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Peça Alegações Finais - OAB

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ILHÉUS
PROCESSO nº XXXXXXXXX
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO DA BAHIA
ACUSADO: ROUSSEAU
ROUSSEAU, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente à presença de V. Exa., através de seu procurador que a esta subscreve, nos termos do artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal, apresentar, tempestivamente, ALEGAÇÕES FINAIS sob a forma de memoriais, pelas razões de fato e de Direito a seguir apontadas;
1. RESUMO DOS FATOS
No dia 05 de fevereiro de 2011 o acusado foi surpreendido por agentes policiais quando estava na entrada da garagem para devolver o carro que havia retirado da residência onde a sua genitora trabalha com o intuito de fazer um passeio pelo bairro.
O acusado foi denunciado pela prática do crime de furto simples e o Ministério Público deixou de oferecer a proposta de suspensão condicional do processo alegando não estarem preenchidos os requisitos do art 89 da Lei 9.099/95, já que o acusado responde a uma ação penal pela prática de crime de porte de arma de fogo.
Em 18 de março de 2011 foi recebida a denúncia. O acusado respondeu o processo em liberdade. Realizada a instrução foram ouvidos os policiais que foram testemunhas da acusação. O acusado foi interrogado e confessou a retirada do veículo sem autorização, mas ressaltou que a sua intenção era devolvê-lo. 
O Ministério Público em sua manifestação final requereu a condenação nos termos da denúncia.
2. DO MÉRITO
	2.1 Preliminar
	Inicialmente, requer a Vossa Excelência que declare extinta a punibilidade em virtude de já ter ocorrido a prescrição da pretensão punitiva, de acordo com o que se encontra disposto no art. 109 c/c 115 do Código Penal.
	Como o acusado à época do crime era menor de 21 anos, o mesmo tem direito a redução pela metade do prazo prescricional. O crime de furto tem pena de 04 anos e prazo prescricional de 08 anos. No caso específico do acusado esse prazo prescricional deve ser de 04 anos conforme preconiza a lei. Desta forma se o suposto crime ocorreu em 05 de fevereiro de 2011 não há mais o que se falar em pretensão punitiva por parte do Estado. 
	2.2 Da atipicidade da conduta
	Analisando os autos ficou constatado que a acusação não obteve êxito em comprovar a existência do crime de furto. 
De acordo com os fatos narrados, nota-se que não houve a intenção por parte do acusado de subtrair o bem com ânimo definitivo. Prova disso é que o acusado foi abordado no momento em que estava devolvendo o automóvel. Isso denota que a sua intenção era apenas a de utilizar o bem para um passeio. Dessa forma não há o que se falar em realização da conduta tipificada no artigo 155 do Código Penal. 
Trata-se de mero furto de uso, fato atípico, dada a ausência do elemento subjetivo do tipo exigido. O interesse do réu era utilizar o veículo e devolver em seguida, sem causar qualquer prejuízo ao proprietário. De acordo com Rogério Sanches Cunha o furto de uso se caracteriza pela intenção de uso momentâneo da coisa subtraída, que essa coisa não seja consumível e que seja feita a restituição imediata e integral a vítima. 
Dessa maneira o acusado merece ser absolvido na forma do art. 386, III, do Código de Processo Penal em razão da atipicidade da conduta.
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
 III - não constituir o fato infração penal;
Portanto Excelência não há nos autos prova inquestionável quanto a ocorrência do delito em que está sendo acusado o denunciado. Mostrando-se prudente a sua absolvição. 
.
 2.3 Fixação da pena no mínimo legal
De forma subsidiária requer, caso Vossa Excelência não entenda da forma acima exposta, que a pena aplicada seja estabelecida no mínimo legal, já que Rousseau não foi condenado em processos anteriores e as ações penais em curso não justificam o reconhecimento de maus antecedentes, sob pena de ofensa a súmula nº 444 do STJ.
Sum.444 STJ é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
2.4 Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa e da confissão espontânea.
Merece prosperar o reconhecimento da atenuante da menoridade relativa conforme previsão do art. 65, inciso I, do Código Penal já que à época dos fatos o acusado possuía menos de 21 anos de idade. Além disso, o fato do réu ter confessado exige também o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, com fulcro no art. 65, inciso III, d, do Código Penal.
2.5 Do regime aberto e substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
Constata-se que, em caso de condenação, o regime inicial de cumprimento da pena deve ser o aberto, de acordo com o art. 33, § 2º, do Código Penal. Isso deverá ocorrer tendo em vista que a pena não será superior a quatro anos já que o réu é primário e não existem circunstâncias prejudiciais que devam agravar a sua pena.
No caso em tela cabe a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direito, visto que restam preenchidos os requisitos estabelecidos no art. 44 do Código Penal.
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Que seja declarada extinta a punibilidade do réu, em virtude da prescrição, com fulcro no art. 109 c/c art.115 do Código Penal.
b) A ABSOLVIÇÃO do réu, com fundamento no art. 386, III, VII do CPP, ante a atipicidade da conduta e/ou a falta de provas suficientes para a condenação.
c) E, em caso de eventual condenação, pede-se subsidiariamente, a aplicação da pena-base no mínimo legal, o reconhecimento da atenuante da menoridade relativa e da confissão espontânea e, por fim, a aplicação do regime aberto para o início de cumprimento da pena e a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Ilhéus, 6 de outubro de 2017.
Advogado
OAB

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