, estendidos a qualquer produto similar originário ou com destinação ao território de quaisquer outras partes contratantes. (GATT-1994, artigo 1, parágrafo 1). O excerto acima destacado (caput do parágrafo 1 do artigo 1) define uma cláusula conhecida, internacionalmente, como: a) cláusula de tratamento preferencial. b) cláusula da nação mais favorecida. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 20 c) cláusula de favorecimento comercial. d) cláusula de país aderente a Acordo Comercial. e) cláusula de definição comercial. Comentários A Cláusula da Nação Mais Favorecida se resume em “todo benefício dado por um país signatário do GATT a outro, signatário ou não, deve ser estendido incondicionalmente aos demais signatários.” Segundo o próprio GATT, não é necessário cumprir a Cláusula da Nação Mais Favorecida se o benefício for concedido em blocos comerciais. Posteriormente, foram criados o Sistema Geral de Preferências (SGP) e o Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC), respectivamente pela UNCTAD e pelo Grupo dos 77. Por estes sistemas (que você verá com o Missagia), também não há necessidade de se cumprir a Cláusula da Nação Mais Favorecida. (AFRF/2005) 37 - A adoção da cláusula da nação mais favorecida pelo modelo do Acordo Geral de Tarifas e Comércios (GATT) teve como indicativo e desdobramento a pressuposição da igualdade econômica de todos os participantes do GATT, bem como, no plano fático: a) a luta contra práticas protecionistas, a exemplo da abolição de acordos bilaterais de preferência. b) a manutenção de barreiras alfandegárias decorrentes de acordos pactuados entre blocos econômicos, a exemplo do trânsito comercial entre membros do MERCOSUL e da União Européia, criando-se vias comerciais preferenciais freqüentadas e protagonizadas por atores globais que transcendem o conceito de estado-nação. c) a liberação da prática de imposição de restrições quantitativas às importações, por parte dos estados signatários que, no entanto, podem manter políticas de restrições qualitativas. d) a liberalização do comércio internacional, mediante a vedação de quaisquer restrições diretas e indiretas, fulminando-se a tributação na exportação, proibida pelas regras do GATT, que especificamente vedam a incidência de quaisquer exações nos bens e serviços exportados, de acordo com tabela anualmente revista, e que complementa as regras do Acordo. e) o descontrole do comércio internacional, mediante a aceitação de barreiras tarifárias, permitindo-se a tributação interna, medida extrafiscal que redunda na exportação de tributos, instrumento de incentivo às indústrias internas e de manutenção de níveis ótimos de emprego, evidenciando-se as preocupações da Organização Mundial do Comércio em relação a mercados produtores e consumidores internos. Comentários Vimos anteriormente que a Cláusula da Nação Mais Favorecida (NMF) trouxe o multilateralismo ao definir que não haveria mais concessão de benefícios bilateralmente. A NMF impôs o multilateralismo ao definir que qualquer vantagem dada a um país deveria ser “imediata e incondicionalmente” estendida aos demais signatários do GATT. A letra A é a resposta. A letra B está errada ao dizer: CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 21 1) que a Cláusula da Nação Mais Favorecida tem por desdobramento a manutenção de barreiras alfandegárias. Ora, a NMF diz respeito à não-discriminação de países e, por isso, é também chamada de Princípio da Não-Discriminação; e 2) que as barreiras alfandegárias decorrem de acordos pactuados entre blocos econômicos. Ora, acordos entre blocos NUNCA são feitos para se criarem barreiras. A letra C é absurda: A cláusula NMF é liberalizante, não protecionista ou permissiva de restrições. Letra D: A cláusula NMF é liberalizante, pois dela decorre que qualquer benefício concedido a um país deve ser estendido aos demais signatários do GATT. A NMF não prevê eliminação de barreiras. Prevê, repito, que todo benefício dado a um país seja estendido para os demais. Mesmo se considerarmos que o GATT, não a NMF (que é o artigo I), prevê eliminação de barreiras, não se pode considerar a letra D correta, pois existem situações em que o protecionismo pode ser usado, como, por exemplo, para proteger indústrias nascentes (artigo XVIII do GATT) ou para melhorar Balanço de Pagamentos quando as reservas cambiais estiverem em nível muito baixo (artigo XII do GATT). E até o uso de tarifas é tolerado e “estimulado”, tendo em vista que as tarifas deveriam ser usadas no lugar das barreiras não- tarifárias (é a “tarificação das barreiras”). Letra E: A NMF não tem nada a ver com aceitação de barreiras tarifárias, mas com extensão de benefício para os outros signatários do GATT. Apesar de a letra A ser a que a ESAF considerou correta, ela não está perfeita. Eu propus o seguinte recurso, mas não houve mudança na posição oficial da banca: “A letra A afirma que a Cláusula da Nação Mais Favorecida tem por desdobramento a ‘abolição de acordos bilaterais de preferência’. Esta afirmação não é totalmente correta, considerando que o parágrafo 5o do artigo XXIV do GATT prevê que a NMF não se aplicará quando houver o estabelecimento de uma união aduaneira, área de livre comércio ou a ADOÇÃO DE ACORDOS PRELIMINARES NECESSÁRIOS para o estabelecimento desses blocos. Em suma, não é necessário cumprir a NMF no caso dos acordos bilaterais de preferência se estes tiverem por objetivo o estabelecimento de uma área de livre comércio ou de uma união aduaneira. Em outras palavras, os acordos bilaterais de preferência podem subsistir, não precisando ser abolidos. Vejamos o § 5o: ‘5. Por conseguinte, as disposições deste Acordo não impedirão, entre os territórios das partes contratantes, o estabelecimento de uma união aduaneira nem de uma área de livre comércio, nem a adoção de acordos preliminares necessários para o estabelecimento de uma união aduaneira ou de uma área de livre comércio, à condição de que: ...’ Os acordos de preferência podem ser celebrados com o objetivo de se conformar uma área de livre comércio ou uma união aduaneira. Podemos confirmar isto pelo ensino de Bruno Ratti, ‘Comércio Internacional e Câmbio’, Edições Aduaneiras, 10a edição, página 460: ‘É interessante mencionar que, embora um dos objetivos do GATT fosse a eliminação do tratamento discriminatório no comércio internacional, ele não proibia a formação de blocos econômicos ou aduaneiros que objetivassem a remoção de tarifas e outras barreiras ao comércio entre países participantes desses blocos. Assim, uma união aduaneira ou uma zona de livre comércio podia ser tolerada e até mesmo estimulada.’O que o Bruno Ratti diz? Diz que a Cláusula da Nação Mais Favorecida (Princípio da Não-Discriminação) não proíbe a formação de blocos CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 22 econômicos, ou seja, não vai abolir os acordos comerciais, sejam bilaterais ou multilaterais. Portanto, a NMF não tem por objetivo abolir os acordos multilaterais preferenciais (ex. ALADI) ou bilaterais (também há acordos bilaterais de preferência já que um bloco econômico pode ser composto de dois países, conforme se pode verificar no parágrafo 8o do artigo XXIV do GATT). ‘§ 8o Para os efeitos de aplicação do presente acordo, a) entender-se-á por união aduaneira, a substituição de DOIS ou mais territórios aduaneiros por um único território aduaneiro...’ Como exemplo de um bloco comercial de dois países, pode ser citado o Acordo de Livre Comércio entre EUA e Canadá celebrado em 1988, sendo o embrião do atual NAFTA (página 493 do livro do Bruno Ratti: ‘Em 11/01/89 entrou em vigor o Acordo Comercial entre os EUA e o Canadá, objetivando criar uma zona de livre comércio.’). Portanto, a Cláusula da Nação Mais Favorecida do GATT não prevê eliminação de acordos bilaterais nem multilaterais de preferência que tenham por objetivo o estabelecimento de uma área de livre comércio ou de uma união aduaneira, como se depreende do artigo XXIV do GATT. Porém, se o acordo bilateral de preferência não tiver por objetivo o estabelecimento de uma área de livre comércio ou de uma união aduaneira, aí sim poderíamos interpretar a letra A como correta. Esta conclusão decorre da interpretação a contrario sensu do artigo XXIV do GATT. O erro na letra A foi ter generalizado a abolição dos acordos preferenciais. Em síntese, a NMF não pretende abolir os acordos preferenciais bilaterais ou multilaterais QUE TENHAM por objetivo a formação de uma área de livre comércio ou de uma união aduaneira (§ 5o do artigo XXIV do GATT). Solicito anulação da questão por falta de opção correta.” O recurso não foi aceito. (AFRF/2005) 41- O estado X, principal importador mundial de brocas helicoidais, adquire o produto de vários países, entre eles os estados Y e Z. Alegando questões de ordem interna, o estado X, num dado momento, decide majorar o imposto de importação das brocas helicoidais provenientes de Y, e mantém inalterado o tributo para as brocas helicoidais oriundas de Z. Considerando que os países X, Y e Z fazem parte da Organização Mundial do Comércio, com base em que princípio da Organização o estado Y poderia reclamar a invalidade dessa prática? a) Princípio da transparência. b) Princípio do tratamento nacional. c) Respeito ao compromisso tarifário. d) Cláusula da nação mais favorecida. e) Princípio da vedação do desvio de comércio. Comentários A cláusula da nação mais favorecida também é conhecida como princípio da não- discriminação. Todo benefício dado a um país deve ser estendido incondicionalmente aos demais, sem discriminação. Letra D. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 23 (AFRF/2002-2) O regime de licença prévia na importação, configurando uma restrição quantitativa, pode ser instituído pelos países, sendo tolerado pela Organização Mundial de Comércio (OMC) principalmente a) visando selecionar aquelas mercadorias cuja produção interna seja incipiente e de qualidade inferior e, neste sentido, restringindo a importação que seria danosa pela concorrência, promove o desenvolvimento industrial. b) visando selecionar aquelas mercadorias tributadas com alíquotas mais elevadas e, assim, incrementando a arrecadação tributária, evita a emissão de moeda e conseqüentemente a inflação, promovendo o desenvolvimento do país. c) como medida de proteção à industria doméstica, e, assim, promovendo o seu desenvolvimento, impedindo ou restringindo a entrada do concorrente estrangeiro. d) visando evitar a formação de estoques especulativos de produtos aguardando a cotação no mercado nacional em alta, bem como impedir a importação de mercadorias originárias de países que discriminem as importações de outro país. e) como mecanismo de controle cambial exclusivamente para os países com dificuldades em seu balanço de pagamentos, além da necessidade de controlar a entrada de produtos afetos à autorização de órgãos governamentais específicos. Comentários Pode haver o sistema de licenciamento como forma de controle cambial, ou seja, como forma de controlar o nível das reservas cambiais para os países que estiverem com déficit em Balanço de Pagamentos. Na resposta da letra E faltou só falar que é quando as reservas estiverem exíguas ou ameaçadas de caírem demais. Pode também haver o licenciamento para controlar a entrada de animais vivos ou de brinquedos, por exemplo. A letra A está errada, pois “selecionar” é “deixar entrar”, no sentido inclusive usado na letra B. E deixar que entrem mercadorias cuja produção interna seja nascente é justamente o contrário do pregado no artigo XVIII. Se a indústria é nascente, haverá a imposição de barreiras, não a liberação das importações. Além disso, a proteção é à indústria nascente e não para a indústria de qualidade inferior. A proteção NUNCA vai poder ocorrer por causa da qualidade do produto brasileiro. Proteger porcaria não é admitido nunca. A letra B é a maior viagem. Está escrito que o país só vai permitir a entrada de produtos cujas alíquotas de imposto de importação sejam as mais altas e, assim, a arrecadação governamental será aumentada. Ora, o controle aduaneiro não tem função arrecadatória, mas extra-fiscal... Se quer arrecadar mais, a política será via aumento de imposto de caráter fiscal e não aumento via imposto de importação. Além disso, a redução de concorrência gera aumento de inflação, não o contrário. A letra C está quase perfeita. Faltou falar que a indústria é “nascente”. Se a letra C estivesse certa, o protecionismo generalizado estaria permitido no GATT. A letra D diz que o governo vai restringir importações de produtos para evitar que um brasileiro compre demais e depois fique esperando o produto subir de preço para então vender no mercado interno. Isto não tem o mínimo sentido. E fala também que um país A poderia retaliar impondo barreiras sobre as importações do país B, que discrimina o país C. Isto também não existe. Se o país B discrimina o país C, o que o país A tem a ver com isso? Se o país C se sente prejudicado por B, ele, país C, deve levar o caso ao sistema de solução de controvérsias. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 24 (AFRF 2002-2) Com relação às práticas protecionistas, tal como observadas nas últimas cinco décadas, é correto afirmar-se que: a) assumiram expressão preponderantemente não-tarifária à medida que, por força de compromissos multilaterais, de acordos regionais e de iniciativas unilaterais, reduziram-se as barreiras tarifárias. b) voltaram a assumir expressão preponderantemente tarifária em razão de compromisso assumido no âmbito do Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT)) de tarificar barreiras não-tarifárias, com vistas à progressiva redução e eliminação futura das mesmas. c) encontram amparo na normativa da Organização Mundial do Comércio (OMC), quando justificadas pela necessidade de corrigir falhas de mercado, proteger indústrias nascentes, responder a práticas desleais de comércio e corrigir desequilíbrios comerciais. d) recrudesceram particularmente entre os países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na segunda metade dos anos noventa, em razão da desaceleração das taxas de crescimento de suas economias. e) deslocaram-se do campo estritamente comercial para vincularem-sea outras áreas temáticas como meio ambiente, direitos humanos e investimentos. Comentários Gabarito.: Letra A. A questão de AFRF/2003, na página 19, foi copiada desta questão de 2002. As barreiras atualmente são preponderantemente não-tarifárias, já que as barreiras tarifárias se reduziram por causa das rodadas de negociações, por causa da criação de acordos regionais (de integração) e de reduções tarifárias unilaterais, em que um país concede uma redução de imposto sem pedir reciprocidade. A Letra B dispõe corretamente sobre o compromisso de tarificação, mas deixa de mencionar que houve um retrocesso na tarificação e, portanto, considera erradamente que as barreiras atualmente são preponderantemente tarifárias. A Letra C é falsa porque dispõe que o protecionismo é permitido quando há: 1) falhas de mercado: FALSO. Falha de mercado é um conceito estudado em Economia (por isso, não vou explicá-lo aqui). Mas cabe apenas perguntar: na lista de situações protecionistas toleradas pelo GATT consta alguma permissão para medidas protecionistas para falhas de mercado? Não. Logo, a proteção para corrigir falhas de mercado não está prevista no sistema multilateral. 2) proteger indústria nascente: CERTO; 3) responder a práticas desleais de comércio: CERTO; 4) corrigir desequilíbrios comerciais: FALSO. O protecionismo pode ser usado quando houver desequilíbrio no Balanço de Pagamentos e não simplesmente na Balança Comercial. A Letra D cita que o protecionismo aumentou na segunda metade dos anos 90. Isto é totalmente errado. A criação da OMC faz com que o mundo tome o caminho do livre comércio. A Letra E fala que as barreiras deixaram de ser estritamente comerciais para se tornarem barreiras não-tarifárias. Na verdade, as barreiras deixaram de ser TARIFÁRIAS para se tornarem não-tarifárias. Não podemos esquecer que tanto as CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 25 barreiras tarifárias quanto as barreiras não-tarifárias são espécies do gênero “Barreiras Comerciais”, posto que são barreiras ao comércio. (AFRF 2002-1) No que se refere ao comércio internacional, a década de noventa foi caracterizada pelo(a) a) recrudescimento do protecionismo em virtude do contexto recessivo herdado da década anterior. b) preponderância das exportações de serviços aos países desenvolvidos. c) tendência à liberalização impulsionada por medidas unilaterais, por acordos bilaterais e regionais bem como por compromissos assumidos multilateralmente. d) fracasso das negociações multilaterais no marco do GATT. e) proliferação de acordos de integração econômica entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Comentários Gabarito: Letra C. A década de 90 tem por característica principal o surgimento da OMC. É uma década com “tendência liberalizante”. A letra E fala sobre proliferação de acordos entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Quais acordos? Pegando, por exemplo, a lista dos 6 acordos pedidos nos editais de 2009 (Mercosul, NAFTA, União Europeia, Pacto Andino, ALALC e ALADI, a serem estudados em aula futura) algum deles foi criado nos anos 90 entre desenvolvidos e países em desenvolvimento? Só um: o NAFTA. Não houve “proliferação” nenhuma. (AFRF 2002-1) Sobre o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT), é correto afirmar que a) foi o organismo internacional que precedeu a Organização Mundial do Comércio. b) consagrava, como princípios fundamentais, a eqüidade, o gradualismo e a flexibilidade no comércio internacional. c) tinha o propósito de monitorar as trocas internacionais e a aplicação irrestrita do Sistema Geral de Preferências (SGP). d) mesmo após a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) mantém-se como componente fundamental do sistema multilateral de comércio. e) seus dispositivos contemplam apenas a eliminação das barreiras tarifárias. Comentários Mantém-se como o principal acordo comercial multilateral, já que a OMC não veio para revogá-lo, mas para fazer com que fosse cumprido. Letra D. A letra A é falsa porque o GATT não é nem foi organismo, mas simplesmente um acordo. A letra B é falsa, pois não existe este princípio da eqüidade no GATT. Eqüidade em quê? O que existe no GATT é o princípio da igualdade. Tratar todos os países de forma igual, sem discriminação, é o mandamento da Cláusula da Nação Mais Favorecida. Equidade, que aprendemos em Direito, é tratar os diferentes de forma diferente. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 26 O princípio do gradualismo, existente no GATT, dispõe que o livre comércio será atingido de forma gradual e o principal instrumento para isso são as negociações. O princípio da flexibilidade é o que permite exceções ao uso da Cláusula da Nação Mais Favorecida, caso o benefício seja concedido em função de um processo de integração (zona preferencial, área de livre comércio, união aduaneira, ...). A letra C é falsa, pois o SGP (você verá com o Missagia) não é administrado pela OMC, mas pela UNCTAD. A letra E é falsa, pois no GATT consta o artigo XI, que dispõe sobre a eliminação de barreiras não-tarifárias. (AFRF 2000) Não constitui princípio e prática da Organização Mundial do Comércio (OMC): a) Eliminação das restrições quantitativas b) Nação mais favorecida c) Proibição de utilização de tarifas d) Transparência e) Tratamento nacional Comentários Não está proibido o uso de tarifas, já que existe inclusive a previsão de tarificação. Ora, se todas as barreiras devem ser transformadas em barreiras tarifárias, estas são proibidas? Lógico que não. Letra C. Artigo XI do GATT – Eliminação das restrições quantitativas. Artigo I – Nação Mais Favorecida. Artigo X – Transparência. Artigo III – Tratamento Nacional. (AFTN/98) Um tratado comercial segue uma série de princípios jurídicos. Indique o princípio que não constitui uma base corrente para tratados comerciais. a) Paridade b) Reciprocidade c) Salvaguarda d) Nação Mais Favorecida e) Equivalência Comentários Todos os princípios das letras “b” a “d” já vimos. Como o gabarito foi a letra E, pode-se concluir que a ESAF, em 1998, considerava existente também o princípio da paridade (letra “a”). De fato, era comum tratarmos o princípio da paridade como o princípio do tratamento nacional (artigo III do GATT). Acontece que, na correção da prova discursiva de AFRFB/2009, os examinadores da ESAF fizeram marcações nas redações onde, coincidência ou não, era mencionado o “princípio da paridade”. Com isso, parece que a ESAF deixou CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 27 de aceitar a expressão “princípio da paridade”... Por isso, eu não havia feito menção a tal nomenclatura nesta aula, fazendo somente essa ressalva de agora. Para completar, acho bom comunicar que toda menção a “princípio da paridade” foi também retirada na nova edição do meu livro Relações Econômicas Internacionais, salvo essa questão da prova de 1998. Em relação à letra E: O princípio da Equivalência existe, mas não é uma “base corrente” para tratados comerciais, já que existe em apenas dois acordos multilaterais. Em uma frase (ainda veremos os Acordos sobre Medidas Sanitárias e sobre Barreiras Técnicas em aula futura): os atestados fitossanitários/sanitários/técnicos emitidos por um país membro da OMC podem ser aceitos pelas autoridades governamentais dos demais países, no caso de ser reconhecida a equivalência entre as normas do país importador e do país exportador. A letra E é a resposta. (AFTN/98) A Cláusula da Nação Mais Favorecida estabelece: a) a Nação mais favorecida nas tarifas de seu produto
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