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Farmacoepidemiologia Profa. Márcia Maria Barros dos Passos (Profa.Adjunta – DepMed FF/UFRJ) Estudos Observacionais Analíticos em Farmacoepidemiologia Métodos empregados em Epidemiolgia Estudos Descritivos Retrospectivo Prospectivo Analíticos Longitudinal Ambspectivo Transversal Ensaio clínico Coorte Estudo Ecológico Corte Transversal Caso controle Estudos Descritivos •Informam sobre a freqüência e a distribuição de um evento na população em termos quantitativos (incidência e Prevalência). •Estes, em geral referem-se a mortalidade e à morbidade, e são organizados de maneira a mostrar as variações com que os óbitos e as doenças se encontram na população por ex: entre faixas etárias, entre regiões ou épocas diferentes. A descrição do estado de saúde de um determinado grupo ou população se constitui, muitas vezes, no primeiro momento de uma investigação epidemiológica. Os estudos descritivos não têm por objetivo avaliar eventuais associações entre causa e efeito. Muitas vezes, este tipo de estudo é baseado em estatísticas de mortalidade, devido à sua maior disponibilidade. Pode-se analisar, por exemplo, o padrão de mortes por idade, sexo, ou grupo étnico durante períodos de tempo específicos ou em diversos países. Tendências da epidemia de Aids no Brasil após a terapia anti-retroviral Rev. Saúde Pública vol.40 suppl. São Paulo Apr. 2006 Aplicação dos Resultados dos Estudos descritivos Sugerir explicações para as variações de freqüência, o que serve de base ao prosseguimento da pesquisa através de estudos analíticos; Identificar grupos de risco, informar sobre as necessidades e as características dos segmentos que poderiam beneficiar-se de medidas saneadoras; Estudos Observacionais Analíticos Todos os desenhos analíticos tentam investigar uma relação de causa e efeito. Então podemos dizer que servem para investigar fatores de risco, causas ou efeitos de algum fenômeno, fatores que influenciam algum resultado etc. Todos os estudos analíticos são comparativos Isso quer dizer que sempre têm no mínimo dois grupos de indivíduos estudados: o grupo “estudo” e o grupo de comparação chamado de “grupo controle” Constituem métodos de medidas de diversas causas numa amostra determinada, cujos resultados, com as devidas limitações, podem ser extrapolados para a população de referência, que é aquela que realmente sofre a intervenção; Estes, permitem calcular parâmetros que medem a força da associação entre efeito e fatores causais, respeitando as condições habituais de ocorrência do evento na população. Essa alternativa é representa principalmente, pelos estudos de coorte e pelos de caso-controle. Estudos Observacionais Analíticos em Farmacoepidemiologia •Transversais • São estudos analíticos assim chamados porque investigam causa e efeito ao mesmo tempo. • Mas o que isso quer dizer? • Quer dizer que a informação sobre a causa e o efeito são coletadas no mesmo momento, de cada indivíduo estudado. • Isso não quer dizer que o estudo tenha que ser feito numa única unidade de tempo (1 mês ou 1 dia). Pode-se fazer um estudo transversal cuja coleta de dados dure um ano ou dois. • Longitudinais • Eles são chamados de longitudinais pois a relação entre causa e efeito é verificada ao longo do tempo, ou seja, cada indivíduo é acompanhado no tempo, seja no sentido futuro ou passado. Isso é bem diferente dos seccionais onde pesquisávamos o indivíduo em apenas um momento Estudos Longitudinais Avaliação e Quantificação do Risco Estudos de Coorte • Característica principal: • Longitudinalidade (seguimento): compara a experiência de um grupo exposto (fatores de risco, fatores protetores) e outro não exposto ao longo do tempo, indo de encontro às conseqüências desta exposição (doentes/sobreviventes, evento/ausência do evento). • Exposição Desfechos Cohort Estudo de Coorte Amostra População Acompanhamento Expostos Não Expostos Com desfecho Sem desfecho Com desfecho Sem desfecho Exposição Doença/Evento Presente Ausente Presente Número de expostos à variável investigada que adoeceram. (A) Número de expostos à variável investigada que não adoeceram. (B) Ausente Número de não expostos à variável investigada que adoeceram. (C) Número de não expostos à variável investigada que não adoeceram. (D) Exposição Doença/evento Tempo Direção do estudo Estudo de Coorte – Tabela de Contingência Reação Adversa a Medicamentos Exposição ao Medicamento SIM NÃO Sim 60 (A) 67 (B) Não 81 (C) 315 (D) RR= A / C A+B C + D = RR= 60/127 / 81/396 = 2,231 (IC -95%: 1,78 – 4,33) Exemplo de Estudo de Coorte Relação entre o o risco de uma RAM e a exposição a um determinado medicamento entre 127 ep e 396 nep. (Shapiro e cols, 1980) 127 396 ESTUDOS DE COORTE • Neste tipo de estudo, seleciona-se um grupo de pessoas de uma população que, no início do acompanhamento, não sejam portadoras da doença/evento que ser quer estudar e avalia-se se a exposição a uma determinada variável contribui para o desenvolvimento dessa doença/evento. • Os participantes são classificados em dois subgrupos, segundo a presença ou ausência de exposição a um potencial fator de risco para a doença/evento. • Comparam a taxa de incidência de efeitos não desejados dos medicamentos numa população exposta com a taxa destes numa população não exposta para comparação. Estudos de Coorte • SELEÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO: – Grupos devem ser comparáveis e, preferencialmente, representativos da mesma população-base Os sujeitos devem ser similares nas outras características que são consideradas de risco para a doença, à exceção do fator de exposição em estudo Critérios de inclusão claros para cada grupo (exposto, não-exposto), isto é, a definição de exposição não pode trazer ambigüidades Estudos de Coorte • MENSURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: – Fator em exposição deve ser medido com acurácia, respeitando suas características quanto ao tempo e nível de exposição, evitando erros de classificação – A condição de exposto / não-exposto pode mudar durante o seguimento Estudos de Coorte • SEGUIMENTO: – Deve ser similar para os dois grupos (expostos e não-expostos) – Indivíduos acessíveis, dispostos a colaborar – Tempo de seguimento deve incluir o período de indução e latência da doença em estudo – Cuidado com perdas, principalmente perdas de magnitudes diferentes entre os grupos Estudos de Coorte • DETERMINAÇÃO DOS DESFECHOS – Desfecho, evento de interesse, deve ser definido antes de se iniciar o estudo, devendo ser claro, específico e mensurável – Critérios e procedimentos diagnósticos iguais para os dois grupos – Preferencialmente: determinação do evento deve ser cega Confundimento • Confundimento (“confounder”): • a associação observada entre se deve a uma terceira variável, que se relaciona com a variável de exposição e com o desfecho. A variável de confusão não faz parte da cadeia causal existente entre a exposição e o desfecho • Deve ser um fator de risco para a doença, associado com a exposição enão ser um elo deligação entre a exposição e a doença • Como prevenir? reconhecimento prévio na fase de delineamento ou de análise: pareamento e restrição (delineamento) • estratificação e análise multivariável (análise) Variável de Exposição Variável de Confusão Variável de Desfecho Reação Adversa a Medicamentos Exposição ao Medicamento SIM NÃO Sim 60 (A) 67 (B) Não 81 (C) 315 (D) RR= A / C A+B C + D = RR= 60/127 / 81/396 = 2,231 (IC -95%: 1,78 – 4,33) Exemplo de Estudo de Coorte Relação entre o o risco de uma RAM e a exposição a um determinado medicamento entre 127 ep e 396 nep. (Shapiro e cols, 1980) 127 396 Análise Estratificada Reação Adversa a Medicamentos Exposição ao Medicamento SIM NÃO Total Sim 60 (A) 67 (B) 127 Não 81 (C) 315 (D) 396 Total 141 382 523 IDOSO : 282 Reação Adversa a Medicamentos Exposição ao Medicamento SIM NÃO Total Sim 20 40 60 Não 31 150 181 Total 51 190 241 Reação Adversa a Medicamentos Exposição ao Medicamento SIM NÃO Total Sim 40 27 67 Não 50 165 215 Total 90 192 282 ADULTO: 241 RR: 40/67 / 50/215: 2,6 RR: 20/60 / 31/ 181: 1,65 RR: 2,2 CRITÉRIOS PARA SE JULGAR A CAUSALIDADE • 1- Intensidade da Associação: quanto maior o valor numérico que exprime a associação, mais provável será a existência da associação entre a possível causa e o efeito observado; • 2- Sequência Cronológica Correta: a exposição ao fator suspeito deve inequivocadamente anteceder a eclosão dos sinais e sintomas da doença; • 3- Significância Estatística: a associação deve ser estatisticamente significante, ou seja, deverá haver um alto grau de certeza de que esta não se deve ao acaso; • 4- Efeito Dose-resposta: maior intensidade ou frequência do fator de risco deve corresponder uma variação concomitante na ocorrência da morbidade; • 5- Consistência da associação: os resultados de uma investigação devem ser reterados em outras pesquisas que objetivaram esclarecer problemas similares ocorridos em circunstâncias diversas; • 6- Especificidade da associação: quanto mais específico é um fator em relação a doença, mais provável será tratar-se de fator causal • 7- Coerência científica: coerência entre novos e antigos conhecimento. Cálculo do Risco MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO E IMPACTO Estudos de coorte Incidência acumulada = nº casos novos__ (proporção) nº indivíduos em risco Taxa de incidência = nº casos novos____ (taxa) (nº pessoas-tempo em risco) RISCO RELATIVO (RR) Medida que estima a magnitude de uma associação indica a probabilidade que um evento ocorra em um grupo de indivíduos expostos com relação ao grupo não-exposto. Incidência expostos (Ie) RR= ----------------------------------------------------- Incidência não-expostos (Io) RR=1 nulo, sem associação; RR>1 associação, indicando fator de risco; RR<1 associação, indicando fator protetor. Int J Cancer. 2010 Mar 15. [Epub ahead of print] Menopausal hormone therapy and breast cancer risk: Impact of different treatments. The European prospective investigation into cancer and nutrition (EPIC). Abstract BACKGROUND: Menopausal hormone therapy (MHT) is characterized by use of different constituents, regimens and routes of administration. We investigated the association between the use of different types of MHT and breast cancer risk in the EPIC cohort study. METHODS: 133,744 postmenopausal women contributed to this analysis. Information on MHT was derived from country- specific self-administered questionnaires with a single baseline assessment. Incident breast cancers were identified through population cancer registries or by active follow-up (mean 8.6 years). Overall relative risks (RR) and 95 % confidence interval (CI) were derived from country- specific Cox proportional hazard models estimates. RESULTS: A total of 4,312 primary breast cancers were diagnosed during 1,153,747 person-years of follow-up. Compared to MHT never- users, breast cancer risk was higher among current users of estrogen-only (RR 1.42, 95 % CI 1.23- 1.64) and higher still among current users of combined MHT (RR 1.77, 95 % CI 1.40-2.24; p=0.02 for combined vs. estrogen-only). Continuous combined regimens conferred a 43 % (95 % CI 19%-72 %) greater risk compared to sequential regimens. There was no significant difference between progesterone- and testosterone-derivatives in sequential regimens. There was no significant variation in risk linked to the estrogenic component of MHT, neither for oral vs. cutaneous administration, nor for estradiol compounds vs. conjugated equine estrogens. CONCLUSIONS: Estrogen-only and combined MHT were associated with increased breast cancer risk. Continuous combined preparations were associated with the highest risk. Further studies are needed to disentangle the effects of the regimen and the progestin component. (c) 2010 UICC. Vantagens dos Estudos de Coorte • São os únicos capazes de abordar hipóteses ecológicas, produzindo medidas de incidência, e por conseguinte medidas diretas de risco; • Permite o estudo de múltiplos efeitos da exposição, incluindo efeitos de risco e proteção; • Permite avaliar integralmente a seqüência de eventos subseqüentes a exposição, incluindo taxas absolutas de incidência da doença entre expostos e não expostos; • Permite determinação clara da temporalidade da associação entre exposição e doença; Estudos de Coorte • LIMITAÇÕES: – Não apropriados para o estudo de doenças raras – Pouco reprodutíveis – Possibilidade de mudança no estado de exposição entre os dois grupos (exposto vira não-exposto; não-exposto vira exposto) – Pouco apropriados para doenças com longo período de latência – Caros, devido ao longo período de seguimento – Existência de possíveis fatores de confusão – Longa duração, com a possível existência de perdas de magnitude diferente entre expostos e não-expostos – Menos adequados para o estudo de múltiplas causas de um evento específico (multicausalidade)
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