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TURISMO História do Ceará

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Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Técnico em Turismo
História do Ceará
Governador
Vice Governador
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Cid Ferreira Gomes
Francisco José Pinheiro
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Coordenadora de Desenvolvimento da Escola
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs
Thereza Maria de Castro Paes Barreto
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
HISTÓRIA DO CEARÁ
A DESCOBERTA
A historia do Ceará propriamente dito tem inicio em 1603 com tentativa de colonização empreendida
pelo açoriano Pero de Coelho de Souza. No entanto, é fato conhecido e reconhecido pela historiografia
nacional a possível aportagem de espanhóis no litoral cearense, antes mesmo da descoberta do Brasil
por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500.
Esse evento teria se dado em torno do dia 02 de fevereiro daquele ano e protagonizado por uma frota
sob o comando do navegador Vicente Yanes Pizón, companheiro de Cristovão Colombo na viagem de
descoberta da América. Além dessa, outra frota sob o comando de Diogo de Lepe, também espanhol,
teria tocado o litoral cearense antes de Cabral apontar a Bahia.
Existem muitas controvérsias quanto ao local onde teria se dado a aportagem. Na verdade, ele teria
tocado o litoral do Ceará por duas vezes. Para Capistrano de Abreu, teria sido no cabo de Santo
Agostinho, em Pernambuco. Já o Rio Branco esposa a tese de ter sido a ponta do calcanhar, no Rio
Grande do Norte. Thomáz Pompeu, com quem Raimundo Girão concorda, aponta ser o local conhecido
por Jabarana ou Ponta Grossa, no município de Aracati, aquele teria sido batizado de Santa Maria de La
Consolación, e a enseada do Mucuripe como segundo ponto de parada de Pizón. Segundo ele, seria o
Mucuripe que Diogo de Lepe, seguindo o rastro de Pizón, teria batizado de Rostro Hermoso. Para
Varnhagem, o Santa Maria de La Consolación seria a enseada do Mucuripe e o Rostro Hermoso estaria
situado na praia de Jericoacoara, próximo à foz do rio Acaraú.
Os espanhóis, no entanto não puderam tomar posse da nova terra em respeito ao Tratado de
Tordesilhas, firmado em 1494, entre os reis de Portugal e Espanha, dividindo as regiões descobertas e a
descobrir, entre os dois soberanos.
INICIO DA COLONIZAÇÃO
Após a descoberta e posse do Brasil pelos holandeses, esses não se mostraram, a princípio, muito
interessados na sua colonização, comportamento que obedecia a razões de ordem econômica: o
comércio com o Oriente se mostrava mais interessante e, no Brasil, não se tinha detectado a existência
de metais preciosos, além de não haver uma população organizada que se pudesse tributar. Anos
depois a coroa portuguesa se veria obrigada a mudar de atitude, em face à crise do comércio oriental e
do risco de perder o Brasil para as nações que só tardiamente ingressaram na corrida maritimo-
comercial, no caso, França, Inglaterra e países baixos (Holanda).
O Brasil foi divido em capitanias hereditárias, que foram cedidas a particulares, visando dividir o peso da
colonização com a iniciativa privada.
O território que viria a ser mais tarde o Ceará estava compreendido nas capitanias de Fernando Álvares
de Andrade, Antônio Cardoso de Barros, no 1° lote dos sócios João de Barros e Aires da Cunha e no 3°
lote da capitania de Pero Lopes de Souza. Afora Álvares de Andrade e os sócios João de Barros e Aires
da Cunha, que intentaram e explorar seus quinhões, numa frustrada iniciativa que iria custar a vida de
Aires da Cunha e a dos filhos de seu sócio, as terras do Ceará ficaram abandonadas: Antônio Cardoso
de Barros, em cuja capitania estava situada a maior parte do litoral cearense, sequer chegou a tomar
posse dela.
Resultou então que os portugueses não se interessando pela capitania, apenas costeando-a, sem
nunca nela oportar, deixaram-na exposta à presença de outros povos, principalmente franceses que
intentavam se fixar no maranhão. Traficavam madeiras e outros produtos como um âmbar, utilizado na
perfumaria. Faziam escambo com os índios, trocando quinquilharias por essas matérias primas.
Somente em 1603 é que ouve a primeira tentativa de colonização do Siará-Grande, pelo capitão-mor
Pero Coelho de Souza que, vindo da Paraíba, tencionava atingir o Maranhão por terra, seduzido por
notícias de riquezas nas regiões acima do Rio Grande. Abriu o caminho até a Ibiapaba, enfrentando os
Turismo – História do Ceará 1
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índios e os franceses, vendo-se, entretanto, forçado a recuar até rio que os índios chamavam de Siará,
instalando uma pequena povoação que chamou de Nova Lisboa, e que pretendia tornar a capital de
Nova Lisutânia. Veio, então, à Paraíba, em busca de reforços e da família. Nesse ínterim, seu preposto,
Simão Nunes, construiu uma fortificação tão frágil que se duvida de sua existência, que denominou de
São Tiago.
Voltando Pero Coelho para Nova Lisboa, aí não pôde permanecer por muito tempo, devido aos índios e
à seca de 1605/1607. Partindo na direção da foz do Jaguaribe, enfrentando terríveis flagelos, teve que
amargar a perda da maior parte de seus homens e de seus filhos. Retornando à Paraíba, não foi,
porém, ressarcido de seus prejuízos e veio a morrer pobremente em Lisboa. Se não foi coberta de êxito
a sua expedição, também não se pode afirmar que foi um fracasso absoluto, como observa Raimundo
Girão.
“ A empresa de Pero Coelho frustou-se, porém só em parte. Se não atingiu o Maranhão,
pôde utilizar o já, ............, perigoso enquistamento dos franceses no
Ceará..........,exordiou a exploração civilizadora, preparando o terreno para aquele que
considerando o fundador, Soares Moreno.” 
SOARES MORENO: FUNDADOR DO CEARÁ
Martim Soares Moreno veio pela primeira vez ao Ceará, anda muito jovem, na bandeira de Pero Coelho,
por determinação de seu tio Diogo de Campos Moreno, que instruiu o rapaz no sentido de aprender a
língua e os costumes dos índios. Em 1612 retornou ao Ceará na companhia do Padre Baltazar João
Correia com o fim de consolidar a posse portuguesa da Capitania, que vivia infestada de franceses
instalados na França Equinocial no Maranhão. Deu grande demonstração de coragem no enfrentamento
com os estrangeiros chegando a degolar no ano de sua chegada, mais de duzentos flibusteiros e enviar
para Portugal, três navios tomados àqueles, segundo afirma ele próprio em sua “Relação do Siará”. No
local onde Pero de Coelho instalou sua Nova Lisboa, na foz do rio Siará ergueu um fortim que chamou
de São Sebastião, contando com a ajuda do cacique Jacaúna. Em 1613 rumou com Jerônimo de
Albuquerque na direção do Maranhão no intuito de expulsar definitivamente os franceses daquela
região. Instalou-se na Jericoacoara (buraco das tartarugas) e, numa expedição de reconhecimento foi
arrastado até a ilha de São Domingos, de onde rumou para Servilha.
De volta ao Brasil, em 1615, participou da expulsão dos franceses e quando se dirigia ao Ceará foi
surpreendido por uma tempestade que o levou novamente a São Domingos. Quando conduzia alguns
navios para a Europa, foi feito prisioneiro por piratas que o levaram para a França onde foi condenado à
morte, sendo salvo pelo embaixador da Espanha. Em Portugal foi recompensado por seus serviços com
a concessão da capitania do Siará Grande, por dez anos. Aqui chegando, em 1621, refez o forte de São
Sebastião e dirigiu a Capitania com tranqüilidade, apesar das más condições advindas, principalmente o
fato da capitania estar sob jurisdiçãodo “ Estado do Maranhão”, que havia desmembrado do “ Estado
do Brasil”, apesar de sua maior proximidade com Pernambuco, onde mais uma vez se destacou como
grande soldado. Não mais voltou ao Ceará, mas seu nome foi imortalizado anos mais tarde pelo escritor
cearense José de Alencar, que talvez, inspirado por uma vida tão rica de aventuras de heroísmo,
colocou-o ao lado de Iracema.
“... a moça tabajara, com quem quebrava a flecha da paz, símbolo do conúbio racial que
gerou Moacir, o filho, aqui, da miscigenação luso-ameríndia.”
Iracema é, na verdade, um anagrama da palavra América, e, através desse romance, o escritor alude à
formação do novo continente pelo elemento ibérico, miscigenado ao indígena. Em Fortaleza existe um
monumento erigido na praia do Mucuripe em homenagem à obra de José de Alencar e, nele, os
membros inferiores da índia se encontram agigantados, numa referência á longas caminhadas que fazia
da lagoa de Messejana, onde se banhava a gruta de Ubajara, onde dormia.
Turismo – História do Ceará 2
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OS HOLANDESES NO CEARÁ: O SCHOONENBORCH
Vieram os holandeses movidos pela fragilidade da defesa da capitania e pela possibilidade de se obter
sal, âmbar e cultivar cana de açúcar. Além disso, corriam notícias da existência de prata na região.
Chegaram ao Ceará em 1637, sob o comando de George Gatsman e dominaram com facilidade o forte
português, defendido por mais de 30 homens armados. Nessa primeira fase os holandeses
permaneceram em torno de 7 anos; afora as salinas de Mossoró e Camocim e algumas espécies
vegetais úteis na Europa, viram-se frustrados em algumas das suas expectativas. Por tratarem mal os
indígenas estes revoltaram-se contra seu domínio, em 1644, matando toda a guarnição holandesa e
destruindo o forte, que se encontra registrado em uma pintura de Frans Post. Coma a queda do forte
construído por Soares Moreno, em 1612, a Barra do Ceará deixou de ser um ponto de fixação do
colonizador na capitania, pois novo posto se mostraria mais interessante ao europeu com a chegada do
holandês Matias Beck, em 1649, à frente de 298 homens, a serviço da Companhia das Índias
Ocidentais.
 No comando militar estava o major Joris Garstman, o mesmo que comandara a primeira invasão. O
local escolhido para fixar a fortificação, projetada pelo engenheiro Ricardo Caar, foi o monte ou duna,
chamado Marajaitiba ou Marajaituba, na linguagem Tupi, formada pela palavra Marajá, palmeira e Tiba
ou Tuba, sufixo designativo de quantidade ou abundância. A palmeira ali existente era o catolé ou
cocobabão. Ao sopé corria o riacho chamado Marajaík (rio das palmeiras), que posteriormente passou a
chamar-se Ipojuca, depois de Telha e, finalmente, Pajeú (rio de feiticeiro). 
A escolha deste local obedeceu às razões militares e não sem antes se estudar a possibilidade de
instalar no local do antigo forte que, daquele ponto de vista, mostrou-se inadequado. Batizaram o forte
de Schoonenborch em homenagem ao governador holandês do Recife.
Matias Beck ficou no Ceará até o ano de 1654, enfrentando, nesse íterim situações difíceis como
quando ficou encurralado pelos índios no Schoonenborch, sendo obrigado a comer os próprios cavalos,
para não morrer de fome. Foi salvo pelo barco que lhes trazia a notícia as capitulação holandesa. No dia
20 de maio daquele ano os holandeses entregaram a praça ao capitão-mor Álvaro de Azevedo Barreto,
retirando-se para a ilha de Barbados.
Turismo – História do Ceará 3
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O TOPÔNIMO CEARÁ
A origem e significado do nome do Ceará é bastante controvertida. Os mais renomados historiadores
cearenses arriscam explicações, ou se aliaram em torno de uma versão, sem, contudo chegarem uma
conclusão definitiva.
Em alguns estudiosos existe a convicção que o nome é de origem tupi, significando canto da jandaia:
SEMO – Cantar forte; ARÁ – Jandaia. Essa interpretação foi utilizada por Alencar, no seu livro Iracema.
Há os que acreditam se tratar de uma corruptela do nome do deserto africano, SAARA, pois assim, os
colonizadores chamaram o litoral cearense, devido a grande quantidade de dunas; explicação muito
improvável. 
Antônio Bezerra entende que o nome se origina dos termos SOÓ ou COÓ – caça e ARÁ – papagaio.
Capistrano, por sua vez, vai contestar a origem Tupi do nome e defende o berço Cariri; vendo nos
termos DZU – rio, pronunciado ao modo francês, e ERA – verde. Pompeu Sobrinho lembra, no entanto,
que, na língua dos cariris, DZU, no significado de rio, não tem essa pronuncia de verde não é ERÁ e sim
ERÃ, daí não ter havido qualquer evolução no sentido de SIARÁ.
Paulino Nogueira insiste na origem Tupi: ÇOO ou SÕO, ou ainda SUU, significando caça, e ARÁ –
tempo, portanto, tempo de caça.
João Brígido acreditava ser o nome uma corruptela de CIRI ou SIRI – andar para trás, referindo-se às
várias espécies de caranguejos existentes no litoral; e ARÁ – branco, claro.
O mais provável, entretanto, é que nenhuma das explicações seja encontrada no próprio território
cearense, pos já designava um rio no vizinho Rio Grande do Norte: o Siará-mirim. Aqui adotou-se o
Siará-Grande. Embora, o rio nosso fosse menor que o de lá, porém, mais povoado e de território mais
extenso, conforme observação de Barão de Studart.
OS ÍNDIOS CEARENSES
“Encontrando a nova terra ‘descoberta’ já habitada os portugueses chegaram dividiram a
indiada os Tupis (Língua Geral) E ‘Tapui” Língua Travada”.
No Ceará viviam cerca de vinte e dois povos indígenas cada um com seu idioma próprio.
Do grupo tupi basicamente dois povos: Tabajaras, que viviam na Serra de Ibiapaba ou Buapavas; e os
Potiguaras, que se situavam entre o Jaguaribe e o Camocim. Estes índios se mostravam mais cordatos
e mantinham um grau de relação mais amigáveis com os portugueses; até porque sua língua foi mais
facilmente assimilada com os brancos.
As demais tribos foram chamadas genericamente de Tapuia, que em Tupi significa: “aquele que fala a
língua travada”, ou seja, eram diferentes, inimigos. Quando a chegada dos portugueses ao Brasil, essas
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nações já viviam um processo de interiorização, empurrados pelos Tupis que eram em maior
quantidade.
Desses povos, faziam parte os Tarariu (Kanindé,Paiakú,Genipapo,Jenipabuçú, Arariú, Anacé, Karatiú);
os Karirís (Kaririaçú,Kariú...); Tremembé; Guanacé (Guanacésguakú, Guanacé-mirim); Jaguaruana;
Aimoré; Tukurijú; Xiriró; Ilko; Apujaré; Kariré; Akonguaçú; Pitaguary; e muitos outros.
“Durante os primeiros séculos da tal colonização com aquelas tribos “Tapuia” não houve
aproximação, pois aos colonizadores não interessavam o sertão”. 
Enquanto os portugueses permaneceram no litoral, os choques com esses não foram tão intensos,
porém, na medida em que a penetração foi se dando, por conta principalmente do criatório de gado o
confronto foi se tornando inevitável. Embora o colonizador fosse superior, do ponto de vista tecnológico,
encontrou entre os índios do Ceará forte resistência, sendo que estes em determinados momentos,
conseguiram sérias derrotas àqueles, fazendo retardar o processo de ocupação da terra. Muitas foram
as “confederações” que reuniram as mais diferentes tribos para enfrentar os brancos; em 1688, por
exemplo, os Paiakú, os primeiros atingidos pela implantação das fazendas de criar, aliados aos Ikó,
Janduim e Karatiú quase conseguiram recuperar a capitania das mãos dos colonos. Em 1694, outro
levante, os Janduin conseguiram um feito inédito: serem reconhecidos como um reino autônomo e um
tratado de paz com o rei de Portugal que, claro, não cumpriu seus termos. Em 1713, uma confederaçãoindígena destruiu Aquiráz, expulsando seus habitantes para junto da Fortaleza.
Diante dessa resistência só restava pedir o socorro dos bandeirantes paulistas, mais experientes na arte
de aprisionar e matar índios. O ano de 1713 vai marcar o início do recuo indígena com a derrota da
Confederação dos Kariri, às margens do rio Choró, para o paulista João de Barros Braga.
“E assim nosso valente nordestino silenciou depois dessa guerra o branco quase tudo
dominava naquele vasto sertão que livre pro gado estava.”
OS PADRES E OS ALDEAMENTOS
Os primeiros missionários a visitar o Ceará foram os padres Francisco Pinto e Luis Filgueiras, da
Companhia de Jesus. Sua ação evangelizadora restringiu-se à região da Ibiapaba e Uruburetama,
sendo que nela o padre Francisco Pinto perdeu a vida num ataque dos índios Tocarijú, em 1607. Mais
tarde, na ilha de Marajó, seu companheiro Luis Filgueiras conheceria o mesmo destino.
O domínio do elemento indígena foi possível não só devido à força das armas, mas principalmente, pelo
desmantelamento de sua estrutura cultural e religiosa. Nesse sentido, os padres e seus aldeamentos,
onde juntavam índios de procedência diversa e lhes repassavam os valores e a religião européia,
desempenharam um papel fundamental.
“Ao chegarem os missionários tinham seus planos de ação escoltados por soldados com
armas e munição recrutavam índios no mato pra compor ar Missão.”
Nos aldeamentos os índios eram transformados em mão-de-obra barata para os padres ou eficientes
soldados no combate às tribos mais rebeldes.
Muitas cidades cearenses têm origem nesses aldeamentos: Caucaia (antiga vila do Soure), Ibiapaba ou
Viçosa Real (o primeiro deles, hoje é a cidade de Viçosa do Ceará, muito antiga, ainda mantém seu
aspecto colonial), Telha (Iguatu), Miranda (Crato), Monte-mor “O Novo d’América” (Baturité), Palma
(Quixadá), Monte-mor “O Velho” (Pacajús), Aracati, Uruburetama, Paupina (Messejana), Arronches
(Parangaba), e muitas outras. As missões religiosas também contribuíram no sentido da preservação
física dos índios. Quanto a estes, no Ceará ainda encontramos algumas tribos que, a duras penas,
conseguiram se salvar da destruição absoluta. Os tremembés vivem no litoral norte do estado, no
distrito de Almofala, municípios de Itarema. Exímios nadadores, profundamente familiarizados com o
mar, derrotaram as diversas expedições enviadas para destruí-los. Vivem da pesca e do artesanato e
em ocasiões especiais dançam o torém.
Turismo – História do Ceará 5
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“O torém é uma pantomima transmitida oralmente de pai para filho,... Já perdeu seu primitivo
significado e função, hoje constituindo-se numa dança diversional. Seus versos misturam
palavra de origem tremembé, tupi e portuguesa e embora utilizem formas sincréticas do folclore
regional, conservaram-se suas características mais ressaltantes.”
Almofala é uma palavra de origem árabe, vindo de AlMahalla (Acampamento); é um pequeno povoado
situado em terras que foram doadas no final do século XVII pela coroa portuguesa, aos Tremembés.
Sua igreja foi concluída em 1712, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. No século
passado foi soterrada pelas areias da praia, “ ...para aflorar lenta daquele imenso areal sua única e bela
torre setencista, moçárabe, até descobrir-se inteiro com suas volutas, nichos, seu crucifixo de ferro para
luz.” Foi reconhecida como Monumento Nacional.
Os índios Tapebas não constituem exatamente uma nação indígena e sim um grupo de descendentes
de Tremembé, Kariri e Potiguara, reunidos no aldeamento jesuítico de Nossa Senhora dos Prazeres de
Caucaia. Habitam as margens do rio Ceará, na BR-222, município de Caucaia. Vivem de pequenas
roças, pesca e artesanato. O nome Tapepa é de origem tupi, possivelmente uma corruptela de Itapeva:
pedra limpa, polida. Embora suas terras tenham sido delimitadas pela FUNAI, não foram garantidas
ainda por portaria apropriada, devido à ação de fazendeiros que se sentiram prejudicados por essa
demarcação.
Os Pitaguary e os Jenipapo-Kanindé ainda estão sendo objetos de estudo pela FUNAI para o devido
reconhecimento de seu trabalho de índio.
“Os índios nesse Nordeste Têm também a sua história Têm os seus valores Suas lutas e
Vitórias Pra conservar seus valores Não dão mão à palmatória.”
O GADO E A PENETRAÇÃO DO INTERIOR
A cana-de-açúcar, desde o século XVI se afirmou como principal produto de exportação do Brasil
colonial. Tornando-se monocultura por toda a zona da mata nordestina, expulsou para outras áreas, as
demais atividades que pudessem disputar o espaço. O rei de Portugal, interessado nos lucros que a
cana carregava para seus cofres, proibiu a criação de gado, numa faixa de terra que se estendia do
litoral até a distância de 10 léguas. 
O gado seguiu, então, sua marcha lenta em direção ao interior da colônia, bifurcando-se em dois
movimentos migratórios que Capistrano de Abreu nomeou de “sertão de dentro” e “ sertão de fora”. A
primeira veio da Bahia, margeando o rio São Francisco, tomou o rumo do norte, povoando sua margem
esquerda de Pernambuco; procurando atingir a bacia do Parnaíba, desbravou o sul do Piauí e
Maranhão e, desviando-se para o leste, atingiu a capitania do Siará-Grande. A do “sertão de fora”, vindo
de Olinda, tomou o rumo do norte, atravessando o sertão da Paraíba e do Rio Grande do Norte,
desaguando no Siará-Grande. O gado, criado de forma extensiva, demonstrou adaptar-se bem a
vegetação xerófita da caatinga, pois nos períodos mais secos era com ela que se alimentava. Além do
mais, a pecuária se mostrou um empreendimento mais barato que a cana-de-açúcar, uma vez que não
necessitava de equipamentos e da grande quantidade de escravos de que precisava aquela atividade. A
mão-de-obra era o índio domesticado. O pagamento era feito através da aquartação, ou seja, a cada
quatro bezerros nascido por ano, um era do vaqueiro. Isso lhe permitia montar, mais tarde o seu próprio
negócio.
O tipo de sociedade que a pecuária produziu no Nordeste e, especialmente no Ceará, o que Capistrano
de Abreu chamou de “Civilização de Ouro”, pois tudo girava em torno do gado e dos seus derivados.
Tudo era feito em couro, desde os instrumentos de trabalho, até os apetrechos domésticos e os objetos
pessoais. A fazenda era a unidade econômica e social, e dentro dela o fazendeiro exercia todo o poder.
“...cada fazenda representava uma família, caracterizada pelo extremo patriarcalismo...os
laços de parentesco uniam todos ao senhor. Havia os parentes sangüíneos (legítimos e
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ilegítimos) e o restante, em número maior, por parentescos canônios ou convencionais.
Nestes últimos, encontrava-se os moradores e agregados. São as relações do regime de
compadrio...” 
Os fazendeiros costumavam aceitar em seus domínios a presença do forasteiro, principalmente os
fugidos da justiça a fim de serem utilizados como jagunços para a resolução de desavenças políticas e
pessoais. “Quem não era criador, era criado”.
As casas desprovidas de luxo, porém sólidas e espaçosas, voltadas de alpendre. Levava-se uma vida
austera e sem requintes, mesmo entre os familiares do fazendeiro. A alimentação era a base de carne,
rica em gorduras, e leite, nas várias formas, fazendo-se pouco uso das frutas e verduras. 
AS CHARQUEADAS
Na primeira metade do século XVIII, o gado já se apresentava como principal atividade econômica do
Siará-Grande. Apresentava um caráter complementar ao cultivo da cana-de-açúcar. Levado para os
mercados consumidores de Pernambuco e da Bahia, ao perfazer tão longos trajetos, emagrecia e
conseqüentemente, perdia parte de seu valor nas feiras, provocando enormeprejuízo aos criadores
cearenses. Além disso, o “subsídio do sanguir”, taxação a quem estavam expostos os donos de bois,
prejudicava-lhes mais ainda os rendimentos. 
Vendo que não podiam competir com seus vizinhos, nessas condições, os cearenses passaram a
industrializar a carne de boi, reduzindo-a a mantas, que eram salgadas e expostas ao sol, tornando-as
capazes de resistir a longas viagens. A essas fábricas chamavam de oficinas ou charqueadas e não se
sabe quando elas começaram a funcionar. Tem-se conhecimento da existência delas no arraial de São
José do Porto dos Barcos, mais tarde Vila de Santa Cruz do Aracati – em período anterior a 1740. Antes
mesmo de tornar-se vila, Aracati já era “o pulmão da economia colonial da capitania”, por onde
transitava, por onde transitava sua riqueza. Seu dinamismo econômico gerou uma elite bastante
conceituada na capitania e, a imponência de seu casario, que permanece até hoje, é um testemunho da
sua importância. 
Depois as charqueadas começaram a brotar na barra do Acaraú, na povoação de mesmo nome, que
servia como ponto de embarque da carne, estendo-se também para Sobral, Camocim e Granja. Do
Acaraú, assim como da Aracati, a carne era transportada para os outros portos da colônia,
principalmente Pernambuco, em embarcações assim chamadas “sumacas”.
Sobral tornou-se o pólo mais dinâmico da região; os habitantes da “Princesa do Norte” mostrava-se
bastante requintados nos costumes; a elegância de seus trajes, o asseio de suas casas e o som dos
pianos nos sobrados denotavam o elevado grau de civilidade daquele oásis incrustado no sertão
bárbaro.
“ O conjunto arquitetônico de Aracati e Sobral é também a amostra de sua importância no
período colonial. Entre as obras de maior destaque encontra-se as igrejas, as casas da
câmara e as residências dos senhores donos das oficinas e comerciantes: exemplo típico
dos prédios de dois pavimentos revestidos de azulejos,ou ainda, uma arquitetura
pesada, feia aparência, mas realmente segura, pois suas muralhas são levantadas com
Turismo – História do Ceará 7
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cerca de dois metros de espessura, no caso, a cadeia de Sobral...Conjunto
arquitetônico, este muito inferior, quanto o prisma plástico, dos prédios coloniais barrocos
da área açucareira... As próprias igrejas de início do século XVIII, principalmente as de
área pastoril,entre as quais se encontra a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de
Aracati, apesar de apresentar influências daquelas de Pernambuco e da Bahia, de onde
muitas vezes provinham os materiais de construção,mostram uma aparência
singela,quase severa, principalmente nos interiores. Salientando, no entanto, que nesta
arquitetura simples, motivada pela falta de pedra de obragem apropriada, na modesta
alvenaria executada uma ornamentação própria,onde os artistas anônimos obtinham com
linhas, nas combinações ingênuas de curvas e ornatos retilíneos,os efeitos decorativos
da maior significação, surgindo daí, uma arte sertaneja, oficialmente desconhecida que
chama a atenção para sua originalidade tão peculiar que deve ser admirada como
testemunho material da “Civilização do Sertão”. 
Em finais do século XVIII a indústria saladeril cearense viria a entrar em declínio. Vários fatores
concorreram para isso: a seca de 1790/93, que dizimou quase todo rebanho cearense; a transferência
da técnica do charque para Rio Grande do Sul, operada pelo charqueador José Pinto Martins, onde
encontrou melhores condições para seu crescimento, e finalmente, o plantio do algodão, que quebraria
o exclusivismo pastoril no Ceará. 
A essa altura, as oficinas de Açu e Mossoró, no Rio Grande do Norte, já tinham sido proibidas pela
coroa portuguesa porque prejudicavam o fornecimento de carne fresca de Pernambuco. As de
Parnaíba, no Piauí, que se projetam junto com as do Ceará, acompanharam a estas em seu declínio. 
O ALGODÃO
O crescimento da cultura algodoeira no Ceará não significou necessariamente o fim da pecuária, e sim,
a convivência dessas duas atividades. A valorização da cotonicultura cearense ocorreu na segunda
metade do século XVIII, obedecendo a estímulos externos, a saber: a Revolução Industrial na Inglaterra,
que tinha como carro chefe a indústria têxtil, a guerra da independência dos Estados Unidos e, mais
tarde, a guerra da Secessão americana. 
A cotonicultura marcou profundamente o Ceará, a começar pelo fato de que Fortaleza só passou a
assumir ares de capital na medida em que se tornou o centro receptor da produção algodoeira,
adquirindo uma importância econômica que, até então, estava reservadas às cidades inseridas no ciclo
da pecuária, conforme vimos acima.
A guerra da Secessão nos Estados Unidos, que era principal fornecedor de algodão para as indústrias
inglesas e francesas, provocou uma queda significativa de sua produção. O Ceará viu-se então,
beneficiado com esse conflito, pois as nações industrializadas passaram a comprar a matéria prima de
outros centros fornecedores. Dessa maneira, através do algodão, o Ceará foi inserido no mercado
internacional. Nesse período instalaram-se na província inúmeras firmas estrangeiras ou de
estrangeiros associados a brasileiros que lidavam principalmente com o beneficiamento e exportação do
algodão. Em1860, dos 353 estabelecimentos comerciais existentes em Fortaleza, 84 eram estrangeiros.
Com o fim da guerra, os americanos foram paulatinamente recuperando sua capacidade produtiva e o
algodão cearense perdendo terreno no exterior. Para absorver a produção passou-se a industrializar o
produto na própria região. Hoje, o Ceará é possuidor de um dos principais pólos da industria têxtil
brasileira.
O CEARÁ INDEPENDENTE
A 17 de janeiro de 1799, por determinação de uma carta régia de D. Maria I, “Amor e Delícias do seu
Povo”, o Ceará foi desmembrado de Pernambuco, tornando-se independente.
Foi seu primeiro governo o chefe de esquadra, Bernardo Manoel de Vasconcelos, que fez grande
esforço no sentido de estabelecer contatos comerciais diretos da capitania com a metrópole. Entretanto,
os próprios comerciantes cearenses resistiam a essa relação, uma vez que mantinham vínculos
estreitos com os de Recife. Somente a partir de 1808 é que o comércio externo da capitania recebeu
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grande impulso, devido à exportação do algodão e a abertura dos portos às nações amigas. No seu
governo, veio para o Ceará o naturalista João da Silva Feijó, com a incumbência de estudar o potencial
de suas riquezas naturais.
Em 1803, com a morte de Vasconcelos, veio substituí-los Carlos Augusto de Oeynhausen, futuro
Marquês de Aracati.
 O terceiro governador foi Luiz Barba Alardo de Menezes que procurou incentivar o comércio coma
Inglaterra, favorecendo a instalação de firmas inglesas na capitania. Governou de 1808 à 1812, quando
foi substituído por Manuel Inácio de Sampaio (1812-1820)
Entre suas realizações podemos citar a reforma do Forte de Nossa Senhora de Assunção, o traçado da
vila de Fortaleza, contando com os serviços do engenheiro Antonio José da Silva Paulet e a criação da
alfândega de Fortaleza. Além disso, promovia em sua residência reuniões de literatos, conhecidas como
Outeiros, precursoras dos futuros movimentos literários, muitos comuns em Fortaleza. Porém, o que
marcou de forma mais acentuada a seu governo foi a severa repressão ao movimento revolucionário de
1807.
 O sucessor de Sampaio, Francisco de Alberto Rubim (1820-1821), governando em momento de grande
instabilidade, foi tragado pelos acontecimentos que desembocariam a chamada Revolução Liberaldo
Porto, em Portugal. Incapaz de enfrentar a oposição interna ao seu governo e ao novo regime renunciou
em favor de uma junta provisória, sob a presidência de Francisco Xavier Torres.
A INSURREIÇÃO DE 1817 NO CEARÁ: A BÁRBARA REBELDE
O movimento de1817, de profundo caráter nativista, teve seu foco inicial na província de Pernambuco,
espalhando-se, em seguida, pelas províncias vizinhas.
Em Pernambuco, havia um grande descontentamento devido á perda de sua importância no cenário da
colônia. O cultivo da cana-de-açúcar entrara em declínio e a saída do Ceará, da Paraíba e do Rio
Grande do Norte, de sua jurisdição, causou-lhe mais prejuízos, criando as condições para o
desencadeamento de movimentos radicais.
As influências do liberalismo eram evidentes; os lideres do movimento eram, em sua maioria, os
membros da elite ilustrada, com passagem pela Europa, estudando ou mercadejando e,
conseqüentemente, se instruindo nas novas idéias. Vivia-se ainda sob o impacto das revoluções
americana e francesa.
Com movimento, os pernambucanos, queriam recuperar sua antiga posição, sob um novo regime, em
um país independente. 
Um dos lideres do movimento, Domingos José Martins, vivera no Ceará a serviço da firma “BARROSO,
MARTINS, DOURADO & CARVALHO”, da qual era sócio. Essa firma tinha sede em Londres e
intermediava negócios de algodão. Depois, um outro sócio, Antônio Rodrigues de Carvalho, veio para o
Ceará onde divulgou amplamente os ideais revolucionários, procurando recrutar seguidores para sua
causa revolucionária.
Mas, o principal incendiário da revolução na Capitania foi o seminarista José Martiniano de Alencar.
Membro de uma importante oligarquia carirense, sua mãe Bárbara, também aderiu ao movimento.
Alencar tentou adesão de um outro potentado da região, o capitão Pereira Filgueiras e, embora este a
princípio se mostrasse simpático ao movimento, foi convencido pelo chefe de milícias, Leandro Bezerra,
da temeridade do envolvimento naquela empresa.
O movimento eclodiu em 6 de março de 1817 mas, poucos meses depois, já estava debelado. Durou
apenas 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará. José Martiniano foi preso juntamente com seus
familiares, mãe, irmãos,tios e primos que, de um modo geral, participaram da malfadada revolução.
Conduzidos para Fortaleza, por Pinto Madeira, ainda ensaiaram uma fuga, mas recapturados, foram
trazidos para a capital.
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“Após revistados dos pés à cabeça e ainda carregando grilhões, os presos são atirados
no estreito e imundo calabouço do quartel, que fica entre a cadeia do crime e a
Fortaleza. Incomunicáveis, alguém só pode falar-lhes de uma distância de dez metros e
com sentinela a vista. Estão nus e dormirão no chão. Dentro de alguns tempos estarão
cobertos de cabelos, comidos de pulga, piolhos e percevejos. São tratados como
animais ...Bárbara é reconhecida só, em um outro cubículo,com menos martírio, mas
sem o consolo de ver os filhos”.
Depois, foram enviados para a Bahia onde permaneceram presos até 1820. A repressão promovida por
Sampaio fora dura e severa, tendo ele aproveitado a ocasião para perseguir desafetos, como o
naturalista Feijó, que foi preso por simples suspeita.
O CEARÁ NA INDEPENDÊNCIA
A primeira reação positiva à proclamação da independência no Ceará só veio a ocorrer em 16 de
outubro de 1822, quando o colégio eleitoral reunido na vila Içó rebelou-se contra a junta provisional de
Fortaleza, que mantinha-se obediente às cortes portuguesas. Elegeu-se, então, um governo
temporário, que tinha à cabeça o capitão-mor do Crato, José Pereira Filgueiras, que tomou posse em
Fortaleza, após a rendição da antiga junta. No ano seguinte foi substituído por um governo permanente,
sob a direção do Padre Francisco Pinheiro Landim.
No Piauí, o comandante Português, João José da Cunha Fidié, não aceitou a nova realidade e resistiu à
independência, reprimindo cruelmente os patriotas. Para enfrentá-lo, formou-se no Ceará uma tropa sob
o comando do major Luis Rodrigues Chaves, de João da Costa Alecrim e Alexandre Néri Ferreira. Esta,
no entanto, foi derrotada pelos portugueses na batalha de Jenipapo.
Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves uniram-se no esforço de libertar o Piauí do jugo de Fidié;
arregimentaram um grande número de homens vindos de toda província e, em 23 de julho de 1823,
conseguiram a rendição de Fidié. Estava dada a contribuição do Ceará à consolidação da
independência no norte do Brasil.
SANGUE NO CAMPO DOS MÁRTIRES A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR NO CEARÁ
Em 1824, a chama ardente da revolução voltaria a incendiar o Nordeste; e mais uma vez, sairia de
Pernambuco o grito de guerra.
O decreto de 12 de novembro de 1823, de D. Pedro I, dissolveu a Assembléia Constituinte, eleita com a
finalidade de promulgar a constituição do novo império. Esta, no entanto, se mostrou muito liberal para
os desígnios do Imperador.
Em Pernambuco, mantiveram-se inalteradas as condições estruturais que geraram movimentos com a
Guerra dos Mascates no século XVIII e a insurreição de 17. O absolutismo de D, Pedro tendia a se
respaldar nos elementos mais conservadores da sociedade, principalmente os portugueses que,
aproximando-se do Imperador, pretendiam manter os privilégios que remontavam ao período colonial. 
As ligações do Ceará com Pemambuco eram profurldas: a província, que nas suas origens tinha sido
povoada em sua maior parte por colonos pemambucanos, permaneceu por muitos anos sob a jurisdição
de Recife e seu porto ainda polarizava o comércio cearense. Além disso, a independência projetou para
todo o Ceará a oligarquia dos Alencar e outras figuras do Cariri, cujos interesses estavam ligados a
Permambuco.
A adesão à Confederação do Equador, que havia sido proclamada em 2 de julho de 1824, foi imediata,
pois antes mesmo da proclamação, já haviam eclodido vários focos insurreicionais no Ceará: em 9 de
janeiro, a Câmara de Quixeramobim declarou decaída a dinastia de Bragança. O Padre Gonçalo Inácio
de Loiola, mais tarde Mororó. espalhou pelo Icó, São Bemardo das Russas e Aracati o fogo
revolucionário; em 2 de fevereiro, Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves comandaram a adesão do
Crato e se dirigiram à Fortaleza, onde prenderam o comandante das armas, restabelecendo a
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autoridade da antiga junta govemativa, na qual Filgueiras era o presidente e Tristão o comandante das
armas.
Muitos dos revolucionários, para salientar seu nacionalismo, alteraram seus nomes: Padre Gonçalo
passou a chamar-se Mororó; Tristão Gonçalves, Tristão Araripe. Surgiram, então, Carapinima, Pessoa
Anta, Ibiapina; Sucupira, etc.
O presidente Costa Barros, indicado por D. Pedro, foi deposto e em seu lugar constitui-se um conselho
dirigido por Araripe, que enviou emissários a outras províncias, visando sua adesão.
Logo o movimento entraria em refluxo, e em Pemambuco, a repressão, dirigida pelo brigadeiro Luis
Aives de Lima e Silva, foi fulminante, eliminarldo em pouco tempo o govemo revolucionário; quem não
conseguiu fugir, foi fuzilado. No Ceará, começou a se verificar deserções nas hostes equatorianas: José
Félix de Azevedo e Sá, substituto de Tristão Gonçalves, que tinha ido dar combate aos monarquistas no
Aracati, rendeu-se a Lord Cochrane, sem esboçar nenhuma reação ao cerco que este promoveu contra
a Fortaleza, pelo mar; Luis Rodrigues Chaves, que foi a Pemambuco dar auxílio ao conselho
revolucionário, bandeou-se para os legalistas.
Os demais foram presos ou chacinados, resta'1do apenas Pereira Filgueiras e Tristão Gançalves,tendo
o Padre José Martiniano sido preso no interior de Pemambuco. Não vendo mais sentido em continuar a
luta, Pereira Filgueiras depõs suas armas no Crato, vindo a falecer no caminho do Rio de Janeiro, onde
ia ser julgado.
Quanto a Tristão Gonçalves, em sua fuga desesperada pelo interior do Ceará, fugindo à sanha
assassina de seus perseguidores, escreveu uma das páginas mais emocionantes da história cearense. 
A maior parte de seus amigos e parentes mais queridos estavam mortos, muitos trucidados de forma
bárbara, sem direito sequer a um julgamento justo. Aos poucos, o cerco foi se fechando em tomo dele,
até que, em 31 de outubro de 1824, foi assassinado às margens do rio Jaguaribe, no lugar de nome
Santa Rosa, hoje Jaguaribara. No momento de sua morte várias partes do corpo lhe foram arrancadas;
o cadáver permaneceu insepulto por vários dias, até resolverem enterrá-Io à sombra da igrejinha do
lugar. No local de sua morte foi erigido um monumento que provavelmente será tragado pelas águas do
açude Castanhão, projetado para ser construído naquela área.
Para os que restaram prisioneiros, triste destino lhe foi reservado. Condenados à forca, nenhum
carrasco se prontificou a executar a sentença, sendo a pena transformada em fuzilamento. Os primeiros
a serem executados foram o Padre Mororó e Pessoa Anta. O comportamento do padre, na hora do
fuzilamento, foi exemplar, não permitindo que lhe colocassem a venda nos olhos e indicando, com a
mão no coração, o local que deveria ser atingido pelas balas. Pessoa Anta, por sua vez, não teve
comportamento tão fleumático e, para seu azar, não morreu com a descarga do pelotão de fuzilamento,
sendo morto a coronhadas. Dias depois foi a vez de Ibiapina, que foi fuzilado deitado, pois a var[ola lhe
atingira os pés, deixandex-incapaz de permanecer ereto. O último a ser executado foi Carapinima que,
não sucumbindo à primeira descarga, ficou rodopiando no meio do Campo da Pólvora, enquanto os
soldados iam ao quartel recarregar suas armas, demorando o tempo suficiente para que o pobre
homem fosse alvo dos risos da multidão. Sua esposa, não suportando o espetáculo macabro,
desmaiou, e só então, os executores completaram o terrível ritual. Terminava assim, em tragicomédia, a
mais heróica passagemda história do Ceará.
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A REVOLTA DE PINTO MADEIRA
Em 1832 eclodiu outra insurreição no Ceará, só que desta vez, de caráter contrário às de 17 e 24.
Joaquim Pinto Madeira era um grande proprietário e chefe político da vila de Jardim. no vale do Cariri.
Conservador convicto, participara ativamente da repressão àqueles dois movimentos. Era um partidário
da monarquia absolutista e liderava na sua região uma sociedade secreta ultraconservadora a "Coluna
do Trono e do Altar", uma espécie de TFP (Tradição, Família e Propriedade).
Com a abdicação de D. Pedro I. em 1831, seus adversários vislumbraram a oportunidade de ir à forra
das derrotas do passado, ainda não cicatrizadas. Passaram a hostilizá-Io continuamente, empurrando-o
no sentido da radicalização de suas posições, Arregimentou em torno de si um verdadeiro exército, com
a colaboração do vigáriCl de Jardim, Antonio Manuel de Sousa que, de tanto abençoar as armas dos
jagunços, sendo muito comum o uso de bastões de madeira, por falta de armas de fogo, recebeu a
alcunha de "Padre Benze-Cecetes".
Com esse exército invadiu a vila do Crato, passando depois para o Icó, sendo daf rechaçado. Depois
disso foram sofrendo reveses constantes até se renderem para o General Pedro Labatut, um
mercenário francês que atuava no Brasil desde as lutas pela independência. Os dois insurretos foram
presos e enviados para Recife e depois para o Maranhão. Pinto Madeira foi mandado de volta para o
Ceará, que se encontrava presidido por seu arquiinimigo José Martiniano de Alencar. Este, não se fez
de rogado; enviou o réu para a vila do Crato, onde foi julgado de forma tendenciosa, sendo acusado da
morte de um tal Joaquim Pinto Cidade e não de crime polftico. COfildenado à forca, foi fuzilado
conforme pedido feito ao tribunal.
Seu companheiro, o "Benze-Cacetes", escapou da força, vindo a morrer bem mais tarde, pobre e cego. 
Paralelo a esse conflito, ocorreram outros semelhantes, em pontos diferentes do pafs, porém, não se
verificaram vfnculos mais estreitos entre eles.
O SEGUNDO IMPÉRIO: PADRE ALENCAR
Durante o perfodo regencial (1831 - 1840) o Ceará foi governado por seis presidentes.
Destacou-se nesse perfodo a figura de José Martiniano de Alencar (1834 - 1837), em cuja administração
se instalou, em 1835, a Assembléia Legislativa da Provfncia. Além disso, criou o Banco Provincial do
Ceará. o primeiro a funcionar depois do Banco do Brasil, fundado por D. João VI. Combateu o
banditismo, abriu estradas e construiu açudes.
No reinado de D. Pedro 11 (1840 - 1889), o Ceará teve 44 presidentes, tendo o Padre Alencar dirigido
mais uma vez o destino da provfncia de 1840 a 1841. O antigo revolucionário deu lugar ao estadista.
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Sufocou pessoalmente um levante militar em Sobral, chefiado pelo coronel Xavier Torres. O último
presidente, no tempo da monarquia, foi Jerônimo Rodrigues de Morais Jardim.
O CEARÁ NA GUERRA DO PARAGUAI
A participação dos cearenses na guerra contra Solano López foi significativa. Destacaram-se as figuras
do General Sampaio, General Tibúrcio e Clarindo de Queirós. Sampaio, que morreu em conseqüência
dos ferimentos recebidos na Batalha de Tuiuti, foi agraciado com o titulo de Patrono da Infantaria.
Uma jovem de Tauá, Jovita Feitosa, tentou incorporar-se na luta, trajando-se de homem, descoberto o
embuste, foi, mesmo assim, engajada na tropa. No Rio de Janeiro, entretanto, seus serviços foram
rejeitados. Suicidou-se naquela cidade com uma punhalada no coração.
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: CEARÁ, TERRA DA LUZ
O contingente de escravos no Ceará era pequeno, visto que sua economia sempre esteve baseada
eratividades que não exigiam o uso deste tipo de mão-de-obra em larga escala. A pecuária utilzou o
trabalho do índio domesticado ou semiescravizado e Clecaboclo, que recebia sua paga na forma da
aquatação. Na cotonicultura foi utilizado o sistema de parceria, que permanece até os dias de hoje.
Nesse regime de trabalho, o parceiro produz na terra do grande proprietário ou em um pedaço de terra
cedido por ele, em troca do pagamento de uma renda em forma de serviço ou produto.
A maior parte dos escravos existentes na província eram utilizados em serviços domésticos. Portanto, a
proibição do tráfico de escravos, em 1850, não representou grandes prejuízos para a economia
cearese. Ao contrário, a proibição gerou um comércio interprovincial de escravos, muito vantajoso para
os proprietários locais, que descobriam assim, nova forma de obtenção de rendimentos.
É bastante provável que essa pequena ou quase nenhuma dependência do trabalho escravo, tenha
constituído a base sobre a qual se assentou o pioneirismo abolicionista do Ceará.
As idéias abolicionistas cresceram no interior de entidades que se propunham a libertar o escravo, a
princípio, através de alforrias, assumindo depois caráter mais radical, com ações diretas. A primeira
dessas sociedades no Ceará foi a "PERSEVERANÇA E PORVIR", instalada em 28 de setembro de 18
sendo seus principais dirigentes, José Correia do Amaral, José Teodorico de Castro, Antonio Martins
Júnior, Alfredo Salgado e outros. Entretanto, essa sociedade não foi a pioneira na luta pela abolição no
Ceará. Antes mesmo de sua existência, o deputado cearense, Pedro Pereira da Silva Guimarães,
tentara, já por duas vezes, colocarem discussão na Assembléia Geral Legislativa, em 1850 e 1852,
projete de lei que favorecia o elemento escravo, sendo prontamente rechaçado.
Além da PERSEVERANÇA E PORVIR, foi criada em 8 de setembro de 1880, a Sociedade Libertadora
Cearense, que tinha à frente, João Cordeiro, Antonio Bezerra, José do Amaral, José Barros, José
Marrocos, etc. João Cordeiro era radical e tinha como proposta a promoção da fuga de escravos, sem
que se esperasse por meios legais. No ato de fundação da sociedade, fincou um punhal sobre a mesa
exigido que todos jurassem matar ou morrer pela abolição dos escravos. A sociedade editava um
periódico, Libertador, que divulgava suas idéias e promovia eventos, visando angariar fundos para a
causa.
Em 1882 foi fundado o Centro Abolicionista 25 de Dezembro, que reunia figuras proeminentes da
província como Guilherme Studart e Meton de Alencar. Antes já havia sido fundado o CLUBE DOS
LIBERTOS (20 de maio) e no interior, criaram-se a L1BERTADORA ARTíSTICA ACARAPENSE e a
SOCIEDADE LIBERTADORA ICOENSE. Em 18 de dezembro de 1882, fundou-se na chácara de José
do Amaral, no Benfica, contando com a presença de José do Patrocínio, uma sociedade composta só
de mulheres, que tinha como presidente, Maria Tomásia.
Essas sociedades tinham um caráter elitista, reunindo elementos das classes proprietárias e, de certa
forma, contavam com a ausência do poder público, sem se verificar sanções às suas atividades.
A adesão do elemento popular ocorreu quando os pescadores responsáveis pelo transporte de
mercasorias e escravos, do porto para os navios, se rebelaram sob a direção de Francisco José do
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Nascimento, o "Dragão do Mar", e negaram-se a embarcar escravos, que seriam vendidos para outras
províncias Essa greve se deu nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881; nessa ocasião foi proferida a
frase clássica: "No porto do Ceará não se embarcam mais escravos", que errôneamente se atribui ao
Dragão do Mar, sem que se saiba de fato quem é seu autor.
O rastilho da abolição iniciou-se em 1º de janeiro de 1883, com a libertação dos escravos em Acarape
hoje cidade de Redenção - e estendeu-separa várias cidades do interior até chegar em Fortaleza, em 2
de fevereiro. Finalmente, em 25 de março de 1884, a escravatura seria abolida do Ceará em caráter
definitivo. Entusiasmado com o feito dos cearenses, José do Patrocínio homenageou a próvíncia com o
título de "Terra da Luz".
PODER LOCAL E MANDONISMO
A.s raízes do poder local e do mandonismo político no Ceará encontram-se principalmente na forma de
ocupação e apropriação da terra. O território cearense foi conquistado a ferro e fogo. em detrimento de
sua população primitiva. obrigada a submeter-se à vontade dos novos donos. instalados em grandes
propriedades que, em muitos aspectos. se assemelhavam aos feudos medievais.
Exemplo típico é o da família Feitosa, dos Inhamuns, cuja história foi estudada de forma brilhante pelo
pesquisador americano Billy Chandler. Seu patriarca, Francisco Alves Feitosa, era proprietário de inúras
sesmarias ao longo do rio Jaguaribe e, disputando a posse da terra ou a: hegemonia política na área de
seus domínios, promoveu uma guerra sanguinária contra outra família da região. os Montes, que as
autoridades da colônia nada pudessem fazer para evitar as arbitrariedades dos potentados a os colonos
e os índios. Findo o conflito ainda no século XVIII, os Feitosas mantiveram o seu pacar oos Inhamuns
até a primeira metade do exesente século.
Nas áreas interioranas predominava as relações de compadrio, que se baseavam nas trocas de favores
na assistência econômica em troca da fidelidade política, enfim, nas práticas que concorriam para
fortalecer as oligarquias dominantes.
No século passado, após a derrota de Pinto Madeila, predominou a nível de toda a província a
hegemonia da família Alencar. Com a morte do senador Alencar e a preterição de seu filho, José de
Alencar, ao senado do Império, assumiu o poder político Thomaz Pompeu de Sousa Brasil que, por sua
vez, se opunha a outra oligarquia. a dos Fernandes Vieira. Com a morte do senador Pompeu, substituiu-
o seu genro, Antonio Pinto Nogueira Accioly.
Accioly dominou a política no Ceará de 1896 a 1912; governando de forma despótica, perseguindo se
adversários, fraudando, roubando, colocando seus familiares na máquina administrativa, enfim,
reinando como um monarca absoluto.
Sua queda em 1912, deu-se em meio a uma verdadeira guerra civil nas ruas de Fortaleza. Fato
marcarte desse conflito, foi a repressão movida pela guarda estadual contra uma manifestação de
crianças na praça do Ferreira, matando várias delas. As cenas desse massacre revoltaram mais ainda a
população da cidade que não deu mais trégua ao oligarca. O povo perdeu o medo e ocupou as ruas,
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cercando a casa de Accioly. Este, vendo-se sem saída, renunciou à presidência do Estado e foi
mandado embora para o Rio de Janeiro, não voltando mais ao Ceará Porém, mesmo distante,
continuou exercendo influência sobre a política local. Em seu lugar ficou o vice-presidente do Estado,
Antonio Frederico ce Carvalho Mota, que entregou o governo ao Coronel Marcos Franco Rabelo, em 12
de julho de 1912, candidato vitorioso nas eleições de 11 de abril.
Do período acciolino, uma das poucas obras dígnas de menção foi a Faculdade de Direito, criada
governo de Pedro Borges, um preposto de Accioly. Sua fundação deu-se a 1º de março de 1903, tendo
como diretor honorário, o próprio Nogueira Accioly. Instalou-se, a princípio, no prédio do liceu do Ceará,
sendo encampada pelo Governo Federal em 23 de novembro daquele ano. No seu governo, em 1910,
foi construído o Teatro José de Alencar.
Franco Rabelo enfrentou, logo de início, poderosa oposição; no plano nacional, com seu antigo aliado,
Pinheiro Machado e no âmbito interno, com a nova força que vinha do sertão, o Padre Cícero, de
Juazeiro.
O PADRE CíCERO E A SEDiÇÃO DO JUAZEIRO
Cícero Romão Batista nasceu a 24 de maio de 1844, na vila do Crato. Desde cedo manifestou a
vocação sacerdotal, vindo a Fortaleza para estudar no seminário da Prainha. Auxiliado por seu
padrinho, coronel Luis Antonio Pequeno, pode continuar seus estudos, apesar da morte do pai.
Ordenou-se aos 26 anos e em 1872 foi enviado para o pequeno povoado de Juazeiro do Norte.
No seminário não registraram-se fatos estranhos com o jovem estudante, mas ele e seu primo José
Marrocos eram vistos como "arrivistas". José Marrocos foi mandado embora e Cícero ordenou-se padre,
por intervenção do bispo D. Luis, apesar da reprovação do Reitor do seminário.
A princípio Cícero não se afeiçoou ao povoado, e sua intenção era voltar para Fortaleza. No entanto,
Jesus lhe apareceu em um sonho, instruindo-o no sentido de cuidar dos pobres. Fixou-se então no
lugarejo e lá exerceu o sacerdócio, normalmente, até 1889, quando se deu o orimeiro caso de milagre,
entre tantos outros atribuídos a ele: a hóstia recebida pela beata Maria de Araújo transformou-se em
sangue na sua boca.
Logo a sua fama se espalhou, e todos acorriam para o Juazeiro em busca da proteção o "santo
milagreiro". Juazeiro depressa se transformou ,em um enorme ajuntamento de pessoas, vindas de
todos os lugares do sertão. Em breve, Cfcero deixou de ser apenas um Ifder religioso, para se
trarlsformar na mais prestigiada liderança política do sertão nordestino. Em vão, a hierarquia da Igreja
tentou manter um controle sobre o padre, enviando-o até mesmo a Roma, para entrevista com o Papa;
mas isso só fez
crescer seu prestfgio junto ao povo. 
Algumaspessoas exerciam grande influência sobre ele; a princfpio foi seu primo José Marrocos,
jomalista de talento, que soube manipular com habilidade junto ao povo, as notfcias em tomo dos
milagres. Depois, foi o médico baiano Floro Bartolomeu, que articulou a aproximação do padre com os
coronéis e a polftica acciolina. Com a transformação de Juazeiro em municfpio, padre Cicero foi seu
primeiro prefeito. 
A essa altura, o padre já estava mergulhado no complexo xadrez polftico das oligarquias. Esse
envolvimento culminou na "Guerra Santa" que apreendeu contra o presidente Franco Rabelo, causando
a sua queda do poder em 1914; foi a sediação de Juazeiro.
Mesmo depois de sua morte, em 1934, a influência do Padre Cfcero permaneceu muito viva entre o
povo sertanejo. Essa influência não se limitou à região do Cariri, nem somente ao Ceará; ele se
estendeu por todo o Nordeste e até além dele. Diariamente a "Meca" do Cariri, Juazeiro, é procurada
por romeiros vindos dos mais diversos lugares. Essas romarias são mais fortes nas comemorações do
dia da padroeira, Nossa Senhora das Dores, de Nossa Senhora das Candeias e dia de Finados.
O turismo religioso tomou-se a maior fonte de renda de Juazeiro, tornando-a uma das maiores e mais
prósperas cidades do Estado. No período das romarias, os hotéis ficam lotados com os fiéis que vêm
pagar suas promessas, bem como, adquirir "souvenirs", para que a proteção do "padim" lhe acompanhe
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sempre, deixar seu óbulo na Igreja, morada do santo querido. Nos restaurantes não faltam o baião-de-
dois com o piqui e a carne de sol. À noite, os repentistas embalam seus ouvidos com histórias do padre
e de outros heróis do imaginário sertanejo. E, como não poderia deixar de ser, junto com os repentes,
as rezas.
Os locais mais visitados são a casa do Padre Cfcero e o Horto. No alto dele, a estátua esculpida em
1969, por Armando Lacerda, com 27 metros de altura. A casa foi transformada em museu e conta no
seu acervo com oratórios, imagens sacras, batinas, paramentos, prataria, mobiliário e objetos, doados
pelos romeiros. Objetos de peregrinação são também a Casa dos Milagres, onde são depositados os
ex-votos, peças de gesso, madeira e plástico, que representam partes do corpo humano curadas por
obra das promessas, além de retratos e cartas e a Capela do Socorro, onde o padre está sepultado. 
Existe também o moderno prédio da Fundação Memorial Padre Cfcero, centro de promoções culturais,
conferências, exposições e cursos, que inclui em seu acervo, objetos pessoais, fotos e mais de 200
livros e opúsculos sobre o Padre.
Em 1994 comemorou-se o Sesquicentenário de seu nascimento, com realização de romarias,
seminários os em vários locais do Brasil e apresentação de filmes, peças de teatro, além de
lançamentos de livros cordéis sobre o "Patriarca de Juazeiro".
Vinculado ao fenõmeno do Padre Cfcero em Juazeiro, surgiu na região do Cariri o Caldeirão da Santa
Cruz do Desterro. Era uma fazenda na serra do Araripe, onde o padre havia abrigado um beato, de
nome José Lourenço e seus seguidores. O beato era antipatizado pelos coronéis, talvez porque seu
estilo "ário pudesse se tomar um mau exemplo, semelhante ao de Canudos, na Bahia. Com a morte do
padre, recrusdeceram as hostilidades contra o beato e sua gente, até que a fazenda foi evacuada pelas
autoridades políticas, inclusive com o uso de bolmbardeiro aéreo. O beato conseguiu escapar com vida,
falecendo em 1946, de morte natural, em Pernambuco.
AS SECAS NO CEARÁ
As secas acompanham o Ceará desde o início de sua história. A crônica e a tradição oral guardam
relatos terríveis dos efeitos desse fenômeno com o qual o sertanejo mal conseguiu aprender a conviver.
A primeira seca que a história registra foi a que acossou Pero Coelho, 1605/07, obrigando-o a fugir na
direção do Rio Grande do Norte. Sobre a segunda, de 1614, poucas informaçâes se tem. Vieram, e-
seguida, as de 1692, 1711 e 1721. A primeira de que se tem documentos oficiais é a de 1723/27. Esta
quase pôs em risco a colonização incipiente da colonia. Depois foi de 1736/37. A de 1777/78, chamada
seca dos três setes, e a de 1798/99, contribuíram para aniquilar com a indústria do charque cearense.
Famosas, foram, a de 1877 a 1879, chamada seca dos dois setes, e a de 1915, a seca do 15,
celebrizada pela Iitaratura através do romance "O Quinze", de Rachei de Queiróz. Enfim, as secas
continuam a assolar periodicamente o Ceará, ocorrendo normalmente em espaços de dez anos. Para
combate problema da falta d'água, a solução mais freqüentemente utilizada foi a construção de
barragens. Se a primeira delas o açude do Cedro, na cidade de Quixadá, no sertão central. Sua
construção foi rea.zada entre os anos de 1884 e 1906, sendo que no seu início fez-se uso da mão de
obra escrava. O reservatório é formado de quatro barragens, sendo a principal, de alvenaria ciclópica e
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traçado semiCircular; duas auxiliares de terra, com revestimento de granito e cerca de 300 metros de
extensão, além de outra pequena represa, denominada de "forges" e dois sangradouros. Sua
construção foi decidida pelo govemo imperial após a seca de 1877. sendo famosa a frase do famosa a
frase do Imperador “que se venda a última pedra da minha coroa, mas que não morra um cearense de
feme". O açude do Cedro foi o primeiro tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Em 1909 foi criada a Inspetoria Nacional de Obras Contra as Secas (IFOCS), mais tarde, Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Em 1960 inaugurou-se o Açude de Orós, na época o
maior da Amárica Latina. Atualmente projeta-se a construção do açude Castanhão na região do baixo
Jaguaribe, que deverá ser o maior do mundo.
Em face da última seca, que se estendeu de 1989 a 1993, a capital do Estado se viu na contingência de
raciocinar o uso da água, devido ao esvaziamento de seus reservatórios. Construiu-se então o Canal do
Trabalhador, de 100 quilômetros de extensão e que alimenta, com as águas do rio Jaguaribe, o sistema
Pacoti-Riachão, que abastece Fortaleza. A partir dessa magnffica obra veio à tona uma discussão em
torno da possibilidade de se transpor as águas do rio São Francisco para o Ceará, resolvendo
definitivamente o problema da falta de água por ocasião das secas periódicas.
FORTALEZA: CIDADE DE SOL E MAR
A CIDADE DO PAJEÚ
Com a safda dos holandeses em 1654, o Schoonenborch teve seu nome modificado para Fortaleza de
Nossa Senhora da Assunção, pelo capitão-mor Álvares de Azevedo Barreto, que passara a dirigir os
destinos da capitania. 
Por muito tempo permaneceu a polêmica sobre onde se deveria instalar a vila, criada por Carta-régia de
13 de fevereiro de 1699. A princfpio. os membros da nova Câmara entenderam ser o melhor local, a
barra do rio Pacoti, na praia do Iguape, embora a Carta se referisse claramente à vila do Ceará, sendo
que, por muito tempo, as pessoas designavam a povoação surgida em torno do forte. Instalada a vila
naquele primeiro ponto, em 25 de janeiro de 1700, o govemador de Pernambuco reprovou a medida
forçando a Câmara a transferi-Ia para a povoação do forte. Em 1702 a Câmara mudou a vila para a
Barra do Ceará; voltando o pelourinho, sfmbolo da autonomia da vila, em 1706, para junto da Fortaleza.
Enfim, depois de muito vai e vem, instalou-se definitivamente no Aquirás (27 de junho de 1713) a vila de
São José de Ribamar do Siará Grande. No entanto, passado um mês apenas da instalação da vila, esta
foi atacada pelos fndios, obrigando seus habitantes a fugirem para junto do forte. Com esse incidente,
os próprios habitantes do Aquirás passaram adefender a criação da vila na Fortaleza. Esta, porém, só
se tornaria uma realidade, em 13 de abril de 1726.
Quanto à vila de Aquirás continuou existindo, entretanto, devido à insegurança a que estava exposta,
perdeu o estatuto de sede da capitania. Trata-se de uma cidade histórica situada na zona metropolitana
de Fortaleza; mantém ainda a arquitetura colonial em muitas de suas edificações. Estão tombados a
antiga Casa de Câmara e Cadeia, a Igreja Matriz de São José de Ribamar e o Mercado da Carne. Muito
interessante, também, é o Museu Sacro de São José de Ribamar que conta em seu acervo com
imagens talhadas em madeira, castiçais, turfbulos e prataria do século XVIII.
A CIDADE DE AREIA
Por muitos anos a vila da Fortaleza permaneceu desassistida. Seu aspecto era deplorável: as casas
eram rústicas, feitas de taipa e pouco numerosas; as ladeiras e areias abundantes dificultavam a
locomoção. Até o século XIX ela permaneceu pobre e medfocre, perdendo em beleza e funcionalidade
para as outros que surgiam em posições Tais favoráveis.
Somente quando o Ceará tornou-se independente da capitania de Pernambuco, é que os governadores,
que passaram a residir na vila, lhe imprimiram algumas melhorias. Bernardo Manuel de Vasconcelos
instalou na ponta do Mucuripe um Fortim, de nome São Bernardo, de onde sempre que chegava um
navio, se disparava um tiro de canhão, anunciando sua presença. Anos depois, um acidente que vitimou
os operadores do canhão levou o governador a desatlvá-Io.
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SAMPAIO E SILVA PAULET
As primeiras grandes modificações na paisagem urbanística de Fortaleza ocorreram no governo de
Inácio de Sampaio, que contou com a colaboração do Tenente-Coronel Antonio José da Silva Paulet.
Reconstruiu a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, construiu o mercado público e vários
chafarizes.
Entretanto, a maior obra desses dois homens foi imprimir à cidade o traçado quadrangular que
apresenta até hoje, principalmente na sua área central.
A primeira rua de Fortaleza foi a da matriz seguida pela dos Mercadores, correspondendo hoje,
respectivamente, às ruas Conde D'Eu e Sena Madureira. Elas acompanhavam as sinuosidades do
riacho Pajeú; Silva Paulet ajustou as demais ruas de modo a que elas se cortassem em ângulo reto.
"A primeira rua em linha reta ..., fez-se a partir de Fortaleza, tomando como referência a praça da
Carolina (onde hoje se encontram a sede dos correios, o Banco do Brasil e o Palácio do Comércio) e
aproveitando os arruados como a rua das Belas, a rua das Pitombeiras e a rua da Alegria,
correspondendo os três à rua da Boa Vista, hoje Floriano Peixoto."
Foram se construindo os primeiros sobrados, acabando com o preconceito de que o terreno não
suportava edificações com mais de um andar.
O BOTICÁRIO FERREIRA E ADOLFO HERBSTER
Em 1823, Fortaleza seria elevada à condição de cidade, por D. Pedro I, com a denominação de "Cidade
de Fortaleza de Nova Bragança".
Ela iria conhecer outros benfeitores nas figuras do boticário Antonio Rodrigues Ferreira e do engenheiro
Adolfo Herbster. O primeiro era natural de Niterói e veio ainda rapaz para o Ceará, vindo do Rio de
Janeiro, de onde fugiu por causa de um incidente político no qual fora envolvido por engano. No Recife,
onde originalmente projetara ficar, conheceu o comerciante português Manoel Caetano de Gouveia que,
simpatizando com o rapaz, trouxe-o para Fortaleza. Do Rio, já trazia os conhecimentos farmacêuticos e
seu protetor, em gratidão pelo fato do jovem ter-lhe salvo a esposa em um parto complicado,
resenteou-o com uma botica, que instalou no Largo da Feira Nova, a futura praça do Ferreira.
Os boticários, de um modo geral, eram pessoas muito prestigiadas nas comunidades, principalmente
em regiões onde o acesso a um médico era difícil, pela escassez desses profissionais. O Ferreira não
fugiu à regra; além disso, sua forte personalidade atraía para si a atenção e o respeito dos
fortalezenses. Foi vereador e presidente da Câmara, estimulando, na sua gestão, a continuidade e
aperfeiçoamento da obra de Paulet.
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Na sua botica, reuniam-se seus correligionários, com tanta freqüência, que o Partido Conservador era
conhecido pelo nome de "partido da Botica". Faleceu no dia 29 de abril de 1859. Casado com D.
Francisca Áurea de Macedo, não deixou filhos.
Adolfo Herbster era pernambucano e veio para o Ceará em 1855, chegando aqui com 26 anos.
Engenheiro, aliou-se ao boticário no esforço de embelezamento da capital da província. Herbster
elaborou inúmeras plantas de Fortaleza, além de prédios como o Paço da Assembléia Legislativa, hoje
Palácio Senador Alencar, prédio de estilo neoclássico, onde funciona, atualmente, o Museu do Ceará
Herbster faleceu em 1893, pobre e esquecido.
Uma planta da cidade elaborada antes de Herbster, pelo arruador Antonio Simões Ferreira, é descrita
da seguinte maneira por Raimundo Girão:
“Aludido desenho mostra-nos que a cidade já se definira integralmente no esquema
projetado por Paulet. A. rua da Boa Vista (Floriano Peixoto)..., aparece retificada, seguida
paralelamente, rumo sul, pelas ruas da Palma (Major Facundo), Formosa (Barão do Rio
Branco), A.mélia (Senador Pompeu), Patrocfnio (General Sampaio),' esta última apenas
esboçada. Cruzando-as perpendicularmente, vêem-se as travessas do Quartel (Dr. João
Moreira), das Flores (Castro e Silva), das Hortas (Senador A.lencar), das Belas (São
Paulo), Municipal (Guilherme Rocha), Formosa (Liberato Barroso), A.mélia (Pedra
Pereira), A.legria (Pedro I), onde se acabavam as edificações ... A. rua do Quartel ou rua
Larga, ao lado leste da Carolina, não se achava completame'lte traçada e a travessa das
Flores ainda não atingia a Praça da Sé, o que se deu em 1859, com o sacrifício da
Travessa da Matriz. À. direita do pajeú, o começo da rua do Sampaio (Govemador
Sampaio), a esse tempo chamada rua do Norte; e,
na praia, algumas construções que formariam a ruas do Chafaris (José A.velino) e da
A.lfândega (Dragão do Mar)."
Em outra planta, a primeira de Herbster, registrava-se distante, o Matadouro, na atual Praça Clóvis
Beviláqua, e a lagoa do Garrote que, em 1890, se transformaria no Parque da Liberdade, depois Cidade
da Criança. Noutra, de 1875, já se faz referência à rua da A.ldeota (Nogueira A.ccioly), para leste; e para
sul, a rua do Coelhos (Domingos Olímpio); algumas ruas foram sacrificadas para manter o tracejado,
salvo a entrada da Messejana (Vinconde.do Rio Branco).
A PRAÇA DO FEREIRA
As praças sempre constituíram marcos imPortantes na história de Fortaleza. Antes da Praça do Fereira
houveram outras que funcionaram como centros aglutinadores das mais diversas formas de
manifestação humana da cidade. No período colonial havia a praça do Conselho, onde estava postado
o Pelourinho, simbolo da da autoridade real, depois transferido para a praça da Carolina, ao lado do
mercado, ponto tro de feirantes, daí o nome de "Feira Velha". Mais tarde a feira foi transferida para o
local onde a praça do Ferreira, que passou a ser chamado "Feira Nova". Quanto ao Pelourinho, não se
sabe foi seu destino, presume-se que foi arrancado com a Proclamação da Independência.
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Ocupando junto com a "Feira Nova", o espaço da futura praça, havia também a rua do Cotovelo, uma
viela de mocambos que cortava em diagonal o terreno. Esse ajuntamento desordenado de casebres foi
erradicado em 1942. O lugar passou a chamar-se Largodas Trincheiras e depois Pedro II. Só em 1871
é que viria a ser batizado com o nome do Boticário.
Além da Botica, outros elementos contribuíram para tomar a futura praça o pronto mais agitado da
cidade. Havia a feira; a sede da Câmara Municipal, localizada no Sobrado do Pacheco; o Pachecão, o
primeiro construído em tijolo e telha, em 1825. Havia também a livraria do Oliveira, no lugar em que está
hoje o cine São Luiz, palco de animadas palestras.
Logo, as melhores casas comerciais da cidade foram se fixando em tomo da praça.
Com a proclamação da República, a febre positivista que acometeu os legisladores, quis mudar o nome
do logradouro para Praça Municipal, assim como retirar os nomes das ruas para numerá-Ias. A
modificação, no entanto, não agradou aos fortalezenses e tudo voltou a ser como era antes.
Para fazer crescer mais ainda a agitação da praça foram instalados nelas, em 1880, os trilhos da
Comoanhia Ferro Carril, cujos bondes puxados a burros, ar estacionavam. Em 1913, os burros foram
substirdos por bondes elétricos.
Completando a preferência pela praça, foram implantados nela, nos anos 80, os famosos quiosques.
Eram cafés-restaurante, que se tomaram a alegria dos palradores da cidade. O iniciador desses pontos
de reunião foi o aracatiense Manuel Pereira dos Santos, conhecido por Mané Coco. Eram em número
de 4: o Java, no ponto nordeste da praça; o Café do Comércio, no noroeste; o Iracema, no sudoeste e o
Elega:lte, a sudeste. Na reforma de 1920, promovida pelo prefeito Godofredo Maciel, foi decretada a
extinção dos quiosques.
Também na praça estava o "cajueiro da mentira", à sombra do qual se elegia todos os anos, no dia 12
de abril, em meio a bombas e bandeirinhas, o "Coronel Comandante do Batalhão dos Potoqueiros
(mentirosos) de Fortaleza", batalhão que tinha como única finalidade combater a verdade. O copado
cajueiro também não escapou à reforma do Godofredo.
Houve também "o banco" que reuniu várias gerações de intelectuais e que foi sendo lentamente
abandonado, até restar apenas o banco com seu nome inscrito no chão da praça; mesmo essa singela
homenagem desapareceu.
A praça foi testemunha também de tragédias como a que vitimou, em 1894, Joaquim Vitoriano, o Paulo
Kandalascaia, da Padarial Espiritual, o tenente Heitor Ferraz e o poeta Mário da Silveira. mortos por
motivos semelhantes. Foi palco igualmente da covardia da polícia de Accioly, que assassinou crianças
indefesas, nas manifestações de 1912.
Ao logo de sua existência, a praça sofreu várias reformas: a primeira com Guilherme Rocha, em 1906,
que nela construiu jardins e alamedas. Em 1920, Godofredo Maciel tirou os quiosques e pôs um coreto
para a apesentação de peças musicais. Em 1933, Raimundo Girão demoliu o coreto e colocou em seu
lugar a coluna da hora. Em 1946 foi construrdo o Abrigo Central, com casa de merenda, bancas de
bicheiros e engraxates no seu interior. Este foi derrubado em 1966 e em 1967, foi a vez da coluna, para
dar lugar a nova reforma em 1968, muito criticada pela estranha roupagem com que vestiu a praça.
Finalmente, em 1991, sofreu uma reforma profunda, que recuperou a coluna da hora, os bancos e até
ê. .e'ha cacimba construfda no século passado. Foram autores do projeto os arquitetosh Fausto Nilo
Costa e Delberg Ponce de Leon que procuraram evocar as diversas fases da praça. A. cacimba, tues
com bancas de revistas, a seqüência de pórticos em torno deles, feitos em aço especial que
homenageiam o espírito da praça; galhoteiro, brincalhão, onde até o sol foi vaiado nos anos 40; tudo
feito num esforço de resgatar a história do espaço mais democrático da cidade.
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AS RODAS LITERÁRIAS OS CAFÉS, OS TEATROS, OS CLUBES
As primeiras manifestações literárias do Ceará começaram nas reuniões feitas na casa do governador
Sampaio, os concorridos outeiros. Era início do século XIX. Freqüentavam essas reuniões, Costa
Barros, Pacheco Espinosa, Castro e Silva e outros que não produziram nada de muito significativo.
Outro grupo só surgiria na década de 70; era a Academia Francesa que contou com figuras de peso
como, Rocha Lima,Tomás Pompeu e Capistrano de Abreu. Muitos, influenciados pelas idéias
positivistas, combatiam o Romantismo. Publicavam o Jornal FRATERNIDADE.
Em 1886 surgiu o Clube Literário, que reunia Juvenal Galeno, Antonio Bezerra, Justiniano de Serpa,
Olieira Paiva, Farias Brito, Rodolfo Teófilo e o moço Antonio Sales. Apesar da matriz romântica de
muitos esses escritores, o grupo começou a se enquadrar na escola realista. Seu orgão na imprensa
era AQUINZENA.
Foi no final do século que o Ceará conheceu o seu mais expressivo e criativo movimento literário: A
PADARIA ESPIRITUAL. O seu mentor foi Antonio Sales e a idéia de sua criação se deu nas mesas do
Java. Seu orgão era O PÃO e tinha um Padreiro-mor Padeiro-mor (Presidente), dois Forneiros
(secretários) e os demais embros eram chamados de Padeiros. Os Padeiros tinham nomes fictícios:
Antonio Sales era Moacir rema, Adolfo Caminha era Feliz Guanabari no, Rodolfo Teófilo era Marcos
Serrano, Antonio Bezerra era André Camaúba e assim por diante. Entre outras coisas, seus estatutos
determinavam que era "proibido o tom oratório, sob pena de vara", ser severamente punido o Padeiro
que passasse uma semana sem dizer um chiste e, recitar ao pia'1o, dava "expulsão imediata e sem
apelo". Declarava como "inimigos naturais (...) o clero, os alfaiates e a polícia", Além de escritores,
haviam também músicos, Henrique Jorge (Sarasate Mirim) e seu irmão Carlos Vítor, e um pintor, Luis
Sá. Havia um que era nada disso, Joaquim Vitoriano, o Paulo Kandalascaia, que por sua coragem e
físico avantajado atuava como guarda costas dó grupo. No interior do movimento conviviam estilos
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literários diferentes, com maior predominância do Realismo. Através da Padaria foi introduzido o
Simbolismo no Ceará, bebido diretamente de Portugal. A Padaria Espiritual viveu duas fases: a primeira,
de 10 de julho de 1892 a 24 de dezembro desse ano, com a publicação de seis números d'O PÃO,
apesar do sexto estar numerado como quinto, porque saiu dois números 2. E a segunda fase, que se
iniciou a 1º de janeiro de 1895 e foi até 1898, quando extinguiu-se o movimento, apesar d'O PÃO ter
deixado de circular já em 1896.
A 15 de agosto de 1894 foi fundada a Academia Cearense de Letras, portanto, antes da Academia
Brasileira que é de 1896. Seus objetivos iam além da literatura, abarcando o campo das ciências,
educação, artes, de uma modo geral. Alguns de seus principais fundadores foram Tomás Pompeu,
Guilherme Studart, Farias Brito, Justiniano de Serpa, Padre Valdevino, Henrique Théberge, para citar os
mais conhecidos.
Nessa primeira fase, publicou de 1896 a 1914, a REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE. Digo primeira
fase porque deixou de funcionar várias vezes, sendo reorganizado em 1922,1930 e 1951. Funciona
atualmente no Palácio da Luz, antiga sede do govemo e tem como presidente o poeta Arthur Eduardo
Benevides. Em data recete, elegeu como membro a escritora Rachei de Oueirós.
O Centro Literário foi criado por uma dissidência da Padaria Espiritual em 1894. Não tinha a mesma
originalidade mas contava com escritores de grande talento como Papi Júnior, Guilherme Studart, Farias
Brito, e outros. Muitos faziam parte de um e outro movimento, pois não se exigia fidelidade de seus
membros. Publicava a revista IRACEMA e funcionou até o início do presente século.
Os grupos literários brotavam como ervas nos canteiros da "lourinha" afrancesada. Surgiam das rodas
que se formavam em torno dos bancos da Praça do Ferreira e do Passeio Público, nas livrarias

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