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Fruto Podre

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Estado versus Indivíduo: Trabalho de Sísifo?
O que é o fruto podre para o Direito?
Inegável que o grupo social, representado pelo Estado, exerce forte poder e pressão sobre o indivíduo isolado; em dado momento da história, tal poder alcançou patamares nunca dantes imaginados e, em 1.164 d.C surgia, na Inglaterra, as Constituições de Claredon , que limitavam a jurisdição eclesiástica, atualizando certos direitos régios e abusivos que já haviam caído em desuso.
Infelizmente tal documento culminou no assassínio de São Thomas Becket, arcebispo de Cantuária. Não bastava, porém, limitar o poder eclesiástico, era também necessário limitar os do rei, que podia ser tão despótico quanto a Igreja e, como fruto de mais de meio século de lutas, surgiu a Magna Carta, que em 1.215 D.C limitou os poderes de João Sem Terra.
De lá para cá, tais direitos individuais só fizeram aumentar (isso é, inclusive, mencionado, como a Primeira Geração dos Direitos Humanos).
 E, como outro fruto deste mesmo processo, surgiu nos EUA a teoria ‘Exclusionary Rules’, cuja idéia central era que deveriam ser preservados os direitos e garantias individuais das pessoas nas diversas ações investigativas praticadas pela Polícia, incluindo principalmente aqueles direitos ofendidos em decorrência das buscas e apreensões. Assim, qualquer ação praticada pelos oficiais de Polícia que viessem a burlar os direitos e garantias constitucionais do cidadão deveriam ser considerados nulos, não podendo integrar, como prova ou mesmo indício os autos do processo.
 Referida teoria foi importada de lá pelo Brasil, ficando conhecida como ‘Princípio dos Frutos da Árvore Podre’; a lógica do princípio seria: árvore podre = frutos podres, ou seja: não podendo o Direito conviver com a ilegalidade, provas obtidas por meios ilegais não poderiam ser usadas nos Tribunais.
É princípio excelente e com lógica irrefutável: se a boa-fé é inerente e necessária ao Direito e a má-fé contrária à este, por óbvio que ninguém, nem mesmo o Estado, pode beneficiar-se de sua própria torpeza: se as provas foram obtidas por meio ilícitos, quem a obteve não estava amparado pelo Direito e as provas devem ser rejeitadas.
Esse é um dos argumentos centrais do filme ‘Fracture’ (traduzido para o Brasil como ‘Um crime de Mestre) e recentemente foi utilizado no Habeas-Corpus 93.050-6 (RJ) impetrado em nossa Excelsa Corte.
Um contador teve seu escritório invadido por Policiais Federais, que não tinham autorização judicial para referida diligência. Considerando que o conceito ‘casa/residência’ se estende também a escritórios deste tipo, os ministros entenderam que houve clara violação da Constituição Federal pelos agentes estatais e que, independentemente da gravidade das acusações ou do crime, se as provas foram obtidas por meio ilícito, tão-somente por este motivo, devem ser rejeitadas.
Apenas para variar, o Ministro Celso de Mello destilou seu enorme saber jurídico em seu voto (relator), dizendo, entre outras coisas, que:
 Não são absolutos os poderes de que se acham investidos os órgãos e agentes da administração tributária, pois o Estado, em tema de tributação, inclusive em matéria de fiscalização tributária, está sujeito à observância de um complexo de direitos e prerrogativas que assistem, constitucionalmente, aos contribuintes e aos cidadãos em geral. Na realidade, os poderes do Estado encontram, nos direitos e garantias individuais, limites intransponíveis, cujo desrespeito pode caracterizar ilícito constitucional.
Novamente ‘tiramos o chapéu’ para o ministro, pois entendemos que a lei obriga à todos o seu cumprimento: não só os cidadãos, como também o Estado (que, no caso específico, foi representado por seus agentes).
Essa eterna luta do Estado versus Indivíduo por vezes lembra um ‘Trabalho de Sísifo ’; noutras, como no caso em epígrafe, vemos que ainda existe luz no final do túnel.
Qual a importância da Prova para o Direito?
no mundo jurídico o tema “prova” é de essencial importância. Nada pode ser movimentado na Justiça, nada pode ser pleiteado em juízo, se o destinatário do direito não possuir o mínimo de aporte probatório necessário a comprovar o direito alegado. 
Até mesmo nas hipóteses clássicas onde a lei estabelece a inversão do da prova (Lei nº. 8.078/1990 – art. 6º, VIII, por exemplo), não significa dizer que o julgador decidirá exclusivamente com base nas meras alegações do autor da ação, tendo este que demonstrar inicialmente a verossimilhança de suas alegações. Na hipótese, por exemplo, da responsabilidade civil objetiva, atribuída ao Estado pelo art. 37 § 6º da Constituição Federal, terá o terceiro prejudicado que demonstrar, através de provas, a lesão por ele suportada (moral e/ou material) além da relação de ônus causalidade entre esta e a atuação do Estado, ainda que independente de ter sido esta dolosa ou culposa. 
 Desta forma, meras alegações sem nenhum suporte probatório, direto ou indireto, não possuem o condão de consagrar direitos pleiteados. Trata-se, pois, de regra básica atinente ao Estado Democrático de Direito, pois estaríamos diante do caos jurídico se houvesse tal possibilidade, onde uma pessoa simplesmente alegaria determinado fato e se revestiria automaticamente dos benefícios a ele correlatos.
“Para Manoel Antônio Teixeira Filho, não haverá incidência da regra do in dubio pro operario em matéria probatória, tendo em vista que ou a prova existe ou não se prova. A insuficiência de prova gera a improcedência do pedido e, portanto, o resultado será desfavorável àquele que detinha o ônus da prova, seja ele o empregado seja ele o empregado. Por outro lado, se ambos os litigantes produzirem as suas provas e esta ficar dividida, deverá o magistrado utilizar-se do princípio da persuasão racional, decidindo-se pela adoção da prova que melhor lhe convenceu nunca se pendendo pela utilização da in dubio pro operário, já que neste campo não há qualquer eficácia desta norma.” 
 Não se pode conceber, portanto, que o acesso à Justiça, amplamente consagrado em nossa Carta Constitucional e implementado por legislações infraconstitucionais posteriores, seja impulsionado de forma irresponsável e sem fundamentos. Aceitar a tese suicida de que primeiro se deva provocar o Judiciário para somente no curso do processo verificar se é possível ou não arrebanhar algum tipo de prova que venha estabelecer a visualização do assédio moral é revelar o oportunismo e a má fé incompatíveis com a posição da Justiça no Estado Democrático de Direito.
“O interesse que tenho em acreditar numa coisa não é prova da existência dessa coisa.”
Voltaire
Quais as conseqüências da ausência de provas no julgamento?

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