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Aula 16 Comercio Internacional

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Oi, pessoal. 
 
Vemos hoje os acordos internacionais de defesa comercial. No edital de AFRFB, é o 
tópico 6: 
6. Práticas desleais de comércio e defesa comercial; medidas antidumping, 
medidas compensatórias e salvaguardas comerciais. 
No edital de ATRFB, a defesa comercial consta no tópico 7: 
7. Práticas desleais no comércio internacional. 7.1. Medidas de defesa 
comercial: medidas antidumping, medidas compensatórias e salvaguardas 
comerciais. 7.2. Sistema brasileiro de defesa comercial. 
Na próxima aula, veremos o sistema brasileiro de defesa comercial. 
 
PRÁTICAS DESLEAIS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
 
Toda vez que se fala de práticas desleais de comércio, devemos imediatamente nos 
reportar ao dumping e ao subsídio, que são as medidas referidas como tais. 
Em 1947, no pós-guerra, quando os países assinaram o GATT – Acordo Geral sobre 
Tarifas e Comércio – eles condenaram o uso do dumping e do subsídio. Para ser mais 
exato, o GATT é um acordo em que se condenaram todas as medidas protecionistas 
levantadas na década de 1930, em decorrência do Crash da Bolsa de Nova York. 
Quando estudamos o GATT, vimos que cada artigo veio focando uma determinada 
medida protecionista. 
 
DUMPING 
Podemos ver a condenação ao dumping no artigo VI do Acordo: 
“Artigo VI – Direitos Anti-dumping 
Parágrafo 1o – As partes contratantes reconhecem que o dumping, que 
permite a introdução dos produtos de um país no mercado de outro país a 
um preço inferior a seu valor normal, é condenável quando causa ou 
ameaça causar um dano significativo à indústria estabelecida no território de 
uma parte contratante ou se retarda sensivelmente a instalação de tal 
indústria. 
Parágrafo 2o – Com o fim de se prevenir ou impedir o dumping, toda parte 
contratante poderá impor, sobre qualquer produto objeto de dumping, um 
direito antidumping que não exceda a margem de dumping relativa a tal 
produto.” 
Seguem as informações mais importantes sobre o dumping: 
1o) Conceito literal de dumping: Venda para exportação por um preço inferior ao seu 
valor no mercado do país exportador; 
2o) O preço de exportação tem que ser comparado com o preço normal de venda e 
não em relação ao custo de produção; 
3o) O preço normal de venda não inclui os tributos, pois senão em toda exportação 
brasileira haveria a prática de dumping, visto que o Brasil não cobra IPI, PIS e 
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COFINS nas exportações (só para citar os tributos federais) e os cobra nas vendas 
internas; 
4o) Nem todo dumping é condenável: só o é quando causar ou ameaçar causar um 
dano significativo à indústria do país ou o retardamento de implantação de tal 
indústria; 
5o) Retardamento de instalação de uma indústria não é retardamento de instalação 
de uma firma. Em Economia, firma e indústria não são sinônimos. Indústria é o setor 
econômico e firmas são as pessoas jurídicas daquele setor. Por exemplo, pode-se 
dizer que a indústria de sapatos brasileiros é composta de 200 firmas concorrentes; 
6o) O dano deve ser entendido no sentido amplo, ou seja, a ameaça de dano é 
considerada dano. Também o atraso para uma indústria se instalar é considerado 
dano; 
7o) Uma medida antidumping somente pode ser tomada se ficar provado o 
DUMPING, o DANO e o NEXO CAUSAL, em que se prove que o dano decorre do 
dumping. 
8o) Como se apura o dano? 
Imagine que tenha sido descoberto o dumping. Por exemplo, a mercadoria está 
sendo exportada por R$ 8,00 (líquido de tributos) e é vendida no mercado do país 
exportador por R$ 10,00 (também líquido de tributos). 
Para se definir se há dano causado por este dumping, basicamente três coisas devem 
ser avaliadas: 
8.1) Deve ser feita uma comparação entre o preço da exportação com o preço da 
mercadoria similar no mercado do país importador. Por exemplo, se a mercadoria 
com dumping está sendo importada por R$ 8,00, mas os similares nacionais são 
vendidos a R$ 5,00, haverá dano? NÃO. 
(Note que a comparação para ver a existência de DUMPING é o preço da exportação 
com o preço do produto no mercado do país EXPORTADOR. 
E para ver se há DANO, deve-se comparar o preço da exportação com o preço do 
produto no mercado do país IMPORTADOR.) 
8.2) Caso a mercadoria com dumping esteja sendo importada por R$ 8,00, mas os 
similares nacionais sejam vendidos a R$ 10,00, haverá dano? TALVEZ. 
Aí tem que fazer a segunda pergunta: Qual o volume das importações? 
Veja: as mercadorias estão sendo importadas com dumping e estão entrando no 
Brasil por R$ 8,00. Os similares nacionais são vendidos por R$ 10,00. Tem que se 
saber qual o volume de importações para se comparar com o volume produzido 
internamente. Por exemplo, se a produção interna atinge milhões de unidades por 
ano e a importação com dumping é de apenas 5 ou 10 unidades, será que a indústria 
brasileira vai sofrer algum dano em decorrência deste volume de importações? É 
óbvio que não. 
Portanto, repito a segunda pergunta: O volume de importações com dumping é 
relevante comparado com a produção interna? Se não, NÃO há dano. 
Se sim, tem que ser feita a 3a pergunta. 
8.3) Chegamos à seguinte situação: Provou-se que existe dumping. Provou-se que o 
preço da importação é inferior ao preço do similar nacional. Provou-se que o volume 
de importações é significativo em relação à produção do similar nacional. A última 
pergunta para finalmente se concluir se há dano é: “Este preço de R$ 10,00 dos 
similares nacionais é um preço justo ou é um preço extorsivo?” Em outras palavras: 
“Há olho grande da indústria nacional?“ 
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Por exemplo, o similar nacional tem condições de ser vendido por R$ 5,00? Se tiver, 
não haverá dano à indústria brasileira. O Governo pensa o seguinte: “Indústria 
esperta, acabou o seu reinado. Eu não vou te proteger. Vou abrir a concorrência para 
baixar preço para o consumidor brasileiro.” 
Mas se o similar nacional está sendo vendido por R$ 10,00 e este é o preço justo, não 
abusivo, aí a empresa não teria condições de concorrer com o preço aviltado pelo 
dumping e então quebraria. Então fica caracterizado o dano. 
Pronto, o dano pressupõe a ocorrência de três coisas: 
1) o preço do similar nacional é superior ao preço do importado; 
2) o volume de importações do bem objeto de dumping é significativo se 
comparado à produção nacional; e 
3) o preço do similar nacional é um preço justo. 
Para ser rigoroso, vemos que o Acordo sobre a Implementação do Artigo VI assim 
define como se apura o dano: 
“Artigo 3o – Determinação de Dano 
1. A determinação de dano para as finalidades previstas no Artigo VI do GATT 
1994 deverá basear-se em provas materiais e incluir exame objetivo: (a) do 
volume das importações a preços de dumping e do seu efeito sobre os preços 
de produtos similares no mercado interno; e (b) do conseqüente impacto de 
tais importações sobre os produtores nacionais desses produtos.” 
9o) As medidas antidumping serão tomadas com o objetivo único de eliminar o dano, 
não o de impedir a importação; 
10o) As medidas antidumping (ou direitos antidumping) são barreiras não-tarifárias, 
visto que são criadas como sanção de ato ilícito internacionalmente. E, como vemos 
em Direito Tributário, nenhum tributo será instituído como sanção de ato ilícito. O 
direito antidumping é um valor que o Governo cobra para “encarecer” a importação, 
eliminando o efeito danoso para a indústria nacional. Desta forma, o Governo cobra 
um valor do importador que o faça pagar exatamente o valor que estaria 
despendendo caso não houvesse o dumping; 
11o) Por conta da conclusão do item anterior,a base de cálculo do imposto não é 
alterada. Para se defender do dumping não se cobra imposto a mais, não se altera 
base de cálculo do imposto nem a alíquota deste. A base de cálculo continua sendo o 
valor aduaneiro, que, pelo primeiro método, é o valor de transação da mercadoria. O 
valor de transação não é alterado, senão se estaria aumentando a cobrança de 
imposto como sanção de ato ilícito. 
Qual o remédio acordado para os países se defenderem de dumping? 
Alíquota antidumping, num percentual (ou valor fixo) tal que faça o importador gastar 
exatamente o valor que estaria gastando se não houvesse o dumping. O Governo 
brasileiro cobra para si a diferença entre o preço da exportação e o valor normal de 
venda de produto similar no mercado do país exportador. 
Pode um país se defender de um dumping danoso mexendo na base de cálculo do 
imposto de importação? Não. E mexendo na alíquota do imposto de importação? Não. 
Não se pode cobrar imposto em cima de uma base de cálculo diversa daquela 
apurada pelo Acordo de Valoração Aduaneira. 
Ora, se a mercadoria está sendo importada pelo preço de R$ 8,00, sendo que é 
vendida a R$ 10,00 no mercado do país exportador, configurando o dumping, o 
imposto de importação será cobrado com base em qual valor: R$ 8,00 ou R$ 10,00? 
Resp.: R$ 8,00. 
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O Acordo de Valoração Aduaneira tem como princípio básico de valoração o Princípio 
da Neutralidade. (Os princípios de valoração aduaneira você viu com o Missagia). O 
que é o Princípio da Neutralidade? 
Significa que a valoração aduaneira não pode ser usada com outro objetivo que não 
seja a apuração da base de cálculo do imposto, ou seja, não posso mexer na base de 
cálculo para me defender de um dumping, por exemplo. Para se defender de 
dumping ou de subsídio, há remédios específicos que não passam pelo uso da 
valoração aduaneira. 
12o) Margem de dumping é o quanto houve de dumping. Por exemplo, se uma 
mercadoria é vendida na Alemanha pelo preço equivalente a R$ 10,00, livre de 
impostos, haverá dumping se esta mesma mercadoria for exportada para o Brasil por 
um preço inferior aos R$ 10,00, como, por exemplo, R$ 8,00. Com estes números, a 
margem absoluta de dumping é US$ 2,00 e a margem relativa de dumping é 25%, 
pois é igual a US$ 2,00 / US$ 8,00. 
Note, no entanto, que a medida antidumping pode ser aplicada com alíquota ad 
valorem ou alíquota específica. O governo decide o tipo de alíquota. Se decidir pela 
aplicação da medida específica, então ela será obrigatoriamente fixada em dólares 
norte-americanos. 
13º) Qual é a base de cálculo para a medida antidumping? Depende. 
Se a alíquota é específica, a base de cálculo é a quantidade de mercadoria. 
Se a alíquota é percentual, a base de cálculo é o valor aduaneiro, que inclui o valor 
da mercadoria mais o valor do seguro e do frete. 
14o) Como se descobre o valor normal de um produto no mercado do país 
exportador? 
O próprio artigo VI do GATT define o valor com o qual deve ser feita a comparação: 
a) deve ser comparado o preço da exportação com “o preço de um produto 
similar, em operações comerciais normais, destinado ao consumo no mercado 
do país exportador;” OU 
b) na falta deste valor, ou seja, caso não haja venda de produtos similares no 
mercado do país exportador, o valor da exportação deve ser comparado com 
“o preço mais alto para exportação de um produto similar a um terceiro país 
em operações comerciais normais” OU “com o preço de custo adicionado com 
despesas de venda e de um lucro normal.” 
Em resumo, para apurar o dumping deve-se verificar se o preço da mercadoria que 
está sendo exportada para o Brasil é menor que o preço de mercadoria similar 
vendida no país de exportação OU, no caso de não haver tal venda, deve ser 
comparado com exportações para terceiros países ou com o custo de produção 
acrescido de despesas de venda e lucro razoável. 
Pelo amor de Deus, para se apurar dumping não se compara o preço da exportação 
com o custo de produção! Não se esqueça de que, quando se colocou acima que 
haverá uma comparação com o custo de produção, não será com o custo puro de 
produção. A este custo devem ser adicionadas despesas gerais e um percentual de 
lucro razoável. 
Se guardarmos este último parágrafo, já conseguimos resolver várias questões da 
ESAF. 
15o) Para reforçar: caso não haja venda da mercadoria no território do país 
EXPORTADOR, pode estar havendo um dumping danoso ao país importador? Sim. 
Basta ver qual o preço das exportações para terceiros países OU o custo de produção 
acrescido de despesas e lucro razoável. Neste caso: 
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1) Se o preço de venda para terceiros mercados for maior que o preço da 
exportação para nós, então estará havendo dumping OU 
2) Se o preço da exportação é menor que o custo de produção adicionado a 
lucros e despesas gerais, estará havendo dumping. Note que para ser 
considerado dumping não precisa ser um valor abaixo do custo puro de 
produção. 
Depois de constatado o dumping, deve-se ver se ele é danoso, ou seja, se este 
dumping está trazendo dano material, ameaça de dano material ou retardamento na 
implantação de indústria. 
16o) Na literatura, encontramos referências a uma modalidade especial de dumping: 
o dumping social. 
No dumping social, o preço baixo é decorrente da falta ou redução de direitos sociais, 
por uso de mão-de-obra escrava, infantil ou em condições subumanas. O Brasil 
freqüentemente é acusado, principalmente pelos Estados Unidos, de praticar o 
dumping social, pela existência desses problemas na nossa sociedade. 
Como o dumping social é caracterizado pela mera existência, por exemplo, de mão 
de obra infantil, esse tipo de dumping não necessariamente será condenado pela 
OMC. O que a organização, por meio do Acordo Antidumping, condena não é a mão 
de obra infantil, mas o preço de exportação inferior ao preço interno de venda. 
Portanto, se a mão de obra infantil for usada exclusivamente em produtos a serem 
exportados, então, muito provavelmente, o produto exportado terá um preço mais 
baixo do que os produtos vendidos internamente e se configurará o dumping, 
condenado pela OMC. No entanto, se a mão de obra infantil (o dumping social) for 
usada tanto para produtos de exportação quanto para produtos de consumo interno, 
então não se configurará o dumping tal como caracterizado no Acordo Antidumping e, 
por falta de previsão normativa, não se poderá impor medida antidumping. 
Para deixar registrado: 
- “dumping social” é usar mão de obra infantil, escrava ou em condições 
subumanas; 
- dumping, segundo a normativa da OMC, é exportar por um valor inferior ao 
preço interno do país de exportação; e 
- nem todo dumping social leva à caracterização do dumping conceituado na 
normativa da OMC. 
A OMC afirmou, na 1a Conferência Ministerial (1996), que “não se deve questionar de 
forma alguma a vantagem comparativa dos países, em particular dos países em 
desenvolvimento com baixos salários.” 
17o) Quem investiga a deslealdade e quem cria as medidas antidumping? 
No Brasil, a investigação sobre a existência do dumping é da Secretaria de Comércio 
Exterior – SECEX – do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 
(MDIC). Esta Secretaria dentro do MDIC é o órgão responsável por defender e 
promover o desenvolvimento do país usando políticas de comércio exterior. Toda vez 
que o comércio exterior brasileiro estiver trazendo danos ao país, a SECEX toma 
providências. 
É a SECEX que vai investigar a ocorrência do dumping. É a SECEX também que irá 
verificar se este dumping está trazendo danos ao país. 
Deve-se frisar: o país somente pode tomar alguma medida de defesa contra odumping se este estiver trazendo dano ao país (dano no sentido amplo: dano 
material, ameaça de dano material ou retardamento na implantação de indústria). 
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Cabe à SECEX investigar, mas à CAMEX fixar a alíquota antidumping. 
O que é a CAMEX? 
A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), do Conselho de Governo, é o órgão que 
coordena os vários ministérios envolvidos no comércio exterior brasileiro. Coordena a 
atuação dos vários ministérios evitando conflitos e invasões de competência. É uma 
das várias câmaras do Conselho de Governo. Este Conselho possui várias câmaras, 
sendo que cada uma é responsável pela coordenação dos ministérios envolvidos no 
mesmo assunto. 
Como o comércio exterior é um assunto que envolve vários ministérios (Fazenda, 
Desenvolvimento, Agricultura, Saúde, Defesa, ...), viram que seria interessante criar 
uma câmara que direcionasse os ministérios no assunto comércio exterior. Desta 
forma, a CAMEX faz um controle evitando invasão de competência e evitando 
conflitos negativos de competência, quando fica um vácuo em que uma função não é 
assumida por nenhum órgão. 
A CAMEX define diretrizes de atuação para os vários ministérios. 
Pode-se dizer que a CAMEX é o órgão máximo do comércio exterior brasileiro, pois 
pertence ao Conselho de Governo, que é um órgão de assessoramento direto da 
Presidência da República. Sendo um órgão de assessoramento, não possui hierarquia 
direta sobre os ministérios, mas possui hierarquia funcional, estando “acima” deles. 
As decisões acerca do comércio exterior somente podem ser tomadas com a 
aquiescência da CAMEX. 
Sendo o órgão superior, cabe à CAMEX a definição de todas as alíquotas federais 
cobradas no comércio exterior: 
1) imposto de importação (quando tratarmos do Mercosul, veremos que a CAMEX 
faz a internalização das decisões emanadas dos órgãos decisórios do bloco), 
2) imposto de exportação (idem), 
3) alíquotas antidumping (vimos que é a medida de defesa comercial contra 
dumping danoso ao Brasil); 
4) medidas compensatórias (veremos que são a medida de defesa comercial 
contra subsídios danosos ao Brasil) 
5) cláusulas de salvaguarda (veremos ao final desta aula) 
 
Dumping é um assunto que tem caído muito em provas da ESAF. Em TODAS as 
provas anteriores, houve pelo menos uma questãozinha envolvendo este assunto. Na 
última prova para AFRFB, 2 das 10 questões de Comércio Internacional envolveram 
dumping. Uma delas já foi inclusive analisada na aula 3 sobre Valoração Aduaneira: 
 
1 - (AFRFB/2009) A respeito do Acordo sobre Implementação do Artigo VII 
do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), é correto afirmar que: 
... 
b) define regras para a determinação do valor de uma mercadoria para fins do cálculo 
de tarifas e quotas que incidam em sua importação ou do estabelecimento de direitos 
anti-dumping ou de medidas compensatórias. 
... 
Comentários 
 
A letra B, justamente a única alternativa que trata de dumping, foi o gabarito. 
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Na aula 3, comentamos que, apesar do gabarito, essa alternativa B não está correta. 
Transcrevo aqui os comentários por questão didática: 
“1a) De fato, o Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) ‘define regras para a 
determinação do valor de uma mercadoria para fins do cálculo de tarifas (imposto de 
importação)’. No entanto, o AVA não tem nada a ver com quotas. O AVA é para 
apuração da base de cálculo do imposto de importação, não para a definição de 
quotas. Erro presente na letra B. 
2a) Relativamente à expressão ‘define regras para a determinação do valor de uma 
mercadoria para fins ... do estabelecimento de direitos antidumping ou de medidas 
compensatórias’, há algo inusitado. 
Em todos os sistemas em que se consulta o Decreto 1.602/1995, seja no sítio da 
Câmara dos Deputados, do Palácio do Planalto ou do Ministério do Desenvolvimento, 
encontramos o § 2o do artigo 45 assim escrito: 
‘§2º A alíquota ad valorem será aplicada sobre o valor da mercadoria, em base 
CIF, apurado nos termos da legislação pertinente.’ 
Mas, no parecer dos recursos feitos para a presente questão, a ESAF indicou uma 
redação diferente, que imaginamos equivocada: 
‘§2º A alíquota ad valorem será aplicada sobre o valor aduaneiro da 
mercadoria, em base CIF, apurado nos termos da legislação pertinente.’ 
Só havia um lugar em que a dúvida poderia ser sanada, o Diário Oficial da União 
(DOU). Pegando o DOU de 24/08/1995, vemos que, de fato, lá está escrito que a 
alíquota ad valorem incide sobre o valor aduaneiro. Portanto, pela literalidade, até 
poderíamos dizer que a segunda parte da alternativa D está correta. 
No entanto, a partir da vigência da Instrução Normativa 327/2003, ficou definido que 
a descarga faz parte do valor aduaneiro. Em tese, a partir dessa norma, a base do 
valor aduaneiro deixou de ter base CIF (custo, seguro e frete) e passou a ter base 
DEQ (delivered ex quay - entregue no cais de destino) e, assim, o próprio decreto 
ficou com uma redação inadequada, pois, desde 2003, o valor aduaneiro já não tem 
mais a base CIF. 
Depois de tantas explicações, dá para ter uma certeza: a letra B está errada, pelo 
menos no que diz respeito ao uso de valoração aduaneira para definição de quotas. 
A questão deveria ter sido anulada.” 
 
A outra referência ao dumping na prova de AFRFB/2009 foi nas alternativas A e B da 
questão abaixo: 
2 - (AFRFB/2009) Acerca das práticas desleais de comércio e respectivas 
medidas de defesa, e tomando por base a normativa da Organização Mundial 
do Comércio, é correto afirmar que: 
a) a prática do dumping consiste na venda de um produto por preço inferior ao custo 
de produção de seu similar no mercado de exportação e enseja, de parte do país 
importador, como forma de defesa, a imposição de salvaguardas comerciais. 
b) a adoção de restrições quantitativas às importações, embora proibida pelo Acordo 
Geral de Tarifas e Comércio (GATT), é lícita como medida prévia de defesa à prática 
do dumping, vigorando provisoriamente até o início de investigação por parte do 
Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio. 
... 
Comentários 
 
Letra A: incorreta. Dumping não é vender por menos do que o preço de custo. É 
exportar por um valor inferior ao preço de venda no mercado interno do país 
exportador. Em segundo lugar, a defesa contra dumping não é por meio de 
salvaguardas (que ainda nem analisamos), mas por medidas antidumping. 
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Letra B: incorreta. Quem investiga dumping é o país importador, não a OMC. Em 
segundo lugar, a medida antidumping é sempre na forma de alíquota. Em terceiro 
lugar, a medida só pode ser criada depois que a investigação for concluída ou então 
como medida provisória, caso, na investigação em curso, já sejam detectados o 
fumus boni iuris e o periculum in mora (as medidas provisórias de defesa serão vistas 
na próxima aula). 
 
Outras questões: 
3 - (ANTAQ/2009) Marque V ou F. Para que haja a caracterização do 
dumping, é necessário haver comprovação do dano material à indústria 
doméstica já estabelecida ou o retardamento na implantação de uma 
indústria, bem como nexo causal, ou seja, o dano ou ameaça de dano à 
indústria doméstica. 
Comentários 
Inicialmente, o gabarito tinha sido dado como Verdadeiro. 
Depois dos recursos, o gabarito foi alterado para Falso, pois o dumping é uma coisa e 
o dano, outra. A questão estaria correta se nela estivesse escrito: “Para que haja a 
caracterização do dano, ...” 
 
4 - (AFTN/96) Entende-se por “dumping social”: 
a) As vantagens comerciais decorrentes dos fluxos migratórios.b) A exportação deliberada de excedentes de mão-de-obra. 
c) O estabelecimento de subsídios aos produtos exportados de elevado custo social. 
d) A venda de produtos no mercado internacional a preços muito baixos, em razão da 
existência de um mercado de trabalho doméstico aviltado. 
e) A utilização de mecanismos de subsídios à produção e comercialização de bens 
cuja produção é feita com mão-de-obra intensiva. 
Comentários 
Dumping social é exportar por valor baixíssimo, tendo em vista a exploração de mão-
de-obra sem direitos sociais ou com pouquíssimos direitos, ou seja, mão-de-obra 
escrava, infantil ou em condições subumanas. Letra D. 
 
5 - (AFTN/98) Nas afirmativas abaixo mencionadas há uma declaração 
incorreta acerca do conceito e/ou do processo de dumping. Identifique-a: 
a) Trata-se de uma prática desleal de comércio. 
b) Não basta provar a existência do dumping, é necessário provar que houve dano à 
produção doméstica. 
c) Dumping é a introdução de um bem no mercado doméstico por um preço de 
exportação inferior ao valor normal, isto é, ao seu preço de custo. 
d) A empresa que se sentir prejudicada deve endereçar uma petição à Secretaria de 
Comércio Exterior (SECEX) solicitando uma ampla investigação. 
e) Caso os resultados da investigação concluam pela procedência da reclamação, as 
autoridades fixarão direitos antidumping. 
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Comentários 
Dumping não é vender por um preço abaixo do seu preço de custo, mas abaixo de 
seu preço de venda no mercado do país exportador ou, não havendo esta venda, por 
critérios alternativos que vimos antes. Portanto, a letra C é o gabarito. 
Note bem: Se estiver sendo vendida uma mercadoria por um preço abaixo do seu 
custo de produção, estará havendo dumping? Provavelmente sim, pois se a 
exportação é por R$ 5,00 e o custo de produção é R$ 8,00, é muito provável que o 
preço normal de venda seja superior a R$ 8,00. Por exemplo, R$ 10,00. 
Mas não é necessária a venda por um preço abaixo do custo de produção para se 
caracterizar o dumping. 
A Letra A está perfeita. Duas são as práticas desleais de comércio: o dumping e o 
subsídio, sendo que este veremos a seguir. 
Letra B: Para ser mais completo, tem que haver o dumping, o dano e o nexo causal. 
Tem que provar que o dano decorre daquele dumping. Não basta haver dumping e 
dano, tem que provar que um é decorrente do outro, ou seja, tem que provar o nexo 
causal. 
Letra D: Perfeito. É a SECEX quem investiga. 
Letra E: Perfeita. Só para fechar: a SECEX investiga, mas quem fixa é a CAMEX. 
 
6 - (AFRF/2000) Acerca do Dumping não é correto afirmar: 
a) Caso não haja a venda de produto similar no mercado doméstico, deve-se 
comparar com vendas de produtos similares em outros mercados. 
b) Para uma medida antidumping ser adotada é preciso que haja uma investigação 
de acordo com o Acordo Antidumping. 
c) O GATT e a OMC não proíbem práticas de dumping se elas forem voltadas para o 
mercado interno. 
d) Um produto é exportado com preço de dumping se é introduzido no comércio 
exterior de outro País por um valor inferior ao vendido no mercado doméstico. 
e) Os custos devem ser calculados com base no registro do País importador do bem. 
Comentários 
Antes de resolvermos a questão, devemos deixar claro o seguinte: Pelo Decreto 
1.602/95, que regulamentou o Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT 
(Acordo Anti-Dumping, administrado pela OMC), ficou definido que: 
a) “mercado doméstico” é o mercado brasileiro, ou seja, o mercado do país 
importador; e 
b) “mercado interno do país exportador” é a expressão para designar o 
mercado doméstico do país exportador. 
Isto posto, vamos à resolução da questão. 
Letra A: acerca do dumping, qual é a comparação que se faz? Preço de exportação 
com preço no mercado interno do país exportador. Então a letra A está errada, pois 
faz menção à venda de produto similar dentro do mercado doméstico, que é o 
mercado do país importador. 
A letra A foi o gabarito oficial. 
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Bem, e se a ESAF estivesse querendo dizer “se não houver vendas no mercado 
interno do país exportador”, ainda assim estaria errada a letra A? Podemos ver que 
sim. 
Analisemos então a afirmativa sob este ponto de vista: 
“a) Caso não haja a venda de produto similar no mercado interno do país 
exportador, deve-se comparar com vendas de produtos similares em outros 
mercados.” 
Ora, quatro páginas atrás, no número 15, eu já havia escrito: 
“Caso não haja venda da mercadoria no território do país EXPORTADOR, pode 
estar havendo um dumping danoso ao país importador? Sim. Basta ver qual o 
preço das exportações para terceiros países OU o custo de produção acrescido 
de despesas e lucro razoável. Neste caso: 
1) Se o preço de venda para terceiros mercados for maior que o preço 
da exportação para nós, então estará havendo dumping OU 
...” 
Logo, se não há venda no mercado interno do país exportador, então deve-se 
comparar com vendas de similares PARA terceiros mercados, ou seja, preços de 
exportação para terceiros mercados. 
Mas a letra A, erradamente, dispõe sobre vendas de similares EM outros mercados. 
Ora, “vender PARA” é diferente de “vender EM”. A comparação deve ser com o preço 
de exportação PARA terceiros mercados, não com o preço interno de venda NO 
terceiro mercado. 
Portanto, a letra A está errada, independentemente da forma de leitura. 
A letra B está correta. 
Na letra C, a banca inventou. Veja o conceito de dumping no artigo VI do GATT: 
“Parágrafo 1o – As partes contratantes reconhecem que o dumping, 
que permite a introdução dos produtos de um país no mercado de 
outro país a um preço inferior a seu valor normal, é condenável 
quando causa ou ameaça causar um dano significativo à indústria 
estabelecida no território de uma parte contratante ou se retarda 
sensivelmente a instalação de tal indústria.” 
Existe dumping interno? ABSOLUTAMENTE NÃO. Dumping, segundo o artigo VI do 
GATT, é colocar um bem no “mercado de outro país”. 
O que a ESAF quis dizer provavelmente é “não estará proibida a venda interna por 
um preço abaixo do valor normal de venda interna.” (Desculpe a redundância, mas 
para explicar esta questão, só assim.) 
É lógico que o GATT nem a OMC condenam “dumping interno” (sic). O GATT é um 
acordo internacional e, se estiver havendo um “dumping interno” (sic), isso não afeta 
os demais países. Por que o GATT, que é um acordo internacional, se meteria em 
questões internas de cada país que não afetassem os demais países? 
A letra D é o próprio conceito de dumping. Mas a ESAF usou a expressão “mercado 
doméstico” para o mercado do país exportador. Dá para perceber isso e aceitar 
porque ficou claro o que ela quis escrever. 
A ESAF considerou correta a afirmativa da letra E, mas ela também é problemática. 
Vejamos. 
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11
“e) Os custos devem ser calculados com base no registro do País importador do 
bem.” 
Para se configurar o dumping, qual a comparação que se faz? O preço de exportação 
com o preço no mercado do país EXPORTADOR. 
Para se configurar o dano, qual a comparação que se faz? São três verificações: 1) o 
preço da importação do bem objeto de dumping é menor do que o preço de similar 
no mercado do país importador? 2) o volume de importações do bem objeto de 
dumping é relevante? e 3) o preço do similar nacional é um preço justo? 
Se houve respostas positivas nas TRÊS questões, fica caracterizado o dano. 
Portanto, a ESAF não foi muito feliz na letra E. O que ela talvez quis dizer é “para 
apurar o dano, os custos devem ser calculados com baseno registro do País 
importador do bem.” 
Fica esquisito do jeito que ela colocou: “para apurar o dumping, os custos devem 
ser calculados com base no registro do País importador do bem.” Só se a banca 
estiver considerando que no país importador há um registro dos valores de todas as 
mercadorias transacionadas no mundo inteiro. E, olhando estes registros internos, o 
Governo brasileiro, por exemplo, detectaria uma importação por um preço abaixo do 
que ele tem nos seus registros. Em outras palavras, o Governo teria, em uma base 
interna de dados, os valores de todas as mercadorias transacionadas nos países que 
exportam bens para o Brasil. E toda vez que houvesse uma exportação para o Brasil, 
o Governo brasileiro checaria nos seus registros o valor de mercadoria idêntica 
transacionada no mercado do país exportador. 
Isto é inverossímil. Eu acho que a banca simplesmente se enrolou entre o conceito de 
dumping e o de dano. 
Aprofundando a análise da alternativa E, podemos procurar no Decreto Anti-Dumping 
(Decreto 1.602/1995) alguma menção à palavra “registro”. Encontramos uma 
referência no artigo 6o, § 5o: 
Art. 6º Caso inexistam vendas do produto similar nas operações 
mercantis normais no mercado interno ou quando, em razão das 
condições especiais de mercado ou do baixo volume de vendas, não for 
possível comparação adequada, o valor normal será baseado: 
I - no preço do produto similar praticado nas operações de exportação 
para um terceiro país, desde que esse preço seja representativo; ou 
II - no valor construído no país de origem, como tal considerado o 
custo de produção no país de origem acrescido de razoável montante a 
título de custos administrativos e de comercialização, além da margem 
de lucro. 
... 
§ 5º Os custos, de que trata o inciso II deste artigo, serão calculados 
com base em registros mantidos pelo exportador ou pelo produtor 
objeto de investigação, desde que tais registros estejam de acordo com 
os princípios contábeis aceitos no país exportador e reflitam os custos 
relacionados com a produção e a venda do produto em causa. 
O § 5o parece ter sido a base para o examinador montar a alternativa E. 
O caput do artigo indica que, em caso de não haver vendas internas no país do 
exportador, a comparação para se verificar a existência do dumping pode ser entre o 
preço do exportado e o custo de produção acrescido das despesas gerais e de um 
percentual razoável a título de lucro. 
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E o § 5o arremata dispondo que os custos de produção deverão ser colhidos nos 
registros do exportador (ou produtor), ou seja, nos livros contábeis e fiscais do 
exportador (ou produtor). 
Portanto, podemos confirmar a incorreção da alternativa E, apesar do gabarito da 
banca examinadora. 
No ano de 2000, eu ajudei a montar recurso contra esta questão, mas não houve 
sucesso. Já que falei de recursos, quero deixar registrado: nós estamos resolvendo 
neste curso todas as questões da prova de AFRF/2003 e dos anos anteriores. A prova 
de 2003 fugiu do padrão. Só para terem uma idéia: das 30 questões, eu fiz recurso 
para tentar anular 14! Prova problematiquíssima. Anularam só 2 ou 3. 
 
Outras questões: 
7 - (AFRF/2002-1) A venda de uma mercadoria no exterior a preços 
inferiores aos normalmente praticados no mercado de origem configura 
prática comercial denominada: 
a) Dumping. 
b) Drawback. 
c) Direito compensatório. 
d) Clearance. 
e) Subsídio. 
Comentários 
Essa é mole. Letra A. 
 
8 - (AFRF/2002-2) O tratamento fiscal aplicável na valoração aduaneira das 
mercadorias objeto de dumping: 
a) Assemelhando-se a uma importação de mercadorias a um preço inferior aos 
preços correntes de mercado para mercadorias idênticas, é o da rejeição pelo Fisco 
do valor declarado. 
b) É o mesmo reservado às mercadorias importadas a um preço inferior aos preços 
correntes de mercado para mercadorias idênticas, ou seja, o valor declarado deve ser 
admitido pelo Fisco, sem prejuízo de seu direito à confirmação do valor de transação. 
c) Consiste em acrescer ao valor de transação a parcela correspondente à margem de 
dumping necessária a tornar o valor de transação igual ao do preço corrente de 
mercado para mercadorias idênticas. 
d) É o mesmo reservado às mercadorias objeto de subfaturamento, ou seja, a 
diferença entre o preço corrente de mercado para mercadorias idênticas e o valor de 
transação deverá ser tributado à alíquota fixada na Tarifa Externa Comum, com 
aplicação das multas fiscais e administrativas previstas nos artigos 524 e 526, III do 
Regulamento Aduaneiro. 
e) Visto tratar-se o dumping de uma prática desleal no comércio exterior, consiste na 
rejeição do valor declarado, selecionando-se a mercadoria para o canal cinza de 
conferência aduaneira e aplicando-se à mercadoria um valor baseado no preço das 
mercadorias vendidas para exportação para um terceiro País. 
Comentários 
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13
Para se defender de um dumping, não se usa a valoração aduaneira. Logo, o 
tratamento fiscal aplicável na valoração aduaneira é o mesmo que é dado a todas as 
importações. Desta forma, se o valor de transação da mercadoria é R$ 8,00, esta 
será a base de cálculo, apesar da existência do dumping. Letra B. 
A letra B ainda complementa dizendo apenas que o valor de transação deve ser 
confirmado. Se está sendo importado por R$ 8,00, esta será a base de cálculo. 
Apenas tem que ver se a mercadoria está sendo importada por este valor mesmo. Se 
estiver, a base de cálculo é o valor declarado. 
Veja então que quando a mercadoria é declarada por um valor inferior ao normal, se 
houver fraude, estará ocorrendo uma das duas situações: 
1ª) o exportador está praticando dumping. 
O remédio será a aplicação das medidas antidumping depois da realização da 
investigação. 
2ª) o exportador está subfaturando, em conluio com o importador. 
O remédio será a rejeição do valor inserido na fatura e apuração do valor 
aduaneiro por método substitutivo ao primeiro, de acordo com o Acordo de 
Valoração Aduaneira. O imposto será cobrado em cima do valor aduaneiro 
apurado por método substitutivo. 
A letra A diz que o valor de transação será rejeitado. Falso. Mesmo havendo 
dumping, o imposto de importação será cobrado pelo valor de transação. 
A letra C diz que o valor de transação será aumentado da parcela de dumping. Falso. 
Mesmo havendo dumping, a base de cálculo do imposto (o valor de transação) não é 
mexida para se defender dele. 
A letra D fala que será tributada a diferença entre o valor declarado e o preço normal 
de venda no mercado do país exportador. Falso. A defesa contra o dumping não é 
cobrando mais imposto. É cobrando uma alíquota antidumping. 
A letra E fala de rejeição do valor declarado. Falso. Mesmo havendo dumping, o 
imposto de importação incide sobre o valor declarado. O remédio para se defender do 
dumping é cobrando uma alíquota antidumping. 
 
9 - (AFRF/2003) Sobre a prática do dumping no comércio internacional, é 
correto afirmar-se que: 
a) É considerada prática desleal de comércio e define-se como a determinação do 
preço de exportação de uma mercadoria, com base nas diferenças entre os custos de 
produção nos mercados de origem e de destino. 
b) É admissível na normativa da Organização Mundial do Comércio desde que 
devidamente mensurado em sua magnitude e impacto sobre os fluxos de comércio e 
sempre que almeje a conquista de mercados, onde não há condições eqüitativas de 
concorrência. 
c) É incongruente com a normativa da Organização Mundial do Comércio na medida 
em que define a formação do preço de um bem exportável em patamares inferiores 
aos custos de produção desse mesmo bem, nos mercadosa que se destina. 
d) É prática de formação de preços que, caso implique o deslocamento de 
competidores em mercados de exportação, passa a ser considerada desleal, 
consistindo na concessão de subsídios à produção e à exportação com vistas a elevar 
a competitividade preço de um bem exportado. 
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14
e) Representa medida considerada distorcida das condições de competição, 
consistindo na fixação de um preço de exportação para um determinado bem menor 
que aquele praticado no mercado em que este mesmo bem é produzido. 
Comentários 
Letra A: Falsa. Para se apurar o dumping, a comparação não é entre custos de 
produção, mas entre valor de venda no mercado do país exportador e o preço da 
exportação. 
Letra B: Falsa. O fato de não haver condições eqüitativas de concorrência não é 
permissão para se praticar o dumping. Caso o dumping esteja trazendo danos ao 
país, este pode se defender, não interessando mais nada. 
Letra C: Falsa. Dumping não é venda por preço abaixo do custo de produção! 
Letra D: Falsa. Subsídio não é dumping. E dumping não é subsídio. Estudaremos a 
seguir os subsídios. 
A resposta é a letra E, que é o próprio conceito de dumping. 
 
SUBSÍDIOS 
 
No Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias, temos a definição de 
subsídios: 
“1 - Para os fins deste Acordo, considerar-se-á a ocorrência de subsídio 
quando: 
a.1) haja contribuição financeira por um governo ou órgão público no interior 
do território de um Membro (denominado, a partir daqui, “governo”), isto é: 
i) quando a prática do governo implique transferência direta de 
fundos (por exemplo, doações, empréstimos e aportes de capital), 
potenciais transferências diretas de fundos ou obrigações (por 
exemplo, garantias de empréstimos); 
ii) quando receitas públicas devidas são perdoadas ou deixam de ser 
recolhidas (por exemplo, incentivos fiscais tais como bonificações 
fiscais); 
iii) quando o governo forneça bens ou serviços além daqueles 
destinados à infra-estrutura geral, ou quando adquire bens; 
iv) quando o governo faça pagamentos a um sistema de fundo, ou 
confie ou instrua órgão privado a realizar uma ou mais das funções 
descritas nos incisos “i” a “iii” acima, as quais seriam normalmente 
incumbência do Governo e cuja prática não difira, de nenhum modo 
significativo, da prática habitualmente seguida pelos governos; ou 
a.2) haja qualquer forma de receita ou sustentação de preços no sentido 
do art. XIV do GATT 1994; e 
b) com isso se confira uma vantagem.” 
 
Note que em toda situação de subsídio definida no artigo 1o faz-se menção ao 
governo. É dinheiro público entrando para uma empresa. 
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15
Perceba também que subsídio é dar dinheiro, mas também deixar de cobrar dinheiro. 
E também pode ser considerada subsídio uma operação em que o governo faça um 
tabelamento de preço ou algo análogo (“sustentação de preços”). 
Por último, a ajuda do Governo só é tratada como subsídio se for conferida uma 
vantagem ao destinatário da ajuda. Isto significa que se o empréstimo 
governamental for pela taxa de juros normal de mercado, não estará havendo 
subsídio. 
Outro exemplo: quando o governo fornece bens para uma empresa, isto somente é 
considerado subsídio se o governo cobrar um valor inferior ao valor de mercado. 
Mais um exemplo: quando o governo compra serviços de uma firma, o subsídio 
somente se caracteriza se o governo estiver pagando mais do que o preço de 
mercado. 
 
Nos artigos VI e XVI do GATT, os países escreveram a condenação ao uso dos 
subsídios, que será na forma de medidas compensatórias. 
No artigo VI está escrito que nenhuma medida compensatória será adotada em um 
valor superior à margem de subsídio, ou seja, a medida compensatória deve ser 
justa, aplicada apenas para eliminar a distorção criada, mas sem impedir a 
importação. 
O mesmo artigo VI impõe que nenhum produto estará sujeito simultaneamente à 
aplicação de direitos antidumping e de direito compensatório. Não dá para aplicar as 
duas medidas de defesa, ainda que as duas deslealdades ocorram. 
Por exemplo, imagine que um produto seja vendido no país de exportação por R$ 
10,00. Entra o Governo e dá R$ 2,00 para que o seu exportador cobre apenas R$ 
8,00 do importador brasileiro. A lógica é: o Governo paga para diminuir preço para o 
importador do outro país para se aumentarem as exportações e talvez tentar quebrar 
as empresas daquele país. O Governo que subsidia perde dinheiro num primeiro 
momento, mas, como conseqüência, vários ganhos o Governo vai obter, tais como o 
aumento das reservas cambiais, deixando de pressionar a moeda nacional, o 
aumento do emprego e conseqüente aumento do consumo interno... 
Apesar de o Governo, no exemplo que estamos vendo, ter dado R$ 2,00 para a 
empresa exportadora, pode ocorrer que esta empresa ainda pratique um dumping. 
Por exemplo, se, em vez de vender por R$ 8,00, ela decide vender por R$ 6,00, 
teremos um dumping. Guarde o seguinte: se há intervenção do Governo, estamos 
falando de subsídio. Se o preço de exportação é menor que o preço no mercado do 
país exportador, sem intervenção do Governo, então está havendo dumping. 
Se o Governo dá R$ 2,00 para a empresa e ela exporta por R$ 8,00, já que recebeu 
uma parte do próprio Governo, há subsídio. Se, no mesmo caso, ela exporta por R$ 
6,00, tendo recebido R$ 2,00 do Governo, está havendo dumping E subsídio. 
Mas o artigo VI do GATT fala assim: Deve ser cobrada uma alíquota só, seja 
antidumping, seja medida compensatória. No caso, o país vai cobrar uma alíquota tal 
que faça o importador brasileiro pagar R$ 10,00 no final das contas. Se o importador 
está pagando R$ 6,00 ao exportador, ele deverá completar o valor pagando R$ 4,00 
para o Governo. O nome é só um detalhe: poderia ser chamada esta cobrança tanto 
de alíquota antidumping quanto de medida compensatória, já que o subsídio e o 
dumping existem no mesmo caso. O que o GATT fez foi racionalizar: para que cobrar 
duas coisas diferentes? Para que abrir duas investigações diferentes? Aplica a defesa 
como se somente houvesse o dumping ou somente o subsídio. E faz o preço de R$ 
6,00 voltar a R$ 10,00 dando a esta alíquota o nome que quiser. 
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Com o passar do tempo, os países signatários do GATT sentiram necessidade de 
serem mais claros na condenação ao subsídio. Sentiram também necessidade de 
deixar que alguns subsídios fossem concedidos sem problema algum. Por isso, 
celebraram um novo Acordo em que se regulamentava todo o mecanismo envolvendo 
os subsídios, condenando expressamente uns e liberando expressamente outros. 
 
Classificação de Subsídios 
Os países signatários do GATT concluíram que alguns subsídios poderiam ser aceitos 
e os listaram no Acordo Sobre Subsídios e Medidas Compensatórias. Chamaram-nos 
de Irrecorríveis. Decidiram também listar os Proibidos e os Recorríveis. Portanto, 
“Irrecorríveis” são os subsídios permitidos sempre. “Proibidos” nunca podem ser 
usados. Subsídios “Recorríveis” só podem ser atacados se o dano ficar provado. 
Vejamos cada um desses gêneros de subsídio. 
 
No caso dos subsídios elencados como Irrecorríveis, nenhum país poderá reclamar 
caso um outro esteja concedendo por uma das formas incluídas no artigo 8o: 
“Art. 8 - Identificação de subsídios irrecorríveis 
1 - Serão considerados irrecorríveis os seguintes subsídios: 
a) os que não são específicos no sentido do art. 2; 
b) os que são específicos no sentido do art. 2, mas que preenchem todas as 
condições enumeradas nos parágrafos 2.a, 2.b e 2.c abaixo. 
2 - A despeito do disposto nas PartesIII e V, os seguintes subsídios serão 
considerados irrecorríveis: 
a) assistência para atividades de pesquisa realizadas por empresas 
ou estabelecimentos de pesquisa ou de educação superior vinculados 
por relação contratual, se: a assistência cobre até o máximo de 75 por 
cento dos custos da pesquisa industrial ou de 50 por cento dos custos 
das atividades pré-competitivas de desenvolvimento e ... 
b) assistência a uma região economicamente desfavorecida dentro 
do território de um Membro, concedida no quadro geral do 
desenvolvimento regional, e que seja inespecífica (no sentido do art. 2) 
no âmbito das regiões elegíveis, desde que: 
... 
iii) os critérios incluirão medida do desenvolvimento econômico, 
baseada em pelo menos um dos seguintes fatores: 
- renda per capita, ou renda familiar per capita, ou 
Produto Nacional Bruto per capita, que não deverá 
ultrapassar 85 por cento da média do território em 
causa; 
- taxa de desemprego, que deverá ser pelo menos 110 
por cento da média do território em causa; 
apurados por um período de três anos; tal medida, porém, 
poderá resultar de uma composição de diferentes fatores e 
poderá incluir outros não indicados acima. 
c) assistência para promover a adaptação de instalações existentes a 
novas exigências ambientalistas impostas por lei e/ou 
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17
regulamentos, de que resultem maiores obrigações ou carga financeira 
sobre as empresas, desde que tal assistência: 
i) seja excepcional e não recorrente; 
ii) seja limitada a 20 por cento do custo da adaptação; 
iii) não cubra custos de reposição e operação do investimento, 
que devem recair inteiramente sobre as empresas; 
iv) esteja diretamente vinculada e seja proporcional à redução 
de danos e de poluição prevista pela empresa e que não cubra 
nenhuma economia de custos eventualmente verificada; e 
v) seja disponível para todas as firmas que possam adotar o 
novo equipamento e/ou os novos processos produtivos.” 
 
O artigo 8o do Acordo dispõe que os subsídios não-específicos (também chamados de 
subsídios genéricos) são permitidos. 
Também são permitidos três específicos: 
a. Para atividades de pesquisa (há limites); 
b. Para região economicamente desfavorecida (há condições para que 
seja assim considerada). Interessante notar que a própria Constituição 
Federal/1988, ao dispor sobre o Princípio da Uniformidade (art. 151, I), 
permitiu a concessão de tratamento tributário distinto para fins de 
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico de regiões 
menos favorecidas; e 
c. Para atender a questões ambientais (há limites). Por exemplo, se o 
Governo cria novas exigências ambientais, as empresas, para se 
ajustarem a elas, terão um custo. É permitido que o Governo as ajude 
desde que seja dentro de limites determinados. 
 
Mas o que são subsídios genéricos e subsídios específicos? O conceito está no artigo 
2o do Acordo: 
“Artigo 2o – Especificidade 
1 - Com vistas a determinar se um subsídio ... destina-se especificamente a 
uma empresa ou produção, ou a um grupo de empresas ou produções ... 
dentro da jurisdição da autoridade outorgante, serão aplicados os seguintes 
princípios: 
a) o subsídio será considerado específico quando a autoridade 
outorgante ou a legislação pela qual essa autoridade deve reger-se 
explicitamente limitar o acesso ao subsídio a apenas determinadas 
empresas; 
b) não ocorrerá especificidade [ou seja, será genérico o subsídio] 
quando a autoridade outorgante ou a legislação pela qual essa 
autoridade deve reger-se estabelecer condições ou critérios 
objetivos que disponham sobre o direito de acesso e sobre o montante 
a ser concedido, desde que o direito seja automático e que as 
condições e critérios sejam estritamente respeitados. As condições e 
critérios deverão ser claramente estipulados em lei, regulamento ou 
qualquer outro documento oficial, de tal forma que se possa proceder à 
verificação; 
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... 
2 - Será considerado específico o subsídio que seja limitado a determinadas 
empresas localizadas dentro de uma região geográfica situada no interior da 
jurisdição da autoridade outorgante. Fica entendido que não se considerará 
subsídio específico, para os propósitos do presente Acordo, o estabelecimento 
ou a alteração de taxas geralmente aplicáveis por todo e qualquer nível de 
governo com competência para fazê-lo. 
...” 
 
Em outras palavras, subsídio específico é aquele em que o Governo “elege” algumas 
empresas para recebê-lo. 
E o que é um subsídio genérico? Essa é fácil. Como dispõe a alínea “b” do § 1o do 
artigo 2o, transcrita acima, subsídio genérico é aquele dado de forma geral, sem 
eleição de empresas. No subsídio genérico, a lei não lista as empresas, mas as 
condições para o benefício ser usufruído, qualquer que seja a empresa. 
Por que resolveram permitir os subsídios genéricos? 
Porque tais subsídios não evidenciam favorecimento de nenhum setor econômico, 
pois, se o subsídio pode ser usufruído por todas as firmas do país, então isto seria 
equivalente a uma redução de alíquota do IRPJ ou uma redução da taxa básica de 
juros da economia. 
 
O segundo gênero são os Subsídios Proibidos. 
Os países signatários do GATT assim definiram os subsídios proibidos: 
“Art. 3 - Proibição 
1 - Com exceção do disposto no Acordo sobre Agricultura, serão proibidos os 
seguintes subsídios, conforme definidos no art. 1: 
a) subsídios vinculados, de fato ou de direito, ao desempenho 
exportador, quer individualmente, quer como parte de um conjunto 
de condições, inclusive aqueles indicados a título de exemplo no Anexo 
I; 
b) subsídios vinculados, de fato ou de direito, ao uso preferencial de 
produtos nacionais em detrimento de produtos estrangeiros, quer 
individualmente, quer como parte de um conjunto de condições. 
2 - O Membro deste Acordo não concederá ou manterá os subsídios 
mencionados no parágrafo 1º.” 
 
Se o Governo criar um subsídio para ser dado apenas às empresas que exportarem 
determinado valor ou se criar um subsídio para ser dado apenas às empresas que 
substituírem importados por produtos nacionais, tais subsídios são considerados 
proibidos. 
Por que isso? 
Porque, por exemplo, ao se vincular a concessão de um subsídio a um aumento de 
exportações, o Governo estará estimulando um uso predatório do comércio exterior. 
As pessoas farão de tudo para aumentar exportações e assim ganhar o subsídio. 
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Interessante notar que os subsídios dados como contrapartida de um aumento de 
exportações ou redução de importações (os dois casos do artigo 3o) são considerados 
como específicos por força do artigo 2o, § 3o, visto anteriormente, mesmo que apenas 
os critérios sejam colocados na lei, e não os nomes das empresas beneficiárias: 
“3 - Quaisquer subsídios compreendidos nas disposições do artigo 3o serão 
considerados específicos.” 
 
O segundo caso de subsídio proibido é aquele vinculado ao uso preferencial de 
produtos nacionais em detrimento dos estrangeiros. 
Imagine que a lei venha da seguinte forma: “Têm direito à anistia das multas xxxxx 
as firmas que usarem pelo menos 80% de insumos na sua produção.” 
Ora, um subsídio desse tipo, condicionado ao uso de insumos nacionais, faz com que 
as firmas deixem de importar só para fazer jus ao benefício governamental. O 
governo não está proibindo importações de forma direta, mas está quase que dizendo 
“se você usar insumos importados, você vai perder a anistia das multas xxxxx.” Este 
tipo de subsídio condicionado ao uso preferencial de insumos nacionais gera omesmo 
efeito de uma barreira às importações. E barreira protecionista somente pode ser 
usada naqueles casos previstos no GATT (indústria nascente, segurança nacional, 
déficit em Balanço de Pagamentos, ...). Por isso, este subsídio é considerado 
proibido. 
 
No meio termo, entre os subsídios Irrecorríveis (permitidos sempre) e Proibidos 
(proibidos sempre), existem os Subsídios Recorríveis. Gosto de fazer analogia com 
os atos administrativos: válidos, nulos e anuláveis. Os subsídios recorríveis são 
análogos aos atos anuláveis. O país prejudicado deve provar o dano para que o 
subsídio possa ser retaliado. 
 
Podemos então sistematizar o assunto “subsídios” da seguinte forma: 
- Genéricos x Específicos 
1) Subsídios genéricos – a lei lista as condições e critérios para a sua 
obtenção. 
2) Subsídios específicos – a lei lista as empresas que passam a receber o 
subsídio. São também considerados específicos os subsídios se as condições 
para a sua obtenção forem o aumento de exportações ou a redução de 
importações (por força do artigo 2o, § 3o do Acordo sobre Subsídios). 
- Irrecorríveis x Recorríveis x Proibidos 
1) Irrecorríveis: Genéricos e 3 específicos; 
2) Recorríveis: Subsídios específicos que PODEM ser condenados SE E 
SOMENTE SE causarem dano a outro membro; e 
3) Proibidos: Subsídios específicos vinculados ao aumento das exportações 
ou à redução das importações. 
 
Na prova de AFRFB/2009, caiu uma questão sobre subsídios, mas, como também 
envolve as salvaguardas comerciais, ela será resolvida ao final desta aula. 
Seguem algumas questões de provas anteriores a 2009: 
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20
10 - (AFRF/2002-2) Quando vinculados às exportações, os subsídios 
distorcem as condições de concorrência internacional, o que, de acordo com 
as normas da Organização Mundial de Comércio (OMC), faculta ao País 
afetado adotar medidas restritivas. Tais medidas são denominadas: 
a) Medidas antidumping. 
b) Salvaguardas. 
c) Barreiras não-tarifárias. 
d) Medidas compensatórias. 
e) Medidas suspensivas. 
Comentários 
Essa é tranqüila. Para se defender de subsídio (DANOSO, diga-se de passagem), 
pode ser imposta uma medida compensatória (ou direito compensatório). Letra D. 
Para se defender de um dumping danoso, pode ser imposta uma medida antidumping 
(ou direito antidumping). 
 
11 - (AFRF/2000) Entre as afirmativas abaixo, indique aquela que não 
constitui subsídio permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC): 
a) Apoio para atividades de pesquisa. 
b) Subsídios genéricos. 
c) Assistência para regiões desfavorecidas. 
d) Apoio para promover adaptações de instalações existentes para novas exigências 
de ambiente impostas por lei que resultem em carga financeira desde que, entre 
outras, esse apoio seja único e não ultrapasse a 20% do custo de adaptação. 
e) Tarifas de Transporte e Fretes mais favoráveis para produtos destinados à 
exportação. 
Comentários 
As permissões de subsídios vinculados às letras A a D foram colocadas no texto. São 
permitidos os subsídios genéricos. São também permitidos os específicos em 3 
situações (para pesquisa, para novas exigências ambientais e para regiões menos 
favorecidas). 
A letra E é a resposta. 
 
12 - (AFTN/96) Nem sempre o dumping é um mal. Há casos em que o país 
tem grande interesse em importar certos produtos pelo menor preço 
possível. Se os produtores de petróleo decidissem baixar os preços desse 
insumo através de subsídios, provavelmente nenhum importador iria tomar 
alguma medida antidumping. Indique a circunstância em que o dumping é 
considerado predatório: 
a) Quando os subsídios embutidos no preço do produto importado ultrapassam os 
limites estabelecidos pelo GATT. 
b) Quando o produto importado concorre diretamente com produtos nacionais e 
quando se percebe a clara intenção de estabelecer o domínio sobre o mercado. 
c) Quando o mercado é restrito e não existe concorrente nacional. 
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d) Quando o volume das importações é suficiente para alterar os preços no mercado 
interno. 
e) Quando se trata de produto industrializado e que é objeto de regulamentação 
específica. 
Comentários 
Enunciado muito mal formulado. Nele, a banca mistura os conceitos de dumping e de 
subsídio. Mas a resposta está legal. 
A letra A fala de subsídio. É falsa, porque dumping e subsídio são coisas distintas. 
A letra B é o gabarito. Mas está imperfeita. 
As medidas antidumping podem ser adotadas se o dumping causar dano. Não 
interessa a intenção do exportador estrangeiro. Não faz a mínima diferença se o 
dano foi causado dolosa ou culposamente. Não consta no decreto nenhuma avaliação 
subjetiva, ou seja, não se avalia a intenção do exportador, mas tão-somente os 
efeitos objetivos, concretos do dumping. 
A letra C é falsa: O dano existe quando houver firmas nacionais concorrentes. 
A letra D fala sobre alterar os preços. Está dizendo que alterou preço, é danoso. Isto 
é verdade? Não, pois se o preço foi alterado porque ele era abusivo (havia “olho 
grande” da empresa brasileira), não haverá dano algum. É a terceira pergunta que 
fizemos na aula para apurar a existência do dano. 
A letra E foi inventada. Existe dumping sobre produto primário e sobre 
industrializado. E para bens com legislação própria ou não. Por exemplo, remédios 
possuem legislação específica, ao passo que canetas não a possuem. E tanto os 
remédios quanto as canetas estão sujeitos a práticas de dumping. 
Em suma, o dumping é predatório quando causa danos às empresas concorrentes do 
país importador, os quais devem ser apurados pelo respectivo governo. 
 
CLÁUSULAS DE SALVAGUARDA 
 
O que são e para que servem? 
No GATT/1947, artigo XIX, está prevista a imposição de cláusulas de salvaguarda: 
“Se, como conseqüência da evolução imprevista das circunstâncias e por efeito 
das obrigações, incluídas as concessões tarifárias, contraídas por uma parte 
contratante em virtude do presente Acordo, as importações de um produto 
no território desta parte contratante tenham aumentado em tal quantidade 
que causam ou ameaçam causar um dano grave aos produtores nacionais 
de produtos similares ou diretamente concorrentes no território, a parte 
contratante poderá, na medida e no tempo necessários para prevenir ou 
reparar esse dano, suspender total ou parcialmente a obrigação contraída com 
respeito a tal produto, ou retirar ou modificar a concessão.” 
 
As salvaguardas existem para proteger aquelas indústrias que não estavam 
preparadas para a abertura comercial. Veja que o texto cita que as importações 
aumentaram “por efeito das obrigações contraídas”. 
Em outras palavras, o texto é mais ou menos o seguinte: “Por causa da redução de 
barreiras que vimos praticando, pode ocorrer de um ou outro país sofrer alguma 
dificuldade. Nós concordamos então que este país poderá voltar com a barreira, 
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suspendendo a obrigação, reduzindo ou eliminando a concessão outorgada e assim 
ajudar suas indústrias que ainda não estavam preparadas para a abertura comercial.” 
Em suma, as cláusulas de salvaguarda são o reerguimento de barreiras que foram 
eliminadas. A salvaguarda pode ser pensada como a forma de se desfazer a abertura 
comercial. 
Na imposição de cláusula de salvaguarda, existe alguma defesa contra deslealdade do 
parceiro comercial? De jeito nenhum. Não se está defendendo de uma tentativa de 
quebrar as indústrias do país. A cláusula de salvaguarda é uma medida adotada 
contra uma concessão feita pelo próprio país. Se houvesse deslealdade, estaríamos 
falando de dumping ou desubsídio. 
Este artigo XIX do GATT precisou ser regulamentado visto que não vinha sendo usado 
adequadamente. Os países, em vez de imporem cláusulas de salvaguarda quando 
havia um aumento de importações que causava dano a determinada indústria, 
preferiam usar os Acordos Voluntários de Restrição às Exportações (AVRE), que 
consistem em ameaças ao país exportador. 
Pelo AVRE, o governo do país importador pegava o telefone e ligava para o Governo 
do país da empresa exportadora e dizia: “Ô, país, diminua suas exportações para cá. 
Minhas indústrias não estão agüentando. Se você não diminuir suas exportações, eu 
vou começar a criar dificuldades para seus produtos.” 
Esta é uma das barreiras não-tarifárias ainda existentes no mundo. Apesar do nome, 
os AVRE não têm nada de “voluntário”. É uma ameaça velada. Mas é chamada de 
acordo voluntário, pois o país exportador pode acolher a ameaça e “voluntariamente” 
diminuir as exportações. Caso não o faça, suas mercadorias poderão ser 
embarreiradas com a imposição de salvaguardas. 
Na prática, de 1947 a 1994, as salvaguardas não foram muito usadas. Os AVRE 
foram usados no seu lugar. (Até hoje, os AVRE são muito usados, apesar de terem 
sido condenados no Acordo sobre Salvaguardas, que vemos a seguir. Eles são 
melhores para o país importador, pois, se fosse criar uma salvaguarda, o país teria 
que oferecer compensações aos demais como vemos no Acordo. Além disso, uma 
salvaguarda só pode ser imposta depois de um looooongo processo de investigação.) 
Foi por isso que surgiu o Acordo sobre Salvaguardas em 1994, na Rodada Uruguai do 
GATT. 
 
Condenação ao uso dos AVRE 
O acordo prevê expressamente, no artigo 11, que os AVRE não serão mais tolerados: 
“Artigo 11 - Proibição e eliminação de certas medidas 
§ 1o ... 
b) Além disso, um membro não procurará adotar nem adotará nem manterá 
restrições voluntárias às exportações, acordos de organização de mercado 
ou quaisquer outras medidas similares no que diz respeito às exportações ou 
às importações. ... Todas as medidas dessa natureza, vigentes à data da 
entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC devem ser adaptadas aos 
termos deste Acordo ou gradualmente eliminadas, de acordo com o § 2o. 
...” 
O artigo 2o do Acordo trouxe uma novidade acerca da possibilidade de se criar uma 
medida de salvaguarda. Vejamos. 
“§1o Um membro poderá aplicar uma medida de salvaguarda em relação a um 
produto unicamente se tiver determinado, em conformidade com as 
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disposições a seguir enunciadas, que esse produto é importado no seu 
território em quantidades de tal modo elevadas, em termos absolutos ou 
em relação à produção nacional, e em tais condições que cause ou ameace 
causar um prejuízo grave à indústria nacional de produtos similares ou 
diretamente concorrentes.” 
 
A novidade foi a permissão de se imporem cláusulas de salvaguarda mesmo que não 
haja aumento de importações em termos absolutos, mas em termos relativos. Ou 
seja, mesmo que a quantidade importada caia, em termos absolutos, de um 
período para outro, é possível a imposição das salvaguardas. 
Traduzindo em números... 
Em um determinado país: 
- antes da abertura comercial, as importações eram de 10 unidades/mês e a 
produção interna era também de 10 unidades/mês; 
- após a abertura comercial, as importações caíram para 8/mês, mas a 
produção nacional caiu para 4/mês. 
 
Ora, em termos absolutos, as importações caíram: foram de 10 para 8 unidades. 
Mas, em termos relativos, as importações subiram: respondiam por 50% do consumo 
interno (10 de 20) e passaram a responder por 67% (8 de 12). 
Este aumento em termos relativos satisfaz uma das condições para se criarem as 
salvaguardas. 
Para apurar a existência do dano, devem ser analisados os dados positivos, ou seja, 
dados concretos, objetivos, e não simples alegações. É o que se depreende do artigo 
4o do Acordo: 
“1. a) Entender-se-á por ‘prejuízo grave’ a deterioração geral significativa da 
situação de uma indústria nacional; 
b) Entender-se-á por ‘ameaça de prejuízo grave’ o prejuízo grave que seja 
claramente iminente, de acordo com as disposições do §2o. A determinação da 
existência de uma ameaça de prejuízo grave basear-se-á em fatos, e não 
simplesmente em alegações, conjecturas ou possibilidades remotas; e ... 
2. a) No decurso do inquérito para determinar se um aumento das 
importações causou ou ameaça causar um prejuízo grave à indústria nacional 
em conformidade com as disposições do presente acordo, as autoridades 
competentes avaliarão todos os fatores pertinentes de natureza objetiva e 
quantificável que influenciam a situação dessa indústria, em especial, o 
ritmo de crescimento das importações do produto considerado e o seu 
aumento em volume, em termos absolutos e relativos, a parte do mercado 
interno adquirida pelo aumento das importações, as variações do nível das 
vendas, a produção, a produtividade, a utilização da capacidade instalada, os 
lucros, as perdas e o emprego. 
b) A determinação referida na alínea a) só será efetuada se o inquérito 
demonstrar, com base em elementos de prova objetivos, a existência de 
uma relação de causalidade entre o aumento das importações do produto em 
questão e o prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave...” 
 
Perceba que pelo Acordo não há previsão de se impor uma salvaguarda por 
“retardamento na instalação de indústria”, como aparece na defesa contra dumping e 
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contra subsídios, ou seja, somente pode ser imposta uma cláusula de salvaguarda em 
caso de prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave. 
Por outro lado, vimos, no início desta aula, que, se houver dano material, ameaça de 
dano material ou retardamento sensível na instalação da indústria, podem ser criados 
direitos antidumping e direitos compensatórios. 
 
Não-discriminação em relação aos países ou a firmas 
As cláusulas de salvaguarda não podem ser discriminatórias em relação a países ou a 
firmas, pois assim foi definido no § 2o do artigo 2o do Acordo: “As medidas de 
salvaguarda serão aplicadas a um produto importado independentemente de sua 
procedência.” 
A lógica é clara: o país está se defendendo de um aumento de importações e não de 
uma deslealdade. Se houvesse uma deslealdade, a medida seria tomada contra o 
país ou a firma desleal. Mas, não havendo deslealdade, a medida é tomada 
indistintamente em relação aos países ou às firmas. 
Veja a questão que caiu na prova de ACE/2008 sobre este assunto: 
13 - (ACE/2008 - CESPE) 142 No que se refere a defesa comercial, marque V 
ou F. A característica comum das medidas antidumping e das medidas 
compensatórias é seu caráter seletivo, diferenciando-as, nesse sentido, das 
salvaguardas comerciais, que, por força da razão pela qual são acionadas, 
não discriminam os produtos importados pela procedência. 
Resposta: item VERDADEIRO, pelo que acabamos de ver. 
 
Na prova de AFRFB/2009, caiu a questão que já começou a ser resolvida na página 8: 
(AFRFB/2009) Acerca das práticas desleais de comércio e respectivas 
medidas de defesa, e tomando por base a normativa da Organização Mundial 
do Comércio, é correto afirmar que: 
... 
c) a imposição de salvaguardas comerciais é justificada quando comprovada a 
concessão, pelo país exportador, de subsídios específicos em favor da produção de 
um bem a ser exportado, mas é condicionada à efetiva comprovação e determinação 
do dano causado pelos subsídios à produção doméstica no país importador. 
d) o aumento abrupto de importações provocando grave prejuízo à indústria 
doméstica faculta a adoção, pelo país importador, de direitos compensatórios, 
envolvendo a implementaçãode restrições quantitativas e/ou a redução de direitos 
aduaneiros aplicados às suas exportações na medida e no tempo necessários para 
sanar o dano original. 
e) a concessão de subsídios que sejam vinculados diretamente ao desempenho das 
exportações ou ao uso preferencial de insumos e bens domésticos àqueles 
importados pode ensejar a abertura de investigação no marco da OMC e a 
subseqüente aplicação de direitos compensatórios. 
 
Comentários 
 
As letras A e B já foram analisadas na página 8. 
Letra C: incorreta. Salvaguardas e subsídios não se confundem. Quando comprovada 
a concessão de subsídios que causam dano à indústria doméstica, criam-se medidas 
compensatórias. 
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Letra D: incorreta. A adoção de direitos compensatórios é com a comprovação de 
existência de subsídio, dano e nexo causal e sempre com a imposição de uma 
alíquota. 
Letra E: correta. Os subsídios indicados na letra E são expressamente citados no 
decreto 1.751/1995, artigo 8o. 
 
Formas das cláusulas de salvaguarda 
Que tipos de cláusula de salvaguarda podem ser adotados? Podem ser usadas 
quotas? E alíquotas? 
Podem ser usadas quotas ou alíquotas. O Acordo sobre Salvaguardas não elencou as 
medidas, mas, no artigo 5o, fez referência às quotas (esta é uma das permissões 
excepcionais para o uso de quotas, que, em regra, são proibidas no sistema 
multilateral de comércio, como vimos na aula sobre o GATT). 
“5. §1o Um membro aplicará medidas de salvaguarda unicamente na medida 
do necessário para prevenir ou reparar um prejuízo grave e facilitar o 
ajustamento. Caso se recorra a uma restrição quantitativa, essa medida 
não reduzirá as quantidades importadas para um nível inferior ao registrado 
num período recente, que corresponderá à média das importações efetuadas 
durante os últimos três anos representativos relativamente aos quais existam 
estatísticas disponíveis, a menos que seja claramente demonstrada a 
necessidade de um nível diferente para prevenir ou reparar um prejuízo grave. 
Os membros deverão escolher as medidas mais adequadas para a 
realização destes objetivos.” 
 
Mas perceba também que os países podem usar outras barreiras já que os países 
“deverão escolher as medidas mais adequadas” e a restrição quantitativa (quota) não 
é obrigatória (basta ver que está escrito “caso se recorra a uma restrição 
quantitativa”). 
Que outras medidas mais adequadas poderiam ser adotadas? 
Para responder a esta questão, precisamos relembrar o que foi decidido no GATT 
acerca das barreiras tarifárias e não-tarifárias. 
Ao elaborarem o GATT em 1947, os países, usando a teoria econômica, compararam 
os efeitos gerados em um país que adotasse alternativamente quotas, tarifas e 
subsídios. E perceberam que a quota é a forma mais danosa de barreira às 
importações. É a que traz maiores efeitos danosos ao comércio. E, por isso, 
proibiram-nas expressamente no artigo XI do GATT (permitindo seu uso apenas em 
casos excepcionais): 
“Parágrafo 1o – Nenhuma parte contratante imporá nem manterá – além dos 
direitos aduaneiros, impostos e outras taxas – proibições nem restrições 
à importação de um produto do território de outra parte contratante ou à 
exportação ou à venda para exportação de um produto destinado ao território 
de outra parte contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, 
licenças de importação ou de exportação ou por meio de outras medidas.” 
(PS: Contingenciar é impor quotas) 
Os países viram também que os subsídios são a barreira que gera menos efeitos 
colaterais ao consumidor, mas, por serem uma afronta ao liberalismo (“Dinheiro 
público entrando numa empresa? Nunca.”), os subsídios também foram proibidos. 
Somente em alguns casos excepcionais, como vimos nesta aula, os subsídios são 
permitidos. 
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Logo, se um país tiver que colocar uma barreira, que seja na forma de tarifa, pois os 
subsídios e as quotas são, em regra, proibidos. Este é a regra do artigo XI acima 
transcrito. O artigo define a chamada “tarificação das barreiras”, ou seja, substituição 
de todas as barreiras existentes por tarifas (Vimos na aula sobre o GATT que, apesar 
deste artigo, a principal barreira usada atualmente são as barreiras não-
tarifárias). 
Portanto, concluindo: ao criar uma cláusula de salvaguarda, os países podem optar 
entre criar uma tarifa ou uma quota. E é exatamente isso que foi escrito no decreto 
brasileiro (Dec. 1.488/1995) que regulamentou o acordo internacional e que veremos 
na próxima aula. 
 
Prazo das Cláusulas de Salvaguarda 
Existe um prazo máximo para a imposição de cláusulas de salvaguarda? 
Sim, 4 anos, mas este prazo pode ser prorrogado sendo que, conforme o § 3o do 
artigo 7o do Acordo, “O período total de aplicação de uma medida de salvaguarda, 
incluindo o período de aplicação de qualquer medida provisória, o período de 
aplicação e qualquer eventual prorrogação, não ultrapassará oito anos.” 
Para os países em desenvolvimento, o prazo de imposição de uma salvaguarda pode 
ser prorrogado por mais dois anos, chegando no total a dez anos, por força do 
parágrafo 2o do artigo 9o do Acordo. 
 
Cláusula do Pôr-do-Sol 
A Cláusula do Pôr-do-Sol define que a salvaguarda não pode ser recriada enquanto 
não se passar um prazo idêntico ao de sua vigência anterior. Além disso, em regra, o 
prazo de não-aplicação deve ser de, no mínimo, 2 anos. 
Por exemplo, se uma salvaguarda foi mantida por 3 anos, ela somente poderá ser 
criada novamente após 3 anos de sua derrubada. 
 
Compensação 
A salvaguarda tem uma pequena diferença em relação às medidas antidumping e às 
medidas compensatórias, pois enquanto estas são defesa contra uma deslealdade, a 
salvaguarda não o é. 
Sendo danosos o dumping e o subsídio, o país que criar as medidas antidumping e as 
compensatórias precisa entrar em acordo com aquele bandido que praticou a 
deslealdade? 
Não, eu não preciso pedir autorização para me defender de um desleal. 
No entanto, sendo a salvaguarda uma medida de defesa comercial sem ter havido 
deslealdade de ninguém, a criação da medida acaba “punindo” quem não tem nada a 
ver com a ineficiência da nossa indústria. Por isso, diz o artigo 8º do Acordo 
internacional sobre Salvaguardas: 
Artigo 8º - Nível das Concessões e outras obrigações 
1. Todo membro que se proponha aplicar ou queira prorrogar uma medida de 
salvaguarda procurará, de conformidade com as disposições do artgio 12, 
manter um nível de concessões e de outras obrigações 
substancialmente equivalente ao existente nos termos do GATT 1994 entre 
tal tal membro e os membros exportadors que seriam afetados por tal medida. 
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Com o fim de alcançar esse objetivo, os Membros interessados poderão chegar 
a acordo com relação a qualquer forma adequada de compensação comercial 
pelos efeitos adversos da medida sobre o seu comércio. 
 
Em suma, um país até pode criar a salvaguarda, mas tem que compensar os demais 
países, que não podem ser responsabilizados pela ineficiência da nossa indústria. 
Essa compensação é negociada, mas, se não houver consenso, os países afetados 
pela criação da salvaguarda podem suspender concessões consideradas equivalentes. 
Veja que isso foi cobrado na prova de AFRFB-2005: 
14 - (AFRF/2005) Assinale a opção correta. 
a) ... 
b) ... 
c) ... 
d) Como medida de defesa comercial que é, a salvaguarda não dá ensejo à 
compensação comercial para os países que vierem a ser prejudicados por sua 
aplicação. 
e) ... 
Comentários 
A letra D está errada e não foi o gabarito. A salvaguarda impõe a compensação. 
 
Cláusula

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