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O papel dos intelectuais

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Álvaro da Silva Pereira Bastos
Curso: Esp. em Direitos Humanos e Cidadania.
Matricula: 166110228
O intelectual, escritor e o exercício da cidadania.
Introdução
Segundo a enciclopedia livre, etimologicamente o termo intelectual deriva do latim tardio ou medieval intellectualis, adjetivo que indica aquilo que, em filosofia, diz respeito ao intelecto na sua atividade teorica, ou seja, separado da experiência sensível, esta considerada como de grau cognitivo superior. Na concepção aristotélica, eram definidas como intelectuais, virtudes como ciência, sapiência, inteligência e arte, as quais permitiriam a "alma intelectiva", entendida como princípio vital do homem, alcançar a verdade.
Contemporaneamente, a definição do intelectual é geralmente construída pelos próprios intelectuais e segundo suas respectivas concepções, o que resulta em várias abordagens e definições do termo. Autores como Norberto Bobbio e Bernard Henri Lévy, concordam em pelo menos um aspecto: o intelectual se define social e historicamente, segundo o papel das suas ideias em uma determinada sociedade. Segundo Bobbio, " toda sociedade em todas as épocas teve seus intelectuais ou, mais precisamente, um grupo mais ou menos amplo de pessoas que exercem o poder espiritual ou ideológico, em oposição ao poder temporal ou politico.
Escritor
A palavra escritor, tem sua origem no latim sribere, quer dizer marcar com linha, desenhar, escrever, é um substantivo masculino, e significa aquele que escreve; autor de obras literárias, culturais, científicas etc.
Assim, desde os primórdios da existência humana, existem cidadãos que comportam características peculiares, que os tornam distintos dos demais membros da comunidade, pela atividade que desenvolvem ou realizam. Esses distintos e até certo ponto, corajosos indivíduos, são os intelectuais e escritores.
Distintos porque em determinados momentos, expõem com mestria aquilo que parece incompreensivo e nebuloso, com leveza e simplicidade incomum; esclarecem o obscurantismo partindo de preceitos técnicos e pragmáticas, que exortam um magnetismo de lucidez dos seus receptores, quebrando certas mistificações;
Corajosos, porque em diferentes épocas, a humanidade enfrentou e enfrenta, situações em que, a atividade de exercer o intelecto (pensar) , transmitir ideias de cunho científico, para as sociedade, era e é visto (em certos países) como ato de afronta a lei, principalmente quando materializado por pensadores, contrários ao segmento politico-ideológico do poder, visando elucidar e emancipar outros individuos, enfrentavam e enfrentam repressões de varias ordens.
Sócrates foi um dos intelectuais, que no seu tempo exerceu com grandeza singular o seu papel social. Em linhas gerais, dedicou grande parte da sua vida a ensinar as pessoas, sobre política, ética, humanismo, usando método próprio, em razão de suas convicções filosóficas foi condenado.
O intelectual e bem assim, o escritor, em alguns momentos pareceram ser uma espécie de oráculo social, entretanto, suas atividades, ideias e discussões não são resultado de analises exotéricas ou, de divindades, defluem de análises com elevado teor científico abstraidos da realidade social.
Na contemporaneidade se fala sobre o papel público destas figuras, pelas convições que têm sobre diferentes assuntos, e por se entender, que sempre têm algo a acrescer a sociedade, até quando fazem silencio diante de acontecimentos, pretendem nos transmitir alguma coisa.
Essa necessidade insaciável de respostas, isto é, de saber o que pensam os intelectuais e escritores, sobre tudo, parece contradizer-se com a sociedade da informação (séc. XXI, internet, varias informações, conhecimento a uns cliques), bem como, o fato de se ter a impressão, de que estes são condicionados a se pronunciar necessariamente sobre a realidade. Entretanto, tal imprecisão, desmorona pelo fato deste fazer parte da mesma sociedade e acompanhar as suas alterações ao longo do tempo, e a sua propria dedicação ao exercicio do intelectual, levam-no a conhecer as questões que demandam o seu ponto de vista, exercendo a sua cidadania e direcionar o entendimento dos demais dos demais sobre determinados fatos.
Sendo assim, apesar de pertencemos à sociedade da informação, ter um elevado e quase incontáveis meios de comunicação, distribuídos em diferentes plataformas e formas de produção, e compartilhamento de conteúdo, a atuação do intelectual-escritor sempre se fez necessária, pelos métodos que caracterizam refletem à sua atuação.
De certo, a necessidade de existir intelectuais ativos, que se pronunciem a partir de diferentes meios e plataformas sobre vários assuntos, alcançado públicos irregulares, é corolário desta sociedade, posto que, aqueles produzem conhecimento coeso, assente em princípios delineadores do seu estudo, cuja essência é separar o que é conhecimento profundo sobre determinado tema, daquele cuja origem não observa qualquer parâmetro.
Um escritor ao lançar um livro evidência o seu trabalho, objetivando trazer a tona certa temática. Este usando do poder das letras, procura difundir informações, conhecimento fruto de acontecimentos, imaginação ou alegorias, que tendem a fornecer aos cidadãos determinada ferramentas, seja de cunho político, social, ou econômico.
Nestes termos, o intelectual desempenha uma função muito importante na história, cultura e no desenvolvimento socioeconômico. Esse papel, deve ser visto como um múnus de suma relevância.
Consiste tal como na arte, em manter a tensão necessária nos assuntos que afligem a sociedade, mantendo aceso o debate das questões que, facilmente caem no descaso ou relegadas ao esquecimento.
Assim, se depreende que esses cidadãos, intelectuais, escritores devem se ocupar, em evitar que determinados temas ou questões de ordem pública, sejam postos pra escanteio, e só enfrentadas quando o interesse político assim o determinar.
Qual é a relação ou qual deve ser então do intelectual com a política ou com aquele que exercem o poder ?
Em determinados momentos da história da humanidade, intelectuais por razões diversas, defenderam ou, desempenharam funções políticas, estiveram ligados a funções proprias aos governos. O desempenho de funções dessa natureza por intelectuais, divide opniões entre muitos estudiosos, para os mais criticos, este deve se eximir destas atividades, para preservar a integridade das seus estudos; por outro lado, existem aqueles que entendem que o exercício destas atividades reflete diretamente no desenvolvimento social, pela contribuição direta do profissional intelectual.
O intelectual é anti-governo, apolítico ? Não, simpatizo com a ideia de que, seu compromisso é outro, o qual deve ser independente de uma ideologia governista, e o seu viés político. Seu compromisso é com a verdade, sobre o poder, exercendo a sua cidadania, acima de tudo seu compromisso é com a sociedade.
O intelectual deve prezar pelo seu lugar de desacomodado com a realidade e sua independência, nas palavras de Edward. Said, em Representações do intelectual:
" O intelectual é um individuo que deve ser comprometido com o que diz, por ser dotado de uma vocação para representar, dar corpo e articular um mensagem, um ponto de vista, uma atitude , filosofia ou opinião para um publico e também por este, e isso envolve ousadia e vulnerabilidade, compromisso e risco, já que se expõe e é reconhecido publicamente".
Uma das facetas diferenciadoras do intelectual, deve se prender com a generalização, quanto a própria formação, isto é, deve se distanciar das especializações, que minimizam o seu leque de intervenção social sobre diferentes assuntos ou, acontecimentos.
Atrelado ao compromisso de desenvolver, apresentar ideias sempre pautadas pela verdade, este deve se pautar por um descompromisso com qualquer instituição e ou profissão que tende a inibi-lo do exercício do seu dever social.
A ideia de se vincular a entidades, como partidos políticos e governos, certamente comprometem a lisura analítica do intelectual, em determinadas situações por
razões variadas, este passa a ter que defender um ideal, ainda que verdadeiro, será guiado pela necessidade de manutenção no poder, ou se fundamentar por verdades precárias.
Dizer a verdade, sem se ater ao temor de causar dissabores e comprometer interesses fincados em bases injustas, desagregadoras dos princípios que norteiam a sociedade, em determinados situações relegam ao intelectual escritor, a condição de distanciamento, ‘’exilado’’, exposto a solidão, entretanto, não cabe ao intelectual encarnar a parsimonia diante da realidade e criar ambientes pautados pelo consenso, mas exercer o senso critico no enfrentamento das questões, que se lhe apresentam. 
O intelectual público deve procura manter a latência das questões que afligem a sociedade, por se apresentarem como complexas e por essa razão mantidas ao esquecimento, cabe ao intelectual resgata-las incessantemente sem temer que seja mal interpretado, por aqueles que se favorecem com essa situação em detrimento da maioria.
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CONCLUSÃO
Sem o intento de encerrar a analise deste assunto, creio que, o papel ou função social do intelectual e do escritor prende-se ou deve, se restringir em priorizar a necessidade de exprimir suas opiniões livremente, sem represálias. Entretanto, mesmo que essas sejam possíveis, não lhes deve ser atribuida o poder de inibir o exercício do múnus público daqueles.
Estes indivíduos, artistas a bem da verdade, encarnam as funções próprias da arte. Os quais devem com suas intervenções, expôr o rotineiro, aprofundando-se ao que parece simplório e corriqueiro, visando tornar familiar o diferente, esquivando-se do padrão estético criado, sendo este as vezes, o cerne de desigualdade entre os membros da sociedade. Assim, ao intelectual cabe o papel ou função social, de manter a tensão das questões que inquinam a realidade social.
Portanto, o intelectual e escritor para atingir o seu propósito público, faz uso da retórica e escrita, visando desmistificar determinados preconceitos e conceitos, para a compreensão dos cidadãos, bem como esclarecê-los em relação aos fenômenos que se apresentam, com a finalidade de despertar a consciência democrática que guia ou deve guiar a manutenção dos direitos humanos na contemporaneidade.
Referencias
O papel publico dos escritórios e intelectuais (texto do livro Humanismo e critica democratica de Edward Said)
Representações de intelectual, as conferências Reith de 1993. Edward Said
 Intelectuais e o poder, duvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporanea, de Norberto Bobbio.

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