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DIREITO CIVIL RESUMO

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Oficial Escrevente do Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul 
Prof° Ahyrton Lourenço 
Direito Civil 
Parte IV 
 
 
Atualizada AGO/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 
 
1
DIREITO CIVIL – CÓDIGO 
CIVIL BRASILEIRO – FATOS 
JURÍDICOS. ATO JURÍDICO. 
NEGÓCIO JURÍDICO 
 
1. Fatos, Atos e Negócios Jurídicos .................. 1 
1.1 Fatos Jurídicos ........................................ 2 
1.1.1 Fatos Jurídicos Naturais ................... 2 
1.1.1.1 Fatos Naturais Ordinários ......... 2 
1.1.1.2 Fatos Naturais Extraordinários . 2 
1.1.2 Fatos Jurídicos Humanos ................. 2 
1.1.2.1 Fatos Jurídicos Lícitos .............. 3 
1.1.2.1.1 Ato Jurídico em sentido 
estrito ................................................ 3 
1.1.2.1.2 Atos-fatos Jurídicos ........... 3 
1.1.2.1.2 Negócios Jurídicos ............. 3 
1.1.2.2 Atos Jurídicos Ilícitos ............... 3 
2. Negócios Jurídicos ........................................ 4 
2.1 Conceito .................................................. 4 
2.2 Classificação dos Negócios Jurídicos ..... 4 
2.2.1 Quanto às Vantagens que Produzem4 
2.2.2 Quanto às Formalidades ................... 5 
2.2.3 Quanto ao Conteúdo ........................ 5 
2.2.4 Quanto à Manifestação da Vontade . 5 
2.2.5 Quanto ao tempo que produzem 
efeitos ........................................................ 6 
2.2.6 Quanto aos Efeitos ........................... 6 
2.2.7 Quanto à existência do Negócio 
Jurídico ...................................................... 6 
2.2.8 Quanto aos exercícios dos Direitos .. 6 
2.2.9 Outras classificações doutrinárias .... 6 
2.2.9.1 Simples, Complexos e Coligados
 .............................................................. 6 
2.2.9.2 Negócios Fiduciário e Simulado
 .............................................................. 7 
2.3 Interpretação do Negócio Jurídico .......... 7 
2.3.1 Dispositivos sobre interpretação ...... 7 
2.4 Elementos Essenciais Gerais e 
Particulares e Elementos Acidentais ............. 8 
2.4.1 Elementos Essenciais Gerais ........... 8 
2.4.1.1 Capacidade do agente ............... 8 
2.4.1.2 Objeto lícito, possível e 
determinável .......................................... 9 
2.4.1.3 Vontade livre e consciente ........ 9 
2.4.2 Elementos Essenciais Particulares . 10 
2.4.2.1 Forma dos Negócios Jurídicos 10 
2.4.2.2 Reserva Mental ....................... 11 
2.4.3 Elementos Acidentais .................... 11 
2.4.3.1 Condição ................................. 12 
2.4.3.2 Termo ...................................... 13 
2.4.3.3 Encargo ou Modo ................... 14 
2.5 Defeitos do Negócio Jurídico ............... 15 
2.5.1 Erro ................................................ 15 
2.5.2 Dolo ............................................... 16 
2.5.3 Coação ........................................... 17 
2.5.4 Estado de Perigo ............................ 18 
2.5.5 Lesão .............................................. 18 
2.5.6 Fraude Contra Credores ................. 19 
2.5.6.1 Hipóteses Legais ..................... 19 
2.5.6.2 Ação Anulatória ou Pauliana .. 20 
2.6 Nulidade dos Negócios Jurídicos.......... 20 
2.6.1 Nulidade Absoluta ......................... 20 
2.6.2 Nulidade Relativa ou Anulabilidade
 ................................................................ 21 
2.6.3 Efeitos da Nulidade ........................ 22 
2.6.4 Distinção entre nulidade e 
anulabilidade ........................................... 23 
2.6.4.1 Conversão do ato negocial nulo
 ............................................................ 23 
2.7 Prescrição .............................................. 24 
2.7.1 Das Causas que Impedem ou 
Suspendem a Prescrição ......................... 25 
2.7.2 Das Causas que Interrompem a 
Prescrição ................................................ 26 
2.7.3 Prazos Prescricionais ..................... 26 
2.7.4 Ações imprescritíveis ..................... 27 
2.8 Decadência ............................................ 27 
2.8.1 Prazos Decadenciais ...................... 28 
2.9 Distinção entre Prescrição e Decadência
 .................................................................... 28 
3. Questão Comentada .................................... 29 
 
1. Fatos, Atos e Negócios 
Jurídicos 
 
As Pessoas (Naturais ou Jurídicas) ao 
desenvolverem suas atividades na sociedade 
podem com suas atitudes gerar conseqüências 
jurídicas. Essas atitudes juridicamente 
relevantes são denominados Fatos Jurídicos. 
 
Os Fatos Jurídicos em sentido amplo podem ser 
divididos em Fatos Jurídicos Naturais (fatos 
jurídicos em sentido estrito) e Fatos Jurídicos 
Humanos (atos jurídicos em sentido amplo). 
 
Os Fatos Jurídicos Naturais subdivide-se em 
Ordinários e Extraordinários. 
 
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Direito Civil 
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2 
 
Os Fatos Jurídicos Humanos, ou atos jurídicos 
em sentido amplo, subdivide-se em lícitos e 
ilícitos, quais a Professora Maria Helena Diniz 
denomina de voluntários (lícitos) e 
involuntários (ilícitos). 
 
Os atos jurídicos em sentido amplo lícitos ainda 
são divididos em atos jurídicos em sentido 
estrito ou meramente lícitos e negócios 
jurídicos, sendo que alguns autores ainda 
disciplinam uma terceira categoria o ato-fato 
jurídico. 
 
 
 
 
 
1.1 Fatos Jurídicos 
 
Todas as ações das pessoas que são 
juridicamente relevantes para o Direito são 
consideradas como Fatos Jurídicos e, por isso, 
são também denominados Fatos Jurídicos em 
sentido amplo. 
 
Caio Mário da Silva Pereira1 clarifica que dois 
fatores constituem o fato jurídico: um fato, isto 
é uma eventualidade que atue sobre o direito 
subjetivo; e uma declaração da norma jurídica 
que confere efeitos jurídicos àquele fato. 
 
Maria Helena Diniz salienta2: 
 
“É o acontecimento, previsto em norma 
jurídica, em razão do qual nascem, se 
modificam, subsistem e se extinguem 
relações jurídicas.” 
 
1.1.1 Fatos Jurídicos Naturais 
 
Os Fatos Jurídicos Naturais, também 
denominados Fatos Jurídicos em sentido estrito, 
são as situações sociais juridicamente 
relevantes que decorrem, em regra, da própria 
natureza, sem intervenção humana. 
1.1.1.1 Fatos Naturais Ordinários 
 
São os fatos naturais “previsíveis” ou 
“comuns”, como o nascimento, maioridade, 
morte, decurso do tempo, aluvião3, avulsão4. 
1.1.1.2 Fatos Naturais Extraordinários 
 
São os fatos naturais que decorrem de “eventos 
não previsíveis” ou “especiais”, tais como 
terremoto, maremoto, raio, tempestade 
destruidoras, ou seja, casos fortuitos ou força 
maior. 
 
1.1.2 Fatos Jurídicos Humanos 
 
 
1 SILVA PEREIRA, Caio Mário; Instituições de Direito 
Civil; 5ª ed.; Forense; 1977. 
2 DINIZ, Maria Helena; Curso de Direito Civil 
Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil; Saraiva; 2009; 
p. 399. 
3 Art. 1.250 do CC. 
4 Art. 1.251 do CC. 
Fato Jurídico em 
sentido amplo 
Fato Jurídico 
Natural (em 
sentido estrito) 
Fato Jurídico 
Humano (Ato 
Jurídico em 
Fato Jurídico 
Ordinário 
Fato Jurídico 
Extraordinário 
Ato Jurídico Lícito Ato Jurídico Ilícito
Ato Jurídico em 
sentido estrito 
(meramente lícito) 
Negócio Jurídico 
Ato-fato Jurídico 
 
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3
São, por sua vez, as situações juridicamente 
relevantes que tem origem em uma vontadehumana, que as criam, modificam, transferem 
ou extinguem direitos. 
1.1.2.1 Fatos Jurídicos Lícitos 
São os que a lei defere os efeitos almejados 
pelo agente. Praticados conforme determina o 
Ordenamento Jurídico, produzindo efeitos 
voluntários, queridos pelo agente. 
1.1.2.1.1 Ato Jurídico em sentido estrito 
O Ato Jurídico em Sentido Estrito, ou 
meramente lícito, é um ato praticado pelo 
agente, com manifestação de vontade, 
predeterminado pela norma, sem que o agente 
possa qualificar diferente a sua vontade. 
 
A ação humana resume-se a uma mera intenção 
de praticar o ato prescrito na lei, por isso é que 
nem todos os princípios do Negócio Jurídico 
aplicam-se aos Atos Jurídicos em Sentido 
Estrito. 
 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não 
sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no 
que couber, as disposições do Título 
anterior. 
 
São exemplos de atos jurídicos: notificação 
para constituir mora do devedor; 
reconhecimento de filho; ocupação; uso de 
coisa; perdão; confissão; tradição; etc. 
1.1.2.1.2 Atos-fatos Jurídicos 
Alguns autores qualificam certas ações que não 
são frutos da vontade, nem da intenção do 
autor, mas que geram conseqüências tipificadas 
pela norma como atos-fatos jurídicos. 
 
Pode-se ter como exemplo uma pessoa, que 
sem a intenção, acha um tesouro. A pessoa, 
nesta hipótese, não tinha qualquer intenção de 
adquirir a metade do que encontrou, mas a 
norma inadvertidamente confere-lhe a 
propriedade. 
 
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas 
preciosas, oculto e de cujo dono não haja 
memória, será dividido por igual entre o 
proprietário do prédio e o que achar o 
tesouro casualmente. 
 
1.1.2.1.2 Negócios Jurídicos 
Os Negócios Jurídicos são manifestações de 
vontades, geralmente bilaterais, como os 
contratos, que buscam no ordenamento jurídico 
uma composição de interesses. 
 
Alguns negócios jurídicos podem ser 
unilaterais, como o testamento, instituição de 
fundação, renuncia à herança, etc. 
 
O Código Civil de 2002 substituiu a expressão 
genérica de “ato jurídico” existente no Código 
de 1916 para a expressão “negócio jurídico”, 
pois somente ele é rico em conteúdo e necessita 
de uma pormenorizada regulamentação. 
 
Os negócios jurídicos estão regulamentados no 
Livro III da Parte Geral do Código Civil de 
2002. 
1.1.2.2 Atos Jurídicos Ilícitos 
São considerados ilícitos por serem praticados 
contrariando o Ordenamento Jurídico. Dessa 
forma, embora repercutam no Direito, causam 
efeitos jurídicos involuntários, mas 
determinados na norma. 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda 
que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular 
de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no 
exercício regular de um direito 
reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa 
alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato 
será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente 
necessário, não excedendo os limites do 
indispensável para a remoção do perigo. 
 
Contudo não causam direitos mas sim deveres, 
como o dever de reparar o dano. 
 
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 
186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
 
2. Negócios Jurídicos 
2.1 Conceito 
 
A Teoria Objetiva de Bülow, aprovada pela 
grande maioria dos civilistas, determina que o 
negócio jurídico baseia-se na “autonomia de 
vontade das partes”, ou seja, é um poder de 
auto-regulação dos interesses que contém a 
enunciação de um preceito, independente do 
querer interno. O “Negócio Jurídico é como 
uma norma concreta estabelecida pelas 
partes”5. 
 
Dessa forma, para a existência de um negócio 
jurídico não basta a mera vontade das partes, 
mas é necessário que o efeito vislumbrado 
pelos interessados esteja conforme a norma. 
 
 
2.2 Classificação dos Negócios 
Jurídicos 
 
Os negócios jurídicos podem ser classificados: 
 
 
 
 
5 DINIZ; Maria Helena; idem ibidem; p. 449. 
 
2.2.1 Quanto às Vantagens que 
Produzem 
 
 
 
• Gratuitos – são os negócios jurídicos em 
que as partes obtêm benefício ou 
enriquecimento patrimonial, mas sem 
qualquer contraprestação – Doação Pura. 
• Onerosos – Quando todas as partes 
buscam, reciprocamente, obter vantagens 
para si ou para outrem, mediante 
contraprestação. 
o Comutativos – quando as 
contraprestações são equivalentes – 
compra e venda, locação; 
o Aleatórios – quando as 
contraprestações não forem equivalentes 
– contrato de seguro. 
• Bifrontes – se, conforme a vontade das 
partes, puderem ser gratuitos ou onerosos, 
sem que a sua configuração jurídica fique 
alterada – o depósito, o mútuo6 e mandato; 
• Neutros – os negócios que não possuem 
atribuição patrimonial, tendo os bens que 
recaem o negócio uma destinação específica 
– instituição de um bem de família, doação 
remuneratória; negócios que vinculam bens 
com cláusula de incomunicabilidade ou 
inalienabilidade, renúncia abdicativa; 
 
 
6 Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. 
O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele 
recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e 
quantidade. 
Exercício 
dos 
Direitos 
 
Existência 
 
Efeitos 
 
Tempo 
Manifesta-
ção da 
Vontade 
 
Conteúdo 
 
Formalida-
des 
 
Vantagens
Negócios 
Jurídicos 
Classifica-
ção 
Vantagens 
Gratuitos 
Onerosos 
Bifrontes 
Neutros 
Comutativos Aleatórios
 
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2.2.2 Quanto às Formalidades 
 
 
 
• Solenes – São os negócios jurídicos que a 
lei determina que para serem efetuados 
necessitam de certa formalidade 
o Ad solemnitaten – quando a forma 
exigida como condição de validade do 
ato – alienação de imóvel exige 
escritura pública e o testamento público 
ou cerrado devem ser escritos ou 
aprovados, respectivamente, pelo 
tabelião; 
o Ad probationem tantum – a 
formalidade é tida apenas como prova 
do ato – assento de casamento no livro 
de registro civil. 
• Não solenes – são os negócios jurídicos 
livres de qualquer formalidade legal, 
podendo ser celebrados de qualquer forma, 
inclusive verbalmente – compra e venda de 
bem móveis em geral. 
 
2.2.3 Quanto ao Conteúdo 
 
 
 
• Patrimoniais – são os negócios que versam 
sobre questões suscetíveis de aferição 
econômica, podendo ser ora como negócios 
reais ora como obrigacionais; 
• Extrapatrimoniais – versam sobre direitos 
personalíssimos ou ao direito de família. 
 
2.2.4 Quanto à Manifestação da Vontade 
 
 
 
 
• Unilaterais – são as manifestações de 
vontades que podem se expressar de um ou 
mais sujeitos, mas estão na mesma direção, 
objetivando um único objetivo – testamento 
codicilo, renuncia promessa de 
recompensa. 
o Receptícios – são as manifestação da 
vontade que somente produzem efeitos 
depois do conhecimento do destinatário 
– denúncia ou resiliçãode um contrato, 
revogação de mandato; 
o Não receptícios – que o conhecimento 
da vontade por parte das partes é 
irrelevante para os efeitos expressado – 
testamento, confissão de dívida, 
renúncia da herança. 
• Bilaterais – são os negócios jurídicos que 
se perfazem com duas manifestações de 
vontade, em regra aparentemente contrárias, 
sobre o mesmo objeto. Pode ter uma ou 
mais pessoas tanto no pólo passivo como no 
ativo, pois o que importa é a expressão da 
vontade e não o número de pessoas – 
contratos em geral; 
o Simples – quando concedem benefícios 
a uma parte e encargos à outra – 
doação, depósito gratuito; 
o Sinalagmático – quando conferem 
vantagens e ônus para ambas as partes – 
compra e venda, locação etc. 
 
Conteúdo 
 
Patrimoniais 
 
Extrapatrimoniais 
 
Formalidades 
Solenes (formais) Não Solenes (de 
forma livre) 
Ad solemnitaten Ad probationem tantun 
Manifestação da 
Vontade 
Unilaterais 
Bilaterais 
Plurilaterais 
Simples Sinalagmático 
Receptícios Não receptícios 
 
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• Plurilaterais – a manifestação da vontade 
emana de mais de duas partes – contrato de 
sociedade com mais de dois sócios. 
 
2.2.5 Quanto ao tempo que produzem 
efeitos 
 
 
 
 
• Inter vivos – quando os efeitos da 
manifestação da vontade acarretam 
conseqüências jurídicas em vida dos 
interessados – doação, troca mandato, 
promessa de compra e venda; 
• Mortis Causa – os negócios jurídicos 
destinados a produzir efeitos depois da 
morte do agente – testamento, codicilo etc. 
 
2.2.6 Quanto aos Efeitos 
 
 
 
• Constitutivos – quando os efeitos operam-
se depois de concluído o negócio jurídico, 
ex nunc – compra e venda; 
• Declarativos – aqueles que os efeitos se 
operam com a materialização do fato que 
vinculam a declaração da vontade, ex tunc – 
divisão do condomínio, partilha, 
reconhecimento de filhos. 
 
2.2.7 Quanto à existência do Negócio 
Jurídico 
 
 
 
 
• Principais – são os negócios jurídicos que 
existem por si só, não dependem de 
qualquer outro para a sua existência – 
locação, compra e venda etc. 
• Acessórios – tem sua existência 
subordinada à um outro negócio jurídico 
principal, dessa forma, se o principal for 
nulo a obrigação acessória também o será, 
mas a recíproca não é verdadeira – clausula 
penal, fiança etc. 
 
2.2.8 Quanto aos exercícios dos Direitos 
 
 
 
• Negócios de disposição – são os negócios 
jurídicos que implicam em amplos direitos 
sobre o objeto – doação; 
• Simples Administração – são os negócios 
jurídicos que implicam restrições aos 
direitos sobre o objeto, sem que haja 
alteração em sua substancia – mutuo, 
locação residencial; 
 
 
2.2.9 Outras classificações doutrinárias 
2.2.9.1 Simples, Complexos e Coligados 
 
• Simples – negócios que se constituem em 
um único ato – compra e venda de 
produtos. 
• Complexos – negócios que dependem de 
vários atos para surtir efeitos, sendo que 
independentes não produzem eficácia. São 
várias declarações de vontade que se 
Tempo dos 
Efeitos 
Inter Vivos Causa Mortis 
Efeitos 
Constitutivos 
“ex nunc” 
Declarativos 
“ex tunc” 
Existência 
Principal Acessório 
Exercícios dos 
Direitos 
Negócios de Disposição Simples Administração
 
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7
complementam para formar um único 
negócio – compra e venda de imóvel em 
prestações (inicia-se com a promessa de 
compra e venda e termina com a outorga da 
escritura); ou, compra e venda de imóvel 
entre ascendente e descendente. 
• Coligados – são várias vontades proferidas 
em distintos atos produzindo cada qual um 
negócio jurídico independente, mas 
coligados com o objeto final – contrato de 
franquia. 
 
2.2.9.2 Negócios Fiduciário e Simulado 
 
• Negócio Fiduciário – trata-se de negócio 
lícito, perfeitamente válido e necessita de 
confiança para produzir seus fins. Por 
exemplo, quando alguém transfere a 
propriedade de um bem, para um fim 
específico, em regra administração, com a 
obrigação de restituir a coisa ou transmiti-la 
à terceiro. Não há intenção de prejudicar 
terceiros nem fraudar a lei. 
• Negócio Simulado – são os que possuem 
aparência diversa da realidade. Diferem-se 
dos negócios fiduciários porque as vontades 
no Negócio Simulado são falsas. As pessoas 
fazem declarações não verdadeiras com o 
objetivo de lesar direitos de terceiros ou 
fraudar a lei. O negócio simulado não é 
válido. 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico 
simulado, mas subsistirá o que se 
dissimulou, se válido for na substância e na 
forma. 
§ 1o Haverá simulação nos negócios 
jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir 
direitos a pessoas diversas daquelas às 
quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, 
condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem 
antedatados, ou pós-datados. 
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros 
de boa-fé em face dos contraentes do 
negócio jurídico simulado. 
 
2.3 Interpretação do Negócio Jurídico 
 
Como as leis, os contratos devem ser 
interpretados, pois suas clausulas nem sempre 
são muito claras. 
 
Em regra, a manifestação da vontade das 
pessoas perfaz-se de forma escrita no contrato, 
mas quando há obscuridade que leva à dúvida 
na intenção das pessoas o atual Código Civil 
disciplina que se deve prevalecer a real 
intenção da vontade das partes sobre o que foi 
escrito. 
 
Prestigia o Código Civil no tocante à 
interpretação a boa-fé, os usos e os costumes de 
cada região. Dessa forma, a boa-fé é presumida 
e a má-fé deve ser provada. 
 
Além disso, observa o Legislador Civilista que 
os negócios jurídicos benéficos, como a doação 
pura, e a renúncia devem ser interpretadas de 
forma estrita. 
 
 
 
Art. 112. Nas declarações de vontade se 
atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da 
linguagem. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa-fé e os usos 
do lugar de sua celebração. 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a 
renúncia interpretam-se estritamente. 
 
2.3.1 Dispositivos sobre interpretação 
 
• Contrato de adesão – cláusulas ambíguas 
– interpretação mais favorável ao 
aderente. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de 
adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a 
interpretação mais favorável ao aderente. 
 
• Transação7 – interpretação restritiva 
 
 
7 Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou 
terminarem o litígio mediante concessões mútuas. 
 
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Art. 843. A transação interpreta-se 
restritivamente, e por ela não se transmitem, 
apenas se declaram ou reconhecem direitos. 
 
• Fiança – Não admite interpretação 
extensiva 
 
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e 
não admite interpretação extensiva. 
 
• Testamento – interpretações diferentes – 
prevalece a vontade do testador 
 
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária 
for suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecerá a que melhorassegure a 
observância da vontade do testador. 
 
• Consumidor – CDC – prevalece a 
cláusula mais favorável ao consumidor. 
 
Art. 47. As cláusulas contratuais serão 
interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor. 
 
2.4 Elementos Essenciais Gerais e 
Particulares e Elementos Acidentais 
 
Os elementos essenciais são imprescindíveis à 
existência do negócio jurídico, sem os quais os 
negócios jurídicos ficam sem substância, 
dividindo-se em: 
 
• Gerais – quando são comuns à generalidade 
dos negócios jurídicos – objeto lícito, 
possível e determinável; capacidade; e, 
vontade das partes. 
 
• Particulares – quando a lei exige para a 
consecução de um negócio jurídico 
determinado uma formalidade ou uma 
forma especial. 
 
Os elementos acidentais são estipulações de 
cláusulas acessórias que as partes podem 
adicionar em sues negócios jurídicos para 
modificar uma ou mais de sua conseqüências 
naturais, tais como condição, termo ou encargo 
(modo). 
 
2.4.1 Elementos Essenciais Gerais 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico 
requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou 
determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
2.4.1.1 Capacidade do agente 
 
A capacidade do agente é elemento essencial 
para a validade dos negócios jurídicos, pois sem 
a tal a pessoa não pode expressar a sua vontade 
de forma livre. 
 
A incapacidade absoluta acarreta, per si, a 
nulidade do negócio jurídico. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente 
incapaz; 
 
Contudo a incapacidade relativa somente pode 
ser invocada pelo próprio incapaz ou por seu 
representante legal ou se o objeto do direito ou 
da obrigação, proveniente do negócio jurídico, 
for indivisível, diante da impossibilidade de 
separar o interesse dos contratantes. 
 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma 
das partes não pode ser invocada pela outra 
em benefício próprio, nem aproveita aos co-
interessados capazes, salvo se, neste caso, 
for indivisível o objeto do direito ou da 
obrigação comum. 
 
A lei brasileira permite três formas de 
representação: 
 
• Legal – pessoas a quem a norma jurídica 
confere poderes para administrar bens 
alheios – pais, em relação aos filhos 
menores; tutores, quando aos pupilos; e, 
curadores, quanto aos curatelados. 
 
• Judiciais – os nomeados pelo magistrado 
para exercer certo cargo no foro ou no 
 
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processo – curador de herança jacente8; 
administrador judicial da massa falida; 
 
• Convencionais – as pessoas que são 
nomeadas por vontade expressa ou tácita, 
escrita ou verbal, daquele que será 
representado – procuradores em contrato 
de mandato. 
 
Art. 115. Os poderes de representação 
conferem-se por lei ou pelo interessado. 
Art. 116. A manifestação de vontade pelo 
representante, nos limites de seus poderes, 
produz efeitos em relação ao representado. 
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o 
representado, é anulável o negócio jurídico 
que o representante, no seu interesse ou por 
conta de outrem, celebrar consigo mesmo. 
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se 
como celebrado pelo representante o 
negócio realizado por aquele em quem os 
poderes houverem sido subestabelecidos. 
Art. 118. O representante é obrigado a 
provar às pessoas, com quem tratar em 
nome do representado, a sua qualidade e a 
extensão de seus poderes, sob pena de, não 
o fazendo, responder pelos atos que a estes 
excederem. 
Art. 119. É anulável o negócio concluído 
pelo representante em conflito de interesses 
com o representado, se tal fato era ou devia 
ser do conhecimento de quem com aquele 
tratou. 
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a 
contar da conclusão do negócio ou da 
cessação da incapacidade, o prazo de 
decadência para pleitear-se a anulação 
prevista neste artigo. 
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da 
representação legal são os estabelecidos 
nas normas respectivas; os da 
representação voluntária são os da Parte 
Especial deste Código. 
 
Lembrando: A Capacidade não pode ser 
confundida com legitimação, pois em alguns 
casos a pessoa pode ser capaz para o 
exercício de um ato da vida civil, mas para 
poder executá-lo necessita de legitimação 
(aptidão para a pratica de determinado ato). 
 
8 Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento 
nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens 
da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e 
administração de um curador, até a sua entrega ao 
sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua 
vacância. 
Por exemplo: venda de ascendente para 
descendente (art. 496 do CC9) 
 
2.4.1.2 Objeto lícito, possível e determinável 
 
Outro elemento essencial para existência dos 
negócios jurídicos é frente ao objeto. 
 
O objeto deve ser lícito, ou seja, conforme a lei, 
não sendo contrário aos bons costumes, à 
ordem pública e à moral, caso contrário o 
negócio jurídico será nulo. 
 
O objeto também dever ser, física ou 
juridicamente, possível, caso seja 
absolutamente impossível o negócio será nulo – 
venda de herança de pessoa viva (art. 426); 
compra e venda de terreno na lua. 
 
Caso haja impossibilidade relativa – 
possibilidade de realização por alguma pessoa – 
o negócio não será nulo. 
 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto 
não invalida o negócio jurídico se for 
relativa, ou se cessar antes de realizada a 
condição a que ele estiver subordinado. 
 
O objeto determinado é o objeto descrito de 
forma clara, admitindo a legislação que o objeto 
seja determinável, bastando a indicação de 
gênero e quantidade, que será determinada pela 
escolha. Admite-se também a venda alternativa, 
nesses casos a indeterminação cessa com a 
concentração. 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao 
menos, pelo gênero e pela quantidade. 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a 
escolha cabe ao devedor, se outra coisa não 
se estipulou. 
 
2.4.1.3 Vontade livre e consciente 
 
 
9 Art. 496. É anulável a venda de ascendente a 
descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge 
do alienante expressamente houverem consentido. 
 
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Para a consubstanciação dos negócios jurídicos 
é indubitável a manifestação da vontade, 
exercendo papel preponderante. 
 
É necessária uma manifestação de vontade 
livre, consciente e de boa-fé, não podendo 
conter vícios do consentimento, nem negocial, 
sob pena de nulidade do negócio jurídico. 
 
Art. 107. A validade da declaração de 
vontade não dependerá de forma especial, 
senão quando a lei expressamente a exigir. 
 
A manifestação da vontade pode ser expressa 
ou tácita, desde que o negócio, em virtude de 
sua natureza não exija forma expressa. 
 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que 
não seja costume a aceitação expressa, ou o 
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á 
concluído o contrato, não chegando a tempo 
a recusa. 
 
O silencio pode ser forma de manifestação da 
vontade, exceto quando a lei exigir 
manifestação expressa e nessas hipóteses o 
silencio não significará vontade. 
 
Art. 111. O silêncio importa anuência, 
quando as circunstâncias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a 
declaração devontade expressa. 
 
Por exemplo, na doação pura: 
 
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao 
donatário, para declarar se aceita ou não a 
liberalidade. Desde que o donatário, ciente 
do prazo, não faça, dentro dele, a 
declaração, entender-se-á que aceitou, se a 
doação não for sujeita a encargo. 
 
A grande maioria das manifestações de vontade 
são receptícias, principalmente na esfera 
obrigacional, mas existem manifestações de 
vontade não-receptícias. 
 
2.4.2 Elementos Essenciais Particulares 
 
2.4.2.1 Forma dos Negócios Jurídicos 
 
Alguns negócios jurídicos, nos termos da 
legislação, exigem ainda para que opere a sua 
validade uma forma prescrita ou não defesa em 
lei. 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico 
requer: 
(...) 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
A Forma é o meio pelo qual se externa a 
manifestação da vontade nos negócios 
jurídicos10. 
 
A regra civilista brasileira inspira-se na forma 
livre, devendo as partes observar forma 
específica apenas quando a lei assim 
determinar: 
 
Art. 107. A validade da declaração de 
vontade não dependerá de forma especial, 
senão quando a lei expressamente a exigir. 
 
Caso o negócio jurídico não esteja revestido das 
formalidades ou solenidades determinadas pela 
lei, serão nulos. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
(...) 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a 
lei considere essencial para a sua validade; 
 
1) Forma Livre ou Geral 
 
Quando a lei não disciplina formas diversas, a 
vontade pode perfazer-se de qualquer forma, 
inclusive escrita, verbal, mímica, gestos e 
mesmo o silêncio, que terão a mesma validade 
que uma manifestação expressa. 
 
Por exemplo: 
 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura 
pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será 
válida, se, versando sobre bens móveis e de 
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a 
tradição. 
 
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou 
tácito, verbal ou escrito. 
 
10 LIMONGI FRANÇA, R.; Forma do Ato Jurídico; 
Enciclopédia Saraiva do Direito; v. 38; p. 192. 
 
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2) Forma Especial ou Solene 
 
É o conjunto de solenidades que a norma elege 
para dar validade para um determinado negócio 
jurídico. 
 
A) Forma Única - É a forma determinada 
pela lei como exclusiva para a validade 
de certos negócios jurídicos – exigência 
de escritura pública para: pactos 
antenupciais; contratos constitutivos, 
translativos, modificativos ou 
renunciativos de direitos reais sobre 
imóveis de valor superior a trinta vezes 
o maior salário mínimo vigente no País; 
constituição de bem de família; 
alienação e hipoteca de embarcações de 
navegação em alto-mar etc. 
B) Forma Plural ou Múltipla – quando a 
norma estabelece a formalização do 
negócio jurídico de várias formas, 
podendo a parte optar por qual deseje – 
reconhecimento de filho havido fora do 
matrimônio (no termo do nascimento, 
escritura pública ou particular, por 
testamento, manifestação expressa e 
direta para o juiz); transação (termo 
nos autos, escritura pública ou 
particular); partilha amigável com 
herdeiros capazes e sem testamento 
(pode ser feita em cartório, termo nos 
autos ou escrito particular homologado 
pelo juiz) etc. 
C) Forma Genérica – uma solenidade 
geral imposta pela norma – empreitada 
necessita de instruções escritas (art. 
619 , CC); benfeitorias necessárias e 
úteis, autorizadas pelo locador, gozam 
de direito de retenção pelo locatário, 
salvo disposição em contrário (art. 578, 
CC) – a autorização pode ser feita por 
escrito ou verbalmente, desde que seja 
inequívoco (Sumula 158 – STF). 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a 
escritura pública é essencial à validade dos 
negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de 
direitos reais sobre imóveis de valor 
superior a trinta vezes o maior salário 
mínimo vigente no País. 
 
3) Forma Contratual 
 
As partes podem livremente estabelecer no 
contrato formas para a materialização do 
negócio jurídico, desde que a lei não determine 
uma forma. 
 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com 
a cláusula de não valer sem instrumento 
público, este é da substância do ato. 
 
2.4.2.2 Reserva Mental 
 
A reserva mental subsiste quando um dos 
declarantes oculta a sua verdadeira intenção, 
“enganando” a outra parte. 
A lei brasileira determina que se a outra parte 
não tinha conhecimento da reserva mental, o 
negócios válido como acordado e não como 
imaginado pela parte que reservou 
mentalmente, pois o que se passa na mente do 
declarante e não foi expressado é irrelevante 
para o mundo jurídico. 
 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste 
ainda que o seu autor haja feito a reserva 
mental de não querer o que manifestou, 
salvo se dela o destinatário tinha 
conhecimento. 
 
2.4.3 Elementos Acidentais 
 
As cláusulas estabelecidas pelas partes nos 
negócios jurídicos, com o objetivo modificar 
algumas conseqüências naturais são 
denominadas de Elementos Acidentais. 
 
O objetivo dos elementos acidentais é modificar 
os efeitos normais do negócio jurídico, 
restringindo no tempo ou retardando o seu 
nascimento ou exigibilidade e são classificadas 
em Condição, Termo ou Encargo. 
 
São utilizados nos contratos e testamentos, mas 
existem situações que não comportam os 
elementos acidentais: casamento (condição ou 
termo); emancipação (condição); 
reconhecimento de filho etc. 
 
 
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2.4.3.1 Condição 
 
A Condição é a clausula que subordina o efeito 
do negócio jurídico a evento futuro e incerto, 
derivando exclusivamente da vontade das 
partes. 
 
Um negócio jurídico terá condição quando seu 
efeito ficar subordinado a uma situação futura 
e incerta, por exemplo, na compra e venda de 
um imóvel em prestações, caso o vendedor 
ganhe na loteria dará quitação ao comprador, 
não importando quantas parcelas pagas. 
 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula 
que, derivando exclusivamente da vontade 
das partes, subordina o efeito do negócio 
jurídico a evento futuro e incerto. 
 
As condições podem ser classificadas: 
 
1) Quanto à possibilidade 
 
Podem ser classificadas como possíveis e 
impossíveis. 
 
As possíveis são as condições que física ou 
juridicamente podem ser executadas. 
 
Impossíveis são as condições que ou 
fisicamente ou juridicamente não se pode 
executar, tal como condicionar a venda de um 
bem à ida ao Sol ou negociar herança de pessoa 
viva. 
 
Caso as condições físicas ou juridicamente 
impossíveis constituírem condições 
resolutivas ou suspensivas serão 
consideradas inexistentes, assim como as 
contraditórias e as clausulas que estabelecem 
condições ilícitas ou de fazer coisas ilícitas. 
 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos 
que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente 
impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa 
ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou 
contraditórias. 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as 
condições impossíveis, quando resolutivas, e 
as de não fazer coisa impossível. 
 
2) Quanto à licitude 
 
As partes podem estabelecer qualquer condição 
que não seja proibida em lei,contrária à ordem 
pública ou aos bons costumes. Sendo ainda 
proibida a condição que priva todo o efeito do 
negócio jurídico ou esteja no puro arbítrio de 
uma das partes. 
 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as 
condições não contrárias à lei, à ordem 
pública ou aos bons costumes; entre as 
condições defesas se incluem as que 
privarem de todo efeito o negócio jurídico, 
ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das 
partes. 
 
Não se podem estabelecer condições ilícitas, 
tais como: recompensa se a pessoa viver em 
concubinato, entregar-se à prostituição, furtar 
certo bem; se casado, dispensar os deveres de 
coabitação e fidelidade mútua; mudar de 
religião, sair do emprego etc. 
 
No caso de casamento é ilícita se exigir 
situação absoluta – proibido casar ou 
necessário manter a condição de viúva – mas 
se for relativa é permitida – proibido casar com 
certa pessoa. 
 
3) Quanto à natureza 
 
Serão condições necessárias se for inerente da 
natureza do negócio jurídico, não sendo 
classificada como uma condição tecnicamente – 
somente vende um imóvel se for com escritura 
pública. 
 
Voluntárias são as condições que derivam da 
vontade das partes, são as condições autênticas. 
 
4) Quanto à participação dos sujeitos 
 
• Casual – se o evento depender de caso 
fortuito ou força maior – chuva, eclipse, 
neve etc. 
• Potestativa – se decorrer da vontade de 
apenas uma das partes; 
o Puramente potestativa – se decorrer 
do arbítrio ou capricho de uma das 
partes, sem influência de qualquer fator 
 
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externo – “dou tal coisa se eu quiser” – 
PROIBIDA, art. 122, última parte. 
o Simplesmente potestativa – dependem 
de certo ato ou circunstância – “dou 
uma soma em dinheiro à um piloto de 
corrida se ele chegar à Fórmula 1” – 
são admitidas pela legislação brasileira 
por que não dependem exclusivamente 
de um capricho e sim de fatores 
externos. 
• Mistas – dependem simultaneamente da 
vontade de uma das partes e de terceiro – 
“dar-te-ei uma casa se casares com 
Fulana”. 
• Promiscua – são as condições que de início 
são simplesmente potestativa, mas surge um 
fato externo, alheio, que torna a execução 
difícil ou impossível – “dou-te um carro se 
jogar a próxima temporada de Tênis e no 
meio desta temporada e o jogador machuca 
as costas impossibilitando jogar a próxima 
temporada”. 
 
5) Quanto ao Modo de Atuação 
 
Suspensiva – estabelece-se a condição e o ato 
não acontece até que a condição futura e incerta 
seja realizada – “darei uma viagem à Disney se 
tirar nota máxima em todas as provas”. 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do 
negócio jurídico à condição suspensiva, 
enquanto esta se não verificar, não se terá 
adquirido o direito, a que ele visa. 
 
Caso uma parte estabeleça uma condição 
suspensiva sobre um bem e enquanto estiver 
pendente a realização do ato realizar negócio 
com outra pessoa sobre o bem, caso o novo 
negócio seja incompatível com o encargo, o 
novo negócio será nulo. 
 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa 
sob condição suspensiva, e, pendente esta, 
fizer quanto àquela novas disposições, estas 
não terão valor, realizada a condição, se 
com ela forem incompatíveis. 
 
Resolutiva – será a condição que se caso ocorra 
extingue o negócio jurídico praticado – 
“doação de um bem com condição resolutiva 
de que se casar com tal pessoa a doação se 
desfaz e o beneficiário casa-se com a pessoa, 
extingue-se a doação”. Contudo, salvo 
disposição em contrário, a extinção do negócio 
jurídico não atinge uma os atos praticados, por 
exemplo, os alugueres pagos ao possuidor 
durante a não materialização da condição 
resolutiva. 
 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, 
enquanto esta se não realizar, vigorará o 
negócio jurídico, podendo exercer-se desde 
a conclusão deste o direito por ele 
estabelecido. 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, 
extingue-se, para todos os efeitos, o direito 
a que ela se opõe; mas, se aposta a um 
negócio de execução continuada ou 
periódica, a sua realização, salvo 
disposição em contrário, não tem eficácia 
quanto aos atos já praticados, desde que 
compatíveis com a natureza da condição 
pendente e conforme aos ditames de boa-fé. 
 
Caso a condição estabelecida não seja cumprida 
porque maliciosamente o beneficiário manipula 
para não acontecer, entender-se-á cumprida; ou, 
caso dolosamente se manipule certa situação 
para preencher a condição, entender-se-á não 
cumprida. 
 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos 
efeitos jurídicos, a condição cujo 
implemento for maliciosamente obstado pela 
parte a quem desfavorecer, considerando-
se, ao contrário, não verificada a condição 
maliciosamente levada a efeito por aquele a 
quem aproveita o seu implemento. 
 
O beneficiário de direitos, nas hipóteses de 
condição suspensiva ou resolutiva, pode 
praticar os atos de conservação da coisa. 
 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos 
casos de condição suspensiva ou resolutiva, 
é permitido praticar os atos destinados a 
conservá-lo. 
 
2.4.3.2 Termo 
 
O termo é uma data pré-determinada pela parte 
para que inicie ou termine a eficácia de um 
negócio jurídico. 
 
 
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O Termo é um elemento acidental, estabelecido 
pelas partes, que condiciona a eficácia do 
negócio jurídico a um evento futuro e certo. 
 
Importante: pode ou não ter data certa no 
calendário para começar ou terminar, pois o 
que importa é se o evento é certo ou não, 
como por exemplo, herda-se esse bem quando 
o ascendente morrer; a morte será um evento 
certo, mas ninguém saberá a data do 
calendário que o evento acontecerá. 
 
O termo pode ser: 
 
• De Direito – estabelecido pela lei; 
• De Graça – dilação de prazo ao devedor, 
estabelecido pelo magistrado ou parte; 
 
• Inicial ou Suspensivo (dies a quo) – 
quando é fixada a data em que o negócio 
jurídico deve começar o seu exercício do 
direito, mas a sua aquisição opera-se na data 
da celebração – contrato de locação de 
imóvel celebrado no dia 25 para início da 
locação no 1º dia do mês subseqüente. 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o 
exercício, mas não a aquisição do direito. 
 
• Final, peremptório ou Resolutivo (dies ad 
quem) – data fixada pelas partes para 
terminar os efeitos do negócio jurídico, 
extinguindo as obrigações dele oriundas – 
contrato de locação com prazo de duração 
de 01 ano. 
 
Diante da semelhança entre o termo inicial e 
final com as condições suspensivas e 
resolutivas, aplica-se as regras das condições 
aos termos, no que couber. 
 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, 
no que couber, as disposições relativas à 
condição suspensiva e resolutiva. 
 
 
Importante: não se pode confundir Termo 
com Prazo. Termo é uma data futura e certa. 
Prazo é um lapso de tempo, um intervalo 
temporal entre o dies a quo e o dies ad quem. 
 
Art. 132. Salvo disposição legal ou 
convencional em contrário, computam-se os 
prazos, excluído o dia do começo, e incluído 
o do vencimento. 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, 
considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, 
o seu décimo quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no 
dia de igual número do de início, ou no 
imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4o Os prazos fixados porhora contar-se-
ão de minuto a minuto. 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o 
prazo em favor do herdeiro, e, nos 
contratos, em proveito do devedor, salvo, 
quanto a esses, se do teor do instrumento, 
ou das circunstâncias, resultar que se 
estabeleceu a benefício do credor, ou de 
ambos os contratantes. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, 
sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo 
se a execução tiver de ser feita em lugar 
diverso ou depender de tempo. 
 
2.4.3.3 Encargo ou Modo 
 
O Modo ou Encargo é um elemento acidental 
acessório que impõe um ônus ou uma obrigação 
à pessoa natural ou jurídica que seja 
beneficiada por, em regra, uma doação, um 
testamento, por uma promessa de recompensa 
ou em outras declarações unilaterais. 
 
É a hipótese de que a pessoa recebe em doação 
um terreno, mas possui o encargo de construir 
um orfanato ou cuidar de uma determinada 
pessoa, animal de estimação ou coisa. 
 
O encargo não suspende a aquisição nem o 
exercício de um direito, salvo se estiver 
expressamente determinado no negócio jurídico 
como condição suspensiva. Dessa forma, 
aberta a sucessão o herdeiro logo tem a posse e 
a transmissão do bem, mas devem cumprir o 
encargo para não perder a liberalidade. 
 
Art. 136. O encargo não suspende a 
aquisição nem o exercício do direito, salvo 
quando expressamente imposto no negócio 
jurídico, pelo disponente, como condição 
suspensiva. 
 
Exemplo: 
 
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Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir 
os encargos da doação, caso forem a 
benefício do doador, de terceiro, ou do 
interesse geral. 
Parágrafo único. Se desta última espécie for 
o encargo, o Ministério Público poderá 
exigir sua execução, depois da morte do 
doador, se este não tiver feito. 
 
Caso o encargo seja considerado ilícito ou 
impossível, a lei considera que não foi escrito, 
persistindo o negócio jurídico. Contudo se o 
encargo ilícito for o motivo da liberalidade 
invalida o negócio jurídico – deixa-se uma casa 
com o encargo de montar um prostíbulo. 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o 
encargo ilícito ou impossível, salvo se 
constituir o motivo determinante da 
liberalidade, caso em que se invalida o 
negócio jurídico. 
 
2.5 Defeitos do Negócio Jurídico 
 
Todos os Doutrinadores Civilistas corroboram 
do entendimento de que a vontade é elemento 
essencial dos negócios jurídicos. 
 
É sobre o escudo da real vontade das partes que 
se estabelecem os negócios jurídicos, mas se a 
vontade não é manifestada de forma livre e 
consciente, tem-se uma vontade viciada. 
 
O Código Civil combate com a anulabilidade os 
Vícios dos Negócios Jurídicos. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente 
declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
(...) 
II - por vício resultante de erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão ou fraude 
contra credores. 
 
A parte interessada possui prazo decadencial de 
quatro anos para pleitear a anulação dos 
negócios jurídicos que contenham vícios, sendo 
contado este prazo: 
• Coação – do dia em que ela cessar; 
• Erro, dolo, fraude contra credores, 
estado de perigo e lesão – do dia em que se 
realizou o negócio jurídico. 
 
Com exceção da fraude contra credores, os 
demais são chamados de Vícios do 
Consentimento, pois expressam uma vontade 
que não reflete a real intenção do sujeito. 
 
A fraude contra credores não é um vício de 
consentimento porque ela reflete a real vontade 
do sujeito de prejudicar direitos de terceiros ou 
violar a lei, sendo considerada um Vício Social. 
 
Vícios do Consentimento 
 
2.5.1 Erro 
 
O erro é a falsa idéia que se tem da realidade. 
 
O Código Civil equiparou o erro à ignorância, 
compreendendo esta o completo 
desconhecimento da realidade. 
 
Os negócios jurídicos que são realizados com 
erro são anuláveis, mas somente o erro 
substancial, escusável e real. 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios 
jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia 
ser percebido por pessoa de diligência 
normal, em face das circunstâncias do 
negócio. 
 
O erro escusável é o erro desculpável, ou seja, a 
parte deveria ter ser apercebido do erro com 
uma conduta diligente, caso não tenha o erro 
será inescusável. 
 
O erro substancial compreende o erro sobre a 
aspectos relevantes do negócio a ponto de que 
em se conhecendo a realidade o negócio não 
seria realizado, compreendendo: 
• Error in ipso negotio – referente à natureza 
do negócio celebrado – contrato de compra 
e venda que se imagina ser uma doação. 
• Error in ipso corpore – quando o erro recai 
sobre o objeto principal da declaração de 
vontade do negócio – pessoa pensa estar 
adquirindo um quadro de Picasso e na 
realidade é de outro artista. 
 
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• Error in corpore – quando o erro incide 
sobre a qualidade do objeto – adquire um 
colar pensando ser de Aqua Marine e na 
realidade é de Topázio Azul. 
• Error in persona – quando o erro recair 
sobre as qualidades essenciais da pessoa 
(físicas ou morais) – pessoa deixa bens em 
testamento para filho e depois se vislumbra 
que o beneficiário não é seu filho. 
• Error juris – o erro de direito, não 
importando em recusa da lei, pode se dar 
quando a pessoa desconhece a norma local 
ou que a norma não é mais válida – pessoa 
adquire um imóvel residencial urbano, mas 
ignora que o tamanho referido imóvel é 
inferior a um módulo urbano, não podendo, 
dessa forma ser fracionado para venda. 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao 
objeto principal da declaração, ou a alguma 
das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade 
essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha 
influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando 
recusa à aplicação da lei, for o motivo único 
ou principal do negócio jurídico. 
 
• Falso motivo - em regra, não anula um 
negócio jurídico – faz-se um investimento 
acreditando na valorização da área urbana 
adquirida, não valorizando não se invalida 
o negócio; anulará apenas quando expresso 
no negócio como condição determinante – 
venda de um comércio que apresenta um 
faturamento e depois se descobre que esse 
faturamento mensal não era real. 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a 
declaração de vontade quando expresso 
como razão determinante. 
 
 
• Transmissão de vontade – caso a pessoa 
utilize meios para transmitir a sua vontade e 
esses meios falharem ou não transmitirem 
de forma adequada a vontade, pode ser a 
anulada, desde que o erro seja substancial 
ao negócio – transmissão via fac-símile, e-
mail, rádio e congêneres, que no momento 
falham apresentando uma vontade diversa. 
 
 Art. 141. A transmissão errônea da vontade 
por meios interpostos é anulável nos 
mesmos casos em que o é a declaração 
direta. 
 
Não se anulará as vontades: 
 
• Erro acidental - Indicação da pessoa ou 
coisa errada, mas que facilmente se 
consegue identificar a coisa ou pessoa 
correta – detalhe na grafia do nome da 
pessoa indicada. 
 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou 
da coisa, a que se referir a declaração de 
vontade, não viciará o negócio quando, por 
seu contexto e pelas circunstâncias, se 
puder identificar a coisa ou pessoa 
cogitada. 
 
• Erro de cálculo(erro in quantitate e erro 
de calculo) – não anula a vontade, apenas 
determina a retificação – erros aritméticos 
ou de peso ou medida. 
 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza 
a retificação da declaração de vontade. 
 
• Cumprimento da vontade – Também não 
prejudica a vontade quando em erro se 
estabelece determinada coisa, mas na 
entrega da coisa a outra parte cumpre a 
obrigação nos termos da vontade – no 
contrato de compra e venda de um imóvel 
condominial se estabelece que a fração 
ideal do apartamento 01 do sétimo andar 
será do adquirente, mas no contrato consta 
o 01 do sexto andar, hipótese que o erro 
que invalida o negócio, mas o proponente 
entrega o 01 do sétimo, confirmando a 
vontade. 
 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do 
negócio jurídico quando a pessoa, a quem a 
manifestação de vontade se dirige, se 
oferecer para executá-la na conformidade 
da vontade real do manifestante. 
2.5.2 Dolo 
 
É a vontade livre e consciente de induzir 
alguém à prática de ato que lhe é prejudicial, 
 
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mas que aproveita ao autor do dolo ou a 
terceiro. 
 
Quando o negócio jurídico for concluído com 
dolo, este será anulável. 
 
Art. 145. São os negócios jurídicos 
anuláveis por dolo, quando este for a sua 
causa. 
 
O Dolo pode ser dividido: 
 
• Dolus bônus – dolo tolerável pelo Direito, 
não induzindo a anulabilidade – exagero 
nas qualidades; dissimulação de defeitos; 
não pode o comerciante enganar o 
consumidor, viole o princípio da boa-fé. 
 
• Dolus Malus – o real dolo, combatido pelo 
Direito. 
 
• Dolo acidental – é a espécie de dolo que 
leva a vítima a realizar um negócio jurídico 
em condições mais onerosas ou menos 
vantajosas, não acarretando a anulação do 
negócio apenas indenização – vendedor 
aplica índice diverso do legal ou 
contratualmente estabelecido. 
 
 Art. 146. O dolo acidental só obriga à 
satisfação das perdas e danos, e é acidental 
quando, a seu despeito, o negócio seria 
realizado, embora por outro modo. 
 
• Dolo omissivo ou negativo – quando uma 
parte oculta algo essencial do negócio 
jurídico que a outra parte deveria saber para 
a consubstanciação – contração de seguro 
de vida omitindo moléstia grave que 
acarreta o falecimento do segurado. 
 
 Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, 
o silêncio intencional de uma das partes a 
respeito de fato ou qualidade que a outra 
parte haja ignorado, constitui omissão 
dolosa, provando-se que sem ela o negócio 
não se teria celebrado. 
 
• Dolo de terceiro – somente será anulável se 
uma das partes sabia do dolo feito por 
terceiro e deixou de comunicar a outra 
parte, caso contrário apenas acarretará 
direito indenizatório – terceiro afirma que 
determinada obra de arte é de Portinari e o 
vendedor, ouvindo o absurdo, não orienta o 
comprador sobre a obra ser uma réplica, 
neste caso será anulável o negócio jurídico. 
 
Art. 148. Pode também ser anulado o 
negócio jurídico por dolo de terceiro, se a 
parte a quem aproveite dele tivesse ou 
devesse ter conhecimento; em caso 
contrário, ainda que subsista o negócio 
jurídico, o terceiro responderá por todas as 
perdas e danos da parte a quem ludibriou. 
 
• Dolo do representante legal (pai, mãe, 
tutor, curador) – somente obriga o 
representado até o limite que aproveitou do 
dolo, pois foi a lei que elegeu o 
representante, não se podendo punir o 
representado. 
 
• Dolo do representante convencional – 
obriga o representante e o representado 
perante a parte que de boa-fé fez o negócio, 
havendo ação de regresso contra o 
representante, se o representado não foi 
cúmplice – aplicação da culpa in eligendo e 
in vigilando. 
 
Art. 149. O dolo do representante legal de 
uma das partes só obriga o representado a 
responder civilmente até a importância do 
proveito que teve; se, porém, o dolo for do 
representante convencional, o representado 
responderá solidariamente com ele por 
perdas e danos. 
 
• Dolo de ambas as partes – não há anulação 
do negócio jurídico, nem indenização, se 
ambas as partes agem com dolo. 
 
Art. 150. Se ambas as partes procederem 
com dolo, nenhuma pode alegá-lo para 
anular o negócio, ou reclamar indenização. 
 
2.5.3 Coação 
 
A coação é caracterizada pela violência 
psicológica para viciar a vontade. “Coação é 
toda ameaça ou pressão exercida sobre um 
 
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individuo para forçá-lo, contra a sua vontade, 
a praticar um ato ou realizar um negócio” 11. 
 
Requisitos para a Coação: 
Causa do ato – deve haver elemento de 
causalidade entre o ato coator e a obtenção do 
negócio jurídico. 
Deve ser grave – o ato deve ser feito de tal 
intensidade que a parte coagida não tenha 
alternativa senão firmar o negócio jurídico, 
atingindo a pessoa, a família ou aos seus bens. 
Caso a coação seja exercida sobre pessoa não 
membro da família do coagido, o juiz decidirá 
sobre a coação. 
 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração 
da vontade, há de ser tal que incuta ao 
paciente fundado temor de dano iminente e 
considerável à sua pessoa, à sua família, ou 
aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa 
não pertencente à família do paciente, o 
juiz, com base nas circunstâncias, decidirá 
se houve coação. 
 
O caso concreto determinará a existência ou 
não da coação, não se levando em consideração 
o homem médio, pois em determinadas 
circunstâncias o homem médio não se sentirá 
coagido. 
 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão 
em conta o sexo, a idade, a condição, a 
saúde, o temperamento do paciente e todas 
as demais circunstâncias que possam influir 
na gravidade dela. 
 
A coação somente existirá se houver ameaça de 
realização de coisa ilícita; não sendo também 
coação o simples temor reverencial – temor de 
desgostar os pais, chefes religiosos. 
 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça 
do exercício normal de um direito, nem o 
simples temor reverencial. 
 
Coação exercida por terceiro vicia o negócio 
jurídico, se a parte sabe ou deveria saber da 
coação, ensejando responsabilidade solidária do 
terceiro coator e da parte que aproveita. Caso a 
 
11 GONÇALVES, Carlos Roberto. SINOPSES 
JURÍDICAS – Direitos Civil – Parte Geral. SARAIVA, 
2003, pg. 137. 
parte que aproveita da coação do terceiro 
desconheça ou não deveria saber da coação o 
negócio jurídico permanece válido. 
 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação 
exercida por terceiro, se dela tivesse ou 
devesse ter conhecimento a parte a que 
aproveite, e esta responderá solidariamente 
com aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a 
coação decorrer de terceiro, sem que a 
parte a que aproveite dela tivesse ou 
devesse ter conhecimento; mas o autor da 
coação responderá por todas as perdas e 
danos que houver causado ao coator. 
 
2.5.4 Estado de Perigo 
 
O estado de perigo, equiparando-se ao estado 
de necessidade, ocorre quando, em virtude de 
uma situação grave de perigo iminente e 
conhecido pela outra parte, que incidirá sobre a 
pessoa ou a alguém de sua família, esta assume 
obrigação excessivamente onerosa com intuito 
de evitá-la. 
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo 
quando alguém, premido da necessidade de 
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de 
gravedano conhecido pela outra parte, 
assume obrigação excessivamente onerosa. 
 
O Código Civil determina a anulabilidade do 
negócio jurídico quando incidente o estado de 
perigo, por entender o legislador que nesta 
hipótese a vítima não se encontra em condição 
psicológica de declarar livremente a sua 
vontade. 
 
Caso o estado de perigo recaia sobre pessoa não 
pertencente à família ainda pode ser o negócio 
jurídico anulado, sendo necessário o crivo do 
magistrado. 
 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não 
pertencente à família do declarante, o juiz 
decidirá segundo as circunstâncias. 
 
2.5.5 Lesão 
 
Constitui a lesão quando uma parte obtém lucro 
exagerado e desproporcional, aproveitando-se 
 
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da inexperiência ou da necessidade da outra 
parte. 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma 
pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das 
prestações segundo os valores vigentes ao 
tempo em que foi celebrado o negócio 
jurídico. 
 
Dois são os elementos essenciais da lesão: 
Objetivo – manifesta desproporção ao valor da 
prestação oposta; 
Subjetivo – inexperiência ou estado de 
necessidade da pessoa. 
 
Presentes os dois requisitos o contrato é 
passível de anulação. Dessa forma, mesmo que 
o beneficiado não tenha conhecimento da 
inexperiência ou do estado de necessidade da 
pessoa, ainda sim o negócio pode ser anulado, 
pois o legislador pátrio optou por ma postura 
protetiva e não punitiva. 
 
Caso o lesado receba um complemento da 
obrigação ou uma redução na contraprestação 
desproporcional, o negócio jurídico não será 
anulado. 
 
§ 2o Não se decretará a anulação do 
negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito. 
 
Vício Social 
2.5.6 Fraude Contra Credores 
 
A fraude contra credores não é considerada um 
vício do consentimento, pois nestes as partes 
realizam um negócio jurídico que na realidade 
não repercute a sua real vontade. 
 
Na fraude contra credores, as partes realizam 
um negócio jurídico expressando a sua real 
vontade, mas esta é com o objetivo de 
prejudicar terceiros, ou seja, os credores, por 
isso é que a Fraude contra Credores é 
considerada um Vício Social. 
 
Configura-se a fraude contra credores quando o 
devedor insolvente ou que em virtude dos 
negócios jurídicos de transmissão de bens ficar 
insolvente, pois esses negócios jurídicos ferem 
o princípio da responsabilidade patrimonial. 
 
Caso o patrimônio seja suficiente com folga 
para saldar dívidas, ou seja, o devedor seja 
solvente, ele pode dispor livremente do seu 
patrimônio. 
 
2.5.6.1 Hipóteses Legais 
 
Tanto nas transmissões onerosas como nas 
gratuitas pode ocorrer a fraude contra credores. 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão 
gratuita de bens ou remissão de dívida, se 
os praticar o devedor já insolvente, ou por 
eles reduzido à insolvência, ainda quando o 
ignore, poderão ser anulados pelos credores 
quirografários, como lesivos dos seus 
direitos. 
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja 
garantia se tornar insuficiente. 
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo 
daqueles atos podem pleitear a anulação 
deles. 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os 
contratos onerosos do devedor insolvente, 
quando a insolvência for notória, ou houver 
motivo para ser conhecida do outro 
contratante. 
 
Há fraude, também, quando um credor 
quirografário12 de dívida não vencida recebe do 
devedor insolvente; ficará o credor obrigado a 
repor ao acervo o que recebeu, pois a intenção 
da lei é colocar todos os credores em pé de 
igualdade. Caso a dívida já estiver vencida o 
pagamento é considerado normal. 
 
Art. 162. O credor quirografário, que 
receber do devedor insolvente o pagamento 
da dívida ainda não vencida, ficará 
obrigado a repor, em proveito do acervo 
sobre que se tenha de efetuar o concurso de 
credores, aquilo que recebeu. 
 
 
12 Credor quirografário – É o credor que não possui 
direito real de garantia,seus créditos estão representados 
por títulos advindos das relações obrigacionais. Ex: os 
cheques, as duplicatas, as promissórias. 
 
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A fraude também existe quando o devedor 
insolvente dá garantia de dívida (hipoteca, 
penhor, anticrese) privilegiando algum credor. 
Não se invalida o negócio nessa hipótese, 
apenas a garantia. 
 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos 
direitos dos outros credores as garantias de 
dívidas que o devedor insolvente tiver dado 
a algum credor. 
(...) 
Art. 165. 
Parágrafo único. Se esses negócios tinham 
por único objeto atribuir direitos 
preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou 
anticrese, sua invalidade importará somente 
na anulação da preferência ajustada. 
 
Contudo serão considerados de boa-fé os 
negócios ordinários praticados pelo devedor 
insolvente – por exemplo, um comerciante 
insolvente pode vender mercadorias de sua 
loja, estando vedado a vender o 
estabelecimento comercial. 
 
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e 
valem os negócios ordinários indispensáveis 
à manutenção de estabelecimento mercantil, 
rural, ou industrial, ou à subsistência do 
devedor e de sua família. 
 
Caso o adquirente não tenha pagado pelos bens 
que o devedor insolvente o vendeu, o negócio 
jurídico poderá ser válido se depositar o real 
valor da coisa em juízo e solicitar a citação de 
todos os interessados. 
 
Art. 160. Se o adquirente dos bens do 
devedor insolvente ainda não tiver pago o 
preço e este for, aproximadamente, o 
corrente, desobrigar-se-á depositando-o em 
juízo, com a citação de todos os 
interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, 
para conservar os bens, poderá depositar o 
preço que lhes corresponda ao valor real. 
 
2.5.6.2 Ação Anulatória ou Pauliana 
 
O Código Civil determina que em caso de 
fraude contra credores pode-se pleitear a 
anulação dos negócios jurídicos mediante a 
ação revocatória ou pauliana, devendo 
obedecer os seguintes requisitos: 
• Ser o crédito do autor anterior ao ato 
fraudulento; 
• Que o ato que se pretenda revogar tenha 
causado prejuízos; 
• Que haja a intenção de fraudar, presumida 
pela consciência do estado de insolvência; 
• Prova da insolvência; 
 
O principal objetivo da ação pauliana é revogar 
os negócios jurídicos lesivos aos interesses dos 
credores, por isso pode ser proposta pelos 
interessados contra o devedor insolvente, contra 
a pessoa com que ele celebrou a estipulação 
considerada fraudulenta ou adquirentes de má-
fé, retornando os bens ao patrimônio do 
devedor, para que possam satisfazer os débitos 
contraídos. 
 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 
159, poderá ser intentada contra o devedor 
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a 
estipulação considerada fraudulenta, ou 
terceiros adquirentes que hajam procedido 
de má-fé. 
(...) 
Art. 165. Anulados os negócios 
fraudulentos, a vantagem resultante 
reverterá em proveito do acervo sobre que 
se tenha de efetuar o concurso de credores. 
 
2.6 Nulidade dos Negócios Jurídicos 
 
A expressão nulidade dos negócios jurídicos 
contempla a nulidade e a anulabilidade, sendo 
empregada para designar os negóciosjurídicos 
que não produzem os efeitos desejados pelas 
partes. 
 
A nulidade será dividida em nulidade absoluta e 
relativa. 
 
2.6.1 Nulidade Absoluta 
 
São as situações que a legislação determina que 
não produzem qualquer efeito jurídico por 
ofenderem gravemente princípios da ordem 
pública. Não terão eficácia para o Direito os 
atos eivados de nulidade absoluta – em regra 
são os negócios jurídicos que possuem vícios 
nos elementos essenciais, ou ainda, que 
 
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21
possuam os elementos essenciais são praticados 
com o objetivo de fraudar lei imperativa 
(simulação); ou ainda os que a lei impõe a 
nulidade taxativamente; ou proíbe a sua prática, 
sem cominar sansão de outra natureza, diversa 
da nulidade – exemplos: 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente 
incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável 
o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas 
as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a 
lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei 
imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou 
proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico 
simulado, mas subsistirá o que se 
dissimulou, se válido for na substância e na 
forma. 
(...) 
Art. 168. As nulidades dos artigos 
antecedentes podem ser alegadas por 
qualquer interessado, ou pelo Ministério 
Público, quando lhe couber intervir. 
Parágrafo único. As nulidades devem ser 
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do 
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as 
encontrar provadas, não lhe sendo 
permitido supri-las, ainda que a 
requerimento das partes. 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é 
suscetível de confirmação, nem convalesce 
pelo decurso do tempo. 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo 
contiver os requisitos de outro, subsistirá 
este quando o fim a que visavam as partes 
permitir supor que o teriam querido, se 
houvessem previsto a nulidade. 
 
Exemplos na parte especial: 
 
Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o 
credor pignoratício13, anticrético14 ou 
hipotecário15 a ficar com o objeto da 
 
13 Credor pignoratício – É o credor que possui direito real 
de garantia exercitável sobre bem móvel. 
14 Credor anticrético – É o credor que possui direito real 
de garantia exercitável sobre rendas. 
15 Credor hipotecário – É o credor que possui direito real 
de garantia exercitável sobre bem imóvel ou bens 
móveis, que por exceção, estão sujeito a hipoteca (navio, 
aeronave). 
garantia, se a dívida não for paga no 
vencimento. 
 
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I - pelo enfermo mental sem o necessário 
discernimento para os atos da vida civil; 
II - por infringência de impedimento. 
 
Atenção: A Nulidade Absoluta é uma 
penalidade imposta pela norma, quando o 
sujeito não observa a sua previsão. Um 
Negócio Jurídico Nulo é como se nunca 
tivesse existido para o Direito – efeito ex 
tunc16. 
 
Sabiamente assevera ainda a Professora Maria 
Helena Diniz17: 
 
“A causa dessa sanção deve ser 
contemporânea ao negócio, pois são 
inadmissíveis motivos de nulidade baseados 
em circunstâncias posteriores, surgidas no 
curso as vida contratual.” 
 
2.6.2 Nulidade Relativa ou Anulabilidade 
 
São os atos jurídicos passíveis de anulação, pois 
estão presentes vícios que podem ensejar a sua 
invalidade, contudo esses vícios podem ser 
eliminados, restabelecendo a normalidade18. 
 
Atenção: A decretação de anulabilidade feita 
pelo Juiz opera-se ex-nunc, produzindo o 
negócio jurídico efeitos até este momento. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente 
declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão ou fraude 
contra credores. 
Art. 172. O negócio anulável pode ser 
confirmado pelas partes, salvo direito de 
terceiro. 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter 
a substância do negócio celebrado e a 
vontade expressa de mantê-lo. 
 
16 Excepciona-se esta regra o casamento putativo – boa-fé 
de uma ou ambas as partes. 
17 DINIZ, Maria Helena; idem, ibidem; p. 556. 
18 BEVILÁQUA, Clóvis; Teoria Geral do Direito Civil. 
4ª ed.; 1972. 
 
Oficial Escrevente do Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul 
Prof° Ahyrton Lourenço 
Direito Civil 
Parte IV 
 
 
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Art. 174. É escusada a confirmação 
expressa, quando o negócio já foi cumprido 
em parte pelo devedor, ciente do vício que o 
inquinava. 
Art. 175. A confirmação expressa, ou a 
execução voluntária de negócio anulável, 
nos termos dos arts. 172 a 174, importa a 
extinção de todas as ações, ou exceções, de 
que contra ele dispusesse o devedor. 
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato 
resultar da falta de autorização de terceiro, 
será validado se este a der posteriormente. 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito 
antes de julgada por sentença, nem se 
pronuncia de ofício; só os interessados a 
podem alegar, e aproveita exclusivamente 
aos que a alegarem, salvo o caso de 
solidariedade ou indivisibilidade. 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de 
decadência para pleitear-se a anulação do 
negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela 
cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, 
estado de perigo ou lesão, do dia em que se 
realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que 
cessar a incapacidade. 
Art. 179. Quando a lei dispuser que 
determinado ato é anulável, sem estabelecer 
prazo para pleitear-se a anulação, será este 
de dois anos, a contar da data da conclusão 
do ato. 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito 
anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se 
dolosamente a ocultou quando inquirido 
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-
se, declarou-se maior. 
 
Disso tem-se que a anulabilidade pode ocorrer: 
 
• Se praticados por relativamente incapazes; 
 
• Se praticados com vício resultante de erro, 
dolo, coação, estado de perigo, lesão ou 
fraude contra credores. 
 
• Se a lei assim o declarar, levando em 
consideração condições particulares, por 
exemplo: 
 
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos 
atos praticados sem outorga, sem 
consentimento, ou sem suprimento do juiz, 
só poderá ser demandada pelo cônjuge a 
quem cabia concedê-la, ou por seus 
herdeiros. 
 
 
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o 
representado, é anulável o negócio jurídico 
que o representante, no seu interesse ou por 
conta de outrem, celebrar consigo mesmo. 
 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima 
para casar; 
II - do menor em idade núbil, quando não 
autorizado por seu representante legal; 
III - por vício da vontade, nos termos dos 
arts. 1.556 a 1.558; 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, 
de modo inequívoco, o consentimento; 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele 
ou o outro contraente soubesse da 
revogação do mandato, e não sobrevindo 
coabitação entre os cônjuges; 
VI - por incompetência da autoridade 
celebrante. 
 
2.6.3 Efeitos da Nulidade 
 
Tanto a nulidade como a anulabilidade visam 
tornar o negócio jurídico que contém defeito 
nulidificador inoperante, respeitando os efeitos 
ex tunc

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