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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 05 – IMPUTABILIDADE / CONCURSO DE PESSOAS Caros alunos, Sejam bem vindos à nossa quinta aula!!! Hoje veremos temas interessantes e importantes para a sua PROVA. Começaremos a aula tratando da imputabilidade penal e, posteriormente, veremos as regras penais que definem o concurso de pessoas. Vamos começar! Bons estudos!!! ************************************************************************** 5.1 IMPUTABILIDADE A imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade. Mas o que exatamente é a culpabilidade? A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação, exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena, pois, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração penal, não se concebe que se possa ao mesmo tempo estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. São requisitos da culpabilidade: A) IMPUTABILIDADE; B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Î Para merecer uma pena, o sujeito deve ter agido na consciência de que sua conduta era ilícita. Se não detiver o necessário conhecimento da proibição (que não se confunde com desconhecimento da lei, o qual é inescusável), sua ação ou omissão não terá a mesma reprovabilidade. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 2 C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA Î Está relacionada, primordialmente, com a coação moral irresistível e com a obediência hierárquica à ordem manifestamente ilegal. Na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o sujeito não é considerado culpado, em face da exclusão da exigibilidade de conduta diversa. Na obediência hierárquica, se a ordem é aparentemente legal e o subordinado não podia perceber sua ilegalidade, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica isento de pena. Bom, agora você já tem uma noção do que é a culpabilidade. Todavia, nosso foco principal, com base no edital, é em um dos requisitos que a compõe, ou seja: A IMPUTABILIDADE. 5.1.1 CONCEITO Segundo Damásio E. de Jesus a imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível. Sobre outro enfoque temos o conceito de Heleno Cláudio Fragoso que define a imputabilidade como condição pessoal de maturidade e sanidade mental que confere ao agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar segundo esse entendimento. Do exposto, podemos afirmar que a imputabilidade depende de dois elementos: 1. INTELECTIVO Î Diz respeito à integridade mental do indivíduo; 2. VOLITIVO Î Refere-se ao domínio da vontade, ou seja, o agente controla e comanda seus impulsos relativos à compreensão do caráter ilícito do fato. Esses dois elementos devem coexistir para que o indivíduo seja considerado imputável. Por fim, cabe ressaltar que o legislador penal optou por inserir no Brasil um critério cronológico para aferição da imputabilidade, ou seja, presume-se imputável o indivíduo no dia em que ele completa 18 anos. 5.1.2 MOMENTO PARA CONSTATAÇÃO DA IMPUTABILIDADE O código penal, ao começar a dispor sobre a imputabilidade, dispõe em seu art. 26: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 3 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (grifei) Observe, caro aluno, que o Código Penal é claro ao fixar o tempo da ação ou omissão como o momento para a aferição da imputabilidade. Neste ponto, cabe ressaltar que qualquer alteração posterior, como a superveniência de doença mental, por exemplo, será IRRELEVANTE para fins penais, influenciando apenas na esfera processual. 5.1.3 SISTEMAS PARA AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE Para aferição da inimputabilidade existem três sistemas, sendo que um deles é adotado como regra em nosso país. Vamos analisar:: SSISSTEEMA BIIOLÓGICCO Î Entende que inimputáveis são aquelas pessoas que têm determinadas doenças, não se fazendo maiores questionamentos. Nesse caso, não se discute os efeitos da doença nem o momento da ação ou omissão, só sendo examinada a causa (moléstia). Em síntese, esse sistema considera apenas as alterações fisiológicas no organismo do agente. O principal problema deste sistema é que não há qualquer margem de liberdade ao julgador, ficando este “refém” de um laudo. Para ficar bem claro, imaginemos que em determinado processo penal é apresentado ao juiz um laudo constatando a doença mental do indivíduo. Para o magistrado, será irrelevante se ao tempo da ação o agente se mostrava completamente lúcido de entender o ilícito, pois pelo sistema biológico a doença mental ocasiona presunção ABSOLUTA de inimputabilidade. SSIISSTTEEMMAA PPSSIICCOOLLÓÓGGIICCOO Î Neste sistema, pouco importa se o indivíduo apresenta ou não deficiência mental. Será inimputável o agente se, no momento da ação ou omissão, mostrar incapacidade de entender um ilícito. Atenção que não se exige doença de qualquer tipo para a constatação da inimputabilidade, mas sim INCAPACIDADE DE ENTENDER UM ILÍCITO. O problema deste sistema é dar uma liberdade muito grande ao julgador. SSISSTEEMA BIIOPSSIICCOLÓGGIICCO Î É o adotado pelo Brasil e resulta da união entre os dois sistemas que acabamos de tratar. Segundo o sistema biopsicológico, é CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 4 inimputável aquele que, ao tempo da conduta, apresenta um problema mental e, em razão disso, não possui capacidade para entender o caráter ilícito do fato. Neste sistema há uma conjugação entre a atuação do perito e do magistrado. Enquanto o primeiro analisa os aspectos biológicos, o segundo verifica a situação psicológica do agente. 5.1.4 CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE O legislador penal definiu as seguintes hipóteses de inimputabilidade: 1. Menoridade; 2. Desenvolvimento mental retardado; 3. Desenvolvimento mental incompleto; 4. Doença mental; 5. Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. Vamos agora começar a conhecer as particularidades de cada uma destas espécies: 5.1.4.1 MENORIDADE Como já vimos, para a aferição da menoridade utiliza-se o critério biológico. Assim, não importa o quanto é inteligente, perspicaz ou entendedor de seus atos o menor de 18 anos, pois há presunção absoluta de inimputabilidade. Nos termos do art. 27 do CP temos: EXCEÇÃO AO SISTEMA BIOPSICOLÓGICO FAZ-SE IMPORTANTE RESSALTAR QUE, EXCEPCIONALMENTE, O SISTEMA BIOLÓGICO É ADOTADO NO TOCANTE AOS MENORES DE 18 ANOS, OU SEJA, NÃO IMPORTA A CAPACIDADE MENTAL, BASTANDO A SIMPLES QUALIFICAÇÃO COMO MENOR PARA CARACTERIZAR A INIMPUTABILIDADE. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 5 Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Mas como provar ao juiz que o indivíduo é menor de 18 anos?Segundo a súmula 74 do STJ, para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil, ou seja, preferencialmente deve ser apresentada a certidão de nascimento. Todavia esta pode ser suprida por qualquer outro documento tais como a carteira de identidade, certidão de batismo etc. “Mas, professor, agora surgiu uma dúvida: E como é que ficam os crimes permanentes em que o agente começa o delito como menor e termina como maior?” Excelente pergunta! Nessas espécies de crimes o menor só poderá ser responsabilizado pelos fatos cometidos após ter atingido a maioridade. Imaginemos, por exemplo, a seguinte situação: Tício, menor, seqüestra Mévia. Ainda com 17 anos tortura a vítima e, um dia após completar 18 anos é descoberto pela polícia. Primeira pergunta: Poderá Tício responder pela tortura? A resposta é negativa, pois há presunção absoluta de inimputabilidade. Segunda pergunta: Tício poderá responder pelo seqüestro? A resposta é positiva, pois a permanência cessou após o agente haver completado 18 anos. OBSERVAÇÃO 01 A EMANCIPAÇÃO NA ESFERA CIVIL NÃO ATINGE A PENAL, OU SEJA, SE O INDIVÍDUO FOR EMANCIPADO, PARA FINS PENAIS, CONTINUARÁ SENDO CONSIDERADO INIMPUTÁVEL QUANTO À ASPECTOS PENAIS. OBSERVAÇÃO 02 CONSIDERA-SE COMPLETADOS OS 18 ANOS ÀS 00:00H DO DIA EM QUE O INDIVÍDUO COMPLETA SEU 18º ANOS DE VIDA, OU SEJA, PARA EFEITOS PENAIS É INDIFERENTE A HORA DE NASCIMENTO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 6 5.1.4.2 DOENÇA MENTAL A expressão “doença mental”, sem dúvida, possui um caráter bem subjetivo. Todavia, no que diz respeito ao tema imputabilidade penal, entende a doutrina que deve ser interpretada em sentido amplo, ou seja, abrangendo não só os problemas patológicos, mas também os de origem toxicológica. Quanto a este ponto, é irrelevante o fato de a doença mental ser permanente ou transitória. O que importa é que ela esteja presente no momento da ação ou omissão. Cabe por fim ressaltar que, como já vimos, o legislador penal optou por adotar o sistema biopsicológico, o que nos leva a concluir que pelo simples fato de o indivíduo possuir doença mental, já podemos afirmar que ele é inimputável, correto??? CLARO QUE NÃO!!! Pelo critério biopsicológico, se o “doente mental” apresentar lucidez no momento do ato, mesmo que seja portador de alguma enfermidade, responderá este pelo ato ilícito sendo considerado imputável. 5.1.4.3 DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO Segundo a doutrina, os silvícolas e os menores possuem desenvolvimento mental incompleto. Os silvícolas, que nada mais são do que os índios, nem sempre serão inimputáveis, dependendo do grau de assimilação dos valores sociais, a ser revelado por exame pericial. Da conclusão da perícia, o silvícola pode ser: • IMPUTÁVEL Î Se integrado à vida em sociedade. • SEMI-IMPUTÁVEL Î No caso de estar dividido entre o convívio na tribo e na sociedade; e • INIMPUTÁVEL Î Quando está completamente INADAPTADO, ou seja, fora da sociedade. A fim de exemplificar o tema, observe o interessante julgado: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 7 5.1.4.4 DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO O art. 26 do Código Penal, ao tratar do tema, dispõe: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O desenvolvimento mental retardado compreende o estado mental dos oligofrênicos (nos graus de debilidade mental, imbecilidade e idiotia) e as pessoas que, por ausência ou deficiência dos sentidos, possuem deficiência psíquica (Ex: surdo-mudo). Segundo Ramos MARANHÃO, “o retardo mental é uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, especialmente caracterizada por um comprometimento de habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, as quais contribuem para o nível global da inteligência e compreensão”. “Mas professor, quer dizer então que o indivíduo com desenvolvimento mental retardado será sempre inimputável?” STJ, HC 30.113/MA, DJ 16.11.2004 I. Hipótese em que o paciente, índio Guajajara, foi condenado, juntamente com outros três co-réus, pela prática de tráfico ilícito de entorpecentes, em associação, e porte ilegal de arma de fogo, pois mantinha plantio de maconha na reserva indígena Piçarra Preta, do qual era morador. II. Não é indispensável a realização de perícia antropológica, se evidenciado que o paciente, não obstante ser índio, está integrado à sociedade e aos costumes da civilização. III. Se os elementos dos autos são suficientes para afastar quaisquer dúvidas a respeito da inimputabilidade do paciente, tais como a fluência na língua portuguesa, certo grau de escolaridade, habilidade para conduzir motocicleta e desenvoltura para a prática criminosa, como a participação em reuniões de traficantes, não há que se falar em cerceamento de defesa decorrente da falta de laudo antropológico. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 8 A resposta é negativa e, para caracterizar a inimputabilidade deve-se verificar o ocorrido no momento da ação ou omissão. Analisando: 1. AGENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: IMPUTÁVEL! 2. AGENTE PARCIALMENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: SEMI- IMPUTÁVEL! 3. AGENTE INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: INIMPUTÁVEL! 5.1.5 EFEITOS DA INIMPUTABILIDADE Um erro muito comum entre as pessoas é pensar que nada ocorre com o inimputável. Seria justo que um menor cometesse um homicídio e o Estado nada fizesse? É claro que não, logo de uma conduta ilícita sempre advém um determinado efeito. Vamos conhecê- los: • Para os menores de 18 anos Î Ficam sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente. • Demais inimputáveis Î Submetem-se à justiça penal sendo processados e julgados como qualquer outro indivíduo. OBSERVAÇÃO: SEMI-IMPUTÁVEL A PENA PODE SER REDUZIDA DE UM A DOIS TERÇOS, SE O AGENTE, EM VIRTUDE DE PERTURBAÇÃO DE SAÚDE MENTAL OU POR DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO NÃO ERA INTEIRAMENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO. (CP, ART. 26, PARÁGRAFO ÚNICO) CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 9 “Mas, professor, agora enrolou tudo...o indivíduo é inimputável e mesmo assim é processado e julgado?” Exatamente isso. Você se lembra da teoria finalista que estudamos quando vimos o conceito de crime? Na ocasião dissemos que crime é fato típico e ilícito sendo a CULPABILIDADE MERO PRESSUPOSTO DE APLICAÇÃO DA PENA. Como a imputabilidade integra a culpabilidade, podemos dizer, com certeza, que o agente cometeu um crime, mas, com base na culpabilidade, a pena não poderá ser imposta. Trata-se da chamada sentença de absolvição imprópria, pois o réu é absolvido no tocante a pena( em sentido penal), mas contra ele é aplicada uma medida de segurança. 5.1.6 SEMI-IMPUTABILIDADE Sobre o tem dispõe o parágrafo único do art. 26 da seguinte forma: Art. 26 [...] CONHECER PARA ENTENDER: MEDIDA DE SEGURANÇA A MEDIDA DE SEGURANÇA É TRATAMENTO A QUE DEVE SER SUBMETIDOO AUTOR DE CRIME COM O FIM DE CURÁ-LO OU, NO CASO DE TRATAR-SE DE PORTADOR DE DOENÇA MENTAL INCURÁVEL, DE TORNÁ-LO APTO A CONVIVER EM SOCIEDADE SEM VOLTAR A DELINQÜIR (COMETER CRIMES). NÃO TEM NATUREZA DE PENA E O TRATAMENTO DEVERÁ SER FEITO EM HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO, NOS CASOS EM QUE É NECESSÁRIA INTERNAÇÃO DO PACIENTE OU, QUANDO NÃO HOUVER NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO, O TRATAMENTO SERÁ AMBULATORIAL (A PESSOA SE APRESENTA DURANTE O DIA EM LOCAL PRÓPRIO PARA O ATENDIMENTO), DANDO-SE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO PACIENTE. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 10 Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O supracitado dispositivo legal cuida da semi-imputabilidade que ocorre quando o agente não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento em virtude de: 1. Perturbação de saúde mental; 2. Desenvolvimento mental incompleto; 3. Desenvolvimento mental retardado. Neste caso não ocorre a exclusão da culpabilidade e, portanto, estará sujeito à pena o agente. Entretanto, o legislador achou por bem definir uma causa OBRIGATÓRIA de diminuição de pena, devendo o juiz reduzir esta de um a dois terços. Por fim, cabe ressaltar que se o magistrado julgar conveniente poderá substitui a pena por medida de segurança. 5.1.7 EMOÇÃO E PAIXÃO Para começar este tópico imaginemos a seguinte situação: Tício torcedor do Fluminense é casado com Mévia. Determinado dia, ao entrar em casa, encontra Mévia vestida com uma camisa do Flamengo e, acometido de uma cólera imensa, comete o crime de homicídio. Neste caso, poderá ser Tício condenado? Claro que sim, pois nos termos do art. 28, I do Código Penal: Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Para uma correta compreensão, vamos começar definindo as duas palavras: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 11 • Emoção: É o estado afetivo que acarreta na perturbação transitória do equilíbrio psíquico, tal como no medo, ira, cólera, ansiedade, alegria, surpresa, prazer erótico e vergonha. • Paixão: É a emoção mais intensa e duradoura do equilíbrio psíquico. Exemplos: Ciúme, vingança, ódio, ambição etc. Nas lições de Nélson Hungria, pode dizer-se que a paixão é a emoção que se protrai no tempo, incubando-se, introvertendo-se, criando um estado contínuo e duradouro de perturbação afetiva em torno de uma idéia fixa, de um pensamento obsidente. A emoção dá e passa; a paixão permanece, alimentando-se de si própria. Mas a paixão é como o borralho que, a um sopro mais forte, pode chamejar de novo, voltando a ser fogo crepitante, retornando a ser estado emocional agudo. Portanto, resumindo o que até agora vimos, podemos dizer que a diferença entre a emoção e a paixão repousa na duração e que na ocorrência de qualquer das duas situações não ocorre a inimputabilidade. 5.1.7.1 EXCEÇÃO: EMOÇÃO E PAIXÃO PATOLÓGICAS Existem determinadas situações em que a emoção ou paixão configuram um estado patológico, ou seja, caracterizam uma verdadeira psicose, indicativa de doença mental. Caso seja comprovado através da perícia que se trata desta modalidade de emoção ou paixão, que é capaz de retirar do agente o entendimento do caráter ilícito da situação, restará caracterizada a inimputabilidade ou semi-imputabilidade, dependendo do caso. Emoção e Paixão Normal Patológica Imputabilidade Inimputabilidade Semi-imputabilidade CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 12 5.1.8 EMBRIAGUEZ Ensina Luiz Régis Prado que “a embriaguez consiste em um distúrbio físico-mental resultante de intoxicação pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos, afetando o sistema nervoso central, como depressivo/narcótico”. 5.1.8.1 FASES DA EMBRIAGUEZ 1. Fase de excitação (fase do macaco) - o indivíduo apresenta um comportamento inquieto, falante, mas ainda consciente de seus atos e palavras e além disso as vezes consegue atingir níveis de persuasão - por estar mais eloqüente - que talvez não fosse capaz antes. 2. Fase de confusão (fase do leão) - quando o embriagado torna-se eventualmente (dependendo do temperamento da pessoa) nocivo: fica voluntarioso, age irrefletida e violentamente. Caracteriza-se por perturbações psicossensoriais profundas. 3. Fase superaguda ou comatosa (fase do porco) - inicialmente há sono e o coma se instala progressivamente. Nessa terceira fase o ébrio somente pode praticar crimes omissivos. 5.1.8.1 ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ • Quanto à intensidade: 1. COMPLETA: É a embriaguez que chegou à segunda ou terceira fase. 2. INCOMPLETA: É a embriaguez que está na primeira fase. • Quanto à origem: 1. VOLUNTÁRIA: É a forma de embriaguez em que o indivíduo ingere bebidas com a intenção de embriagar-se. Neste CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 13 caso ele não quer praticar infrações penais, mas quer exceder os limites. 2. CULPOSA: Este é o caso daquele indivíduo que não sabe beber, ou seja, ele não quer embriagar-se, mas, por não conhecer seus limites, acaba embriagado. 3. PREORDENADA OU DOLOSA: Essa é a forma de embriaguez do sujeito que além de “mal-caráter” é covarde, ou seja, ele quer cometer uma infração e se embriaga para que os efeitos do álcool tornem mais fácil sua atuação. 4. ACIDENTAL OU FORTUITA: É a embriaguez resultante de caso fortuito ou força maior: Caso fortuito: Ocorre quando o indivíduo não percebe ser atingido pelo álcool ou desconhece determinada situação fisiológica que potencializa os efeitos da bebida. Exemplo Î Tício toma determinado medicamento que faz com que fiquem mais fortes os efeitos do álcool e, devido a isso, acaba embriagado. Força maior: Ocorre em situações em que o indivíduo é obrigado a beber Î Exemplo: Mévio, trabalhador de uma destilaria, cai em um tonel cheio de bebida e acaba embriagado. Resumindo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 14 EMBRIAGUEZ – ESPÉCIES QUANTO À INTENSIDADE QUANTO À ORIGEM COMPLETA VOLUNTÁRIA INCOMPLETA CULPOSA PREORDENADA ACIDENTAL 5.1.8.2 CONSEQUÊNCIAS DA EMBRIAGUEZ O Código Penal ao tratar do tema dispõe da seguinte forma: Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: [...] II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. CURSO ON-LINE –DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 15 Do supracitado texto legal extraímos que a embriaguez acidental ou fortuita, SE COMPLETA, é capaz de ao tempo da conduta tornar o agente inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, exclui a imputabilidade penal. Todavia, a embriaguez acidental ou fortuita INCOMPLETA, isto é, aquela que no momento da conduta retira do agente apenas parte do entendimento do caráter ilícito do fato, autoriza a diminuição de pena de um a dois terços, ou seja, equivale à semi- imputabilidade. Podemos resumir o tema da seguinte forma: ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL ACIDENTAL PATOLÓGICA PREORDENADA VOLUNTÁRIA CULPOSA COMPLETA INCOMPLETA NÃO EXCLUI A IMPUTABILIDADE EXCLUI A IMPUTABILIDADE NÃO EXCLUI A IMPUTABILIDADE, MAS DIMINUI A PENA (DE 1/3 A 2/3) EQUIPARA-SE À DOENÇA MENTAL, PODENDO SER INIMPUTÁVEL OU SEMI-IMPUTÁVEL NÃO EXCLUI A IMPUTABILIDADE CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 16 5.1.8.2 TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA Denomina-se "actio libera in causa" a ação de quem usa deliberadamente um meio para colocar-se em estado de incapacidade física ou mental, parcial ou plena, no momento da ocorrência do fato criminoso. É também a ação de quem, apesar de não ter a intenção de praticar o delito, podia prever que tal meio o levaria a cometê-lo. A teoria da "actio libera in causa" foi adotada na Exposição de Motivos original do CP, de modo que se considera imputável quem se põe em estado de inconsciência ou de incapacidade de autocontrole, seja dolosa ou culposamente, e nessa situação comete o crime. Ao adotar tal orientação, o Código Penal adotou a doutrina da responsabilidade objetiva, pela qual deve o agente responder pelo crime. Portanto, essa teoria leva em conta os aspectos meramente objetivos do delito, sem considerar o lado subjetivo deste. Considera-se a responsabilidade penal objetiva quando o agente é considerado culpado apenas por ter causado o resultado. Como já vimos, frente ao princípio constitucional do estado de inocência e à teoria finalista adotada pelo Código Penal, é inadmissível a responsabilidade penal objetiva, salvo nos casos da "actio libera in causa". Assim, no que diz respeito à embriaguez, invoca-se esta teoria para justificar a penalização do indivíduo que ao tempo da conduta encontrava-se em estado de inconsciência. O dolo ou culpa é analisado no momento da embriaguez e não no instante da ação ou omissão. A teoria da actio libera in causa não só é aplicável para justificar a punição no caso de embriaguez, mas também nos demais estados de inconsciência. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 17 5.2 CONCURSO DE PESSOAS Dificilmente tomamos conhecimento de crimes cometidos por um só indivíduo. Muitas vezes, ainda na fase da cogitação do delito, já ocorre a idéia de “chamar” alguém para participar do intento, seja diretamente, cometendo o delito principal, ou indiretamente, auxiliando ou participando para o sucesso do crime. Assim, para o correto entendimento da aplicação da lei penal para estes casos, torna-se necessário conhecer as normas que definem as consequências do chamado CONCURSO DE PESSOAS que nada mais é do que a colaboração empreendida por duas ou mais pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal. 5.2.1 REQUISITOS Para que seja possível a ocorrência do concurso de pessoas será necessário a conjugação de 05 requisitos: 1. P luralidade de agentes e condutas; 2. R elevância causal das condutas; 3. I dentidade de infração; 4. V ínculo subjetivo; e 5. E xistência de fato punível. Perceba que a primeira letra de cada um dos requisitos forma a palavra PRIVE e, portanto, fica fácil lembrá-los na hora da prova! Vamos agora começar a tratar de cada um dos requisitos: 5.2.1.1 PLURALIDADE DE AGENTES E CONDUTAS Para que seja possível a ocorrência do concurso de pessoas há necessidade de pelo menos dois agentes e, consequentemente, duas ou mais condutas. Essas condutas podem ser principais, o que ocorre no caso da co-autoria, ou um principal e outra secundária, como na situação em que se associam um autor e um partícipe. “Mas, professor, qual a diferenciação entre autor, co-autor e partícipe?” CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 18 Para responder a esta pergunta, vamos abrir o nosso dicionário do concurseiro: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO AUTOR Î TODA A PESSOA QUE PRATICA O NÚCLEO DO TIPO PENAL. EXEMPLO: ART. 121, CP: “MATAR ALGUÉM...”. O AUTOR SERÁ AQUELE QUE MATA. TIPO OU TIPO PENAL É UM MODELO ABSTRATO QUE DESCREVE UM COMPORTAMENTO PROIBIDO NO MEIO SOCIAL. O NÚCLEO DO TIPO REVELA-SE POR UM OU MAIS VERBOS, POR EXEMPLO: “MATAR” (121, CP), “SOLICITAR OU RECEBER” (357, CP). EM SUMA, QUEM PRATICA O VERBO DO TIPO, PRATICA O SEU NÚCLEO E, CONSEQUENTEMENTE É AUTOR DO CRIME. CO-AUTOR Î PODE SER ENTENDIDO COMO AQUELE AGENTE QUE MAIS SE APROXIMA DO NÚCLEO DO TIPO PENAL, JUNTAMENTE COM O AUTOR PRINCIPAL, PODENDO SUA PARTICIPAÇÃO SER PARCIAL OU DIRETA. EXEMPLO: TÍCIO E MÉVIO ESFAQUEIAM A VÍTIMA ATÉ A MORTE. SÃO CO- AUTORES DO DELITO DE HOMICÍDIO PARTÍCIPE Î É AQUELE INDIVÍDUO QUE NÃO PARTICIPA DOS ATOS DE EXECUÇÃO, MAS AUXILIA O AUTOR (OU CO-AUTOR) NA REALIZAÇÃO DO FATO TÍPICO. ESTA PARTICIPAÇÃO PODE SER MORAL OU MATERIAL. A PARTICIPAÇÃO MORAL PODE OCORRER QUANDO O PARTÍCIPE INDUZIR O AUTOR A REALIZAR UM FATO ILÍCITO (OU ANTIJURÍDICO), “ATÉ ENTÃO INEXISTENTE”. O PARTÍCIPE PODE AINDA INSTIGAR O AUTOR A REALIZAR A IDÉIA PRÉ- EXISTENTE NA SUA CABEÇA, REFORÇANDO-A. NA PARTICIPAÇÃO MATERIAL, COMO O PRÓPRIO NOME SUGERE, O AGENTE PARTICIPA MATERIALMENTE COM A CONDUTA. EXEMPLO: TÍCIO FORNECE UMA ARMA PARA MÉVIO MATAR SEU DESAFETO, LOGO, É PARTÍCIPE DO DELITO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 19 Por fim, ainda tratando da pluralidade de agentes, cabe ressaltar que essa pluralidade exige que os co-autores ou partícipes sejam culpáveis sob pena de caracterização da chamada autoria mediata. Ocorre autoria mediata quando o autor domina a vontade alheia e, desse modo, serve- se de outra pessoa que atua como instrumento. Exemplo: Médico quer matar inimigo que está hospitalizado e usa a enfermeira para ministrar injeção letal no paciente. 5.2.1.2 RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS Para que seja caracterizado o concurso de pessoas há que se verificar a relevância das condutas para que o crime acontecesse exatamente como ocorreu, ou seja, não se pode considerar co-autor ou partícipe de um crime quem não da causa ao crime, quem não realiza qualquer conduta sem a qual não ocorreria o resultado, ou mesmo quem assume uma atitude meramente negativa. O concurso de pessoas exige que o co-autor ou partícipe haja antes, durante ou depois, mas em prol do delito, devido a um ajuste prévio. Vamos exemplificar para ficar bem claro. Imaginemos que Tício diz a Mévio que vai assassinar Caio e solicita que Mévio fique do lado de fora, com o carro ligado, a fim de possibilitar a fuga. Neste caso, se tudo ocorrer conforme o planejado, haverá concurso de pessoas? A resposta é positiva, pois há relevância causal das condutas, ou seja, ocorreu umajuste prévio para que tudo acontecesse daquela forma. Agora, vamos analisar outra situação: Tício mata Caio e, ao sair da residência deste último, encontra, por acaso, Mévio, que o ajuda na fuga. Agora, pergunto caro aluno, haverá nesta situação o concurso de pessoas? A resposta é negativa e Mévio não responderá por ser partícipe do crime de homicídio, mas sim por ser AUTOR do delito de favorecimento pessoal (CP, art. 348). 5.2.1.3 IDENTIDADE DE INFRAÇÃO Para a caracterização do concurso de pessoas, os sujeitos de um crime, unidos pelo vínculo psicológico, devem querer praticar a mesma infração penal. Assim, se em um homicídio tivermos cinco indivíduos que esfaquearam a vítima, duas pessoas que ficaram do lado de fora da residência verificando se os policiais chegavam e um outro indivíduo que forneceu as facas (sabendo que seriam utilizadas no crime), teremos os oito respondendo pelo homicídio. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 20 5.2.1.4 VÍNCULO SUBJETIVO Para a ocorrência do concurso de pessoas todos os agentes devem estar ligados por um vínculo subjetivo (também chamado de concurso de vontades), ou seja uma vontade homogênea visando o resultado. E se não houver o vínculo subjetivo? Neste caso, estaremos diante da chamada autoria colateral. Para finalizar o assunto, pergunto: Para que haja vínculo subjetivo, há necessidade de ajuste prévio? A resposta é negativa e, para a correta compreensão, vamos exemplificar: Imagine que Tício decide matar Mévio, por não agüentar mais ver seu nome relacionado com o dele nos livros de direito e, nas aulas do Ponto. Pouco antes do delito conta por telefone sua pretensão para sua noiva e Caio escuta a conversa. Assim, na hora que Mévio sai da faculdade, Tício fica a espreita, aguardando o momento certo para cometer o delito. Ocorre que Mévio percebe a intenção Tício e começa a fugir. Durante a fuga, Caio, que havia por acaso escutado a conversa telefônica, derruba dolosamente Mévio e Tício consegue alcançá-lo e matá-lo. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO AUTORIA COLATERAL OCORRE QUANDO NÃO HÁ CONSCIÊNCIA DA COOPERAÇÃO NA CONDUTA COMUM. EXEMPLO: TÍCIO E MÉVIO, AO MESMO TEMPO, SEM CONHECEREM A INTENÇÃO UM DO OUTRO, EFETUAM DISPAROS SOBRE CAIO. NESTE CASO, RESPONDERÃO CADA UM POR UM CRIME. SE OS DISPAROS DE AMBOS FOREM CAUSA DA MORTE, RESPONDERÃO OS DOIS POR HOMICÍDIO. SE A VÍTIMA MORREU APENAS EM DECORRÊNCIA DA CONDUTA DE UM, O OUTRO RESPONDERÁ POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO. HAVENDO DÚVIDA INSANÁVEL QUANTO À CAUSA DA MORTE, OU SEJA, SOBRE A AUTORIA, A SOLUÇÃO DEVERÁ OBEDECER AO PRINCÍPIO IN DÚBIO PRO RÉU, PUNINDO-SE AMBOS POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 21 Neste caso, caio será partícipe do crime cometido por Tício, pois para a caracterização do vínculo subjetivo é suficiente a atuação do partícipe no sentido de auxiliar a conduta do autor, mesmo que este desconheça a colaboração. Para finalizar, observe o julgado em que o STF, em um caso concreto, se pronuncia sobre o tema: 5.2.1.5 EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL Quanto a este requisito não há muito o que comentar, pois ,obviamente, para que haja o concurso de pessoas, o fato cometido deve ser passível de punição. 5.2.2 TEORIAS SOBRE O CONCURSOS DE PESSOAS Existem três teorias que surgiram com relação ao concurso de agentes, são elas: A) TEORIA MONISTA OU UNITÁRIA; B) TEORIA DUALISTA; C) TEORIA PLURALÍSTICA. A teoria monista, também conhecida como unitária, preceitua que todos os participantes (autores ou partícipes) de uma infração penal responderão pelo mesmo crime, isto é, o crime é único. Haveria, assim, uma pluralidade de agentes e unidade de crimes. Nas palavras de Damásio E. de Jesus: STF, Inq. 2.245/MG, DJ 09.11.07 Está também minimamente demonstrado o vínculo subjetivo entre os acusados. Isto porque foram realizadas inúmeras reuniões nas quais, aparentemente, decidiu-se o modo como se dariam os repasses das vultosas quantias em espécie, quais seriam os beneficiários, os valores a serem transferidos a cada um, além da fixação de um cronograma para os repasses, cuja execução premeditadamente se protraía no tempo. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 22 “(...) É predominante entre os penalistas da Escola Clássica. Tem como fundamento a unidade de crime. Todos os que contribuem para a integração do delito cometem o mesmo crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes.” Já a teoria dualista estabelece que haveria um crime único entre os autores da infração penal e um crime único entre os partícipes. Há, portanto, uma distinção entre o crime praticado pelos autores daquele cometido pelos partícipes. Haveria, assim, uma pluralidade de agentes e uma dualidade de crimes. Manzini, defensor desta teoria, sustentava que: “(...) se a participação pode ser principal e acessória, primária e secundária, deverá haver um crime único para os autores e outro crime único para os chamados cúmplices stricto sensu. A consciência e vontade de concorrer num delito próprio conferem unidade ao crime praticado pelos autores; e a de participar no delito de outrem atribui essa unidade ao praticado pelos cúmplices.” Por fim, para a teoria pluralística haverá tantas infrações quantos forem o número de autores e partícipes. Existe, assim, uma pluralidade de agentes e uma pluralidade de crimes. Para Cezar Roberto Bitencourt: “(...) a cada participante corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À pluralidade de agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso.” O Código Penal Brasileiro adotou a teoria monista ou unitária. OBSERVAÇÃO: De acordo com o professor Damásio, apesar de o nosso Código Penal ter adotado a teoria monista ou unitária, existem exceções pluralísticas a essa regra. É o caso, por exemplo: do crime de corrupção ativa (art. 333 do CP) e passiva (art. 317 do CP); do falso testemunho (art. 342 do CP) e corrupção de testemunha (art. 343 do CP); o crime de aborto cometido pela gestante (art. 124 do CP) e aquele cometido por terceiro com o consentimento da gestante (art. 126 do CP); dentre outros. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 23 5.2.2 PUNIÇÃO NO CONCURSO DE AGENTES O Código Penal, ao começar a tratar do concurso de pessoas, dispõe em seu art. 29: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Este artigo deixa claro, como já tratamos, que o legislador penal optou por adotar a teoria monista, ou seja, todos os indivíduos envolvidos na infração responderão por ela. Mas isso quer dizer que todos os envolvidos terão a mesma pena? A resposta é negativa, pois o que prega a teoria monista é a unidade de infração e não de pena. Assim, a penalização será aplicada na medida da CULPABILIDADE de cada agente. Para a correta compreensão, imagine um homicídio em que Tício empresta sua arma à Mévio e este desfere 10 tiros em Caio. Nessa situação tanto Tício quanto Mévio responderão pelo homicídio, todavia a penalização de Mévio, bem provavelmente, será superior a de Tício. 5.2.3 PARTICIPAÇÃO EM CRIME MENOS GRAVE Imaginemos a seguinte situação: Tício e Mévio resolvem seunir para furtar um veículo. Chegando ao local, iniciam a conduta típica, mas logo percebem a chegada do dono do carro. Mévio, assustado, começa a correr para fugir do local, mas Tício resolve pegar sua arma e efetua diversos disparos no dono do veículo. Pergunto: Responderão Tício e Mévio pelo latrocínio? Para responder a este questionamento, deve-se recorrer ao parágrafo 2º do art. 29 que dispõe: Art. 29. [...] § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser- lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 24 Perceba com base no supra texto legal que Tício responderá pelo latrocínio, enquanto Mévio responderá pela tentativa de furto, pois o vínculo subjetivo só existia em relação ao delito menos grave. Veda-se, portanto, a responsabilidade penal objetiva, pois não se permite a punição de um agente por crime praticado exclusivamente por outrem, frente ao qual não agiu com dolo ou culpa. Para finalizar, aproveitando o mesmo exemplo, imagine que Mévio soubesse que Tício andava constantemente armado e que já havia matado mais de vinte. Seria previsível que pudesse ocorrer uma morte caso o dono chegasse? Claro que sim! Logo, para estes casos A PENA DO CRIME MENOS GRAVE deverá ser aumentada até a metade. 5.2.3 PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA A participação, quando analisada como espécie do gênero concurso de pessoas, deve ser compreendida como uma intervenção voluntária e consciente de um terceiro a um fato alheio, revelando-se como um comportamento acessório que favorece a execução da conduta principal. É nesse cenário que pode surgir a participação de menor importância que encontra previsão no parágrafo 1º do art. 29 do Código Penal. Observe: Art. 29. [...] § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. Trata-se de uma contribuição ínfima, que comparada com a conduta praticada pelo autor ou co-autor, se mostra insignificante, ou seja, quando a instigação, o induzimento ou o auxílio não forem determinantes para a realização do delito. Ressalte-se que somente é possível aplicar essa causa de diminuição de pena ao partícipe, não alcançando o co-autor. Não se cogita, portanto, a existência de uma "co- autoria de menor importância", vez que o co-autor executa a conduta típica. Outro aspecto relevante a ser analisado: a diminuição prevista nesse § 1º é facultativa ou obrigatória? É caso de aplicação obrigatória, desde que comprovada a diminuta participação. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 25 5.2.4 CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS As denominadas circunstâncias incomunicáveis são aquelas que não se transmitem aos co-autores e partícipes. Sobre o tema dispõe o Código Penal: Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Para o correto entendimento deste artigo precisamos abrir o dicionário do concurseiro e aprender/relembrar a diferenciação entre elementares, circunstâncias e condições de caráter pessoal: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO CONDIÇÕES DE CARÁTER PESSOALÎ SÃO QUALIDADES PESSOAIS DETERMINADO INDIVÍDUO. EXEMPLIFICANDO: SER MENOR DE 18 ANOS CIRCUNSTÂNCIAS Î SÃO DADOS SUBJETIVOS OU OBJETIVOS QUE FAZEM PARTE DO FATO DELITUOSO, AGRAVANDO OU ATENUANDO A PENALIDADE, SEM MODIFICAÇÃO DE SUA ESSÊNCIA. ASSIM, AS CIRCUNSTÂNCIAS SÃO ELEMENTOS QUE SE AGREGAM AO DELITO, SEM ALTERÁ-LO SUBSTANCIALMENTE, EMBORA PRODUZAM EFEITOS E CONSEQÜÊNCIAS RELEVANTES. EXEMPLIFICANDO: UM FURTO PRATICADO POR UM MAIOR PRODUZ EFEITOS PENAIS DIVERSOS DAQUELE PRODUZIDO POR UM MENOR CONFESSO (A MENORIDADE E A CONFISSÃO SÃO ATENUANTES GENÉRICAS DA PENA). ELEMENTARES Î SÃO DADOS ESSENCIAIS PARA A OCORRÊNCIA DE DETERMINADO DELITO. EXEMPLIFICANDO: A CONDIÇÃO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO NO CRIME DE PECULATO, O VERBO “MATAR” E A PALAVRA “ALGUÉM” NO CRIME DE HOMICÍDIO OBS: EXCLUINDO-SE UMA ELEMENTAR O FATO SE TORNA ATÍPICO OU OCORRE A DESCLASSIFICAÇÃO PARA UM OUTRO DELITO. OBSERVAÇÃO: PARTICIPAÇÃO INCUA É AQUELA QUE EM NADA CONTRIBUIU PARA O RESULTADO, OU SEJA, É PENALMENTE IRRELEVANTE. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 26 Visto isso, vamos aprofundar a análise do art. 30: • Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal. Imagine que Mévio percebe que sua filha foi violentada por Tício. Diante da situação de relevante valor moral contrata Caio para matar o estuprador. Caio pratica o homicídio. Sabendo que o relevante valor moral é circunstância que atenua a pena, pergunto: Tal circunstância aplicável à Mévio será estendida à Caio? Nos termos do art. 30 não se comunicam as circunstâncias, logo não recairá sobre caio a circunstância atenuante, mesmo havendo co-autoria. • Comunicam-se as elementares: Imagine que Tício, funcionário público, pratica o delito de peculato junto com Mévio, que não faz parte do quadro da Administração. Poderá Mévio, sendo particular, responder pelo citado crime (PECULATO)? A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicável, desde que cumprido um requisito essencial: É necessário que o terceiro (particular) tenha conhecimento de que pratica o delito juntamente com um funcionário público. Observe o disposto sobre o tema no Código Penal: Para exemplificar, imagine que Caio é convidado por Tício, funcionário público, para cometer um furto. Sem saber da qualidade especial de Tício, Caio pratica o delito. Nesta situação, responderá Tício por peculato-furto e Caio por furto. É importante ressaltar que não há necessidade de que o terceiro conheça EXATAMENTE o que o funcionário público faz, ou seja, aqui vale o dolo eventual, bastando que saiba que o “companheiro do delito”, também chamado executor primário, exerce serviço de natureza pública. 5.2.5 CO-AUTORIA Ocorre a co-autoria quando dois ou mais agentes executam o núcleo do tipo. Esta pode ser: 1. Parcial Î Quanto os atos de execução não são iguais, mas somados produzem o resultado. Exemplo: Tício segura Mévia para que esta seja estuprada por Caio. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 27 2. Direta Î Todos os autores executam a mesma conduta criminosa. Exemplo: Caio e Tício efetuam disparas contra Mévio. Agora, pergunto: É possível a co-autoria em todos os tipos de delito? Para responder corretamente, vamos analisar (Obs.: Aqui serão importantes os conceitos aprendidos na AULA 01, mais especificamente no tocante a classificação dos crimes.): • CRIMES PRÓPRIOS Î São aqueles que exigem uma característica particular do sujeito. Nesta espécie de delito é admissível a co-autoria. Exemplo 01: dois funcionários públicos se unem para cometer o delito de corrupção passiva. Exemplo 02: um funcionário público e um particular que conhece a qualidade especial do agente se unem para cometer o crime de peculato. • CRIMES DE MÃO PRÓPRIA Î São os que embora não exijam uma qualidade especial só podem ser praticados pelo próprio indivíduo que se encontra em determinada situação. Exemplo: Falso Testemunho. Nesta espécie de delito NÃO é admissível a co-autoria. • CRIMES CULPOSOS Î Segundo o entendimento do STF e STJ, admite-sea co- autoria nos crimes culposos. Observe o julgado: 5.2.6 PARTICIPAÇÃO Como já tratamos brevemente, o partícipe é aquele que efetivamente colabora para a prática de uma conduta delituosa, todavia, sem realizar diretamente o núcleo do tipo penal incriminador. STJ, HC 40.474/PR, DJ 13.02.2006 É perfeitamente admissível, segundo o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a possibilidade de concurso de pessoas em crime culposo, que ocorre quando há um vínculo psicológico na cooperação consciente de alguém na conduta culposa de outrem. O que não se admite nos tipos culposos, ressalve-se, é a participação. Precedentes desta Corte. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 28 Podemos dividir a participação em: 1. Participação moral Î Nesta forma de participação não ocorre colaboração através de meios materiais. Pode ocorrer quando o partícipe induzir o autor a realizar um fato ilícito (ou antijurídico), “até então inexistente” ou quando o partícipe instigar o autor a realizar a idéia pré-existente na sua cabeça, reforçando-a. 2. Participação material Î Consiste em auxiliar materialmente a ocorrência de determinado delito. O partícipe que presta auxílio material é chamado de cúmplice. A participação apresenta as seguintes espécies: 1. Participação por omissão Î Embora haja muita divergência quanto a este ponto, para sua PROVA, entenda que é cabível a participação: a. Em crime omissivo próprio Î Ex: "A" induz "B" a não pagar pensão alimentícia. "A" será partícipe de "B", no crime de abandono material (artigo 244 do CP) b. Nos delitos omissivos impróprios Î Ex: "A" instiga "B", que ele não conhece, a não alimentar o filho. "B" cometerá o crime de homicídio por omissão, já que "B" tem o dever jurídico de evitar o resultado. "A" será partícipe. 2. Participação sucessiva Î É admissível em nosso ordenamento jurídico. Ocorre quando, presente o induzimento ou instigação do executor, se sucede outro induzimento ou instigação. Exemplo: Tício instiga Mévio a matar Caio. Mário, sem saber da instigação de Tício, também instiga Mévio a cometer o homicídio. 3. Participação da participação Î Esse tipo de participação é melhor compreendido através de exemplos: Tício instiga Mévio a instigar Caio para que este mate Mário ou Mévio induz Tício que induz Caio a matar Mário. 4. Participação em crimes culposos Î O entendimento majoritário é de que pode haver nos crimes culposos a co-autoria, mas não participação. Sendo o tipo do crime culposo aberto, composto sempre de imprudência, negligência ou imperícia, segundo o disposto no artigo 18 do CP, não é aceitável dizer que uma pessoa auxiliou, instigou ou induziu outrem a ser imprudente, sem ter sido igualmente imprudente. Portanto, quem instiga outra pessoa a tomar uma atitude imprudente está inserido no mesmo tipo penal. (STF, RTJ 120/1136, STJ, Resp. 40180, 6ª Turma, STF, HC 61405, RTJ, 113:517; RHC55.258). CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 29 5.2.6.1 TEORIAS DA ACESSORIEDADE Como vimos, a condutas do partícipe tem natureza acessória em relação à conduta principal. Essa acessoriedade encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos: Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Do exposto, podemos concluir que para que o partícipe possa ser punido é necessário ao menos o início da execução e, para tratarmos da punição do agente que participa de um delito, precisamos estudar as teorias da acessoriedade. Observe a seguinte questão: (CESPE / JUIZ SUBSTITUTO – TJ-PI / 2007) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o fato principal seja: I. típico. II. antijurídico. III. culpável. IV. punível. A quantidade de itens certos é igual a: A) 0. B) 1. C) 2. D) 3. E) 4. COMENTÁRIOS: A participação pressupõe sempre a ocorrência de um fato principal. O partícipe presta auxílio à conduta do autor. Por isso, hoje, é amplamente dominante o entendimento segundo o qual a participação é acessória, auxiliar em relação aos atos de autoria. A teoria da acessoriedade da participação estabelece um sistema valorativo que impõe tratamento distinto entre os atos de autoria e de participação. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 30 Visando definir os pressupostos mínimos necessários para a punição do partícipe, especificamente no que diz respeito à sua relação com o autor, a doutrina elaborou as seguintes teorias da acessoriedade: • ACESSORIEDADE MÍNIMA; • ACESSORIEDADE LIMITADA; • ACESSORIEDADE MÁXIMA; E • HIPERACESSORIEDADE. Sob a perspectiva da acessoriedade mínima, concebeu-se que, para a responsabilização do partícipe, bastaria que o autor principal realizasse uma conduta típica. Exemplo: Tício contrata Mévio para matar Caio. Mévio caminha pela calçada e repentinamente é atacado por Caio que porta uma faca. Mévio, diante de tal situação, mata Caio em legítima defesa. Neste caso, embora Mévio tenha agido em legítima defesa, como cometeu uma conduta típica, Tício deveria ser responsabilizado. A teoria da acessoriedade limitada exige, para a punição do partícipe, que o autor, no mínimo, pratique conduta típica e ilícita. Esta teoria visa superar as dificuldades da teoria da acessoriedade mínima, incluindo a exigência de ser ilícito o fato realizado em conjunto com o autor. Agora, a punição do partícipe depende de que a sua conduta preste auxílio à realização de fato ilícito. É a teoria adotada majoritariamente pela doutrina e pelas bancas. Exemplo: Tício instiga Mévio, INIMPUTÁVEL, a matar Caio e este assim o faz. Neste caso, como o fato cometido por Mévio é típico e ilícito, está configurado o concurso de pessoas no qual Tício é partícipe e Mévio é autor. A teoria da acessoriedade máxima exige, para a punição do partícipe, que o autor realize um fato típico, ilícito e culpável. No exemplo acima apresentado, como Mévio é inimputável e, portanto, não culpável, não seria Tício partícipe. Por fim, a teoria da hiperacessoriedade exige, para a punição do partícipe, que o autor realize uma conduta típica, ilícita, culpável e punível. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 31 Exemplo: Tício contratou Mévio para matar Caio. Mévio mata caio e suicida-se. Neste caso, como a morte do agente extingue a punibilidade, Tício não seria partícipe do delito. Como a questão trata da teoria da hiperacessoriedade, a resposta correta é a alternativa “E”. Resumindo: ACESSORIEDADE MÍNIMA Î FATO TÍPICO; ACESSORIEDADE LIMITADA Î FATO TÍPICO + ILÍCITO; ACESSORIEDADE MÁXIMA Î FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL; HIPERACESSORIEDADE Î FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL + PUNÍVEL. 5.2.7 AUTORIA – TEORIAS Como último tópico de nossa aula, vamos estudar as diversas teorias que buscam fornecer o conceito correto de AUTOR. 1. TEORIA SUBJETIVA OU UNITÁRIA Î Os defensores dessa teoria não diferenciam autor de partícipe, ou seja, autor é aquele que de QUALQUER FORMA contribuiu para o resultado. 2. TEORIA EXTENSIVA Î Também não diferencia o autor do partícipe, todavia admite adiminuição de pena nos casos em que a autoria é menos importante para o resultado. 3. TEORIA OBJETIVA OU DUALISTA Î Apresenta uma clara diferenciação entre o autor e o partícipe. Subdivide-se em: a. Teoria objetivo-formal Î Segundo esta teoria autor é quem realiza o núcleo do tipo enquanto o partícipe é quem de qualquer modo colabora para a conduta típica. Nesta teoria o autor intelectual, ou seja, aquele que planeja a conduta criminosa é PARTÍCIPE, pois não executa o núcleo do tipo penal. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 32 b. Teoria objetivo-material Î Para esta teoria autor é aquele que contribui fundamentalmente para a ocorrência do resultado, ou seja, aquele que presta a contribuição mais importante para a ocorrência do crime. Diferentemente, o partícipe é aquele que atua de forma menos relevante. Perceba que segundo esta teoria, não necessariamente para ser autor é necessário realizar o núcleo do tipo. c. Teoria do domínio do fato Î Essa teoria foi criada por Hans Welzel e procura ocupar uma posição intermediária entre a teoria subjetiva e a objetiva. Segundo ela, autor é quem possui controle sobre o domínio do fato. Podemos dizer que segundo a teoria do domínio fato considera-se autor: • AQUELE QUE PRATICA O NÚCLEO DO TIPO; • O AUTOR INTELECTUAL; • O AUTOR MEDIATO; • OS CO-AUTORES. Segundo essa teoria, também é admissível a figura dos partícipes que, neste caso, seriam aqueles que além de não praticar o núcleo do tipo, também não detém o domínio sobre o fato. Faz-se necessário ressaltar que esta teoria só tem aplicabilidade nos crimes dolosos, pois não há como se admitir domínio do fato no caso de delitos culposos. Para finalizar, cabe ressaltar que o código penal, a doutrina majoritária, a FCC, a ESAF, e praticamente todas as outras bancas de prova adotam a teoria objetivo formal, todavia, no que diz respeito ao conceito de autor intelectual, o CESPE, particularmente, tem adotado em suas provas a teoria do domínio do fato. Observe: (CESPE / Promotor de Justiça Substituto / 2006) É co-autor quem, à distância, ajusta a execução de um homicídio, fornecendo os recursos necessários para aquisição dos instrumentos para o cometimento do crime, mas não participa dos atos executórios. GABARITO: CERTA CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 33 Assim, caso você vá fazer uma PROVA do CESPE, leve o entendimento de que o AUTOR INTELECTUAL não é partícipe e sim AUTOR. Caso contrário, considere o autor intelectual como partícipe. 5.2.8 CO-AUTORIA – PESSOAS FÍSICAS X PESSOAS JURÍDICAS Sabemos que as pessoas jurídicas são entidades dotadas de personalidade jurídica, ou seja, sujeitos de direito e obrigação. Todavia, a jurisprudência majoritária, quanto a aspectos penais, tem adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica. Exemplo: Segundo a lei de crimes ambientais, quando o poluidor é pessoa jurídica, a denúncia deve incluir no pólo passivo da ação, não apenas a pessoa jurídica infratora, mas, também, as pessoas físicas que contribuíram para o delito ambiental. Essa tese foi referendada pelo STJ, no REsp 564.960, rel. Min. Gilson Dipp, que sublinhou: "Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica são classificados na doutrina como explícitos: 1) que a violação decorra de deliberação do ente coletivo; 2) que autor material da infração seja vinculado à pessoa jurídica; e 3) que a infração praticada se dê no interesse ou benefício da pessoa jurídica; e implícitos no dispositivo: 1') que seja pessoa jurídica de direito privado; 2') que o autor tenha agido no amparo da pessoa jurídica; e 3') que a atuação ocorra na esfera de atividades da pessoa jurídica. Disso decorre que a pessoa jurídica, repita-se, só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral, conforme o art. 3º da Lei 9.605/98. Luís Paulo Sirvinskas ressalta que 'de qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.' Essa atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa. Porém, tendo participado do evento delituoso, todos os envolvidos serão responsabilizados na medida se sua culpabilidade. É o que dispõe o parágrafo único do art. 3º da Lei 9.605/98, que institui a co-responsabilidade, nestes termos: Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato". *********************************************************************************** CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 34 Futuros (as) Aprovados (as) Chegamos ao final de nossa aula e mais uma vez fica claro que é grande a quantidade de detalhes. O importante agora é consolidar bem o aprendizado e testar os conhecimentos através dos exercícios. Procure primeiramente resolver as questões sem o gabarito para posteriormente verificar as respostas. Isso faz com que você consiga perceber de uma maneira mais fácil onde estão as dificuldades e dúvidas. Siga em frente em busca do seu sonho. Lute pelo que você deseja. Lembre-se que só depende de você. Força, foco e fé! Abraços e bons estudos, Pedro Ivo "O sucesso é a soma de pequenos esforços - repetidos dia sim, e no outro dia também." (Robert Collier) CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 35 PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA CÓDIGO PENAL Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penasa este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 36 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 37 EXERCÍCIOS 1. (CESPE / TRE – GO / 2009) O agente que, por desenvolvimento mental retardado, for, ao tempo da ação delituosa, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato terá sua pena reduzida. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Essa alternativa trata do inimputável e exige do candidato o conhecimento do artigo 26 do Código Penal. Este dispositivo legal é constantemente cobrado pelas bancas. Observe o disposto: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (grifei) Segundo o supra texto, a incapacidade total de entender o caráter ilícito do fato, nas citadas situações, é caso de isenção de pena e não de diminuição. Ainda no artigo 26 podemos responder a um importante questionamento: Quando deve ser analisada a imputabilidade? Resposta: NO MOMENTO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, não importando, para efeitos penais, qualquer alteração de estado posterior. 2. (CESPE / TRE – GO / 2009) O agente que possuía perturbação de saúde mental à época da ação delituosa, não sendo, por tal fato, inteiramente capaz de determinar-se de acordo com o entendimento do caráter ilícito do fato, será isento de pena. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Essa alternativa trata do semi-imputável e também é facilmente resolvida com o conhecimento do artigo 26, mas é preciso tomar bastante cuidado para interpretá-la de maneira correta. Perceba que a banca não diz que o agente era inteiramente incapaz, o que seria necessário para isentá-lo de pena. O que é dito é que ele não era inteiramente CAPAZ. Desta forma, o CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 38 enquadramento da alternativa não é no “caput” do artigo 26 e sim no parágrafo único, que trata da possibilidade de diminuição da pena nos seguintes termos: Art. 26 [...] Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 3. (CESPE / TRE – GO / 2009) A embriaguez, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não exclui a imputabilidade penal, salvo quando culposa. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: A embriaguez culposa não exclui a imputabilidade nos termos do artigo 28, II, do CP, que dispõe: Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: [...] II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 4. (CESPE / TRE – GO / 2009) A embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, poderá gerar a redução da pena do agente, presentes os requisitos legais. GABARITO: CORRETA COMENTÁRIOS: A questão traz a possibilidade de redução de pena presente no parágrafo 2º do artigo 28. Observe: § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 39 5. (CESPE / TJ – PI / 2007) O Código Penal adotou o critério biológico para aferição da imputabilidade do agente. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Como vimos, o Código Penal adotou o critério biopsicológico. 6. (CESPE / TJ – PI / 2007) A emoção e a paixão, de acordo com o Código Penal, não servem para excluir a imputabilidade penal nem para aumentar ou diminuir a pena aplicada. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Esta questão trata da emoção e da paixão, que são alterações intensas do estado psíquico de longa (paixão) ou curta (emoção) duração. A emoção e a paixão não retiram a imputabilidade, mas podem diminuir a pena. 7. (CESPE / TJ – PI / 2007) A embriaguez preordenada não exclui a culpabilidade do agente, mas pode reduzir a sua pena de um a dois terços. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Para responder esta é só olhar para o esquema apresentado quando tratamos da embriaguez, de onde se conclui que a embriaguez preordenada não reduz a pena. 8. (CESPE / TJ – PI / 2007) A embriaguez involuntária incompleta do agente não é causa de exclusão da culpabilidade nem de redução de pena. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: A embriaguez involuntária incompleta do agente é causa de redução de pena. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 40 9. (CESPE / Agente penitenciário / 2007) A menoridade penal constitui causa de exclusão da imputabilidade, ficando, todavia, sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial, os menores de 18 anos de idade, no caso de praticarem um ilícito penal. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Como vimos exaustivamente, a menoridade penal é causa absoluta de presunção de inimputabilidade. Mas isso não quer dizer que o Estado não fará nada com o menor, pois este estará sujeito ao Estatuto da criança e do adolescente (ECA). 10. (CESPE / Agente penitenciário / 2007) Suponha que Joaquim, mentalmente são, praticou, em estado de inconsciência, um homicídio, advindo da ingestão excessiva, porém voluntária, de bebida alcoólica. Nessa situação, Joaquim deverá responder pelo homicídio e poderá ter a pena reduzida de um a dois terços. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Como no caso apresentado pelo CESPE o agente do delito ingeriu VOLUNTARIAMENTE a bebida, não há que se vislumbrar a obrigatoriedade da redução de pena. 11. (CESPE / Polícia Federal / 2004) Considere a seguinte situação hipotética. Hiran, tendo ingerido voluntariamente grande quantidade de bebida, desentendeu-se com Caetano, seu amigo, vindo a agredi-lo e a causar-lhe lesões corporais. Nessa situação, considerando que, em razão da embriaguez completa, Hiran era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender a ilicitude de sua conduta e de determinar-se de acordo com este entendimento, pode-se reconhecer a sua inimputabilidade. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Mais uma questão em que o CESPE conta uma história longa e tenta confundir o candidato ao associar a embriaguez com a inimputabilidade. Lembre-se SEMPRE: A embriaguez voluntária NÃO GERA A INIMPUTABILIDADE. 12. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os silvícolas inadaptados.CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 41 GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Trata dos silvícolas, que nada mais são, como vimos, do que os índios. Os silvículas, , que nada mais são do que os índios, nem sempre serão inimputáveis, dependendo do grau de assimilação dos valores sociais, a ser revelado por exame pericial. Da conclusão da perícia, o silvícula pode ser: • IMPUTÁVEL Î Se integrado à vida em sociedade. • SEMI-IMPUTÁVEL Î No caso de estar dividido entre o convívio na tribo e na sociedade; e • INIMPUTÁVEL Î Quando está completamente INADAPTADO, ou seja, fora da sociedade. Como a questão trata do silvícula INADAPTADO, estamos diante de um caso de inimputabilidade. 13. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os surdos-mudos inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: O surdo-mudo, ao completar 18 anos, presume-se IMPUTÁVEL, aplicando a ele as mesmas regras de um indivíduo sem deficiência. Desta forma, caso seja inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, será IMPUTÁVEL. 14. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os oligofrênicos e esquizofrênicos. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Trata-se de casos de desenvolvimento mental retardado, sendo hipótese de inimputabilidade. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 42 15. (CESPE / OAB / 2007) Quando o agente se embriaga para cometer o crime em estado de embriaguez, ocorre a situação tratada pela teoria como da actio libera in causa. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Denomina-se "actio libera in causa" a ação de se deixar ficar num estado de inconsciência. No caso apresentado o agente usa deliberadamente um meio para colocar-se em estado de incapacidade física ou mental, parcial ou plena, no momento da ocorrência do fato criminoso. 16. (VUNESP / DEFENSORIA PÚBLICA – MS / 2008) De acordo com regra da Parte Geral do Código Penal, a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, por embriaguez A) culposa, por álcool ou substância análoga, era inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito do ato. B) completa, decorrente de força maior, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com esse entendimento. C) proveniente de caso fortuito, não possuía, ao tempo da ação ou omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com esse entendimento. D) preordenada, por álcool ou substância análoga, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com esse entendimento. E) NRA GABARITO: C COMENTÁRIOS: Segundo disposição expressa no parágrafo 2º do artigo 28 do Código Penal, a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 17. (FCC / TRE – MS / 2007) João ingeriu bebidas alcoólicas numa festa sem a intenção de embriagar-se. Todavia, ficou completamente embriagado e, nesse estado, tornou-se CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 43 violento e ficou totalmente incapaz de entender o caráter criminoso do fato, situação em que agrediu e feriu várias pessoas. Nesse caso, João A) não é isento de pena porque a embriaguez foi dolosa. B) é isento de pena porque a embriaguez foi proveniente de caso fortuito. C) é isento de pena porque a embriaguez foi proveniente de força maior. D) não é isento de pena porque a embriaguez foi culposa. E) não é isento de pena pois a embriaguez jamais exclui a imputabilidade penal. GABARITO: D COMENTÁRIOS: O enunciado trata da embriaguez culposa, situação em que o indivíduo começa a beber, mas por exagero no consumo do álcool acaba embriagado. 18. (FCC / ISS-SP / 2007) A doença mental, a perturbação de saúde mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado: A) refletem na culpabilidade, de modo a excluí-la ou a atenuá-la. B) excluem a ilicitude da conduta. C) isentam sempre de pena. D) extinguem a punibilidade. E) excluem a tipicidade. GABARITO: A COMENTÁRIOS: A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação, exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. A EMBRIAGUEZ CULPOSA, SEJA ELA COMPLETA OU INCOMPLETA, NÃO EXCLUI A IMPUTABILIDADE PENAL CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 44 Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena, pois, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração penal, não se concebe que se possa ao mesmo tempo estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. São requisitos da culpabilidade: A) IMPUTABILIDADE; B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Î Para merecer uma pena, o sujeito deve ter agido na consciência de que sua conduta era ilícita. Se não detiver o necessário conhecimento da proibição (que não se confunde com desconhecimento da lei, o qual é inescusável), sua ação ou omissão não terá a mesma reprovabilidade. C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA Î Está relacionada, primordialmente, com a coação moral irresistível e com a obediência hierárquica. Na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o sujeito não é considerado culpado, em face da exclusão da exigibilidade de conduta diversa; Na obediência hierárquica, se a ordem é aparentemente legal e o subordinado não podia perceber sua ilegalidade, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica isento de pena; 19. (CESGRANRIO / INVESTIGADOR POLICIAL / 2006) Considere os seguintes elementos: I – imputabilidade; II – potencial consciência sobre a ilicitude do fato; III – exigibilidade de conduta diversa; IV – culpa ou dolo; V – conduta comissiva. Segundo a concepção finalista, constituem os elementos da culpabilidade: (A) III, IV e V, apenas. (B) III e V, apenas. (C) I, II e IV, apenas. (D) I, II e III, apenas. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 45 (E) II e III, apenas. GABARITO: D COMENTÁRIOS: Para a teoria finalista, adotada pelo Código Penal, os elementos que integram a culpabilidade são: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Não presente algum desses elementos, estará isento de pena o agente, ou seja, praticou crime, mas não é culpável e, portanto, não lhe é aplicada a sanção. 20. (ESAF / BACEN / 2002) Quanto à imputabilidade penal pode-se afirmar que: A) Na hipótese de dúvida séria e fundada quanto à menoridade ou não do agente, deve-se optar pela responsabilização penal. B) Se considera alcançada a maioridade penal a partir do dia em que o jovem completa os 21 anos, independentemente da hora do nascimento. C) Se considera alcançada a maioridade penal a partir do dia em que o jovem completa os 18 anos, independentemente da
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