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TEORIA FUNCIONALISTA Suporte da Teoria Funcionalista: princípios do estrutural-funcionalismo (teoria sociológica - a sociedade 'e um sistema complexo que tende a se manter em equilíbrio, composto de subsistemas funcionais). Destaque: norte-americanos Paul Lazarsfeld e Robert Merton - mcm tem função de proporcionar status social a seus protagonistas e impor normas sociais, e dão importância a uma disfunção dos mcm: a disfunção narcotizante. Os mcm estariam contribuindo para a apatia do indivíduo. A Teoria Funcionalista: abordagem global aos mcm no seu conjunto (funções exercidas pela comunicação de massa na sociedade). Abandono da ideia de um efeito intencional, para estudar e conceituar as consequências da ação dos mcm sobre a sociedade no seu conjunto ou sobre os seus subsistemas. Outra diferença importante da Teoria Funcionalista é a adoção do contexto de produção e difusão cotidiana das mensagens de massa. Funções do processo de comunicação na sociedade: a) A vigilância do meio: mostra o que ameaça/afeta os valores da sociedade ou grupo b) Conservação do modelo cultural: transmissão da herança social e reforço das normas sociais c) Adaptação ao meio: relações entre componentes da sociedade para produzir uma resposta ao meio d) Atribuição/reforço de status/prestígio: valorizam as pessoas e os grupos a quem a mídia da atenção e) Entretenimento/diversão Disfunções dos mcm à sociedade: a) Ameaça 'a estrutura social: fluxos de informação circulam livremente b) Difusão de pânico: divulgação de notícias alarmantes prejudica a vigilância do meio c) Excesso de informações: desvia energias da participação ativa para o conhecimento passivo. d) Conformismo com a ordem institucional e proprietária dos meios: os mcm contribuem para a manutenção do sistema não pelo o que é dito, mas pelo o que é ocultado (ignoram os objetivos sociais pela vantagem econômica) e) Baixa qualidade: baixa qualidade cultural e estética da produção do mcm por causa da estrutura econômico- produtiva A HIPÓTESE DOS ”USES AND GRATIFICATIONS” Pesquisa atenta aos contextos e às interações sociais dos receptores que descreve a eficácia da comunicação como resultado complexo de múltiplos fatores. A influência das comunicações de massa permanece incompreensível se não se considerar a sua importância em relação aos critérios de experiência e aos contextos situacionais do público: as mensagens são interpretadas e adaptadas ao contexto. O emissor origina a mensagem e encaminha a interpretação da mesma. O receptor age sobre a informação que lhe é disponível e a usa; o destinatário continua sem uma função autônoma e simétrica 'a do emissor no processo de transmissão das mensagens mas torna-se um sujeito da comunicação a título pleno. Emissor e receptor são companheiros ativos no processo de comunicação. TEORIA CRÍTICA Origem europeia: Escola de Frankfurt, Alemanha - pensadores principais: Adorno, Horkheimer, Benjamin, Marcuse e Habermas. A Escola de Frankfurt é a primeira instituição alemã de pesquisa de orientação abertamente marxista, que ganhou força nas décadas de 1930 e 1940. Os primeiros estudos são sobre a economia capitalista e a história do movimento operário. A Teoria Crítica questiona fenômenos e os relata às forças sociais que os determinam. A Teoria Crítica propõe-se como teoria da sociedade entendida como um todo. A Teoria Crítica quer evitar a função ideológica das ciências e das disciplinas setorizadas que conservam a ordem social existente. O ponto de partida da Teoria Crítica é, portanto, a análise do sistema da economia de troca. “Por meio dos fenômenos superestruturais da cultura ou do comportamento coletivo, a ‘teoria crítica’ pretende compreender o sentido dos fenômenos estruturais, primários, da sociedade contemporânea, o capitalismo e a industrialização”. (Rusconi 1968, p.38). “Os fins específicos da Teoria Crítica são a organização da vida em que o destino dos indivíduos dependa não mais do acaso e da cega necessidade de relações econômicas incontroladas, mas da realização programada das possibilidades humanas”. (Marcuse, 1936, p.29, citado em Rusconi). INDÚSTRIA CULTURAL A Teoria Crítica apresenta o conceito de indústria cultural: análise da produção industrial dos bens culturais como movimento global de produção da cultura como mercadoria. Os produtos culturais ilustram a mesma racionalidade técnica, o mesmo esquema de organização e de planejamento administrativo que a fabricação de automóveis em série. Cada setor da produção é uniformizado. A indústria cultural fornece bens padronizados para satisfazer às numerosas demandas. Com ajuda de um modo industrial de produção, cria-se uma cultura de massa feita da seguinte maneira: serialização-padronização- divisão do trabalho. “Em nossos dias, a racionalidade técnica é a racionalidade da dominação propriamente dita. O terreno em que a técnica adquire seu poder sobre a sociedade é o terreno dos que dominam economicamente”. (Adorno e Horkheimer, 1947). A racionalidade técnica é o “caráter coercitivo” da sociedade alienada. A transformação do ato cultural em valor suprime sua função crítica e nele dissolve os traços de uma experiência autêntica. A produção industrial sela a degradação do papel filosófico-existencial da cultura. A pessoa perde sua individualidade na era da indústria cultural. Diz que o consumo dos produtos culturais se faz de maneira mecânica e passiva, que tudo é programado para seduzir o espectador. Para isso utiliza as mais diversas estratégias. Uma delas, a estereotipização, conseguida por meio dos gêneros. Os diversos gêneros (informação, diversão, ficção) criam estereótipos das pessoas, congelando imagens e preconceitos. Parece que para Adorno e Horkheimer a superestimação da arte como fermento revolucionário impediu-os de perceber muitos aspectos bastante diferentes dessa conjunção. Para Walter Benjamin, em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, escrito em 1933, está indicando o próprio princípio da reprodução, tornando obsoleta uma velha concepção de arte que ele chama de “aurática”. Uma arte como o cinema só tem razão de existir no estágio da reprodução, e não no da produção única. No entanto, o modo industrial de produção da cultura corre o risco de padronização com fins de rentabilidade econômica e controle social. A racionalidade técnica O filósofo Herbert Marcuse foi o maior destaque da Escola de Frankfurt nos anos 60. Crítico intransigente da cultura e da civilização burguesas, mas também das formações históricas da classe operária, Marcuse pretende desmascarar as novas formas de dominação política: sob a aparência de um mundo cada vez mais modelado pela tecnologia e pela ciência, manifesta-se a irracionalidade de um modelo de organização da sociedade que subjuga o indivíduo em vez de libertá-lo. A racionalidade técnica, a razão instrumental reduziu o discurso e o pensamento a uma dimensão única, que promove o acordo entre a coisa e sua função, entre a realidade e a aparência, a essência e a existência. Essa “sociedade unidimensional” anulou o espaço do pensamento crítico. Um de seus capítulos mais incisivos concerne à “linguagem unidimensional”, e refere-se extensamente ao discurso midiático. Em resposta a Marcuse, Habermas desenvolve sua própria teoria da racionalidade técnica. Habermas vê historicamente o declínio do espaço público (espaço de mediação entre Estado e sociedade que permite a discussão publica). O princípio de publicidade se define como pondo à disposição da opinião pública os elementos de informação que dizem respeito ao interesse geral. O desenvolvimento das leis do mercado, sua intrusão na esfera da produção cultural, põe no lugar dessa argumentação, desse princípio de publicidade e dessa comunicação pública formas de comunicação cadavez mais inspiradas em um modelo comercial de “fabricação de opinião”. Ao fazê-lo, assume as elaborações de Adorno e Horkheimer sobre a manipulação da opinião, a padronização, a massificação e a atomização do público. O cidadão tende a se tornar um consumidor de comportamento emocional e aclamatório, e a comunicação pública dissolve-se em “atitudes como sempre estereotipadas, de recepção isolada”. Diante da totalização do mundo vivido pela racionalidade técnica, Habermas, ao analisar as formas institucionais assumidas pelo processo de racionalização, situa nesse terreno sociopolítico o problema da ciência. Segundo ele, a degenerescência do político reduz os problemas a seu aspecto técnico, derivado de uma administração racional. A solução encontra-se, de acordo com Habermas, na restauração das formas de comunicação num espaço público estendido ao conjunto da sociedade. Panorama Culturológico Este paradigma tem como proposta compreender de que forma a cultura de massa influencia as estruturas da sociedade, bem como a vida social dos indivíduos e dos grupos coletivos. Esse entendimento se faz possível a partir da base nos conceitos neo-marxistas, numa aproximação com a antropologia cultural e a análise estrutural. São estudados dentro desse paradigma: a Escola Francesa e a Escola Britânica dos Estudos Culturais. Nesse paradigma, destacam-se os principais conceitos-chave: - a cultura como sistema, estrutura e mediação; - a cultura como repertório; - a cultura como poder. Esses conceitos são importantes porque a comunicação depende da cultura e vice-versa. Para se comunicar com um público, se faz preciso conhecer sua cultura, o seu repertório, e assim o sistema cultural poderá ser utilizado como uma forma de persuasão, além disso, a estrutura auxilia a refletir como será produzida essa comunicação, e quais etapas devem ser pensadas antes do ato comunicativo. Escola Francesa Artistas como Andy Warhol e Roy Lichtenstein, que sacralizam peças publicitárias, histórias em quadrinhos e estrelas de cinema pela pop art foram o motivo pelo qual se passou a das atenção aos produtos culturais dos mcm. Teóricos europeus analisam o conteúdo desses produtos. Ponto comum: postura crítica – mas não preconceituosa – em relação à cultura de massa e utilizavam a análise estrutural em seus trabalhos. Ponto distinto: postura dos funcionalistas e dos frankfurtianos. Para Edgar Morin, a cultura de massa “constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de identificações específicas. Ela se acrescenta à cultura nacional, à cultura humanista, à cultura religiosa, e entra em concorrência com estas culturas”. E acrescenta que a cultura de massa “é cosmopolita por vocação e planetária por extensão. Ela nos coloca os problemas da primeira cultura universal da história da humanidade”. Para a análise da cultura de massa, Morin propõe o uso de dois métodos: o da totalidade (que encara o fenômeno em suas interdependências e inclui o próprio pesquisador no sistema de relações) e o auto-crítico (em que o pesquisador se despe dos preconceitos, acompanhando e apreciando seu objeto de estudo). Umberto Eco propõe algumas direções de pesquisa que levem em conta os meios expressivos (a linguagem empregada) dos produtos culturais, o modo como são usados, o modo como são fluídos, o contexto cultural em que se inserem, o pano de fundo político ou social que lhes dá caráter e função. Em seu livro Apocalípticos e integrados, Eco critica os teóricos “integrados” (funcionalistas) por passividade diante das questões relativas à cultura de massa, e, principalmente, os “apocalípticos” (membros da Escola de Frankfurt) por seu pessimismo diante da sociedade de massa e por negar a cultura de massa sem realmente analisá-la. Para Eco, ambos utilizam “conceitos-fetiche” (massa, indústria cultural) para tratar de maneira genérica um fenômeno complexo como a cultura de massa. De acordo com Eco, a cultura de massa é a “cultura do homem contemporâneo”, tendo surgido “no momento em que a presença das massas, na vida associada, se torna o fenômeno mais evidente de um contexto histórico”. E ninguém, nem mesmo o crítico da cultura de massa pode escapar à sua influência. A cultura de massa se torna uma “definição de ordem antropológica, válida para indicar um preciso contexto histórico (aquele em que vivemos)”, no qual os fenômenos da comunicação estão entrelaçados; já não se pode comparar o nível da produção cultural recente com a de outras épocas. MCLUHAN Para este autor, o interesse pelos mass media – entendidos numa acepção bastante extensiva - está ligado, essencialmente, às transformações antropológicas introduzidas por cada inovação comunicativa, através de modalidades de percepção que são intrínsecas à tecnologia de cada mass media. A organização simbólica do homem, o seu sistema de percepção espacial e temporal, sofre o impacto das várias tecnologias comunicativas; é a este nível que os mass media provocam os seus efeitos mais significativos e duradoiros. A atenção aos conteúdos transmitidos pelos mass media obscurece e desvia a atenção do facto de os mass media incidirem sobre o conhecimento que as pessoas têm do mundo, não porque os efeitos se verifiquem ao nível das opiniões, mas porque as reações sensoriais, ou as formas de percepção, se alteram constantemente e sem encontrarem resistência. Por isso, McLuhan fala da «aldeia global» em que o mundo se transformou, precisamente como resultado das mutações provocadas pelos meios electrônicos: a territorialidade física é transposta pela visão do mundo, assim como a distância se torna inexistente pela cobertura televisiva. Nesta perspectiva, os mass media são outras tantas expansões do homem, transformam-se nas mensagens que transmitem e essas modificam o receptor. Concepção: o Meio é a Mensagem A PESRSPECTIVA DOS CULTURAL STUDIES (Inglaterra) O Cultural Studies caracteriza-se como uma teoria da mídia que surge entre a metade dos anos 50 e os primeiros anos da década de 60 na Inglaterra, em torno do Centre for Contemporary Studies de Birmingham. O Cultural Studies analisa uma forma específica de processo social, relativa à atribuição de sentido à realidade, ao desenvolvimento de uma cultura de práticas sociais compartilhadas, de uma área comum de significados. Nos termos dessa abordagem, a “cultura não é uma prática, nem é simplesmente a descrição da soma dos hábitos e costumes de uma sociedade. Ela atravessa todas as práticas sociais e constitui a soma das suas inter relações. (Hall, 1980). O objetivo dos Cultural Studies é definir o estudo da cultura própria da sociedade contemporânea como um âmbito de análise conceitualmente relevante, pertinente e fundado teoricamente. No conceito de cultura cabem tanto os significados e os valores que surgem e se difundem nas classes e grupos sociais, quanto as práticas efetivamente realizadas, por meio das quais valores e significados são expressos e nas quais estão contidos. Com respeito a tais definições e modos de vida – entendidos como construções coletivas -, os mcm desenvolvem uma função importante, uma vez que agem como elementos ativos dessas construções. Devem ser estudadas as estruturas e os processos por meio dos quais as instituições das comunicações de massa sustentam e reproduzem a estabilidade social e cultural: isso não ocorre de modo estático, mas adaptando- se continuamente às pressões, às contradições que emergem da sociedade, englobando-as e integrando-as no próprio sistema cultural. Sobre os Cultural Studies e outras correntes da pesquisa sobre mídia: as diferenças entre as diversas práticas culturais tornam-se indistintas, uma vez que aquilo que interessa a esse tipo de abordagemé o aspecto mais geral da forma de mercadoria. (Hall, 1980). Em contrapartida, os Cultural Studies atribuem ao âmbito superestrutural uma especificidade e um valor constitutivo que ultrapassam a oposição entre estrutura e superestrutura. O efeito ideológico total da reprodução do sistema cultural operada pelos mcm evidencia-se com a análise das várias determinações (internas e externas ao sistema da comunicação de massa), que vinculam ou liberam as mensagens da mídia dentro e por meio das práticas produtivas. Dessas práticas é explicitada sobretudo a natureza padronizada, redutiva, que favorece o status quo, mas que também é, ao mesmo tempo, contraditória e variável; a complexidade da reprodução cultural passa para primeiro plano, do mesmo modo como é ilustrada a conexão fundamental entre o sistema cultural dominante e as disposições dos indivíduos. O comportamento do público é orientado por fatores estruturais e culturais que, por outro lado, influenciam o conteúdo da mídia, justamente pela capacidade de adaptação e de aglomeração destes últimos. Além disso, esses fatores estruturais favorecem a institucionalização de modelos “aprovados” de uso dos mcm e de consumo das construções culturais. Os Cultural Studies tendem a especificar-se em duas “aplicações” diferentes: de um lado, os trabalhos sobre a produção dos mcm enquanto sistema complexo de práticas determinantes para a elaboração da cultura e da imagem da realidade social; de outro, os estudos sobre o consumo da comunicação de massa enquanto lugar de negociação entre práticas de comunicação extremamente diferenciadas. Conforme este último ponto de vista, os Cultural Studies se distinguem de outras abordagens, mais ou menos próximas, em particular da conhecida como “teoria conspirativa da mídia”. Esta vincula os conteúdos dos mcm à finalidade de controle social buscada pelas classes dominantes. A censura de alguns temas, a ênfase sobre outros, a presença de mensagens evasivas, a deslegitimação dos pontos de vista marginais ou alternativos são alguns dos elementos que fazem dos mcm um puro e simples instrumento de hegemonia e de conspiração da elite do poder. Contra essa versão e reafirmando a centralidade das construções culturais coletivas como agentes da continuidade social, os Cultural Studies enfatizam, porém, sua natureza complexa e elástica, dinâmica e ativa, não puramente residual ou mecânica. Salientando mais uma vez o fato de que as estruturas sociais externas ao sistema dos mcm e as condições históricas específicas são elementos essenciais para compreender as práticas da mídia, os Cultural Studies reforçam a dialética contínua entre sistema cultural, conflito e controle social. Fugindo do mecanismo redutivo que às vezes pode caracterizar a abordagem econômica dos mcm e também do funcionalismo rígido que qualifica a “teoria conspirativa”, o problema fundamental da abordagem dos Cultural Studies é o de analisar tanto a especificidade das diversas práticas de produção cultural, quanto as formas do sistema articulado e global a que essas práticas dão vida. (Hall, 1980).
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