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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 1 Oi, pessoal. Hoje fechamos o curso, olhando os seguintes tópicos do edital de AFRFB/2009: 5.3. Regras de origem no Mercosul. 5.4. Valoração aduaneira no Mercosul. E do edital de ATRFB/2009: 5.1. Solução de controvérsias no Mercosul. No entanto, começamos com “defesa comercial no Mercosul”. Apesar de este assunto não ser mais citado expressamente no edital de 2009, como o foi no edital de 2005, acho importante analisá-lo, pois faz parte do “Direito do Mercosul”. Além disso, o Brasil, na hora de aplicar uma medida de defesa comercial, deve seguir os acordos internacionais da OMC, além das regras regionais criadas no Mercosul e das regras nacionais definidas nos três decretos analisados na aula 17. DEFESA COMERCIAL NO MERCOSUL Defesa Comercial Intramercosul Pergunto: pelas regras do GATT, podem ser adotadas medidas de defesa comercial intrabloco? Depende. Vimos em aula anterior que o artigo XXIV do GATT/1947 permite a imposição das barreiras comerciais previstas nos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX: “§ 8o Para os efeitos do presente Acordo, a) entender-se-á por união aduaneira a substituição de dois ou mais territórios aduaneiros por um único território aduaneiro, de maneira que: i) os direitos aduaneiros e as demais normas restritivas de comércio (exceto, na medida em que forem necessárias, as restrições autorizadas em virtude dos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX) sejam eliminados em relação ao substancial do comércio entre os países- membros ou, ao menos, em relação aos produtos originários destes países; e ii) que ... cada um dos membros da união aduaneira aplique ao comércio com os países extrabloco direitos aduaneiros e demais normas de comércio que sejam essencialmente idênticos; ...” Para alguns autores e países, a lista de artigos é exaustiva, não cabendo a imposição de barreiras intrabloco que não sejam dos tipos previstos nesses artigos. Para outros, a lista é exemplificativa, permitindo-se a imposição de outras barreiras. As medidas compensatórias, as alíquotas antidumping e as cláusulas de salvaguarda estão previstas nos artigos VI e XIX do GATT/47. Logo, sua imposição intrabloco somente é aceita por aqueles que consideram a lista do artigo XXIV como meramente exemplificativa. E o Brasil, qual é sua posição em relação às medidas de defesa comercial intrabloco? Podem ser criadas medidas compensatórias entre os países do Mercosul? E alíquotas antidumping? E cláusulas de salvaguarda? A posição brasileira, condenando o uso de medidas de defesa comercial intrabloco, pode ser encontrada no Relatório 020/2001, do Ministério das Relações Exteriores: CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 2 “Na doutrina do direito do comércio internacional consideram-se as medidas compensatórias — no que se refere a subsídios — e as medidas antidumping como recursos aplicáveis a um comportamento de comércio desleal (unfair trade), enquanto as salvaguardas permitem proteger um setor da produção nacional gravemente afetado por importações, mesmo que estas configurem expressão de fair trade. No Mercosul, as salvaguardas estão proibidas desde janeiro de 1995, conforme estipulado nos artigos 1º e 5º do Anexo IV do Tratado de Assunção e reiterado pelo laudo arbitral (de 10/3/2000) emitido na controvérsia sobre salvaguardas têxteis entre Brasil e Argentina. O Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, 1947), em seu artigo XXIV.8 (a) (i) estabelece que uma união aduaneira pressupõe que 'tarifas e outras regulamentações restritivas ao comércio (exceto, quando necessário, aquelas permitidas pelos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX) sejam eliminadas com respeito a substancialmente todo o comércio entre os territórios que constituem a união ou pelo menos com respeito a substancialmente todo o comércio de produtos originários de tais territórios'. As medidas antidumping (art. VI do GATT) constituem, por um lado, evidente regulamentação restritiva ao comércio e, por outro, não são mencionadas entre as exceções do artigo XXIV que, como norma excepcional, não poderiam ser interpretadas extensivamente. À luz do sistema multilateral de comércio, portanto, tais medidas estão entre as restrições que devem ser eliminadas em uniões aduaneiras (como ocorre, de modo efetivo, na União Européia). Em relação às medidas antidumping, o Mercosul — como união aduaneira em consolidação — já tomou a decisão política de sua eliminação gradual. Tal objetivo já estava expresso no artigo 1º do Tratado de Assunção de 1991, que prevê a eliminação de todas as restrições tarifárias e não tarifárias. O artigo 4º do mesmo tratado estabelece o dever dos Estados- partes em coordenar suas políticas nacionais com vistas a elaborar normas comuns sobre concorrência comercial. Desde então, realizam-se esforços paralelos no Mercosul para avançar na eliminação do antidumping intrazona e para harmonizar as regras de defesa da concorrência na região. Tal paralelismo explica-se, pois a garantia de instrumentos eficazes para a manutenção de condições adequadas de concorrência na região, com a necessária prevenção de condutas e práticas restritivas (abuso de posição dominante, preços predatórios), é circunstância relevante para a definitiva eliminação.” Em relação às cláusulas de salvaguarda, o próprio Tratado de Assunção, no Anexo IV, já definia um prazo máximo para o uso intrabloco: Art. 1o - Cada Estado Parte poderá aplicar, até 31 de dezembro de 1994, cláusulas de salvaguarda à importação dos produtos que se beneficiem do Programa de Liberação Comercial estabelecido no âmbito do Tratado. Os Estados Partes acordam que somente deverão recorrer ao presente Regime em casos excepcionais. ... Art. 5o - As cláusulas de salvaguarda terão um ano de duração e poderão ser prorrogadas por um novo período anual e consecutivo, aplicando-se-lhes os termos e condições estabelecidas no presente Anexo. Estas medidas apenas poderão ser adotadas uma vez para cada produto. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 3 Em nenhum caso a aplicação de cláusulas de salvaguarda poderá estender-se além de 31 de dezembro de 1994. As cláusulas de salvaguarda não poderiam mais ser utilizadas no Mercosul desde 31/12/1994, conforme dispõem os artigos 1o e 5o. No entanto, houve um retrocesso em 2006, com a criação do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) entre Brasil e Argentina, analisado na aula anterior. O MAC simboliza a abertura para se poderem usar, de novo, as salvaguardas intrabloco, mas somente entre os dois países. Em relação às medidas compensatórias e às alíquotas antidumping, os países já tomaram a decisão política de as eliminar, como indica o texto produzido pelo Ministério das Relações Exteriores. Apesar da decisão política, o uso das medidas antidumping e compensatórias ainda está liberado, amparado por decisões do Conselho do Mercado Comum. Para reflexão: qual é a lógica do GATT em não ter expressamente permitido o uso de medidas de defesa comercial no comércio intrabloco? Caso, em um bloco comercial, um membro pratique subsídios ou dumping, prejudicando outro membro, este não poderá se defender criando medidas compensatórias ou antidumping? Pela corrente que influenciou a não inclusão dos artigos VI e XIX na lista de barreiras intrabloco permitidas pelo GATT, a defesa contra parceiros comerciais não deveria ser unilateral. A idéia era privilegiar os sistemas de solução de controvérsias. As deslealdades que surgissem deveriam ser condenadas pelo bloco como um todo por meio do sistema de solução de controvérsias. Deveria ser privilegiado o multilateralismo, desnudando-seas deslealdades, mas evitando-se as práticas de autodefesa, práticas bilaterais. Sobre defesa comercial intramercosul, houve apenas uma questão em concurso: 1 - (TRF/2005) Assinale a opção correta. a) Na qualidade de membros associados do Mercosul, Chile e Bolívia também aplicam a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco. b) A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) contém capítulos destinados não apenas a bens, mas também a serviços. Por sua vez, o Sistema Harmonizado (SH) diz respeito apenas à classificação aduaneira de bens. c) O Grupo Mercado Comum, órgão máximo na estrutura do Mercosul, tem poderes para, por consenso, tomar decisões obrigatórias para os membros do bloco. d) Atualmente, é possível que um membro do Mercosul aplique uma medida antidumping contra outro membro do bloco. e) Ainda não foram definidas regras que tenham por objeto a defesa da concorrência no âmbito do Mercosul. Comentários A letra A é falsa, pois os membros associados não usam a TEC do Mercosul. A Bolívia, por exemplo, faz parte do Pacto Andino, que tem uma TEC própria. A letra B é falsa, pois a NCM é a nomenclatura usada pelos países do Mercosul, em que são relacionadas apenas mercadorias para efeito de classificação aduaneira. Ela tem por base o Sistema Harmonizado, criado internacionalmente. A letra C é falsa, pois o órgão máximo do Mercosul é o Conselho do Mercado Comum. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 4 Letra D: vimos que, no Mercosul, os países já decidiram eliminar as medidas antidumping intrabloco. No entanto, ainda não o fizeram, permitindo a utilização por meio da Decisão CMC 13/2002: “O Conselho do Mercado Comum (CMC) decide: Artigo 1º – Adotar, no âmbito do Mercosul, o Acordo Relativo à Implementação do Artigo VI do GATT, da Organização Mundial do Comércio, para aplicação de medidas antidumping no comércio intrazona. ...” A letra E é falsa, sendo baseada nos “Textos Legais do Mercosul”, pedidos nos editais da RFB de 2005, mas não no de 2009. Por isso, considerando o edital mais recente, comento a letra E de forma bem sucinta (apenas para não ficarmos sem a explicação): estudando para a prova de 2005, devíamos saber da existência do “Protocolo de Defesa da Concorrência do Mercosul”, aprovado pela Diretriz nr. 13/2003 da Comissão de Comércio do Mercosul. Gabarito: letra D. Ainda é possível utilizar as medidas antidumping intrabloco. Defesa Comercial Extra-Mercosul A defesa comercial também pode ser analisada em relação ao comércio do Mercosul com o resto do mundo. Atualmente, a criação de medidas compensatórias, antidumping e salvaguardas em relação a terceiros países é unilateral. Cada país do bloco age sozinho na investigação e imposição das medidas. No entanto, foram aprovadas normas no Mercosul visando à criação de regras regionais de defesa comercial. Em relação às medidas compensatórias e antidumping: quando surgirem o “Regulamento Comum sobre Subsídios” ou o “Regulamento Comum Antidumping”, não mais haverá a imposição de medidas compensatórias ou antidumping unilaterais. Todo subsídio e dumping serão investigados por um órgão do Mercosul para que a medida seja adotada simultaneamente pelos quatro países. Essa perda de soberania é o motivo pelo qual não conseguiram nem fechar o texto dos dois Regulamentos Comuns. Atualmente, existem apenas os marcos normativos, criando as regras gerais dos dois futuros regulamentos. Os marcos normativos são de 1997 (Decisão CMC 11/1997) e de 2000 (Decisão CMC 29/2000), mas, repito, os Regulamentos ainda não surgiram. Outra é a situação do “Regulamento Comum sobre Salvaguardas”. Este permite que as salvaguardas sejam criadas regionalmente ou nacionalmente. Por ter sido preservada a soberania dos países do Mercosul, este Regulamento foi aprovado por meio da Decisão CMC 17/1996. Com isso, se apenas um país do Mercosul está sofrendo danos com as importações de fora do bloco, este país pode sozinho impor as salvaguardas. E se o Mercosul, como um todo, estiver sofrendo danos, a salvaguarda poderá ser imposta simultaneamente pelos quatro países. Apesar de aprovado, o “Regulamento Comum sobre Salvaguardas” ainda não entrou em vigor no âmbito regional, pois a Argentina ainda não o internalizou. Na prova de AFRFB/2005, pediram o conhecimento da defesa comercial extra- Mercosul. Na questão, também abordaram um dos protocolos criados no Mercosul (o Protocolo de Ushuaia) e outros acordos regionais, que não foram pedidos nos editais da RFB de 2009, e, por isso, vou ignorar tais acordos na resolução a seguir: CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 5 2 - (AFRFB/2005) Assinale a opção incorreta. a) No âmbito do Mercosul, adotou-se um regime para a aplicação de medidas de salvaguarda às importações provenientes de países não-membros do bloco. b) O sistema de solução de controvérsias do Mercosul, definido pelo Protocolo de Olivos, estabelece um Tribunal Permanente de Revisão para o julgamento de recursos contra decisões dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc – o que não existia no Protocolo de Brasília, antecessor do de Olivos. c) Em 2004, o Mercosul concluiu acordos comerciais, por exemplo, com a Índia e com a SACU (União Aduaneira Sul-Africana, formada por África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia), e atualmente negocia acordos com outros países. d) Muito embora o Mercosul almeje à conformação de um mercado comum, atualmente o bloco se encontra no estágio de união aduaneira imperfeita (ou incompleta). Para a conclusão dessa etapa, basta a eliminação das exceções ao livre-comércio intrabloco. e) De acordo com o Protocolo de Ushuaia, a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o processo de integração entre seus signatários (países do Mercosul, Bolívia e Chile). Prevê o Protocolo que a ruptura da ordem democrática em um dos países pode levar à suspensão de seus direitos e obrigações nos processos de integração entre os membros desse Protocolo. Comentários Vimos, na aula anterior, em questão da prova de AFRF 2002-2, que “para aperfeiçoar a união aduaneira, precisa liberar integralmente o comércio de bens e serviços e acabar com as listas de exceção à TEC...” Portanto, não basta uma das coisas... Tem que acabar com as exceções intra e extrabloco. Assim, a letra D está incorreta e é o gabarito. Alternativa A: correta, segundo o gabarito oficial. No Mercosul foi editada a Decisão CMC 17, de 17 de dezembro de 1996, que define o “Regulamento relativo à aplicação de medidas de salvaguarda às importações provenientes de países não-membros do Mercosul”. No entanto, esta decisão ainda não entrou em vigor regionalmente até este ano em que estamos (2010). Sendo assim, apesar de a banca ter considerado a opção correta, ela está, a meu ver, incorreta, pois a norma ainda não é aplicável. É errado dizer que o Mercosul “adota” um regime comum de aplicação de salvaguardas, se este ainda nem entrou em vigor no âmbito regional. Por meio desta norma, os países decidiram unificar os processos de investigação para aplicação das medidas de salvaguarda. A partir da sua entrada em vigor, os países seguirão o mesmo roteiro de investigação, permitindo a criação de salvaguardas regionais. A letra B está correta, como veremos na continuação desta aula no tópico “Solução de Controvérsias no Mercosul”. As letras C e E não estão no edital de AFRFB/2009 nem no de ATRFB/2009. Em 2005, o conhecimento de tais assuntos era cobrado sob os títulos “Mercosul: textos legais” e “Acordos e negociações envolvendo o Mercosul” CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 6 Valoração Aduaneira no Mercosul A norma atualmenteem vigor dispondo sobre valoração aduaneira no Mercosul é a Decisão CMC 17/1994. Ela está para ser revogada pela Decisão CMC 13/2007, que já foi internalizada no Brasil por meio do Decreto 6.870, de 4 de junho de 2009. Além das regras gerais de valoração que você estudou com o Missagia (os 6 métodos, os critérios e os princípios de valoração), definidas no Acordo de Valoração Aduaneira da OMC, o Mercosul criou algumas regras complementares. Veja como vai ficar (e como é) o procedimento de valoração no Mercosul quando a Decisão CMC 13/2007 entrar em vigor: Decisão CMC 13/2007 Decisão CMC 17/1994 O controle poderá ser seletivo ou aleatório, ou seja, pode haver DI verificada no valor aduaneiro por “puro azar” do importador. Na regra atual do Mercosul, o controle do valor aduaneiro é de forma seletiva, ou seja, a fiscalização do valor aduaneiro ocorre naquelas DIs que ficarem retidas em “malha”. O controle poderá ser realizado durante o despacho ou após a entrega. Se for durante o despacho, pode ser feito um exame preliminar ou uma análise sumária, assim como pode ser feito um exame mais aprofundado. Em regra, o prazo para encerramento da investigação é de 60 dias, prorrogável por igual período. Se o importador não responde à intimação aduaneira, o prazo fica suspenso. O controle do valor aduaneiro é realizado após a entrega das mercadorias, realizando-se, no momento do despacho, apenas um exame preliminar e uma análise sumária do valor declarado. A mercadoria poderá ser retirada pelo importador, mediante garantia, antes do encerramento da fiscalização. Não prevê retirada antes da conclusão da análise do valor aduaneiro, inclusive porque a análise é sumária. A taxa de câmbio aplicável na conversão de valores expressos em moeda estrangeira será a taxa diária estabelecida pelo banco central ou autoridade monetária central de cada Estado Parte, tomando-se a taxa vigente no fechamento do dia anterior ao da data da numeração do despacho de importação. Não dispõe sobre taxa de câmbio. Quando se tratar de mercadorias submetidas a regime suspensivo, o valor aduaneiro também é calculado, mas poderá ser recalculado no caso de seu despacho para consumo ou eventual descumprimento do regime. Não dispõe sobre recálculo do valor aduaneiro. Observação: a princípio, a norma regional parece ir contra o Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966) ao dispor que será usada a taxa de câmbio do dia anterior ao do registro da declaração de importação, que é o fato gerador do imposto de importação. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 7 Mas, com a expressão “salvo disposição de lei em contrário”, o CTN permite que a data para conversão de taxa de câmbio seja diferente da data do fato gerador: Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. Nunca é demais lembrar que os atos e acordos internacionais (inclusive as Decisões Mercosul aprovadas pelo Congresso Nacional) possuem paridade normativa com as leis ordinárias... Há os seguintes pontos em comum nas duas normas: 1) A base de cálculo do Imposto de Importação é o valor aduaneiro das mercadorias importadas, determinado conforme as normas do Acordo sobre a implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994 (GATT). 2) Sobre o valor aduaneiro será aplicada a Tarifa Externa Comum. 3) A declaração do valor aduaneiro (DVA) anexada às normas integrará a declaração do despacho aduaneiro, quando for o caso. A DVA é um formulário para o importador preencher indicando como chegou ao valor aduaneiro. 4) Ao valor aduaneiro serão incluídos os gastos de transporte, de carga, descarga e manuseio e o custo do seguro das mercadorias até o porto ou lugar de importação. O porto ou lugar de importação citado é o ponto de introdução das mercadorias no território aduaneiro do MERCOSUL. 5) Para os casos não previstos nas normas, é aplicável a legislação vigente em cada Estado Parte, até que seja aprovada a correspondente norma MERCOSUL. 6) Mesmo que a declaração não tenha sido selecionada pelo sistema informatizado, ela poderá ser submetida a controle de valor, dependendo da legislação interna de cada Estado Parte. 7) Nos casos abaixo, a valoração aduaneira não obedece às regras previstas nas duas normas (a vigente e a futura). A valoração será feita com base em normas regionais específicas para: a) mercadorias importadas por viajantes dentro do conceito de bagagem; b) mercadorias destinadas a missões diplomáticas ou repartições consulares de caráter permanente, e de seus integrantes; c) mercadorias destinadas a representações de organismos internacionais de caráter permanente de que o Estado Parte seja membro, e de seus funcionários, peritos, técnicos e consultores; e d) mercadorias contidas em remessas postais internacionais e encomendas aéreas, não sujeitas ao regime geral de importação. A primeira vez em que o assunto “Valoração Aduaneira no Mercosul” entrou em edital de concurso foi em 2009 no edital para AFRFB. E, logo na estréia, já foi cobrado em uma questão da prova: 3 - (AFRFB/2009) Sobre a valoração aduaneira no Mercosul, é correto afirmar que: a) são observados os mesmos critérios estabelecidos no Acordo de Valoração Aduaneira firmado no marco da Organização Mundial do Comércio, com o que considera-se, como referência primária, o preço efetivamente pago ou a pagar pelos bens importados. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 8 b) dadas as diferenças, entre os países membros, quanto ao tratamento fiscal dispensado às mercadorias importadas de terceiros países, o Mercosul lhes faculta maior discricionariedade quanto à aplicação das regras de valoração aduaneira. c) o Código Aduaneiro ora vigente no Mercosul reporta-se às regras da Associação Latino-Americana de Integração para a determinação da origem de mercadorias importadas pelos seus países membros do bloco. d) não devem ser considerados, para efeitos do cálculo do valor aduaneiro, gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação. e) o Código Aduaneiro do Mercosul é o instrumento que, entre outras finalidades, objetiva harmonizar os critérios de determinação do valor aduaneiro de mercadorias, sendo sua aplicação compulsória para os países membros do bloco e facultativa aos países associados à área de livre comércio. Comentários Letra A: correta. Basta olharmos o artigo 1o da Decisão CMC 13/2007 (ou o artigo 1o da Decisão CMC 17/1994): "O CONSELHO DO MERCADO COMUM DECIDE: Art. 1 - Adotar no âmbito do MERCOSUL o Acordo Relativo à Aplicação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994 (GATT)." Letra B: incorreta. Não há discricionariedade na aplicação das regras de valoração aduaneira. A apuração do valor aduaneiro é da mesma forma nos 4 países, ou melhor, é a mesma entre os mais de 150 países que ratificaram o Acordo de Valoração Aduaneira da OMC. Letra C: incorreta. Em primeiro lugar, as regras de origem do Mercosul são distintas das regras de origem da ALADI. Em segundo lugar, não há Código Aduaneiro do Mercosul vigente. Ele foi definido na Decisão CMC 25/1994, mas não chegou a entrar em vigor. No Brasil, o Código Aduaneiro do Mercosul somente estaria internalizado com a aprovação do Projeto de Lei Complementar 98/2000, o que não ocoorreu. Observação: em agosto de 2010, o código de 1994 foi inclusive abandonado, dando lugar a um novo Código Aduaneirodo Mercosul (Decisão CMC 27/2010). Letra D: incorreta. Basta vermos o artigo 1o da Decisão CMC 17/1994 (ou o artigo 5o da Decisão CMC 13/2007): "ARTIGO 1o ... § 2o No valor aduaneiro serão incluídos os seguintes elementos: a) o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; b) os gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; c) o custo de seguro." Letra E: incorreta. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 9 Como vimos acima, não há Código Aduaneiro do Mercosul vigente. Ele chegou a ser definido na Decisão CMC 25/1994, mas não estava em vigor no dia da prova de 2009. Acabou sendo abandonado em 2010 em favor de um novo Código. Em segundo lugar, quando entrar em vigor, o Código Aduaneiro do Mercosul será usado somente pelos países do Mercosul, nas operações de importação e de exportação realizadas com parceiros do bloco ou com terceiros países, como vemos no seu artigo 1o do Código vigente no dia da prova (as mesmas regras se mantêm no Código de 2010): "CAPÍTULO 1 - ÂMBITO DE APLICAÇÃO E DEFINIÇÕES BÁSICAS Artigo 1° - O presente Código e suas Normas de Aplicação constituem a legislação aduaneira aplicável: a) a totalidade do território aduaneiro do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, instituído pelo Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, salvo disposições comunitárias especiais ou resultantes de acordos internacionais; b) ao intercâmbio comercial dos Estados Partes do MERCOSUL com terceiros países." Inicialmente, a letra D foi apresentada como o gabarito. No entanto, após os recursos, o gabarito foi alterado para a letra A. Antes de passarmos para um novo assunto, cabe perguntar: o que é, ou melhor, o que será o Código Aduaneiro do Mercosul, mencionado na questão acima? Hoje, no Brasil, temos o Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009), dispondo sobre as normas de controle aplicadas pela Aduana. Ali estão previstas as funções e o procedimento aduaneiro realizado na fiscalização de entrada e de saída dos bens do país. Também estão ali os procedimentos para fiscalização das mercadorias internalizadas, mas ainda sujeitas a algum tipo de controle, como, por exemplo, os bens que obtiveram benefícios fiscais, os quais são acompanhados para evitar desvio de finalidade ou transferência de titularidade não autorizada. Enfim, o Regulamento Aduaneiro é o manual de trabalho dos AFRFB lotados na Aduana. O Código Aduaneiro do Mercosul trará os análogos procedimentos de atuação das Aduanas dos quatro países do bloco. Será equivalente a um “Regulamento Aduaneiro Regional”. Regime de Origem no Mercosul Toda vez que benefícios comerciais são instituídos entre países, deve ser criado algum controle para evitar que terceiros se aproveitem daqueles. Por exemplo, se o Brasil concede um benefício à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai, como a dispensa de cobrança de imposto de importação em relação aos produtos fabricados por eles (tendo em vista as regras do Mercosul), a Aduana brasileira tem que checar se as mercadorias importadas foram, de fato, produzidas naqueles países. Assim, evita-se, por exemplo, que a Bolívia ou a Inglaterra tentem colocar suas mercadorias no Brasil via Argentina. O Regime Geral de Origem no Mercosul define que uma mercadoria somente obterá o benefício se cumprir uma das seguintes condições: 1) foi colhida ou totalmente produzida em um dos países do Mercosul; 2) foi produzida parcialmente, mas os países do Mercosul respondem por mais de 60% do produto que está sendo comercializado intrabloco. Por exemplo, CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 10 se a Argentina adquire insumos da Europa pagando US$ 400,00 CIF (devem ser somados os valores da mercadoria, seu seguro e frete, pois representam o custo total do insumo) e, industrializando o produto, vende-o ao Brasil por US$ 800,00 FOB (aí tem que contar só o produto, sem contar frete nem seguro), isto significa que a Argentina só agregou 50% do produto final. Por outro lado, se a mercadoria tivesse sido vendida para o Brasil por US$ 1.000,00, significaria que a Argentina agregou US$ 600,00 do total de US$ 1.000,00. (Aqui entra uma importante alteração. A Decisão CMC 16/2007, cuja entrada em vigor foi em agosto de 2009, trouxe uma novidade em relação a este segundo critério: para os produtos exportados pelo Paraguai basta que o índice de agregação seja de 40%, contra os 60% da regra geral. Este favorecimento para que os produtos paraguaios obtenham a alíquota ZERO de II vai durar até 31/12/2022); 3) mesmo que não atinja os 60%, a mercadoria será considerada originária do Mercosul caso tenha sido ganho uma nova individualidade no bloco. Por nova individualidade, entende-se que a mercadoria foi transformada em outra, com mudança de classificação fiscal nos quatro primeiros dígitos da NCM. Quando você estudou classificação fiscal com o Missagia, viu que toda mercadoria é classificada no Mercosul em códigos de oito (8) dígitos. Os dois primeiros indicam o capítulo no qual a mercadoria se encontra. Os dois seguintes indicam a posição dentro do Capítulo. Assim, a mercadoria será considerada produzida na Argentina, pelo terceiro critério, se ela mudar de posição na NCM. Tem que mudar de posição, independentemente se vai se manter no mesmo capítulo da NCM ou não. Quando uma mercadoria é industrializada e muda de posição na NCM, diz-se que houve o “salto tarifário” ou recebeu uma “transformação substancial”. Em 2009, entrou em vigor uma importante alteração imposta pela Decisão CMC 16/2007. A antiga regra da nova individualidade trazia uma condição: só seria considerada originária do Mercosul a mercadoria cujo código na NCM diferisse dos códigos de todos os materiais utilizados na sua fabricação. Por exemplo, se o produto A (NCM 1010.23.10) tivesse sido fabricado com os insumos B, C e D, importados de fora do Mercosul, ele somente seria considerado originário do Mercosul se nem B, nem C nem D tivessem um código NCM começando com “1010”, ou seja, nenhum dos insumos podia ter a mesma posição do produto final. Com a nova regra, que acabou de entrar em vigor, o produto A (NCM 1010.23.10) pode ser produzido com os insumos B (NCM 1010.24.50), C (NCM 1014.10.19) e D (NCM 1617.10.10) e ser considerado originário do Mercosul caso o valor CIF (custo incluindo o seguro e o frete) do insumo B (que tem a mesma posição do produto A na NCM) não exceda 10% do valor FOB de A (sem incluir seguro nem frete). Mais uma informação: existe o Regime Geral de Origem e as regras específicas de origem. As regras gerais são as três listadas acima. Já as regras específicas são definidas para vários produtos. Por exemplo, no Mercosul a manteiga somente é considerada originária do bloco se tiver sido produzida com leite do bloco. Então de nada adianta a Argentina responder, por exemplo, por 70% do valor da manteiga exportada para o Brasil caso tenha sido utilizado leite de fora do bloco comercial. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 11 Perceba o seguinte: Como é que o produto da Bolívia ou da Inglaterra, citados no início deste tópico, teria vantagem em entrar no Brasil via Argentina? A alíquota cobrada por Brasil e Argentina não são iguais? Depende. Se aquele produto estiver numa lista de exceções à TEC, seja do Brasil, seja da Argentina, pode haver um diferencial que gere a vantagem para o produto inglês. Se o Brasil estiver cobrando uma alíquota de 10% e a Argentina, 0%, poderia o inglês tentar se dar bem, entrando pela Argentina para tentar chegar ao Brasil.Mas e se as alíquotas forem iguais, o inglês poderia tentar se dar bem? Não, já que a alíquota seria a mesma. Neste caso, precisa apurar a origem do produto? Em princípio, não precisaria. Por exemplo, se o Mercosul não cobra imposto de importação sobre calçados fabricados fora do bloco, então o produto entraria com alíquota 0% em qualquer um dos 4 países do bloco. Para este caso especificamente (alíquota ZERO aplicada pelos quatro países extrabloco), o Decreto 5.738/2006, internalizando a Decisão CMC 37/2005, impõe que se a Argentina importa o bem da França e, posteriormente, exporta-o para o Brasil, o bem será considerado originário do Mercosul e ganhará a alíquota ZERO intrabloco. 0% de II 0% de II 0% de II --------Æ Argentina -------------Æ Brasil Å----------------- Não será necessário, no caso acima, investigar se os critérios de origem foram cumpridos. O fato de o Brasil e a Argentina não cobrarem nada numa importação extrabloco já faz com que o produto francês seja tratado como se fosse um produto originário do Mercosul. No entanto, se o bem for tributado na TEC com alíquota 10 ou 20%, por exemplo, e todos os 4 países do bloco cobrarem esta tarifa, precisaríamos temer alguma triangulação “fraudulenta”? Não, pois ninguém teria motivo para tentar se aproveitar do livre comércio intrabloco, pois o Brasil estaria cobrando externamente a mesma alíquota que a Argentina cobraria. 10% de II em tese, deveria ser 0% de II 10% de II ---------Æ Argentina -------------------------------Æ Brasil Å----------- Dupla Cobrança da TEC no Mercosul De forma controversa, o Mercosul não desonera o produto ainda que as alíquotas externas de II sejam idênticas nos 4 países. Esta é a chamada “dupla cobrança da TEC” que o bloco ainda não conseguiu eliminar. Atualmente, de forma ilógica, se um produto inglês entrar na Argentina sofrendo a cobrança de 10% de imposto de importação e, em seguida, for revendido para o Brasil, haverá nova cobrança da TEC. O Brasil também cobrará imposto de importação, independentemente de quanto seja a alíquota de II cobrada pelo Brasil nas importações extrabloco, até mesmo sendo igual à alíquota cobrada externamente pela Argentina. 10% de II 10% de II 10% de II -------------------Æ Argentina -------------Æ Brasil Å----------------- CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 12 Em agosto de 2010, foi aprovada a Decisão CMC 10/2010, disponível em www.mercosur.org.uy/innovaportal/file/2366/1/DEC_010-2010_PT_Dupla%20Cobranca.pdf. Por meio dessa Decisão, foi firmado o compromisso de eliminação da dupla cobrança. É tudo embrionário, mas é o começo desse processo que se arrasta desde a criação da TEC, em 1994. Além de assumirem o compromisso com o fim da dupla cobrança, lançaram também as bases para a distribuição da renda aduaneira. O que é isso? Quando a dupla cobrança estiver eliminada, a Argentina, por exemplo, irá importar um bem e cobrar a alíquota prevista na TEC. Em seguida, se a Argentina vender o produto para o Brasil, não haverá cobrança de novo imposto de importação, mesmo que o bem não tenha se tornado originário do bloco. Neste caso, o imposto de importação recolhido pela Argentina deverá ser repassado para o governo brasileiro, tendo em vista que o destino final do produto acabou sendo o Brasil. Nisto consiste a “distribuição de renda” que podemos encontrar na Decisão CMC citada. Vejamos questões sobre regras de origem: 4 - (ACE/1997 - ESAF) O Regime de Origem de Produto é fundamental em um processo de integração regional, pois determina quais e de que forma os mesmos serão comercializados dentro da área de integração. São consideradas regras básicas do Regime de Origem no MERCOSUL as abaixo especificadas, exceto: a) Para ser considerado da região, um produto tem de ter 60% do valor agregado regionalmente. b) Para ser considerado da região, observa-se onde se inicia o processo industrial do produto. c) Um produto originário da região tem direito à tarifa zero. d) É preciso que o produto tenha tido algum tipo de transformação ou processamento substancial na região. e) No caso de uma união aduaneira, o controle de origem só é necessário se o produto em questão figurar em uma lista de exceções à Tarifa Externa Comum. Comentários A errada é a letra B. Não interessa onde se iniciou o processo industrial do produto. Mesmo que tenha se iniciado no exterior, a mercadoria pode ser considerada originária do Mercosul se os países do bloco responderem por mais de 60% do produto exportado para outro país do Mercosul. Ou também se a mercadoria ganhou uma nova individualidade. No Mercosul, o índice geral para se considerar originário é de 60% regional, ou seja, se o Brasil importa uma mercadoria da Argentina e esta mercadoria foi produzida 25% neste país, 25% no Paraguai e 20% no Uruguai, a mercadoria será considerada originária do Mercosul. Em uma união aduaneira, o controle de origem só será necessário quando o produto estiver em uma lista de exceções à TEC? Sim. O que soa estranho é que o Mercosul, apesar de ser uma união aduaneira, não segue exatamente isso. Para frisar: 1) No Mercosul, se a alíquota da TEC é ZERO e o produto não consta em lista de exceções, ou seja, os quatro países cobram a mesma alíquota ZERO, então não é necessária a verificação da origem do produto. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 13 2) No entanto, se a alíquota da TEC é diferente de ZERO (por exemplo, 10%) e o produto não consta em listas de exceções, ou seja, os 4 países cobram igualmente a alíquota de 10% para produtos que vierem de fora, ainda assim a verificação da origem do produto será necessária, pois se não for originária do bloco, haverá a dupla cobrança da TEC. Mas isto é uma excrescência específica do Mercosul, não existindo em outras uniões aduaneiras. Perceba que a letra E se refere ao tratamento em “uma união aduaneira...” e não “no Mercosul...”. Então, para a resposta, vale a regra geral, não a específica do Mercosul. 5 - (ACE/2008 – CESPE) Quanto às normas de origem no âmbito da ALADI, as mercadorias elegíveis incluem aquelas fabricadas em seus territórios, incluindo as atividades de ensamblagem ou montagem, realizadas no território de um país participante utilizando materiais originários dos países participantes do acordo e de terceiros países. Comentários Devemos ler o enunciado assim: “As mercadorias são consideradas originárias de um país se tiverem sido fabricadas no seu território, inclusive ensambladas ou montadas, com o uso de materiais de quaisquer países.” (Ensamblar é montar por encaixe.) Para um país ser considerado como o de origem de uma mercadoria na ALADI, tem que ser cumprida uma das seguintes condições: 1) o país produziu o bem integralmente ou o bem foi nele colhido, caçado, pescado, ...; 2) o país produziu mais de 50% do produto (para Paraguai, Bolívia e Equador, o percentual é de 40%); ou 3) o país industrializou o bem e foi mudada a posição em nível de Sistema Harmonizado (SH). Como mercadorias montadas e desmontadas possuem a mesma classificação fiscal no Sistema Harmonizado, pela Regra de Classificação 2a, a montagem não muda a posição da mercadoria no SH. Logo, mercadorias não são consideradas originárias de determinado país, caso elas sejam apenas montadas ou ensambladas no país. Gabarito: FALSO. Para fechar, vejamos uma questão da APEX/2009, sendo as regras de origem abordadas na opção E: 6 - (APEX/2009 – Fundação Universa) Assinale a alternativa incorreta em relação às barreiras tarifárias e não-tarifárias: a) Subsídios são benefíciosconcedidos pelos governos a determinados setores. b) Salvaguarda significa aumentar permanentemente a tarifa incidente sobre produtos estrangeiros. c) Dumping é o uso de certas medidas para tornar o produto importado menor no país de destino no que de origem. d) Cotas são restrições quantitativas na importação de determinados produtos. e) Regras de origem são normas aplicadas para verificar a verdadeira origem de um produto. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 14 Comentários Gabarito: A letra B é a incorreta. Salvaguardas são sempre medidas temporárias. Mas que redação horrível da letra C... Dumping é diminuir o produto ou o preço dele? Certificado de Origem Mercosul Para ganhar a circulação livre dentro do bloco, tem que ficar provado que o produto tem origem no Mercosul e tem que ter sido exportado diretamente da Argentina para o Brasil, por exemplo. Se o produto argentino vai para o Chile e depois vem para o Brasil, então não ganha a alíquota ZERO: Artigo 10.- Para que as mercadorias originárias se beneficiem dos tratamentos preferenciais, elas deverão ter sido expedidas diretamente do Estado Parte exportador ao Estado Parte importador. Para tal fim se considera expedição direta: a) As mercadorias transportadas sem passar pelo território de algum país não participante do MERCOSUL. b) As mercadorias transportadas em trânsito por um ou mais países não participantes, com ou sem transbordo ou armazenamento temporário, sob a vigilância de autoridade aduaneira competente nesses países, desde que: i) o trânsito esteja justificado por razões geográficas ou por considerações relativas a requerimentos de transporte; ii) não estejam destinadas ao comércio, uso ou emprego no país de trânsito; iii) não sofram, durante o transporte ou depósito, nenhuma operação diferente das de carga e descarga ou manipulação para mantê-las em boas condições ou assegurar sua conservação. ... Parágrafo único - O certificado de origem emitido por um dos Estados Partes do MERCOSUL, permite a circulação da mercadoria entre os Estados Partes, com o mesmo tratamento tarifário preferencial e o mesmo certificado de origem, sempre que a mercadoria seja procedente de qualquer dos Estados Partes do MERCOSUL. Para provar a origem, é necessário apresentar às Alfândegas do bloco o Certificado de Origem previsto na normativa do Mercosul, que, no Brasil, foi regulamentada pela Portaria SECEX 10, de 24 de maio de 2010: III - Certificado de Origem - MERCOSUL – documento preenchido pelo exportador e emitido por entidades credenciadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, junto a ALADI, para amparar a exportação de produtos que gozam de tratamento preferencial outorgado pelos países membros do Mercado Comum do Sul; Sobre o regime de origem Mercosul, caiu uma questão em 2005: 7 - (AFRF/2005) Atribua a letra (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 15 ( ) Para fins de concessão de benefício tributário, a origem de um produto nem sempre coincide com a sua procedência. ( ) O “Formulário A”, documento expedido pela Secretaria de Comércio Exterior (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), é o instrumento que atesta a origem do produto para fins de concessão de tratamento tributário diferenciado no âmbito do Sistema Geral de Preferências. ( ) O Acordo sobre Regras de Origem da OMC define, para cada Capítulo do Sistema Harmonizado, o critério utilizado para se conferir origem aos produtos do Capítulo. ( ) Entre os critérios possíveis para se conferir origem estão, por exemplo, o salto na classificação tarifária e a agregação de valor. ( ) Segundo o Acordo sobre Regras de Origem da OMC, as regras de origem não-preferenciais devem ser definidas de maneira positiva (ou seja, devem indicar o que confere origem, e não o que não confere origem). Normas negativas, contudo, podem ser empregadas para esclarecer uma norma positiva. ( ) O Certificado de Origem Mercosul apresentado será desqualificado pela autoridade aduaneira, para fins de reconhecimento do tratamento preferencial, quando ficar comprovado que não acoberta a mercadoria submetida a despacho, por ser originária de terceiro país ou não corresponder à mercadoria identificada na verificação física, conforme os elementos materiais juntados. Assinale a seqüência correta. a) V V F F V F b) F V V F V F c) F F V F F V d) V F V V V V e) V F F V V V Comentários 1 – Verdadeiro. País de origem é o país que produziu a mercadoria ou que promoveu uma transformação substancial. País de procedência é o país de onde vem a mercadoria. Pode ter sido produzida em um país, mas ter sido vendida para outro, do qual agora nós compramos. O país de origem será um; o de procedência, outro. Estes conceitos são explicitados no artigo 557 do Decreto 6.759/2009, que é o Regulamento Aduaneiro. 2 – Falso. Conforme dispõe a Portaria SECEX 10, de 2010, a emissão do Formulário A é competência do Banco do Brasil e não da SECEX. Isto já tinha caído na prova de AFRF 2003. Vocês viram o SGP com o Missagia. 3 – Falso. O Acordo sobre Regras de Origem não criou as regras universais de origem, mas apenas definiu um programa de trabalho que visava à criação de tais regras. Vimos na aula 14 que o processo de harmonização tinha que estar concluído até 1998, mas até hoje não se conseguiu concluir o trabalho. 4 – Verdadeiro. O critério do salto tarifário no Mercosul, por exemplo, é previsto como mudando-se a posição da mercadoria no SH. E a agregação de valor se refere ao percentual mínimo que um país deve agregar à mercadoria para ser CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 16 considerada originária dele e obter, por exemplo, o benefício da não-tributação (No Mercosul, o percentual básico é de 60%). 5 – Verdadeiro. Está escrito no Acordo Sobre Regras de Origem: “(g) as regras de origem deverão basear-se numa regra positiva. As regras negativas poderão ser usadas para fins de esclarecer uma regra positiva.” Isto inclui tanto as regras preferenciais como as não-preferenciais. 6 – Verdadeiro. Caso um certificado de origem de uma mercadoria seja fraudulento, ou seja, defina um país como originário daquele mercadoria, quando na verdade não o é, o certificado poderá ser rejeitado. Gabarito: Letra E. Sistema de Solução de Controvérsias No Tratado de Assunção, foram previstas as diretrizes do sistema para solucionar controvérsias surgidas entre dois ou mais Estados Partes: 1. As Controvérsias que possam surgir entre os Estados Partes como conseqüência da aplicação do Tratado serão resolvidas mediante negociações diretas. No caso de não lograrem uma solução, os Estados Partes submeterão a controvérsia à consideração do Grupo Mercado Comum que, após avaliar a situação, formulará no lapso de sessenta (60) dias as recomendações pertinentes às Partes para a solução do diferendo. Para tal fim, o Grupo Mercado Comum poderá estabelecer ou convocar painéis de especialistas ou grupos de peritos com o objetivo de contar com assessoramento técnico. Se, no âmbito do Grupo Mercado Comum, tampouco for alcançada uma solução, a controvérsia será elevada ao Conselho do Mercado Comum para que este adote as recomendações pertinentes. 2. Dentro de cento e vinte (120) dias a partir da entrada em vigor do Tratado, o Grupo Mercado Comum elevará aos Governos dos Estados Partes uma proposta de Sistema de Solução de Controvérsias, que vigerá durante o período de transição.3. Até 31 de dezembro de 1994, os Estados Partes adotarão um Sistema Permanente de Solução de controvérsias para o Mercado comum. Pode-se ver que o Tratado de Assunção trazia os seguintes passos: 1o) Negociações Diretas 2o) Avaliação pelo Grupo Mercado Comum 3o) Elevação ao Conselho do Mercado Comum Ao mesmo tempo, o Tratado impunha a celebração de um sistema para viger durante o período de transição, ou seja, até 31/12/1994. Este sistema provisório foi definido pelo Protocolo de Brasília, de 1991. O § 3o indica que deveria ser criado um sistema permanente até 31/12/1994 para substituir o sistema provisório que iria surgir. Mas este prazo não foi cumprido. O Protocolo de Brasília, que era para ter sido extinto até 1994, continuou em vigência por mais 10 anos, até 2004, quando o Protocolo de Olivos, de 2002, entrou em vigor. A grande novidade do Protocolo de Olivos foi a criação de mais um órgão no Mercosul: o Tribunal Permanente de Revisão, que veremos à frente. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 17 O processo Toda vez que um país do Mercosul se sente prejudicado por um outro, também do Mercosul, pode iniciar o sistema de solução da controvérsia. Cabe frisar que os países do Mercosul podem optar por outro foro, ou seja, se não quiserem resolver a controvérsia pelas regras do Protocolo de Olivos, eles podem escolher outro sistema como, por exemplo, o da OMC. É isso o que dispõe o artigo 1o do Protocolo. Isso foi pedido na prova de TRFB/2005, como veremos ao final deste tópico. O sistema se inicia com negociações diretas. As partes sentam juntas para negociar aquilo que está incomodando uma ou outra parte. Esta negociação não pode passar de quinze dias, exceto se houver acordo em contrário. Se não ficar resolvida a pendência, eles podem solicitar a intervenção de um órgão “neutro”: o Grupo Mercado Comum, que faz recomendações visando ao término da controvérsia. Caso a solução proposta pelo GMC não seja acolhida pelos litigantes, a parte que se sentir prejudicada pode recorrer ao tribunal arbitral. Este é um tribunal de exceção (tribunal ad hoc), criado apenas para resolver esta briga. Ele é composto de três árbitros. Cada litigante indica um árbitro, e o terceiro, que será o presidente do tribunal arbitral, é escolhido por consenso. Este terceiro árbitro pode ser de qualquer país, até mesmo de país estranho ao Mercosul. Se não houver consenso, a Secretaria do Mercosul o escolhe por sorteio dentre os árbitros das listas preenchidas e arquivadas pelos quatro países junto àquele órgão. Claro que, no sorteio, os árbitros dos países litigantes não concorrem. Só por curiosidade: na primeira vez em que o Tribunal Arbitral foi constituído, o presidente escolhido foi um norte-americano e, por incrível que pareça, o Brasil teve uma sentença favorável contra a Argentina, que era “unha e carne” com os EUA (lembram-se do presidente Carlos Menem?). O tribunal arbitral é um tribunal temporário. Só surge para resolver aquela controvérsia emitindo o laudo arbitral. A seguir, extingue-se, pois sua composição depende dos países que estiverem envolvidos na controvérsia. O Protocolo de Olivos, de 2002, entrou em vigor em 2004, substituindo o Protocolo de Brasília. A principal mudança trazida pelo Protocolo de Olivos ao sistema de solução de controvérsias foi a permissão para se recorrer contra o decidido nos laudos arbitrais. O antigo Protocolo – o de Brasília – não previa o direito à apelação a um órgão de segunda instância. Já o Protocolo de Olivos o previu e criou referido órgão: o Tribunal Permanente de Revisão (TPR), com sede em Assunção, Paraguai. O TPR não tem apenas a função de julgar as apelações em grau de recurso: ele também pode servir de órgão de consulta. Como é um tribunal permanente, toda vez que houver alguma dúvida na interpretação de alguma norma do Mercosul, ele pode dar opiniões consultivas, a pedido de alguns entes. Podem fazer consulta ao TPR, conforme dispõe o artigo 2o do Protocolo de Olivos: “todos os Estados Partes, atuando conjuntamente, os órgãos com capacidade decisória do MERCOSUL [CMC, GMC, CCM] e os Tribunais Superiores dos Estados Partes com jurisdição nacional...” A função de se solucionarem consultas existe até para se evitarem futuras controvérsias. O Tribunal Permanente de Revisão também pode agir como instância única se os países decidirem “pular” o tribunal arbitral. Neste caso, o TPR terá que julgar com os cinco árbitros que o compõem (um de cada país + um escolhido por consenso obrigatoriamente sendo nacional de um dos países do Mercosul). CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 18 Só um detalhe em relação aos cinco árbitros: eles possuem mandato fixo de 2 anos, salvo o presidente, que possui um mandato de 3 anos. Se o TPR agir como segunda instância, atua com apenas três árbitros. Portanto, a solução das controvérsias no Mercosul passa pelas etapas: 1) negociações diretas 2) intervenção do Grupo Mercado Comum 3) Tribunal Arbitral 4) Tribunal Permanente de Revisão, desde 2004 Depois que a questão transita em julgado, o país “perdedor” deve cumprir a decisão. Se não o fizer, está sujeito à aplicação de medidas por parte do país vencedor, conforme dispõe o artigo 31 do Protocolo: Artigo 31 - Faculdade de Aplicar Medidas Compensatórias 1. Se um Estado parte na controvérsia não cumprir total ou parcialmente o laudo do Tribunal Arbitral, a outra parte na controvérsia terá a faculdade, dentro do prazo de um (1) ano, contado a partir do dia seguinte ao término do prazo referido no artigo 29.1 [este prazo é de 30 dias após a ciência da decisão], e independentemente de recorrer aos procedimentos do artigo 30, de iniciar a aplicação de medidas compensatórias temporárias, tais como a suspensão de concessões ou outras obrigações equivalentes, com vistas a obter o cumprimento do laudo. 2. O Estado Parte beneficiado pelo laudo procurará, em primeiro lugar, suspender as concessões ou obrigações equivalentes no mesmo setor ou setores afetados. Caso considere impraticável ou ineficaz a suspensão no mesmo setor, poderá suspender concessões ou obrigações em outro setor, devendo indicar as razões que fundamentam essa decisão. Portanto, se a Argentina é condenada relativamente ao setor de calçados, o Brasil poderá suspender concessões relativas a tal setor. Caso isso não gere para o Brasil uma compensação satisfatória, então o país poderá suspender concessões em qualquer outro setor. Sobre o sistema de solução de controvérsias, houve uma questão muito mal feita pela ESAF: 8 - (ACE/1997) De um modo geral, um processo de integração precisa de um instrumento, ainda que flexível, de solução de controvérsias. Não é certo dizer, sobre o mecanismo de solução de controvérsias e o MERCOSUL, que: a) O Protocolo de Ouro Preto dotou o MERCOSUL de Personalidade Jurídica Internacional. b) O Conselho pode firmar acordos com outros países em nome do MERCOSUL. c) O sistema de Controvérsias do MERCOSUL, adotado em 1991, foi confirmado pelo Tratado de Ouro Preto. d) O processo de solução de controvérsias se divide nos seguintes níveis: 1) exame técnico da questão 2) exame pelo Grupo do Mercado Comum 3) negociação direta entre os países envolvidos 4) submissão do caso a um tribunal ad hoc. e) O tribunal ad hoc é uma corte de justiça permanente formada por juristas dos quatro países. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 19 Comentários A letra E é a incorreta, pois o tribunal arbitral é um tribunal temporário e é composto por apenas três árbitros. A letra A está perfeita. A letra B está correta, pois se o MERCOSUL é pessoa jurídica,quem responde por ele é o órgão superior, ou seja, o Conselho Mercado Comum. Sobre a letra C: o Protocolo de Ouro Preto ratificou, no artigo 43, o sistema do Protocolo de Brasília, dando-lhe uma sobrevida para além de 31/12/1994. Pode-se ver isso a partir do fato de que o Protocolo de Ouro Preto foi assinado em 17/12/1994 e só entraria em vigor 30 dias após a 3a ratificação no Mercosul, ou seja, somente depois que 3 países do bloco ratificassem-no. Ora, na mais otimista das hipóteses, o Protocolo de Ouro Preto iria entrar em vigor em 17/01/1995, ou seja, estaria, em 1995, dispondo que o Protocolo de Brasília deveria ser aplicado às controvérsias surgidas entre os membros. Significa que o Protocolo de Brasília estaria entrando em 1995 ainda em vigência... Artigo 43 - As controvérsias que surgirem entre os Estados Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o não cumprimento das disposições contidas no Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no âmbito do mesmo, bem como das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul, serão submetidas aos procedimentos de solução estabelecidos no Protocolo de Brasília, de 17 de dezembro de 1991. Parágrafo único - Ficam também incorporadas aos Artigos 19 e 25 do Protocolo de Brasília as Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul. Artigo 44 - Antes de culminar o processo de convergência da tarifa externa comum, os Estados Partes efetuarão uma revisão do atual sistema de solução de controvérsias do Mercosul, com vistas à adoção do sistema permanente a que se referem o item 3 do Anexo III do Tratado de Assunção e o artigo 34 do Protocolo de Brasília. A letra D está esquisita. As etapas do sistema de solução de controvérsias são: 1) negociações diretas; 2) intervenção do Grupo Mercado Comum; 3) tribunal arbitral e 4) a partir de 2004, Tribunal Permanente de Revisão. A letra D dá uma lista diferente e fora de ordem. Em relação à ordem não há muito problema, pois a ESAF não pediu na questão a ordem respectiva. Mas, em relação aos níveis, é citado o “exame técnico da questão” que, na verdade, não é um nível do processo de solução de controvérsias. É obvio que há o exame técnico da questão, mas dentro das etapas. Por exemplo, quando o GMC faz a intervenção (2a etapa), ele faz o exame técnico da questão. Quando o tribunal arbitral julga, também faz o exame técnico da questão. Em prova, às vezes, há o errado e o mais errado. Neste caso, consideraram que o mais errado é dizer que o tribunal ad hoc é permanente. Realmente, o tribunal é temporário. Isto é fato. 9 - (TRFB/2005) Atribua a letra (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 20 ( ) No âmbito do sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), caso o país que perca um litígio não cumpra a decisão do Órgão de Solução de Controvérsias, o país vencedor pode ser autorizado a aplicar-lhe sanções comerciais. ( ) É possível que dois países que façam parte do Mercosul levem um litígio à apreciação do sistema de solução de controvérsias da OMC ao invés de apresentá-lo ao mecanismo do Mercosul. ( ) Tal como o sistema de solução de controvérsias da OMC, o mecanismo do Mercosul conta com uma instância capaz de analisar recursos contra as decisões proferidas em primeiro grau por seus árbitros. ( ) As regras da OMC prevêem que um país possa ser expulso da Organização caso não cumpra uma decisão do seu Órgão de Solução de Controvérsias. ( ) É possível que uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul seja tomada mesmo não havendo consenso entre seus membros. a) V, V, V, F, V b) F, F, V, F, F c) V, F, V, V, F d) V, V, F, F, V e) V, F, V, F, F Comentários Primeiro item: Verdadeiro. O Sistema de Solução de Controvérsias da OMC está apenso ao Decreto 1.455/95. Nele se encontra a permissão para a imposição de sanções comerciais para o país que sair perdedor na hipótese de descumprimento da decisão do Órgão de Solução de Controvérsias. Segundo item: correto, pois o foro pode ser livremente escolhido pelos Estados do Mercosul, como vimos no tópico “O processo”. Terceiro item: correto, pois é o próprio entendimento das funções do TPR. Quarto item: Falso. A previsão para o descumprimento é a imposição de sanções e não a expulsão, o que colocaria o país à margem do sistema multilateral de comércio e poderia provocar a inobservância generalizada dos acordos multilaterais de comércio. O sistema multilateral de comércio objetiva a inclusão e não a exclusão. Quinto item: correto, pois, se a briga é entre Brasil e Argentina e se o TPR estiver atuando com a totalidade de seus membros, então, muito provavelmente, não haverá consenso, pois o argentino não vai votar contra a Argentina, nem o brasileiro, contra o Brasil. Gabarito: letra A. Para fecharmos TODAS as questões de Mercosul cobradas em concurso, só faltou analisarmos as duas abaixo: 10 - (TRF/2005) O Tratado de Assunção, acordo constitutivo do Mercosul, define, em seu artigo 1o, os objetivos do bloco. Entre esses objetivos, não se inclui: a) A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados- partes – como as de comércio exterior, fiscal, monetária, cambial e alfandegária,entre outras –, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados-partes. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 21 b) O compromisso de os Estados-partes harmonizarem suas legislações nas áreas pertinentes. c) A definição de uma moeda comum, uma vez constituído o mercado comum e harmonizadas as políticas monetária, fiscal e cambial. d) A livre-circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os Estados- partes do bloco. e) A adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados. Comentários Letra C. Não há objetivo de se ter uma moeda única no Mercosul. 11 - (ACE/2008 – CESPE) Os processos de integração regional, que removem parcial ou totalmente as barreiras comerciais — tarifárias e não-tarifárias — em grupos seletos de países, podem assumir diferentes formas e níveis de integração. Com base nesse assunto, julgue os itens a seguir. No marco institucional do MERCOSUL, definido pelo Tratado de Assunção e pelo Protocolo de Ouro Preto, as negociações entre governos, sem mediação de órgãos supranacionais, resultam em decisões consensuais, visto que nesse acordo não se faz uso de votações. Comentários Dispõe o artigo 37 do Protocolo de Ouro Preto: “Art. 37 - As decisões dos órgãos do Mercosul serão tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados Partes. “ Gabarito: VERDADEIRO. Fechamos o curso. Espero que você tenha aproveitado. Acabou também o ano de 2010. Desejo, meu caro concursando, que Deus te conceda um Natal repleto de amor, saúde e paz, estendidos para todo o ano de 2011. Que em cada dia do novo ano, você durma realizado. Que Nossa Senhora te proteja. Um grande abraço, Rodrigo Luz CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 22 QUESTÕES ANALISADAS NESTA AULA 1 - (TRF/2005) Assinale a opção correta. a) Na qualidade de membros associados do Mercosul, Chile e Bolívia também aplicam a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco. b) A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) contém capítulos destinados não apenas a bens, mas também a serviços. Por sua vez, o Sistema Harmonizado (SH) diz respeito apenas à classificação aduaneira de bens. c) O Grupo Mercado Comum, órgão máximo na estruturado Mercosul, tem poderes para, por consenso, tomar decisões obrigatórias para os membros do bloco. d) Atualmente, é possível que um membro do Mercosul aplique uma medida antidumping contra outro membro do bloco. e) Ainda não foram definidas regras que tenham por objeto a defesa da concorrência no âmbito do Mercosul. 2 - (AFRFB/2005) Assinale a opção incorreta. a) No âmbito do Mercosul, adotou-se um regime para a aplicação de medidas de salvaguarda às importações provenientes de países não-membros do bloco. b) O sistema de solução de controvérsias do Mercosul, definido pelo Protocolo de Olivos, estabelece um Tribunal Permanente de Revisão para o julgamento de recursos contra decisões dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc – o que não existia no Protocolo de Brasília, antecessor do de Olivos. c) Em 2004, o Mercosul concluiu acordos comerciais, por exemplo, com a Índia e com a SACU (União Aduaneira Sul-Africana, formada por África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia), e atualmente negocia acordos com outros países. d) Muito embora o Mercosul almeje à conformação de um mercado comum, atualmente o bloco se encontra no estágio de união aduaneira imperfeita (ou incompleta). Para a conclusão dessa etapa, basta a eliminação das exceções ao livre- comércio intrabloco. e) De acordo com o Protocolo de Ushuaia, a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o processo de integração entre seus signatários (países do Mercosul, Bolívia e Chile). Prevê o Protocolo que a ruptura da ordem democrática em um dos países pode levar à suspensão de seus direitos e obrigações nos processos de integração entre os membros desse Protocolo. 3 - (AFRFB/2009) Sobre a valoração aduaneira no Mercosul, é correto afirmar que: a) são observados os mesmos critérios estabelecidos no Acordo de Valoração Aduaneira firmado no marco da Organização Mundial do Comércio, com o que considera-se, como referência primária, o preço efetivamente pago ou a pagar pelos bens importados. b) dadas as diferenças, entre os países membros, quanto ao tratamento fiscal dispensado às mercadorias importadas de terceiros países, o Mercosul lhes faculta maior discricionariedade quanto à aplicação das regras de valoração aduaneira. c) o Código Aduaneiro ora vigente no Mercosul reporta-se às regras da Associação Latino-Americana de Integração para a determinação da origem de mercadorias importadas pelos seus países membros do bloco. d) não devem ser considerados, para efeitos do cálculo do valor aduaneiro, gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 23 e) o Código Aduaneiro do Mercosul é o instrumento que, entre outras finalidades, objetiva harmonizar os critérios de determinação do valor aduaneiro de mercadorias, sendo sua aplicação compulsória para os países membros do bloco e facultativa aos países associados à área de livre comércio. 4 - (ACE/1997 - ESAF) O Regime de Origem de Produto é fundamental em um processo de integração regional, pois determina quais e de que forma os mesmos serão comercializados dentro da área de integração. São consideradas regras básicas do Regime de Origem no MERCOSUL as abaixo especificadas, exceto: a) Para ser considerado da região, um produto tem de ter 60% do valor agregado regionalmente. b) Para ser considerado da região, observa-se onde se inicia o processo industrial do produto. c) Um produto originário da região tem direito à tarifa zero. d) É preciso que o produto tenha tido algum tipo de transformação ou processamento substancial na região. e) No caso de uma união aduaneira, o controle de origem só é necessário se o produto em questão figurar em uma lista de exceções à Tarifa Externa Comum. 5 - (ACE/2008 – CESPE) Quanto às normas de origem no âmbito da ALADI, as mercadorias elegíveis incluem aquelas fabricadas em seus territórios, incluindo as atividades de ensamblagem ou montagem, realizadas no território de um país participante utilizando materiais originários dos países participantes do acordo e de terceiros países. 6 - (APEX/2009 – Fundação Universa) Assinale a alternativa incorreta em relação às barreiras tarifárias e não-tarifárias: a) Subsídios são benefícios concedidos pelos governos a determinados setores. b) Salvaguarda significa aumentar permanentemente a tarifa incidente sobre produtos estrangeiros. c) Dumping é o uso de certas medidas para tornar o produto importado menor no país de destino no que de origem. d) Cotas são restrições quantitativas na importação de determinados produtos. e) Regras de origem são normas aplicadas para verificar a verdadeira origem de um produto. 7 - (AFRF/2005) Atribua a letra (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. ( ) Para fins de concessão de benefício tributário, a origem de um produto nem sempre coincide com a sua procedência. ( ) O “Formulário A”, documento expedido pela Secretaria de Comércio Exterior (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), é o instrumento que atesta a origem do produto para fins de concessão de tratamento tributário diferenciado no âmbito do Sistema Geral de Preferências. ( ) O Acordo sobre Regras de Origem da OMC define, para cada Capítulo do Sistema Harmonizado, o critério utilizado para se conferir origem aos produtos do Capítulo. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 24 ( ) Entre os critérios possíveis para se conferir origem estão, por exemplo, o salto na classificação tarifária e a agregação de valor. ( ) Segundo o Acordo sobre Regras de Origem da OMC, as regras de origem não- preferenciais devem ser definidas de maneira positiva (ou seja, devem indicar o que confere origem, e não o que não confere origem). Normas negativas, contudo, podem ser empregadas para esclarecer uma norma positiva. ( ) O Certificado de Origem Mercosul apresentado será desqualificado pela autoridade aduaneira, para fins de reconhecimento do tratamento preferencial, quando ficar comprovado que não acoberta a mercadoria submetida a despacho, por ser originária de terceiro país ou não corresponder à mercadoria identificada na verificação física, conforme os elementos materiais juntados. Assinale a seqüência correta. a) V V F F V F b) F V V F V F c) F F V F F V d) V F V V V V e) V F F V V V 8 - (ACE/1997) De um modo geral, um processo de integração precisa de um instrumento, ainda que flexível, de solução de controvérsias. Não é certo dizer, sobre o mecanismo de solução de controvérsias e o MERCOSUL, que: a) O Protocolo de Ouro Preto dotou o MERCOSUL de Personalidade Jurídica Internacional. b) O Conselho pode firmar acordos com outros países em nome do MERCOSUL. c) O sistema de Controvérsias do MERCOSUL, adotado em 1991, foi confirmado pelo Tratado de Ouro Preto. d) O processo de solução de controvérsias se divide nos seguintes níveis: 1) exame técnico da questão 2) exame pelo Grupo do Mercado Comum 3) negociação direta entre os países envolvidos 4) submissão do caso a um tribunal ad hoc. e) O tribunal ad hoc é uma corte de justiça permanente formada por juristas dos quatro países. 9 - (TRFB/2005) Atribua a letra (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. ( ) No âmbito do sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), caso o país que perca um litígio não cumpra a decisão do Órgão de Solução de Controvérsias, o país vencedor pode ser autorizado a aplicar-lhe sanções comerciais.( ) É possível que dois países que façam parte do Mercosul levem um litígio à apreciação do sistema de solução de controvérsias da OMC ao invés de apresentá-lo ao mecanismo do Mercosul. ( ) Tal como o sistema de solução de controvérsias da OMC, o mecanismo do Mercosul conta com uma instância capaz de analisar recursos contra as decisões proferidas em primeiro grau por seus árbitros. ( ) As regras da OMC prevêem que um país possa ser expulso da Organização caso não cumpra uma decisão do seu Órgão de Solução de Controvérsias. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 25 ( ) É possível que uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul seja tomada mesmo não havendo consenso entre seus membros. a) V, V, V, F, V b) F, F, V, F, F c) V, F, V, V, F d) V, V, F, F, V e) V, F, V, F, F 10 - (TRF/2005) O Tratado de Assunção, acordo constitutivo do Mercosul, define, em seu artigo 1o, os objetivos do bloco. Entre esses objetivos, não se inclui: a) A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados-partes – como as de comércio exterior, fiscal, monetária, cambial e alfandegária,entre outras –, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados-partes. b) O compromisso de os Estados-partes harmonizarem suas legislações nas áreas pertinentes. c) A definição de uma moeda comum, uma vez constituído o mercado comum e harmonizadas as políticas monetária, fiscal e cambial. d) A livre-circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os Estados-partes do bloco. e) A adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados. 11 - (ACE/2008 – CESPE) Os processos de integração regional, que removem parcial ou totalmente as barreiras comerciais — tarifárias e não-tarifárias — em grupos seletos de países, podem assumir diferentes formas e níveis de integração. Com base nesse assunto, julgue os itens a seguir.
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