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Farmacoepidemiologia Profa. Márcia Maria Barros dos Passos (Farmácia Social – DEFARMED- FF/UFRJ) International Society for Pharmacoepidemiology Farmacoepidemiologia pode ser definida como o estudo da utilização e efeitos das drogas em grandes números de pessoas. Para realizar este estudo, farmacoepidemiologia precisa tanto da farmacologia como da epidemiologia. Assim, farmacoepidemiologia pode ser chamado de ciência ponte sobre ambos farmacologia e epidemiologia. Farmacologia é o estudo do efeito de drogas e de farmacologia clínica é o estudo do efeito da droga em seres humanos. Parte da tarefa de farmacologia clínica é proporcionar uma avaliação risco / benefício para o efeito de medicamentos em pacientes. Fazendo os estudos necessários para fornecer uma estimativa da probabilidade de efeitos benéficos em populações, ou a probabilidade de efeitos adversos em populações e outros parâmetros relacionados ao uso de drogas podem beneficiar do uso de metodologia epidemiológica.. FARMACOEPIDEMIOLOGIA – Definição. É um campo do conhecimento relacionado com o impacto dos fármacos em populações humanas. Utiliza o método epidemiológico, e é o ponto de encontro entre a farmacologia clínica e a epidemiologia. (HARTZEMA, 1991) É a aplicação dos conhecimentos, dos métodos e do raciocínio epidemiológico ao estudo tanto dos efeitos benéficos como adversos dos medicamentos, assim como o uso destes em populações humanas (STROM, 1991). História Natural de um Novo Fármaco Descoberta, Pesquisa sistemática Produtos Naturais e Síntese química Caracterização Fisicoquimica Estudos Clínicos: Fases I, II e III Estudos Farmacológicos Pré-clínicos Farmacodinâmica e Farmacocinética Estudos Toxicológicos Pré-clínicos Toxidade, Mutagenicidade, Teratogenicidade e Carcinogenicidade Fase IV FV e EUM Estudos Clínicos: Fases I, II e III O processo de avaliação de qualquer medicamento inclui três passos complementares: • 1) A avaliação dos benefícios dos medicamentos, por exemplo, a avaliação quantitativa e qualitativa de sua eficácia. • 2) O estudo do risco dos medicamentos, tanto em estudos controlados como em condições normais de cuidado. • 3) A avaliação do impacto dos tratamentos na história natural das doenças na sociedade. A produção de medicamentos em escala industrial, segundo especificações técnicas e legais, fez com que esses produtos alcançassem papel central na terapêutica, deixando de ser considerado como mero recurso terapêutico. Os avanços nas pesquisas de novos fármacos, em conjunto com sua promoção comercial, criaram uma excessiva crença da sociedade em relação ao poder dos medicamentos. Assim, a prescrição do medicamento tornou-se sinônimo de boa prática médica, justificando sua enorme demanda. O Medicamento e a Sociedade Produto Tecnológico Produto Mercantil “Mercadoria” atrelada a um conhecimento científico Significado social: Saúde O Medicamento (Pignarre Philippe, 1999) Medicamento na Atualidade • É em torno desse medicamento científico alopático moderno que gira nosso objeto de interesse. Medicamento porque produzido para ser utilizado como remédio. Científico porque dotado de uma lógica racional). Alopático porque construído segundo a lei dos contrários. Moderno em seu sentido de oposição ao antigo e de sua conformidade com a racionalidade científica de nossos dias. Modelo Teórico Conceitual do Uso Racional de Medicamentos URM Paciente Prescritor Comunidade PNM Arcabouço legal Propaganda Mercado farmacêutico Fatores culturais Organização da Rede de saúdeExposição Uso Racional de Medicamentos - URM Definição “uso racional de medicamentos” quando os pacientes recebem o medicamento adequado às suas necessidades clínicas, nas doses correspondentes às suas necessidades individuais, durante um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e para a comunidade. (OMS, 1985). O medicamento: um objeto da epidemiologia Estudos sobre o consumo de medicamentos são resultantes não apenas de um preciso diagnóstico de necessidades objetivas, avaliadas sob a ótica da clínica, mas também de padrões socioculturais do indivíduo, de um grupo social ou da sociedade como um todo. Demonstram, portanto, que para prevalecer o rigor científico no uso dos medicamentos, impõem-se a necessária competência para sobrepujar outras racionalidades que atuam, com suas próprias lógicas, no processo de determinação do consumo dessa tecnologia. A análise epidemiológica dessa prática deve buscar demonstrar como os padrões de condutas individuais são construídos e por sua vez constroem os padrões coletivos. (Perini e Acurcio, 2001). FARMACOLOGIA Indivíduo/efeito farmacológico é o estudo do efeito dos fármacos. FARMACOLOGIA CLÍNICA Indivíduo/efeito clínico é o estudo do efeito dos fármacos em humanos. FARMACOEPIDEMIOLOGIA Populações/Risco-benefício o impacto dos fármacos em populações humanas. FARMACOECONOMIA Populações/Custo-benefício o impacto dos fármacos em populações humanas. ANTROPOLOGIA FARMACÊUTICA Indivíduo Representação do medicamento no contexto saúde-doença Quadro Comparativo de Estudos dos Medicamentos em humanos Perfil Epidemiológico do Uso de Medicamentos O uso inadequado de medicamentos é um problema de Saúde Pública prevalente em todo o mundo. Dados da OMS revelam que: 15% da população mundial consome mais de 90% da produção farmacêutica; 25 a 70% do gasto em saúde nos países em desenvolvimento corresponde a medicamentos, naqueles desenvolvidos, esse porcentual é de 15%; 50 a 70% das consultas médicas geram prescrição medicamentosa; 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente; Somente 50 % dos pacientes, em média, tomam corretamente seus medicamentos; Os hospitais gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pelo mau uso de medicamentos; “Os estudos Farmacoepidemiológicos buscam conhecer a interação do uso de medicamentos com o processo global da Assistência sanitária, em que ocorre o diagnóstico e o tratamento das doenças. Uma vez que os medicamentos estão inseridos no modo como a cultura de uma sociedade assume a saúde. Dessa forma os medicamentos se constituem em indicadores de prevalência de problemas de saúde, e da maneira como a comunidade científica e médica interage com os usuários dos serviços de saúde na seleção de soluções que envolvam a intervenção farmacológica. Aplicação da Farmacoepidemiologia A Importância da Farmacoepidemiologia No mundo atual, onde há ampla necessidade de racionalização de recursos, sobretudo nos países mais pobres, esses estudos apresentam-se como alternativa que permite reduzir custos sem perda de qualidade nos tratamentos médicos, além de terem como função detectar possíveis abusos no uso dos medicamentos ou a ocorrência de eventos adversos. Os medicamentos representam boa parcela dos gastos públicos com saúde e não são substâncias inócuas. A detecção de desvios, ineficácia e eventos adversos com a utilização inadequada de medicamentos possibilita, em nível macro, o desenvolvimento de políticas governamentais e, em nível micro, a realização de intervenções educativas – ambas as medidas tendo como objetivo a utilização dos medicamentos de forma racional. Indicação Diagnóstico ou Hipótese Prescrição Esquema terapêutico Utilização Condicionantes da UM Conseqüências da UM Morbidade - Mortalidade Consumo Modelos Teóricos adotados em Farmacoepidemiologia Acesso ao Medicamento Acesso ao Serviço de Saúde Epidemiologia EPIDEMIOLOGIA- DEFINIÇÃO Origem etimológica (grego): EPI: Sobre DEMOS: Povo LOGOS: Conhecimento É o estudo da distribuição e determinantes da frequência de doenças no homem ( MACMALON, 1970) É o estudo da distribuição e determinantes da relação saúde – doença, ou eventos em populações específicas, e a aplicação desse estudo no controle dos problemas de saúde (Lastim, 1988). Ciência que estuda o processo saúde – doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das situações de saúde (Almeida-Filho & Rouquayrol, 1990). Epidemiologia SAÚDE DOENÇA EPIDEMIOLOGIA Fatores Condicionantes Genéticos Tóxico-ambientais Nutricionais Psicossociais Objetivos da Epidemiologia • Descrever a magnitude e distribuição dos problemas de saúde nas populações humanas; • Identificar os fatores de risco nas patogenias das doenças; • Proporcionar os dados essenciais para transformar a informação em decisão, e estabelecer assim um planejamento, execução e evolução dos serviços de prevenção, controle e tratamento dos problemas de saúde da comunidade. Premissas Básicas 1. As doenças possuem fatores causais e preventivos 2. Estes fatores podem ser identificados por meio de investigação sistemática, aquilo que chamamos método epidemiológico 3. As ações sanitárias legítimas devem estar baseadas nos resultados obtidos dessa investigação Métodos empregados em Epidemiologia • Experimental: • São aqueles em que o pesquisador introduz uma variável, para verificar alguma hipótese em um grupo de estudo comparando com um grupo controle, dividindo-se de forma aleatória. • Observacional: • São aqueles estudos em que o pesquisador não controla as variáveis de interesse. Dentre estes encontram-se os estudos descritivos e os analíticos. Epidemiologia X Estudos dos Medicamentos Pré-comercialização Investigação Experimental Ensaio clínico randomizado Pós-comercialização Investigação Observacional Estudos Analíticos Estudos Descritivos Ecológicos Transversais Casos e controles Coorte Indicadores de Prevalência • Therapie. 2016 Apr;71(2):211-6. doi: 10.1016/j.therap.2016.02.016. Epub 2016 Feb 6. • Pharmacoepidemiology and its input to pharmacovigilance. • [Article in English, French] • Faillie JL1, Montastruc F2, Montastruc JL3, Pariente A4. • Author information • Resumo • O objetivo deste artigo é discutir a contribuição da farmacoepidemiologia para a farmacovigilância no contexto da monitorização da segurança de medicamentos. Como essa contribuição exige uma comparação das abordagens e uma apresentação de seus respectivos méritos, tentamos mostrar que essa comparação não significava necessariamente a oposição a esses métodos, o que não serviria para nenhum propósito útil. Queríamos sublinhar o fato de que a noção de contribuição de um para o outro implicava uma complementaridade que propomos demonstrar. A farmacovigilância baseia-se essencialmente no estudo de relatos espontâneos e na análise clínica e farmacêutica da implicação de determinados fármacos em reacções adversas a fármacos. Ele produz desempenhos que são inigualáveis até hoje quando sinais de alerta de segurança se relacionam com eventos adversos raros ou com drogas raramente usadas, ou quando o evento relacionado à droga tem especificidades que não são encontradas para outras etiologias. A farmacoepidemiologia, por sua vez, através de estudos relacionados com a população e a possível utilização de um grupo de comparação, permite quantificar os riscos que são impossíveis de realizar utilizando apenas a notificação espontânea. Permite, também, realçar e quantificar sinais de segurança para eventos freqüentes e multifatoriais, onde o papel de uma droga em casos individuais pode ser difícil de detectar e, portanto, difícil de identificar a partir de relatos espontâneos. Em suma, esta é a principal contribuição da farmacoepidemiologia para a farmacovigilância, onde se pode dizer que ela complementa a farmacovigilância na monitorização da segurança de fármacos, mas de forma alguma pode substituí-la. Referências Bibliográficas CASTRO LLC. Fundamentos de Farmacoepidemiologia. Campo Grande: Grupo de Pesquisa em Uso Racional de Medicamentos, 2001. GOMES MJVM, REIS AMM. Ciência Farmacêuticas uma abordagem em Farmácia Hospitalar, 1 Edição, São Paulo, Atheneu, 2003. HARTZEMA, G., PORTA, M. S. & HUGH, H. T. Pharmacoepidemiology. An Introduction 2nd edition, Harvey Withiney Books Company, 432p. 1991. LAPORTE, J. R.; TOGNONI, G. (Org.). Princípios de epidemiologia del medicamento. 2. ed. Barcelona: Massat-salvat, 1993. WHO. Guidelines for ATC Classification. Oslo: 2004. STROM, B. Pharmacoepidemiology. 3nd. edition, New York, John Wyley & Sons Inc. 876p 2000
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