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Farmacoepidemiologia Profa. Márcia Maria Barros dos Passos (Profa.Adjunta – DepMed FF/UFRJ) Estudos Observacionais Analíticos em Farmacoepidemiologia Estudo caso-controle • É um estudo epidemiológico observacional, longitudinal, geralmente retrospectivo, analítico, em que um grupo de casos (indivíduos com a doença), é comparado, quanto a exposição a um ou mais fatores, a grupo de indivíduos semelhante ao grupo de casos, chamado de controle (sem a doença). Estudo Caso-controle Controles Casos População doente População Não doente Presente Passado Expostos Não Expostos Expostos Não Expostos Exposição Doença/Evento Casos Controles Presente Número de casos expostos à variável investigada. (A) Número de controles expostos à variável investigada. (B) Ausente Número de casos não expostos à variável investigada. (C) Número de controles não expostos à variável investigada. (D) Exposição Doença/evento Tempo Direção do estudo Estudo de Caso-controle – Tabela de Contingência Uso de Estrógenos não contraceptivo Câncer do Endométrio Casos Controles Sim 60 (A) 67 (B) Não 81 (C) 315 (D) 141 382 OR= A x D = OR= 3,48 (2,28 – 5,33) C x B Exemplo de Estudo de Caso-controle Relação entre o uso de estrógeno não contraceptivo e o risco de câncer de endométrio entre 141 casos e 382. (Shapiro e cols, 1980) Estudos de Caso - Controle • O desenho deste tipo de estudo possibilita a comparação entre dois grupos de pessoas. Um dos grupos é composto por pessoas com uma determinada doença/evento (variável de desfecho) e essas pessoas são denominadas casos. • O outro grupo é composto por pessoas com características semelhantes aos casos, exceto pelo fato de que não sofrem a doença/evento e essas pessoas são denominadas controles. • "Os controles deveriam representar pessoas que seriam incluídos no estudo como casos se tivessem desenvolvido a doença" . • A comparação entre os dois grupos tem por objetivo identificar diferenças de exposição, no passado, a uma ou mais variáveis que possam ter contribuído para a ocorrência da doença/evento. Casos e Controles • SELEÇÃO DE CASOS Definição de caso (critérios diagnósticos, critérios de inclusão e exclusão) Fonte dos casos (representativos de uma população definida) Casos prevalentes ou incidentes? Não deve sofrer influências do estado de exposição Casos e Controles • SELEÇÃO DE CONTROLES – Controles devem ser representativos da população de procedência dos casos (eleitos aleatoriamente) – Qual deve ser a fonte dos controles? (hospitalares ou comunitários) – Mais de um grupo controle? – Ponto fundamental e crítico: erros sistemáticos (viés de seleção) – Pareamento Casos e Controles • Mensuração da Exposição – Exige precisão e, se relevante, deve definir o grau ou nível de exposição – Possibilidade de vieses de aferição (viés de lembrança) – Como minimizá-los: • bom desenho de questionários treinamento dos entrevistadores entrevistadores cegos • uso de medidas objetivas. VALIDADE INTERNA X EXTERNA • Validade Interna, ou validade das inferências feitas referentes aos indivíduos que participaram do estudo. • Validade Externa, ou validade da inferência feita segundo um processo de extrapolação dos resultados do estudo para uma determinada população. • Um estudo tem validade interna quando contém poucos erros sistemáticos (viés). • Este é o erro que introduzm um componente que leva a produzir resultados ou conclusões que sistematicamente da verdade: (Viés de seleção, Viés de Informação e Viés de Confusão) COMO CONTROLAR VIÉS DE SELEÇÃO • 1) Casos e controles deveriam ser amostrados de uma mesma fonte, e utilizando-se a mesma técnica; • 2) Pareamento: é um método simples para tornar os casos e os controles comparáveis com respeito a fatores constitucionais importantes (idade, sexo, raça); • 3) Usar dois ou mais grupos controles: esses grupos controles podem ser selecionados de maneiras distintas; • 4) Usar uma amostra baseada em uma população: casos e controles são selecionados da mesma população. • 1) Utilização de dados registrados antes da ocorrência do desfecho; • 2) Cegamento: o cegamento pode ocorrer nos indivíduos estudados (casos ou controles) em relação ao seu status do desfecho e em relação ao fator de exposição em estudo; ou pode ocorrer nos observadores em relação ao status do desfecho e em relação ao fator de exposição. COMO CONTROLAR VIÉS DE INFORMAÇÃO N Engl J Med. 1980 Aug 28;303(9):485-9. Recent and past use of conjugated estrogens in relation to adenocarcinoma of the endometrium. Abstract It has been suggested that the reported association between estrogen use and endometrial cancer may have been biased because estrogens provoke uterine bleeding in women with otherwise asymptomatic disease. To evaluate this hypothesis we compared 149 patients with endometrial cancer and 402 control subjects with other conditions with reference to the time when they had last used conjugated estrogens. In women who had last used conjugated estrogens two or more years previously and who had taken them for at least five years, the rate-ratio estimate was 3.3 (95 per cent confidence interval, 1.4 to 8.0) relative to women who had never used them. Uterine bleeding, and hence the diagnosis of otherwise asymptomatic cancer, cannot be attributed to estrogen use that ceased in the distant past. Our results suggest that such use has a residual effect on the risk of endometrial cancer; this effect is not accounted for by biased selection of cases according to estrogen use. Vantagens dos Estudos de Caso e controles • Permite o estudo de vários determinantes da doença, e sua condução é menos cara e possui menor número de participantes; • Adequado ao estudo de doenças raras, ou com longa indução/latência, e de exposições freqüentes • Pode depender de registro/ viés de memória para a aferição da exposição; • Risco Absoluto entre expostos e não expostos não pode ser calculado. Desvantagens dos Estudos de Caso e controles Casos e Controles • LIMITAÇÕES Não estima a incidência de eventos, não permite cálculo do Risco Relativo (RR), só seu estimador a Razão de Chances (OR) Não permite acompanhamento da história natural Difícil determinar distintos níveis de exposição Permite conhecer os efeitos da exposição sobre o evento em estudo e não outras possíveis conseqüências Suscetível a erros sistemáticos (seleção de controles e na aferição da exposição - viés de lembrança) Difícil para avaliar efeitos de exposições raras, à exceção de exposições que tenham relações causais muito fortes Cad. Saúde Pública vol.18 no.5 Rio de Janeiro Sept./Oct. 2002 Uso de medicamentos como fator de risco para fratura grave decorrente de queda em idosos Medication as a risk factor. Coutinho ESF, Silva, • Quedas seguidas de fraturas entre idosos constituem um importante problema de saúde pública. Um estudo caso-controle foi conduzido para avaliar o papel do uso de um conjunto de medicamentos, como fator de risco para esses acidentes entre pessoas com 60 anos ou mais, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Cento e sessenta enove casos de internação por fratura conseqüente a queda, e 315 controles hospitalares foram pareados por idade, sexo e hospital. Odds ratios (OR), ajustados por fatores potenciais de confusão, foram obtidos utilizando-se regressão logística condicional. Observou-se um aumento no risco desses acidentes para o uso de drogas bloqueadoras dos canais de cálcio (OR = 1,96, 1,16-3,30) e benzodiazepínicos (OR = 2,09, 1,08-4,05), e uma redução para o uso de diuréticos (OR = 0,40, 0,20-0,80). Antiácidos, digitálicos e laxantes mostraram-se associados a uma redução do risco de fraturas por quedas, cuja significância estatística atingiu níveis limítrofes (0,05 < p < 0,10). Os dados deste estudo apontam para a necessidade de ponderar os riscos e benefícios no uso de medicamentos em idosos, e orientar tais indivíduos e seus familiares para evitar esses acidentes quando o uso desses medicamentos é necessário. N Engl J Med. 2010 Jun 10;362(23):2185-93. Valproic acid monotherapy in pregnancy and major congenital malformations. • The use of valproic acid in the first trimester of pregnancy is associated with an increased risk of spina bifida, but data on the risks of other congenital malformations are limited. METHODS: We first combined data from eight published cohort studies (1565 pregnancies in which the women were exposed to valproic acid, among which 118 major malformations were observed) and identified 14 malformations that were significantly more common among the offspring of women who had received valproic acid during the first trimester. We then assessed the associations between use of valproic acid during the first trimester and these 14 malformations by performing a case-control study with the use of the European Surveillance of Congenital Anomalies (EUROCAT) antiepileptic-study database, which is derived from population-based congenital-anomaly registries. Registrations (i.e., pregnancy outcomes with malformations included in EUROCAT) with any of these 14 malformations were compared with two control groups, one consisting of infants with malformations not previously linked to valproic acid use (control group 1), and one consisting of infants with chromosomal abnormalities (control group 2). The data set included 98,075 live births, stillbirths, or terminations with malformations among 3.8 million births in 14 European countries from 1995 through 2005. RESULTS: Exposure to valproic acid monotherapy was recorded for a total of 180 registrations, with 122 registrations in the case group, 45 in control group 1, and 13 in control group 2. As compared with no use of an antiepileptic drug during the first trimester (control group 1), use of valproic acid monotherapy was associated with significantly increased risks for 6 of the 14 malformations under consideration; the adjusted odds ratios were as follows: spina bifida, 12.7 (95% confidence interval [CI], 7.7 to 20.7); atrial septal defect, 2.5 (95% CI, 1.4 to 4.4); cleft palate, 5.2 (95% CI, 2.8 to 9.9); hypospadias, 4.8 (95% CI, 2.9 to 8.1); polydactyly, 2.2 (95% CI, 1.0 to 4.5); and craniosynostosis, 6.8 (95% CI, 1.8 to 18.8). Results for exposure to valproic acid were similar to results for exposure to other antiepileptic drugs. CONCLUSIONS: The use of valproic acid monotherapy in the first trimester was associated with significantly increased risks of several congenital malformations, as compared with no use of antiepileptic drugs or with use of other antiepileptic drugs. Casos e Controles • INTERPRETAÇÃO – Considerar que os resultados podem sofrer efeitos de: • erros aleatórios • erros sistemáticos • “counfounding” - viés de confusão – Não esquecer que a exposição medida ocorreu no passado, podendo ser tanto causa, como conseqüência do evento em estudo (causalidade inversa) Estudo caso-controle aninhado a uma coorte • Estes tipos de estudo são chamados também de estudos híbridos, porque integram características de estudos de coorte e de estudos caso-controle. • Há basicamente dois tipos de estudos de caso-controle aninhados: – 1) caso-controle aninhado a uma coorte propriamente dito; – 2) caso-coorte. • Neste tipo de desenho, os casos, à medida em que forem aparecendo, são comparados a um ou mais controles (não-casos) selecionados no momento do diagnóstico do caso. • Nem todos os indivíduos originalmente selecionados para a coorte serão avaliados. Estudo caso-coorte • Neste tipo de desenho, a seleção de controles é feita através de uma amostragem aleatória da coorte inicial, o que permitiria que alguns casos pudessem fazer parte do grupo dos casos e dos controles simultaneamente. • Uma vantagem importante deste tipo de desenho é que permite estimativas de fatores de risco e de taxas de prevalência para as estimativas de risco atribuível. Qual o OR: ???????????????????? Reação Adversa a Medicamentos Exposição ao Medicamento SIM NÃO Sim 23 (A) 304 (B) Não 133 (C) 2816 (D) OR= A x D C + B OR= 23 x 2816 / 133 x 304= 1,60 (IC -95%: 1,01 – 2,53) Interpretação da Razão de Chances: Estudos Longitudinais Seleção em função da exposição Seleção em função da doença/evento Coorte Caso-controle RR- Risco Relativo OR – Odds Ratio Quadro Comparativo das estratégias analíticas COORTE CASO E CONTROLE Permite estudar ao mesmo tempo, diferentes RAM´s Se refere a apenas uma RAM Em geral são úteis para reações adversas relativamente comuns Pode ser o único método para estudar RAM´s pouco freqüentes Não apresenta problema quanto ao recolhimento dos dados sobre a exposição aos fármacos Podem apresentar problemas quanto ao recolhimento dos dados sobre a exposição aos fármacos Permite registrar a evolução das variáveis próprias da enfermidade em estudo Não permite registrar a evolução das variáveis próprias da enfermidade em estudo Geralmente de larga duração, onerosos e de organização complexa Geralmente de duração limitada, relativamente econômicos. EXERCÍCIO • 4) Um estudo foi realizado para investigar a associacao entre o uso de contraceptivo oral e o risco subsequente de trombose de veia profunda. Para tal, foram selecionados todas as 50 mulheres com idade variando entre 35 e 75 anos que se internaram durante o ano de 1988 com diagnostico de trombose de veia profunda confirmado. O uso de contraceptivo oral por estas mulheres foi comparado com aquele observado para uma amostra de 200 mulheres selecionadas aleatoriamente dentre as mulheres com idade entre 35 e 75 anos que se internaram no mesmo período com diagnostico de fratura. Os resultados encontrados são apresentados na tabela abaixo: a) Qual o tipo de desenho de estudo empregado? • b) Existe associação entre o uso prévio de anticontraceptivo oral e trombose de veia profunda? • Justifique apresentando o calculo e a interpretação de uma medida de associação apropriada para o desenho de estudo em questão. TROMBOSE FRATURA Uso prévio de contraceptivo oral SIM NÃO Sim 30 50 Não 20 150 ????????????????????? Interpretação: TROMBOSE FRATURA Uso prévio de contraceptivo oral SIM NÃO Sim 30 50 Não 20 150 OR= A x D C + B OR= 30 x 150 / 20 x 50= 4,50 (IC -95%: 2,35 – 8,62) Interpretação: F+ F- D+ D- D+ D- E+ 15 25 40 E+ 15 25 40 E- 10 50 60 E- 10 100 110 25 75 100 25 125 150 OR= 3,00 OR= 6,00 IC 95% = 1,18 7,63 IC 95%= 2,41 14,94 V1= 4,2424 V2= 4,1014 D+ D- E+ 30 50 80 E- 20 150 170 50 200 250 OR_bruto = 4,50 IC 95% = 2,35 8,62 AMOSTRA VEZES 10: F+ F- D+ D- D+ D- E+ 150 250 400 E+ 100 250 350 E- 100 500 600 E- 100 1000 1100 250 750 1000 200 1250 1450 OR= 3,00 OR= IC 95% = 2,23 4,03 IC 95% = ###### ###### V1= 45,045 V2= 31,593 D+ D- E+ 300 500 800 0,0024 E- 200 1500 1700 0,0059 3 1,0986 500 2000 2500 1,30 0,0036 1,0115 44,118 OR_bruto= 4,50 1,71 143,97 1,4408 4 1,3863 IC 95% = 3,66 5,53 42,24 40 MH_test= 133,7 OR_mh= 3,41 X²hom= 1,74 P= 6E-31 IC 95% = 2,75 4,22 P= 0,1876 % de diferença: 32,04
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