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DIEGO BRANDALISE A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DO TEMPO EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, Pós-Graduação lato sensu, da Fundação Getulio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos. ORIENTADOR: Profª. Maria Luiza Zacharias Rio de Janeiro Janeiro/2017 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS O Trabalho de Conclusão de Curso A Importância do Gerenciamento do Tempo em Construção Civil elaborado por Diego Brandalise e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management. Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2017 André Barcaui Coordenador Acadêmico Executivo Nome do Profª. Maria Luiza Zacharias Orientador TERMO DE COMPROMISSO O aluno Diego Brandalise, abaixo assinado, do curso de MBA em Gerenciamento de Projetos, Turma GP 114 do Programa FGV Management, realizado nas dependências da FGV Botafogo, no período de agosto de 2015 a janeiro de 2017, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado A Importância do Gerenciamento de Tempo em Construção Civil é autêntico, original e de sua autoria exclusiva. Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2017 Diego Brandalise Dedico, em especial, este trabalho aos meus pais, Alfredo e Iara Brandalise. AGRADECIMENTOS Agradeço, especialmente, aos meus irmãos Rodrigo e Tiago, e a minha avó Eulinda (in memorian). Lágrimas, quando verdadeiras, são tão belas quanto um sorriso. RESUMO O objetivo do presente estudo se refere à análise da importância e características da gestão de tempo na Construção civil. O tempo é o recurso fundamental de todos os indicadores, em função de que o mesmo representa o desempenho do projeto. De forma que, se este não for devidamente administrado, poderão ocorrer interferências no desempenho total do empreendimento. A questão que envolve a perda do prazo previamente definido no início da obra compromete tanto a qualidade do empreendimento bem como a viabilidade econômica, além de resultar em prejuízos às partes envolvidas. Cita-se como agravante a crise econômica, o que torna o mercado ainda mais competitivo, demandando um aumento na eficiência dos processos. Com isso, as construtoras buscam cada vez mais manter a qualidade, reduzindo custos e prazos pré-estabelecidos. A indústria da construção civil agrega em si um determinado conjunto de atividades de grande importância para o desenvolvimento econômico e social brasileiro, influenciando diretamente na qualidade de vida da população e na infraestrutura econômica do país. Dessa forma, um eficiente gerenciamento de projetos resulta no aumento da probabilidade de sucesso das atividades e na finalização dessas conforme prazos, custos e escopo planejados, bem como de acordo com a qualidade demandada. O gerenciamento de tempo atua necessariamente como indicador de desempenho do empreendimento, atuando como ferramenta para a visualização e integração das interfaces resultantes do gerenciamento do projeto. Uma vez deficiente a gestão do tempo, possibilita a frustração de prazo, sobre custo no orçamento, induzindo ao desgaste entre o construtor e o cliente, ocorrendo até processos judiciais. A metodologia de pesquisa aplicada no presente estudo se fundamenta na revisão da literatura. Palavras-chave: Tempo; Construção Civil; Gerenciamento. ABSTRACT The objective of this study is to analyze the importance and characteristics of time management in Civil Construction. Time is the fundamental resource of all indicators, because it represents the performance of the project. Therefore, if it is not properly managed, interference may occur in the total performance of the enterprise. The issue involving the loss of the deadline previously defined at the beginning of the work compromises both the quality of the enterprise as well as the economic viability, in addition to resulting in damages to the parties involved. It is cited as an aggravating factor, the economic crisis, which makes the market even more competitive, demanding an increase in the efficiency of the processes. As a result, construction companies are increasingly looking to maintain quality, reducing pre-set costs and deadlines. The construction industry itself includes a set of activities of great importance for Brazilian economic and social development, directly influencing the quality of life of the population and the country's economic infrastructure. In this way, efficient project management results in an increase in the probability of success of the activities and in the completion of these activities according to the planned deadlines, costs and scope, as well as according to the quality demanded. Time management necessarily acts as an indicator of performance of the enterprise, acting as a tool for visualizing and integrating the interfaces resulting from project management. Being an area that is gaining strength in the market, the reason for this change is justified, contextualizing the current scenario of the civil construction and the evolution of the management systems for this service. Thus, considering that time is the main indicator, since if it is not properly managed it may interfere in the overall performance of the project. Once the time management is deficient, it allows the frustration of term, over cost in the budget, inducing the wearer between the constructor and the client, even taking legal action. The research methodology applied in the present study is based on the literature review. Keywords: Time; Construction; Management. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Gráfico do inter-relacionamento entre a abrangência do escopo junto ao prazo .................................................................................................................... 33 Figura 2. Custo das mudanças decorridas pela a variação do escopo ................ 34 Figura 3. Inter-relacionamento entre a qualidade com o tempo ........................... 36 Figura 4. A importância da comunicação para a melhoria do desempenho do projeto .................................................................................................................. 39 Figura 5. O avanço do empreendimento em relação a chance de reduzir o custo de falhas ............................................................................................................... 41 Figura 6. Deficiências no planejamento e controle ............................................... 43 Figura 7. Missão do Gerenciamento de Obras ..................................................... 48 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 14 2.1 Planejamento ................................................................................................ 15 2.1.1 O planejamento de curto prazo ......................................................... 23 2.1.2 O planejamento de médio prazo .......................................................25 2.1.3 O planejamento de longo prazo ........................................................ 27 3 TEMPO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................... 29 3.1 Gerenciamento do Tempo ........................................................................... 29 3.2 Gerências de tempo e suas interfaces com as demais áreas .................. 32 3.2.1 Tempo vs escopo.............................................................................. 33 3.2.2 Tempo vs custo................................................................................. 34 3.2.3 Tempo vs qualidade .......................................................................... 35 3.2.4 Tempo vs recursos humanos ............................................................ 36 3.2.5 Tempo e aquisições .......................................................................... 37 3.2.6 Gerenciamento das Comunicações .................................................. 38 4 INFLUÊNCIA DOS PARADIGMAS NA GESTÃO DO TEMPO ........................ 40 4.1. Projeto .......................................................................................................... 40 4.2 Planejamento ................................................................................................ 42 4.3 Suprimentos ................................................................................................. 44 4.4 Terceirização e Subcontratação ................................................................. 45 4.5 Mão de Obra .................................................................................................. 46 4.6 Gerenciamento de Obra ............................................................................... 47 5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 51 10 1 INTRODUÇÃO Atualmente as empresas buscam a competitividade com a finalidade de assegurar a sua sustentação e sobrevivência no longo prazo. A competitividade pode ser considerada como a capacidade de atender concomitantemente aos requisitos de mercado e/ou clientes - fatores competitivos – bem como aos requisitos internos da empresa, ou seja, seus objetivos estratégicos. Ao longo das últimas décadas, as exigências do mercado foram se agregando aos fatores já esperados de desempenho empresarial, ampliando consideravelmente a complexidade da gestão na busca por competitividade (GASNIER, 2000). É necessário considerar as seguintes condições que rodeiam o cenário da competição empresarial, quais sejam: a) A qualidade não é mais um objetivo, é obrigação – pressionada pelo aumento do nível de exigência dos consumidores; b) A tendência de compressão de margens já é fato – considerando a necessidade de redução de custos e preços; c) Minimização acentuada do ciclo de vida dos produtos; d) As administrações cada vez menores, fora da economia, com redução de subsídios; e) Explosão tecnológica, com o conhecimento se multiplicando a cada dia; f) As relações de poder passando de imposição para negociação e de individualismo para parceria; g) Permuta do conceito de empresas pelo de cadeias produtivas e consequente ampliação das exigências de qualidade nas relações cliente x fornecedor, isto é, uma empresa não pode ser competitiva de forma isolada; h) Globalização dos mercados e formação de blocos econômicos; i) Expansão da gestão ambiental; j) Questionamento da função social das organizações. 11 Observa-se que as condições acima descritas demonstram que o ambiente empresarial atualmente é mais turbulento e complexo, demandando dos executivos e gerentes uma compreensão melhor e um gerenciamento efetivo das atividades da empresa, envolvendo necessariamente o planejamento e controle (VARGAS, 2016). Em contrapartida, verifica-se que neste ambiente cada vez mais complexo, não é mais suficiente gerenciar a empresa como sendo um objeto específico; é necessário gerenciar o negócio da empresa, envolvendo diversos fatores, influências, recursos e variáveis externas e internas, e isto demanda que se estabeleçam objetivos estratégicos específicos de forma a nortear as ações gerenciais (OLIVEIRA, 2007). Para Porter (2005), o posicionamento estratégico das empresas é reconhecido como o fator predominante para a geração de vantagens competitivas sobre a concorrência, que são um aspecto essencial para a sobrevivência de uma empresa no longo prazo. Dessa forma, é possível que as empresas venham a adotar estratégias diferentes de posicionamento, mas que, de forma geral, classificam-se em dois extremos, ou seja: o primeiro se refere a vantagem competitiva por preço e o segundo o de geração de vantagem por diferenciação. O processo de estabelecer, sustentar e mesmo ampliar suas vantagens competitivas demanda das empresas um processo contínuo de elaboração, implantação e revisão de suas estratégias, o que torna o planejamento estratégico um dos elementos chave na gestão empresarial atual (CORREA, 2012). Entretanto, o planejamento estratégico, por si só, não assegura o sucesso empresarial, pois um plano não implantado é só um plano, ou ainda, planejamento sem ação é só ilusão. Por si, o planejamento estratégico não gera ações nem mudanças visíveis na empresa, sua resultante é somente um conjunto de planos e intenções (ANSOFF, 1983). Em relação à indústria da construção civil, observa-se que a mesma tem sofrido alterações substanciais decorrentes de um processo de intensificação da competitividade no setor. Esta conjectura origina-se na busca cada vez mais intensa por bens mais modernos e com maior qualidade em seus empreendimentos, encarecendo cada vez mais o nível de exigência dos seus clientes. Nesta mesma 12 trilha, ainda se verifica a presença de uma redução cada vez maior dos recursos financeiros na realização dos projetos, obrigando o crescimento do investimento no planejamento deste mercado, onde por meio do processo de gerenciar é possível controlar os principais indicadores para obtenção do sucesso esperado, ou seja, prazo, custo e qualidade (BELIZÁRIO SILVA, 2015). Souza (2009) ressalta que para se obter os resultados esperados é necessário um eficiente sistema de gestão onde o planejamento tem lugar de destaque, podendo avaliar o desempenho da obra, seja em função da produtividade de uma forma em geral, relacionadas nas perdas de materiais ou na baixa qualidade de execução da tarefa devido a mão de obra. Assim, ao planejar uma obra, o gestor absorve um elevado grau de conhecimento geral e minucioso sobre o empreendimento, o que lhe possibilita ser mais eficiente na condução dos trabalhos detectando dessa forma, situações desfavoráveis, intervindo com celeridade nas tomadas de decisões, adotando, dessa forma, todas as medidas preventivas e corretivas no sentido de tentar minimizar os impactos no custo e no prazo do projeto (RAMOS, 2015). Nesta conjectura, o estudo vai levar em consideração para efeito de pesquisa, o principal indicador na execução de um empreendimento de construção civil com sucesso, ou seja, o prazo, considerando que uma boa gestão do tempo irá desencadear o sucesso nos indicadores restantes. A gestão do tempo em projetos e sua respectiva relevância são incontestáveis, demandando que elevados índices de acertos e estimativas referentes às atividades fiquem dentro de margens de erro cada vez menores, além disso, as organizações vêm explorando cada vez mais este gerenciamento (RAMOS, 2015). Deve-se levar em consideraçãoque quanto maior for o tempo gasto com planejamento em todas as etapas do ciclo de vida do projeto, maiores as possibilidades de se obter sucesso do mesmo. Da mesma forma, elaborar a programação ou o cronograma do projeto como é denominado, é uma atividade que deve necessitar de tempo e esforço condizentes com sua relevância para o respectivo empreendimento (PALHOTA, 2016). 13 Essa é considerada uma função fundamental na gestão do projeto, ou seja, o controle da evolução do mesmo, monitorando continuamente durante toda sua trajetória, a quantidade já desenvolvida e o tempo gasto na execução, comparando com a quantidade ainda a realizar e o prazo restante para concluir. Isto possibilitará identificar os desvios negativos para as tomadas de ações corretivas quando necessárias em relação ao que foi planejado. 14 2 REVISÃO DA LITERATURA A indústria de construção civil é diferente das demais indústrias em função de inúmeros aspectos, a saber: apresenta um caráter nômade; não existe uma produção seriada, cada unidade fabril possui um produto único; as mudanças neste setor são complexas de serem implantadas em função do seu grande conservadorismo e apego às técnicas já empregadas nos canteiros de obras, se tornando mais complicada a evolução do setor e a otimização da produção (GEHLEN, 2002). Além dessas especificidades intrínsecas ao setor, existem ainda grandes dificuldades extras como a baixa qualificação dos trabalhadores, sendo que a sua produção depende necessariamente muito das condições meteorológicas e o seu grau de precisão quanto a medidas, prazos, resistências são bem inferiores ao comparar-se com outros seguimentos industriais (SILVA et al, 2013). Sabe-se que a indústria da construção civil tem sofrido alterações nos últimos anos em função do aquecimento do mercado imobiliário nacional. Em decorrência direta deste aquecimento, ocorreu um aumento considerável tanto na quantidade de novas construtoras atuantes neste mercado quanto na quantidade de novos empreendimentos de construtoras já consolidadas (SILVA, 2015). Em função do aumento de oferta do produto, os clientes passaram a ser mais exigentes em relação à qualidade dos imóveis, funcionalidade, preço e especialmente ao prazo de entrega dos mesmos (ALVES, 2012). Neste contexto observa-se a redução do investimento em projetos na grande maioria das construtoras, fato este que gerou a necessidade do investimento no planejamento deste produto, pois gerenciando o ciclo de vida do projeto, consegue-se controlar os principais indicadores de desempenho do sucesso almejado: qualidade, custo e prazo (RAMOS, 2015). É sobre este último indicador que se concentra o eixo central deste estudo, de forma a avaliar a relevância do planejamento para a construção civil e sua relação com as demais áreas conhecimento da gestão de projetos, questão esta que vem ganhando cada vez mais espaço nas construtoras com investimento em equipes de planejamento como parte do quadro técnico. 15 Assim, ao planejar uma obra, o gestor deve necessariamente ter um alto grau de detalhamento do empreendimento e dessa forma, existe a possibilidade de o mesmo vir a identificar situações desfavoráveis antecipadamente, atuando prontamente na correção ou prevenção destas situações atenuando o prejuízo de custo ou tempo da obra. Por conseguinte, deve-se gastar energia suficiente para desenvolver um bom planejamento, assegurando assim, o sucesso no empreendimento. Esta garantia ocorre por meio do monitoramento do cronograma de obra, previamente desenvolvido (AKTINSON, 2010). Ressalta-se que o tempo é o principal indicador, pois se não for administrado corretamente, o mesmo poderá interferir diretamente no desempenho global do projeto. Verificando-se a deficiência na gestão do tempo, abre-se a possibilidade para frustração de prazo, sobre custo no orçamento, resultando em desgaste entre o construtor e o cliente, ocorrendo até processos judiciais (SILVA, 2015). 2.1 Planejamento O planejamento configura-se como a função administrativa de determinar adiantadamente o que um grupo deve fazer e quais metas que devem ser atingidas. É importante salientarmos que um administrador planeja o trabalho dos outros. O especialista em administração deve planejar o trabalho do grupo e os membros do grupo devem especializar-se no desempenho do trabalho como este foi planejado. Segundo Arantes (2008, p. 138) o planejamento é “entre as funções gerenciais a que tem a primazia. Tanto as funções de direção com a de controle dependem do planejamento. Dirigir é implementar os planos e supervisionar sua execução”. Deve-se ressaltar que planejar não é adivinhar, o planejamento não se restringe as previsões de vendas nem a elaboração de orçamentos. Ele é um processo de reflexão que leva o administrador a tomar decisões hoje sobre as coisas que ele quer que aconteça no futuro (GITMAN, 2010). Como normalmente o planejamento é feito para os outros, ele deverá ter condições de fornecer uma base para trabalhar em grupo. Desse modo, para que 16 isso aconteça, deverá utilizar-se, primeiramente, uma clara exposição dos objetivos do planejamento para que todo o grupo tome conhecimento da direção em que deverão dirigir seus esforços. Também, não deverá suscitar dúvidas quanto ao objetivo, o que deverá ser feito, de que modo e quem será o responsável de realizar cada tarefa/trabalho dentro do planejamento, tudo isto com a finalidade de melhorar a coordenação e evitar a duplicidade de esforços. (ARANTES, 2008) Para Jucius e Schlender (2000, p. 66): O planejamento é a predeterminação de metas desejadas e a maneira por que elas podem ser atingidas. Deve-se estabelecer adiantadamente o que deve ser feito, como, onde, quando e por quem em maiores ou menores detalhes. Deve haver uma fixação suficiente de tempo para que o planejamento seja efetuado antes que a ação possa ou deva ser iniciada. Em função de que o planejamento tem lugar antes da ação, ele deve ser fundamentado em previsões ou estimativas do que poderá acontecer em meses ou até mesmo em anos futuros. O planejamento para o futuro é o tema moderno muito embora os planejadores saibam que não podem fazer previsões acuradas (ARANTES, 1998). Entretanto todos os bons planejadores têm a certeza de que uma boa previsão é melhor do que nenhuma e de que é melhor ter alguns planos que provam ser maus a administrar sem plano algum (JUCIUS; SCHLENDER, 2000). O planejamento é um fator positivo no aumento de eficiência do grupo. Mas ele também contribui para o esforço da equipe, aumentando a eficiência das funções administrativas de organizar, dirigir e controlar. Ainda de acordo com Jucius e Schlender (2000, p. 68) os aspectos favoráveis do planejamento podem ser ilustrados no campo da exploração. Quando os exploradores regressam ao lar, invariavelmente eles têm muitas narrativas de aventuras para regalar seus ouvintes. E as narrativas revelam incidentes que poderiam facilmente ter resultado em desastre, se não tivessem sido manobrados de maneira fortuita e com êxito no momento em que ocorreram. Depois que as partes excitantes das narrativas foram contadas, invariavelmente os exploradores observam que de preferência eles teriam evitado as aventuras. E concluem que mais planejamento teria servido para prever os aborrecimentos, as aventuras e os 17 riscos de desastre. E da mesma forma no que toca a vida empresarial, o planejamento serve para reduzir azares que de outra maneira teriam que ser lidados numa base incerta e curativa. Em todos os estágios do planejamento é imperativolembrar as finalidades que se espera sejam por ele atingidas. Isto assim é porque o sucesso final de um plano depende do grau em que ele atinge os objetivos desejados. Se os resultados estão abaixo dos objetivos, o plano então falhou naquela quantidade ou proporção. Assim, um plano é meio para um fim, e deveria ser encarado desta maneira. Tudo o que se faz no planejamento deve ser testado para ver se haverá ou não contribuição para a consecução das finalidades desejadas (XAVIER, 2014). Para sermos mais claros argumenta-se que o planejamento é um processo que começa com os objetivos e define os planos para alcançá-los. Esta definição faz do estabelecimento dos objetivos a ser alcançado o ponto de partida do planejamento, neste contexto, entende-se que a fixação dos objetivos é a primeira coisa a ser feita: saber onde se pretende chegar para se saber exatamente como chegar até lá (RAYMOND, 2014). Para Chiavenato (2011, p 252): As empresas buscam geralmente alcançar vários objetivos ao mesmo tempo. Assim, há uma hierarquia de objetivos, pois alguns deles são mais importantes e predominam sobre os demais. Na realidade, existem objetivos da empresa como um todo, de cada uma de suas divisões ou departamentos e de cada especialista. Os objetivos da empresa predominam sobre todos os demais. O planejamento formaliza resultados específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais da empresa podendo ser demonstrados através de documentos escritos ou de metodologias de desenvolvimentos e implantação estabelecidas. As atividades buscam a aplicação de recursos da maneira mais eficiente possível em dado momento. É importante ressaltar que, as informações básicas para o planejamento parte dos planos operacionais (ANSELMO, 2009). Para Boff (2013), verifica-se que na sociedade atual, a presença de uma característica marcante no ambiente empresarial é a crescente globalização da economia. Esta globalização da economia aponta para um novo tipo de 18 organização: a organização de padrão mundial. Por mais rápidos e sofisticados que sejam os avanços tecnológicos qualquer organização tem condições de acompanhá-los. Com as grandes mudanças que estão ocorrendo no mundo dos negócios, percebe-se que as velhas estratégias e visões já não parecem mais funcionar. O momento é de se aprender novas maneiras, de expressar e preservar valores, de ser criativo. Enfim, liderar, pensar e trabalhar. Para acompanhar esse processo é necessário que as empresas adotem uma gestão estratégica de marketing que enfatize uma constante avaliação das mudanças que estão acontecendo em seu ramo de atividade, uma reflexão contínua sobre as tendências que estas transformações apresentam e seu potencial no negócio, acompanhadas de alterações na forma de condução da empresa, ou seja, sua estratégia competitiva (RAYMOND, 2014). Para Gimenez (1998), a estratégia competitiva pode ser vista como um padrão em conjunto de decisões que levam a comprometimentos de ações e de recursos organizacionais. Isto é, ao longo da vida de uma empresa, seus administradores tomam decisões sobre alocação de recursos e sobre atividades a serem desenvolvidas por seus colaboradores que levam a empresa em questão a se comportar de determinada maneira em seu mercado. Ansoff (1997, p. 04) ressalta que: Isto se deve ao fato de que a empresa precisa ter um campo de atuação bem definido e uma orientação de crescimento, no sentido de busca e criação de novas oportunidades, devendo, as decisões estratégicas se preocuparem principalmente com problemas externos, e não internos da empresa, e basicamente com a escolha do composto de produtos a ser fabricado e dos mercados em que serão vendidos. Neste caso, o autor esclarece que o termo estratégico significa: Tudo que se refere às relações entre a empresa e o seu ambiente. Este é um emprego mais específico e diferente da utilização mais comum, em que, “estratégico” denota o que é “importante”. O referido autor ressalta ainda que uma descrição bem definida do papel da empresa em seu ecossistema constitui um pré-requisito para seu crescimento e êxito, englobando um amplo conjunto de ramificações naturais da posição da empresa em termos de produtos e mercados, resultantes de alguma característica fundamental do ramo em que atua (ANSOFF, 1997). 19 Quando a empresa se encontra com desafios estratégicos, ela não deve apresentar apenas um novo método para pensar sobre o problema, mas também novas competências e culturas gerenciais, capazes de traduzir o pensamento em ação estratégica. Ansoff (1997) descreve que quando o planejamento estratégico é realizado repentinamente, a empresa tende a carecer da compreensão e das habilidades necessárias, levando a administração a considerar a atividade estratégica como externa aos valores da organização, passando a sentir-se insegura e ameaçada pela falta de familiaridade e pelas consequências da nova atividade. Kotler (2000, p. 100) escreve que: Planejamento estratégico orientado para o mercado é o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação viável entre os objetivos, experiências e recursos da organização e suas oportunidades em um mercado continuamente mutante. O propósito do Planejamento Estratégico é moldar e remodelar os negócios e produtos da empresa com objetivo de crescimento e lucro. Assim, se acredita que o propósito do planejamento estratégico é determinar o foco externo do negócio em termos de clientes atendidos e valor oferecido, bem como identificar as áreas em que a organização deve destacar-se para ser bem-sucedida (SOTILLE, 2013). Para Belmiro (2014) em relação a estes aspectos, como estratégia de programação busca-se trabalhar com poucas equipes no início do processo produtivo objetivando possibilitar um maior controle e para viabilizar o treinamento da mão-de-obra. Na medida em que o processo passe a atuar como esperado, as equipes poderão ser desdobradas e receber outros trabalhadores. No processo de execução de qualquer projeto, é necessário que exista um planejamento para melhor definir o método de execução do projeto: uma programação que definirá o cronograma da execução, e um controle que permitirá o acompanhamento e verificação do andamento do projeto (MAURIZ, 2013). Segundo Souza et al. (2011), é necessário ressaltar o enfoque sistêmico especialmente em relação à qualidade dentro das organizações. Entretanto, a 20 qualidade no gerenciamento e execução de obras implica necessariamente em ações formais no recebimento de materiais e equipamentos, na execução dos serviços por meio de planos de ataque, de suprimentos e físico-financeiros. Assim, um maior detalhamento dos procedimentos de execução e de inspeção é condição primordial e fundamental para a qualidade dos processos de planejamento. Ballard e Howell (1996) descrevem que o devido planejamento produz metas que possibilitam o gerenciamento dos processos produtivos, enquanto o controle assegura o cumprimento dessas metas, bem como avalia sua conformidade com o planejado, propiciando dessa forma, as informações necessárias para a preparação de planos futuros. Observa-se que as três principais causas de atrasos na indústria da construção civil são as seguintes: Alterações nas tecnologias construtivas: Para solucionar esses problemas é indispensável aprimorar e refinar a fase de elaboração do projeto, aperfeiçoando os resultados dos estudos de campo e ampliando os números de testes e sondagens; Deficiências na logística: Observa-se que o layout do canteiro necessariamente na logística da obra. Considerando que a mesma pode tanto ser umagente catalisador, possibilitando o fácil acesso de pessoas e equipamentos, como pode ser um real obstáculo ao bom andamento dos trabalhos, repercutindo negativamente, inclusive, sobre a produtividade. Assim, esse é um dos condicionantes para a ocorrência de atrasos. Sendo que o administrador da obra deve estar atento para a disposição ideal do canteiro, de forma a possibilitar um bom fluxo de materiais. Além disso, se faz necessário verificar constantemente se os serviços em execução e aqueles a serem executadas demandarão alterações de layout. Nota-se que essa modalidade de providência aprimora a integração no canteiro e evita a ocorrência de possíveis paralisações nos trabalhos, bem como impacta na redução de desperdícios e perdas; Problemas com fornecedores: Muitos dos materiais e insumos utilizados no processo de execução dos serviços não podem ser 21 estocados ou produzidos no canteiro. Sendo que alguns deles precisam ser adquiridos por meio de contratação de terceiros, de forma que sejam produzidos e entregues na obra no momento certo. Tais como os serviços de concretagem, por exemplo. Assim, os problemas na entrega ou no recebimento dos produtos e serviços, podem resultar em grandes atrasos à obra. (MOBUSS CONSTRUÇÃO, 2016). Nesses casos, uma das principais soluções tecnológicas nos canteiros de obras se refere à utilização dos softwares de gestão, que são uma excelente solução para enfrentar esses problemas, atribuindo versatilidade, praticidade e flexibilidade. Esses softwares possibilitam amplo acesso a uma diversidade de dados e informações sobre a obra, de forma instantânea, a qualquer hora e de qualquer lugar, oferecendo mobilidade ao gestor, por meio do uso de dispositivos móveis no canteiro, como tabletes ou smartphones, sendo esse fator uma realidade nos canteiros de obra, possibilitando tirar partido de uma excelente gestão da obra (MOBUSS CONSTRUÇÃO, 2016). Para Heineck; Machado (2001 apud NOGUEIRA FILHO; ANDRADE, 2010) a busca de qualidade nos canteiros de obras deve passar necessariamente pela adoção de estratégias de produção. Dessa forma, além de estratégias de gestão da produtividade, da organização do trabalho, treinamento, motivação dos recursos humanos e da adoção de inovações tecnológicas, o planejamento e o controle podem assegurar a melhoria do desempenho do esforço construtivo. Em relação às estratégias relativas à programação das obras devem ser destacadas todas aquelas que irão determinar a duração, o ritmo e ordem com que os trabalhos serão desenvolvidos (FOLGIARINI, 2005). Dessa forma, a definição da intensidade na alocação de recursos é uma estratégia que depende especificamente da disponibilidade financeira do empreendedor e é importante que os recursos fiquem nivelados, ou seja, sejam alocados de forma constante para evitar perdas com mobilização e desmobilização (FILHO; ANDRADE, 2010). Além disso, outra estratégia de programação se refere à definição da unidade de produção e a sequência das atividades, sendo recomendável a utilização de lotes de produção menores organizados em redes de precedências 22 lineares. Além disso, a ordem de ataque às unidades de produção e o ritmo podem, em inúmeros casos, estar diretamente condicionados às estratégias das vendas ou às imposições técnicas do projeto, do canteiro e dos recursos (equipamentos, mão- de-obra) (FILHO; ANDRADE, 2010). Para Vieira (2013, p. 75): Sua utilização é necessária para evitar os inconvenientes da tomada de decisões ao acaso e a escolha de ações e soluções adotadas emergencialmente, facilitando também a visualização da programação e melhorando o fluxo de informação em toda a obra. Entretanto, verifica-se que em determinadas empresas construtoras atuantes no subsetor de edificações, esse processo tem se resumido à produção de orçamentos, programações e outros documentos referentes às etapas de execução do empreendimento (BALLARD; HOWELL, 1996). Este fato ocorre, pelo menos em parte, devido à indústria da construção civil estar inserida em um paradigma de planejamento, no qual os planos são elaborados através da utilização de técnicas de redes, tornando difícil o planejamento e controle da produção, especialmente por ausência de estrutura da empresa para atualização dos planos produzidos com dados coletados no canteiro de obra (FILHO; ANDRADE, 2010). Observa-se que o planejamento na construção civil consiste na organização para a execução, incluindo orçamento e a programação da obra. O orçamento este que contribui para a compreensão das questões econômicas e a programação relacionada com a distribuição das atividades no tempo (VARGAS, 2016). Coelho (2003 apud NOGUEIRA FILHO; ANDRADE, 2010), destaca que o modelo de Planejamento e Controle da Produção (PCP) foi elaborado com base nas etapas do processo de planejamento proposto por Laufer e Tucker (1987). Sendo que no processo de elaboração do planejamento buscou-se estabelecer uma vinculação com os níveis hierárquicos propostos por diversos autores. O modelo proposto por Laufer e Tucker (1987) apresenta três etapas: preparação do processo, processo de planejamento e controle da produção e avaliação do processo. Sendo que na etapa de processo de planejamento e 23 controle (coleta de informações, preparação dos planos, difusão dos planos e ação) existem ciclos em cada nível: longo, médio e curto prazos, os quais serão descritos a seguir. 2.1.1 O planejamento de curto prazo Segundo Ballard e Howell (1994) é necessário estabilizar o ambiente de trabalho, buscando a criação e manutenção de um planejamento de comprometimento. Ou seja, este é o nível de planejamento onde são tomadas as últimas decisões, atribuindo as atividades diretamente para a produção, sendo que nesse planejamento deve-se necessariamente buscar a eliminação ou a minimização da influência de imprevistos que impeçam a execução completa das tarefas. Ballard e Howell (1994 e 1997) afirmam que o uso de técnica de produção protegida (shielding production) em relação ao planejamento de comprometimento é essencial para a implementação dos princípios da Nova Filosofia de Produção. Dessa forma, a ideia da produção protegida fundamenta-se na necessidade de atribuir tarefas que sejam completamente executadas pelas equipes de produção, minimizando dessa forma a incerteza e buscando evitar a descontinuidades nos fluxos de trabalho. Os grupos de atividades são desenvolvidos de forma a compatibilizar o fluxo de trabalho com os recursos disponíveis. Os autores, em suas inúmeras atividades, determinando ainda o período para esse nível de planejamento como sendo de uma semana, por exemplo, (OLIVEIRA, 2010). Assim, todas as atividades em execução são inseridas na programação comparando-se o que pode ser executado, ou seja, todos os recursos disponíveis, tarefas antecedentes concluídas, com o que deveria ser executado, demonstrado no plano inicial decorrente do planejamento tático (OLIVEIRA, 2010). Por conseguinte, a partir dessa comparação ao planejador seleciona o que será desenvolvido, com o comprometimento de todos os envolvidos na 24 produção. A seleção dos pacotes de trabalho é realizada a partir de uma reserva de tarefas a serem desenvolvidas, reservando está formada por meio do planejamento de médio prazo (BALLARD; HOWELL, 1994). Buscando proteger a produção das incertezas intrínsecas nos fluxos de trabalho, o planejamento de comprometimento deve buscar adotar os seguintes critérios, segundo Ballard e Howell (1997): a) Definição: As atividades devem ser especificadas de forma que sejapossível caracterizar a quantidade e materiais e equipamentos necessários, a equipe de produção e a quantidade de trabalho, e também possibilitar identificar o término do trabalho ao final do período planejado; b) Confiabilidade: Deve-se verificar se os materiais necessários estão no canteiro, se o projeto possui todos os detalhes definidos e se a tarefa antecedente já foi concluída. c) Sequência: Os pacotes de trabalho devem ser selecionados levando- se em conta o sequenciamento entre as tarefas, considerando a construtividade e a dependência entre as equipes de produção. Da mesma forma, deve-se verificar a existência de uma reserva de trabalho, ou seja, tarefas adicionais que possam ser executadas no caso de falhas na execução dos pacotes de trabalho ou produtividades acima das esperadas. d) Tamanho: O dimensionamento dos pacotes de trabalho deve levar em conta a capacidade das equipes de trabalho em realizar os mesmos dentro do período planejado. Deve-se considerar também se estarão sendo liberadas frentes de trabalho suficientes para as próximas equipes de produção no período de planejamento seguinte. e) Aprendizado: a partir desse critério deve-se levar em consideração a identificação e análise das razões que impossibilitaram o término do trabalho especificado dentro do prazo. O intuito deve ser o de aprender com os erros anteriores, evitando sua recorrência. 25 Para Ballard e Howell (1997), o desenvolvimento de um planejamento de comprometimento tem como responsável direto pela maioria dos procedimentos o mestre de obras. Assim, as tarefas inseridas no planejamento devem ser estabelecidas por consenso, por meio da realização de reuniões entre o planejador e os chefes das equipes de trabalho ou subempreiteiros. A elaboração das atividades a serem desenvolvidas tem seu início levando em consideração as prioridades estabelecidas no planejamento de médio prazo, além das informações fornecidas pelo gerente da obra e pelo conhecimento do próprio mestre, do andamento das tarefas executadas pelas equipes de produção (OLIVEIRA, 2010). 2.1.2 O planejamento de médio prazo Por definição, o planejamento de médio prazo é desenvolvido em um horizonte maior e não demanda um mesmo nível de detalhamento do planejamento de curto prazo. A sua principal finalidade é a de verificar se as condições para o início ou prosseguimento de atividades estão sendo plenamente satisfeitas e, caso necessário, os problemas sejam discutidos e as providências necessárias de ajustes sejam programadas neste sentido (MENDES Jr., 1999). Ballard e Howeel (1997) descrevem que estes ajustes devem necessariamente observar a compatibilização entre os recursos disponíveis, a capacidade de produção das equipes e o cumprimento de prazos e custos. E complementam: Desta forma, este nível de planejamento, também denominado de lookahead planning, tem como função ajustar o plano inicial da obra, com um maior nível de detalhamento. O planejamento de médio prazo deve ser utilizado para voltar à atenção da gerência para o que se espera que esteja sendo realizado dentro de algumas semanas, estimulando ações no presente para se atingir o futuro desejado (BALLARD e HOWELL, 1997, p. 15). Ou seja, deve-se buscar ajustar o que deveria ser executado aproximando-se cada vez mais do que pode e o que será executado, minimizando- se das variações no fluxo de trabalho (VIEIRA, 2013). 26 Para Limmer (1997) é possível identificar as seguintes finalidades para este planejamento, ou seja: a) Modelar o fluxo de trabalho com o melhor sequenciamento possível e ritmo das atividades dentro das capacidades do momento; b) Ajustar a mão de obra e os recursos ao fluxo de trabalho; c) Produzir e manter uma reserva de tarefas executáveis para todas as equipes, identificando e providenciando os projetos e materiais necessários e verificando se tarefas predecessoras foram ou estão sendo executadas, de forma que as tarefas dessa reserva possam ser incluídas posteriormente no planejamento de comprometimento; d) Agrupar os trabalhos interdependentes, dessa forma, o método de trabalho pode ser planejado para toda a operação; e) Caracterizar as atividades de diferentes equipes que devem ser planejadas conjuntamente. Dessa forma, deve-se buscar minimizar o impacto das variações de fluxo, como atrasos na entrega de materiais e mudanças de planos, uma ferramenta importante e comum é a utilização de buffers entre as operações. Os buffers apresentam três funções relacionadas à formação de uma reserva de trabalho, ou seja: compensar diferenças de ritmo entre as atividades; compensar a incerteza dos ritmos atuais; e permitir diferentes sequências de trabalho entre o fornecedor de materiais e as equipes de execução (BALLARD; HOWELL, 1994). Os referidos autores destacam ainda que esses buffers são caros, altamente complexos de se dimensionar e raramente apresentam uma solução adequada (BALLARD e HOWELL, 1994). Observa-se que os custos relacionados aos buffers incluem, ainda, os espaços para estocagem de materiais, duplo manuseio, controle de estoques e prevenção de desperdício. Deste modo, a redução das variações de fluxo ocorre com a substituição gradual dos buffers por planos mais confiáveis, obtidos com o ajuste dos planos produzidos pelo planejamento de longo prazo (OLIVEIRA, 2010). Ballard e Howell (1996, p. 25) descrevem ainda que: 27 Nesse ajuste do plano inicial somente devem ser mantidas no planejamento tarefas as quais o gerente acredita que passarão para a reserva de tarefas executáveis conforme o programado. No caso de uma atividade onde a possibilidade de execução é questionável, por exemplo, por falta de material, a mesma é excluída do planejamento de médio prazo, retornando somente quando os recursos estiverem assegurados ou o cronograma seja ajustado para acomodar o atraso na entrega. 2.1.3 O planejamento de longo prazo Este nível de planejamento apresenta como horizonte todo o período da obra, apresentando como objetivo global gerar o plano inicial da obra, bem como o denominado plano mestre. (MENDES Jr., 1999). Observa-se que o planejamento de longo prazo envolve necessariamente as decisões de caráter tático, entre as quais se destaca as seguintes: datas para as principais etapas da construção, plano de ataque à obra e definição do número de equipes (ASSUMPÇÃO, 1996). Segundo Oliveira (1999) dentre os três níveis de planejamento, o de longo prazo é aquele onde os princípios da Nova Filosofia de Produção exercem menor influência. No entanto, deve-se verificar que as considerações da continuidade nas atividades no planejamento tático, através da técnica de Linha de Balanço, propiciam a geração de alguns desses princípios: redução do desperdício, minimização da variabilidade, melhora nos fluxos de materiais e de mão de obra, geração de planos flexíveis e uso de gerenciamento visual da produção (MENDES Jr; HEINECK, 1998). Ballard e Howell (1994) acrescentam ainda que o plano inicial é idealizado levando em consideração os objetivos do projeto e que mesmo estes objetivos podem sofrer variações ao longo do empreendimento, tais como as consequências de mudanças de tendências de mercado ou na disponibilidade de recursos financeiros, por exemplo. Assim, o monitoramento dos fundamentos possibilita a detecção antecipada das transformações, protegendo os planos da variabilidade. Assim, seguindo o PMBOK® (PMI, 2014), o processo de controlar o cronograma é efetuar o monitoramento do andamento do projeto objetivando a 28 atualização de seu progressoe gerenciamento das mudanças realizadas na linha de base do cronograma (CARVALHO; AZEVEDO, 2013). Dessa forma, segundo os referidos autores, o controle do cronograma está relacionado a: a) Determinação da situação atual do cronograma do projeto; b) Influência nos fatores que criam mudanças no cronograma; c) Determinação de que o cronograma do projeto mudou; e d) Gerenciamento das mudanças reais conforme ocorrem. Assim, com a finalidade de desenvolver um novo sistema de controle que se adaptasse melhor às características da construção civil, foi desenvolvido, nos Estados Unidos, o sistema de controle Last Planner, em meados da década de 90, por Glenn Ballard e Greg Howell (BALLARD; HOWELL, 1997). Ressalta-se que o Last Planner engloba em seu escopo de execução ferramentas e técnicas de controle e planejamento que objetivam a busca de melhores condições de controle sobre o empreendimento. Esse sistema integra novas funções aos níveis hierárquicos do Planejamento e Controle de Produção (PCP), com a finalidade de proteção da produção a partir do aumento de confiabilidade dos planos gerados (BALLARD, 2000). 29 3 TEMPO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Segundo descreve Hozumi (2006), o Gerenciamento de Tempo agrega os processos necessários para garantir que o projeto seja implantado no prazo previsto. Dessa forma, são definidas todas as atividades para a realização dos subprodutos do projeto, de forma a serem desenvolvidas em uma sequência lógica e interdependentemente das demais atividades previstas, estimando-se assim, o tempo e os recursos disponibilizados e necessários para a sua execução. A partir daí, constrói-se um cronograma físico-financeiro, que possibilitará um controle das atividades e possíveis mudanças no projeto. Observa-se que o monitoramento e controle são processos que tem por finalidade verificar e acompanhar a execução do projeto, possibilitando assim, que determinados problemas potenciais possam ser antecipadamente caracterizados para que as ações corretivas sejam adotadas antes de os problemas tomarem proporções incontroláveis. Assim, todo o planejamento do empreendimento é acompanhado continuamente junto à sua execução, objetivando que os recursos e os custos empregados estejam dentro dos números previamente estabelecidos (CARVALHO; AZEVEDO, 2013). Losso e Araújo (1995 apud MORAES, 2007) descrevem que para a execução de qualquer empreendimento, é imprescindível que existam um planejamento prévio para especificar o método de execução, além de uma programação que determine o cronograma da execução e um controle que possibilite o acompanhamento e a verificação do andamento físico do empreendimento de forma global. 3.1 Gerenciamento do Tempo O Gerenciamento de Tempo tem por finalidade primordial, assegurar que o projeto seja concluído dentro do prazo previamente estipulado. O mesmo refere- se a um determinado planejamento e monitoramento das ações a serem tomadas ao longo do projeto. Assim como, em determinados mercados, tempo e prazo de entrega são elementos primordiais sobre qualquer outra característica do projeto, 30 sendo considerada uma área cada vez mais fundamental no Gerenciamento de Projetos (OLIVEIRA, 2003). Segundo Vargas (2016), o Gerenciamento de Tempo tem início conjuntamente à elaboração do Work Breakdown Structure (WBS), onde as atividades e entregas a serem efetuadas recebem períodos de duração (prazos estimados). Em relação à estimação do tempo e duração de cada atividade do Work Breakdown Structure (WBS) existem diversos métodos, entre as quais se destacam os seguintes: a) Dados históricos; b) Estatísticos; c) Simulações; e d) Julgamentos especializados. Observa-se que estas estimativas usualmente são efetivadas pelos líderes de cada equipe ou pelos gerentes funcionais de cada departamento. Dessa forma, compete ao Gerente de Projetos analisá-las e, se necessário, contestá-las com base em sua experiência e em dados históricos (OLIVEIRA, 2003). Finalmente, verifica-se que as atividades são devidamente concatenadas e interligadas, objetivando os prazos acordadas para início e término do respectivo projeto. Assim, em função desta programação de datas, é imprescindível que ocorra novamente um processo de consolidação das informações entre todos os envolvidos. É necessário inclusive avaliá-las junto à alta direção da empresa, visto que pode haver outros projetos em andamento, produzindo conflito na utilização de recursos e, por conseguinte, determinas prioridades ou estratégia alternativa terá que ser aplicada pela respectiva empresa (FORTES, 2011). Com a obtenção de um cronograma completo do projeto, possibilita-se a geração de gráficos de Gantt, diagramas PERT/CPM, e outras formas de visualização do empreendimento ao longo do tempo (NEVES, 2009; ZIGMUNDO, 20009). 31 Ressalta-se ainda que o cronograma do projeto é a referência para o seu gerenciamento. Ressalta-se, entretanto, que um projeto é definido como sendo um processo dinâmico e que seu planejamento inicial necessitará de ajustes regulares ao longo do tempo (MATTOS, 2010). Por fim, o uso e a análise regulares do cronograma possibilitarão a presença de possíveis surpresas e execução de ações corretivas em tempo. O objetivo da gerência do tempo de projeto é descrever os processos necessários para o término do projeto, assegurando, dessa forma, que o mesmo cumpra com os prazos definidos em um cronograma de atividades, previamente estabelecidos (FORTES, 2011). Os principais processos do gerenciamento de tempo são os seguintes: a) Definições das Atividades: se refere a identificação das atividades específicas do cronograma que demandam ser executadas para gerar os diversos tangíveis do projeto; b) Sequenciar Atividades: processo de identificação e documentação das dependências entre as atividades do cronograma; c) Estimativa de Recursos de Atividade: estimativa do tipo e das quantidades dos recursos requeridos para executar cada atividade do cronograma; d) Estimativa de Duração de Atividade: estimativa do período que será necessário para conclusão individual de cada atividade do cronograma; e) Desenvolvimento do Cronograma: análise das sequências das atividades, suas dependências, durações e recursos requeridos para criar o cronograma; f) Controle do Cronograma: controle das alterações efetuadas no cronograma; A gerência do tempo de projeto e a gerência do custo do projeto são as áreas de maior exigência dentro de um projeto, pois são as mais visíveis em sua gestão (CARVALHO; AZEVEDO, 2013) 32 3.2 Gerências de tempo e suas interfaces com as demais áreas na construção civil A gestão do tempo é uma forma de verificar o atraso ou o adiantamento do projeto de forma visual, sendo que este somente atrasa por existir interferências na sua execução. Em função disto, o gerenciamento de tempo torna-se um potencial indicativo destas interfaces para que seja possível atuar no problema e ter uma solução para o projeto (RAMOS, 2013). O gerenciamento de tempo torna-se um demonstrativo destas interfaces para que seja possível atuar no problema e ter uma saída para o projeto. O gerenciamento é de extrema relevância na utilização da gestão do tempo como parâmetro principal na execução da obra, observando que esta gestão possui interferência direta nas demais áreas de conhecimento. Assim, com a atualização do cronograma do empreendimento, é possível constatar o atraso em uma atividade e tomar ação corretiva ou preventiva para minimizar este desvio (RAMOS, 2015). Ressalta-seser de grande relevância a utilização da gestão do tempo como principal indicador na execução da obra, sendo que está gestão possui interferência direta nas demais áreas de conhecimento. Assim atualizando-se o cronograma do empreendimento é possível constatar o atraso em uma determinada atividade e adotar a ação corretiva ou preventiva necessária para minimizar este desvio (NEVES, 2009). Este estudo tem por objetivo demonstrar a importância da gestão do tempo na construção civil e sua relação com as demais áreas de gestão de projetos: escopo, qualidade, custo, comunicações, recursos humanos e aquisições, conforme especificado a seguir. 3.2.1 Tempo vs escopo. A ausência de controle e má definição do escopo do projeto são as principais causas históricas de fracasso no processo de gerenciamento de tempo do projeto na construção civil. Nota-se que está má definição do objetivo, abrangência 33 e detalhamento do escopo no empreendimento resulta em um mau controle de tempo (NEVES, 2009). O gerente com o planejamento minucioso do empreendimento possui previamente definido: o objetivo e as metas da obra, o foco do projeto, o memorial de descrição do empreendimento e abrangência do projeto, apresentando assim maior facilidade para a manutenção e o controle das alterações no escopo do empreendimento, para que exista e ocorra a devida orientação e o replanejamento do tempo (RAMOS, 2016). Tendo-se um escopo genérico demais, o processo de seleção se torna demorado devido à grande quantidade de opções, minimizando assim, a qualidade da escolha do seu produto e aumentando o prazo para a escolha, como pode ser visualizado no gráfico representado pela figura 1. (VARGAS, 2016). Figura 1. Gráfico do inter-relacionamento entre a abrangência do escopo junto ao prazo Fonte: Vargas (2016) Por conseguinte, um escopo generalizado do projeto pode resultar em frustrações no prazo, e acréscimo do custo. Quanto mais tempo se leva para se adotar a ação corretiva no projeto, maior será o custo para esta correção conforme visualizado no gráfico da figura 2. 34 Figura 2. Custo das mudanças decorridas pela a variação do escopo Fonte: Vargas (2016) Quando se busca comprar uma casa pronta e específica, como uma casa que apresente dois andares, três quartos, duas vagas de garagem, neste caso se verifica a presença de uma grande possibilidade de encontrar diversas casas que atendam este escopo. Já se a ideia for procurar por simplesmente uma casa, possivelmente diversas casas serão encontradas, mas a possibilidade de nenhuma dessas casas agradar é muito grande. Assim, quando se tem um escopo genérico demais, o processo de seleção se torna muito demorado devido à grande quantidade de opções, minimizando a qualidade da seleção do seu produto e aumentando o prazo para a escolha conforme pode ser visualizado na figura 2 (VARGAS, 2016). 3.2.2 Tempo vs custo Observa-se que o gerenciamento de tempo ocorre conjuntamente com o gerenciamento de custo, em função de que possui influência direta no prazo podendo culminar até com a inviabilização do projeto. (NEVES, 2009). Segundo descreve Ramos (2013), esta interface é a relação mais importante entre esses dois fatores de projeto, estes desenvolvidos em um tempo reduzido, o custo torna-se elevado em função direta da quantidade de horas extras e da elevada alocação de mão-de-obra. Assim, considerando que quando o tempo destinado ao projeto é adequado, esse alcança o seu custo ótimo para execução. Após esse período, o custo volta a subir em função da ineficiência no projeto. 35 Nesse contexto, Vargas (2016, p. 24) descreve que: Uma pessoa ao construir uma casa de alvenaria em dois meses, o custo do projeto será elevado devido à grande quantidade de pessoas trabalhando em horários alternativos (horas-extras) e devido ao aumento nos custos das matérias-primas da obra, uma vez que não se dispõe de tempo para aguardar a entrega normal desses materiais (pedidos de urgência). Se a pessoa dispõe de dez a doze meses de construção, encontrará um valor mínimo de custo (ideal). Porém se demorar vários anos para construir a casa, seu custo voltará a aumentar devido a perdas de material e retrabalho (ineficiência). Para Silva (2015), os custos do projeto em relação ao tempo vão decaindo até chegarem ao valor mínimo de custo, onde a alocação de todos os recursos é realizada de forma adequada às necessidades do projeto. Assim, as estimativas de tempo e recursos, por conseguinte, são essenciais para se obter uma melhor relação custo-duração de um projeto, possibilitando que a execução seja eficiente durante o decorrer do tempo. 3.2.3 Tempo vs qualidade Nota-se que esta interface trata tanto da qualidade do produto final do projeto como do processo de gerência do projeto, uma vez que a “gerência do tempo é interferida quando a execução do projeto possui não conformidade afetando a qualidade e gerando um retrabalho aumentando o prazo para a execução da tarefa” (NEVES, 2009, p.9). Em determinados projetos com a duração muito reduzida, a qualidade do projeto pode ficar prejudicada pela pressa na conclusão. Já em projetos com a duração ideal, a qualidade é máxima. Entretanto, após esse ápice, a qualidade do projeto se estabiliza e pode até cair devido à ineficiência do projeto conforme pode ser visualizado na figura 3. (VARGAS, 2016). Além disso: É impossível construir uma casa de alvenaria de qualidade em dez dias. Se a obra dispõe de dez a doze meses para a construção, será encontrado o ponto ideal de qualidade, porém se levar cinquenta anos para construir uma casa relativamente simples, isso resultará em perda de qualidade por ineficiência, uma vez que a estrutura da casa, a alvenaria e os outros componentes estarão expostas ás intempéries e a destruição durante todo o período do projeto. (VARGAS, 2016, p. 25). 36 Figura 3. Inter-relacionamento entre a qualidade com o tempo Fonte: Vargas (2016) 3.2.4 Tempo vs recursos humanos É importante ressaltar que essa interface é considerada o fator que causa mais desvios no cronograma durante sua execução, visto que possui uma grande diversidade de fatores que influenciam diretamente no seu desempenho, tais como mão-de-obra escassa e desqualificada no setor da construção civil, sendo de complexo gerenciamento (NEVES, 2009). Nota-se assim, que o gerenciamento de recursos humanos influencia necessariamente o gerenciamento de tempo, agindo como limitador das opções de prazo do projeto (RAMOS, 2013). Além disso, a escassez de mão de obra qualificada em todos os níveis é considerada como uma das principais causas nos atrasos das obras. Dessa forma, considera-se que “o problema não se concentra na falta de trabalhadores, mas, principalmente, na baixa qualificação dessas equipes” (REIS, 2012, p. 1 apud RAMOS, 2013). Por conseguinte, essa falta de capacitação aumenta o retrabalho e a propagação de erros no canteiro, acarretando uma produtividade baixa na execução obtendo um custo e um prazo maior. Em contrapartida, a partir de um processo de 37 qualificação profissional, aplicada a esses profissionais, por meio de seus gestores, a equipe passa do apresentar serviços de melhor qualidade, atingindo uma maior produtividade e evitando desvios no prazo inicial estabelecido (VARGAS, 2016). 3.2.5 Tempo e aquisições O gerenciamento do setor de suprimentos gera um impacto direto no prazo final da obra, em função de que sem o planejamento e aquisição dos insumos necessários, torna-se praticamente impossívelexecutar o empreendimento (RAMOS, 2013). Nesse caso, se faz necessário haver um gerenciamento eficaz que consolide uma cadeia de fornecedores e empreiteiros aptos às necessidades da empresa, que contribuam de forma positiva para o projeto com celeridade e confiabilidade na entrega, custos e qualidade demandada pela a organização (VARGAS, 2016). Assim, para que o sucesso do projeto seja devidamente atendido, as equipes de aquisições necessitam ter pleno conhecimento da logística, engenharia civil, administração e economia, ou seja, buscar ser quatro profissionais em um. É necessário entender a obra, ter uma boa base financeira e saber onde estão os fornecedores que vão render boas parcerias, dessa forma, quando o projeto for entregue ao cliente possuirá preço competitivo e qualidade que é a meta perseguida entre as organizações. (MARQUES, 2009). Ademais, “as empresas da construção civil não atentaram para esta realidade, existe uma total falta de conhecimento dos processos para uma gestão correta da cadeia de suprimentos, impactando diretamente em custo, prazo, qualidade e risco”. (OLIVERA e LONGO, 2008, p. 1). Assim, para que a aquisição dos insumos do empreendimento não prejudique o prazo da obra, é aconselhável que o setor de suprimentos cative os fornecedores transformando-os em parceiros e acompanhe todos os processos junto ao gestor da obra existindo uma comunicação entre os setores com a finalidade de que todo o insumo seja adquirido dentro do orçamento do projeto com a qualidade desejada pelo o cliente (RAMOS, 2013). 38 3.2.6 Gerenciamento das Comunicações Observa-se que a comunicação na construção civil, ou mais especificamente no canteiro de obra, encontra-se presente em boa parte do tempo do gestor de projeto, pois refere-se à de um elemento de ligação entre o gestor de projetos e os fornecedores, stakeholders, equipe de projeto. É por meio dela que se passam informações e ideias para todos os envolvidos no projeto (RAMOS, 2013). Para se obter uma integração perfeita entre as principais áreas do Gerenciamento de Projeto em construção civil e os demais elementos envolvidos, é imprescindível que ocorra um processo de comunicação ágil, amplo, simples e direto o suficiente para não gerar distorções de conteúdo e atrasos nas ações requeridas pelos envolvidos no processo (VARGAS, 2016; OLIVEIRA, 2003). É necessário ressaltar que o Gerente de Projetos não produz diretamente os resultados de um projeto. Para atingir um determinado resultado esperado, o gerente emprega dos meios de comunicação para coordenar as suas equipes e para a obtenção das informações necessárias para o devido controle, monitoramento e tomadas de decisão (FORTES, 2011). Oliveira (2003) ressalta que um efetivo processo de comunicação é necessário para garantir que todas as informações desejadas cheguem às pessoas corretas no tempo certo e de uma maneira economicamente viável, descrito pelas etapas a seguir, segundo o PMBOK (PMI, 2014): a) Planejamento das Comunicações: Processo que determina especificamente a necessidade de informações de cada envolvido no projeto, determinando ainda, a forma como essa informação será conduzida até o envolvido e qual será o nível de detalhamento dado a cada informação. Quando o planejamento das comunicações está desenvolvido, tem-se o Plano de Gerenciamento das Comunicações. b) Distribuição de Informações: processo que torna disponíveis as informações norteadas aos envolvidos no projeto. Faz com que todos recebam, a tempo e a hora, a informação a eles destinada. c) Relatórios de Desempenho: processo que envolve a coleta e a disseminação das informações relativas ao desempenho do projeto 39 para que os envolvidos possam avaliar de que forma os recursos encontram-se sendo empregados para atingir os objetivos do projeto. d) Encerramento Administrativo: Processo que verifica e documenta os resultados obtidos em uma determinada etapa, ou “entrega”, objetivando formalizar o fechamento junto aos envolvidos no projeto. Inclui necessariamente as avaliações dos resultados obtidos de forma a confirmar que o projeto reflete as especificações desejadas, analisando o sucesso e a efetividade do projeto, bem como é responsável pelo arquivamento das informações do projeto para futuro uso. Nota-se ser impossível haver excelência em um projeto, sem que exista uma comunicação eficaz que venha integrar todas as áreas de conhecimento conservando o prazo estabelecido do projeto. Pela figura 4, pode-se verificar pelo gráfico apresentado a importância das comunicações no processo de melhoria do desempenho do projeto. Figura 4. A importância da comunicação para a melhoria do desempenho do projeto Fonte: Ramos, 2013 40 4 INFLUÊNCIA DOS PARADIGMAS NA GESTÃO DO TEMPO 4.1. Projeto O processo de projeto na construção civil apresenta uma função essencial para a qualidade da edificação, visto que nele convergem todas as ações e restrições tecnológicas, de custo e prazo com a finalidade de organizar a produção da edificação e os agentes envolvidos desde a concepção até o uso da edificação (OLIVEIRA, 2010). Para Resende (2013), a grande parcela das perdas de eficiência na construção civil se refere a problemas relacionados ao projeto, tais como: modificações no decurso do processo construtivo, ausência de consulta ou de cumprimentos às especificações e de detalhamento insuficiente de projeto, bem como falhas de coordenação entre as diversas especialidades de projeto. A qualidade dos projetos executivos apresentados para a construção de um empreendimento está cada vez menor, deixando de ser confiável e gerando inúmeros problemas que poderiam ser evitados com um minucioso projeto executivo. Em determinados casos, na vigência de atraso ou necessidade de correção do projeto, a construtora dá início a uma tarefa sem mesmo estar disponível, colocando em risco o próprio escopo inicial (PALHOTA, 2016). Pela figura 5, é possível observar a relevância das etapas iniciais do empreendimento, a partir do estudo de viabilidade, concepção do projeto e conclusão do projeto, as quais, apesar do baixo investimento inicial de recursos, permitem a melhoria do processo e redução de falhas e, consequentemente, redução nos custos e no prazo final de entrega da obra (PALHOTA, 2016). 41 Figura 5. O avanço do empreendimento em relação a chance de reduzir o custo de falhas Fonte: Hammarlund e Josephson (1992) Para Formoso e Fruet (1993), os principais problemas verificados em relação ao projeto são os seguintes: erros de cota, níveis e alturas, incompatibilidade entre diferentes projetos, falhas na especificação de materiais e detalhamento inadequado ou mesmo falta de detalhamento. Em relação às falhas de projeto, os problemas de compatibilização são comuns. Comumente, são verificados erros referentes a incompatibilidades entre os projetos de estruturas, instalações e arquitetura (PALHOTA, 2016). A grande maioria dos projetos não são feitos com os detalhamentos necessários à sua execução. Em diversos casos, as obras iniciam os serviços sem os projetos definitivos de arquitetura e/ou de instalações, dificultando a execução (VARGAS, 2016). Ademais, as falhas no projeto executivo podem resultar em uma má qualidade da construção, com presença de maior índice de retrabalhos, ampliação do prazo de execução e acréscimo no custo da obra. Observa-se que a compatibilização pode representar entre 5% e 8% de economia em uma construção (RAMOS, 2013). 42 4.2 Planejamento A questãodo planejamento implica necessariamente em organizar o canteiro de obra, dimensionar e administrar os recursos humanos bem como os materiais, fornecer e gerenciar os equipamentos, estabelecendo metas, identificando e atuando sobre as principais causas dos problemas que surgirão, entre outros. A execução conforme o planejado possibilita ter processos estabilizados nas execuções das obras de construção civil e de qualquer outro empreendimento (GUTSCHOW, 1999). Entretanto, muito embora na teoria muitos saibam como funciona um bom planejamento, nota-se que nem sempre na prática a obra evolui dentro do desejado. Visto serem encontradas diversas falhas em alguns setores, dessa forma, se faz necessário aperfeiçoar a forma como o empreendimento está sendo planejado (PALHOTA, 2016). Muito embora os profissionais estejam teoricamente preparados, em diversos casos costumam desconsiderar, em questão do planejamento, determinados aspectos importantes, tais como os fatores culturais e os valores que gerem, ainda que extraoficialmente, a organização. Ao desconsiderar as variáveis anteriormente mencionadas, acabam tendo dificuldades no processo construtivo (RESENDE, 2013). É notório que o planejamento demanda de tempo para a sua elaboração, especifica a necessidade de profissionais com experiência no ramo, representa um trabalho intenso, e, ademais, deve ser desenvolvido no canteiro, empregando as equipes mobilizadas. No caso do planejamento vir a ser elaborado nos escritórios centrais das construtoras, por equipes afastadas dos problemas a serem enfrentados, possivelmente, apresentará imperfeições (MATTOS, 2010). É importante destacar que não é apenas suficiente distribuir as tarefas no canteiro de obra, sendo necessário aplicar um controle rigoroso, com a finalidade de obter resultados positivos, visto que além da elaboração das planilhas de controle é imprescindível acompanhar o desenvolvimento com certa periodicidade, de forma que possam ser corrigidas a tempo as eventuais falhas (VERAS, 2014). Na literatura, observa-se a presença de outro problema, referente ao fato do planejamento inicial muitas vezes não ser atualizado conforme a obra vai 43 progredindo. Neste caso, observa-se que as consequências desse fato se referem às informações que ficam defasadas e o planejamento acaba não sendo frutífero. Deste modo, é importante o planejamento estar sempre relacionado ao controle. Nesse caso, Mattos (2010) destaca as causas referentes à deficiência em planejamento e controle na figura 6: Figura 6. Deficiências no planejamento e controle Fonte: Mattos (2010) Outras deficiências podem ser relacionadas em função dos seguintes aspectos descritos: a) Planejamento excessivamente informal. A ausência de um planejamento global formal especifica a inadequação dos planos de médio e curto prazo, resultando na utilização ineficiente de recursos humanos e materiais de obra. Observa-se que ao se proceder dessa forma, o conceito sistêmico de planejamento se perde, com a visão de longo prazo sendo obstruída pelo imediatismo das atividades de curto prazo. Globalmente, excessivas informalidades dificultam a comunicação entre os diversos setores da empresa (RAMOS, 2013). b) Lenda do tocador de obra. Nota-se que este tipo de atuação, “tocador de obra” vem a ser caracterizado em função da tomada de 44 decisões rápidas, sem um necessário envolvimento com o planejamento das atividades e com crescimento contínuo da empresa e de seus respectivos profissionais. (KOSKELA, 2000). c) Planejamento e controle como as atividades de um único setor. Em diversos casos, o planejamento e o controle são confundidos com o trabalho isolado de um setor da empresa ou com a simples aplicação de técnicas para a geração de planos. d) Descrédito por falta de certeza nos parâmetros. Neste item, segundo descreve Mattos (2010), a incerteza é intrínseca ao processo de construção em decorrência da variabilidade do produto e das condições locais, da natureza dos seus processos. Observa-se que as incertezas, à medida que o tempo passa vão sendo agregadas ao uso das corretas produtividades dos serviços nas diversas situações. Nota-se que todas as deficiências supramencionadas, de certa forma, produzem algum impacto no prazo final da entrega na obra. Do mesmo modo, é importante que o planejamento seja muito minucioso e controlado ao longo de toda obra para que nada saia diferente do previsto (PALHOTA, 2016). 4.3 Suprimentos Silva (2015) descreve que uma boa gestão do setor de suprimentos é essencial para controlar a qualidade dos materiais e evitar atrasos na aquisição e entrega dos mesmos. Assim, o processo de planejamento da compra de materiais, estudos da disponibilidade no mercado, processamento/controle de requisição, comunicação interna entre os diversos setores, controle de recebimento e a garantia de cumprimento dos prazos para todas as atividades do gerenciamento de suprimentos, são essenciais para evitar os atrasos na entrega do empreendimento em si. Nota-se que as obras de construção civil, geralmente, não são realizadas sem materiais. Além disso, a qualidade e durabilidade de uma construção 45 dependem necessariamente dos insumos que nela são utilizados. Por conseguinte, é de grande importância o que o responsável técnico de uma edificação leve em consideração a necessária importância de conhecer todas as propriedades e aplicações mais adequadas para cada material utilizado (PALHOTA, 2016). Outro fator importante se refere às entregas de fornecedores de materiais para o empreendimento. Podem se verificar casos em que existe a possibilidade de substituir os fornecedores, quando se refere ao fornecimento de “commodities”, com baixo risco, entretanto, há outros que não, pois são fornecedores pré-qualificados para fornecimento específico para o projeto, sendo que o processo de substituição pode gerar impactos de custos e prazos (RAMOS, 2013). Para Silva (2015) o planejamento do transporte, a entrega do material, a documentação e verificação de remessas, o acompanhamento do percurso dos insumos desde a saída dos fornecedores até a recepção na empresa, a verificação das condições de segurança e do cumprimento das datas de entrega e o armazenamento de acordo com cada material, são fatores que não se devem deixar de lado. Da mesma forma Walsh et al (2004) leciona que, da mesma forma, não se deve deixar de lado a questão do gerenciamento do estoque no canteiro de obra, demandando do bom senso no balanço entre a necessidade do construtor ter os materiais no tempo certo no canteiro e os benefícios decorrentes da minimização do estoque. Muito embora, existe a necessidade de observar o custo de manter o estoque, o risco de danificação ou perda dos materiais e a inflexibilidade em resposta a mudanças no projeto. 4.4. Terceirização e Subcontratação Sob a ótica dos trabalhadores, observa-se que os processos de terceirização não se colocam apenas como tendência, mas como realidade no setor. Muito embora, observa-se que na realidade, esse discurso se mensura em trabalhadores com perfis muito similares aos tradicionais trabalhadores da construção civil e o investimento na mão-de-obra, em contrapartida, observa-se que 46 o anunciado, em determinados casos, até se minimiza com o advento do processo de terceirização (PALHOTA, 2016). Globalmente, Martins (2001) descreve ser possível identificar como um dos principais riscos da terceirização a contratação de empresas impróprias para realizar os serviços, sem idoneidade financeira e competência,
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