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Brasília-DF. Instrumentação, Contraste ParamagnétICo e segurança em ressonânCIa magnétICa Elaboração Marcelo Queiroz Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I INSTRUMENTAÇÃO ............................................................................................................................... 13 CAPÍTULO 1 Introdução ............................................................................................................................ 13 UNIDADE II CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA .............................................................................. 44 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 44 CAPÍTULO 2 BIOSSEGURANÇA ................................................................................................................... 59 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 76 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Este Caderno trata do método de diagnóstico por imagem mais recente, que é a ressonância magnética (RM). As imagens de RM constituem representações das intensidades de sinais eletromagnéticos dos núcleos dos átomos de hidrogênio no paciente. Estes sinais resultam de uma interação de ressonância entre os núcleos, e os campos magnéticos aplicados externamente podem ser codificados espacialmente de modo a fornecer um mapeamento detalhado da região da imagem em duas ou três dimensões. A intensidade do sinal depende da densidade e do ambiente magnético dos núcleos de hidrogênio (prótons). Os componentes mais importantes da RM são basicamente prótons, um campo magnético externo, a interação dos prótons com o campo magnético e a excitação por pulsos de radiofrequência e de gradientes. A RM tem alguma semelhança com a tomografia computadorizada, uma vez que também realiza cortes das estruturas corporais, porém com maior nível de detalhamento e nitidez. Exceto para os pacientes portadores de marca-passo cardíaco, alguns tipos de clipes ou próteses, é um exame totalmente isento de riscos. Não há emissão de radiação. A Ressonância Magnética é conhecida desde 1940, inventada por Purcell e Bloch, laureados com o Prêmio Nobel de Física em 1952. Tomando por base a possibilidade de exposição à radiação ionizante, a ressonância magnética, por não utilizá-la, é um método mais inócuo que os raios-X tradicionais ou que a tomografia computadorizada. Nesta etapa, estudaremos os tipos de equipamentos, sua constituição, seu funcionamento e métodos de segurança sobre o manuseio da ressonância magnética. Objetivos » Promover a capacitação dos alunos para identificar os diversos tipos de aparelhos de ressonância magnética. » Reconhecer os principais acessórios e instrumentos. » Compreender a utilização do contraste paramagnético. » Respeitar as normas de segurança e biossegurança utilizada na realização dos exames de ressonância magnética. 8 Terminologia – ressonância magnética Abreviaturas Um resumo das abreviaturas comuns usadas no campo da RM ao longo desta apostila é fornecido a seguir: A: Anterior AC: Número de aquisições AIT: Ataque isquêmico transitório ARM: Angiografia por ressonância magnética ARM-PC: ARM de contraste e fase ARM-TOF: ARM time of flight ATM: Articulação temporomandibular AVC: Acidente vascular cerebral BOLD: Dependente do nível de oxigenação sanguínea CE FAST: Fast Contrastado CIAS: Crista ilíaca anterossuperior CPRM: Colangiopancreatografia por ressonância magnética CR: Compensação respiratória CSE: Spin eco convencional Curtas: Técnicas de repetição curtas D: Direito DE prep: Preparação de magnetização dirigidapara equilíbrio DWI: Imagens ponderadas em difusão E: Esquerdo EAD: Encefalomielite aguda disseminada E curto: Técnica de repetição curta baseada em eco 9 ECG: Ecocardiograma ELT: Epilepsia de lobo temporal EM: Esclerose múltipla EPI: Imagem eco planar ETL: Comprimento de trem de eco FAST: Fourier acguired steady state FAST SAT: Saturação de gordura FC: Compensação de fluxo F curto: Técnica de repetição curta baseada no decaimento livre de indução FDA: Foods and Drugs Administration FFE: Fast field echo FID: Free indution decay – Decaimento livre de indução FISP: Imagem rápida com precessão estável – Fast imaging with steady precession FLAG: Gradientes ajustados por fluxo FLAIR: Inversão/recuperação atenuada por líquido FLASH: Tomada com angulação pequena (Fast low angle shot) FOV: Campo de visão FREEZE: Seleção respiratória de fase codificando etapas FSE: Fast spin eco GFE: Gradient field echo GFEC: Gradient field echo com contraste GMN: Anulação do momento gradiente GMR: Refasamento do momento gradiente GR: Refasamento do gradiente GRASS: Gradient recalled acquisition in the steady state 10 GRE: Gradiente eco GRE-EPI: Gradiente eco EPI HASTE: Tomada única de aquisição turbo SE pela metade_Half acquisition single shot turbo SE I: Inferior IM: Intramuscular IR: Inversão /recuperação IR-FSE: Inversão /recuperação _ FSE IRM: Imagem por ressonância magnética IR prep: Preparação de magnetização para inversão/ recuperação IV: Intravenoso LCE: Líquido cerebroespinhal LCQ: Luxação congênita do quadril MAI: Meato acústico interno MAST: Supressão de artefato de movimento MAV: Malformação arteriovenosa MEMP: Multieco multiplanar MPGR: GRASS multiplanar MPIR: Inversão/ recuperação multiplanar MP RAGE: Gradiente eco rápido preparado por magnetização MT: Transferência de magnetização NAV: Necrose avascular NEX: Número de excitações NSA: Número de médias de sinal P: Posterior 11 PC: Contraste de fase PD: Densidade de prótons Pe: Periférico PEAR: Redução de artefatos codificadores de fase PRIZE: Seleção respiratória de etapas de codificação de fase PSIF: FISP reverso RAM FAST: Aquisição rápida de matriz Fast RCR: Relação contraste-ruído REST: Técnica de saturação regional RF: Radiofrequência RF spoiled FAST: Radiofrequências spoiled Fast RM: Ressonância magnética RMf: RM funcional ROI: Região de interesse RR: Intervalo R-R RSR: Relação sinal-ruído S: Superior SAR: Taxa de absorção específica SAT: Saturação SE: Spin eco SE-EPI: Spin eco EPI SMART: Técnica de redução de artefatos de movimentação Shimadzu SMASH: Tomada com angulação mínima curta SNC: Sistema nervoso central SPAMM: Modulação espacial da magnetização 12 SPGR: GRASS spoiled SPIR: Inversão/ recuperação seletiva para o espectro SS: Tomada única SS-EPI: Tomada única de EPI SSFP: Steady state free precession - Precessão livre em estado de estabilidade SS-FSE: FSE em tomada única STAGE: Small tip angle gradient echo - Gradiente eco com pequeno ângulo de extremidade STERF: Steady state technique with refocused FID - Técnica de estado de estabilidade com FID refocado STILL: Compensação de movimento de fluxo STIR: Inversão /recuperação com TI curto TC: Tomografia computadorizada TE: Tempo de eco TFE: Turbo field echo TI: Tempo de inversão TOF: Time of flight TR: Tempo de repetição TSE: Turbo spin echo VCI: Veia cava inferior VEMP: Eco multiplanar variável VENC: Codificação de velocidade 13 UNIDADE IINSTRUMENTAÇÃO CAPÍTULO 1 Introdução Definição O exame de ressonância magnética (RM) é realizado com os princípios do magnetismo nuclear. Cada elemento do nosso corpo é um pequeno ímã e, quando colocado sob ação de um campo magnético mais intenso, o equipamento permite que um sinal seja gerado, coletado e transformado em imagem. Os equipamentos de RM, chamados de magnetos, possuem uma intensidade de campo magnético cerca de 30 mil vezes maior que a do campo magnético terrestre. Essa alta intensidade de campo magnético é capaz de atrair metais livres facilmente, interferir no funcionamento de equipamentos eletromagnéticos e desmagnetizar cartões de crédito, por exemplo. Durante o exame, o paciente é orientado a deixar todos os seus pertences em um local seguro fora da sala de exames para evitar que problemas, como os mencionados anteriormente, ocorram. O exame pode se tornar desconfortável para pacientes claustrofóbicos devido ao grande comprimento de algumas máquinas (até 2 metros) e o pequeno diâmetro do túnel onde ele é posicionado. Outro fator que pode influenciar no desconforto é o fato de o exame, dependendo do número de segmentos a ser estudado, ser relativamente longo, podendo durar mais de uma hora. No mercado, existem equipamentos de RM de 0,3 até 3,0 tesla, os equipamentos de campo aberto e campo fechado. Devido às características destes equipamentos, como o alto campo magnético e gradientes rápidos, os disponíveis possibilitam aquisições volumétricas com cortes submilimétricos de determinadas estruturas, recurso 14 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO utilizado para planejamentos cirúrgicos, visualização anatômica em três dimensões e detalhamento de lesões pequenas. Os equipamentos contam ainda com sistemas específicos de aquisição de imagem para exames osteomusculares (joelho, ombro, punho, mão, articulação coxofemural) e neurológicos (crânio, coluna cervical, coluna dorsal, coluna lombar e sacral) permitindo grande detalhamento de algumas estruturas não observadas de maneira precisa em outras técnicas de imagem. As inovações tecnológicas sempre buscam melhorar ainda mais o diagnóstico por imagem, possibilitando que o alcance das imagens seja feito em menor tempo e com maior resolução. Outra característica importante é referente ao conforto do paciente. Pela necessidade de realizar exames em pacientes obesos há equipamentos que possuem uma abertura grande de suas extremidades (72 cm) seu comprimento é curto (1,52m) e suporta pacientes de até 250 kg. Há diversos softwares de reconstruções que facilitam o diagnóstico e a precisão dos laudos. Em relação a outros meios de diagnóstico por imagem, a RM garante excelente definição de imagem, o equipamento de alto campo, oferece maior precisão de diagnósticos e contribui para que os procedimentos ganhem também em agilidade, pois não é preciso reposicionar pacientes nem bobinas durante a aquisição de imagens. A dimensão reduzida do magneto é outra característica que se traduz em um duplo benefício. Além disso, a RM, em relação à TC, proporciona maior conforto aos pacientes, especialmente àqueles que sofrem de claustrofobia, pois a aquisição de imagens em sua grande maioria pode ser realizada posicionando o paciente com a cabeça para fora do magneto. Contraindicações As seguintes condições e materiais contraindicam a realização do exame de RM: » clipes de aneurisma (verificar com o cirurgião o material utilizado e quando foi feita a colocação, em alguns casos não inviabiliza a realização do exame); » implantes e aparelhos oculares (exceto lentes intraoculares para catarata); 15 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I » implantes de ouvido (cocleares); » marca-passo cardíaco; » fixadores ortopédicos externos; » gestantes com menos de 12 semanas de gestação (contraindicação relativa). As seguintes condições e materiais são permitidos no exame de RM: » clipes utilizados em cirurgias de vesícula biliar; » próteses valvares cardíacas (mesmo as metálicas); » implantes ortopédicos, como próteses, pinos, parafusos e hastes (exceto os fixadores externos); » derivação ventriculoperitoneal;» dispositivo intrauterino (DIU); » stents intravasculares: por exemplo, stent coronariano é permitido para a realização do exame somente após 8 (oito) semanas de sua colocação. Exames realizados com maior frequência em RM » Ângio RM » Ângio RM Abdome Superior » Ângio RM Abdome Total » Ângio RM Aorta Abdominal » Ângio RM Aorta Torácica » Colângio RM » RM Abdome Superior » RM Abdome Total » RM Antebraço 16 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO » RM Articulação Coxofemoral (unilateral/bilateral) » RM Articulação Sacroilíacas » RM Articulação Temporomandibular (ATM) » RM Bacia (Quadril) » RM Base do Crânio » RM Bolsa Escrotal » RM Braço » RM Calcâneo » RM Canal Retal » RM Clavícula » RM Coluna Cervical » RM Coluna Dorsal » RM Coluna Lombossacra » RM Aorta » RM Costelas » RM Cotovelo » RM Coxa » RM Crânio » RM Dedo » RM Conduto Auditivo » RM Faringe » RM Fetal » RM Fluxo Liquórico » RM Fossas Nasais 17 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I » RM Hipófise (Sela Turca) » RM Joelho » RM Laringe » RM Mamária » RM Mão » RM Mastoides (ouvido) » RM Maxilar » RM Membro Superior » RM Ombro » RM Órbitas » RM Ouvido » RM Pé » RM Pelve » RM Peniana » RM Perna » RM Pescoço » RM Plexo Braquial » RM Próstata Endorretal com Espectroscopia » RM Punho » RM Quadril » RM Região Glútea » RM Renal (Abdome Superior) » RM Sacrocóccix » RM Sacroilíacas 18 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO » RM Segmento Apendicular » RM Seios da Face (SAF) » RM Sínfise Púbica » RM Tendão de Aquiles » RM Tórax » RM Tornozelo Aparelho de RM Os aparelhos de RM têm um design básico, na maioria deles um cubo gigante. O cubo de um aparelho comum deve ter 2m de altura x 2m de largura x 3m de comprimento, embora os modelos atuais estejam diminuindo as dimensões. Há um tubo horizontal que atravessa o magneto (ímã) da parte dianteira até a traseira. Esse tubo é uma espécie de vão do magneto. O paciente, deitado de costas, desliza para dentro do vão por meio de uma mesa especial. O que vai determinar se o paciente vai entrar primeiro com a cabeça ou com os pés ou até onde o magneto irá é o tipo de exame que será realizado. Embora os aparelhos venham em tamanhos e formatos diferentes, e os novos modelos possam ter certa abertura nas laterais, o design básico é o mesmo. Assim que a parte do corpo que deve ser examinada atinge o centro exato, ou isocentro, do campo magnético, o exame começa. O aparelho de RM percorre cada ponto do corpo do paciente, construindo um mapa em 2D ou 3D dos tipos de tecido. Então, ele junta todas essas informações para criar imagens em 2D ou modelos em 3D. Os aparelhos de RF usam pulsos de radiofrequência (RF) direcionados somente ao hidrogênio. O aparelho direciona este pulso para a área do corpo que o médico deseja examinar no paciente. Este pulso faz com que os prótons naquela área absorvam a energia necessária para que se movam numa direção diferente. É este o fato que faz com que se faça referência à palavra «ressonância» do termo RM. O pulso de RF força os prótons (somente 1 ou 2 que não se anularam em cada milhão) a girarem com uma frequência e direção específicas. A frequência específica de 19 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I ressonância é chamada de frequência de Larmour e é calculada com base no tecido cuja imagem vai ser gerada e na intensidade do campo magnético principal. Geralmente, estes pulsos de RF são aplicados por meio de uma bobina. Os aparelhos de ressonância magnética vêm com diferentes bobinas projetadas para diferentes partes do corpo: » joelhos; » ombros; » pulsos; » cabeça; » pescoço. Essas bobinas geralmente adaptam-se ao contorno da parte do corpo cuja imagem vai ser gerada, ou pelo menos ficam muito próximas destas partes do corpo durante o exame. Quase que ao mesmo tempo, os três magnetos gradientes entram em ação, organizados de tal maneira dentro do magneto principal que, ao serem ligados e desligados rapidamente e de maneiras determinadas, alteram o campo magnético principal em um nível bem-localizado. E isto significa qual será a opção de escolha quanto à área que queremos analisar e obter em uma imagem de diagnóstico. Em termos técnicos, estas áreas são apelidadas de fatias. É possível fatiar qualquer parte do corpo em qualquer direção, existindo uma grande vantagem sobre qualquer outro tipo de exame de diagnóstico de imagens. E, além disso, não é necessário mover o aparelho para obter uma imagem com uma direção diferente, pois este consegue manipular tudo com os magnetos gradientes. Quando o pulso de RF é desligado, os prótons de hidrogênio começam a retornar lentamente (em termos relativos) os seus alinhamentos naturais dentro do campo magnético e libertam o excesso de energia armazenada. Ao fazê-lo, os prótons emitem um sinal que a bobina recebe e envia para o computador. Esses dados matemáticos são convertidos por meio de uma transformação de Fourier em uma imagem. E é por isso que falamos tanto que este é um exame de «imagens». 20 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Figura 1. Ressonância magnética campo fechado. Fonte: <intropsi.blogspot.com.br>. Equipamento de campo aberto Considerado um dos exames diagnósticos mais modernos à disposição da Medicina, a RM possibilita a visualização de várias regiões e órgãos do corpo humano, diferenciando, inclusive, tipos de tecidos, sem a necessidade de expor o paciente ao raio-X ou a outros tipos de radiação ionizante. As imagens obtidas pelo aparelho permitem ao médico radiologista investigar diversas doenças e suas origens. A RM de campo aberto é um conforto a mais para o paciente portador de claustrofobia (medo de estar em lugares fechados ou de tamanho reduzido), uma vez que ele não desliza para dentro do aparelho como acontece em equipamentos de campo fechado. Por esse motivo, somente os pacientes muito agitados precisam de sedação ou anestesia. O exame costuma durar cerca de 20 a 30 minutos, podendo levar mais tempo apenas em casos mais complexos. Figura 2. A RM de campo aberto com alto campo de potência Fonte: <med-rad.med.br>. 21 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I <http://www.youtube.com/watch?v=yAZRl2m0ED0>. <https://www.youtube.com/watch?v=tV3UIxWJfxA>. Equipamento de campo aberto (alto campo) Há equipamentos no mercado que apresentam o sistema de RM aberta de alto campo de 1,0 a 1.5 T com gradientes versão. Isto representa superior qualidade de imagem, flexibilidade técnica, conforto ao paciente, produtividade e um rápido retorno do investimento. Especialmente projetada para extremidades, a RM com campo aberto tem um design ergonômico que reduz a necessidade de se repetir exames, proporcionando maior fluxo de trabalho e muito mais conforto para os pacientes. As RMs de campo aberto têm as seguintes vantagens: » reduz o tempo de espera dos pacientes; » mais rápida e silenciosa; » design não claustrofóbico; » elimina totalmente a necessidade de sedação; » confortável em todos os tipos de exames. Os exames de RM de extremidades representam hoje de 30 a 50% do total de procedimentos realizados. Pela necessidade de mercado, as empresas vêm evoluindo esses aparelhos, reduzindo o seu tamanho e aumentado sua qualidade. A RM de campo aberto quase se apresenta como um aparelho portátil, possuindo as características de: » gradiente 2 vezes mais potente, melhor visualização de cartilagens; » mais precisão no diagnóstico; » posicionamento isocêntrico mais eficiente; » totalmente aberta, excelência clínica com alta performance de 1.5T; » baixo custo operacional e instalação em menos de 24m; » plataformaWindows, compatível com DICOM 3.0; 22 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO » leve: 350 kg; » fácil operação; » exames de extremidades das ressonâncias de corpo inteiro; » extensa gama de bobinas de RF e maior sensibilidade para cada tipo de extremidade examinada. A extensa gama de bobinas permite exames com melhor qualidade de imagem e maior precisão, porque possibilita o uso da bobina ideal de acordo com o tipo de extremidade examinada, anatomia e peso do paciente (mão, punho, cotovelo, braço, pé, tornozelo, joelho). Isso possibilita um rápido posicionamento, reduz ruídos, elimina movimentos e permite que a área examinada fique no isocentro do magneto. Figura 3 Fonte: <pyramidmedical.com.br>. Figura 4 Fonte: <pyramidmedical.com.br>. 23 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I <http://www.youtube.com/watch?v=ThVFK2qzA3A>. <http://www.youtube.com/watch?v=Q7N_e2vvg_o>. Figura 5 Fonte: <osbatidoresdeumagrandemergencia.blogspot.com.br>. Estrutura do ressonador À primeira vista, o aparelho de RM é muito semelhante a um aparelho de TC. A sala, os vários monitores, a mesa motorizada, o portal. Porém as semelhanças não passam do aspecto físico. Por trás daquele enorme portal existe um sistema completamente diferente do TC. Em primeiro lugar, vale lembrar que a RM não utiliza qualquer tipo de radiação ionizante, o que quer dizer que o exame de RM não acarreta nenhum dano ao paciente ou ao operador. Em segundo lugar, não há partes móveis dentro do portal, ou seja, não existem componentes que giram ao redor do paciente. E, por fim, a imagem é obtida por meio de uma sequência de ações na qual o corpo humano participa ativamente, ao contrário da forma passiva de atenuação dos raios-X. 24 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Dessa forma, veremos a seguir que um sistema de RM possui 6 componentes fundamentais para o seu funcionamento: » Magneto » Bobinas de gradiente » Bobinas de RF » Suporte eletrônico » Computador » Console Magnetos O componente mais visível e provavelmente mais discutido do sistema de RM é o magneto. O magneto produz o potente campo magnético estático (intensidade constante) ao redor do qual os prótons estão em precessão. Atualmente, há três tipos de magnetos no sistema de RM. Nenhum dos três pode ser considerado superior aos outros. Cada um possui características próprias, entretanto, compartilha um objetivo comum, a criação do campo magnético que é medido em teslas. Magnetos resistivos O magneto resistivo funciona segundo o princípio do eletromagneto, no qual um campo magnético pode ser criado passando-se uma corrente elétrica através de uma bobina de fios. Magnetos resistivos exigem grandes quantidades de energia elétrica, muitas vezes maior que aquela necessária para equipamentos radiológicos, a fim de fornecer as altas correntes necessárias para a produção de campos magnéticos de grande intensidade. O custo desta energia deve ser contabilizado como parte do custo do exame. Além disso, as elevadas correntes elétricas produzem calor, que deve ser dissipado com um sistema eficiente de resfriamento. O calor é produzido pela resistência do próprio fio por meio do efeito Joule. Sistemas resistivos típicos produzem campos magnéticos de até 1,5 tesla. Os custos elevados de operação associados aos outros tipos de magnetos, a energia elétrica e o criogênio para refrigeração, não existem no magneto permanente. Determinados materiais na natureza podem adquirir propriedades magnéticas permanentes. Um exemplo de magneto permanente são aqueles ímãs de geladeira. 25 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I Para uso em RM, determinados magnetos permanentes podem ser construídos em grandes tamanhos e obter-se desta forma intensidade de campos de até 0,3 tesla. Alguns equipamentos de RM são construídos com forma de placas paralelas sustentadas por quatro pilares onde se empregam os magnetos permanentes. Este tipo de equipamento é conhecido popularmente como ressonância aberta. O custo de aquisição de um equipamento a magneto permanente situa-se entre os dois outros tipos. No entanto, o custo operacional é muito reduzido, pois não necessita de energia elétrica nem refrigeração. Entretanto, possui a desvantagem de ser impossível de desligar a força do campo magnético, o que dificulta inclusive a manutenção. Se objetos metálicos ficarem presos no orifício central do magneto, estes terão de ser arrancados com uma força física capaz de vencer a força total do campo magnético. Além disso, os magnetos não podem ser transportados em caminhões metálicos comuns. Última novidade em termos de RM, o magneto construído com supercondutor também utiliza o princípio do eletromagneto. Além disso, utiliza uma propriedade que é apresentada por alguns materiais em temperaturas extremamente baixas, a característica da supercondutividade. Um material supercondutor é aquele que perdeu toda a resistência à passagem da corrente elétrica. Quando isso ocorre, correntes elétricas muito grandes podem ser mantidas com pouco dispêndio de energia elétrica. Assim, o custo elétrico de operação do magneto é mínimo. Por outro lado, o custo do sistema de refrigeração para manter o supercondutor em temperaturas muito baixas é alto. Os materiais utilizados na refrigeração, chamados de criogênios, são o nitrogênio líquido (-196°C) e o hélio líquido (-268°C). O custo de manter este sistema de resfriamento intensivo é da mesma grandeza ou maior que o custo da energia elétrica para magnetos resistivos. Há de se levar em conta o custo do refrigerante. Por exemplo: RMs de 0,5 tesla necessitam em trono de 1.000 litros de hélio para sua refrigeração. No entanto, no uso diário, são consumidos em torno de 2 litros. Ao final de 6 meses, o consumo será de 400 litros, que deverão ser repostos num dia de manutenção preventiva do equipamento. A vantagem deste tipo de tecnologia, apesar do alto custo inicial, é a capacidade de se atingir campos magnéticos de até 2 teslas. <http://www.youtube.com/watch?v=eCBT10bJH4k>. 26 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Bobinas de gradiente Além dos potentes magnetos, um importante componente do sistema de RM é a bobina de gradiente. A presença de um gradiente magnético ao longo do corpo do paciente causa a precessão dos prótons em velocidades ligeiramente diferentes, em diferentes localizações do paciente, permitindo que o computador determine a localização no paciente da qual se originou o sinal de RM recebido. Esta informação é, obviamente, fundamental para a reconstrução de imagens do paciente. Os gradientes são muito mais fracos que o campo magnético estático e podem ser produzidos por bobinas de fio relativamente simples. Figura 6 Fonte: <http://rle.dainf.ct.utfpr.edu.br>. <http://www.youtube.com/watch?v=eCBT10bJH4k>. Bobinas de gradiente para cada uma das três direções Uma configuração típica das bobinas de gradiente é mostrada na Figura 7. Um sistema de RM pode conter três grupos de bobinas de gradiente permitindo a aplicação de um gradiente em qualquer das três direções ortogonais x, y e z. Estas bobinas, denominadas bobinas de gradiente x, y e z, estão localizadas dentro do orifício do magneto do sistema principal. Mediante o ajuste eletrônico da quantidade de corrente nestes três grupos de bobinas, é possível obter um gradiente em qualquer direção. Esta flexibilidade permite que o sistema de imagem por RM obtenha imagens em qualquer orientação dentro do paciente. 27 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I Figura 7 Fonte: <tecnologiayciencia.es>. Suporte eletrônico Os sistemas de suporte eletrônico que constituem outro componente do sistema de RM podem ser divididos em duas partes. A primeira parte, o suprimento de energia, fornece tensão e corrente para todas as partes do sistemade RM, como as bobinas de gradiente, o sistema de resfriamento, o magneto e o computador. O uso e a quantidade de energia elétrica variam para cada sistema de RM. Por exemplo: as necessidades do sistema de resfriamento e magnetos são mínimas em equipamentos com magneto permanente, mas representam os maiores consumidores de energia nos equipamentos com magnetos resistivos. Assim, o consumo de energia pode variar de 25 kW até 150 kW entre cada um dos sistemas citados. Figuras 8 e 9 Fonte: <www.ebah.com.br>. 28 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO A segunda parte principal do sistema de suporte eletrônico é a etapa de recepção e transmissão de RF. Esta parte do sistema realiza as mesmas funções que os transmissores e receptores de comunicação de uma estação de rádio AM ou FM; envia os pulsos de onda de rádio para o paciente e recebe os sinais de RM do paciente através das bobinas de RF descritas anteriormente. O receptor de RF também contém amplificadores que aumentam a intensidade de sinais de RF relativamente fracos recebidos do paciente dentro do magneto. Computador O computador também é um componente de um sistema de RM e que pode ser considerado fundamental neste tipo de equipamento. É o computador quem comanda e processa as informações de todas as partes do sistema de RM. Durante o exame, controla o tempo dos pulsos para coincidir com alterações das intensidades do campo de gradiente. Após o exame, ele reconstrói a imagem do paciente utilizando técnicas como a transformada de Fourier, semelhante àquelas usadas em TC. O computador contém dispositivos de memória internos e externos. A memória interna permite que ele manipule os milhões de bits de informações para gerar a imagem do paciente. A memória externa, disco rígido ou CD-ROM regravável (disco óptico), serve para armazenar as imagens para uso futuro. Console de comando Outro componente do sistema de RM é a estação de trabalho do operador ou console de comando, onde o técnico poderá comandar toda a operação e visualizar a imagem reconstruída. Na estação de trabalho central, estão localizados os controles usados pelo técnico para selecionar sequências de pulsos, estabelecer os vários parâmetros ajustáveis como número de médias de sinal e tempos TR e TE, além de dar os comandos de iniciar e terminar o exame. Também poderão ser dados ajustes na imagem obtida, como brilho e contraste, além dos comandos de arquivamento e recuperação desta imagem. Estações de exibição independentes (estações de trabalho) localizadas distante da estação de exibição central, que geralmente é junto à sala de diagnóstico, frequentemente são incluídas para permitir a visualização de imagens enquanto outros pacientes estão sendo examinados. Isto facilita e melhora a qualidade do laudo médico, pois o radiologista poderá buscar imagens não impressas no filme para avalizar seu diagnóstico. Inclusive, poderá solicitar ao computador que realize novos cortes, a partir das imagens adquiridas, em ângulos ou planos diferentes dos realizados durante o exame, e até mesmo solicitar reconstruções tridimensionais. 29 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I Figuras 10 e 11 Fonte: <www.ebah.com.br>. Bobinas de RF Um componente fundamental do sistema de RM é a bobina de RF ou bobina de emissão e recepção. Estas bobinas de RF atuam como antenas para produzir e detectar as ondas de rádio que são denominadas de sinal de RM. Uma bobina de RF típica está encerrada no portal do magneto e, assim, não é especificamente visível. Estas bobinas de RF encobertas, algumas vezes denominadas de bobinas corporais, circundam completamente o paciente, incluindo a mesa sobre a qual ele está deitado. Algumas bobinas de volume integral circunferenciais e bobinas de superfície: » bobina para membro; » bobina para pescoço; » bobina de superfície plana; » bobina para cabeça; » bobina para ATM (lateral); » bobina para ombro; » bobina para punho; » bobina para coluna. Os desenhos das bobinas de RF variam desde uma grande bobina corporal embutida no próprio portal até bobinas de volume integral circunferenciais menores e separadas, que também circundam a parte examinada. Algumas bobinas de superfície, como a bobina para ombro, são colocadas sobre a área a ser examinada. Geralmente, este 30 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO tipo de bobina é usado para visualização de estruturas mais superficiais. Outro tipo de bobina de RF usada frequentemente é a bobina de arranjo de fase. Estas consistem em múltiplas bobinas e receptores agrupados juntos. Cada bobina é independente da outra e tem seu próprio receptor, que permite grande campo de cobertura de visão para uso no estudo da coluna vertebral. Bobinas receptoras e transmissoras de RF ou sistema de RF A bobina de RF tem como objetivo potencializar o sinal da bobina do gradiente. Se imaginarmos que os magnetos possuem a bobina de gradiente, que abrange toda área do grantry, o sinal de RF perde sua potência. Pensando nisso, foram desenvolvidos vários tipos de bobinas que amplificam esse sinal. Há vários tipos usados atualmente na aquisição de imagens de RM. Podemos destacar o uso cada vez mais intenso de bobinas de múltiplos elementos com arranjo de fase. As bobinas de arranjo de fase são compostas por múltiplas pequenas bobinas ou elementos, cada uma com um circuito próprio de detecção que se sobrepõem e envolverão a anatomia de interesse. Até bem pouco tempo atrás a única bobina do tipo arranjo de fase era a bobina de coluna, porém, atualmente, o conceito vem sendo aplicado para todas as bobinas. Utilizar bobinas com múltiplos elementos permite o uso das técnicas de imagens paralelas (SENSE, GRAPPA, ARC etc.) que vão utilizar a informação da distribuição espacial do padrão de sinal gerado pela bobina em cada paciente e economizar etapas da codificação de sinal, permitindo assim um ganho expressivo de tempo e novas possibilidades de utilização da RM, especialmente onde a velocidade é determinante. Seguem as bobinas de gradientes mais utilizadas na realização dos exames RM. Bobina de cabeça Figura 12. 8/16 Canais RAPID, Crânio Fonte: <rle.dainf.ct.utfpr.edu.br>. 31 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I Figura 13 Fonte: Durá (2008) Benefícios de qualidade de imagem e fluxo de trabalho são obtidos com a bobina de crânio Echelon altamente sensível. O conforto do paciente é assegurado pelo espelho e almofadas personalizadas, enquanto o design multicanal provê imagem cerebral ultrarrápida e de alta resolução. Bobina cardíaca Figura 14 Fonte: <medical.philips.com>. Figura 15 Fonte: <medical.philips.com>. 32 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Figura 16 Fonte: <milton.com.br>. Bobina Sense torso/ cardiac de 32 elementos Bobina Phased array flexível dedicada de alta resolução com altos fatores de aceleração. Cobertura do coração e dos vasos coronários. Requer plataforma de RF de 32 canais. Bobina de coluna Figura 17. 8/10 Canais RAPID, CTL Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Figura 18 Fonte: <www.hitachimedica.com.br>. 33 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I As bobinas é optimizada para fornecer a uniformidade e a relação sinal/ruído que são essenciais para as imagens de alta qualidade da coluna Figura 19 Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Figura 20. Ressonância magnética de coluna total/neuroeixo Fonte: <www.megaimagem.com.br>. 34 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Bobina de coluna cervical Figura 21. 8 Canais, Neuro Vascular Fonte: <clinicadralexandrecruzeiro.webnode.com.br>. Proporciona a flexibilidade necessária para aquisição de imagem crânio-cervical. Aplicações de bobina múltipla incluem crânio, cervical e cabeça/pescoço, minimizando o reposicionamento do paciente. Bobina de abdome A TC e a RM (exame chamado enterorressonânciamagnética, no qual se coloca contraste no intestino para avaliar patologias do intestino delgado) pode avaliar o espessamento da parede gástrica em processos inflamatórios e em tumores para melhor planejamento do tratamento. Figura 22. 8/16 Canais RAPID, Corpo. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. 35 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I O design multicanal e suporte 3D RAPID permitem qualidade de imagem com grande FOV em aplicações desde dinâmico com apneia para abdome até estudo cardíaco. Figura 23. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Bobina de punho Proporciona imagens que permitem a detecção praticamente completa de todas as lesões musculoesqueléticas do punho. Figura 24. Bobina específica de punho 4 canais, punho. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Grande o suficiente para suportar ampla gama de pacientes, a bobina de punho oferece alta resolução espacial com alta relação sinal/ruído. 36 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Podem ser usados com o braço do paciente elevado acima da cabeça ou posicionado na lateral do corpo, na posição vertical ou horizontal. Seu desenho é de uma peça ovoide articulada para facilitar o posicionamento do paciente. A placa da base rígida fixa a bobina e reduz aos artefatos causados por movimentos do paciente. Requer plataforma de RF de 4 canais ou mais. Par de bobinas de uso geral Figura 25 Fonte: <www.hitachimedica.com.br>. Figura 26 Fonte: <www.milton.com.br>. 37 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I O design de duas bobinas é ideal para regiões anatômicas de difícil posicionamento, como cotovelo e antebraço. A dupla bobina oferece versatilidade para melhor qualidade de imagem, mantendo o conforto ao paciente. Bobina de ombro A imagem possui RM com bobina específica multicanal de ombro em aparelho de alto campo (1,5 ou 3 tesla), proporcionando imagens que permitem a detecção praticamente completa de todas as lesões musculoesqueléticas do ombro: » Lesões do manguito rotador: que é um grupo de músculos e seus tendões que estabilizam e movimentam o ombro. » Pode avaliar causas de dores e perda de função, como a tendinite e rupturas do músculo bíceps, depósitos de cálcio secundários a doenças sistêmicas, doenças inflamatórias da articulação e tumores. » Quando o paciente tem dor ou perda de função e o exame é normal, reforça para o médico o diagnóstico da síndrome miofascial dolorosa, causa frequente de ausência no trabalho, permitindo o tratamento específico (que é totalmente diferente de tendinite e outras alterações inflamatórias, permitindo uma recuperação mais rápida do paciente). » É o principal e melhor método no diagnóstico e na avaliação da instabilidade glenoumeral, que é causada por lesões ósseas e/ou ligamentares decorrentes de trauma, levando ao deslocamento do ombro (geralmente anterior). São os casos em que o paciente diz que o ombro sai do lugar. Figura 27. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. 38 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Bobina de tornozelo/pé Figura 28. 8 canais, pé e tornozelo Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Esta bobina de alta performance complementa as vantagens da echelon em imagens ortopédicas, oferecendo alta resolução e alta uniformidade das estruturas da parte inferior da perna, do pé e do tornozelo. Seu design oferece fácil posicionamento, ótima cobertura, movimento reduzido e conforto ao paciente. A RM com bobina específica multicanal de tornozelo e pé em aparelho de alto campo (1,5 tesla ou 3 tesla), proporciona avaliação complementar em lesões que, muitas vezes, o raio-X simples não é suficiente para avaliação. Portanto, a RM e a TC são necessárias para mais detalhes. As lesões incluem contusões, fraturas ocultas e fraturas de estresse. As fraturas de estresse são secundárias aos esforços repetitivos de uma atividade geralmente nova ou diferente, o que leva a uma hipertrofia do músculo que força o osso, levando a fraturas. Também podem ocorrer as fraturas por insuficiência, como quando o osso esta frágil, por exemplo, no caso da osteoporose. Em algumas situações em que há acometimento ósseo, a TC também pode ser utilizada. 39 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I Bobina de joelho Figura 29. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Figura 30 Fonte: <www.imi.pt>. Esta bobina única suporta acelerada aquisição de imagem com alta resolução e ainda conforto ao paciente. Sua grande abertura é ideal para imagens de pacientes maiores, sem comprometer a relação sinal/ruído. 40 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Bobina de mama Figura 31. Equipamento RM 1,5 tesla com bobina específica multicanal de mama. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Figura 32 Fonte: <www.megaimagem.com.br>. Figura 33 RM para avaliação de silicone. RM de mama com contraste e difusão. Fonte: <www.megaimagem.com.br>. 41 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I Bomba injetora para RM Pela necessidade do meio de contraste chegar no momento certo da aquisição da imagem, desenvolveu-se tanto para TC como para RM um equipamento muito aplicado no auxílio da injeção do meio de contraste: a bomba injetota. Há vários modelos e sistemas diferenciados de bombas injetoras disponiveis e elas são adquiridas de acordo como a necessidade que o setor diagnóstico exige. Conceitualmente, a velocidade de injeção ideal na RM é aquela que garante a presença homogênea do meio de contraste no território arterial sob investigação durante a aquisição do espaço k central. Com a aquisição do espaço k de padrão central, a prioridade deve ser dada em obter um bolo mais compacto (utilizando maior velocidade de injeção), de modo que o platô de realce arterial seja mais curto e concomitante com a aquisição do espaço k central. Sabe-se que a intensidade do sinal vascular aumenta proporcionalmente à velocidade de injeção até o valor de 1,5 a 2 ml/s. Por outro lado, dados da literatura reforçam que a dose dupla de contraste (0,2 mmol/kg) administrada a uma velocidade de 2 a 3 ml/s apresenta bons resultados na grande maioria dos pacientes. A injeção deve ser feita por meio de bomba mecânica, por oferecer um fluxo mais constante e padronizado. Porém, muitas instituições não dispõem de bombas mecânicas e apresentam bons resultados com injeção manual em mãos experientes. De qualquer modo, todo bolo injetado deve ser seguido por um volume de 15 a 20 ml de solução salina, para garantir a entrada vascular de todo o meio de contraste e aumentar o fluxo venoso do braço após a injeção. Figura 34 Fonte: <www.cmsmedical.com.br>. 42 UNIDADE I │ INSTRUMENTAÇÃO Características e benefícios da bomba injetora para RM » Exclusiva parada mecânica para minimizar o risco de injeção excessiva. » Múltiplas configurações da seringa (60/150 ml – 150/150 ml – 200/200 ml) ajustam o tamanho correto da seringa com o paciente e o procedimento. » Um toque habilita o controle de velocidade variável para fácil carregamento da seringa. » Disponível em duas configurações » Sistema de pedestal integrado: › o braço articulado estende-se para alcançar e ser facilmente posicionado próximo do paciente; › altura do braço ajustável para maior facilidade no carregamento da seringa. O painel de controle rotativo é facilmente visualizado e pronto para qualquer posição na sala; › sistema de montagem do rack; › piso, mesa, teto, parede, ou opções de montagem da parede e flexibilidade. Painel de controle é fácil de aprender e operar. » Múltiplos níveis de proteção. Microprocessador programado ajuda a proteger contra: › o excesso de volume; › o excesso de fluxo; › o excesso de pressão. » Exclusiva parada mecânica: › ajusta automaticamente e bloqueia fisicamente o limite de volume selecionado de injeção; › não é afetado pela interrupção elétrica;› aposição ajustada é verificada por leds na parte superior da injetora. 43 INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE I » O exame de ressonância magnética é realizado com os princípios do magnetismo nuclear. Cada elemento do nosso corpo é um pequeno ímã que quando colocado sob ação de um campo magnético mais intenso – o equipamento – permite que um sinal seja gerado, coletado e transformado em imagem. » Os equipamentos de ressonância magnética, chamados de magnetos, possuem uma intensidade de campo magnético cerca de 30 mil vezes maior que a do campo magnético terrestre. » No mercado existem equipamentos de ressonância magnética de 0,3 até 3,0 tesla e são equipamentos de campo aberto e campo fechado devido às características destes equipamentos, como o alto campo magnético e gradientes rápidos. » A ressonância magnética de campo aberto é um conforto a mais para o paciente portador de claustrofobia (medo de estar em lugares fechados ou de tamanho reduzido), uma vez que ele não desliza para dentro do aparelho como acontece em equipamentos de campo fechado. » Componente de sistema de ressonância magnética: › magneto; › bobinas de gradiente; › sistemas de suporte eletrônico; › computador e monitor; › bobinas de radiofrequência. » A bobina de radiofrequência tem como objetivo potencializar o sinal da bobina do gradiente, se imaginarmos que os magnetos possuem a bobina de gradiente, onde abrange toda área do grantry, o sinal de radiofrequência perde sua potencia. Pensando nisso foram desenvolvidos vários tipos de bobinas que amplificam esse sinal. 44 UNIDADE II CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA CAPÍTULO 1 Introdução Contraste Complicações do uso intravenoso de agentes de contraste A maioria dos agentes de contraste utilizados para exames de RM é à base de quelatos do íon paramagnético gadolínio (Gd) que vem sendo utilizado desde o final da década de 1980. Algumas estimativas não oficiais mostram que aproximadamente mais de 90 milhões de doses já foram administradas no mundo todo. Os tipos de contraste à base de Gd que existem no mercado, atualmente, podem ser divididos em duas categorias, extracelular inespecífico e intracelular específico, sendo que a principal diferença está na molécula quelante que carrega o Gd. De modo geral, considera-se que os agentes de contraste à base de Gd são muito mais seguros que o contraste iodado utilizado na radiologia convencional e nos exames de TC, no entanto, existem complicações, as quais devem ser reconhecidas para tratamento adequado e para orientação antes e após a realização do exame. Apresentaremos uma descrição sucinta dos tipos de meios de contraste à base de Gd, possíveis complicações e medidas para prevenção e tratamento destas. Considerações gerais sobre o uso dos agentes de contraste intravenoso para RM e tipos de meios de contraste à base de Gd Na natureza, o Gd é encontrado como uma terra rara, elemento químico de difícil extração da rocha que o contém, e apresenta-se como um cristal branco prateado. 45 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE II Em temperatura ambiente é um dos poucos metais que apresenta propriedades ferromagnéticas. O Gd tem aplicações em fornos de micro-ondas, aparelhos de televisão e outros componentes eletrônicos. Na Medicina, o Gd é utilizado apenas na forma de soluções compostas para realce em exames de imagem. O efeito desejado e, consequentemente, o mais importante do Gd como meio de contraste para RM é a redução do tempo de relaxamento T1 nos tecidos em que se encontra o composto. É interessante notar que as imagens de RM não mostram o Gd propriamente dito, mas sim seu efeito paramagnético sobre os tecidos ao seu redor. De modo geral, a maioria dos meios de contraste à base de Gd tem distribuição pelo corpo semelhante àquela apresentada pelo contraste iodado. Contudo, a sensibilidade da RM ao Gd é comprovadamente maior que a da TC ao contraste iodado. Usualmente, o volume médio de contraste administrado por via intravenosa nos exames de RM varia entre 10 ml e 20 ml. Este volume é 5 a 15 vezes menor do que o utilizado com os contrastes iodados na TC e com certeza é um dos motivos pelo qual o uso do Gd é mais seguro. Além do fator relacionado ao volume de injeção, outros fatores são extremamente importantes na avaliação da segurança de um agente de contraste e estão relacionados à toxicidade inerente do composto, à sua estabilidade na circulação e ao seu grau de depuração no corpo humano. O íon Gd, quando livre na circulação, é bastante tóxico, com meia-vida biológica de algumas semanas, ou seja, muito maior do que a apresentada pelos compostos quelados de Gd, que é por volta de 1,5 hora. O íon Gd, quando quelado a uma molécula, tem sua farmacocinética alterada, acelerando sua depuração e, portanto, reduzindo acentuadamente a sua toxicidade relativa. A quelação do Gd possibilita aumento de até 500 vezes na taxa de excreção renal do composto. O agente quelante é o que diferencia os diversos meios de contraste à base de Gd encontrados no mercado. Outras características que também afetam diretamente a segurança desses agentes são: estrutura molecular iônica versus não iônica (a não iônica é preferível), osmolalidade (quanto menor a osmolalidade, melhor) e viscosidade (baixa viscosidade é preferível e influência na velocidade com que o contraste pode ser injetado). Pode-se dizer que a estrutura molecular e a osmolalidade têm importância menor na questão de segurança quando se compara o Gd aos contrastes iodados devido ao menor volume de injeção utilizado na RM. Ainda em relação à segurança dos meios de contraste paramagnéticos, o fator mais importante é a estabilidade, ou seja, a resistência à quebra do agente em seus componentes com liberação do íon Gd na circulação. 46 UNIDADE II │ CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA Atualmente, os dois quelantes de Gd mais estáveis são o Magnevist® e o MultiHance®, sendo que o Magnevist é o com maior tempo em uso e, portanto, o mais testado clinicamente. Relatos mais antigos descrevem a segurança do Magnevist em diferentes populações, incluindo pacientes com insuficiência renal crônica e pacientes pediátricos. O agente MultiHance tem aproximadamente duas vezes o tempo de relaxação T1 dos outros quelantes, o que significa que meia dose tem o mesmo efeito que os outros agentes e pode ser uma alternativa para a redução de volume de contraste injetado quando for de interesse. Já o Primovist® causa redução do tempo de relaxação num grau ainda maior que o MultiHance®, no entanto, trata-se de um agente de contraste relativamente novo no mercado europeu e ainda não foi aprovado para uso nos Estados Unidos. Tanto o MultiHance® quanto o Primovist® são agentes mistos, ou seja, são excretados por via renal e hepática sendo que a excreção pelos hepatócitos determina importante efeito na caracterização de lesões hepáticas, porém sem excluir seu uso para o estudo dinâmico de outros órgãos após injeção rápida. Complicações dos meios de contraste à base de Gd As reações adversas agudas ao Gd podem ser divididas entre maiores ou graves e menores e entre gerais e locais. A incidência total de reações adversas aos meios de contraste em RM varia, aproximadamente, entre 2% e 4%. As reações menores gerais mais comuns são náuseas, vômitos, urticária e cefaleia, enquanto as locais são irritação, ardor e sensação de frio. Pode ocorrer aumento transitório nos níveis séricos de bilirrubina (Magnevist® 3% a 4% dos pacientes) e de ferro (com o Magnevist® e OmniscanTM, regride completamente em 24–48 horas). A passagem de contraste à base de Gd pela placenta em gestantes e para o leite em mulheres na lactação já foi demonstrada. De maneira geral,recomenda-se a não utilização deste meio de contraste nestas situações. Casos de reações adversas agudas maiores ao Gd, como laringoespasmo e choque anafilático, são raros. Descreve-se incidência de 0,01% de reações anafilatoides com o uso de Gd, enquanto para o contraste iodado iônico chega a 0,17%. Reações adversas após a injeção intravenosa de Gd são mais frequentes em pacientes que já tiveram reações prévias a qualquer tipo de contraste de uso interno, quer seja Gd ou o contraste iodado. Dezesseis entre 75 (21%) pacientes que tiveram reação alérgica 47 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE II ao Gd apresentaram nova reação em injeções subsequentes. Pacientes com história de reação prévia ao contraste iodado têm mais que o dobro de chance de apresentar reação alérgica ao Gd, com incidência de 6,3% em um estudo com 857 pacientes. Pacientes com asma também têm maior probabilidade de reação adversa ao Gd. Pacientes com história de alergias, de modo geral, têm risco aumentado de 2 a 3,7 vezes maior que pacientes sem história de alergia. Pacientes com história prévia de alergia a qualquer tipo de contraste intravenoso ou de outras alergias podem se beneficiar do uso de esquema de medicação antes do exame com corticosteroides, e anti-histamínicos devem ser seguidos mais de perto durante a injeção do Gd, bem como ficar em observação por mais tempo após a injeção do contraste paramagnético. É importante notar, porém, que a validade do uso da pré-medicação é controversa, mesmo para o caso de contrastes iodados. Em relação à incidência de complicações menores, também existe diferença relativamente grande, sendo quantitativa e qualitativamente maior com os contrastes iodados da TC. No entanto, as complicações com o uso do Gd existem e mais recentemente uma possível associação entre seu uso e uma doença dermatológica rara que ocorre em pacientes com insuficiência renal foi descrita. Esta associação foi tema de um anúncio público oficial pela agência americana de regulação de drogas, a Food and Drug Administration (FDA) e esta já recomendou aos fabricantes de agentes de contraste à base de Gd adicionar uma tarja de aviso sobre a fibrose nefrogênica sistêmica. O que a princípio mostrava-se um problema menor e restrito, parece cada vez mais se configurar como um problema real e que deverá alterar a conduta de uso destes agentes. Maior discussão sobre esse assunto é relatada a seguir. Dermopatia fibrosante nefrogênica (DFN)/ fibrose nefrogênica sistêmica (FNS) e agentes de contraste à base de Gd em pacientes com doença renal grave Recentemente, foi relatado que, num período de quatro anos, vinte pacientes na Dinamarca e cinco na Áustria desenvolveram uma rara doença que é vista somente em pacientes com função renal gravemente diminuída. Todos os pacientes receberam Omniscan para exame de angiografia por RM poucas semanas ou meses antes do início da doença. Por volta de 17.500 pacientes são examinados com Omniscan por ano na Dinamarca. Desde janeiro de 2002, cerca de 400 pacientes com insuficiência renal foram examinados, dos quais 20 (5%) desenvolveram (DFN) dermopatia fibrosante nefrogênica. 48 UNIDADE II │ CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA A DFN, agora mais conhecida como FNS, foi primeiramente diagnosticada em 1997 e formalmente descrita em 2000. É associada ao aumento da deposição tecidual de colágeno, ocasionando espessamento e endurecimento da pele (envolve predominantemente as extremidades distais, mas ocasionalmente pode envolver o tronco) e fibrose que pode acometer outras partes do corpo, incluindo diafragma, coração, vasculatura pulmonar e músculos das coxas. Não há cura definitiva, embora existam alguns relatos esparsos de resposta parcial a vários tratamentos como plasmaforese, fotoforese extracorpórea e talidomina. Existem dados que sugerem retardo ou mesmo reversão dos sintomas quando ocorre melhora da função renal. A doença é progressiva e pode ser fulminante em cerca de 5% dos casos, podendo levar o paciente ao óbito. Um artigo publicado por Grobner descreve o desenvolvimento da FNS associado ao uso de Omniscan em cinco pacientes com insuficiência renal. Pacientes com esta doença progressiva, e até onde se sabe irreversível, desenvolvem fibrose em vários órgãos, podendo manifestar graves contraturas das articulações secundárias à fibrose da pele. Os pacientes descritos no artigo citado apresentavam insuficiência renal crônica, estavam em acidose metabólica e foram submetidos a angiografia por RM, provavelmente com injeção de grande volume de contraste paramagnético. Em seguida, outro artigo foi publicado descrevendo a ocorrência da FNS em um grupo semelhante de 13 pacientes, também após a administração de Omniscan. Os aspectos clínicos salientados no aviso emitido pela FDA são a presença de insuficiência renal crônica e o uso de altas doses de Gd. FDA (Food and Drug Administration) é o órgão governamental americano responsável pelo controle de medicamentos (humano e animal), equipamentos médicos, materiais biológicos e produtos derivados do sangue humano. A FDA comunica que estará avaliando todos os meios de contraste à base de Gd e não somente o Omniscan, apesar de todos os relatos serem específicos para este agente de contraste. Até o momento, não se sabe se outras medicações que os pacientes estavam utilizando podem ter interagido com o Omniscan. Casos ainda não publicados de várias instituições americanas sugerem que o desenvolvimento de FNS secundária ao quelante de Gd não é raro e, até o momento, está exclusivamente relacionado com a injeção de Omniscan. O início do quadro ocorre tipicamente 16 dias após a injeção do contraste, e este tempo prolongado pode explicar por que esta relação não tenha sido descrita anteriormente. Até que surjam mais dados é prudente evitar o uso de Omniscan em pacientes com insuficiência renal crônica em qualquer dosagem, apesar de que, provavelmente, os exames aos quais estes pacientes tenham 49 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE II sido submetidos foram angiografias por RM com alta dosagem de Gd (este exame não é aprovado pela FDA). Administração de meios de contraste para RM em pacientes com insuficiência renal Após a administração intravenosa de meios de contraste à base de Gd, o cobre e o zinco intravasculares (encontrados normalmente em pequenas quantidades na corrente sanguínea), que têm afinidade competitiva pelo quelato, deslocam parte do Gd da molécula quelante, como o ácido dietil triamino pentacético (DTPA), liberando o íon Gd livre (Gd+3). Embora o Gd seja uma substância muito tóxica, normalmente a concentração total do Gd livre é muito baixa e é eliminada com grande rapidez, possibilitando a manutenção de baixa concentração do íon livre. De fato, em pacientes com função renal normal, a taxa de dissociação é menor do que a taxa de depuração, impedindo a ocorrência de qualquer fenômeno de acúmulo. Acredita-se também que as moléculas macrocíclicas tendem a fixar o Gd mais firmemente que as lineares. À medida que novas fontes fisiológicas de íons de cobre e zinco vazam para o espaço intravascular, na tentativa de restabelecer o equilíbrio de sua concentração, elas também deslocam mais Gd do que quelato. Este ciclo continua até que todo o Gd quelado seja eliminado do corpo pelos rins, pela filtração glomerular. Por esta razão, há uma preocupação potencial quanto ao nível do íon Gd livre em casos de insuficiência renal, assim como em pacientes com menor taxa de depuração renal de todas essas substâncias do corpo. Não está muito bem estabelecida a segurança da administração de meios de contraste à base de Gd em pacientes com distúrbios da função renal ou insuficiência renal fraca. Alguns estudossugerem que eles são bem tolerados. O Magnevist pode ser dialisado, com mais de 95% da dose administrada sendo removida ao terceiro tratamento de diálise. Outros efeitos adversos colaterais dos contrastes paramagnéticos Pseudo-hipocalcemia tem sido descrita com o emprego de agentes de contraste menos estáveis, como o Omniscan e o OptiMARK®, mas não com agentes mais estáveis, como o Magnevist e o MultiHance, embora existam mais pesquisas em progresso sobre este assunto. É importante entender que a pseudo-hipocalcemia não é uma hipocalcemia real, pois só é observada nos exames laboratoriais (calorimétricos), ocorrendo somente dentro de 24 horas após a administração do contraste. A importância do reconhecimento deste 50 UNIDADE II │ CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA problema está na possibilidade de que a pseudo-hipocalcemia seja interpretada como hipocalcemia real e o paciente seja tratado com reposição de cálcio, o que já foi causa de morte em pelo menos um caso. Ao contrário do ferro, ou mesmo do manganês, outros elementos também utilizados como contraste paramagnético, o Gd livre não é uma substância que faça parte normalmente do corpo humano e é extremamente tóxico. O Gd livre é análogo do cálcio e pode ser depositado no osso que está em desenvolvimento, no caso, o mais preocupante é com as crianças e com fetos em desenvolvimento. Os efeitos em longo prazo da deposição de Gd durante a gestação não são conhecidos, mas ainda assim é algo que deve causar preocupação. Na bula do Omniscan existe a descrição da ocorrência de malformações esqueléticas em fetos de ratos no segundo trimestre de gestação muito provavelmente devido à toxicidade materna. O quelante livre pode “quelar” outros cátions, além do cálcio, como o zinco, em um processo descrito como transmetalização. A transmetalização pode levar ao desenvolvimento de doenças graves em modelos animais, mas ainda não está claro qual o impacto em humanos nas doses relativamente pequenas usualmente utilizadas. Precauções atuais na prescrição de agentes de contraste à base de Gd para uso interno 1. Evitar o uso em pacientes com insuficiência renal, pelo menos até que seja esclarecida qual a real participação destes agentes no desenvolvimento da FNS. Para isso, é necessário identificar quais os pacientes de risco para a FNS, de acordo com a recomendação da FDA: › insuficiência renal grave aguda ou crônica (taxa de filtração glomerular < 30 ml/min/1,73 m2); › disfunção renal aguda relacionada à síndrome hepatorrenal ou no período pré-operatório de transplante hepático. Os meios de contraste a serem evitados são: Omniscan, Magnevist e OptiMARK. Todavia é prudente considerar todos os agentes à base de Gd até que novas evidências apareçam. Caso seja necessária a realização de RM com injeção de contraste nesses pacientes, deve-se considerar que seja utilizado o menor volume possível e que eles sejam submetidos à hemodiálise logo após o procedimento. O ideal seriam três seções de hemodiálise em dias seguidos. 51 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE II 2. Não utilizar o Gd como substituto de contraste iodado, exceto se extremamente necessário e após monitoração do nível de creatinina, com programação de hemodiálises repetidas, caso necessário. 3. Evitar o uso em gestantes e crianças. 4. Considerar a possibilidade de pré-medicação com corticosteroide e anti-histamínicos em pacientes com história prévia de reação alérgica a contrastes de qualquer tipo ou história de alergia grave. Por fim, é importante diferenciar os agentes à base de Gd daqueles à base de partículas de ferro e à base de manganês, os quais têm indicações mais restritas, apresentam outros tipos de complicações e são muito menos utilizados na rotina diária dos serviços de RM em todo o mundo. No Brasil, inclusive, tais contrastes ou não foram introduzidos ou têm seu uso muito restrito, devido ao alto custo. Histórico Bloch (1948) – uso de sal paramagnético (nitrato férrico) para encurtar os tempos de relaxamento dos prótons de água. Blombergen, Solomom (1948-1955) – teoria padrão relacionando taxas de relaxamento de solventes na presença de substâncias paramagnéticos dissolvidas. Eisinger (1961) – ligação de íons metálicos á macromoléculas (DNA) aumentando a eficiência do relaxamento do próton de água (alongando o tempo de correlação rotacional), utilizado no estudo da hidratação e estrutura metaloenzimas. Lauterbur (1973) – imagem por ressonância. Lauterbur (1977) – utilizou em cães sal de manganês (Mn) para diferenciar miocárdio normal de área de enfarto (o Mn se localiza preferencialmente no miocárdio normal). Lauterbur (1978) – uso de agentes paramagnéticos para diferenciar tecidos com base em diferentes tempos de relaxamento da água. Young (1981) – primeiro estudo com agente paramagnético cloreto férrico via oral para realçar gastrointestinal. Carr (1984) – gadopentetato de dimeglumina (Gd-DTPA) intravenoso para tumor cerebral. 52 UNIDADE II │ CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA <https://www.youtube.com/watch?v=gxQIDDID5Pk>. Pré-requisito de meio de contraste para RM » Deve alterar a intensidade de sinal. » Mínima concentração possível para minimizar toxicidade. » Especificidade tissular in vivo para que tenha maior concentração no tecido-alvo do que em outras áreas do organismo. » Deve permanecer no tecido-alvo um tempo adequado para realização do exame. » Deve ser eliminado do tecido-avo em um tempo razoável para se evitar toxidade crônica e deve ser excretado do organismo (em geral por via ou hepatobiliar). » Deve ter baixa toxidade e ser estável in vivo ao ser administrado em doses que causem alteração de sinal na imagem de RM. » Deve ter tempo de armazenamento longo. Mecanismo de contraste (MC) em RM O primeiro e de mais fácil compreensão: densidade de spins refere-se à fração de prótons que existe por voxel do tecido a ser estudado e determina o potencial máximo de intensidade de sinal de RM que pode ser obtido daquele voxel. O segundo é a relaxatividade composta por dois parâmetros, T1 e T2, que são caraterísticos de cada tecido. Os MCs que alteram a relaxatividade podem ser divididos em dois tipos: » os MCs que alteram T1, chamados de agentes de relaxamentos positivo, pois encurtam o T1 resultando em aumento da intensidade de sinal nas séries pesadas em T1; » os MCs que alteram T2, chamados de agentes de relaxamento negativo, pois reduz T2, levando á redução da intensidade de sinal em série pesadas em T2. 53 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE II O terceiro mecanismo é a susceptibilidade magnética, que é a capacidade de uma substância de se tornar mais ou menos magnetizada sob a influência de um campo magnetizado externo. Toda substância se magnetiza quando coloca em um campo magnético em graus variáveis. A susceptibilidade magnética de uma substância é a medida de quanto ela fica magnetizada, ou seja, é a medida de magnetibilidade de uma substância e depende do número de elétrons não pareados na eletrosfera do átomo. Uma substância é dita DIAMAGNÉTICA quando não possui elétrons orbitas não pareados. Quando colocada em um campo magnético externo, um campo magnético fraco é induzido no sentido oposto do externo. Sua susceptibilidade magnética é pequena e negativa (x<0), o que a torna basicamente não magnética constituindo a maior parte dos tecidos do corpo. As substâncias PARAMAGNÉTICAS possuem elétrons orbitais não pareados que se tornam magnetizadas quando submetidas a um campo magnético externo e se tornam desmagnetizadas quando o campo externo é desligado. Elas induzem o campo magnético no mesmo sentido do campo magnético externo, causando aumento do campo magnéticoefetivo. Possuem uma susceptibilidade magnética pequena e positiva (x>0) e são fracamente atraídas pelo campo magnético externo. Reações adversas Se nos basearmos em todas as marcas de contrastes paramagnéticos presentes no mercado, a taxa de reações adversas após a injeção venosa do quelato de Gd é de cerca de 3% a 5%. A maioria das reações é leve, apresentada principalmente por náuseas e urticária. Vômitos são observados em cercas de 0,3% das injeções em bolo. Outras reações que podem ser observadas são: dificuldade respiratório edema periorbitário, tontura, alteração do paladar, ansiedade, dor e sensação de frio no local a injeção. Reações moderadas ou graves ocorrem em menos de 1%. Reações anafilactoides podem ocorrer, porém são raras (1 em 350.000 a 500.000). Fatores de risco Constituem fatores e risco: história de reação prévia ao Gd, alergias a medicamentos; contrastes iodados e alimentos, bem como asma. A frequência de reações adversas é 54 UNIDADE II │ CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA cerca de 2,3 a 3,7 vezes maior em pacientes com história de reação a contrastes iodados e cerca de 8 vezes mais alta em pacientes com reação prévia ao Gd. Pré-medicação Não há nenhuma evidência na literatura favorecendo a utilização de pré-medicação como medida profilática. O manual sobre meios de contraste do ACR (Amererican College of Radiology) indica que a pré-medicação com corticoides e anti-histamínicos antes da administração de Gd pode ser particularmente útil em pacientes com história de reação aos meios de contraste moderada e severa. O protocolo de pré-medicação é semelhante ao utilizado para os contrastes iodados. Pré-medicação Drogas Período Dosagem Pediátrica Adulto PREDNISONA 13,7 E 1 HORA ANTES DO EXAME 0,55-0,7 mg/Kg via oral (até 50 mg) 50 mg via oral DIFENIDRAMINA 1 HORA ANTES DO EXAME 1,25 mg/Kg via oral (até 50 mg) 50 mg via oral Extravasamento A incidência de extravasamento em uma série de 28.000 doses foi de 0,05%. Estudos laboratoriais em animais têm demostrado que tanto o gadopentetato de dimeglumina como o gadoteriodol são muito tóxicos para a pele e tecidos subcutâneos do que iguais volumes de contrastes iodados. Outras aplicações do GD Com a utilização de altas doses de MC no SNC (0,2 2 0,3 mmmol/kg) tem sido observado maior realce das lesões do que com doses habituais, bem como detecção de maior número de lesões. O uso de altas doses também permite avalição da perfusão tissular e a realização de angiografia por RM. A transferência de magnetização é uma técnica que permite melhor visualização de zonas de realce por saturação dos tecidos sem realce. Entretanto, a melhora na visualização do realce é inferior àquela observada com o uso de dose tripla de MC. Estudos de primeira passagem do meio de contraste podem ser feitos com aparelhos convencionais de 1,5T. A passagem do bolo de MC pelo cérebro permite a avaliação do volume sanguíneo cerebral e da perfusão cerebral e são observados os efeitos T2 do MC. 55 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE II A angiografia por RM com altas doses de MC é uma das técnicas atuais de maior impacto, sendo realizada em curtos espaços de tempo e sem o inconveniente de perda de sinal em áreas de fluxo turbulento muito rápido, como observado na angiografia convencional (sem contraste) por RM. Outros MCs Os agentes de contraste em RM para avaliação hepática podem ser divididos em 5 classes: agentes extracelulares, já descritos; agentes reticuloendoteliais; agentes hepatobiliares; agentes de “pool’’ sanguíneo e agentes combinados. Quelatos de Dysprósio (Dy) têm sido empregados em estudos de primeira passagem do MC, com maior alteração e sinal do que a observada com quelatos de Gd, graças à maior relaxatividade T2 e efeito de susceptibilidade magnética do íon de Dy. MCs hepatobiliares, como o Gd-BOPTA (Multihance®) e Gd-EOD-DTA (Primovist®), apresentam excreção hepatobiliar e causam realce do fígado normal nas séries pesadas em T1. Estes agentes são compostos paramagnéticos que aumentam a intensidade de sinal do fígado, dos ductos biliares e algumas lesões que contêm hepatócitos nas imagens ponderadas em T1. O Mn-DPDP (mangafodipir trissódico-Teslascan®) representa o protótipo dos agentes hepatobiliares e também causa realce em T1 do parênquima hepático. O manganês é moderadamente paramagnético e encurta os tempos de relaxamento T1 e T2 dos prótons de água. A dose recomendada do mangafodipir é 5 umol/kg de peso, que corresponde a 0,05 ml/kg. A dose deve ser administrada lentamente por 10-20 minutos. O realce hepático começa pouco depois da administração com pico em 15 minutos e persiste por várias horas. A eliminação ocorre pelo sistema biliar (59% eliminado com 5 dias) e pelos rins (15% em 24 horas). Excreção renal pode ocorrer preferencialmente em pacientes com insuficiência hepática. A excreção biliar é inicialmente visível 15 minutos após a injeção. A definição completa do sistema biliar pode requerer mais que 15 minutos. MCs de “pool” sanguíneo estão em fase inicial de estudos. Como exemplo, temos o MS- 325 que se liga reversivelmente à albumina plástica causando um aumento significativo da magnitude e duração do realce do “pool” sanguíneo. Os agentes de “pool” sanguíneo permanecem no espaço intravascular muito mais tempo que os agentes extracelulares. Consequentemente, estes agentes estão em investigação atualmente para o uso em angiografia que poderia ser realizado na fase de equilíbrio. 56 UNIDADE II │ CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA Estes MCs podem ser classificados em três categorias: » o óxido de ferro nanocoloide (óxido de ferro supermagnético ultrapequeno USPIO); » agentes que se ligam reversivelmente a proteínas plasmáticas e macromoléculas; » agentes combinados são MCs que apresentam mais de um tipo de comportamento. O Gadobenato de Dimeglumina (Multihance®) é um contraste que demostra comportamento extracelular, hepatobiliar e de “pool” sanguíneo. O mecanismo de ação é semelhante aos quelatos de Gd com duas diferenças: produz ligação proteica transitória e é captado pelos hepatócitos e excertadona bile. Permanece mais tempo no espaço intravascular e encurta o T1 produzido hipersinal. Este MC pode ser útil na distinção de tumores que contêm ductos biliares como hiperplasia nodular focal e carcinoma hepatocelular bem diferenciado. Agentes particulares de várias dimensões têm sido avaliados como MC para RM e em geral, apresentam maiores taxas de reações adversas que os quelatos de Gd. O óxido de ferro superparamagnético é um MC do sistema reticuloendotelial que causa diminuição de sinal no fígado e baço em séries pesadas em T2. A dose recomeda do SPIO (superparagmatic íon oxide) é 0,56 mg/kg de peso ou 0,05 ml/kg. O fabricante recomenda a diluição da dose em 100 ml de uma solução de dextrose a 5% e infusão intravenosa por 30-60 minutos. A imagem tipicamente é obtida 1 a 4 horas após a infusão. A eliminação ocorre por meio do metabolismo intrínseco de ferro. O fígado se apresenta mais hipointenso em imagens ponderadas em T2 (gradiente-eco) ou T2 nas primeiras 24 horas após a infusão do ferromoxido. O metabolismo completo requer 14 a 28 dias, mas a intensidade de sinal do fígado tipicamente retorna ao nível normal com 7 a 14 dias. A magnetita é uma nova fórmula de óxido de ferro superparagmática com partículas menores e menos reações adversas que o anterior. O óxido de ferro nanocoloide (óxido de ferro superparagmagnético ultrapequeno) apresenta efeito T2 com redução da intensidade de sinal em órgãos com grande perfuração sanguínea e no “pool” sanguíneo. Tem sido utilizado na avaliação do fígado e linfonodos. 57 CONTRASTE PARAMAGNÉTICO E BIOSSEGURANÇA
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