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Farmacoepidemiologia Profa. Márcia Maria Barros dos Passos (Profa.Adjunta – DepMed FF/UFRJ) Métodos empregados em Epidemiologia (Aula 2) Estudos Descritivos Retrospectivo Prospectivo Analíticos Longitudinal Ambspectivo Transversal Ensaio clínico Coorte Estudo Ecológico Corte Transversal Caso controle • Medem em uma população previamente delimitada, a exposição (vários fatores) e o efeito (doença/condição) simultaneamente, no momento de sua realização. • São também denominados estudos de prevalência. • Nem sempre é possível durante a coleta de dados, que a exposição tenha antecedido o efeito; • Dificuldade na interpretação de eventuais associações encontradas; Estudos Transversais ESTUDOS SECCIONAIS OU TRANSVERSAIS Os individuos são selecionados independentes do status da doença ou da exposição; Sendo simultaneamente classificados segundo status de doença e de exposição; Os casos de doença são sempre prevalentes. ESTUDOS SECCIONAIS OU TRANSVERSAIS OBJETIVOS: Estimar a prevalência da doença na população ou em estratos desta população; São úteis para estimar a prevalência de condições comuns e razoavelmente longas em uma população; Comparar taxas de prevalência de diferentes populações nos grupos populacionais; Avaliar condições de saúde com fins de uma política de saúde; Determinar as caracteísticas epidemiológicas de uma agente novo. CARACTERÍSTICAS: “Causa” e “Efeito” são detectados simultaneamente; Forma de Análise é que permite identificar grupos de interesse (“Expostos” e “Não expostos”; “doentes” e “não doentes”) Interpretação: Não identifica a ordem cronològica dos eventos. QUESTÕES CENTRAIS: Quais são as frequências dos eventos??? A exposição e o desfecho estão associados? Estudos Transversais • subtipos de estudos transversais: • os inquéritos na atenção primária, • os estudos em populações especiais, • os inquéritos domiciliares com identificação direta de caso e • os estudos multifásicos. Inquéritos • Captação da informação sobre todas as variáveis simultaneamente; • São econômicos, pois permitem investigar inúmeras variáveis, e comparar sub-grupos segundo critérios demográficos, econômicos sociais e sanitários; • São empregados para levantar hipóteses e testar associações. Seqüência Lógica dos Inquéritos Variáveis Preditoras (Independentes) sociais, econômicas, demográficas, doenças, estado de saúde, Hábitos de vida, condições de trabalho, moradia e etc.. Variáveis Dependentes Uso de Medicamentos Informações relevantes Identificação de sub-grupos mais vulneráveis ao uso irracional, Identificação de riscos potenciais (efeitos adversos e iatrogenias) Características dos Inquéritos • Permitem caracterizar os produtos, os seus usuários e as possíveis associações entre ambos; • Fornecem informações sobre os medicamentos consumidos, quem os consome, de que modo e para qual finalidade; • Permitem identificar os grupos populacionais vulneráveis ao uso irracional, permitem identificar as classes terapêuticas particularmente mal empregadas, seja pelo mal uso resultado dos apelos da propaganda dos fabricantes, dos erros na posologia, da negligência quanto as contra-indicações e precauções e de outras causas; • Podem revelar associações entre os fármacos e seus efeitos indesejados a serem testados em estudos de coorte ou caso-controle. Validação das Informações sobre Medicamentos - selecionar, criteriosamente, os grupos a serem estudados ou excluídos; - empregar instrumentos de coleta padronizados e testados; - treinar entrevistadores no manejo da coleta de informações sobre as marcas comerciais; - coletar, de modo exaustivo, informações sobre todas as EF utilizadas, em cada um dos grupos selecionados para o estudo; - coletar, para cada produto, informações sobre o nome do fabricante, a forma farmacêutica, a dose, a duração de uso, o prescritor; e - - solicitar aos entrevistados a apresentação de comprovante de uso dos medicamentos (embalagens, bulas ou receitas). Definição da unidade de análise Ao considerar como unidade de análise as especialidades farmacêuticas, o foco está na avaliação crítica da oferta de produtos. Obtêm-se informações: sobre os produtos disponíveis, em um dado tempo e lugar, e a sua qualidade. São gerados elementos úteis aos gestores dos programas de assistência farmacêutica e de regulação e fiscalização sanitária. As marcas comerciais, transformadas em classes ou subclasses terapêuticas, grupos químicos, substâncias ativas, passam a compor indicadores de qualidade cuja referência são os livros- texto de farmacologia clínica, os formulários terapêuticos e as listas de medicamentos essenciais recomendadas por organismos nacionais ou internacionais. Ao considerar os usuários como unidade de análise, o foco está na avaliação crítica do consumo. Assim, é possível identificar: associações entre a terapêutica farmacológica e as características sociais, econômicas, demográficas, as condições de saúde e os hábitos de vida e trabalho dos usuários; associações entre eventos adversos (ocorridos/potenciais) e emprego de classes terapêuticas selecionadas; e subgrupos populacionais mais expostos ao uso irracional, passíveis de intervenção. Definição da unidade de análise PLANO DE ANÁLISE: Deve contemplar a avaliação global das EF usadas e dos seus usuários, baseada em indicadores, entre os quais os de: Oferta Proporção de EF, segundo o número de princípios ativos (PA). - Proporção de PA proibidos/com restrições de uso em outros países; incluídos nas listas de medicamentos essenciais nacional (Rename) ou internacional [Organização Mundial da Saúde (OMS)]; concordantes com critérios preconizados por publicações especializadas. Consumo - Número médio de EF usadas por pessoa - Número médio de PA usados por pessoa - Proporção de usuários segundo número de EF - Proporção de usuários segundo: número de PA; PA incluídos nas listas de medicamentos essenciais nacional (Rename) ou internacional (OMS); PA concordantes com critérios preconizados por publicações especializadas; PA proibidos/com restrições de uso em outros países; PA com restrições relativas à faixa etária, à gravidez, à insuficiência renal, etc; e PA com efeitos superpostos (redundância) ou capazes de causar interações farmacológicas. Proporção de usuários do PA/1000 pessoas - Número de doses diárias definidas (ou de doses diárias prescritas) do PA/1000 pessoas Assim, é possível comparar grupos de usuários de medicamentos, ou o comportamento de um grupo no tempo. Diferentes variáveis sociais, demográficas, econômicas, de saúde ou de hábitos de vida – fatores preditivos – são selecionados para serem submetidos às técnicas correntes de modelagem estatística, desde que atendam às indagações formuladas pela investigação. Preparação do banco de dados A criação de variáveis de interesse segue as seguintes etapas: 1- transformação dos nomes de marca em fórmulas químicas por meio dos bulários de livros-texto ou de dicionários de EF; 2- padronização das fórmulas químicas quanto à grafia (diazepan ou diazepam); denominação das substâncias ativas (vitamina C ou ácido ascórbico); unidades (miligramas, gramas) e outras; e -3-quando necessário, classificação das fórmulas químicas, isto é, atribuição de códigos numéricosaos princípios ativos. Para isso, emprega-se a classificação anatômico-terapêutica-química (ATC) Aspectos dos processos de prescrição e dispensação de medicamentos na percepção do paciente: estudo de base populacional em Fortaleza, Ceará, Brasil/ Drug prescription and dispensing from the patient's perspective/ a community- based study in Fortaleza, Ceará State, Brazil Arrais, Paulo Sérgio Dourado; Barreto, Maurício Lima; Coelho, Helena Lutéscia Luna Cad. Saúde Pública 23(4): 927-937, . 2007 Apr. Resumo O estudo visa avaliar aspectos da relação médico paciente e dispensador-paciente, durante a conduta prescritiva e no ato da dispensação de medicamentos,a partir do ponto de vista dos pacientes. Trata-se de um estudo transversal de base populacional realizado em Fortaleza, Ceará, Brasil, no qual foram utilizadas informações de 957 pessoas, sendo que 904 responderam sobre a última consulta médica; e 831, sobre a última dispensação. As informações coletadas dizem respeito às práticas desses profissionais e do comportamento do paciente, no que diz respeito às perguntas e informações formuladas para melhor direcionar a escolha e o consumo dos medicamentos. Na escolha da terapêutica, o médico falha ao não perguntar sobre alergias medicamentosas anteriores (65%) e uso de outros medicamentos (64,1%), e menospreza, na maioria das vezes, os cuidados com as possíveis reações adversas (73,3%) e interações medicamentosas (58,2%). Na dispensação do medicamento, a situação é ainda mais grave, pois ela é realizada, principalmente, pelos balconistas (57,1%). O estudo sugere a baixa qualidade no atendimento médico e farmacêutico e a apatia do paciente no processo que envolve a prescrição e dispensação de medicamentos e seu uso racional. Estudos Ecológicos Comparam indicadores globais de áreas geográficas distintas ou de uma mesma área geográfica, em diferentes períodos. São também denominados estudos de correlação. Nos Estudos Ecológicos as medidas usadas representam características de grupos populacionais. Portanto a unidade de análise é a população e não o indivíduo. A amostra e um recorte de uma população (aglomerado). ela pode ser uma amostra ALEATORIA (fazendo, por exemplo, o sorteio de alguns bairros de alguma cidade que vão ser incluidos no estudo) ou CONVENIENTE (fazendo, por exemplo, estudo sobre algumas pessoas que estão num lugar - tipo hospital). ESTUDO ECOLÓGICO Unidade de observação é um grupo de pessoas e não o indivíduo Grupo pertence a uma área geográfica definida → estado, cidade, setor censitário Freqüentemente realizados combinando-se arquivos de dados existentes em grandes populações → geralmente mais baratos e mais rápidos Avaliam o contexto social e ambiental → medidas coletadas no nível individual muitas vezes são incapazes de refletir adequadamente os processos que ocorrem no nível coletivo → nível de desorganização social → epidemia mais intensa ANÁLISE BASE DE DADOS DE ESTUDOS INDIVIDUAIS BASE DE DADOS DE ESTUDOS ECOLÓGICOS OBS IDADE SEXO NSE OBS IDADE SEXO FEM NSE % BAIXO MJS 34 F I SP 33,3 50,2 64,0 PRS 56 M III BAHIA 32,1 52,3 72,0 JSL 43 M II SERGIPE 29,8 53,3 69,0 LLO 21 F I PARAÍBA 30,2 53,0 70,0 IPB 34 M II ALAGOAS 28,9 50,0 71,0 MCM 65 M III PARÁ 32,0 51,3 70,0 NSE NÍVEL SÓCIO ECONÔMICO ANÁLISE NO NÍVEL INDIVIDUAL DOENTE NÃO DOENTE EXPOSTO A B A + B NÃO EXPOSTO C D C + D A + C B + D A + B + C + D ANÁLISE NO NÍVEL COLETIVO (ECOLÓGICA) DOENTE NÃO DOENTE EXPOSTO ? ? A + B NÃO EXPOSTO ? ? C + D A + C B + D A + B + C + D ESTUDO ECOLÓGICO OBJETIVOS • Gerar ou testar hipóteses etiológicas → explicar a ocorrência da doença • Avaliar a efetividade de intervenções na população → testar a aplicação de nosso conhecimento para prevenir doença ou promover saúde Estudos Ecológicos • Estes estudos são de execução relativamente fácil e comparam indicadores globais de áreas geográficas distintas ou de uma mesma área geográfica, em diferentes períodos. • Não permite fazer a associação individual entre a exposição e a doença. Por isso, a rigor, este tipo de estudo não tem o poder de testar hipóteses. "A falácia ecológica, um tipo de viés, ocorre quando conclusões impróprias são tiradas com base nos estudos ecológicos. A associação observada entre variáveis de um grupo não representa necessariamente a associação existente ao nível individual. • Estudos ecológicos, entretanto, têm freqüentemente proporcionado um proveitoso início para pesquisas epidemiológicas mais detalhadas" . • EX: o uso ou abuso de nebulizadores com isoproterenol tinha implicações nas mortes de crianças asmáticas. ESTUDOS ECOLÓGICOS As variáveis representam características da população total estudada, a unidade de análise é um agregado; Geralmente Dados secundários. OBJETIVOS: Avaliar a efetividade de intervenções populacionais Desenho de tendência temporal Um exemplo seria um estudo envolvendo diversas cidades brasileiras em que se procurasse correlacionar dados sobre mortalidade infantil a nível de cada município com a renda per capita e índice de analfabetismo do local no sentido de encontrar evidências de que o nível sócio econômico é um dos determinantes de mortalidade infantil. Tendências da internação e da mortalidade infantil por diarréia: Brasil, 1995 a 2005/ Trends in hospital admission and infant mortality from diarrhea: Brazil, 1995-2005/ Tendencias de la internación y de la mortalidad infantil por diarrea: Brasil, 1995 a 2005 Oliveira, Thais Cláudia Roma de; Latorre, Maria do Rosário Dias de Oliveira Rev. Saúde Pública 44(1): 102-111, TAB. 2010 Feb. SciELO Brasil Idioma(s): Português OBJETIVO: Analisar a tendência das internações e da mortalidade por diarréia em crianças menores de um ano. MÉTODOS: Foi realizado um estudo ecológico de séries temporais entre 1995 e 2005, para o Brasil e para as capitais dos estados. Foram utilizados dados secundários do Ministério da Saúde, obtidos do Sistema de Informação Hospitalar e do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Durante o período de estudo foram registradas 1.505.800 internações e 39. 421 mortes por diarréia de crianças menores de um ano de idade. Para as análises das tendências da taxa de internação e de mortalidade foram utilizados modelos de regressão polinomial. RESULTADOS: Houve redução tanto nas internações por diarréia quanto na mortalidade infantil por diarréia no País e em 13 capitais. Oito capitais tiveram queda somente na mortalidade por diarréia, enquanto três apresentaram decréscimo somente nas taxas de internação por diarréia. Na análise conjunta dos indicadores de diarréia e dos indicadores gerais, observou-se que houve decréscimo em todas as séries históricas somente no Brasil e em quatro capitais. CONCLUSÕES: A redução nas taxas de internações e mortalidade por diarréia observada pelas séries temporais podem ser resultado das medidas de prevenção e controle empregadas. Tendência da mortalidade por doenças respiratórias em idosos antes e depois das campanhas de vacinação contra influenza no Estado de São Paulo - 1980 a 2004 TIPO DE VARIÁVEIS UTILIZADAS EM ESTUDOS ECOLÓGICOS 1. Medidas agregadas: agregação das mensurações efetuadas no nível individual → proporção de fumantes, taxa de incidência de uma doença e renda familiar média 2. Medidas ambientais: características físicas do lugar → poluição do ar, exposição à luz solar. Cada medida ambientaltem uma análoga no nível individual, entretanto, o nível de exposição individual pode variar entre os membros de cada grupo 3. Medidas globais: atributos de grupos, organizações ou lugares. Não existem análogos no nível individual → densidade demográfica, desorganização social TIPOS DE DESENHO A- Desenhos de múltiplos grupos: Estudo exploratório: comparação de taxas de doença entre regiões durante o mesmo período → identificar padrões espaciais → possível etiologia ambiental ou genética. Freqüentemente, pode conter dois tipos de problemas: a) Regiões com poucos casos → grande variabilidade na taxa da doença b) Regiões vizinhas tendem a ser mais semelhantes do que regiões mais distantes → autocorrelação espacial Estudo analítico: avalia a associação entre o nível de exposição médio e a taxa de doença entre diferentes grupos → estudo ecológico mais comum B- Desenho de séries temporais: Estudo exploratório: avalia a evolução das taxas de doença ao longo do tempo em uma determinada população geograficamente definida → utilizado para prever tendências futuras da doença ou avaliar o impacto de uma intervenção populacional TIPOS DE DESENHO Estudo analítico: avalia a associação entre as mudanças no tempo do nível médio de uma exposição e das taxas de doença em uma população geograficamente Estudo definida. TIPOS DE DESENHO Estatística Aplicada a Estudos Ecológicos 1. Estatística Descritiva Frequências Representação Gráfica Medidas de Tendência Central Medidas de dispersão Descrição dos dados Curva Normal e Normalidade Desvio-padrão e probabilidade na Curva Normal Uso do Programa Excel i. Montagem de planilhas ii. Aplicação de fórmulas iii. Obtenção de Gráficos iv. Regressões v. Testes Estatísticos vi. Cálculo de Índices Análise em Estudos Ecológicos Na análise ecológica, a variável independente (X) é a proporção de indivíduos expostos dentro do grupo (e1/n), e a variável dependente (Y) é a taxa (ou risco) da doença (e1/n Regressão das taxas de doenças (Y) nos níveis médios de exposição (X) → modelo linear (mais comum) → equação de predição: Y= B0 + B1 X onde B0 e B1 são o intercepto estimado e a angulação da reta, respectivamente Estimativa do efeito da exposição no nível individual → derivada da regressão → predição de taxas de doença → todos expostos (X = 1) e todos não expostos (X = 0) Taxa de doença predita (Y) em grupo inteiramente exposto: B1Xˆ=0 + B1 (1) = B0 + B1 Taxa de doença predita (Y) em grupo inteiramente não exposto: B0Xˆ=0 + B1 (0) = B0 Diferença de taxas estimadas: B0 + B1 - B0 = B1 Razão de taxas estimadas: B0 + B1 /B0 = 1+ B1 /B0 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS ECOLÓGICOS ALTO PODER DESCRITIVO; BAIXO CUSTO E DE FÁCIL EXECUÇÃO; SIMPLICIDADE ANALÍTICA; SEM CAPACIDADE PARA EXPLORAR CAUSALIDADE; INADEQUADO PARA TESTAR HIPÓTESES CAUSAIS ESTUDOS ECOLÓGICOS VANTAGENS: Baixo custo e rápida execução → dados disponíveis: SIM, SINASC, SINAN, IBGE Freqüentemente, não é possível medir adequadamente exposições individuais em grandes populações → nível ecológico Estudos de nível individual não conseguem estimar bem os efeitos de uma exposição, quando ela varia pouco na área de estudo Mensuração de um efeito ecológico → implantação de um novo programa de saúde ou uma nova legislação em saúde na melhoria das condições de saúde LIMITAÇÕES: Incapacidade de associar exposição e doença no nível individual Dificuldade de controlar os efeitos de potenciais fatores de confundimento Dados de estudos ecológicos representam níveis de exposição média ao invés de valores individuais reais Não há acesso a dados individuais Dados de diferentes fontes, o que pode significar qualidade variável da informação Falta de disponibilidade de informações relevantes é um dos mais sérios problemas na análise ecológica Características dos serviços de saúde associadas à adesão ao tratamento da tuberculose. Márcia São Pedro Leal SouzaI, Susan Martins PereiraII. Jamocyr Moura MarinhoIII, Maurício L BarretoII Rev Saúde Pública 2009;43(6):998-1005 RESUMO OBJETIVO: Analisar características relacionadas à adesão ao tratamento dos casos de tuberculose em serviços de referência para tuberculose. MÉTODOS: Trata-se de um estudo ecológico nas unidades de referência no tratamento dos casos de tuberculose dos distritos sanitários de Salvador, BA, em 2006. A amostra foi composta pelas unidades de saúde municipais que atenderam 67,2% dos 2.283 casos notifi cados de tuberculose no ano. Foram analisadas as variáveis: cura, abandono, exames realizados, equipe de saúde e benefícios aos pacientes. Para verifi car associação entre as variáveis, foi utilizado o teste qui-quadrado ou exato de Fisher, sendo consideradas estatisticamente signifi cantes as associações com p<0,05. RESULTADOS: Dos casos estudados, 78,4% resultaram em cura, 8,6% em abandono, 2,2% em óbito e 8,1% em transferência. As taxas de adesão por unidade de saúde apresentaram variabilidade entre 66,7% a 98,1%. As variáveis cura e abandono mostraram associação estatisticamente signifi cante com a adesão na comparação de proporções. Todas as unidades com alta adesão possuíam equipe de saúde completa. CONCLUSÕES: A adesão foi fator importante para o desfecho cura e abandono, mas foi baixo o índice de unidades que alcançaram as metas de cura. A presença de equipe multidisciplinar completa no programa de tuberculose pode contribuir para a compreensão pelo paciente sobre a sua enfermidade e a adesão ao tratamento para a cura.
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